João Luz China / ÁsiaCodvid-19 | Washington e Pequim trocam acusações sobre origem do surto A troca de hostilidades entre as duas maiores potências económicas passou para o campo da saúde pública e das teorias de conspiração. Um oficial do Governo chinês acusou os Estados Unidos pelo foco de infecções em Wuhan, depois da presença de militares norte-americanos na cidade onde participaram num evento desportivo. Entretanto, Donald Trump voltou a referir-se ao novo coronavírus como o “vírus chinês” [dropcap]E[/dropcap]m tempo de tréguas na guerra comercial, cavam-se trincheiras no twitter e apontam-se culpas quanto à origem do novo coronavírus, com altos responsáveis políticos chineses e norte-americanos a disseminar teorias de conspiração. A escalada de retórica rebentou na conta de Twitter do Presidente norte-americano, que escreveu que “os Estados Unidos iriam apoiar empresas, como companhias aéreas que foram particularmente afectadas pelo vírus chinês”. Sem surpresas, a resposta de Pequim não se fez esperar. A China disse ontem estar “fortemente indignada” depois de Donald Trump referir-se ao Covid-19 como “vírus chinês”, acusando o Presidente norte-americano de criar um “estigma” contra o país. “Estamos fortemente indignados e opomo-nos firmemente a essa expressão”, disse Geng Shuang, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, em conferência de imprensa. “A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a comunidade internacional opõem-se claramente a vincular um vírus a determinado país ou região visando evitar estigmas”, defendeu. O contra-ataque também chegou à conta de Twitter do Global Times, jornal oficial do Governo Central. “Que Presidente! Ao rotular a Covid-19 como o ‘vírus chinês’, Trump tenta esconder o fracasso das medidas de prevenção e controlo impostos pela sua administração contra o surto. Então, passa a culpa para a China, tentando provar que não é responsável pela actual situação que os Estados Unidos vivem”, lê-se na conta do jornal que reflecte a posição de Pequim. Porém, esta não é a primeira vez que de Washington chegam expressões deste género. Membros do Governo norte-americano usaram anteriormente expressões semelhantes, apesar de esta ser a primeira vez que Trump o faz publicamente. Mas este foi apenas um dos mais recentes “tiros” disparados numa batalha de comunicação que politiza o surto. Quem diz o quê Pouco depois das notícias que deram conta do surto em Wuhan, começaram a circular online teorias sinistras sobre a origem do vírus, que foram sendo rebatidas por cientistas. Algumas destas ganharam tracção entre pessoas de poder, muitas com conhecidas posições políticas críticas em relação a Pequim, como Stephen Bannon, um dos homens responsáveis pela campanha que elegeu Donald Trump para a Casa Branca. Há quase um mês o senador republicano do Arkansas, Tom Cotton, disse aos microfones da Fox News que o vírus teria sido criado num laboratório bioquímico de alta segurança em Wuhan para ser usado como arma química. “Não temos provas de que o vírus tenha começado lá, mas tendo em conta a duplicidade e desonestidade da China desde o início do surto temos de, pelo menos, levantar a questão e ver para onde apontam as provas. Até agora, a China não tem facultado factos sobre esta questão”, declarou Cotton. Mais tarde, o senador teve voltar atrás na tese de que o novo coronavírus era, na realidade, uma arma biológica, mas já era tarde demais. O rumor ganhou ressonância na câmara de eco dos média conservadores, com discursos que fizeram lembrar a propaganda anti-soviética da altura da Guerra Fria. Acção vs Reacção A resposta de Pequim não se faz esperar. O contra-ataque surgiu com a tese de que o novo coronavírus havia sido introduzido na cidade de Wuhan, em Outubro passado, pela comitiva das forças armadas norte-americanas aquando da participação numa espécie de olimpíadas militares. Mais uma vez, apesar da falta de provas que sustentem a tese, esta mereceu a bênção do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, nomeadamente com um porta-voz a acusar Washington de não ser transparente sobre o conhecimento que tem em relação à doença. As insinuações ganharam corpo numa série de tweets de Zhao Lijian, porta-voz do ministério, publicados na passada quinta-feira, que desviaram agressivamente qualquer tentativa de argumentar má gestão de Pequim durante as primeiras semanas do surto O chefe da diplomacia norte-americana, Mike Pompeo, acusou ontem a China de “semear informações falsas e rumores absurdos” sobre a origem do novo coronavírus. No momento em que as autoridades dos EUA estão preocupadas com a propagação rápida do vírus e que as cidades norte-americanas abrandam, preparando-se para a eventualidade de uma quarentena geral, Mike Pompeo falou telefonicamente com o mais alto funcionário do Partido Comunista Chinês, acusando as autoridades da China de desinformação. “O secretário de Estado enfatizou que o momento foi mal escolhido para semear desinformação e rumores absurdos e que está na altura de os países se unirem para combater uma ameaça comum”, disse o Departamento de Estado norte-americano, num comunicado que comentava a conversa telefónica entre os dois políticos. Diplomacia e poesia Washington já tinha convocado o embaixador chinês em Washington para lhe transmitir o desconforto com as insinuações, mas as autoridades dos EUA estão agora também preocupadas com a velocidade de propagação do vírus no seu país. Em declarações à CCTV, Yang Jiechi, diplomata chinês, diz ter avisado pelo telefone Mike Pompeo que qualquer tentativa para manchar os esforços da China na contenção da pandemia “não iria ser bem-sucedida”. Na chamada, que aconteceu na segunda-feira, Yang manifestou a oposição e condenação pelos esforços movidos por políticos norte-americanos para denegrir a China e alertou que ameaças aos interesses chineses vão ser alvo de retaliação. A posição de Pequim teve eco em várias embaixadas chinesas, como no Cazaquistão ou Nigéria, que se juntaram ao coro de críticas a Washington. O diplomata chinês sediado no Cazaquistão usou o Facebook para dar a sua perspectiva contra Washington. “A falta de máscaras, luvas, testes e equipamentos, além do crash da bolsa também foram provocados pela China? Chegou a altura de admitir aquilo que têm escondido dos eleitores e da comunidade internacional, porque há muitas perguntas por responder”, escreveu o diplomata chinês em russo. No meio desta troca de galhardetes, houve um dano colateral que extrapolou a relação entre países. Na passada segunda-feira, o peruano Nobel da literatura, Mario Vargas Llosa, foi alvo de críticas de Pequim que o acusou o de “irresponsabilidade e opiniões preconceituosas”, depois de o escritor ter assinado um artigo no jornal espanhol El Pais e no peruano La Republica. A tese do laureado pela Academia Alfred Nobel teoriza sobre a ligação entre o regime político chinês e a resposta ao surto, especulando se a resposta seria diferente caso a China fosse uma democracia. “Parece que ninguém está a sublinhar que tudo o que se está a passar poderia ser evitado se a China fosse um país livre e democrático, em vez de uma ditadura”, comentou o peruano, citado pelo portal Hong Kong Free Press. As palavras de Llosa foram recebidas com indignação em Pequim, que se expressou através de um comunicado da embaixada no Peru. “Respeitamos a liberdade de expressão, mas não aceitamos qualquer tipo de difamações e estigmatizações arbitrárias”, lê-se no comunicado. Além disso, a representação diplomática realça que Llosa, “enquanto figura pública, não deveria espalhar opiniões irresponsáveis e preconceituosas sem qualquer propósito”.
João Luz China / ÁsiaCodvid-19 | Washington e Pequim trocam acusações sobre origem do surto A troca de hostilidades entre as duas maiores potências económicas passou para o campo da saúde pública e das teorias de conspiração. Um oficial do Governo chinês acusou os Estados Unidos pelo foco de infecções em Wuhan, depois da presença de militares norte-americanos na cidade onde participaram num evento desportivo. Entretanto, Donald Trump voltou a referir-se ao novo coronavírus como o “vírus chinês” [dropcap]E[/dropcap]m tempo de tréguas na guerra comercial, cavam-se trincheiras no twitter e apontam-se culpas quanto à origem do novo coronavírus, com altos responsáveis políticos chineses e norte-americanos a disseminar teorias de conspiração. A escalada de retórica rebentou na conta de Twitter do Presidente norte-americano, que escreveu que “os Estados Unidos iriam apoiar empresas, como companhias aéreas que foram particularmente afectadas pelo vírus chinês”. Sem surpresas, a resposta de Pequim não se fez esperar. A China disse ontem estar “fortemente indignada” depois de Donald Trump referir-se ao Covid-19 como “vírus chinês”, acusando o Presidente norte-americano de criar um “estigma” contra o país. “Estamos fortemente indignados e opomo-nos firmemente a essa expressão”, disse Geng Shuang, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, em conferência de imprensa. “A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a comunidade internacional opõem-se claramente a vincular um vírus a determinado país ou região visando evitar estigmas”, defendeu. O contra-ataque também chegou à conta de Twitter do Global Times, jornal oficial do Governo Central. “Que Presidente! Ao rotular a Covid-19 como o ‘vírus chinês’, Trump tenta esconder o fracasso das medidas de prevenção e controlo impostos pela sua administração contra o surto. Então, passa a culpa para a China, tentando provar que não é responsável pela actual situação que os Estados Unidos vivem”, lê-se na conta do jornal que reflecte a posição de Pequim. Porém, esta não é a primeira vez que de Washington chegam expressões deste género. Membros do Governo norte-americano usaram anteriormente expressões semelhantes, apesar de esta ser a primeira vez que Trump o faz publicamente. Mas este foi apenas um dos mais recentes “tiros” disparados numa batalha de comunicação que politiza o surto. Quem diz o quê Pouco depois das notícias que deram conta do surto em Wuhan, começaram a circular online teorias sinistras sobre a origem do vírus, que foram sendo rebatidas por cientistas. Algumas destas ganharam tracção entre pessoas de poder, muitas com conhecidas posições políticas críticas em relação a Pequim, como Stephen Bannon, um dos homens responsáveis pela campanha que elegeu Donald Trump para a Casa Branca. Há quase um mês o senador republicano do Arkansas, Tom Cotton, disse aos microfones da Fox News que o vírus teria sido criado num laboratório bioquímico de alta segurança em Wuhan para ser usado como arma química. “Não temos provas de que o vírus tenha começado lá, mas tendo em conta a duplicidade e desonestidade da China desde o início do surto temos de, pelo menos, levantar a questão e ver para onde apontam as provas. Até agora, a China não tem facultado factos sobre esta questão”, declarou Cotton. Mais tarde, o senador teve voltar atrás na tese de que o novo coronavírus era, na realidade, uma arma biológica, mas já era tarde demais. O rumor ganhou ressonância na câmara de eco dos média conservadores, com discursos que fizeram lembrar a propaganda anti-soviética da altura da Guerra Fria. Acção vs Reacção A resposta de Pequim não se faz esperar. O contra-ataque surgiu com a tese de que o novo coronavírus havia sido introduzido na cidade de Wuhan, em Outubro passado, pela comitiva das forças armadas norte-americanas aquando da participação numa espécie de olimpíadas militares. Mais uma vez, apesar da falta de provas que sustentem a tese, esta mereceu a bênção do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, nomeadamente com um porta-voz a acusar Washington de não ser transparente sobre o conhecimento que tem em relação à doença. As insinuações ganharam corpo numa série de tweets de Zhao Lijian, porta-voz do ministério, publicados na passada quinta-feira, que desviaram agressivamente qualquer tentativa de argumentar má gestão de Pequim durante as primeiras semanas do surto O chefe da diplomacia norte-americana, Mike Pompeo, acusou ontem a China de “semear informações falsas e rumores absurdos” sobre a origem do novo coronavírus. No momento em que as autoridades dos EUA estão preocupadas com a propagação rápida do vírus e que as cidades norte-americanas abrandam, preparando-se para a eventualidade de uma quarentena geral, Mike Pompeo falou telefonicamente com o mais alto funcionário do Partido Comunista Chinês, acusando as autoridades da China de desinformação. “O secretário de Estado enfatizou que o momento foi mal escolhido para semear desinformação e rumores absurdos e que está na altura de os países se unirem para combater uma ameaça comum”, disse o Departamento de Estado norte-americano, num comunicado que comentava a conversa telefónica entre os dois políticos. Diplomacia e poesia Washington já tinha convocado o embaixador chinês em Washington para lhe transmitir o desconforto com as insinuações, mas as autoridades dos EUA estão agora também preocupadas com a velocidade de propagação do vírus no seu país. Em declarações à CCTV, Yang Jiechi, diplomata chinês, diz ter avisado pelo telefone Mike Pompeo que qualquer tentativa para manchar os esforços da China na contenção da pandemia “não iria ser bem-sucedida”. Na chamada, que aconteceu na segunda-feira, Yang manifestou a oposição e condenação pelos esforços movidos por políticos norte-americanos para denegrir a China e alertou que ameaças aos interesses chineses vão ser alvo de retaliação. A posição de Pequim teve eco em várias embaixadas chinesas, como no Cazaquistão ou Nigéria, que se juntaram ao coro de críticas a Washington. O diplomata chinês sediado no Cazaquistão usou o Facebook para dar a sua perspectiva contra Washington. “A falta de máscaras, luvas, testes e equipamentos, além do crash da bolsa também foram provocados pela China? Chegou a altura de admitir aquilo que têm escondido dos eleitores e da comunidade internacional, porque há muitas perguntas por responder”, escreveu o diplomata chinês em russo. No meio desta troca de galhardetes, houve um dano colateral que extrapolou a relação entre países. Na passada segunda-feira, o peruano Nobel da literatura, Mario Vargas Llosa, foi alvo de críticas de Pequim que o acusou o de “irresponsabilidade e opiniões preconceituosas”, depois de o escritor ter assinado um artigo no jornal espanhol El Pais e no peruano La Republica. A tese do laureado pela Academia Alfred Nobel teoriza sobre a ligação entre o regime político chinês e a resposta ao surto, especulando se a resposta seria diferente caso a China fosse uma democracia. “Parece que ninguém está a sublinhar que tudo o que se está a passar poderia ser evitado se a China fosse um país livre e democrático, em vez de uma ditadura”, comentou o peruano, citado pelo portal Hong Kong Free Press. As palavras de Llosa foram recebidas com indignação em Pequim, que se expressou através de um comunicado da embaixada no Peru. “Respeitamos a liberdade de expressão, mas não aceitamos qualquer tipo de difamações e estigmatizações arbitrárias”, lê-se no comunicado. Além disso, a representação diplomática realça que Llosa, “enquanto figura pública, não deveria espalhar opiniões irresponsáveis e preconceituosas sem qualquer propósito”.
João Luz China / ÁsiaCodvid-19 | Washington e Pequim trocam acusações sobre origem do surto A troca de hostilidades entre as duas maiores potências económicas passou para o campo da saúde pública e das teorias de conspiração. Um oficial do Governo chinês acusou os Estados Unidos pelo foco de infecções em Wuhan, depois da presença de militares norte-americanos na cidade onde participaram num evento desportivo. Entretanto, Donald Trump voltou a referir-se ao novo coronavírus como o “vírus chinês” [dropcap]E[/dropcap]m tempo de tréguas na guerra comercial, cavam-se trincheiras no twitter e apontam-se culpas quanto à origem do novo coronavírus, com altos responsáveis políticos chineses e norte-americanos a disseminar teorias de conspiração. A escalada de retórica rebentou na conta de Twitter do Presidente norte-americano, que escreveu que “os Estados Unidos iriam apoiar empresas, como companhias aéreas que foram particularmente afectadas pelo vírus chinês”. Sem surpresas, a resposta de Pequim não se fez esperar. A China disse ontem estar “fortemente indignada” depois de Donald Trump referir-se ao Covid-19 como “vírus chinês”, acusando o Presidente norte-americano de criar um “estigma” contra o país. “Estamos fortemente indignados e opomo-nos firmemente a essa expressão”, disse Geng Shuang, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, em conferência de imprensa. “A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a comunidade internacional opõem-se claramente a vincular um vírus a determinado país ou região visando evitar estigmas”, defendeu. O contra-ataque também chegou à conta de Twitter do Global Times, jornal oficial do Governo Central. “Que Presidente! Ao rotular a Covid-19 como o ‘vírus chinês’, Trump tenta esconder o fracasso das medidas de prevenção e controlo impostos pela sua administração contra o surto. Então, passa a culpa para a China, tentando provar que não é responsável pela actual situação que os Estados Unidos vivem”, lê-se na conta do jornal que reflecte a posição de Pequim. Porém, esta não é a primeira vez que de Washington chegam expressões deste género. Membros do Governo norte-americano usaram anteriormente expressões semelhantes, apesar de esta ser a primeira vez que Trump o faz publicamente. Mas este foi apenas um dos mais recentes “tiros” disparados numa batalha de comunicação que politiza o surto. Quem diz o quê Pouco depois das notícias que deram conta do surto em Wuhan, começaram a circular online teorias sinistras sobre a origem do vírus, que foram sendo rebatidas por cientistas. Algumas destas ganharam tracção entre pessoas de poder, muitas com conhecidas posições políticas críticas em relação a Pequim, como Stephen Bannon, um dos homens responsáveis pela campanha que elegeu Donald Trump para a Casa Branca. Há quase um mês o senador republicano do Arkansas, Tom Cotton, disse aos microfones da Fox News que o vírus teria sido criado num laboratório bioquímico de alta segurança em Wuhan para ser usado como arma química. “Não temos provas de que o vírus tenha começado lá, mas tendo em conta a duplicidade e desonestidade da China desde o início do surto temos de, pelo menos, levantar a questão e ver para onde apontam as provas. Até agora, a China não tem facultado factos sobre esta questão”, declarou Cotton. Mais tarde, o senador teve voltar atrás na tese de que o novo coronavírus era, na realidade, uma arma biológica, mas já era tarde demais. O rumor ganhou ressonância na câmara de eco dos média conservadores, com discursos que fizeram lembrar a propaganda anti-soviética da altura da Guerra Fria. Acção vs Reacção A resposta de Pequim não se faz esperar. O contra-ataque surgiu com a tese de que o novo coronavírus havia sido introduzido na cidade de Wuhan, em Outubro passado, pela comitiva das forças armadas norte-americanas aquando da participação numa espécie de olimpíadas militares. Mais uma vez, apesar da falta de provas que sustentem a tese, esta mereceu a bênção do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, nomeadamente com um porta-voz a acusar Washington de não ser transparente sobre o conhecimento que tem em relação à doença. As insinuações ganharam corpo numa série de tweets de Zhao Lijian, porta-voz do ministério, publicados na passada quinta-feira, que desviaram agressivamente qualquer tentativa de argumentar má gestão de Pequim durante as primeiras semanas do surto O chefe da diplomacia norte-americana, Mike Pompeo, acusou ontem a China de “semear informações falsas e rumores absurdos” sobre a origem do novo coronavírus. No momento em que as autoridades dos EUA estão preocupadas com a propagação rápida do vírus e que as cidades norte-americanas abrandam, preparando-se para a eventualidade de uma quarentena geral, Mike Pompeo falou telefonicamente com o mais alto funcionário do Partido Comunista Chinês, acusando as autoridades da China de desinformação. “O secretário de Estado enfatizou que o momento foi mal escolhido para semear desinformação e rumores absurdos e que está na altura de os países se unirem para combater uma ameaça comum”, disse o Departamento de Estado norte-americano, num comunicado que comentava a conversa telefónica entre os dois políticos. Diplomacia e poesia Washington já tinha convocado o embaixador chinês em Washington para lhe transmitir o desconforto com as insinuações, mas as autoridades dos EUA estão agora também preocupadas com a velocidade de propagação do vírus no seu país. Em declarações à CCTV, Yang Jiechi, diplomata chinês, diz ter avisado pelo telefone Mike Pompeo que qualquer tentativa para manchar os esforços da China na contenção da pandemia “não iria ser bem-sucedida”. Na chamada, que aconteceu na segunda-feira, Yang manifestou a oposição e condenação pelos esforços movidos por políticos norte-americanos para denegrir a China e alertou que ameaças aos interesses chineses vão ser alvo de retaliação. A posição de Pequim teve eco em várias embaixadas chinesas, como no Cazaquistão ou Nigéria, que se juntaram ao coro de críticas a Washington. O diplomata chinês sediado no Cazaquistão usou o Facebook para dar a sua perspectiva contra Washington. “A falta de máscaras, luvas, testes e equipamentos, além do crash da bolsa também foram provocados pela China? Chegou a altura de admitir aquilo que têm escondido dos eleitores e da comunidade internacional, porque há muitas perguntas por responder”, escreveu o diplomata chinês em russo. No meio desta troca de galhardetes, houve um dano colateral que extrapolou a relação entre países. Na passada segunda-feira, o peruano Nobel da literatura, Mario Vargas Llosa, foi alvo de críticas de Pequim que o acusou o de “irresponsabilidade e opiniões preconceituosas”, depois de o escritor ter assinado um artigo no jornal espanhol El Pais e no peruano La Republica. A tese do laureado pela Academia Alfred Nobel teoriza sobre a ligação entre o regime político chinês e a resposta ao surto, especulando se a resposta seria diferente caso a China fosse uma democracia. “Parece que ninguém está a sublinhar que tudo o que se está a passar poderia ser evitado se a China fosse um país livre e democrático, em vez de uma ditadura”, comentou o peruano, citado pelo portal Hong Kong Free Press. As palavras de Llosa foram recebidas com indignação em Pequim, que se expressou através de um comunicado da embaixada no Peru. “Respeitamos a liberdade de expressão, mas não aceitamos qualquer tipo de difamações e estigmatizações arbitrárias”, lê-se no comunicado. Além disso, a representação diplomática realça que Llosa, “enquanto figura pública, não deveria espalhar opiniões irresponsáveis e preconceituosas sem qualquer propósito”.
João Luz SociedadeHengqin | Macau vai ter instituto de pesquisa industrial [dropcap]A[/dropcap]o lado do Chimelong International Ocean Resort, em Hengqin, vai nascer mais um estabelecimento de ensino de Macau, desta feita um instituto internacional de investigação académica para a área industrial. De acordo com informação veiculada pelas autoridades municipais de Zhuhai, o projecto insere-se no plano de cooperação entre Macau e Hengqin nas áreas da ciência e inovação tecnológica e na construção da Grande Baía enquanto hub científico internacional. O projecto tem reservado um terreno com 31,26 hectares de área, na Vila de Xiaohengqin em Hengqin, divido em duas parcelas. Grande parte da área reservada, 21,19 hectares, será usada para cultivo, enquanto os restantes 10,07 hectares estão destinados à construção do instituto. A criação deste organismo está em linha com a plano de desenvolvimento da Grande Baía, que define como meta para Macau a aposta em recursos educativos e o estabelecimento de laboratórios de nível nacional. Na ilha de Hengqin estão instaladas várias infra-estruturas de investigação científica, como os laboratórios de medicina tradicional chinesa da Universidade de Macau e da Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau, o Laboratório lunar e planetário de Macau, entre outros.
João Luz SociedadeHengqin | Macau vai ter instituto de pesquisa industrial [dropcap]A[/dropcap]o lado do Chimelong International Ocean Resort, em Hengqin, vai nascer mais um estabelecimento de ensino de Macau, desta feita um instituto internacional de investigação académica para a área industrial. De acordo com informação veiculada pelas autoridades municipais de Zhuhai, o projecto insere-se no plano de cooperação entre Macau e Hengqin nas áreas da ciência e inovação tecnológica e na construção da Grande Baía enquanto hub científico internacional. O projecto tem reservado um terreno com 31,26 hectares de área, na Vila de Xiaohengqin em Hengqin, divido em duas parcelas. Grande parte da área reservada, 21,19 hectares, será usada para cultivo, enquanto os restantes 10,07 hectares estão destinados à construção do instituto. A criação deste organismo está em linha com a plano de desenvolvimento da Grande Baía, que define como meta para Macau a aposta em recursos educativos e o estabelecimento de laboratórios de nível nacional. Na ilha de Hengqin estão instaladas várias infra-estruturas de investigação científica, como os laboratórios de medicina tradicional chinesa da Universidade de Macau e da Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau, o Laboratório lunar e planetário de Macau, entre outros.
João Luz SociedadeHengqin | Macau vai ter instituto de pesquisa industrial [dropcap]A[/dropcap]o lado do Chimelong International Ocean Resort, em Hengqin, vai nascer mais um estabelecimento de ensino de Macau, desta feita um instituto internacional de investigação académica para a área industrial. De acordo com informação veiculada pelas autoridades municipais de Zhuhai, o projecto insere-se no plano de cooperação entre Macau e Hengqin nas áreas da ciência e inovação tecnológica e na construção da Grande Baía enquanto hub científico internacional. O projecto tem reservado um terreno com 31,26 hectares de área, na Vila de Xiaohengqin em Hengqin, divido em duas parcelas. Grande parte da área reservada, 21,19 hectares, será usada para cultivo, enquanto os restantes 10,07 hectares estão destinados à construção do instituto. A criação deste organismo está em linha com a plano de desenvolvimento da Grande Baía, que define como meta para Macau a aposta em recursos educativos e o estabelecimento de laboratórios de nível nacional. Na ilha de Hengqin estão instaladas várias infra-estruturas de investigação científica, como os laboratórios de medicina tradicional chinesa da Universidade de Macau e da Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau, o Laboratório lunar e planetário de Macau, entre outros.
João Luz VozesO Chico Esperto [dropcap]C[/dropcap]omecei a escrever este artigo por impulso na noite de segunda-feira passada, faz hoje uma semana. A relativização e verborreia surreal sobre a pandemia nas redes sociais impulsionou-me a escrever esta carta de amor ao mitra que chama “sócio” a estranhos e ao doutorado em “eu é que sei”. Quando escrevi a primeira parte desta crónica ainda não havia fotos da praia de Carcavelos cheia, ou festa do coronavírus em Aveiro. Mas tenho de dar a mão à palmatória e referir que, desde então, Portugal acordou um pouco do torpor fantástico que por vezes coloca o país noutro planeta, imune à realidade. Assim sendo, este retrato social já chega um pouco tarde, mas ainda existem largas bolsas populacionais destes espécimes que sabem muito mais sobre epidemiologia que a comunidade científica, ou que atravessam uma fase de pouco amor à vida. Mas, aqui vai o retrato social dos dois polos da perigosa relativização do momento histórico que o mundo está a atravessar pelos piores motivos. O Covid-19 trouxe à luz do dia o espectro amplo do chicoespertismo luso, transversal a todas as classes. Vai do mitra do bairro ao indivíduo culto mais bem informado. Para o mitra, a reacção marialva à epidemia faz parte da sua génese, é algo que constitui a sua identidade, antes de desatar a chorar e a clamar pela santa mãezinha que está no céu, agarrado ao crucifixo. Até lá, ladra barbaridades do género: “oh, essa constipação chinoca é para meninos, eheh [escarro no chão]. Eu? Alguma vez? Tá-se mesmo a ver, agora despentear a bigodaça com essas máscaras panascas! Mas eu ando aqui a comer gelados com a testa, não?! Isto é tudo uma cambada de gatunos, é o que é, só querem roubar o Benfica. Um bagacinho e isso vai ao lugar”. É natural que o mitra reaja com ignorância brutamontes, é a única coisa que conhece. Reage ao coronavírus como reage ao orçamento de Estado, que não compreende, ou ao nascimento de um filho, que também lhe escapou às contas. O gajo informado é, naturalmente, mais complexo, mas partilha um factor essencial com o mitra. Nada o ultrapassa no que toca à interpretação da actualidade. Ambos lêem o mundo de formas diferentes, mas interiormente são experts em saúde pública, epidemiologia e todas as categorias do Trivial Pursuit. Ah, e em gajas, claro, não estivéssemos nós nas pastagens do marialva lusitano, essa manifestação quasi-equestre, o mito fantástico entre o Eduardo Prado Coelho e o Zezé Camarinha. Regressando ao gajo informado. Ninguém lhe passa a perna. Ui, era só o que faltava. Então e as coisas que leu e/ou escreveu online, plenas de sentido de humor, acutilância e crua e desapaixonada factualidade? Mesmo que por vezes resvale para asserções parolas pseudo-poéticas, à la Gustavo Santos, do género “o medo é que mata, não o vírus”. Está visto que tudo não passa de alarmismo desenfreado, um golpe nas nossas liberdades, uma gripe um bocado mais chata, uma deriva autoritária, o resultado de vivermos num Estado mamã, etc. O indivíduo informado, de repente, transforma-se no fã nº1 do Glenn Beck, que achava que os FEMA camps do tempo do Obama eram campos de extermínio de rednecks patriotas. A pessoa culta torna-se num ser que não consegue distinguir entre pânico e prevenção, imune a lições importadas de casos de sucesso ou de trágico insucesso. Num ápice, o gajo que leu tudo de Sartre a Eco, passando pelos clássicos, torna-se no mitra que encara a ciência como uma agremiação de marrões que não deixam copiar nos exames e que nunca beijaram uma mulher. De repente, tudo é uma conspiração para sabe-se lá o quê. No meio de tanta desinformação e da cobertura pornográfica das televisões portuguesas, que causaram fatiga de coronavírus, perdem-se muitas oportunidades para se estar calado e não dizer alarvidades. Oportunidades que o chicoespertismo nunca desperdiça. O chicoespertismo tem acalmado nos dias que correm. As chapadas de realidade são pequenos cursos introdutórios à humildade, mesmo que no íntimo sobreviva aquela chama rebelde do cepticismo. Não estou aqui a defender que o poder político é um esteio de pureza, pelo contrário, é uma fossa séptica onde a decência se afoga. Mas não é necessário puxar a ciência para esse lodaçal onde um porco parece um bicho asseado. Para já, gostaria que a prudência e o bom-senso fossem a nota dominante do futuro próximo do meu país. Para o bem de todos, inclusive dos “chicos espertos”.
João Luz Manchete SociedadeCovid-19 | Primeira infecção importada de Portugal depois de 40 dias sem novos casos Ao fim de quase um mês e meio sem ocorrências da Covid-19, Macau regista desde ontem um novo caso. A paciente infectada é uma sul-coreana de 26 anos e viajou para Macau na noite de sexta-feira para sábado, vinda do Porto, onde esteve com o namorado português a visitar familiares. Durante o dia, após manifestar sintomas de tosse, dirigiu-se ao S. Januário onde foi diagnosticada com o novo coronavírus No dia 15 de Março, o distrito do Porto atingiu 103 casos confirmados de Covid-19 [dropcap]M[/dropcap]acau voltou a registar um caso do novo coronavírus depois de 40 dias sem novas infecções, confirmado ontem à noite pelo Centro de Coordenação e Contingência do Novo Tipo de Coronavírus. A infectada é uma sul-coreana, diagnosticada ontem à noite, que chegou a Macau na passada sexta-feira, oriunda do Porto. De acordo com as autoridades, a doente, com 26 anos de idade, é uma trabalhadora não residente, que saiu de Macau no passado dia 30 de Janeiro e acompanhou o namorado português que esteve no Porto para visitar familiares. O casal chegou a Hong Kong na Sexta-feira num voo proveniente do Aeroporto Francisco Sá Carneiro, que fez escala no Dubai. Por volta das 00h30 de sábado, chegaram a Macau através da Ponte HKZM e logo nesse dia a doente começou a manifestar sintomas de tosse ligeira. Nessa tarde, os sintomas evoluíram para um estado febril, razão pela qual se dirigiu ao Centro Hospitalar Conde de São Januário. Após o teste de ácido nucleico foi diagnosticada com infecção pelo novo coronavírus e foi encaminhada para a enfermaria de isolamento do hospital. Actualmente, a situação clínica da paciente é normal, de acordo com as autoridades. O namorado de nacionalidade portuguesa é classificado como caso de contacto próximo e os Serviços de Saúde estão a investigar outras pessoas com contacto. Portugal registou 76 novos casos no dia de hoje A doente viajou no voo EK380 no lugar 31J, da Emirates, que fez escala no Dubai. As autoridades apelam aos passageiros que vieram no mesmo voo para contactarem o Centro de Coordenação para acompanhamento da pandemia causada pelo Covid-19, que já vez 6.456 vítimas em todo o mundo, para um total de 167.676 casos. Portugal registou hoje o recorde diário de 76 novos casos, fixando o número em 245 casos confirmados, para 2271 suspeitos, um aumento de 567 em relação ao dia de ontem. • Os números do COVID-19 em Portugal
João Luz Manchete SociedadeCovid-19 | Primeira infecção importada de Portugal depois de 40 dias sem novos casos Ao fim de quase um mês e meio sem ocorrências da Covid-19, Macau regista desde ontem um novo caso. A paciente infectada é uma sul-coreana de 26 anos e viajou para Macau na noite de sexta-feira para sábado, vinda do Porto, onde esteve com o namorado português a visitar familiares. Durante o dia, após manifestar sintomas de tosse, dirigiu-se ao S. Januário onde foi diagnosticada com o novo coronavírus No dia 15 de Março, o distrito do Porto atingiu 103 casos confirmados de Covid-19 [dropcap]M[/dropcap]acau voltou a registar um caso do novo coronavírus depois de 40 dias sem novas infecções, confirmado ontem à noite pelo Centro de Coordenação e Contingência do Novo Tipo de Coronavírus. A infectada é uma sul-coreana, diagnosticada ontem à noite, que chegou a Macau na passada sexta-feira, oriunda do Porto. De acordo com as autoridades, a doente, com 26 anos de idade, é uma trabalhadora não residente, que saiu de Macau no passado dia 30 de Janeiro e acompanhou o namorado português que esteve no Porto para visitar familiares. O casal chegou a Hong Kong na Sexta-feira num voo proveniente do Aeroporto Francisco Sá Carneiro, que fez escala no Dubai. Por volta das 00h30 de sábado, chegaram a Macau através da Ponte HKZM e logo nesse dia a doente começou a manifestar sintomas de tosse ligeira. Nessa tarde, os sintomas evoluíram para um estado febril, razão pela qual se dirigiu ao Centro Hospitalar Conde de São Januário. Após o teste de ácido nucleico foi diagnosticada com infecção pelo novo coronavírus e foi encaminhada para a enfermaria de isolamento do hospital. Actualmente, a situação clínica da paciente é normal, de acordo com as autoridades. O namorado de nacionalidade portuguesa é classificado como caso de contacto próximo e os Serviços de Saúde estão a investigar outras pessoas com contacto. Portugal registou 76 novos casos no dia de hoje A doente viajou no voo EK380 no lugar 31J, da Emirates, que fez escala no Dubai. As autoridades apelam aos passageiros que vieram no mesmo voo para contactarem o Centro de Coordenação para acompanhamento da pandemia causada pelo Covid-19, que já vez 6.456 vítimas em todo o mundo, para um total de 167.676 casos. Portugal registou hoje o recorde diário de 76 novos casos, fixando o número em 245 casos confirmados, para 2271 suspeitos, um aumento de 567 em relação ao dia de ontem. • Os números do COVID-19 em Portugal
João Luz Manchete SociedadeCovid-19 | Residentes de Macau enviam máscaras para Portugal No início da crise epidémica, as máscaras eram enviadas da Europa para a Ásia, mas com o aumento do número de casos da Covid-19 são vários os residentes que estão a mandar máscaras para Portugal para amigos e familiares. Temem a falta deste tipo de equipamento que, aos poucos, começa a ser usado nas ruas, mas cujo uso não é ainda obrigatório [dropcap]C[/dropcap]om cada vez mais casos de Covid-19 na Europa, muitos residentes de Macau revelam-se preocupados com a falta de material de protecção em Portugal, numa altura em que, com 245 casos de infecção confirmados, continua a não ser obrigatório o uso de máscara. Neste sentido, são várias as pessoas que, de Macau, têm vindo a adquirir máscaras nas farmácias ou em plataformas de comércio online, como o Taobao, e as têm enviado para Portugal, para amigos e familiares. Rita Gonçalves, professora de yoga, enviou cinco pacotes de máscaras, em que cada um contém 50 máscaras simples, incluindo protecção para crianças. “Fartei-me de ver pessoas a dizer que não conseguiam arranjar máscaras e, em vez de ficar preocupada e frustrada, resolvi passar à acção. Se toda a gente enviar ajuda é mais fácil evitar tanta contaminação”, disse. A residente de Macau defende que as autoridades portuguesas não estão a ser tão rápidas a reagir na prevenção do surto como as autoridades de Macau. “Lá continuam a papaguear aos profissionais de saúde que a máscara é só para quem apresenta sintomas. Tenho dois primos que são enfermeiros e esse foi um factor decisivo, porque posso ajudar quem está mesmo perto de quem já está contaminado”, disse ao HM. Catarina Baptista, que trabalha como bibliotecária, também tem vindo a ouvir relatos directos de profissionais de saúde portugueses, um alerta que a fez agir. “Há um receio que faltem materiais e eles notam mesmo que os outros profissionais de saúde não estão muito atentos ou têm comportamentos de risco.” Cada residente tem direito a levantar 10 máscaras para 10 dias providenciadas pelos Serviços de Saúde de Macau (SSM), mediante a apresentação do Bilhete de Identidade de Residente (BIR). No entanto, fora desta remessa há outras máscaras, provenientes de outros locais, que podem ser adquiridas. Catarina Baptista diz já ter visto máscaras coreanas ou mesmo portuguesas. “Vou mandar máscaras para Portugal por duas razões. Tenho familiares que estão em grupos de risco, como idosos ou doentes cardiovasculares e diabetes. E vejo que em Portugal ninguém está a levar esta situação a sério, além de que as recomendações não são as mais adequadas”, frisou. Ajudas mútuas Nas redes sociais, há relatos de filas para o envio de remessas para Portugal, bem como de pessoas que enviaram centenas de máscaras. No caso de Tatiana Rocha, vai voltar a enviar máscaras que já tinha adquirido em Portugal, quando o surto da Covid-19 chegou à China. “Comprei máscaras em Portugal e trouxe-as para cá para nós usarmos e para darmos a amigos, mas agora vou enviar de volta”, contou ao HM. “Sinto que em Macau não nos falta ajuda nessa questão, portanto não precisamos de ter tantas em casa. Vou enviar apenas para prevenção da minha família, amigos e pessoas que precisarem. Se tiverem de se deslocar a algum local com multidões ou se tiverem de ir a um centro de saúde, acho que faz sentido estarem protegidos.” Se no início a comunidade chinesa em Portugal enviou centenas de máscaras para a China, constituindo a principal clientela das farmácias na compra deste tipo de produto, a situação agora inverteu-se. Tendo cumprido quarentenas voluntárias aquando do regresso da China, por altura do Ano Novo Chinês, são agora estas pessoas que encomendam máscaras para ajudar os portugueses. É o caso da Associação Portuguesa dos Amigos da Cultura Chinesa, que está a promover uma encomenda colectiva de máscaras. A professora Wang Suoying está a promover esta iniciativa junto de sócios e pessoas próximas da associação, sendo que cada caixa, com 50 máscaras, custa cerca de 150 renmimbis. De frisar que, até à data, não há qualquer cidadão chinês a residir em Portugal infectado com o novo coronavírus. Falta de material No sábado, a ministra portuguesa com a pasta da Saúde, Marta Temido, referiu que vão ser adquiridas um milhão de máscaras destinadas aos profissionais de saúde, tendo admitido que existem nos hospitais poucas quantidades de máscaras de protecção. “O equipamento de protecção individual (máscaras) tem de ser gerido muito criteriosamente, mas temos a preocupação de que os profissionais não se sintam desprotegidos para trabalhar”, sublinhou a governante. Marta Temido expressou a intenção de generalizar o uso de máscaras cirúrgicas junto dos profissionais de saúde e anunciou um reforço de mais um milhão, que terá sido entregue nos últimos dois dias. “Aquilo que nos temos apercebido é que algumas instituições partiram para este surto com stocks relativamente baixos e, portanto, isso representou uma dificuldade adicional”, apontou. Entretanto, farmácias de Espinho, cidade no norte do país, uma das zonas mais afectadas pela Covid-19, têm de reservar 10 por cento de máscaras e afins para Protecção Civil, uma medida com efeito até 9 de Abril. A reserva nas farmácias e outros fornecedores aplica-se a “máscaras cirúrgicas, máscaras FFP2 [contra aerossóis sólidos e/ou líquidos identificados como perigosos ou irritantes], óculos de protecção e batas impermeáveis”, destinando-se a “uso exclusivo dos agentes de protecção civil”. Estudante chinesa de Macau deixou de utilizar máscara por ninguém usar Chegou ao Porto quando Wuhan entrou no léxico mundial pelas piores razões. Assistiu à distância ao encerramento de Macau durante o combate à propagação do novo coronavírus e sentiu na pele a aflição de ver os números de infectados subirem em Portugal. Peggy Chan, uma jovem residente de Macau, mudou-se para o Porto em Fevereiro para estudar ao abrigo de um programa de intercâmbio entre dois estabelecimentos de ensino superior da RAEM e da cidade invicta. Quando aterrou no Porto, Peggy levava na bagagem máscaras cirúrgicas, objecto indispensável na Ásia, mas que é raro em Portugal. Antes de o surto do novo coronavírus começar a afectar severamente a Europa, a estudante foi a uma farmácia tentar reforçar o stock, tentativa que viria a ser frustrada. Não precisou esperar muito até receber uma recarga enviada pelo namorado. Cedo se apercebeu que era das poucas pessoas que tinham máscaras para usar. “Quando o surto chegou ao Porto, reparei que ninguém usava máscara, o que me fez sentir mal por usar”, contou ao HM a estudante. Peggy Chan não queria dar nas vistas, ou motivar reacções xenófobas, fenómeno que se espalhou pelo mundo fora em reacção à origem do novo coronavírus e que não lhe passou despercebido. Além disso, a situação não lhe parecia assustadora ao ponto de furar a convenção social. “Não havia muitos casos em Portugal, e os que havia não eram na minha zona”, recorda. Regresso marcado Quando o número de infectados começou a subir, Peggy decidiu que o melhor seria evitar saídas da residência universitária. Desde então, a estudante teve sempre presente a ideia de regressar a Macau. Hoje faz parte de um grupo de largo de estudantes que pediram ajuda ao Gabinete de Gestão de Crises do Turismo e já tem viagem de regresso marcada para quarta-feira. Após o anúncio das medidas de contenção aplicadas em Hong Kong e Macau, encontrar voos tornou-se numa tarefa hercúlea. Até chegar ao aeroporto de Hong Kong, a estudante residente de Macau terá de fazer duas escalas (Zurique e Singapura). Quando chegar à RAEM irá cumprir os 14 dias de quarentena em Coloane, abdicando da hipótese de o fazer em casa.
João Luz Manchete SociedadeCovid-19 | Residentes de Macau enviam máscaras para Portugal No início da crise epidémica, as máscaras eram enviadas da Europa para a Ásia, mas com o aumento do número de casos da Covid-19 são vários os residentes que estão a mandar máscaras para Portugal para amigos e familiares. Temem a falta deste tipo de equipamento que, aos poucos, começa a ser usado nas ruas, mas cujo uso não é ainda obrigatório [dropcap]C[/dropcap]om cada vez mais casos de Covid-19 na Europa, muitos residentes de Macau revelam-se preocupados com a falta de material de protecção em Portugal, numa altura em que, com 245 casos de infecção confirmados, continua a não ser obrigatório o uso de máscara. Neste sentido, são várias as pessoas que, de Macau, têm vindo a adquirir máscaras nas farmácias ou em plataformas de comércio online, como o Taobao, e as têm enviado para Portugal, para amigos e familiares. Rita Gonçalves, professora de yoga, enviou cinco pacotes de máscaras, em que cada um contém 50 máscaras simples, incluindo protecção para crianças. “Fartei-me de ver pessoas a dizer que não conseguiam arranjar máscaras e, em vez de ficar preocupada e frustrada, resolvi passar à acção. Se toda a gente enviar ajuda é mais fácil evitar tanta contaminação”, disse. A residente de Macau defende que as autoridades portuguesas não estão a ser tão rápidas a reagir na prevenção do surto como as autoridades de Macau. “Lá continuam a papaguear aos profissionais de saúde que a máscara é só para quem apresenta sintomas. Tenho dois primos que são enfermeiros e esse foi um factor decisivo, porque posso ajudar quem está mesmo perto de quem já está contaminado”, disse ao HM. Catarina Baptista, que trabalha como bibliotecária, também tem vindo a ouvir relatos directos de profissionais de saúde portugueses, um alerta que a fez agir. “Há um receio que faltem materiais e eles notam mesmo que os outros profissionais de saúde não estão muito atentos ou têm comportamentos de risco.” Cada residente tem direito a levantar 10 máscaras para 10 dias providenciadas pelos Serviços de Saúde de Macau (SSM), mediante a apresentação do Bilhete de Identidade de Residente (BIR). No entanto, fora desta remessa há outras máscaras, provenientes de outros locais, que podem ser adquiridas. Catarina Baptista diz já ter visto máscaras coreanas ou mesmo portuguesas. “Vou mandar máscaras para Portugal por duas razões. Tenho familiares que estão em grupos de risco, como idosos ou doentes cardiovasculares e diabetes. E vejo que em Portugal ninguém está a levar esta situação a sério, além de que as recomendações não são as mais adequadas”, frisou. Ajudas mútuas Nas redes sociais, há relatos de filas para o envio de remessas para Portugal, bem como de pessoas que enviaram centenas de máscaras. No caso de Tatiana Rocha, vai voltar a enviar máscaras que já tinha adquirido em Portugal, quando o surto da Covid-19 chegou à China. “Comprei máscaras em Portugal e trouxe-as para cá para nós usarmos e para darmos a amigos, mas agora vou enviar de volta”, contou ao HM. “Sinto que em Macau não nos falta ajuda nessa questão, portanto não precisamos de ter tantas em casa. Vou enviar apenas para prevenção da minha família, amigos e pessoas que precisarem. Se tiverem de se deslocar a algum local com multidões ou se tiverem de ir a um centro de saúde, acho que faz sentido estarem protegidos.” Se no início a comunidade chinesa em Portugal enviou centenas de máscaras para a China, constituindo a principal clientela das farmácias na compra deste tipo de produto, a situação agora inverteu-se. Tendo cumprido quarentenas voluntárias aquando do regresso da China, por altura do Ano Novo Chinês, são agora estas pessoas que encomendam máscaras para ajudar os portugueses. É o caso da Associação Portuguesa dos Amigos da Cultura Chinesa, que está a promover uma encomenda colectiva de máscaras. A professora Wang Suoying está a promover esta iniciativa junto de sócios e pessoas próximas da associação, sendo que cada caixa, com 50 máscaras, custa cerca de 150 renmimbis. De frisar que, até à data, não há qualquer cidadão chinês a residir em Portugal infectado com o novo coronavírus. Falta de material No sábado, a ministra portuguesa com a pasta da Saúde, Marta Temido, referiu que vão ser adquiridas um milhão de máscaras destinadas aos profissionais de saúde, tendo admitido que existem nos hospitais poucas quantidades de máscaras de protecção. “O equipamento de protecção individual (máscaras) tem de ser gerido muito criteriosamente, mas temos a preocupação de que os profissionais não se sintam desprotegidos para trabalhar”, sublinhou a governante. Marta Temido expressou a intenção de generalizar o uso de máscaras cirúrgicas junto dos profissionais de saúde e anunciou um reforço de mais um milhão, que terá sido entregue nos últimos dois dias. “Aquilo que nos temos apercebido é que algumas instituições partiram para este surto com stocks relativamente baixos e, portanto, isso representou uma dificuldade adicional”, apontou. Entretanto, farmácias de Espinho, cidade no norte do país, uma das zonas mais afectadas pela Covid-19, têm de reservar 10 por cento de máscaras e afins para Protecção Civil, uma medida com efeito até 9 de Abril. A reserva nas farmácias e outros fornecedores aplica-se a “máscaras cirúrgicas, máscaras FFP2 [contra aerossóis sólidos e/ou líquidos identificados como perigosos ou irritantes], óculos de protecção e batas impermeáveis”, destinando-se a “uso exclusivo dos agentes de protecção civil”. Estudante chinesa de Macau deixou de utilizar máscara por ninguém usar Chegou ao Porto quando Wuhan entrou no léxico mundial pelas piores razões. Assistiu à distância ao encerramento de Macau durante o combate à propagação do novo coronavírus e sentiu na pele a aflição de ver os números de infectados subirem em Portugal. Peggy Chan, uma jovem residente de Macau, mudou-se para o Porto em Fevereiro para estudar ao abrigo de um programa de intercâmbio entre dois estabelecimentos de ensino superior da RAEM e da cidade invicta. Quando aterrou no Porto, Peggy levava na bagagem máscaras cirúrgicas, objecto indispensável na Ásia, mas que é raro em Portugal. Antes de o surto do novo coronavírus começar a afectar severamente a Europa, a estudante foi a uma farmácia tentar reforçar o stock, tentativa que viria a ser frustrada. Não precisou esperar muito até receber uma recarga enviada pelo namorado. Cedo se apercebeu que era das poucas pessoas que tinham máscaras para usar. “Quando o surto chegou ao Porto, reparei que ninguém usava máscara, o que me fez sentir mal por usar”, contou ao HM a estudante. Peggy Chan não queria dar nas vistas, ou motivar reacções xenófobas, fenómeno que se espalhou pelo mundo fora em reacção à origem do novo coronavírus e que não lhe passou despercebido. Além disso, a situação não lhe parecia assustadora ao ponto de furar a convenção social. “Não havia muitos casos em Portugal, e os que havia não eram na minha zona”, recorda. Regresso marcado Quando o número de infectados começou a subir, Peggy decidiu que o melhor seria evitar saídas da residência universitária. Desde então, a estudante teve sempre presente a ideia de regressar a Macau. Hoje faz parte de um grupo de largo de estudantes que pediram ajuda ao Gabinete de Gestão de Crises do Turismo e já tem viagem de regresso marcada para quarta-feira. Após o anúncio das medidas de contenção aplicadas em Hong Kong e Macau, encontrar voos tornou-se numa tarefa hercúlea. Até chegar ao aeroporto de Hong Kong, a estudante residente de Macau terá de fazer duas escalas (Zurique e Singapura). Quando chegar à RAEM irá cumprir os 14 dias de quarentena em Coloane, abdicando da hipótese de o fazer em casa.
João Luz SociedadePME | Governo não afasta apoios a fundo perdido, mas também não avança [dropcap]“T[/dropcap]emos de ter em conta a situação económica e financeira de Macau para ponderar diferentes medidas. Creio que qualquer medida ou apoio, se o Governo da RAEM tem a possibilidade de implementar, vamos ponderar fazê-lo.” Foi assim que André Cheong respondeu quando confrontado com o pedido peticionado ao Chefe do Executivo por vários empresários de pequenas e médias empresas (PME) em relação a apoios pecuniários a fundo perdido. Para já, não parece ser carta no baralho de incentivos à economia local, debilitada pelo surto do novo coronavírus. O Conselho Executivo apresentou ontem o projecto para a abertura de uma linha de empréstimo com juros bonificados para as PME. “As pequenas e médias empresas estão a enfrentar grandes dificuldades” por causa do surto do novo coronavírus, disse em conferência de imprensa o secretário para a Administração e Justiça e porta-voz do Conselho Executivo. Como tal, foi activado um total de 10 mil milhões de patacas sendo que “o limite máximo do montante do crédito cuja concessão de bonificação de juros é autorizada a cada pequena e média empresa é de dois milhões de patacas”. “O projecto prevê que as PME de Macau qualificadas, quando tiverem obtido um financiamento concedido no prazo fixado pelo banco para dar resposta à infecção por novo tipo coronavírus, possam requerer ao Fundo de Desenvolvimento Industrial e Comercialização a bonificação de juros”, explicou. “O prazo máximo de bonificação é de três anos e o limite máximo da taxa anual de bonificação é de 4 por cento”, disse André Cheong. O projecto entra em vigor na próxima semana e tem um prazo de candidatura de seis meses. As autorizações da concessão de crédito devem ser emitidas entre “1 de Fevereiro de 2020 e a data do termo do prazo de candidatura”.
João Luz SociedadePME | Governo não afasta apoios a fundo perdido, mas também não avança [dropcap]“T[/dropcap]emos de ter em conta a situação económica e financeira de Macau para ponderar diferentes medidas. Creio que qualquer medida ou apoio, se o Governo da RAEM tem a possibilidade de implementar, vamos ponderar fazê-lo.” Foi assim que André Cheong respondeu quando confrontado com o pedido peticionado ao Chefe do Executivo por vários empresários de pequenas e médias empresas (PME) em relação a apoios pecuniários a fundo perdido. Para já, não parece ser carta no baralho de incentivos à economia local, debilitada pelo surto do novo coronavírus. O Conselho Executivo apresentou ontem o projecto para a abertura de uma linha de empréstimo com juros bonificados para as PME. “As pequenas e médias empresas estão a enfrentar grandes dificuldades” por causa do surto do novo coronavírus, disse em conferência de imprensa o secretário para a Administração e Justiça e porta-voz do Conselho Executivo. Como tal, foi activado um total de 10 mil milhões de patacas sendo que “o limite máximo do montante do crédito cuja concessão de bonificação de juros é autorizada a cada pequena e média empresa é de dois milhões de patacas”. “O projecto prevê que as PME de Macau qualificadas, quando tiverem obtido um financiamento concedido no prazo fixado pelo banco para dar resposta à infecção por novo tipo coronavírus, possam requerer ao Fundo de Desenvolvimento Industrial e Comercialização a bonificação de juros”, explicou. “O prazo máximo de bonificação é de três anos e o limite máximo da taxa anual de bonificação é de 4 por cento”, disse André Cheong. O projecto entra em vigor na próxima semana e tem um prazo de candidatura de seis meses. As autorizações da concessão de crédito devem ser emitidas entre “1 de Fevereiro de 2020 e a data do termo do prazo de candidatura”.
João Luz Manchete PolíticaCovid-19 | Vales de consumo podem ser utilizados a partir de 1 de Maio Estão aí os contornos concretos do apoio ao consumo. A partir de 1 de Maio, os residentes podem começar a comprar produtos usando o cartão electrónico. Os cartões são da responsabilidade da MacauPass, que, segundo André Cheong, não receberá qualquer contrapartida [dropcap]E[/dropcap]m tempo de mitigar os efeitos económicos provocados pela paralisação a que o surto de Covid-19 votou Macau, o Conselho Executivo apresentou ontem os detalhes da proposta sobre os cartões electrónicos de apoio ao consumo. A medida mata dois coelhos de uma cajadada só, ajuda as famílias e promove o comércio. O plano foi descrito por André Cheong, para a Administração e Justiça e porta-voz do Conselho Executivo. A partir de 1 de Maio, os residentes podem começar a usar os cartões emitidos pela MacauPass, carregados com 3 mil patacas, e com um uso diário que não pode ultrapassar as 300 patacas por dia. Esta medida representa um investimento do Executivo de 2,2 mil milhões de patacas, informação que já havia sido prestada pelo próprio secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong. O Governo estabeleceu que não haverá emissão de segunda via, o cartão não pode ser trocado em dinheiro, apenas podendo ser utilizado para aquisição de produtos ou serviços. Também foram definidos limites ao seu uso, ou seja, estando de fora pagar as despesas com água, electricidade, gás natural, combustíveis, serviços de telecomunicações e serviços de radiodifusão televisiva e sonora, serviços de transporte transfronteiriço, serviços turísticos no exterior e serviços médicos”. Importa recordar que o Executivo vai financiar os custos com água e electricidade durante três meses. O território “está a sofrer um grande impacto decorrente da infecção por novo tipo de coronavírus” devido a uma grande redução do número de visitantes, mas também devido à diminuição do consumo por parte dos residentes, “o que faz com que as actividades de comércio e retalho e a restauração tenham sido gravemente prejudicadas”, contextualizou o membro do Executivo. O apoio ao consumo também não engloba gastos em casinos, casas de penhores, bancos, sociedades seguradoras e outras instituições financeiras. Mas, primeiro, é preciso requer o apoio. “Os residentes precisam fazer inscrição online e dar dados de identificação. Feita a inscrição, o titular deve levantar o cartão” mediante a apresentação do BIR, explicou André Cheong. Se o residente tentar levantar um cartão extra, terá de apresentar o outro BIR da pessoa que representa, além do seu. De acordo com o despacho do Chefe do Executivo, que será publicado em Boletim Oficial na próxima segunda-feira, o período de inscrição vai de 18 de Março, quarta-feira, a 8 de Abril. Os cartões podem ser levantados entre 14 e 30 de Abril e utilizados de 1 de Maio a 31 de Julho. Sem contrapartida Findo o prazo de utilização, os cartões de apoio ao consumo passam a ser um normal MacauPass, ou seja, o carregamento estará a cargo do residente. Para já, não está prevista nova ronda de apoios ao consumo, mas as medidas de incentivo à economia e de auxílio aos residentes vão ser avaliadas depois do período de utilização. À semelhança dos tradicionais MacauPass, os cartões não vão ter a identificação do residente. “O cartão não é nominativo porque tivemos de considerar muitos factores. Não vem o nome de André Cheong Weng Chon no meu cartão”, exemplificou o secretário e porta-voz do Conselho Executivo. Questionado se com esta medida a empresa que produz os cartões seria recompensada, André Cheong afastou essa hipótese. “É uma cooperação com o Governo. Quanto à emissão dos cartões, eles não pediram qualquer contrapartida e não vão lucrar com isto”, esclareceu o membro do Executivo. Em relação às pequenas lojas que não estão apetrechadas com terminais de MacauPass, a empresa fez sessões de apresentação aos comerciantes, que são cerca de 20 por cento do sector, e explicou a forma como se proceder à instalação e utilização. Além disso, a MacauPass também reuniu com associações comerciais, “em conjunto com os colegas da Autoridade Monetária de Macau e da Direcção dos Serviços de Economia”, e comprometeu-se a “estar em contacto próximo com as lojas e empresários e fazer sessões de explicação com informações detalhadas junto dos comerciantes”. Para já, o tempo joga a favor da implementação da medida, como o porta-voz do Conselho Executivo ressalvou. “Ainda temos um período para trabalhos preparativos, porque o cartão só poderá ser utilizado a partir de Maio”, referiu, acrescentando que o que “o Executivo quer é aliviar a pressão sentida pela população e também ajudar as PME”.
João Luz Manchete PolíticaCovid-19 | Vales de consumo podem ser utilizados a partir de 1 de Maio Estão aí os contornos concretos do apoio ao consumo. A partir de 1 de Maio, os residentes podem começar a comprar produtos usando o cartão electrónico. Os cartões são da responsabilidade da MacauPass, que, segundo André Cheong, não receberá qualquer contrapartida [dropcap]E[/dropcap]m tempo de mitigar os efeitos económicos provocados pela paralisação a que o surto de Covid-19 votou Macau, o Conselho Executivo apresentou ontem os detalhes da proposta sobre os cartões electrónicos de apoio ao consumo. A medida mata dois coelhos de uma cajadada só, ajuda as famílias e promove o comércio. O plano foi descrito por André Cheong, para a Administração e Justiça e porta-voz do Conselho Executivo. A partir de 1 de Maio, os residentes podem começar a usar os cartões emitidos pela MacauPass, carregados com 3 mil patacas, e com um uso diário que não pode ultrapassar as 300 patacas por dia. Esta medida representa um investimento do Executivo de 2,2 mil milhões de patacas, informação que já havia sido prestada pelo próprio secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong. O Governo estabeleceu que não haverá emissão de segunda via, o cartão não pode ser trocado em dinheiro, apenas podendo ser utilizado para aquisição de produtos ou serviços. Também foram definidos limites ao seu uso, ou seja, estando de fora pagar as despesas com água, electricidade, gás natural, combustíveis, serviços de telecomunicações e serviços de radiodifusão televisiva e sonora, serviços de transporte transfronteiriço, serviços turísticos no exterior e serviços médicos”. Importa recordar que o Executivo vai financiar os custos com água e electricidade durante três meses. O território “está a sofrer um grande impacto decorrente da infecção por novo tipo de coronavírus” devido a uma grande redução do número de visitantes, mas também devido à diminuição do consumo por parte dos residentes, “o que faz com que as actividades de comércio e retalho e a restauração tenham sido gravemente prejudicadas”, contextualizou o membro do Executivo. O apoio ao consumo também não engloba gastos em casinos, casas de penhores, bancos, sociedades seguradoras e outras instituições financeiras. Mas, primeiro, é preciso requer o apoio. “Os residentes precisam fazer inscrição online e dar dados de identificação. Feita a inscrição, o titular deve levantar o cartão” mediante a apresentação do BIR, explicou André Cheong. Se o residente tentar levantar um cartão extra, terá de apresentar o outro BIR da pessoa que representa, além do seu. De acordo com o despacho do Chefe do Executivo, que será publicado em Boletim Oficial na próxima segunda-feira, o período de inscrição vai de 18 de Março, quarta-feira, a 8 de Abril. Os cartões podem ser levantados entre 14 e 30 de Abril e utilizados de 1 de Maio a 31 de Julho. Sem contrapartida Findo o prazo de utilização, os cartões de apoio ao consumo passam a ser um normal MacauPass, ou seja, o carregamento estará a cargo do residente. Para já, não está prevista nova ronda de apoios ao consumo, mas as medidas de incentivo à economia e de auxílio aos residentes vão ser avaliadas depois do período de utilização. À semelhança dos tradicionais MacauPass, os cartões não vão ter a identificação do residente. “O cartão não é nominativo porque tivemos de considerar muitos factores. Não vem o nome de André Cheong Weng Chon no meu cartão”, exemplificou o secretário e porta-voz do Conselho Executivo. Questionado se com esta medida a empresa que produz os cartões seria recompensada, André Cheong afastou essa hipótese. “É uma cooperação com o Governo. Quanto à emissão dos cartões, eles não pediram qualquer contrapartida e não vão lucrar com isto”, esclareceu o membro do Executivo. Em relação às pequenas lojas que não estão apetrechadas com terminais de MacauPass, a empresa fez sessões de apresentação aos comerciantes, que são cerca de 20 por cento do sector, e explicou a forma como se proceder à instalação e utilização. Além disso, a MacauPass também reuniu com associações comerciais, “em conjunto com os colegas da Autoridade Monetária de Macau e da Direcção dos Serviços de Economia”, e comprometeu-se a “estar em contacto próximo com as lojas e empresários e fazer sessões de explicação com informações detalhadas junto dos comerciantes”. Para já, o tempo joga a favor da implementação da medida, como o porta-voz do Conselho Executivo ressalvou. “Ainda temos um período para trabalhos preparativos, porque o cartão só poderá ser utilizado a partir de Maio”, referiu, acrescentando que o que “o Executivo quer é aliviar a pressão sentida pela população e também ajudar as PME”.
João Luz PolíticaBIR | Governo lembra Mak Soi Kun que nem todos os residentes são chineses [dropcap]M[/dropcap]ak Soi Kun interpelou o Governo com a intenção de introduzir nos BIR uma referência à República Popular da China (RPC), para reforçar “a consciência dos cidadãos sobre a sua identidade como chineses”, algo que ajudaria a evitar os problemas vividos em Hong Kong. A Direcção dos Serviços de Identificação (DSI) recusou a proposta, recordando ao deputado mais votado nas últimas legislativas que entre os cidadãos de Macau, “para além de indivíduos de nacionalidade chinesa”, contam-se quem preenche os requisitos para obtenção de BIR, que podem ter ascendência ou nacionalidade portuguesa, e outras nacionalidades. Assim sendo, não faz sentido reforçar a consciência quanto à identidade chinesa, ou reforço do sentido patriótico. Além disso, no BIR já a indicação de “Região Administrativa Especial da República Popular da China”, algo que também se pode ver na imagem ultravioleta. A DSI aponta ainda que o BIR é um documento para uso de uma região e “não é um documento para uso no estrangeiro”, algo semelhante a um salvo-conduto, que também não tem qualquer referência à RPC. Outro dos argumentos que contraria a vontade de Mak Soi Kun prende-se com a falta de espaço, uma vez que o BIR tem inúmeros elementos em português e chinês. Por último, a DSI “irá realizar, na exploração da próxima geração do BIR, estudos para destacar elementos nacionais no design do BIR”.
João Luz PolíticaBIR | Governo lembra Mak Soi Kun que nem todos os residentes são chineses [dropcap]M[/dropcap]ak Soi Kun interpelou o Governo com a intenção de introduzir nos BIR uma referência à República Popular da China (RPC), para reforçar “a consciência dos cidadãos sobre a sua identidade como chineses”, algo que ajudaria a evitar os problemas vividos em Hong Kong. A Direcção dos Serviços de Identificação (DSI) recusou a proposta, recordando ao deputado mais votado nas últimas legislativas que entre os cidadãos de Macau, “para além de indivíduos de nacionalidade chinesa”, contam-se quem preenche os requisitos para obtenção de BIR, que podem ter ascendência ou nacionalidade portuguesa, e outras nacionalidades. Assim sendo, não faz sentido reforçar a consciência quanto à identidade chinesa, ou reforço do sentido patriótico. Além disso, no BIR já a indicação de “Região Administrativa Especial da República Popular da China”, algo que também se pode ver na imagem ultravioleta. A DSI aponta ainda que o BIR é um documento para uso de uma região e “não é um documento para uso no estrangeiro”, algo semelhante a um salvo-conduto, que também não tem qualquer referência à RPC. Outro dos argumentos que contraria a vontade de Mak Soi Kun prende-se com a falta de espaço, uma vez que o BIR tem inúmeros elementos em português e chinês. Por último, a DSI “irá realizar, na exploração da próxima geração do BIR, estudos para destacar elementos nacionais no design do BIR”.
João Luz VozesO medo [dropcap]O[/dropcap] jornalismo é uma actividade feita de imprevistos. Mas por cá, existe uma dificuldade extra ao trabalho dos jornalistas: o terror absoluto ao poder do patrão, a subserviência canina e o pavor de armar ondas, de ser aquele gajo que se mete em bicos de pés. Mas nem é um caso desses que me leva a escrever estas linhas. O mundo atravessa uma crise que carece de clareza, de informação especializada, que também é serviço público. Quando um especialista, ou técnico, usa as redes sociais para transmitir a sua sapiência e iluminar a perigosa treva do desconhecimento, o seu contributo pessoal está dado. Por vezes, os meios de comunicação social acabam por ser megafones destas informações privilegiadas. Mas então e se o papá não gostar? Ui, arranja-se um trinta e um e lá nos encolhemos todos, não é? É deprimente ver um homem não ter autonomia para dar o seu contributo pessoal para o aumento do conhecimento social, sem opiniões ou julgamentos. Quantas vezes lemos nas redes sociais autênticos teasers de segredos que se sabem, mas que nem se sussurram? Quantas vezes são dadas pistas de casos que precisam de luz, ou de uma janela aberta para arejar o ar estagnado pela corrupção e do compadrio? Mas dizê-lo em voz alta é coisa para poucos bravos. Estou a extrapolar para coisas muito mais difíceis de dizer, quando por vezes a solução é simples. A cidadania também se faz dando a cara, assumindo o papel que desempenhamos na sociedade, como homens adultos.
João Luz China / ÁsiaCovid-19 | Corrida global na comunidade científica em busca de vacina Enquanto a comunidade científica se multiplica num esforço global para encontrar uma vacina eficaz, multiplicam-se as vozes que consideram provável a hipótese de o novo coronavírus continuar activo em 2021. A própria detecção do Covid-19, cujas falhas são apontadas como facilitadoras da propagação, levam à urgência de testes de despistagem que se podem fazer em casa [dropcap]P[/dropcap]elos quatro cantos do mundo, a preocupação com a contenção do surto do novo coronavírus é proporcional aos esforços da comunidade científica na busca por uma vacina que combata o inimigo invisível. Wuhan, o epicentro da epidemia, foi o primeiro campo de batalha contra o Covid-19. Os esforços da comunidade científica na China multiplicam-se por vários caminhos, como anunciou Zheng Zhongwei, director do Centro de Pesquisa Científica e Tecnológica da Comissão Nacional de Saúde, ao revelar que estão a ser estudadas cinco abordagens na busca de uma vacina. Apesar das cautelas dos cientistas, que alertam para esperadas dificuldades no caminho da inoculação, Ding Xiangyang, representante do Governo Central responsável pela supervisão das operações na província de Hubei, disse que a partir de Abril vão começar a receber inscrições de vacinas para ensaio clínico. Em circunstâncias normais, chegar a uma vacina segura e eficaz é uma tarefa que requer tempo, investimento e rigor científico. Um cenário completamente diferente do suscitado pelo Covid-19, que traz desafios que normalmente não seriam obstáculos a contornar. Os próprios oficiais chineses admitem esse cenário, apontando para um prazo entre 12 a 18 meses para completar a fase de testes clínicos. Segundo a legislação chinesa, a pesquisa de vacinas em casos de situações de grandes emergências de saúde pública pode ser acelerada, conforme o grau de urgência e sob determinadas condições específicas. Para isso, é necessário que a Administração Nacional de Produtos Médicos considere que os benefícios do tratamento em muito suplantem os riscos. Corrida americana Apesar do ruído provocado por Donald Trump, que não raras vezes desmente informações prestadas pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças, agência do departamento de saúde da sua própria administração, a busca por uma vacina fez arregaçar as mangas em diversos laboratórios norte-americanos. Depois de várias semanas de pesquisa, o Instituto Nacional de Saúde (NIH na sigla em inglês), uma equipa de cientistas debruça-se sobre uma placa de Petri, um recipiente onde se testam reacções químicas, ou para a cultura de microrganismos. Esperam o resultado positivo a uma reacção química, com demonstre que estão no bom caminho para chegar à almejada vacina que fortaleça o sistema imunitário. “São momentos como este que reúnem toda a gente em redor de uma experiência. É absolutamente espantoso”, comenta Kizzmekia Corbett, que lidera a equipa do NIH que procura uma vacina para combater o Covid-19, citada pela Associated Press (AP). A equipa de Corbett é apenas uma entre várias dezenas de grupos de investigação científica que procuram encontrar vários tipos diferentes de vacinas. Ajudados pelo avanço tecnológico, a investigação científica pode ser mais breve e, ao mesmo tempo, obter uma inoculação mais potente. Há mesmo cientistas a trabalhar apenas em soluções temporárias, que imunizem populações durante um mês ou dois, enquanto não se chega a uma solução definitiva. “Até testarmos as vacinas em humanos não temos qualquer tipo de ideia de qual será a resposta imunológica”, referiu à AP Judith O’Donnell, especialista em vacinas e doenças infeciosas. “Termos disponíveis vários tipos diferentes de vacinas, com teorias científicas distintas a suportar a ciência capaz de gerar imunidade, tudo isto em paralelo, realmente dá-nos as melhores hipóteses de sermos bem-sucedidos”, acrescenta a cientista. Os primeiros testes num grupo reduzido de jovens e saudáveis voluntários está num horizonte próximo, sem risco de que sejam infectados, uma vez que as vacinas não contêm o Covid-19. O objectivo é verificar a possibilidade de efeitos secundários adversos e preparar o terreno para testes de maior dimensão. Mesmo que os testes iniciais sejam um sucesso, será necessário esperar entre um ano a um ano e meio para se chegar a uma vacina que possa ser usada amplamente. “Compreendo completamente a frustração das pessoas e mesmo a confusão. Podemos fazer tudo o mais depressa possível, mas não podemos contornar estas etapas vitais do processo”, desabafa à AP Kate Broderick, que lidera uma das equipas de pesquisa norte-americana. Teste micro suave Um dos factores apontados à propagação do surto é a forma ineficaz na despistagem de infectados pelo novo coronavírus. O magnata e fundador da Microsoft, Bill Gates, financiou um projecto, através da sua fundação, para a criação de testes caseiros de despistagem ao Covid-19, que serão disponibilizados em primeiro lugar na zona de Seattle, no estado de Washington. Os kits permitem a qualquer pessoa recolher amostras que são enviadas para análise. Os resultados, que se esperam demorar entre um a dois dias, serão depois partilhados com as autoridades de saúde da área de residência da pessoa, que procederá à notificação de quem testou positivo. Os infectados vão ter à sua disposição um portal de internet com questionários sobre os seus movimentos e pessoas com quem contactaram, de forma a facilitar a vida às autoridades na localização de outros indivíduos que que devem ser submetidos a quarentena. O objectivo é conseguir processar milhares de testes diariamente e ir muito além da cidade onde será disponibilizado numa primeira fase, referiu ao The Seattle Times Scott Dowell, que lidera a equipa de resposta ao novo coronavírus da Fundação Bill & Melinda Gates. Ainda não existe data para disponibilizar os kits. Dowell, citado pelo jornal do estado de Washington, confessou que “ainda há muito trabalho pela frente”, mas realça o potencial destes testes para “inverter a maré” na luta contra a epidemia. O projecto teve um orçamento de cinco milhões de dólares americanos. Longo alcance Além da inoculação, outra preocupação global prende-se com a duração do surto. O especialista em doenças infecciosas de Hong Kong, Yuen Kwok-yung, participou num painel de discussão, na TVB, sobre o Covid-19 no passado domingo onde afirmou que, sem vacinas ou medicação efectiva, o novo coronavírus pode não ter fim à vista. Em vez disso, as possibilidades apontam na direcção de se tornar como a gripe sazonal, com um período de maior tranquilidade durante o Verão, e ressurgimento no Inverno. A directora do departamento doenças contagiosas do Centro de Protecção de Saúde de Hong Kong, Chuang Shuk-kwan, partilha a opinião de que a epidemia não irá dissipar-se durante os meses do Verão, ao contrário do que aconteceu em 2003 com o surto de SARS. Chuang acrescentou no domingo, em conferência de imprensa, que as autoridades da região vizinha vão fazer os possíveis para adiar a propagação de infecções, enquanto se tenta ganhar tempo até à chegada de uma vacina ou de um método de tratamento. “Compreendemos que existe a possibilidade de a doença ficar entre nós. Seja através de novos medicamentos ou vacinas, do conhecimento quanto às vias de transmissão do vírus, ou por uma maior compreensão em relação à natureza da doença, teremos no futuro melhores métodos para responder”, apontou Chuang, citada pelo Hong Kong Free Press. Apesar dos esforços da comunidade científica, não faltam exemplos de casos em que as vacinas chegam tarde demais, quando um surto infeccioso já se encontra em declínio. Anthony Fauci, que preside ao departamento que estuda doenças infecciosas no Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, confessou à AP que este processo para se encontrar uma vacina “tem sido o mais rápido de sempre”. Ainda assim, o cientista realça que provável que o Covid-19 possa “ir além de apenas uma estação e que regresse no próximo ano”. Para já, tudo aponta que as futuras vacinas para conter o surto sejam apenas uma arma disponível às autoridades de saúde do mundo inteiro em 2021.
João Luz China / ÁsiaCovid-19 | Corrida global na comunidade científica em busca de vacina Enquanto a comunidade científica se multiplica num esforço global para encontrar uma vacina eficaz, multiplicam-se as vozes que consideram provável a hipótese de o novo coronavírus continuar activo em 2021. A própria detecção do Covid-19, cujas falhas são apontadas como facilitadoras da propagação, levam à urgência de testes de despistagem que se podem fazer em casa [dropcap]P[/dropcap]elos quatro cantos do mundo, a preocupação com a contenção do surto do novo coronavírus é proporcional aos esforços da comunidade científica na busca por uma vacina que combata o inimigo invisível. Wuhan, o epicentro da epidemia, foi o primeiro campo de batalha contra o Covid-19. Os esforços da comunidade científica na China multiplicam-se por vários caminhos, como anunciou Zheng Zhongwei, director do Centro de Pesquisa Científica e Tecnológica da Comissão Nacional de Saúde, ao revelar que estão a ser estudadas cinco abordagens na busca de uma vacina. Apesar das cautelas dos cientistas, que alertam para esperadas dificuldades no caminho da inoculação, Ding Xiangyang, representante do Governo Central responsável pela supervisão das operações na província de Hubei, disse que a partir de Abril vão começar a receber inscrições de vacinas para ensaio clínico. Em circunstâncias normais, chegar a uma vacina segura e eficaz é uma tarefa que requer tempo, investimento e rigor científico. Um cenário completamente diferente do suscitado pelo Covid-19, que traz desafios que normalmente não seriam obstáculos a contornar. Os próprios oficiais chineses admitem esse cenário, apontando para um prazo entre 12 a 18 meses para completar a fase de testes clínicos. Segundo a legislação chinesa, a pesquisa de vacinas em casos de situações de grandes emergências de saúde pública pode ser acelerada, conforme o grau de urgência e sob determinadas condições específicas. Para isso, é necessário que a Administração Nacional de Produtos Médicos considere que os benefícios do tratamento em muito suplantem os riscos. Corrida americana Apesar do ruído provocado por Donald Trump, que não raras vezes desmente informações prestadas pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças, agência do departamento de saúde da sua própria administração, a busca por uma vacina fez arregaçar as mangas em diversos laboratórios norte-americanos. Depois de várias semanas de pesquisa, o Instituto Nacional de Saúde (NIH na sigla em inglês), uma equipa de cientistas debruça-se sobre uma placa de Petri, um recipiente onde se testam reacções químicas, ou para a cultura de microrganismos. Esperam o resultado positivo a uma reacção química, com demonstre que estão no bom caminho para chegar à almejada vacina que fortaleça o sistema imunitário. “São momentos como este que reúnem toda a gente em redor de uma experiência. É absolutamente espantoso”, comenta Kizzmekia Corbett, que lidera a equipa do NIH que procura uma vacina para combater o Covid-19, citada pela Associated Press (AP). A equipa de Corbett é apenas uma entre várias dezenas de grupos de investigação científica que procuram encontrar vários tipos diferentes de vacinas. Ajudados pelo avanço tecnológico, a investigação científica pode ser mais breve e, ao mesmo tempo, obter uma inoculação mais potente. Há mesmo cientistas a trabalhar apenas em soluções temporárias, que imunizem populações durante um mês ou dois, enquanto não se chega a uma solução definitiva. “Até testarmos as vacinas em humanos não temos qualquer tipo de ideia de qual será a resposta imunológica”, referiu à AP Judith O’Donnell, especialista em vacinas e doenças infeciosas. “Termos disponíveis vários tipos diferentes de vacinas, com teorias científicas distintas a suportar a ciência capaz de gerar imunidade, tudo isto em paralelo, realmente dá-nos as melhores hipóteses de sermos bem-sucedidos”, acrescenta a cientista. Os primeiros testes num grupo reduzido de jovens e saudáveis voluntários está num horizonte próximo, sem risco de que sejam infectados, uma vez que as vacinas não contêm o Covid-19. O objectivo é verificar a possibilidade de efeitos secundários adversos e preparar o terreno para testes de maior dimensão. Mesmo que os testes iniciais sejam um sucesso, será necessário esperar entre um ano a um ano e meio para se chegar a uma vacina que possa ser usada amplamente. “Compreendo completamente a frustração das pessoas e mesmo a confusão. Podemos fazer tudo o mais depressa possível, mas não podemos contornar estas etapas vitais do processo”, desabafa à AP Kate Broderick, que lidera uma das equipas de pesquisa norte-americana. Teste micro suave Um dos factores apontados à propagação do surto é a forma ineficaz na despistagem de infectados pelo novo coronavírus. O magnata e fundador da Microsoft, Bill Gates, financiou um projecto, através da sua fundação, para a criação de testes caseiros de despistagem ao Covid-19, que serão disponibilizados em primeiro lugar na zona de Seattle, no estado de Washington. Os kits permitem a qualquer pessoa recolher amostras que são enviadas para análise. Os resultados, que se esperam demorar entre um a dois dias, serão depois partilhados com as autoridades de saúde da área de residência da pessoa, que procederá à notificação de quem testou positivo. Os infectados vão ter à sua disposição um portal de internet com questionários sobre os seus movimentos e pessoas com quem contactaram, de forma a facilitar a vida às autoridades na localização de outros indivíduos que que devem ser submetidos a quarentena. O objectivo é conseguir processar milhares de testes diariamente e ir muito além da cidade onde será disponibilizado numa primeira fase, referiu ao The Seattle Times Scott Dowell, que lidera a equipa de resposta ao novo coronavírus da Fundação Bill & Melinda Gates. Ainda não existe data para disponibilizar os kits. Dowell, citado pelo jornal do estado de Washington, confessou que “ainda há muito trabalho pela frente”, mas realça o potencial destes testes para “inverter a maré” na luta contra a epidemia. O projecto teve um orçamento de cinco milhões de dólares americanos. Longo alcance Além da inoculação, outra preocupação global prende-se com a duração do surto. O especialista em doenças infecciosas de Hong Kong, Yuen Kwok-yung, participou num painel de discussão, na TVB, sobre o Covid-19 no passado domingo onde afirmou que, sem vacinas ou medicação efectiva, o novo coronavírus pode não ter fim à vista. Em vez disso, as possibilidades apontam na direcção de se tornar como a gripe sazonal, com um período de maior tranquilidade durante o Verão, e ressurgimento no Inverno. A directora do departamento doenças contagiosas do Centro de Protecção de Saúde de Hong Kong, Chuang Shuk-kwan, partilha a opinião de que a epidemia não irá dissipar-se durante os meses do Verão, ao contrário do que aconteceu em 2003 com o surto de SARS. Chuang acrescentou no domingo, em conferência de imprensa, que as autoridades da região vizinha vão fazer os possíveis para adiar a propagação de infecções, enquanto se tenta ganhar tempo até à chegada de uma vacina ou de um método de tratamento. “Compreendemos que existe a possibilidade de a doença ficar entre nós. Seja através de novos medicamentos ou vacinas, do conhecimento quanto às vias de transmissão do vírus, ou por uma maior compreensão em relação à natureza da doença, teremos no futuro melhores métodos para responder”, apontou Chuang, citada pelo Hong Kong Free Press. Apesar dos esforços da comunidade científica, não faltam exemplos de casos em que as vacinas chegam tarde demais, quando um surto infeccioso já se encontra em declínio. Anthony Fauci, que preside ao departamento que estuda doenças infecciosas no Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, confessou à AP que este processo para se encontrar uma vacina “tem sido o mais rápido de sempre”. Ainda assim, o cientista realça que provável que o Covid-19 possa “ir além de apenas uma estação e que regresse no próximo ano”. Para já, tudo aponta que as futuras vacinas para conter o surto sejam apenas uma arma disponível às autoridades de saúde do mundo inteiro em 2021.
João Luz VozesPolítica virulenta [dropcap]Q[/dropcap]uase tão contagiosa e letal como um vírus, a política é infecciosa e tem inscrita na sua natureza o ataque à integridade de corpos sãos. O alcance viral da política também chega a todos os cantos da experiência humana, é uma pandemia. Muitas vezes citado fora do contexto, Thomas Mann escreveu uma frase emblemática do alcance universal da política: “Tudo é político.” Apesar de abominar assumidamente liberdades “excessivamente” democráticas nascidas do Iluminismo, Mann é o exemplo da complexidade de pensamento que é trucidada pelo monstruoso espectáculo político. A máxima de Mann foi mais tarde “corrigida” por Michel Foucault, que desconstruiu a asserção do alemão. Na óptica do francês, a máxima “tudo pode ser politizado” responde muito melhor à forma universal do alcance da política. Num dos seus últimos esforços na luta pela decência, Christopher Hitchens defendia que “a religião envenena tudo”. Acrescento a política ao ramalhete de doutrinas tóxicas, defendidas com fulgor fanático, contrárias à sobrevivência humana. Se acha que estou a exagerar permita-me duas palavras: Alterações climáticas. A questão agora, chegados a este parágrafo e depois do pesado name dropping, é saber de que porra estou para aqui a falar. Simples. Covid- 19 e política, ou a forma como a saúde pública é uma ninharia secundária face ao marketing político e à imagem. A começar pela China. Lamento muito caros adeptos do PCC, como não tenho cavalos nestas corridas posso ser objectivo, sem paixões quase-clubísticas. É verdade que Pequim agiu com firmeza e determinação quando a coisa se tornou feia em Wuhan. Mas não vamos andar a escamotear que durante semanas a fio, quase um mês, oficialmente só havia 40 infectados. Quando surgiram infecções na Tailândia e Coreia do Sul, a comunidade científica alertou para a possibilidade de os números oficiais não corresponderem à realidade. Ui, uma pança cheia de vilanagem, diabólica interferência estrangeira dessa ciência ianque que quer denegrir a pátria. Dias depois, os novos casos começaram a surgir à média de mais de uma centena a cada 24 horas. Um médico de Wuhan, que esboçou uma tentativa de alerta da comunidade médica para a possibilidade de um surto semelhante à SARS, acabou por cair nas malhas da polícia, num país onde a justiça é abertamente subordinada ao poder político. Este homem acabou por morrer e engordar a estatística das casualidades provocadas pelo novo coronavírus. Morreu a tratar quem sofria do mal para o qual tentou chamar a atenção. Mais ou menos por essa altura, Pequim deu um murro na mesa ao afirmar que não permitiria nada além de transparência no combate ao surto, recordando que também o SARS foi escondido por questões políticas, até ganhar uma dimensão preocupante. Não sei se alguma vez chegaremos a saber se o alcance global do Covid- 19 seria igual caso fosse tratado como ameaça à saúde pública, numa primeira instância, em vez de ser uma pedra no político sapato, em vésperas do arranque da Assembleia Popular Nacional. Pelo mundo inteiro, o Covid-19 tem sido arma de arremesso político, inclusive em Portugal. Mas agora, vou coçar a comichão chamada “atão e os amaricanos”. Não para apaziguar bicefalia, mas porque, de facto, nos Estados Unidos a politização do novo coronavírus tem sido um triste espectáculo, uma fossa séptica de imoralidade a tornar o ar irrespirável. As barbaridades proferidas por Trump são imensas. “Há quem diga que coronavírus é pior que a gripe e há quem diga que é melhor”, um pequeno exemplo das pérolas de ignorância que saem da Casa Branca. Além de nomear o seu vice para chefiar o organismo de resposta ao surto, um homem que acredita mais nas qualidades curativas da oração do que na ciência, Trump referiu que o vírus iria, miraculosamente, desaparecer em Abril com a subida das temperaturas, mentiu com todos os dentes sobre o número de infectados, culpou o Obama do desinvestimento que ele próprio fez do Centros de Controle e Prevenção de Doenças, entre outras alarvidades. Mais preocupado com os efeitos em Wall Street e na forma como o surto pode afectar o eleitorado nas presidenciais que se aproximam, Trump abertamente assumiu que tudo para si é marketing político, inclusive a vida dos americanos. Além de incriminar o partido democrata de desejar a morte de milhares de americanos para tirar dividendos políticos, e disparar à maluca contra a CNN, Trump confessou, em directo, que “não precisa que os números dupliquem devido a um cruzeiro que não é culpa nossa”. Ou seja, Trump está mais preocupado com as repercussões políticas dos números de infectados, do que com a vida dos tripulantes do cruzeiro, na maioria norte-americanos. Declarações proferidas na qualidade de Presidente dos Estados Unidos, mas ostentando o boné com o slogan de campanha. Um nojo. Podia estar aqui cinquenta páginas a desfiar exemplos letais da politização da saúde pública, ou como os partidários transformam a coisa numa luta identitária, mas já estou a rebentar a escala dos caracteres.
João Luz VozesAi Portugal, Portugal [dropcap]R[/dropcap]egressei de Lisboa no final de Fevereiro, depois de um mês de piadas hilariantes sobre coronavírus e trocadilhos originalíssimos com cervejas mexicanas. Nessa altura, o Covid- 19 era inspiração para comédia caseira de qualidade duvidosa e alvo de relativização digna de QI de dois dígitos. Uma coisa distante, menos grave que a gripe ou uma unha encravada, algo que pode ser curado com um café e um bagaço, coisa de chineses e da histeria colectiva dos medrosos. O coronavírus começou por ser o fartote da época nas redes sociais e fermento do merecido escárnio em relação à sangria desatada do ciclo de 24 horas de notícias, da telenovelização da informação. Apesar de haver quem apelasse ao equilíbrio, à prevenção racional, Portugal parece ter passado da relativização ao pânico num passo único. É sempre assim. Com meia dúzia de pessoas infectadas à altura que esta coluna é escrita, a corrida desenfreada à compra de máscaras esgotou o stock nas farmácias. Entretanto, a corrida à bagaceira curativa parece que nunca aconteceu. Apesar das críticas à capacidade de resposta do SNS, a solução não passa apenas pelo Governo. Além do mais, o SNS teve de ser cortado face à necessidade maior de encher a pancinha de um sistema bancário com ética do Cartel de Sinaloa. A verdade é que sem uma sociedade civil informada e adulta, não existem políticas, ou redes de apoio social, que resistam. Que se saiba, o chicoespertismo não tem efeitos terapêuticos.
João Luz SociedadeVideoconferência | Estudantes pedem isenção de propinas, UM não responde A Associação de Estudantes da Universidade de Macau entende que a quebra de qualidade do ensino motivada pelas aulas dadas por videoconferência deve reflectir-se no preço das propinas. A universidade não acedeu ao pedido, mas abriu portas ao cancelamento grátis de cursos específicos. Ainda não há previsão quanto à data de regresso às aulas [dropcap]N[/dropcap]o campus da Universidade de Macau, uma das questões do momento prende-se com a relação qualidade/preço do ensino. Na óptica de alguns alunos, representados pela Associação de Estudantes da Universidade de Macau, o declínio da qualidade do ensino devido às aulas dadas por videoconferência, em comparação com as aulas presenciais, deveria ser reflectido no valor das propinas. Esta foi uma das reivindicações que os estudantes levaram para uma reunião, realizada no passado dia 26 de Fevereiro, com representantes da universidade, de acordo com um comunicado da associação, publicado ontem no portal Orange Post. O pedido de ajuste de propinas não teve resposta da universidade. Porém, foi concedida a hipótese de os alunos cancelarem gratuitamente a inscrição em cursos específicos, através de email, até ao dia 3 de Abril. Os estudantes pediram também um ajuste ao preço do alojamento, uma sugestão a que a UM respondeu referindo que “serão tomadas medidas razoáveis com base nas circunstâncias actuais”, sem entrar em detalhe quanto a acções concretas. Busca da normalidade Quanto à forma como se vão calcular os resultados académicos deste semestre, a UM referiu que as notas finais serão determinadas de acordo com o sistema original de avaliação e com os regulamentos de cada cadeira, com a flexibilidade que a situação actual exige. Em relação aos programas de pesquisa e intercâmbio, que acontecem durante o Verão, a UM respondeu que os estudantes podem inscrever-se nos programas, com a ressalva da possibilidade de estes serem cancelados ou adiados devido ao surto de Covid- 19. Para já, de acordo com o comunicado da associação de estudantes, a UM declarou que o regresso à normalidade “só poderá acontecer depois de a epidemia estar completamente controlada”. Algo que será anunciado com, pelo menos, 14 dias de antecedência.
João Luz SociedadeVideoconferência | Estudantes pedem isenção de propinas, UM não responde A Associação de Estudantes da Universidade de Macau entende que a quebra de qualidade do ensino motivada pelas aulas dadas por videoconferência deve reflectir-se no preço das propinas. A universidade não acedeu ao pedido, mas abriu portas ao cancelamento grátis de cursos específicos. Ainda não há previsão quanto à data de regresso às aulas [dropcap]N[/dropcap]o campus da Universidade de Macau, uma das questões do momento prende-se com a relação qualidade/preço do ensino. Na óptica de alguns alunos, representados pela Associação de Estudantes da Universidade de Macau, o declínio da qualidade do ensino devido às aulas dadas por videoconferência, em comparação com as aulas presenciais, deveria ser reflectido no valor das propinas. Esta foi uma das reivindicações que os estudantes levaram para uma reunião, realizada no passado dia 26 de Fevereiro, com representantes da universidade, de acordo com um comunicado da associação, publicado ontem no portal Orange Post. O pedido de ajuste de propinas não teve resposta da universidade. Porém, foi concedida a hipótese de os alunos cancelarem gratuitamente a inscrição em cursos específicos, através de email, até ao dia 3 de Abril. Os estudantes pediram também um ajuste ao preço do alojamento, uma sugestão a que a UM respondeu referindo que “serão tomadas medidas razoáveis com base nas circunstâncias actuais”, sem entrar em detalhe quanto a acções concretas. Busca da normalidade Quanto à forma como se vão calcular os resultados académicos deste semestre, a UM referiu que as notas finais serão determinadas de acordo com o sistema original de avaliação e com os regulamentos de cada cadeira, com a flexibilidade que a situação actual exige. Em relação aos programas de pesquisa e intercâmbio, que acontecem durante o Verão, a UM respondeu que os estudantes podem inscrever-se nos programas, com a ressalva da possibilidade de estes serem cancelados ou adiados devido ao surto de Covid- 19. Para já, de acordo com o comunicado da associação de estudantes, a UM declarou que o regresso à normalidade “só poderá acontecer depois de a epidemia estar completamente controlada”. Algo que será anunciado com, pelo menos, 14 dias de antecedência.