Automobilismo | Charles Leong recebeu prémio ao lado de Lewis Hamilton

[dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]iloto de 16 anos levou a bandeira do território à gala da FIA, onde esteve ao lado dos principais nomes do automobilismo. Para Charles Leong o sonho passa agora por dar o salto para o Campeonato Europeu de Fórmula 3 e participar no Grande Prémio de Macau, mas a falta de patrocínios limita as aspirações.

Charles Leong foi o vencedor do Campeonato de Fórmula 4 da China e esteve, na passada sexta-feira, na Gala da Federação do Automóvel Internacional (FIA), em Paris, para receber o prémio. Durante uma noite, o piloto de Macau partilhou o palco com os grandes nomes do automobilismo mundial, nomeadamente com Lewis Hamilton, campeão de Fórmula 1, Sébastien Ogier, campeão de ralis, ou Max Verstappen, personalidade do ano.

“Foi uma honra e um momento inesquecível ter recebido um prémio ao lado de todos estes pilotos e personalidades do automobilismo. Foi uma experiência única, serve como um grande factor de motivação e estou muito feliz por ter tido esta oportunidade”, afirmou Charles Leong, em declarações ao HM, que é fã de Max Verstappen.

A noite serviu ainda para que o local trocasse umas breves palavras com Lewis Hamilton, que recebeu pela quarta vez o troféu de campeão do mundo de Fórmula 1.

“Cumprimentámo-nos e ele deu-me os parabéns. Depois, disse-me para continuar com o bom trabalho e dar sempre o meu melhor”, revelou sobre a troca de palavras com o britânico de 32 anos.
Sobre a participação na gala, o piloto de 16 anos deixou um desejo: “espero regressar já no próximo ano para receber mais um prémio entre a elite do desporto motorizado”, apontou.

Charles Leong conquistou o campeonato de Fórmula 4 da China, após ter alcançado 11 vitórias em 20 corridas. Além disso, o piloto local conseguiu três pole-positions em sete possíveis e estabeleceu a volta mais rápida nove vezes. Leong terminou o campeonato com 99 pontos de vantagem sobre Billy Zheng.

Sonho da Fórmula 3

Em relação à próxima temporada, Charles Leong reconheceu que neste momento está a ter algumas dificuldades. O próximo passo envolve a subida à Fórmula 3 e, nesse sentido, um Campeonato Europeu é visto como a melhor opção. Contudo, a falta de patrocínios está a complicar a missão.

“Ainda não sei o que vou fazer na próxima época devido à falta de patrocínios. Gostava de fazer o Europeu de Fórmula 3, no próximo ano, mas exige um orçamento elevado, que não tenho”, reconheceu.

Para competir na Fórmula 3 na Europa, os pilotos precisam de pelo menos dois milhões de patacas. No entanto, este orçamento é base, ou seja não permite testar frequentemente, o que condiciona o nível competitividade.

“É importante participar de forma séria, ou seja realizando vários testes, principalmente no ano de estreia. Para ganhar e ser competitivo é preciso investir mais do que esse montante [2 milhões de patacas]”, explicou.

A alternativa para Charles Leong passa assim por participar no Campeonato de Fórmula 3 Asiático. No entanto, este cenário não permite fazer um corrida na Europa, o que é exigível para que Leong possa participar no Grande Prémio de Macau.

“Se não fizer pelo menos uma corrida na Europa não posso correr no Grande Prémio de Macau, a não ser que mudem as regras. Como é óbvio era a corrida em que mais queria participar. Sou de Macau, sonho ganhar em Macau e para mim é o melhor circuito do mundo”, defendeu.

 

12 Dez 2017

Fábrica Iec Leong : Empresa perde batalha para evitar desocupação de terrenos

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Sociedade de Desenvolvimento Predial Baía da Nossa Senhora da Esperança recorreu para o Tribunal de Segunda Instância, no âmbito do caso ligado à Fábrica de Panchões Iec Long, mas registou uma nova derrota. A empresa pretendia evitar já a ordem de desocupação dos terrenos que trocou pela fábrica, mas viu as suas pretensões serem-lhes negadas.

Perante o TSI, a companhia apresentou dois argumentos: por um lado, defendeu que a ordem para a desocupação dos terrenos na Baía da Nossa Senhora da Esperança é passível de recurso, ao contrário do que tinha sido considerado na primeira instância.

Por outro, justificou as suas pretensões com o facto de considerar que a desocupação vai resultar em danos de “difícil reparação”, caso, no futuro, seja decidido que os terrenos foram obtidos de forma legal.

Em relação aos danos de difícil reparação, os juízes Tong Hio Fong, Lai Kin Hong e Ho Wai Neng consideram que uma desocupação imediata, mesmo que depois se prove incorrecta, pode sempre ser compensada. Os juízes citaram um acórdão do Tribunal de Última Instância sobre um pedido semelhante, escrito no ano passado.

“Pode a requerente vir a pedir indemnização pelos prejuízos sofridos, mesmo que a situação não possa ser revertida, isto é, mesmo que não possa continuar como titular da concessão por arrendamento do terreno dos autos”, consta no documento citado.

O mesmo acórdão diz que a compensação dos danos pode ser financeira e que a empresa e o Governo podem chegar a um acordo sobre o montante. Na falta de um consenso, as partes podem recorrer ao tribunal, sublinha o acórdão, pelo que os danos não são considerados de “difícil reparação”.

Vitória de Pirro

Sobre o facto da decisão de desocupação poder, ou não, ser recorrida, a empresa conseguiu uma vitória, mas que não tem efeitos práticos. Ao contrário do que tinha sido decidido na primeira instância, o TSI considerou que o acto de execução pode ser recorrido, neste caso, porque a empresa em causa não foi ouvida previamente, como é exigido.

Esta decisão não afecta a batalha jurídica sobre se a permuta de terrenos da Fábrica de Panchões Iec Long pelo terreno na Baía da Nossa Senhora da Esperança é legal. O recurso apenas visava impedir que os terrenos fossem desocupados imediatamente. Contudo, a Sociedade de Desenvolvimento Predial Baía da Nossa Senhora da Esperança tem ainda a opção de recorrer para o Tribunal de Última Instância.

 

12 Dez 2017

Hotel Estoril | Activistas Scott Chiang e Alin Lam na barra do tribunal

Os activistas Scott Chiang e Alin Lam vão a julgamento devido à faixa no hotel Estoril e enfrentam acusações pelos crimes de “Introdução em Lugar Vedado ao Público” e “Dano”

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] julgamento dos activistas Scott Chiang e Alin Lam, devido à faixa afixada no Hotel Estoril a criticar Alexis Tam, está agendado para 11 de Setembro do próximo ano, pelas 11h15 da manhã. Os dois arguidos enfrentam uma acusação do crime de “Introdução em Lugar Vedado ao Público” e uma acusação do crime de “Dano”.

A informação obtida pelo HM foi confirmada por Scott Chiang, ex-presidente da Novo Macau, que explicou que a acusação é igual para os dois arguidos.

“É um caso que não faz sentido, não vou entrar em pormenores porque não tenho a certeza se o caso ainda está abrangido pelo segredo de justiça. Mas acredito que qualquer pessoa que tenha acesso à acusação vai sentir-se estranha face ao que consta nos documentos”, disse Scott Chiang, em declarações ao HM.

“É mais do mesmo. Quando alguém faz com que o Governo pareça mal, ou quando o Governo considera que alguém fez com que o Executivo parecesse mal diante do público, eles sentem que têm de fazer alguma”, acrescentou.

Além de membros da Novo Macau, Scott Chiang e Alin Lam fazem parte movimento “A Nossa Terra, o Nosso Plano” (em inglês Our Land, Our Plan), que foca a o planeamento urbano e preservação do património local.

Os advogados atribuídos foram Chang Pak Ngai, para Scott Chiang, e Bernardo Leong, para Alin Lam.

De acordo com o código penal, o crime de “Introdução em Lugar Vedado ao Público” é punido com pena de prisão até três meses ou com pena de multa até 60 dias. Já o crime de “Dano” é castigado com uma pena de prisão até três anos ou com uma pena de multa.

Caso com mais de um ano

O caso que vai a julgamento no próximo ano está relacionado com uma acção de protesto contra os planos do secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, para remodelar o Hotel Estoril. A 11 de Agosto de 2016, quando se realizava na Praça Tap Seac o Encontro de Mestres de Wushu, apareceu um faixa no Hotel Estoril com a inscrição: “Alexis Tam: Assassino do Património”.

Logo na altura, Scott Chiang, que vestia uma camisola da selecção portuguesa, e Alin Lam foram detidos nas imediações do edifício abandonado. Acabariam por ser libertados, já na sexta-feira, depois de terem prestado declarações.

O então presidente da Novo Macau admitiu, logo no ano passado, que tinha estado no hotel, a verificar o estado de conservação do mesmo, mas que não tinha causado danos. O activista revelou também que já existia um buraco na rede, utilizado por pessoas para alimentarem os gatos no interior do edifício abandonado.

Já em Julho de 2016, um grupo de artistas urbanos de Hong Kong, conhecido como HK Urbex, tinha entrado, por duas vezes, no Hotel Estoril e feito um filme ilegal. O caso nunca foi investigado pelas autoridades.

12 Dez 2017

Mak Soi Kun quer discutir o Amor à Pátria e defende que transição tornou os cidadãos mais inteligentes

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] fraca consciência sobre os valores do Amor à Pátria e a Macau foi uma das grandes causas dos problemas identificados pelo Comissariado Contra a Corrupção (CCAC) dentro dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG), durante a passagem do Tufão Hato. A conclusão é do deputado Mak Soi Kun, que propôs a realização de um debate na Assembleia Legislativa para discutir a educação patriótica dos funcionário públicos.

“A prática de infracções administrativas por pessoal da direcção e chefia [nos SMG] demonstra claramente que algum desse pessoal não tem consciência nem pratica os valores essenciais que o Governo defende, que são governar com base em dados científicos e servir melhor o cidadão, e tem fraca consciência sobre ‘Amar o País e Macau’”, defendeu Mak Soi Kun, no documento entregue no hemiciclo a 28 de Novembro.

Por outro lado, o membro da Assembleia Legislativa ligado à Associação dos Conterrâneos de Kong Mun de Macau aponta que os funcionários públicos só poderão aumentar as suas competências e eficácia se tiverem um maior amor à Pátria.

“Os funcionários só conseguem ser responsáveis e ter bons desempenhos se conhecerem e compreenderem os valores nucleares e o espírito ‘Amar o País e Macau’ e ‘Servir melhor o cidadão’, só assim é que é possível saberem qual é o sentido da sua missão”, escreveu Mak Soi Kun no documento.

Mais inteligentes

No que diz respeito às exigências da sociedade de Macau face à Função Pública, Mak Soi Kun fala de uma sociedade mais exigente e mais inteligente.

“Já se passaram 18 anos desde o retorno de Macau à Pátria. A economia da RAEM desenvolveu-se rapidamente, e as solicitações dos cidadãos em relação aos assuntos relacionados com a sua vida têm vido a aumentar, tal como também tem aumentado a sua inteligência”, observou o deputado.

Ao mesmo tempo, o também construtor do Estabelecimento Prisional de Macau, que tem sofrido atrasos crónicos, quer que o Governo explique como avalia as acções de formação do amor à Pátria.

“Quais são afinal os resultados das acções de formação organizadas pelo Governo sobre a situação do País? Os funcionários que receberam formação já conhecem claramente a evolução histórica brilhante da grande Pátria e o desenvolvimento histórico de Macau”, questiona.

A votação sobre a realização do debate ainda não tem data marcada.

12 Dez 2017

Piccini dominou Taça de Macau de Karting

Piloto transalpino venceu o Grande Prémio Internacional de Macau em Karting, com grande à vontade. João Afonso ficou no 11.º lugar na Taça de Macau e em 7.º na categoria X30 SR

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap]lessio Piccini triunfou ontem na Taça de Macau em Karting, após ter dominado por completo a prova, levando 19:41.651 a percorrer as 25 voltas ao traçado de Coloane. Já o piloto de Macau João Afonso terminou a competição no 11.º, depois de ter arrancado de 22.º.Em Coloane, Piccini, de 20 anos, começou a ganhar a corrida logo na qualificação, quando alcançou a pole-position. Atrás de si ficou o experiente Ma Qinghua, que conta no currículo com vitórias no Mundial de Carros de Turismo e participações a Fórmula E. Antevia-se, por isso, uma luta animada entre os dois pilotos.
No entanto, o golpe de teatro aconteceu ainda antes do arranque. Quando os pilotos se preparavam pela segunda vez para arrancarem para a corrida, Ma Qinghua teve problemas no seu karting e foi obrigado a abandonar, sem ter completado um volta cronometrada. Alessio Piccini ficou assim com o caminho totalmente livre para triunfar em Macau.
No final, o italiano de 20 anos ficou 22.146 à frente de Chan Kwok Ching, piloto de Hong Kong que foi segundo, ou seja quase meia pista de distância. No último lugar do pódio terminou Chan Cheuk Hin, a 25.052 do primeiro.
“Foi muito fácil, dentro do que são as corridas, que nunca são verdadeiramente fácil. O segundo qualificado teve um problema na partida e com isso a corrida ficou comprometida Estava à espera de ter tido uma luta animada com ele”, disse Alessio Piccini, no final da prova.
O piloto reconheceu também que o facto de haver menos pilotos da Europa a competir em Macau, este ano, contribuiu para que a concorrência não tenha estado tão forte. Ao contrário do que tinha acontecido no ano passado, Macau ficou de fora do Campeonato FIA da Comissão Internacional de Karting, principal competição do karting mundial.
“Acho que fiz a diferença em todas as partes do circuito, principalmente nas curvas rápidas e na chicane. A mina experiência na Europa faz diferença, porque a verdade é que o karting tem crescido muito na Ásia, mas na Europa o nível ainda é superior”, admitiu.

Fim-de-semana complicado

Por sua vez, João Afonso, de 48 anos, arrancou de 22.º para a corrida da Taça de Macau e acabou no 11.º lugar a uma volta do vencedor. No final, o local mostrou-se satisfeito com o resultado.
“Não foi uma prova fácil. Arranquei do 22.º lugar e consegui chegar a 11.º, o que me deixa satisfeito. Ao fim de 15 voltas, os pneus estavam com demasiada aderência, ou seja colavam demasiado e isso não me permitiu andar mais rápido. Não foi a afinação correcta”, disse João Afonso.
Além da Taça de Macau, Afonso competiu igualmente na classe X30 SR, que acabou com 7.º lugar, a 19.220 do primeiro, sendo o melhor piloto local na prova. O vencedor foi Eshan Pieris, do Sri Lank, que completou as 24 voltas ao traçado em 19:57.518.
“Infelizmente não tive uma boa qualificação, parti em 9.º e só consegui fazer um 7.º lugar. Foi uma corrida com lutas agressivas porque à minha frente estavam pilotos asiáticos muito bons. Tentei fazer o meu melhor”, explicou João Afonso, no final.

11 Dez 2017

Instituto Cultural | Cecília Tse é a nova presidente

Cecília Tse deixou a Direcção dos Serviços de Turismo para assumir a presidência do Instituto Cultural. Leung Hio Ming, até agora presidente do IC, deixa o cargo, após ter sido envolvido no caso das contratações ilegais, que já tinha levado à saída de Ung Vai Meng

 

[dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]ecília Tse, esposa de Lam Hin San, director dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), foi a escolhida para nova presidente do Instituto Cultural (IC). A ascensão da até agora vice-presidente dos Serviços de Turismo surge após a demissão do ex-presidente do IC Leung Hio Ming e do ex-vice-presidente Chan Peng Fai, ambos envolvidos no relatório Comissariado contra a Corrupção (CCAC) sobre a contratação ilegal de trabalhadores.

Leung e Chan são as vítimas mais recentes do escândalo sobre contratações ilegais com recurso a contratos de prestação de serviços, que já tinha levado à demissão do também ex-presidente Guilherme Ung Vai Meng, agora aposentado.

Além de subdirectora da DST, Cecília Tse desempenhava as funções inerentes a esse cargo, nomeadamente como de membro do Fundo do Turismo, Gabinete de Gestão de Crises do Turismo e Comissão Organizadora do Grande Prémio de Macau. A nova presidente do IC domina ainda o português.

Um casal e sete casas

Cecília Tse é esposa do actual director da DSAT, segundo o jornal Macau Concealers, e, na declaração de bens apresentada a 31 de Março do ano passado, afirmou ser proprietária de quatro casas, cinco lugares de estacionamento e uma loja.

Por sua vez, o marido declarou, a 13 de Outubro deste ano, ser proprietário de um escritório, três casas, das quais duas foram herdadas, duas fábricas com estacionamento e ainda duas lojas, também herdadas.

No total, o casal Cecilia Tse e Lam Hin San é proprietário de sete casas, cinco lugares de estacionamento, três lojas, duas fábricas com estacionamento e um escritório.

Chui nega interferência

Ontem, à margem da Marcha de Caridade por Um Milhão, o Chefe do Executivo, Chui Sai On, afirmou que não teve nada a ver com a escolha. O governante explicou “não ter sugerido nenhum nome e que esta opção foi ponderada cautelosamente por Alexis Tam [secretário para os Assuntos Sociais e Cultura]”.

Segundo o Chefe do Executivo, o nome de Cecília Tse “teve como base não só uma cautelosa ponderação como também as habilitações, experiência profissional e capacidade”.

Ao rejeitar qualquer envolvimento com a decisão, o Chefe do Executivo voltou a assumir a mesma posição que tinha adoptado quando Raymond Tam foi nomeado por Raimundo do Rosário para liderar os Serviços de Meteorologia e Geofísicos. Também na altura, Chui Sai On fez questão de sublinhar que não tinha emitido qualquer opinião sobre a escolha.

Quanto aos processos disciplinares que decorrem no âmbito das contratações ilegais no IC foi revelado que “foram finalizados”. Sónia Chan, secretária para a Administração e Justiça, frisou, no mesmo evento, que “o processo ainda se encontra em fase de recurso, pelo que o Fundo de Pensões irá aguardar o resultado final para analisar e adoptar as medidas necessárias”.

Elogios à nova presidente

Carlos Marreiros, arquitecto e ex-presidente do IC, diz reconhecer em Cecília Tse uma boa gestora com olho para as questões culturais. “Conheço-a, é uma gestora competente”, disse ao HM. “Julgo que na Direcção dos Serviços de Turismo tinha alguma relação com a parte cultural do turismo. Portanto não duvido das suas capacidades de gestão. Quanto ao futuro no IC, isso a Deus pertence.”

Para Carlos Marreiros, a luta pela preservação do património “não será só uma luta que ela tem de defender”. “A população de Macau está muito atenta às questões da defesa do património e a prova é que a sociedade civil após 1999 tem vindo a envolver-se muito mais na defesa destes valores do que antes”, frisou.

Marreiros disse ainda que “saúda quem saiu”. “Não foi uma decisão tardia, porque saiu o relatório que falava de irregularidades administrativas. Não falava de questões de corrupção, nem de outra ordem”, adiantou.

Francisco Vizeu Pinheiro, também arquitecto, deseja que a nova direcção de Cecília Tse preste “mais cuidado em relação à preservação do património e que não deixe apenas a fachada, o que tem vindo a acontecer com alguns edifícios. É o que está previsto um pouco para a Biblioteca Central”.

Vizeu Pinheiro espera também que “muitos edifícios que estão a ser usados pelo IC possam ser usados pelo público”. “O edifício-mãe do IC poderia ser aberto ao público, e outros em São Lázaro, como é o caso da academia de música, que poderia ser transferido para um edifício mais moderno, com mais capacidade, e esse local poderia ser libertado para as pessoas que passam ali. [A zona de São Lázaro] tem muito pouca coisa de museu, de comida macaense. Penso que tem de se virar um pouco para a cidade e para a cultura, e sobretudo para a cultura portuguesa, que está um pouco de lado”, considerou.

11 Dez 2017

Sete Medalhados Olímpicos Chineses visitam Macau

A partir de domingo, Macau recebe a visita de ex-atletas olímpicos chineses, numa iniciativa que tem como objectivo promover a prática desportiva e a educação

[dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]ete ex-atletas chineses medalhados em Jogos Olímpicos vão realizar uma visita a Macau, entre 10 e 12 de Dezembro, onde vão ter a oportunidade de conviver com os fãs locais. O ex-atleta mais conhecido da comitiva é o ginasta Li Ning, de 54 anos, que nos Jogos Olímpicos de 1984, em Los Angeles, conquistou um total de seis medalhas olímpicas, entre as quais três de ouro, duas de prata e uma de bronze.

Em relação ao programa da visita, no próximo domingo, os atletas vão participar na Marcha da Caridade, por volta das 10h00 da manhã. Depois, na segunda-feira, segue-se uma visita à Escola Kwong Tai, na zona do Fai Chi Kei, que está agendada para as 09h40. Finalmente, no dia da despedida, os atletas visitam a Associação de Surdos de Macau, com um encontro marcado para as 11h00.

Outro dos nomes fortes da comitiva pertence ao ginasta Li Xiaoping, de 36 anos, que conquistou cinco medalhas olímpicas. O ex-atleta, que está retirado desde 2009, conseguiu nos Jogos Olímpicos de Sidney conquistar as medalhas de ouro em barras paralelas e por equipas. Em 2004, em Atenas, alcançou a medalha de bronze, em barras e, finalmente, em Pequim, no ano de 2008, voltou a conquistar o ouro em barras e por equipas.

Entre os sete atletas, três são ginastas, além de Li Ning e Li Xiaoping, também Li Shanshan vêm ao território. A atleta de 25 anos, que está retirada desde 2009, foi medalha de ouro em Pequim, na vertente de equipas.

Reencontro Guo e Wu

O outro nome forte da comitiva é Guo Jingjing, que ganhou notoriedade na vertente de saltos para a água. A ex-atleta de 36 anos conquistou quatro medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos de Atenas e Pequim, nas vertentes saltos sincronizados e saltos da plataforma de três metros. Além disso conta no currículo com duas medalhas de prata, nas mesmas modalidades, conquistadas nos Jogos Olímpicos de Sidney, em 2000.

Guo Jingjing não vem sozinha a Macau e traz com ela a ex-colega, Wu Minxia, com quem conquistou algumas das suas medalhas no salto sincronizado. Wu Minxia soma quatro medalhas de ouro, uma de prata e uma de bronze, em saltos sincronizados e saltos da plataforma de três metros.

Os dois restante ex-atletas ganharam fama através das modalidades de desporto de inverno. Han Xiaopeng, de 34 anos, foi o primeiro chinês a ganhar uma medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Inverno, feito alcançado na vertente de esqui aéreo. Já Li Nina, de 34 anos, conquistou duas medalhas de prata, nas Olimpíadas de Turim e Vancouver, em 2006 e 2010, respectivamente, nas vertente de esqui aéreo.

A iniciativa é organizada pelo Comité Olímpico e Desportivo de Macau, China, em conjunto com o Instituto do Desporto. De acordo com Ma Chi Seng, deputado da família Ma e director do comité para a juventude do CODM, a iniciativa visa promover a prática desportiva e o gosto pela educação.

O comunicado do CODM não refere o montante pago aos ex-atletas pela visita, nem se vai haver sessão para entrega de cheques, como normalmente acontece quando as comitivas de atletas chineses se deslocam a Macau.

7 Dez 2017

Iau Teng Pio com dúvidas sobre os seus 46 cargos associativos

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] deputado Iau Teng Pio está presente em 46 associações locais, mas tem dúvidas sobre alguns dos cargos que desempenha nas mesmas. O facto foi admitido pelo legislador, de 53 anos, na declaração de rendimentos.

Depois de ter preenchido a parte em que revela as associações que integra, o deputado nomeado por Chui Sai On acrescenta, nas observações, que poderá ter omitido algumas funções por não ter conseguido confirmar as informações.

“Existem funções [nas associações] que não podem ser declaradas [no boletim] devido à falta de informação, que carece de confirmação, e à falta de registo”, escreveu o membro da Assembleia Legislativa, na nota que consta na declaração de rendimentos.

Sobre os cargos que conseguiu confirmar, Iau Teng Pio declara ser presidente em três associações, nomeadamente na Associação de Estudos de Direito, Administração Pública e Tradução de Macau, desde 2013, da Associação de Estudo de Direito Criminal de Macau, desde Março de 2014, e da Associação para Estudo e Inovação, desde Março do ano passado. O deputado é ainda presidente honorário na Associação dos Conterrâneos de Cham Kong de Macau.

Em relação a vice-presidências, Iau Teng Pio desempenha essas funções na Associação de Federação e Comercial União de Shun De de Maca, na Associação Geral de Comercial de Shun De de Macau, e na Associação Fat Ian Cheng Cho Chong Sam, uma tradução fonética de Associação dos Conterrâneos de Xingning da Província de Guangdong de Macau.

O educador

Na sessão de suspensão de Sulu Sou, Iau Teng Pio fez questão de acusar indirectamente o deputado suspenso de não ter crescido com uma educação saudável. O legislador de 53 anos decidiu ainda clarificar a diferença entre suspensão e expulsão durante a sessão, porque afirmou que havia muitos alunos das escolas com essa dúvida.

A postura do deputado como educador não é uma surpresa, dado que é director-adjunto na Faculdade de Direito da Universidade de Macau e é membro do conselho de mais duas instituições de ensino: a Escola Pui Tou e a Escola Kwong Tai. Além disso, está envolvido em associações de antigos alunos.

Já ao nível dos imóveis, Iau Ten Pio tem um casa, a que habita, que foi comprada em nome do cônjuge. Também detém 25 por cento escritório, para investimento.

7 Dez 2017

Pessoas com deficiência | Comissão propõe benefícios de 8640 patacas

Deputados debateram ontem lei dos benefícios fiscais para a contratação de pessoas com deficiência, naquela que foi a primeira reunião sem o membro suspenso, Sulu Sou

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] comissão da Assembleia Legislativa que está a discutir a lei dos benefícios fiscais para a contratação de pessoas com deficiência considera que o montante proposto de 5 mil patacas não é atractivo para os empregadores. A posição foi dada a conhecer, ontem, por Vong Hin Fai, presidente da comissão, após mais uma reunião do grupo.

“A comissão explicou que o montante sugerido não é atractivo. Em resposta, o Governo diz que se trata de uma medida inovadora, que poderá ser ajustada depois de entrar em vigor. Vai depender do desenvolvimento da economia de Macau e da situação após a implementação da medida”, disse Vong Hin Fai, deputado que preside aos trabalhos da comissão.

“O Governo mostrou uma posição de total abertura para fazer alterações no futuro sobre esta questão”, revelou.

Neste sentido, a comissão defende que o benefício para a contratação de pessoas com deficiência deve ser de 8640 patacas, valor que foi definido com base na tabela do Imposto sobre o Rendimento, Imposto Complementar de Rendimentos e Imposto profissional.

Outra das questões levantadas pelo deputados está relacionada com os diferentes níveis de deficiência. Segundo a proposta, os empregadores têm direito a 5 mil patacas em benefícios fiscais, independentemente do grau de incapacidade da pessoa. A comissão considera que isto não é justo e defende que deve haver diferentes níveis de benefícios.

“Foi discutida a possibilidade de a dedução fiscal ter em conta o grau de incapacidade das pessoas. De acordo com o regime dos cuidados de saúde prestados em regime de gratuitidade há diversos graus, por isso será justo que o benefício seja de 5 mil patacas para todos? É que os deficientes com diferentes graus têm custos diferentes”, questionou Vong Hing Fai.

Governo volta atrás

Sobre a reunião de ontem, o presidente da comissão considerou como o facto mais relevante o recuo do Executivo na forma de estabelecer o montante dos benefícios. O Governo propunha que o valor fosse estabelecido através de um despacho do Chefe do Executivo, mas a legislação em vigor obriga a que as questões fiscais sejam estabelecidas através de leis.

“Quando se trata de matéria fiscal, a legislação exige que seja definida por lei. O Governo justificou que tinha apresentado esta proposta a pensar numa maior flexibilidade e rapidez do processo, mas, agora, admite fazê-lo através de lei”, apontou.

Numa reunião que demorou cerca de duas horas, os deputados debruçaram-se igualmente sobre o facto da lei não ter benefícios fiscais para pessoas portadoras de deficiência que sejam profissionais liberais: “Uma pessoa com deficiência também pode trabalhar por conta própria, como trabalhador independente. Pode ser um engenheiro, arquitecto ou exercer uma profissão liberal. Nesse caso a proposta não oferece benefícios fiscais, porque a lei está feita para o empregador, mas não para o trabalhador”, apontou Vong Hing Fai.

Esta foi a primeira reunião da Comissão Permanente que decorreu sem Sulu Sou, depois do deputado ter sido suspenso na passada segunda-feira do cargo.

7 Dez 2017

Economia | União Europeia classifica Macau como paraíso fiscal

A União Europeia colocou Macau na lista negra dos paraísos fiscais. O Governo diz estar a acompanhar o caso com atenção, mas nega sermos um ponto de evasão fiscal

[dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]acau é um dos nomes que na lista negra da União Europeia dos territórios considerados paraísos fiscais. A informação foi avançada, ontem, e menciona a possibilidade dos 19 territórios em causa serem alvos de sanções. Segundo a agência noticiosa Bloomberg, as jurisdições enfrentam “a possibilidade de lhes serem aplicadas sanções” pelo facto das práticas fiscais não estarem ao nível das adoptadas no bloco europeu.

Além de Macau, estão na lista Cabo Verde, Coreia do Sul, Panamá, Tunísia, Bahrain e Emirados Árabes Unidos. Também Barbados, Samoa, Granada, Ilhas Marshall constam entre as 19 jurisdições.

A lista não é definitiva e pode sofrer alterações, dependendo de decisões políticas dos ministros da União Europeia, destaca ainda a Bloomberg.

Em resposta a esta situação, o Governo da Macau emitiu um comunicado em que nega ser “um alegado ponto de fuga e evasão fiscal ou um paraíso fiscal”. “Macau não é de forma alguma um alegado ponto de fuga e evasão fiscal ou um paraíso fiscal, e tem vindo a cooperar de forma activa com a sociedade internacional, incluindo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e a UE, no sentido de combater, em conjunto, a fuga e evasão fiscal transfronteiriça e de promover a justiça tributária”, defendeu-se o Executivo, numa nota do secretário para a Economia e Finanças.

“Actualmente, o Governo da RAEM está, também, a fazer trabalhos de acompanhamento da extensão da Convenção Multilateral sobre Assistência Mútua Administrativa em Matéria Fiscal para ser aplicada na RAEM. Por outro lado, o Governo da RAEM está a estudar o aperfeiçoamento do regime jurídico aplicável à actividade offshore”, é acrescentado.

Decisão afecta portugueses

Para o economista Albano Martins, caso se confirme a informação avançada, a economia de Macau e os portugueses presentes no território vão sofrer as consequências.

“Isso vai criar problemas a muita gente envolvida cá, sobretudo às empesas que vão ter de ser mais escrutinadas nos seus negócios dentro e fora da Europa, assim como as transferências de capitais para dentro e fora”, considerou, em declarações ao HM.

“Se for uma norma da União Europeia, como Portugal também está vinculado à União, vai ter de segui-la. É sempre mau porque vai impor mais escrutínios nas transacções entre Macau e o exterior e vai desacelerar todos os fluxos económicos. As coisas vão levar mais tempo, vão ser mais escrutinadas, não é bom”, considerou.

Também a indústria do jogo não vai passar ao lado dos efeitos negativos desta decisão, principalmente devido aos movimentos de capitais: “Para o jogo também não vai ser bom. Há muitos fluxos que vêm do exterior, nomeadamente há financiamentos, há pagamentos do jogo ao exterior, e tudo isto passa a ser mais escrutinado”, indicou

Por outro lado, as empresas podem deixar Macau, por não quererem ser associadas à fuga fiscal: “Se o tratamento do território de Macau for considerado um paraíso fiscal, é claro que as empresas vão tentar deslocar-se para outros sítios onde não há as restrições, e as indagações financeiras e fiscais em relação às transacções”, apontou.

6 Dez 2017

Taça AFC | Benfica conhece hoje data dos jogos

As águias vão ser a primeira equipa de Macau a participar na fase de grupos da Taça AFC, e ficam a conhecer, esta tarde, a data dos jogos que vão realizar em casa e fora. Os adversários já são quase todos conhecidos

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Benfica de Macau fica a conhecer esta tarde, em Kuala Lumpur, as datas e a ordem dos encontros que vai disputar para a Taça Confederação de Futebol Asiática (AFC), com a realização do sorteio da fase de grupos da competição. Devido ao formato do torneio secundário para clubes da AFC, as águias de Macau já conhecem neste momento dois adversários: 25 de Abril FC, da Coreia do Norte, e Hang Yuen FC, de Taiwan.

O último adversário só vai ser conhecido a 30 de Janeiro, quando for realizado o play-off de apuramento para o grupo entre a formação Erchim, da Mongólia, e uma segunda equipa da Coreia do Norte, que ainda não é conhecida.

“Conheço as equipas pelo nome. As mais fortes são da Coreia do Norte, no entanto, como no passado já participaram nesta competição têm vídeos online que nos vão permitir começar estudá-las”, disse Duarte Alves, director técnico das águias, ao HM, que se encontra em Kuala Lumpur.

“Macau está na zona Este da competição, que só tem um grupo, por isso não há sorteio de adversários. Já são conhecidos. Amanhã [hoje] o sorteio, para nós, só vai ditar quando se vão realizar os nossos jogos, porque já conhecemos os nossos adversários quase todos”, explicou.

Apesar disso, o responsável pelo Benfica esteve ontem o dia todo a participar num workshop promovido pela AFC, com o objectivo de dar formação sobre os diferentes aspectos da competição.

“Estive o dia inteiro a assistir a um workshop da AFC, em que nos explicaram os processos de registo, organização, exigências aos clubes, requisitos básicos dos estádio, segurança, bilheteira, equipamentos, etc..”, revelou. “Não houve surpresas porque os regulamentos já tinham sido publicado há cerca de um mês e estamos cientes das exigências”, acrescentou.

Hora das preparações

Por outro lado, Duarte Alves explicou que o Benfica está agora a trabalhar no plantel para a Taça AFC, depois de ter estado a focar os esforços, nas últimas semanas, no Torneio de Futebol de Sete e na inscrição na competição continental.

No final do campeonato de futebol de 11 deste ano, o técnico das águias, Henrique Nunes, tinha expressado o desejo de orientar a equipa na Taça AFC. Contudo, Duarte Alves ainda não confirma que vai ser o português a orientar a equipa: “Em relação ao treinador estamos a estudar todas as hipóteses para que consigamos garantir a melhor prestação nesta primeira participação de uma equipa da RAEM na fase de grupos da Taça da AFC”, apontou.

Sobre o regresso aos trabalhos, após a Bolinha, Duarte Alves aponta Dezembro como a data mais provável: “Agora, e nos próximos dias, vamos definir a equipa técnica, os jogadores estrangeiros e quais são os jogadores locais que podem vir a contribuir para o nosso plantel”, explicou.

“Estamos agora a tratar para ter tudo resolvido e começar a pré-época o quanto antes. A nossa última competição terminou na semana passada, os jogadores estão numa fase de repouso, mas espero que em meados de Dezembro já possamos estar a treinar”, informou.

O sorteio decorre às 14h00, horas locais, e o Benfica vai realizar três jogos fora e outros três em casa, no Estádio de Macau.

6 Dez 2017

Sónia Chan nega acusação política a Sulu Sou

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, considerou ontem que não existe uma acusação política a Sulu Sou e que os órgãos legislativo e judicial actuaram dentro das suas competências.

“Acho que tanto o órgão judicial como o legislativo têm desempenhado as suas funções de acordo com a lei”, respondeu a secretária, após ter sido questionada sobre as declarações do deputado suspenso, que considerou haver uma vertente política na acusação do crime de desobediência qualificada.

Sobre a concertação de posições entre o Executivo e a Assembleia Legislativa, que Sulu Sou também defendeu existir, Sónia Chan apenas se limitou a dizer que não tem informações sobre o assunto.

“[A suspensão do deputado] é um trabalho feito de acordo com as competências da Assembleia Legislativa e não tenho nada a comentar sobre isso. Não tenho informações de que haja uma parceria entre o Executivo e a Assembleia Legislativa”, sublinhou.

As declarações de Sónia Chan foram feitas após a assinatura de um protocolo com o Governo da Região Administrativa Especial de Hong Kong sobre os Pedidos Mútuos de Citação ou Notificação de Actos Judiciais em Matéria Civil e Comercial.

“Estou convicta que após a celebração deste acordo poderemos, no futuro, ter mais facilidade quanto à notificação dos actos judiciais e civis. Incluindo em julgamentos, ordens dos juízes, notificações, entre outros”, afirmou Sónia Chan, sobre a parceria assinada.

Em relação a um cooperação em matérias criminais, as negociações prosseguem, sem haver grandes avanços: “A negociações já começaram anteriormente, agora vamos, em conjunto com a China Interior e Hong Kong, ter um tratamento uniforme quanto à mesma matéria, e só depois teremos resultados mais concretos”, concluiu.

 

PSP crítica Sulu Sou por questionar agente à paisana

A Polícia de Segurança Pública (PSP) comentou, ontem, o caso dos agentes às paisana na Assembleia Legislativa e deixou críticas a Sulu Sou. Quando o deputado estava a falar com os jornalistas, uma agente à paisana estava a recolher imagens com uma câmera digital. Sulu Sou pediu assim à agente que se identificasse e dissesse se polícia. A PSP não gostou desta conduta de Sulu e deixou críticas ao deputado, sem o nomear: “A PSP lamenta muito o comportamento do deputado, ontem, que apontou para os nossos agentes e os questionou”, pode ler-se na resposta, enviada ontem, ao HM. De acordo com a força policia, os agentes estavam no local a pedido do órgão legislativo: “A pedido da Assembleia Legislativa, o Corpo da PSP colocou adequadamente agentes policiais no interior da Assembleia, para garantir a ordem e o funcionamento normal da AL”, é revelado. A PSP defende-se ainda dizendo que os “agentes não incomodaram e nunca incomodam o trabalho dos órgãos de comunicação social que se encontram no local”.

6 Dez 2017

Agnes Lam, sobre suspensão de Sulu Sou: “De certa forma também lamento o resultado”

Deputada não quis revelar o seu sentido de voto, mas acredita que o crime de desobediência qualificada deve ser debatido, para impedir que seja utilizado como forma de limitar liberdade de expressão

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] deputada Agnes Lam lamentou a suspensão do mandato de Sulu Sou e considerou que é necessário começar um debate sobre a forma como o crime de desobediência qualificada pode ser utilizado para limitar a liberdade de expressão. As declarações da deputada foram feitas, ontem, ao HM.

“Não devemos revelar o nosso sentido de voto. Mas de certa forma também lamento o resultado da votação. Não se trata de uma acusação por um crime muito grave” afirmou Agnes Lam, à saída da reunião de ontem da 2.ª Comissão Permanente, da AL.

“Acho que não era necessário recorrer à suspensão para que ele tivesse de ser julgado agora. Havia a possibilidade de ele ser julgado depois do mandato”, sublinhou.

A legisladora revelou também que houve indicações para que os deputados não comentasse o caso durante o debate do Plenário: “Foi-nos dito que [durante a sessão de suspensão do mandato] não devíamos fazer comentários sobre o caso que estava na justiça”, começou por dizer. Porém, quando questionada sobre quem teria divulgado a informação aos deputados, Agnes Lam apontou para a legislação: “Não… Os regulamentos dizem que não podemos comentar… Acho que não podemos comentar um caso que está a decorrer na justiça”, apontou. “Até o Sulu Sou disse que não devíamos utilizar as nossas opiniões para pressionar os tribunais”, acrescentou.

Segundo a deputada, a suspensão de Sulu Sou tratou-se igualmente de um procedimento processual: “Originalmente acreditei que poderíamos discutir o crime e discutir as circunstâncias. Mas o entendimento, posteriormente, é que isto se tratava apenas de um acto processual, e que não poderíamos discutir o crime”, revelou.

Agnes Lam deixou ainda um desejo: “espero que haja alguma forma de ele [Sulu Sou] pedir ao tribunal para acelerarem o processo, para que as coisas decorram rapidamente”.

Limitações à liberdade

Por outro lado, a legisladora eleita pela via directa mostrou-se preocupada com a forma como uma acusação por desobediência qualificada pode ser utilizada para limitar a liberdade de expressão.

“É um assunto importante, devíamos voltar a considerar o crime desobediência qualificada, temos de considerar se é algo que impede as pessoas de poderem expressar as suas opiniões. É um debate que devíamos fazer e tão depressa quanto possível”, considerou.

A membro da Assembleia Legislativa reconheceu também que os 9123 eleitores que votaram em Sulu Sou vão ficar desiludidos: “É uma infelicidade que tenhamos de lidar com um caso como este, devido a tudo o que aconteceu. Para o votantes, eles vão sentir-se desiludidos”, disse. “É um acontecimento infeliz, espero que ele volte e depois do julgamento”, frisou.

Sulu Sou tem o seu mandato como deputado suspenso por tempo indeterminado, enquanto aguarda pelo desfecho do julgamento pelo crime de desobediência qualificada. Só depois da decisão dos tribunais transitar em julgado, o deputado poderá assumir o cargo para que foi eleito.

6 Dez 2017

Suspensão de Sulu Sou: Polícias “espiaram” deputados e jornalistas dentro da AL

[dropcap style≠’circle’]N[/dropcap]o dia de ontem alguns polícias à paisana captaram imagens de Sulu Sou e dos jornalistas, dentro da Assembleia Legislativa, como acontece durante as manifestações. O caso gerou alguma confusão no hemiciclo, quando dois dos agentes foram abordados pelo deputado suspenso. Nesse momento a mulher que tinha a câmara na mão retirou-se para trás, para junto de um colega, e arrumou o material na mochila. A mesma acabou por fugir, quando se tornou o foco das atenções dos órgãos de comunicação social, ficando o colega para trás, que admitiu ser polícia.

O HM questionou o Gabinete do Secretário da Segurança, Wong Sio Chak, sobre o assunto, que remeteu as respostas para a Polícia de Segurança Pública. Por sua vez, a PSP não deu uma réplica às perguntas colocadas em tempo útil.

Também o deputado José Pereira Coutinho comentou, ao HM, o caso e considerou que não se justifica tamanho aparato dentro da Assembleia Legislativa.

“Não percebo este aparato policial. Nunca houve necessidade de haver polícias para protegerem os deputados. Também nunca verifiquei que o pessoal responsável pela segurança interna da assembleia tivesse sentido, no passado, dificuldades em manter a segurança. É um exagero”, disse José Pereira Coutinho, ao HM.

“Não há indícios que justifiquem este aparato policial. Já estou habituado a ser filmado pela polícia. É uma questão que não me importuna. Mas não percebo porque estão tantos políticas dentro da assembleia”, acrescentou.

5 Dez 2017

Suspensão de Sulu Sou | 28 deputados deixam 9123 eleitores sem representação

A Assembleia Legislativa aprovou a suspensão do mandato de Sulu Sou, com 28 votos a favor e 4 contra. Após os resultados terem sido anunciados, gerou-se um clima de tensão com alguns dos deputados a mostrarem semblantes carregados

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] mandato de Sulu Sou foi ontem suspenso por tempo indeterminado, após uma votação secreta na Assembleia Legislativa e um debate que teve a duração de duas horas. Entre os 32 deputados votantes, 28 apoiaram a suspensão e 4 foram contra a suspensão. No final, conhecidos os resultados, ficou um misto de silêncio e apreensão entre os deputados, com a maioria a deixar o hemiciclo com um semblante carregado.

A suspensão do mandato tem efeito imediato, e Sulu Sou já não pode participar hoje no debate das Linhas de Acção Governativa para as áreas dos Transportes e Obras Públicas.

Nas semanas que antecederam a votação, Sulu Sou tinha revelado que quatro deputados lhe tinham confessado ir votar pela não suspensão: José Pereira Coutinho, Au Kam San, Ng Kuok Cheong e Agnes Lam. Como a votação foi feita de forma secreta, não é possível verificar o sentido dos votos, no entanto, o número de votos contra a suspensão do mandato bate certo com as palavras do pró-democrata.

Em relação à discussão que antecedeu a votação, foram poucos os deputados que admitiram o sentido de voto ou expressaram qualquer ideia. À excepção das perguntas sobre os procedimentos legais de Ella Lei, ligada aos Operários, e Agnes Lam, apenas José Pereira Coutinho e Ng Kuok Cheong, exprimiram o seu sentido de voto, entre os deputados eleitos pela via directa.

Por sua vez, Ng Kuok Cheong defendeu que o deputado deveria continuar a exercer o mandato até ao fim, se essa fosse a sua vontade, e depois prestar contas à justiça: “O crime de que o deputado é acusado não envolve violência, também me parece que não está relacionado com a independência de Macau”, começou por dizer.

“Nestas circunstâncias, se o deputado envolvido assim desejar, deve cumprir o seu mandato e trabalhar arduamente. Creio que devemos respeitá-lo. Não estão em causa nem crimes de corrupção nem de violência,” defendeu.

Já Sulu Sou, na primeira intervenção, afirmou que estava determinado a cumprir o mandato e destacou a importância da imunidade parlamentar: “A imunidade visa defender a dignidade e a independência da AL face ao poder Executivo”, frisou. “Esta suspensão do mandato não é só sobre mim, é relevante para mim e para toda a Assembleia Legislativa”, acrescentou.

Aparente censura

Por sua vez, José Pereira Coutinho mostrou-se contra o parecer da Comissão de Regimento e Mandatos sobre o caso, que sublinhou não ter respeitado o Direito de defesa de Sulu Sou.

“O deputado Sulu Sou usou da palavra da comissão porque eu pedi autorização ao presidente da comissão. Mas no parecer, as suas intervenções não foram transcritas na totalidade, aparentando ser de alguma forma uma censura”, acusou Pereira Coutinho.

“A comissão também disse que não dava uma opinião sobre o assunto, para não violar a liberdade de consciência dos deputados. Isto é ridículo, porque se assim fosse, sempre que as seis comissões dão uma opinião no parecer, estavam a violar esse princípio de liberdade de consciência dos deputados”, atacou.

Perante as críticas, Kou Hoi In e Vong Hin Fai, presidente e secretário da comissão em causa, defenderam o trabalho realizado. Vong pediu mesmo, a certo ponto, que Coutinho fosse ler os documentos legais que regulam o funcionamento do hemiciclo. Utilizando também a palavra “ridículo”, perante os argumentos de Coutinho. Contudo tanto Vong como Kou não mencionaram qualquer posição em relação ao caso e ao sentido de voto.

Nomeados e indirectos contra

No que diz respeito aos deputados nomeados e eleitos indirectamente, Iau Teng Pio e José Chui Sai Peng tiveram intervenções justificativas da suspensão do mandato.

“Como docente estou triste. Espero que os jovens com idades entre 18 e 20 anos possam crescer de forma saudável e sem problemas. Hoje [ontem] não queria estar aqui a assistir a este tipo de cenas”, afirmou Iau Teng Pio, deputado nomeado por Chui Sai On.

Já Chui Sai Peng, deputado eleito pela via indirecta e primo do Chefe do Executivo, acusou Sulu Sou de ter escondido que tinha um caso em tribunal.

“Se sabia da acusação, antes das eleições, o deputado deveria ter esclarecido o público para que os eleitores tivessem podido optar por outras alternativas”, afirmou José Chui Sai Peng.

“As imunidades são para salvaguardar as intervenções dos deputados, mesmo que sejam ao contrárias às do Governo. O prestígio da Assembleia Legislativa não deve ser ameaçado com uma suspensão”, acrescentou Chui.

Com esta decisão, Sulu Sou vai ter de participar no julgamento que estava originalmente marcado para 28 de Novembro, mas foi adiado. O deputado suspenso é acusado de um crime de desobediência qualificada, devido à participação numa manifestação contra o donativo da Fundação Macau à Universidade de Jinan.

A suspensão vai estar em vigor até à transição em julgado do caso, ou seja após a decisão do tribunal, caso não haja recursos, ou até que o Tribunal de Última Instância delibere uma decisão.

Sulu Sou tinha sido eleito em Setembro com um total de 9123 votos.

 

As reacções dos deputados

José Pereira Coutinho: “Estou desiludido”

“Foram quatro votos a favor e estou desiludido, parece que estive a falar para as paredes. Eram questões pertinentes que os meus colegas não ouviram. É o sentimento que tenho agora, depois do fim do Plenário. Votei contra a suspensão e disse-o abertamente ao deputado Sulu Sou, assim como aos meus colegas”, afirmou o deputado José Pereira Coutinho, ontem, ao HM. “Esforcei-me ao máximo para que os meus colegas prestassem atenção às questões políticas, jurídicas e ao impacto social que resulta da suspensão do mandato. É uma pena que a Assembleia Legislativa não tenha compreendido a importância da suspensão. Poderia ter-se enveredado pela suspensão do procedimento criminal”, opinou. 

Chui Sai Peng: Maioria deve ser seguida

Chui Sai Peng considerou que a suspensão teve o aval da maioria da Assembleia Legislativa e como tal deve ser respeitada. O primo de Chui Sai On, que é eleito pela via indirecta, recusou ainda dizer se concorda ou com o veredicto chegado. “Respeito a decisão tomada pela Assembleia Legislativa. Foi uma decisão colectiva. Houve alguns deputados em desacordo, mas houve maioria e deve ser seguida”, afirmou. “A partir de agora [esta decisão] é a única escolha que temos. Não temos outra alternativa, houve uma votação colectiva”, complementou.

Au Kam San: “Acusação política”

Durante o debate, o democrata Au Kam San manteve-se em silêncio, limitando-se a votar. No final, o legislador explicou que já tinha dito tudo ao secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, durante as LAG do sector. “Já não havia nada para dizer”, contou Au Kam San, ao HM. “Em relação à suspensão da função do deputado Sulu Sou, eu lamento por ser uma acusação política, com que não concordo”, afirmou. “Quando Wong Sio Chak veio à AL, comentei o assunto como acusação política. Por isso, não havia nada para dizer”, frisou. O também pró-democrata considerou ainda que o caso não terá grandes consequências ao nível dos trabalhos legislativos.

Chan Chak Mo: “Julgamento independente” 

Chan Chak Mo

Chan Chak Mo, deputado eleito pela via indirecta, admitiu não ter certezas sobre o melhor desfecho para a votação de ontem. Após a votação, o membro da AL limitou-se a dizer que há uma maioria que tem de ser respeitada, e que haverá um julgamento independente. “Não sei responder se este é o melhor desfecho. A votação foi secreta. Como é que eu posso dizer qual é o melhor desfecho? O melhor desfecho para mim, pode não ser o melhor desfecho para outras pessoas”, disse Chan. “O tribunal vai conduzir um julgamento independente. Sobre isso temos a certeza. A lei é a lei. Não acho que possamos ignorar a lei, ele ainda não é culpado”, considerou. Esta é a decisão da Assembleia Legislativa, foi o que a maioria decidiu sobre o caso”, sublinou.

Angela Leong quer Sulu Sou a assumir responsabilidades

Ao contrário da maioria dos deputados, Angela Leong permaneceu na Assembleia Legislativa após o encerramento da sessão. No final, a deputada eleita pela via directa considerou que Sulu Sou é um jovem que tem de assumir as responsabilidades sobre os seus actos. “Não estou contente com este caso do Sulu Sou. Ela acredita está a servir a população. Mas de acordo com a lei, todos são iguais”, considerou, citada pelo canal chinês da Rádio Macau. “Os jovens tem de assumir as responsabilidades pelos seus actos. Espero que os jovens antes de agirem ponderem os seus comportamentos”, concluiu.

Pang Chuan: Juízes têm a última palavra

Pang Chuan, deputado nomeado pelo Chefe do Executivo, negou ontem a existência de qualquer ordem vinda de Pequim, do Gabinete de Ligação ou do Governo da RAEM sobre a indicação de voto. “Não, não e não”, afirmou o legislador, quando questionado à saída do hemiciclo. Sobre os resultados da votação, Pang disse que os membros da Assembleia Legislativa preferiram deixar o caso nas mãos do juiz: “Deixámos que a decisão final seja tomada pelos juízes. O mandato não foi terminado. O mandato só foi suspenso, agora a decisão final será dos juiz”, defendeu. Apesar das declarações do deputado, Sulu Sou só foi suspenso e só poderá ser expulso do cargo de deputado, após uma votação em Plenário. “É melhor para o Sulu Sou ser julgado agora, para termos a certeza que tem as condições para ser membro da Assembleia Legislativa. É uma lógica simples, deixámos a decisão para o juiz”, acrescentou.

Deputados fizeram tudo para evitar comentar o caso

No final da sessão foram vários os deputados eleitos pela via directa abordados pelo HM. No entanto, os tradicionais e pró-sistema evitaram falar das votações, com diferentes justificações. Song Pek Kei, ligada à comunidade de Fujian e a Chan Meng Kam, disse que não podia prestar declarações porque tinha “uma reunião que só acabava depois das 10 das noite”. Já Wong Kit Cheng, ligada à Associação Geral das Mulheres, recusou comentar o caso, enquanto esperava por um elevador dentro da AL, preferindo focar-se no seu telemóvel. O HM obteve a mesma resposta do deputado ligado aos Operários, Lam Lon Wai, eleito de forma indirecta, que através de conversa telefónica apenas se limitou a dizer que não tinha comentários a fazer.

 

Mãos cruzadas em protesto

Entre as pessoas que estiveram, ontem, a assistir à sessão, encontravam-se cerca de 15 membros ligados à Associação Novo Macau. No final do plenário, Sulu Sou juntou-se aos restantes membros da associação e, perante os órgãos de comunicação, cruzaram os braços fazendo o sinal de uma cruz, em protesto face à suspensão do mandato do legislador. Também na noite anterior, a Novo Macau tinha realizado um evento contra a suspensão do mandato do legislador. Na iniciativa compareceram cerca de 200 deputados.

 

Eric Sautedé: Sulu mártir

“É pura e simplesmente estúpido e agrava o caso transformando o Sulu Sou num mártir, não beneficia ninguém e só pode ser contraproducente”. Quem o diz é o académico Éric Sautedé, que apoiou a candidatura do pró-democrata. No Facebook, o analista diz que o dia de ontem será recordado como o fim Estado de Direito em Macau, em detrimento da governação que usa a lei para calar dissidência. “O secretário Wong Sio Chak, assim como os deputados pro-establishment, refugia-se nos procedimentos legais para apoiar a suspensão”, comenta. Éric Sautedé não tem dúvidas de que este processo foi “movido por claros motivos políticos”, algo evidente principalmente tratando-se de um acto irrisório “no exercício de activismo cívico”. O académico entende que esta posição não foi a mais inteligente por parte dos deputados que “parecem não ter aprendido nada desde a bronca da lei dos benefícios de 2014”. Éric Sautedé entende que a suspensão de Sulu Sou é o ponto final na discussão com vozes que defendem que a Assembleia Legislativa é o único fórum democrático em Macau. Foi, “verdadeiramente, um dia triste”, remata o académico que diz “ter aprendido a baixar as expectativas quando à política de Macau”.

Protecção do status-quo

Arnaldo Gonçalves. Foto: Gonçalo Lobo Pinheiro

Arnaldo Gonçalves entende que o resultado da votação no plenário é o reflexo “da leitura que a Assembleia Legislativa e os poderes instituídos têm das posições de contestação à ordem vigente”. O académico entende que “há uma maioria na AL que tem uma leitura muito conservadora da forma de actuação de grupos pró-democratas aqui em Macau”. De acordo com Arnaldo Gonçalves, o plenário agiu de forma coerente com a linha que defende que “quem põe em causa um determinado status quo em Macau por acção de insubordinação cívica deve ser punido e julgado”. O académico vê esta situação sem surpresas, uma vez que a maioria dos deputados têm uma posição alinhada com a orientação política do Governo e estão de acordo com a forma como o território é gerido.

5 Dez 2017

Sulu Sou: “Peço desculpa aos meus eleitores porque não posso representá-los”

Deputado suspenso acusou PSP de manipular informação sobre acusação

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]pós terem sido conhecidos os resultados da votação, Sulu Sou pediu desculpa aos seus eleitores e apontou o dedo aos deputados, que diz estar “numa parceria” com o Executivo, colocando em causa a independência da Assembleia Legislativa.

“Peço desculpa aos meus eleitores porque não posso representá-los”, afirmou Sulu Sou. “Lamento imenso a decisão. A minha previsão é que ia continuar a poder trabalhar na AL, mas no final saiu um resultado imprevisto”, acrescentou.

Depois, o pró-democrata levantou dúvidas sobre a relação entre os deputados e o Executivo: Parece que o Governo e a AL têm um protocolo para uma parceria, trabalham juntos, avançam juntos e recuam juntos. Além disso, no Plenário, há bocado, pareceu que a discussão não tocou na dignidade e independência desta casa”, apontou.

“Só posso dizer que a acusação não envolve um crime de sangue. Parece que hoje a Assembleia Legislativa permitiu a intervenção do Executivo nas matérias deste hemiciclo. Os polícias montaram, de forma abusiva, a acusação”, defendeu.

Um caso arquivado

Já anteriormente, quando justifica a sua posição para a não suspensão do mandato, Sulu Sou tinha acusado as forças lideradas por Wong Sio Chak de terem manipulado a informação. Quando emitiu um comunicado sobre a acusação, a PSP referiu que Sulu Sou e os restantes manifestantes do dia 15 de Maio tinham caminhado na estrada, frente ao New Yaohan, evitando seguir as instruções da polícia.

“Os factos deste crime de desobediência têm a ver com a manifestação na Pena, e não com o que aconteceu junto do espaço Anim’Arte Nam Van. A primeira parte foi arquivada e não houve acusação. Mas a PSP induziu o público em erro, ao misturar as duas coisas no comunicado”, denunciou.

Apesar desta atitude do Executivo, Sulu Sou mostrou-se confiante em relação à independência dos tribunais e disse esperar um desfecho justo para o caso.

“Vou continuar com uma atitude tranquila face ao processo judicial. O que espero é que haja justiça. Embora tenha tido o mandato suspenso”, comentou.

Sobre o debate, o pró-democrata disse ainda que a maior parte dos seus colegas não esteve interessada em debater o assunto central, que considerou ser “a independência e dignidade da AL”.

5 Dez 2017

Arquivada investigação a Albano Martins devido a partilha de vídeo online

Presidente da ANIMA era investigado pela Polícia Judiciária, por ter partilhado um vídeo de um agente a agredir um cão. Agora recebeu uma carta do Ministério Público a dar conta do arquivamento. Apesar de Albano Martins não dominar o chinês, o documento veio sem qualquer tradução para o português

[dropcap style≠‘circle’]A[/dropcap] investigação a Albano Martins, por alegadamente ter violado a lei de protecção de dados pessoais, foi arquivada. A informação foi enviada através de uma carta do Ministério Público ao presidente da associação de protecção dos animais, ANIMA. Ao HM, Albano Martins admitiu que ainda não percebe totalmente os contornos do arquivamento, porque o documento foi enviado em chinês, sem tradução para português.

“Recebi uma carta em chinês do Ministério Público e a única coisa que consegui perceber é que o processo foi arquivado. Segundo consegui perceber o polícia abdicou da acção”, disse Albano Martins, ontem, ao HM.

“Só me enviaram uma carta em chinês. A ideia com que fiquei pelo que consegui perceber é que o processo foi fechado. Mas não percebi bem se foi arquivado por falta de sustentação legal, ou se porque o agente abdicou da queixa. Fiquei com a ideia que foi o polícia que abdicou da acção”, acrescentou.

A investigação da Polícia Judiciária a Albano Martins tinha começado em Abril deste ano, após a partilha de um vídeo de um homem, em Macau, a agredir um cão. Mais tarde, soube-se que o homem em causa era agente da PJ, ao qual foi, posteriormente, instaurado um processo disciplinar.

Apesar da coincidência, o presidente da ANIMA recusa assumir que a investigação se tenha tratado de uma manobra das autoridades para “cobrir” um dos seus agentes.

“Não acredito [que houvesse intenção de intimidar]. Acho que a iniciativa da queixa foi do agente da Polícia Judiciária. Fui lá prestar declarações e acabei por sair como arguido. De certo modo, a interpretação que eu fiz é que não teriam gostado que eu tivesse metido a figura do agente. Mas eu na altura nem sabia que o indivíduo era agente da PJ”, apontou.

Defesa do secretário

Para Albano Martins, também o secretário da Segurança, Wong Sio Chak, não terá concordado com a investigação. Entende o presidente da ANIMA, que Wong exige que a conduta das forças de segurança seja exemplar.

“Tanto quanto se sabe o secretário terá suspendido o agente durante algum tempo. Mostrou-se que o próprio secretário discordava do processo, e não me admirava que tivesse sido por isso que o processo tenha parado”, afirmou o também economista.

“O que sei é que o secretário se manifestou várias vezes contra o processo. Ele defendeu que os agentes devem ter um comportamento exemplar”, contou.

Sobre o futuro, Albano Martins promete que vai continuar a partilhar vídeos de maus-tratos a animais, quando considerar pertinente: “O vídeo não é claro em si sobre a identidade [do agente]. Eu não fui o único que partilhei as imagens, até a TDM o fez. Se voltaria a fazer o mesmo? Sim”, apontou.

“Nós quando partilhamos informação temos o cuidado de não divulgar as identidades das pessoas. Nós não estamos interessados numa caça às bruxas, estamos preocupados com os comportamentos”, indicou.

Apesar da decisão do MP, que Albano definiu como “sensata”, não deixou de se revelar incomodado com o facto da decisão apenas ter sido escrita em chinês, um idioma que não domina.

“É lamentável que me mandem uma carta com um conteúdo destes em chinês. Não tiveram o cuidado, como fazem muitas vezes, de enviar o conteúdo em chinês mas com uma tradução em português”, apontou.

4 Dez 2017

Mais de 200 pessoas em manifestação de apoio a Sulu Sou

Ao contrário do que é habitual, membros das comunidades portuguesa, macaense e chinesa participaram no evento de apoio à não suspensão de Sulu Sou. No final o deputado sublinhou que os manifestantes foram à rua pela integridade da Assembleia Legislativa

 

[dropcap style≠’circle’]M[/dropcap]ais de 200 pessoas participaram ontem à noite na manifestação contra a suspensão do mandato do deputado Sulu Sou. Ao longo de duras horas foram vários os gritos de incentivo ao pró-democrata e a noite acabou com os manifestantes a segurarem boletins de voto pela não suspensão do deputado de 26 anos.

“Fizemos o nosso melhor para promover este evento. Estou muito contente com o número de pessoas que apareceu. Acho que eles não estão apenas a apoiar-me mas também a apoiar as pessoas de Macau, o sistema e a Assembleia Legislativa. Fiquei muito contente com isso”, disse Sulu Sou, no final da manifestação.

Sobre a votação de hoje, cuja sessão da Assembleia Legislativa está agendada para as 15h00, o deputado admitiu não saber o que esperar. “Só posso dizer que vou preparar-me, porque não posso controlar a forma como os outros deputados votam. Houve deputados que manifestaram o seu apoio, mas os outros não me disseram nada, por isso não sei o que estão a pensar”, admitiu.

“O que posso dizer é que até agora não temos informações de que tenha havido alguma indicação de ‘cima’ [ndr. Governo Central] para os deputados. Por isso, acredito que se não houve indicações de ‘cima’, que haverá maior liberdade e independência para que os deputados sigam as suas convicções”, acrescentou.

Discursos da Novo Macau

Ao longo de duas horas, foram cerca de 10 os oradores ligados à Novo Macau que subiram ao palco para falarem da experiência de trabalhar com Sulu Sou e as mais-valias que o deputado traz para a Assembleia Legislativa. O antigo presidente da Novo Macau Scott Chiang considerou mesmo que Sulu Sou já está a mudar o hemiciclo.

“Não estamos aqui só a apoiar o Sulu Sou, mas também o seu lugar, o seu mandato e a sua promessa e compromisso perante o eleitorado e Macau”, começou por dizer Chiang. “O que aconteceu foi que em Maio do ano passado um grupo de nós decidiu protestar contra um donativo injusto da Fundação Macau. Queriamos uma reforma do sistema e actuámos pelo bem público. No final, o ponto de vista da Novo Macau é que se trata de uma perseguição política”, acusou, o também arguido.

“Apelamos aos deputado que pensem duas vezes, ou mais, antes de votarem porque isto não é apenas sobre o futuro de um deputado jovem, mas também sobre a integridade da Assembleia Legislativa”, frisou. 

Comunidades representadas

Entre as mais de 200 pessoas que passaram pela Rotunda do Três Candeeiros, estiveram membros das comunidades chinesa, macaense e portuguesa. Alguns participarem neste tipo de iniciativas em Macau pela primeira vez, como foi o caso do advogado Jorge Menezes.

“Por um lado, vim ver e, por outro, apoiar a causa do deputado. Acho que seria absurdo ser suspenso. Não tem lógica nenhuma nem justificação política”, disse Jorge Menezes, ao HM. “Os eleitores quando votaram já sabiam que havia um processo pendente, por isso se ele for suspenso é uma subversão do processo democrático. Os deputados não se podem substituir à vontade popular, quando os factos da acusação eram conhecidos pelos eleitores que decidiram votar”, considerou.

Medo português

Também o historiador Jorge Morbey fez questão de estar no evento, e durante alguns minutos conversou com Sulu Sou, quando o deputado chegou ao local. “Trata-se de um jovem deputado, eleito pela vontade popular, coisa que só um terço da AL tem essa representatividade popular e eu suponho que o sistema esteja interessado em retirá-lo da Assembleia”, afirmou Jorge Morbey.

“Gostava muito que os deputados respeitassem a vontade de quem elegeu o deputado Sulu Sou e que esperassem pelo fim do mandato para que prosseguisse o julgamento. Era o que uma assembleia democrática faria. Mas esta não é democrática”, sublinhou.

O historiador comentou também o facto de frequentemente a comunidade portuguesa estar afastada deste tipo de manifestações: “se calhar são os ventos do Oriente que não os deixam pensar que podem estar aqui com um sistema democrático e não só a fazer vénias aos senhores de Pequim”, defendeu.

“Há uma coisa subjacente às pessoas de Macau que é o medo: o medo de perder o emprego, o medo de ser recambiado para Portugal, entre os portugueses, e isso poderá fazer com que as pessoas deixem mesmo de votar. Se a suspensão for avante é exactamente para dar uma lição sobre a maneira como o autoritarismo funciona”, concluiu.

Sulu Sou é acusado do crime desobediência qualificada devido a uma manifestação contra o donativo de 100 milhões de yuan chineses da Fundação Macau à Universidade de Jinan. Como agora é deputado, a AL tem de decidir se pretender suspender o mandato de Sulu Sou para que o julgamento possa decorrer. Caso a AL considere que o mandato não deve ser suspenso, o julgamento decorrerá quando Sul Sou deixar de ser deputado. 

 

Forte contingente policial

Entre os manifestantes estiveram vários membros das autoridades vestidos à paisana com câmeras digitais para filmarem e fotografarem todos os presentes na Rotunda dos Três Candeeiros. Também no edifício do IACM estava uma câmara instalada que recolheu imagens durante as duas horas do evento de apoio de Sulu Sou. Além disso, as autoridades instalaram barreiras de segurança, o que permitiu que o trânsito na zona não fosse afectado pelo evento, que decorreu sem incidentes.

4 Dez 2017

Erro Médico | Lei criticada por não incentivar prevenção

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] jurista Vera Lúcia Raposo critica a Lei do Erro Médico, aprovada em Agosto do ano passado, por considerar que o documento não procura evitar os erros, mas que se limita a procurar culpados.

A Lei do Erro Médico foi elaborada com o objectivo de procurar um culpado para trazer a público, sem pensar em prevenir essas ocorrências. A opinião foi expressa, ontem, pela jurista Vera Lúcia Raposo, durante uma conferência na Fundação Rui Cunha, com o tema A Lei do Erro Médico.

“Não é uma lei preocupada em prevenir ou evitar erros médicos. Não está preocupada com isso, está preocupada em encontrar um médico culpado e apontar-lhe o dedo: ‘foi este que fez’”, afirmou Vera Lúcia Raposo.

“Como paciente não me preocupo nada com isso, quero é que as coisas corram bem. Não quero que haja os erros provocados pelo sistema, que podem ser prevenidos. Mas só podem ser prevenidos se forem primeiro conhecidos, e depois estudados. A lei não quer saber disso”, considerou.

Um dos pontos mais focado pelos oradores, que incluíram também os jurista Paulo Cardinal, Rui Cascão, Mang Ten Iong e Luís Pessanha, foi o sistema de notificação. Este sistema obriga os médicos a reportarem o seus erros e dos colegas.

“Se fosse profissional de saúde, em vez de estar mais preocupada em saber se estou a tratar do meu paciente como deve ser, ia estar a olhar por cima do ombro para ver se algum colega me está a ver a mim. E também a ver o que o colega fez, porque da forma como o regime aparece na lei, parece que a obrigação de notificar não diz respeito apenas ao que eu faço de errado, mas ao que o vizinho do lado faz”, apontou. “O regime está implantado de uma forma que temos médicos a vigiar médicos. Big Brother is watching you [O Grande Irmão está a ver-te]”, acrescentou.

Insultos aos deputados

Por sua vez, Paulo Cardinal, jurista da Assembleia Legislativa, recordou que quando o diploma chegou pela primeira vez ao órgão legislativo, que continha diversas falhas.

“Demoraram 12 anos a estudar esta proposta de lei. A proposta de lei, tal como entrou na Assembleia Legislativa, estava prenha de situações negativas, de regimes que não se entendiam, de soluções que inclusive colocavam em causa os tribunais”, começou por dizer o jurista. “Não é uma lei boa, ainda tem muitos erros, mas infelizmente o ponto de partida era absolutamente negativo, em diversos aspectos essenciais”, acrescentou.

Entre as críticas apontadas ao documento original, Cardinal sublinhou duas situações: a ausência de referências à saúde do foro psíquico e o facto de só poder haver erro médico devido a acções e não a omissões dos médicos.

Estas foram situações corrigidas, e Cardinal elogiou o papel do presidente da comissão que tratou do documento, o ex-deputado Cheang Chi Keong: “Foi uma pessoa que nunca baixou os braços e que fez sempre questão de tentar conseguir o melhor possível para o ordenamento jurídico de Macau, para os pacientes e para os médicos”, apontou.

“É uma lei claramente melhor do que resultaria se a proposta tivesse sido aprovada de uma maneira acrítica, sem intervenção, apoio da sociedade”, sublinhou. No entanto, o jurista frisou que pela primeira vez uma comissão foi insultada na imprensa chinesa.

 

Questões sobre ausência de médicos e juristas portugueses

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]urante a conferência, Paulo Cardinal levantou questões sobre a ausência de médicos e juristas portuguesas da Comissão de Perícia do Erro Médico. Cardinal questionou se não haverá pessoas capazes com nacionalidade portuguesa para integrarem a comissão.

“Espantadamente vejo que na Comissão de Perícia do Erro Médico não há lugar para nenhum médico português. Presumo que serão todos não-peritos. Não percebo, pessoas com grande experiência médica, formação médica que se têm dedicado a estas questões não foram atendidas para estarem presentes na Comissão de Perícia do Erro Médico, do ponto de vista médico”, sublinhou o jurista.

“Então a nível dos juristas, se há especialistas em Direito Médico em Macau, estão aqui nesta mesa, do meu lado esquerdo. Também não encontraram o caminho para poderem estar na comissão de perícia”, frisou.

O presidente da Comissão de Perícia é médico legista O Heng Wa, responsável pelas autópsias do jovem português Luís Amorim, que foi encontrado morto em 2007, e de Lai Man Wa, antiga directora-geral dos Serviços de Alfândega, encontrada morta em 2015.

1 Dez 2017

Fernando Mendes falha Torneio da Soberania

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] ex-jogador de Sporting, Benfica e FC Porto chegou a ser inscrito como primeiro capitão, mas compromissos profissionais impedem-no de se deslocar ao território. Romeu Silva é a figura mais mediática da comitiva portuguesa.

O ex-médio Romeu Silva vai ser a figura de destaque da equipa de veteranos do Sporting Clube de Portugal, que vai participar no Torneio da Soberania. No total, os leões, que participam na competição em representação das cores portuguesas, inscreveram 20 atletas, mas nem todas as presenças estão confirmadas. O treinador é Vítor Esmoriz, antigo médio que actuou no SCP entre 1980 e 1982, depois de se ter destacado no Belenenses e Atlético.

O HM teve acesso à lista de inscrição do Sporting, mas para já há pelo menos uma baixa confirmada: Fernando Mendes, antigo lateral que actuou com as cores de Sporting, Benfica e FC Porto, Vitória de Setúbal, Belenenses e Boavista. Além disso foi ainda internacional português em onze ocasiões, até 1996. O ex-jogador é agora comentador televisivo e não conseguiu autorização da entidade patronal para poder integrar a comitiva leonina.

“Era para ir participar, mas infelizmente não conseguiu a autorização para estar presente. Estou um bocado triste, porque é um território fantástico. Adoro Macau”, disse Fernando Mendes, ao HM.

“Era muito bom ir, anteriormente tive oportunidade de ir duas vezes com os veteranos do Sporting. Também fui a Macau uma vez, quando ainda era futebolista profissional pelo FC Porto. Sempre gostei das deslocações”, acrescentou.

Há dois anos, na última participação do Sporting no Torneio da Soberania, Fernando Mendes foi um dos membros da comitiva. Contudo, o ex-jogador deixou uma garantira: “Para o ano, vou fazer tudo para poder voltar a Macau”, frisou.

Equipas de sete territórios

Fernando Mendes era para ser o capitão da equipa, mas com estas alterações o cargo deverá ser assumido por Romeu Silva, que na lista de inscrição surge como o segundo capitão.

Com uma carreira anterior à de Fernando Mendes, Romeu Silva, actualmente com 63 anos, tem um percurso profissional muito semelhante ao do ex-colega de profissão. Entre 1973 e 1998, Romeu também por passou pelos três grandes de Portugal. Outra curiosidade é o facto de ambos terem o mesmo número de internacionalizações, ambos vestiram a camisola de Portugal em 11 ocasiões.

O Torneio da Soberania vai realizar-se entre 15 e 17 de Dezembro, no Canídromo. A competição vai contar com a participação de oito equipas, que representam Macau, China, Portugal, Taiwan, Hong Kong, Japão e Coreia do Sul.

“É um torneio muito bom para a RAEM. Vêm sete equipas de fora, para celebrar, juntamente com a equipa de Macau, o 18.º aniversário da RAEM. É uma das maiores actividades desportivas do território”, disse Francisco Manhão, fundador da Associação de Veteranos de Futebol de Macau, ao HM.

 

1 Dez 2017

Anita Yu, relações públicas, “A vida dos animais é tão importante quanto a dos humanos”

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m novo desafio. Foi com esta mentalidade que Anita Yu, residente em Hong Kong, se mudou em Janeiro de 2010 para Macau. Na altura, a decisão foi motivada pela vontade de provar que era capaz de viver sozinha, sem estar dependente da família. O facto do seu contrato de trabalho também estar a chegar ao fim, ajudou a tomar a decisão. Hoje, passados quase oito anos, a relações públicas mostra-se muito feliz com a experiência.

“Ainda me recordo que quando anunciei aos meus amigos que me ia mudar para Macau de forma permanente, que algumas das resposta que ouvi foram: ‘Não acredito’, ‘Não consegues viver sozinha’ ou ‘Vais regressar muito depressa’”, recordou Anita Yu, ao HM.

“Como odeio que coloquem em causa as minhas decisões, prometi logo que ia adaptar-me e que iria mostrar às pessoas que me provocaram que seria bem sucedida. Sou o tipo de pessoa que assim que toma uma decisão, se mantem fiel ao plano. Bem… nesse aspecto acho que me podem considerar teimosa,” considerou.

A resolução de se mudar para o território foi bem ponderada, isto porque embora tenha nascido em Hong Kong, os pais de Anita são emigrantes de Macau. Por essa razão, a relações públicas sabia bem o que ia encontrar.

“Estava acostumada a viajar duas vezes por ano para Macau, na altura do Versão e do Natal para encontros familiares. Estava familiarizada com a cidade desde pequena”, admitiu.

Enquanto residente em Macau, o espaço de um ano foi suficiente para que a Anita decidisse que queria ficar mesmo no território: “Depois de ter passado um ano no meu trabalho, apercebi-me que a cidade é um bom local para viver. Macau não é só jogo e casinos, é uma cidade muito rica nas áreas das artes e cultura, com uma herança patrimonial muito significativa e com comida deliciosa”, defendeu.

Em relação às pessoas da RAEM, Anita considera que são muito afáveis e calorosas. “Gosto muito da forma como as pessoas aqui resolvem os problemas e como são capazes de se dedicar a uma missão com um sentido colectivo. O melhor exemplo, e o mais óbvio, foi a forma como nos ajudámos após a passagem do tufão Hato”, considerou.

O melhor dos dois mundos

Se por um lado, Anita reside em Macau, por outro, sempre que pode aproveita para regressar às origens. Um ambiente que lhe permite mais facilmente relaxar. “Eu gosto muito de Macau, mas Hong Kong é o lugar onde estão as minhas raízes. O amor da família é essencial. Acho que para todos nós é necessário sabermos onde procurar este amor incondicional, principalmente quando nos sentimos perdidos e cansados. Tenho a sorte de ter uma família grande e muitos amigos à minha volta em Hong Kong”, explicou, a residente de 35 anos.

Ainda sobre a ocupação dos tempos livres, quando não vai para Hong Kong, Anita gosta de ir a festas, nadar e fazer caminhada.

“O stress faz parte da nossa vida profissional, acho que é uma coisa inevitável. Felizmente existem soluções simples que nos podem ajudar: ir a festas, nadar ou fazer caminhada. Nesse aspecto, Coloane é o pulmão da cidade e tem os melhores trilhos. Acaba por ser o melhor local da cidade para mim”, considerou.

Em relação a viagens, a relações públicas adora viajar para a Tailândia, porque considera que o país dos sorrisos “é um verdadeiro retiro que permite estar em contacto com a verdadeira natureza”.

Outra das grandes paixões de Yu são os animais e a sua cadela Daw Daw, que em cantonês significa pequeno feijão. Um amor que nem sempre foi correspondido.

“Para ser sincera, eu tinha muito medo de cães, depois de quase ter sido mordida, em pequena, por um cão enorme. Só que depois conheci esta cadela da raça golden retriever, que é muito meiga e paciente. Só com ela é que consegui tocar, pela primeira vez, num cão”, confessa.

“Adoro animais. E desde Janeiro deste ano que deixei de comer carne. É a minha forma de amar e proteger os animais. Mas gosto especialmente de cães porque dedicam o seu afecto sem reservas e sem expectativas. Os cães têm personalidades muito semelhantes à minha”, sustentou.

É por isso que num futuro próximo, Anita Yu tem intenções de se dedicar durante mais tempo a realizar trabalho voluntário para ajudar animais: “Acho que todos nascemos com uma missão. A minha é ajudar as pessoas a compreender que a vida dos animais é tão importante quanto a dos humanos”, concluiu.

1 Dez 2017

Águias vencem Ka I por 3-0 e conquistam Torneio de Futebol de Sete

Uma defesa fantástica de Batista e um golo, de Nikki Torrão, no contra-ataque seguinte abriram as portas para o triunfo do Benfica de Macau, por 3-0 diante o Ka I

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Benfica de Macau conquistou ontem o Torneio de Futebol de Sete, após ter derrotado o Ka I, por 3-0. No Canídromo, o jogo teve um início electrizante, mas o lance que acabaria por definir o rumo da partida, surgiu logo aos três minutos, com dois homens em destaque: Batista e Nikki Torrão.

O Ka I não entrou mal na partida e aos três minutos, depois de já ter permitido um ataque perigoso à equipa adversária, o avançado Samuel Ramosoeu teve uma clara oportunidade de golo nos pés. O atacante surgiu à entrada da área do Benfica com espaço e rematou com o pé direito, de primeira. A bola tomou a direcção da baliza, e seguiu a meia altura com o golo a parecer certo. Porém, foi nesse momento que surgiu a mão do guarda-redes Batista, a fazer a defesa da noite.

O Benfica aproveitou imediatamente para sair em contra-ataque, com o esférico a ser bombeado para o ataque, onde surgiu Nikki Torrão. O internacional de Macau isolou-se e, diante Domingos Chan, fez a bola passar por entre as pernas do guardião e o 1-0.

Se até esta altura, os atletas do Ka I aparentavam estar em condições de discutir o jogo de igual para igual, o golo mudou o rumo do jogo. No pólo oposto o Benfica mostrava-se cada vez mais perigoso no ataque, principalmente devido às combinações dos atacantes Carlos Leonel e Nikki Torrão.

Apesar do forte pendor atacante, só a um minuto do intervalo é que Carlos Leonel apontou o segundo golo. Após uma bola bombeada para a área do Ka I, por Edgar Teixeira, o avançado ganhou a bola nas alturas, após uma luta intensa na área, e mesmo sem ter a clara intenção de cabecear à baliza, fez o 2-0.

Durante o intervalo, Josecler, treinador do Ka I, pediu aos jogadores que atacassem mais e os comandados entraram em campo com uma postura mais agressiva. Contudo, a defesa das águias não facilitou, e, quando foi preciso, Batista mostrou-se sempre muito seguro. Sem conseguir dar a volta o jogo, o Ka I acabou por sofrer o 3-0, aos 28 minutos, num golo apontado num lance de contra-ataque por Edgar Teixeira. Após este tento, os adeptos afectos às águias, entre os 40 presentes na bancada, cantavam: “E ninguém pára o Benfica!”.

Vitória do plantel

Após a conquista, o treinador-jogador das águias para esta competição, Cuco, justificou a vitória com a coesão do plantel: “O facto do Benfica manter o plantel junto há cinco anos facilitou-me o trabalho. Foi um grupo que soube fazer a diferença entre o Cuco colega e o Cuco treinador e o resultado foi fantástico”, afirmou, ao HM.

“Sabíamos que o jogo ia ser difícil porque na fase de grupo tínhamos ganho por apenas 2-0. Fomos a equipa que procurou ser mais eficaz no ataque, e quando atacámos foi para marcar. Também na defesa estivemos muito coesos e merecemos a vitória”, defendeu.

Por sua vez, Nikki Torrão falou de um jogo difícil: “Esta vitória mostra porque merecemos vencer o troféu. Voltámos a não sofrer golos e ao longo da competição só sofremos um golo. Foi um resultado justo”, considerou.

Já Josecler, treinador do Ka I, admitiu que o Benfica foi um justo vencedor e atribuiu o prémio de melhor jogador ao guarda-redes Batista: “Foi o homem do jogo. Para mim quem esteve em maior destaque não foi quem marcou os golos, mas antes o Batista porque fez três defesas muito boas”, disse, ao HM.

Finalmente, Samuel Ramosoeu reconheceu a superioridade do Benfica: “Eles foram melhores e preparam-se melhor. Tivemos algumas oportunidades, mas faltou-nos a calma para fazer a diferença”, considerou.

Com este triunfo, o Benfica de Macau termina a época de 2017 a vencer todas as competições: Liga de Elite, Taça de Macau e Torneio de Futebol de Sete.

30 Nov 2017

Deputados temem que atrasos tornem Hospital das Ilhas na nova prisão

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]pós a apresentação das Linhas de Acção Governativa, Chui Sai On expressou o desejo de que em 2019 o Hospital das Ilhas esteja “preliminarmente pronto”. No entanto, segundo os dados apresentados, ontem, pelo Governo à Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Terras e Concessões Públicas, o único edifício que vai estar pronto dentro de dois anos é o Instituto de Enfermagem.

O cenário foi abordado pelo secretário Raimundo do Rosário: “As fundações do Complexo Hospitalar estão todas concluídas, excepto o edifícios de reabilitação. A superestrutura do Instituto de Enfermagem está em construção neste momento e ficará concluídas no quarto trimestre de 2019”, afirmou. 

Em relação aos restantes seis edifícios, incluindo o próprio hospital, ainda não há prazos. O secretário explicou que a responsabilidade sobre o projecto é dos Serviços de Saúde.

Devido ao facto de não haver projecto, o Raimundo do Rosário frisou que não é possível fazer um orçamento total da obra. Contudo, revelou que já foram gastos 2 mil milhões de patacas.

Mais camas

A situação do Hospital das Ilhas também foi comentada pela presidente da comissão, Ella Lei. A deputada criticou o facto de não haver uma calendarização e previu que o Plano Quinquenal do Governo, em vigor até 2020, não vai ser cumprido neste ponto.

À comissão, o Executivo explicou que o Instituto de Enfermagem vai ser o primeiro edifício a ser concluído, visto que o projecto do principal complexo foi revisto quatro vezes. Os atrasos e o facto do hospital arrancar primeiro como Instituto de Enfermagem constituem uma preocupação para os deputados. Ella Lei falou mesmo na hipótese do hospital ser a nova prisão de Coloane, com atrasos crónicos.

“Os deputados estão preocupados, até porque depois de estarem feitas as obras, ainda é necessário instalar os aparelhos e equipamentos para o funcionamento do hospital”, afirmou Ella Lei. “Estamos preocupados que o hospital se transforme num segundo estabelecimento prisional”, apontou.

No entanto, com as revisões do projecto, o hospital vai passar a receber 1100 camas, quando inicialmente tinha sido previsto que só receberia cerca de 630. Este número significa que Macau ficará com uma média de 3,4 camas por cada 1000 residentes.

30 Nov 2017

Funcionamento do Metro vai gerar despesas avultadas

O alerta foi deixado pela deputada Ella Lei: o funcionamento do metro vai gerar despesas avultadas, e não foram planeadas soluções para gerar receitas, como a instalação de lojas ou esplanadas nas diferentes estações

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] funcionamento do metro ligeiro vai gerar grandes despesas devido às operações de manutenção e ao pagamento da mão-de-obra, mas as fontes de receitas vão ser limitadas. O cenário foi traçado por Ella Lei, presidente da Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Terras e Concessões, após uma reunião da comissão, que contou com a presença do secretário para os Transportes e Obras Públicas.

“A despesa do metro vai ser avultada. Vai ter de se fazer sobreviver um grupo alargado de trabalhadores e suportar os elevados custos de operação. Já sabemos que a empresa não vai ter receitas com lojas, esplanadas e cafés. É uma dificuldade que se vai ter de enfrentar”, revelou Ella Lei.

“Não há soluções para gerar mais receitas. As estações não têm espaços para cafés, esplanadas ou lojas, além das áreas para a instalação de bilheteiras e vias de passagem”, acrescentou.

Depois de ter sido identificado o problema, Ella Lei revelou que houve a intenção de construir na Estação Intermodal da Barra um centro comercial com dois andares. No entanto, as limitações de altura, fizeram com que o plano fosse abandonado.

“O secretário explicou que queriam construir um centro comercial na Barra com dois pisos para gerar outras fontes de receita. Mas devido aos constrangimentos de altura não foi possível construir esses pisos”, apontou a deputada.

Metro em Macau sem prioridade

Momentos antes, Raimundo Rosário tinha feito um ponto de situação das obras do metro. Até ao momento foram gastos 9,5 mil milhões de patacas com o troço da Taipa. Esta parte tem um orçamento de 11 mil milhões que, segundo o secretário para os Transportes e Obras Públicas, está a ser cumprido.

No próximo ano, o Governo vai dar início às obras do ramal de ligação da Linha da Taipa com a secção de Seac Pai Vai. Este é um segmento que tem de ficar concluído antes de 2019, para que depois o funcionamento da Linha da Taipa.

Raimundo do Rosário garantiu que os segmento do metro da Península de Macau não vai ser abandonado, mesmo que não seja uma prioridade. Neste momento o foco do Governo passa por aprovar a legislação para a empresa que vai gerir o metro e a nova lei do metro.

“O metro em Macau nunca foi abandonado. Pode é haver diferentes pontos de vistas. Mas foi definido como prioridade ligar a Linha da Taipa à Barra. Mantemos essa intenção e a prova disso é que a obras da Estação da Barra já começaram. Vamos fazendo isto por partes e por troços”, afirmou Raimundo do Rosário.

O secretário admitiu que o traçado de Macau só deverá ficar definido no próximo mandato: “Acho que não vamos ter tempo para fazer muito mais neste mandato”, apontou, sobre a possibilidade de ficar escolhido o traçado de Macau.

30 Nov 2017