Henqgin | Incubadora recebeu 244 startups de Macau e Hong Kong

Em cinco anos, o espaço na Ilha da Montanha dedicado a startups, recebeu 244 empresas das regiões administrativas especiais vocacionadas para as áreas tecnológicas. O número foi avançado no quinto aniversário do projecto durante o Seminário do Empreendedorismo da Área de Grande Baía

 

[dropcap]M[/dropcap]ais de 500 milhões de yuan financiaram 50 empresas de tecnologia de ponta e outras 30 outras companhias, entre as 244 startups de Macau e Hong Kong que, nos últimos cinco anos, decidiram fixar as suas operações no Youth Entrepreneurship Valley, em Hengqin, de acordo com um comunicado divulgado pela página do Governo de Zhuhai.

Esta zona incubadora situada em Hengqin, também designada por Inno Valley HQ, é explorada pela Da Heng Qin Development, uma empresa estatal sedeada em Zhuhai, estabelecida em 2013 com um capital social de 460 milhões de yuan.

As estatísticas foram reveladas por Wu Chuangwei, vice-director do Comité Administrativo da Nova Área de Hengqin, durante a cerimónia de celebração do quinto aniversário do estabelecimento do Youth Entrepreneurship Valley, que se realizou na passada segunda-feira.

A Youth Entrepreneurship Valley tem parcerias firmadas com mais de 30 entidades, como a Incubadora Nacional de Empresas de Ciência e Tecnologia e a Base para a Inovação e Empreendedorismo da Juventude de Macau e Guangdong, conseguindo, de acordo com o governo de Zhuhai, tornar-se num parque industrial de renome nacional. Outra das valências do organismo é potenciar as relações entre empresas e profissionais no âmbito do projecto da Grande Baía, de forma a desenvolver operações orientadas para o comércio, que cumpram os standards internacionais.

Milhões na Baía

De forma a apoiar o desenvolvimento do espírito inovador e empreendedor entre a juventude de Macau, Hengqin lançou um conjunto de medidas de incentivo, tais como concursos de ciências e tecnologia, programas de estágios de Verão, e feiras de emprego para os estudantes universitários de Macau. Estas medidas procuram promover um saudável ambiente de negócios e integração regional.

Esta é uma das zonas industriais que procuram captar jovens empresários de Macau e Hong Kong. Há sensivelmente três semanas, o departamento de ciência e tecnologia do município de Guangzhou, anunciava a expansão de um programa que disponibiliza 4,5 milhões de yuan em subsídios para os empresários das regiões administrativas especiais fixarem negócios na capital de província.

2 Jul 2020

EUA | Supremo Tribunal de Justiça nega recurso a Ng Lap Seng

[dropcap]O[/dropcap] recurso interposto pelo magnata do imobiliário de Macau Ng Lap Seng para o Supremo Tribunal dos Estados Unidos (ONU) foi negado, de acordo com a agência Reuters. O tribunal do topo da hierarquia judicial dos Estados Unidos confirmou a sentença de quatro anos de prisão por suborno a dois embaixadores das Nações Unidas a troco de influência para construir um centro de conferências.

O colectivo de juízes manteve a decisão do tribunal federal que determinou que as leis anti suborno se aplicam aos pagamentos feitos pelo empresário, apesar da defesa argumentar que a legislação excluía dinheiro entregue a pessoas envolvidas em entidades públicas, como as Nações Unidas.

Em 2017, Ng Lap Seng foi considerado culpado pela prática dos seis crimes de que foi acusado, incluindo suborno, lavagem de dinheiro e corrupção. A acusação argumentou que Ng pagou mais de 1 milhão de dólares em subornos a John Ashe, antigo presidente da assembleia geral da ONU e embaixador de Antígua e Barbuda, e Francis Lorenzo, antigo ex-embaixador da República Dominicana.

O empresário do ramo imobiliário tinha uma ideia faraónica de transformar Macau na “Genebra asiática”, a capital das conferências e convenções, onde estaria incluída uma gala anual de apoio a países em desenvolvimento. Em simultâneo, Ng planeava construir habitação de luxo, unidades hoteleiras, marinas e um heliporto.

De acordo com os registos federais, citados pela AP, Ng Lap Seng, de 71 anos, cumpre pena na Prisão de Allenwood, no Estado da Pensilvânia, e estará apto para ser libertado a partir de Janeiro 2022.

1 Jul 2020

Angela Leong apresenta filho doente que teve com Stanley Ho

[dropcap]A[/dropcap]ngela Leong, mulher do magnata Stanley Ho que morreu no passado dia 26 de Maio com 98 anos, revelou que o casal teve um filho “com problemas de saúde” chamado Ho Yau Pong, que nunca tinha sido apresentado publicamente e que deve ter 28 anos de idade.

Através de comunicado, Angela Leong refere que a família nunca tinha apresentado nem revelado publicamente qualquer informação sobre Ho Yau Pong devido à sua condição de saúde.

A decisão de revelar nesta altura a existência do filho do casal, prende-se com o facto de o seu nome vir a ser inscrito na lápide do magnata do jogo. No comunicado tornado público por Angela Leong, a também deputada sublinha que a opção de ocultar a entidade do filho foi tomada pelo casal, esperando agora que a privacidade de Ho Yau Pong seja respeitada. “Como mãe, estou nervosa com os efeitos negativos que eventuais boatos vindos de fora possam ter. Neste tipo de família é difícil ser-se normal, mas como mãe, espero que ele possa sentir segurança e bondade do mundo exterior sob a nossa protecção”, referiu.

Angela Leong esclarece ainda que Ho Yau Pong não é um segredo entre os membros da família Ho, acrescentando que desde a infância foi acarinhado por toda a família e festejou sempre o seu aniversário como qualquer criança. Além disso, Angela revela ainda que Stanley Ho “amava profundamente” o filho, fazendo sempre o melhor por ele.

Apontando ainda que o comunicado enviado “foi a primeira e última explicação pública sobre o assunto”, Angela Leong sublinha que a vida de Ho Yau Pong “deve ser protegida e não perturbada”, apelando ao entendimento, boa-fé e capacidade de respeitar a privacidade por parte de todos.

Funeral a 10 de Julho

O Funeral de Stanley Ho está agendado para 10 de Julho em Hong Kong, um dia depois da cerimónia pública que vai recordar o Rei do Jogo, e dois dias depois da cerimónia familiar.

Stanley Ho morreu a 26 de Maio, com 98 anos, depois de ter construído um Império do Jogo. Nascido a 25 de Novembro de 1921, em Hong Kong, Stanley Ho fugiu à ocupação japonesa e radicou em Macau, onde fez fortuna ao lado da mulher macaense, Clementina Leitão, oriunda de uma das mais influentes famílias locais da altura.

Quanto à vida familiar, Stanley Ho teve quatro mulheres, três ainda vivas: Lucina Laam, Ina Chan e Angela Leong. Clementina Leitão morreu em 2004.

29 Jun 2020

SAFP | Trabalhadores aconselhados a tirar férias para fazer quarentena

Os funcionários públicos que queiram sair de Macau devem tirar férias a contar com o período de quarentena obrigatório no regresso – segundo uma orientação lançada pelos Serviços de Administração e Função Pública, a que o HM teve acesso. No entanto, a lei determina que essas faltas, na Administração Pública, se consideram justificadas

 

[dropcap]O[/dropcap]s Serviços de Administração e Função Pública (SAFP) emitiram uma orientação a indicar que os trabalhadores que viajem para fora devem tirar dias de férias para cobrir o período de quarentena obrigatório aquando do regresso a Macau. O apelo foi lançado no âmbito das medidas de controlo da Lei de prevenção, controlo e tratamento de doenças transmissíveis e as actuais medidas de entrada implementadas pelo Governo. Recorde-se que é requerido a quem entrar em Macau que fique durante 14 dias em observação médica, excepto casos especiais aprovados pelo Chefe do Executivo.

“De acordo com a opinião dos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP), tendo em consideração que os funcionários já sabem do requisito (…) antes da partida, devem pedir para usar férias anuais para os 14 dias mencionados para o período de quarentena/observação médica”, diz a orientação a que o HM teve acesso.

No entanto, a mesma Lei de prevenção, controlo e tratamento de doenças transmissíveis prevê que as faltas dadas por força de isolamento obrigatório se consideram “justificadas para quaisquer efeitos legais no caso dos trabalhadores da Administração Pública”.

José Alvares considera que a medida “é perfeitamente legítima” e que “os SAFP podem perfeitamente emitir esta orientação”. E notou que a linguagem utilizada expressa uma recomendação e não uma obrigação. No entanto, ao nível do sancionamento para quem não cumprir o recomendado, o advogado disse ao HM que seria “difícil” colocar um procedimento disciplinar, tendo em conta que, de acordo com a lei, a falta teria de ser justificada.

Assim sendo, José Álvares entende que os serviços teriam de analisar outras formas de sancionar a conduta, como por exemplo ao nível da avaliação, já que um trabalhador que não respeite a orientação “está a demonstrar alguma desconsideração pelos serviços públicos”.

Liberdade necessária

Para António Katchi, a sujeição a isolamento obrigatório também implica faltas justificadas, não o recurso a dias de férias. “Quando muito, o trabalhador teria o direito de optar pelo ‘gozo’ de dias de férias a fim de evitar as faltas justificadas, mas isso seria opção sua, nunca lhe poderia ser imposto. E nem é de excluir a faculdade de o próprio empregador lhe indeferir esse pedido, argumentando com as finalidades e com a irrenunciabilidade do direito a férias”, explicou.

Assim, descreveu como o internamento, seja em casa ou num hotel, impede o trabalhador e os familiares na sua dependência de gozarem as vantagens associadas ao direito a férias anuais pagas – ressalvando que é um direito fundamental consagrado no Pacto Internacional sobre os Direitos Económicos, Sociais e Culturais. “Aliás, férias sem liberdade não são férias!”, reforçou o jurista.

Neste sentido, António Katchi aconselha o trabalhador a averiguar se está em causa uma sugestão ou “uma ordem ‘simpaticamente’ disfarçada” como tal. No caso de ser efectivamente uma sugestão – defende que o trabalhador pode simplesmente não a seguir – entendendo que, do ponto de vista jurídico, não poderia sofrer qualquer sanção, já que a recusa de uma sugestão não implica violação do dever de obediência.

E se se tratar de uma ordem? “Então o trabalhador poderia, desde logo, solicitar a redução da ordem a escrito – se ainda não o tivesse sido – e o esclarecimento das respectivas razões, de facto e de direito”. Um passo que não exclui a possibilidade de usar sucessivamente os meios ao seu dispor para contestar: reclamação, recurso hierárquico e recurso contencioso.

26 Jun 2020

IPM | Pereira Coutinho acusa Marcus Im de respostas evasivas

[dropcap]A[/dropcap] questão do curso de Licenciatura em Ensino da Língua Chinesa como Língua Estrangeira, ramo falantes não nativos de Chinês, do Instituto Politécnico de Macau (IPM), volta à agenda política de Pereira Coutinho, com a interpelação divulgada ontem.

O deputado pergunta quantos alunos se matricularam no ano lectivo 2016/2017 e 2017/2018, não obstante o número de candidatos locais terem sido de apenas 4 e 3, respectivamente. Em 2018/2019, os candidatos foram também três. Face a este cenário, o deputado questiona que entidade aprovou a revisão do plano de estudos do curso, mencionada pelo Presidente do IPM, que justificou a interrupção do curso no ano lectivo 2018/2019.

Marcus Im Sio Kei, na óptica de Coutinho, respondeu à primeira interpelação de “forma evasiva” ou com “não resposta”, o que levou o deputado a insistir.

Finalmente, Pereira Coutinho pergunta qual o número de candidaturas apresentadas em 2007 e 2008 pelo IPM ao financiamento especial do, à altura, GAES, para a produção de materiais pedagógicos, o valor dos financiamentos concedidos nesses anos e as razões para apenas três projectos terem sido financiados em 2019.

23 Jun 2020

Excursões | Aliança do Povo cancela subsídio extra a inscritos

Si Ka Lon e a Aliança do Povo publicaram nas redes sociais um incentivo à participação no programa de excursões locais, com a promessa de subsidiar a taxa residual que deveria ser paga pelos residentes. O Governo exigiu o fim do “subsídio” para evitar concorrência desleal entre agências de viagem e a associação acatou o pedido. O programa arranca hoje com mais de 4 mil inscritos

 

[dropcap]N[/dropcap]a passada quarta-feira, um dia depois da apresentação do programa de apoio às excursões locais e quando começaram as inscrições, Si Ka Lon e a Aliança de Povo de Instituição de Macau publicaram no Facebook e WeChat um anúncio a dar conta de que estavam a receber inscrições de residentes. Com um detalhe: os membros da associação beneficiavam de um “subsídio” extra, além do concedido pelo Governo.

“Oferecemos um upgrade ao subsídio, não precisam pagar nada. Inscreva-se para apoiar o sector do turismo de Macau”, referia Si Ka Lon. No Facebook, a associação a que está ligado, a Aliança de Povo de Instituição de Macau, sublinhava que os sócios seriam subsidiados em 18 patacas e os restantes residentes em 3 patacas. Segundo o HM apurou, outras associações lançaram “incentivos” semelhantes.

O problema é que a subsidiação complementar pode beneficiar as agências de viagens que recebem as inscrições angariadas e distorcer intenção da medida de apoiar o sector por igual, independentemente do tamanho da empresa e das ligações privilegiadas que tenha. O cartaz partilhado pelo deputado, que é também presidente honorário da Associação de Promoção de Guia Turismo de Macau, exemplifica a vantagem competitiva: a rota, que custa 198 patacas, é subsidiada pela Fundação Macau em 180 patacas.

Restando ao residente desembolsar 18 patacas, a mais barata contribuição do “turista” local nas rotas disponíveis.

A prática pode constituir concorrência desleal, algo desencorajado pela Direcção dos Serviços de Turismo (DST). Aliás, aquando da apresentação do programa “Vamos! Macau!”, o organismo liderado por Helena de Senna Fernandes referia que o grupo de trabalho que gere o programa, constituído pelas três grandes associações do sector, tinha também como função “evitar a competição desleal”.

Em resposta ao HM, a DST esclareceu que “apesar de os subsídios adicionais dados por associações, ou outras organizações, encorajarem a participação no “Vamos! Macau!”, esta intenção é desencorajada pela DST através de uma notificação verbal”.

O departamento do Governo foi mais longe e garantiu que, “caso seja encontrada qualquer irregularidade, a agência de viagens recebe primeiro um aviso por escrito e, caso se verifique uma segunda irregularidade, será desqualificada de participar no programa”.

Um passo atrás

A DST garantiu ao HM que irá, em conjunto com o grupo de trabalho, fiscalizar de perto a situação e levar a cabo reuniões regulares com as agências de viagens de forma a assegurar que as boas práticas profissionais imperam ao longo do programa de apoio ao turismo.

O presidente da Aliança de Povo de Instituição de Macau, Lei Leong Wong, revelou ao HM que “o desconto de 18 patacas era só para os associados”, mas foi cancelado. O dirigente referiu que “após consideração que poderia influenciar a intenção original, foi de imediato cancelado o subsídio e explicámos as razões aos sócios”.

Lei declarou que a associação não foi contactada pela DST e que a decisão de cancelar o subsídio surgiu do feedback da sociedade, nomeadamente através de opiniões partilhadas na rádio e outros meios de comunicação social, e pelas redes sociais.

No entanto, quando o HM contactou a linha de apoio da Aliança do Povo, que recebe inscrições, foi-nos dito que o subsídio extra havia sido cancelado, “porque o Governo disse que as associações não podem dar ofertas aos sócios”. Até ao meio-dia de ontem, a associação tinha angariado cerca de 1.100 inscrições para as excursões locais.

O presidente da Aliança do Povo enalteceu o programa de apoio ao sector do turismo, acrescentando que a medida é positiva para o ânimo dos residentes, uma vez que as restrições impostas pela contenção da pandemia obrigam as pessoas a ficarem em Macau. Assim, podem passear e relaxar em família, ao mesmo tempo que ajudam o sector do turismo a atenuar o impacto resultante da covid-19.

Além disso, Lei Leong Wong acha que o “Vamos! Macau!” permite aprofundar o conhecimento dos residentes sobre a cultura local e alguns pontos turísticos como, por exemplo, as oito novas maravilhas de Macau, eleitas no ano passado, sobre as quais “os sócios não sabem nada”. Segundo números da DST, o programa arranca hoje com 4000 participantes nas excursões.

22 Jun 2020

Arraial de São João cancelado devido a restrições impostas pela pandemia

[dropcap]E[/dropcap]ste ano, não vai haver balão, nem sardinhas, nem copo de tinto, nem os sorrisos que só os santos populares conseguem proporcionar e que unem as comunidades macaense, portuguesa, chinesa e quem se quiser juntar à festa que enche São Lázaro de cor.

A 14ª edição do Arraial de S. João não vai acontecer, pelo menos este ano. De acordo com uma publicação no Facebook da comissão organizadora, a festa que estava marcada para os dias 27 e 28 deste mês foi cancelada. “A pedido de esclarecimento de muitos sócios, amigos e participantes habituais do mesmo evento, comunicamos que por deliberação unânime da mesma comissão, o Arraial de S. João 2020 não será realizado”, lê-se na publicação.

A entidade que todos os anos organiza o arraial justificou a posição com as incertezas e restrições impostas pela pandemia da covid-19, factor que comprometeu seriamente a realização da festa, “pelos encargos” que teriam de ser assumidos desde o início.

“Apelamos pela compreensão de todos e reiteramos os nossos agradecimentos à Direcção dos Serviços de Turismo de Macau e outros organismos e autoridades públicos, habitualmente envolvidos no apoio a esta iniciativa, na que seria a 14ª edição, pela sua incessante abertura e incentivo. Bem hajam todos. Até o próximo ano!” É com esta garantia que termina o curto comunicado da comissão organizadora.

Festa rija

Segundo reza a história, a primeira vez que o Arraial de São João aconteceu em Macau foi no século XVII, obviamente organizado pela comunidade portuguesa. À altura, a festa inaugural serviu também para celebrar um feito militar: a campanha de sucesso que impediu a invasão holandesa de Macau em 1622.
Depois do nascimento da RAEM, a Associação Macaense encarregou-se de revitalizar a festa popular.

19 Jun 2020

Viva Macau | FDIC procura bens que justifiquem acção judicial

[dropcap]E[/dropcap]m resposta a interpelação de Pereira Coutinho, a Direcção dos Serviços de Economia (DSE) refere que o advogado que representa as autoridades de Macau procura bens para executar, de forma a tornar viável uma acção judicial para recuperar os prejuízos acumulados pela Viva Macau.

Recorde-se que há quase 10 anos está em curso um processo de recuperação da dívida da companhia aérea falida, que ficou a dever 212 milhões de patacas ao Fundo de Desenvolvimento Industrial e de Comercialização (FDIC). Como o deputado referiu em interpelação, a secretaria do Tribunal Judicial de Base emitiu um comunicado, a 27 de Julho de 2010, a afirmar que “o executado da referida dívida era uma companhia de investimento e holding registada na RAEHK”.

Apesar de as autoridades de Macau não terem imediatamente recorrido aos tribunais da região vizinha, a DSE respondeu que “tem constituído, desde 12 de Abril de 2010, advogado para estudar e tratar dos procedimentos judiciais do caso Viva Macau”. Os Serviços de Economia argumentam que é necessário ter em conta os custos e os possíveis benefícios de interpor acção judicial.

“É preciso assegurar que o executado tenha bens suficientes para compensar os custos, só assim é pertinente promover a acção judicial”, justifica a DSE. Assim sendo, o FDIC incumbiu o advogado para buscar, “através de todos os meios, os bens em Hong Kong da sociedade executada e os seus avalistas”.

19 Jun 2020

Guangzhou | Lançado subsídio até 4,5 milhões para atrair startups de Macau

O município de Guangzhou subiu a parada em relação a 2019 e elevou para 4,5 milhões de yuan os subsídios para jovens empreendedores das regiões administrativas especiais. Para empresas já estabelecidas que queiram mudar para a capital de província, o incentivo é de 200 mil yuan

 

[dropcap]A[/dropcap] Grande Baía continua a tentar atrair empresas das regiões administrativas especiais. Nesse contexto, Guangzhou subiu a parada no incentivo à captura de jovens empreendedores, principalmente das áreas das novas tecnologias, em Macau e Hong Kong. De acordo com uma nota divulgada ontem pelo departamento de ciência e tecnologia do município de Guangzhou, os jovens empresários das duas regiões administrativas especiais vão ter à disposição 4,5 milhões de yuan de subsídio para fixarem negócios na capital de província.

Os apoios subiram em relação ao ano passado, em especial no número alargado de empresas apoiadas. Em 2019, o incentivo financeiro máximo era de 5 milhões de yuan para as três melhores propostas, com as restantes a receberem 1,75 milhões de yuan de apoios nacionais, provinciais e municipais.

As empresas de Macau que se fixem nos centros de incubação, inovação e empreendedorismo de Guangzhou vão beneficiar de isenção de renda para espaços de escritórios nos dois primeiros anos de actividade e 50 por cento de desconto no terceiro ano. Para estes casos, os apoios ascendem a 500 mil yuan.

Ao abrigo do Fundo de Desenvolvimento da Juventude os apoios são direccionados para três áreas: subsídios a startups, incentivo ao crescimento e apoios ao a projectos de investigação e desenvolvimento.

Escopo alargado

Em 2019, estes apoios foram direccionados para os ramos da inteligência artificial, biomedicina e cidades inteligentes, mas este ano deixaram de haver restrições de áreas específicas, algo que as autoridades de Guangzhou entendem como um incentivo à inovação.

O programa de apoios conta este ano com o financiamento adicional de fontes como o Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia de Macau, criado em 2004 por regulamento administrativo assinado por Edmund Ho.

De acordo com as autoridades de Guangzhou, as inscrições no programa foram simplificadas e a papelada exigida às empresas foi optimizada, tornando o processo mais flexível e inclusivo em comparação com anos anteriores.

Outra mudança nos requisitos deste ano, prende-se com o valor do capital mínimo das empresas detido por residentes de Macau e Hong Kong, que no ano passado era 50 por cento e que este ano passou para 30 por cento, para empresas já estabelecidas no mercado. Se a candidatura for aceite, estas companhias recebem 200 mil yuan.

18 Jun 2020

Cinemateca Paixão | Empresa “desconhecida” vence concurso público e vai gerir espaço até 2023

A escolha da Companhia de Produção de Entretenimento e Cultura In Limitada como a proposta vencedora do concurso para a gestão da Cinemateca Paixão surpreendeu os cineastas locais ouvidos pelo HM. O IC prometeu explicações para amanhã, mas realizadores de Macau prepararam ontem uma carta para entregar ao Governo a questionar o resultado do concurso público

 

[dropcap]A[/dropcap] Companhia de Produção de Entretenimento e Cultura In Limitada vai gerir a Cinemateca Paixão até Agosto de 2023. A decisão foi anunciada ontem pelo Instituto Cultural (IC), que escolheu a proposta mais baixa das quatro admitidas no concurso público, com um valor de 15,4 milhões de patacas.

A escolha do IC acaba por ser surpreendente, uma vez que a actividade da empresa é desconhecida, assim como as pessoas responsáveis, entre os profissionais do sector. Este aspecto levou vários realizadores locais a admitirem intranquilidade por temerem que a qualidade da gestão e das actividades desenvolvidas na Cinemateca Paixão seja afectada.

Outro facto que causa preocupação é o orçamento apresentado pela empresa “desconhecida”. O valor da proposta é de 15,4 milhões de patacas, montante quase 20 milhões inferior ao apresentado pela Cut Limitada, a empresa que geriu até ao final do ano passado a Cinemateca Paixão e que tinha uma proposta de 34,8 milhões de patacas.

Por estes motivos, um grupo de profissionais do sector do cinema está a preparar uma carta a pedir explicações ao IC. A iniciativa foi revelada ao HM pela realizadora Peeko Wong, autora do filme “Gin, Sake and Margarita”.

“Estamos muito desiludidos porque não sabemos nada sobre esta empresa. Mas, sabemos que os últimos três anos foram muito bons, com óptima programação e relacionamento próximo com os realizadores locais e outros artistas”, afirmou Peeko Wong. “Vamos perguntar ao Instituto Cultural como chegou a esta decisão. Só conhecemos o nome da empresa, não conhecemos mais nada, nem o background, nem quem são os responsáveis. Por isso, queremos que o Governo nos esclareça sobre os motivos”, revelou.

Em declarações ao HM, Peeko Wong falou ainda de um apoio generalizado do sector ao documento e, apesar de reconhecer as dificuldades, não afastou o cenário de serem reunidas mais de 100 assinaturas. Ao mesmo tempo, vai ser realizado um vídeo com os melhores momentos da actividade desenvolvida pela Associação Audiovisual Cut, enquanto entidade gestora da Cinemateca nos últimos 3 anos e meio.


Questão de preço

Também Tracy Choi, realizadora de “Sisterhood”, admitiu alguma surpresa com o desfecho do concurso público lançado pelo IC. “Fiquei um pouco surpreendida com a escolha. Mas, logo na altura, depois de serem entregues as propostas, vi os valores das concorrentes e percebei que [a empresa vencedora] tinha um valor muito mais baixo que a entidade que estava a gerir… fiquei logo com o feeling que seriam os vencedores. Só pelo preço”, comentou.

De acordo com a visão de Choi, a Cinemateca Paixão tinha conseguido afirmar-se como uma instituição não só para os realizadores locais, mas também para a população. Por isso, elogiou o trabalho da Cut e revelou temer pelas actividades futuras, devido ao preço da proposta vencedora.

“O preço da proposta é uma preocupação, até porque ainda estou para tentar perceber quem é a companhia e quem são os responsáveis. Serão pessoas com experiência no cinema? Eu não sei, por isso não tenho uma opinião firmada sobre se têm capacidade para gerir o espaço com a qualidade da Cut”, confessou. “Mas quando olho para o orçamento ficou preocupada. Não sei se vai ser possível manter a qualidade anterior…”, desabafou.

Nos critérios anunciados no caderno de encargos, o preço da proposta valia 40 por cento, assim como o “grau de perfeição” das propostas para os três anos, e mais particularmente para o programa do primeiro ano. Além destes critérios que valem 80 por cento, a experiência dos concorrentes e da pessoa proposta para director de operações valia 14 por cento e a experiência do “consultor” seis por cento.

Empresa familiar

Além da empresa vencedora ser desconhecida, a mesma promoveu alterações ao registo comercial no passado dia 8 de Junho, o que impede que os dados possam ser consultados durante 15 dias. O HM questionou o IC sobre se estava ao corrente das alterações realizadas e o conteúdo das mesmas, mas não obteve resposta. Ao invés, o Governo prometeu dar as explicações amanhã, em conferência de imprensa.

O HM sabe que as concorrentes foram informadas sobre o resultado do concurso antes do anúncio público, mas não conseguiu apurar se as alterações promovidas ao registo foram realizadas antes desta ter sido informada dos resultados do concurso.

Segundo o registo comercial consultado a 1 de Junho de 2019, ainda antes das alterações e do lançamento do concurso, que só aconteceu em Janeiro deste ano, a Companhia de Produção de Entretenimento e Cultura In Limitada tinha dois accionistas, um homem com o nome Ieong Chan Veng, proprietário de 80 por cento da empresa, e uma senhora com o nome Tung Wing Ha, proprietária de 20 por cento.

Porém, a Companhia de Produção de Entretenimento e Cultura In Limitada foi criada em 2015, sendo que na altura tinha como accionistas Ieong Chan Veng e a esposa, Ho Sio Chan. Foi só em 2016, que Ho vendeu a sua participação a Tung.

Segundo o portal All About Macau, a Companhia de Produção de Entretenimento e Cultura In Limitada foi uma das participantes no concurso público de atribuição da concessão da loja de souvenires da Casa do Mandarim. Acabou ser excluída do concurso por não pagar a caução exigida. Além disso, terá também estado presente, sem sucesso, em concursos públicos promovidos pelos Serviços de Turismo para fazer filmes promocionais sobre a RAEM.

Chegaram mesmo a circular rumores nas redes sociais a ligar a empresa vencedora ao grupo SunCity e ao proprietário Alvin Chau. O HM tentou perceber se este cenário corresponde à realidade e contactou a empresa promotora do jogo, mas até ao fecho da edição não recebeu resposta. Importa recordar que o grupo SunCity é o principal patrocinador do Festival Internacional de Cinema realizado em Macau.

Desilusão apaixonada

Com a decisão anunciada ontem, a Cut Limitada fica afastada do espaço que geriu três anos e meio. Ao HM, Rita Wong, que foi a responsável pelo programa da Cinemateca, mostrou-se desiludida. “Estamos desapontados com a decisão. Durante mais de três anos e meio ficámos felizes com o que tínhamos conseguido alcançar com a Cinemateca Paixão, foi mais do que tinha sido planeado. E acho que o bom resultado ficou provado com o facto de o projecto se ter tornado tão popular junto do sector e da população”, reconheceu.

Rita Wong afastou ainda o cenário de haver recurso aos tribunais para contestar a decisão, e deixou os melhores desejos para o futuro da Cinemateca Paixão: “Resta-nos esperar que corra tudo bem com a gestão da Cinemateca, porque pessoalmente vou continuar a frequentar o espaço”, indicou.

Por outro lado, negou haver o sentimento de injustiça. “Não posso dizer que foi injusto, porque sabíamos as regras e o Governo usou os critérios do caderno de encargos. Tentámos fazer mais do que estava nos encargos, mas a decisão acabou por ser por outra proposta”, constatou.

Em relação à diferença de quase 20 milhões de patacas entre as duas propostas, Rita Wong insistiu que, segundo o projecto da Cut, a Cinemateca Paixão não se limitaria a mostrar filmes. “É difícil explicarmos uma diferença de orçamento como esta. Mas, o nosso valor foi apresentado com base na experiência de três anos e meio e não nos limitámos a cumprir os serviços mínimos”, explicou. “A nossa proposta tinha workshops e outras actividades de formação e educação sobre o cinema, para formar talentos locais. Não nos limitámos a passar filmes. Também organizávamos entre nove e 10 festivais temáticos de cinema por ano…”, acrescentou.

Projecto mal-amado

No final do ano passado, o IC, liderado por Mok Ian Ian, preparou tudo para encerrar de forma definitiva a Cinemateca Paixão. Os trabalhadores foram mesmo informados que seriam dispensados, uma vez que o contrato com a Cut não seria renovado.

Em causa estariam problemas relacionadas com o contrato de arrendamento do espaço na Travessa da Paixão. Quando a recém-empossada secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U, se deslocou ao local confirmou a necessidade de proceder a obras no edifício.

No entanto, a forte reacção no sector cultural, que encara a Cinemateca Paixão como um espaço de acesso ao cinema local e alternativo, levou o Governo a voltar atrás. Assim sendo, entre Janeiro e Agosto, a gestão do espaço foi assumida pelo IC, enquanto decorria o concurso público de atribuição da nova concessão.

18 Jun 2020

Turismo | Excursões locais arrancam hoje com 15 roteiros e muitas incógnitas

Começa hoje o período de inscrição no novo programa de apoio à economia, desta vez destinado à indústria do turismo. Quinze roteiros pensados para residentes, vão mexer com o sector, em especial com as 148 agências de viagens que aderiram ao plano, assim como os 750 guias turísticos. Para já, não existe versão em português, ou inglês, dos roteiros do programa

 

[dropcap]H[/dropcap]oje é o primeiro dia para a inscrição no programa “Vamos! Macau!”, que oferece excursões locais com o intuito de apoiar o sector do turismo, que se encontra paralisado desde que os efeitos económicos da pandemia se começaram a sentir, em particular com o encerramento das fronteiras.

Quem quiser escolher um itinerário terá de saber ler chinês, ou ter o melhor tradutor automático do mercado, uma vez que as informações detalhadas de cada excursão existem apenas em chinês. Além disso, o naipe de excursões e actividade do programa ainda não está fechado.

Durante a conferência de imprensa de apresentação do plano, que se realizou ontem, o subdirector dos Serviços do Turismo (DST), Cheng Wai Tong, explicou a razão pela qual a informação sobre as excursões existe apenas chinês. “Na internet só temos em chinês, porque anunciámos o projecto ontem [segunda-feira], mas temos tempo para colocar as informações em português. A comunidade portuguesa pode fazer a inscrição através das agências de viagens. Temos documentos em português”, referiu.

O programa “Vamos! Macau!” está disponível online, através de dois códigos QR, um que direcciona o residente para a lista agências de viagens e outro que oferece a consulta detalhada dos 15 roteiros.

As 15 excursões vão-se realizar entre os dias 22 de Junho e 30 de Setembro, com a coordenação da DST, financiamento da Fundação Macau, e o contributo operativo da Associação das Agências de Viagens de Macau, Associação das Agências de Turismo de Macau e Associação de Indústria Turística de Macau, para evitar competição desleal no sector.

As três associações vão ter a seu cargo a coordenação com as agências de viagens, fixação de preços, controlo de qualidade e o fornecimento de recursos como veículos, motoristas e guias turísticos, integrando, ao mesmo tempo, restaurantes e atracções turísticas.

Menu de roteiros

Com a Fundação Macau a abrir os cordões à bolsa, cada residente será subsidiado entre 280 patacas por passeio, até um limite de 560 patacas para escolher entre um leque de 15 excursões divididas em dois grupos: roteiros comunitários e roteiros de lazer.

Antes de aceitar as inscrições, as agências introduzem o número do BIR na plataforma para ver se a pessoa já usufruiu ou não do benefício. Cada residente tem direito a duas excursões, um roteiro comunitário e um roteiro de lazer. O custo das excursões inclui o passeio, alimentação, guia, seguro, entre outras despesas.

Na área do lazer, os roteiros oferecem passeios pelo centro histórico de Macau, ao Centro de Ciência, com passagem por resorts sem dormidas incluídas no pacote. Está previsto um roteiro às instalações da CEM “para as pessoas conhecerem mais sobre energia”, de acordo com Cheng Wai Tong, outro ao aeroporto e museu das telecomunicações.

O cartaz ainda não está fechado e contém algumas incertezas, também assumidas por Paul Wong, presidente da Associação da Indústria Turística de Macau, uma das organizações do grupo de trabalho que coordena o programa.

Por exemplo, no programa estão previstas viagens de barco, que ainda não estão garantidas. “Ainda estamos à espera de resposta dos Serviços de Saúde sobre a abertura de passeios de barco e gradualmente vamos adicionar mais elementos”, revela o responsável.

O programa pode também contar com o cruzamento com outros eventos do Instituto Cultural. Por exemplo, está em ponderação a possibilidade de incluir no programa de excursões locais os espectáculos da celebração do 15º ano da inscrição do Centro Histórico de Macau na Lista do Património Mundial. Outro evento que se pode cruzar com o programa de excursões locais é o Festival das Luzes, com Paul Wong a levantar a possibilidade de ser adicionado um passeio de barco para apreciar o espectáculo de outra perspectiva.

Coisas práticas

As excursões têm um limite de participação entre 20 e 40 pessoas, com o máximo a corresponder à lotação de alguns autocarros usados nas excursões.

Quando questionado se a DST tinha coordenado com o Corpo da Polícia de Segurança Pública na elaboração do programa, para evitar aglomerados de pessoas perigosos para a saúde pública, o subdirector da DST referiu que “vai manter comunicação e troca de ideias com a polícia sobre a questão”.

O responsável também adiantou que os Serviços de Saúde emitiram instruções especiais para a iniciativa. Os participantes vão ter de usar máscaras, excepto às refeições, e no início dos tours, que começam nos dois terminais marítimos (Porto Exterior e Taipa), serão efetuadas medições de temperatura. Além disso, será disponibilizado gel desinfectante.

Entre os itinerários disponíveis está uma visita ao Wynn Palace, que começa na Granja do Óscar ou Jardim Ecológico do Trilho de Plantas Medicinais para que os residentes tenham contacto com a natureza. De seguida, o roteiro vai para o SW Steakhouse onde está previsto um espectáculo, ao qual se segue a apreciação de esculturas de flores, a visita a uma suite do Wynn Palace e uma viagem no teleférico para apreciar as fontes que ladeiam o resort. Antes de terminar a excursão é servido o almoço. Para poder usufruir da refeição nas excursões, será dado ao participante um cartão MacauPass carregado com 100 patacas, que terá de ser entregue no final da excursão.

Associações | Mulheres e Sabedoria Colectiva encaram apoio como chance para inovar

A presidente da Associação das Mulheres de Macau, Lam Un Mui, tem boas expectativas em relação ao programa para apoiar o sector do turismo local e tem esperança que possibilite à população conhecer profundamente Macau e reforçar a relação entre pais e filhos.

Além disso, a dirigente associativa referiu no jornal Ou Mun que como o projecto irá recolher mega-dados isso possa representar um contributo para aquilo que chama de “desenvolvimento do turismo inteligente”.
Lam Un Mui espera que a iniciativa contribua para criar futuros produtos turísticos e aproveita para sugerir que sejam acrescentados elementos como mercados nocturnos e espectáculos de rua.

Por sua vez, o vice-presidente do Centro da Política da Sabedoria Colectiva, Chan Ka Leong, declarou ao Ou Mun que esta iniciativa pode ser usada para limpar um pouco a imagem de Macau, uma vez a reputação de cidade do jogo retira o foco do charme e do papel histórico e cultural de Macau. O dirigente refere mesmo que a própria população pode não ter essa noção da cidade onde reside.

17 Jun 2020

DSAL chamada a estaleiro devido protestos de trabalhadores

Largas dezenas de trabalhadores manifestaram-se ontem nas imediações do estaleiro das obras do novo posto fronteiriço de Qingmao, na Ilha Verde. Além de se queixarem de ordenados em atraso, alegam que o empregador lhes cobrou mensalmente uma taxa de trabalho. A DSAL acorreu ao local e está a investigar o caso

 

[dropcap]O[/dropcap]ntem de manhã, um grupo de trabalhadores do estaleiro das obras do novo posto fronteiriço de Qingmao, na Ilha Verde, veio para a rua com uma faixa improvisada a reclamar reparações do empregador. De acordo com o canal chinês da TDM, o caso envolve 63 trabalhadores não residentes que se juntaram para pedir salários correspondentes aos meses entre Fevereiro e Abril, compensação por trabalharem em feriados obrigatórios, entre outras reivindicações.

O subdirector dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), Chan Chon U, deslocou-se ao local, inteirou-se das queixas dos trabalhadores e declarou que devem apresentar as reclamações oficialmente para que se possa averiguar se estão em causa infracções às leis laborais.

No entanto, o responsável da DSAL aproveitou para dizer que se um trabalhador não conseguir apresentar-se ao trabalho por estar a cumprir as medidas impostas pelas autoridades do Continente no combate à pandemia, essa ausência é razoável, apesar de o patrão não estar obrigado a pagar salários correspondentes a este lapso temporal.

Segundo o canal chinês da Rádio Macau, os trabalhadores queixaram-se de que mesmo com os atrasos que a obra sofreu devido à covid-19, foram informados a meio de Março que deveriam regressar a Macau dentro de 90 dias.

Depois de despenderem quase uma dezena de milhar de yuans em passagens aéreas e custos de quarentena, chegaram à RAEM a meio de Abril e exigem ao empregador o reembolso das despesas efectuadas. Além desta situação, muitos viram-se na circunstância de o seu blue card ter ficado sem validade, o que os obriga a voltarem ao Interior até ao final deste mês. Também neste aspecto, Chan Chon U apontou que não existe no ordenamento jurídico da RAEM uma lei que responsabilize o empregador por despesas de quarentena dos empregados.

Taxas fantasma

Outra das reivindicações dos trabalhadores prende-se com a obrigatoriedade de pagar uma taxa mensal, de 650 patacas, ao patrão para poderem trabalhar em Macau. Os subdirector da DSAL confirmou que tal taxa não existe e que este é um caso que será investigado.

Em comunicado, apenas divulgado em chinês, a DSAL sublinha que “irá seguir o caso de perto, investigar, de forma a proteger os legítimos direitos e interesses dos trabalhadores.

A obra do novo posto fronteiriço de Qingmao, na Ilha Verde, foi adjudicada à Guangdong Nam Yue Group Corporation e a data prevista para a sua conclusão é o final de 2020. O orçamento é de 1500 milhões de patacas para a construção do edifício Sul e de 900 milhões para o corredor de ligação ao edifício Norte, da responsabilidade de Zhuhai.

16 Jun 2020

Covid-19 | Governo aperta inspecção a quem vem de Pequim

[dropcap]D[/dropcap]epois da notícia de um novo surto de infecções pelo novo tipo de coronavírus num bairro de Pequim, o Centro de Coordenação de Contingência declarou que iria fortalecer “a inspecção sanitária fronteiriça dos passageiros de Pequim” que cheguem a Macau. Pelo mesmo motivo, o Instituto para os Assuntos Municipais prometeu intensificar a quarentena sanitária de peixe importados.

As infecções foram detectadas no mercado grossista de Xinfadi, o maior da Ásia, com uma área equivalente a 156 campos de futebol, fornece mais de 80 por cento dos produtos agrícolas consumidos em Pequim, segundo a Beijing News.

De acordo com Comissão Nacional de Saúde, no sábado foram diagnosticados 36 novos casos, 15 homens e 21 mulheres. O novo tipo de coronavírus foi também detectado em 40 amostras ambientais no mercado, em superfícies como uma tábua usada para cortar salmão.

O Governo da capital impôs quarentena a 139 contactos próximos das pessoas infectadas e os mais de 10 mil trabalhadores do mercado vão ser testados. Até ontem, a vaga de testes feitos levou à detecção de mais 45 casos assintomáticos.

15 Jun 2020

Segurança Nacional | Taxistas de Macau podem ter sido pagos para apoiar lei

Cem patacas pode ter sido a recompensa dos taxistas de Macau que conduzem carros ornamentados com autocolantes de apoio à lei de segurança nacional de Hong Kong. Um líder associativo revelou que os autocolantes foram entregues pela Associação dos Comerciantes e Operários de Automóveis de Macau

[dropcap]É[/dropcap] normal, nos dias que correm, encontrar táxis a circular nas ruas de Macau com autocolantes de apoio à lei de segurança nacional de Hong Kong. Os slogans têm as seguintes mensagens: “Apoio à lei de segurança nacional em Hong Kong. Para preservar o princípio ‘Um País, Dois Sistemas’, para contrariar independentistas e traidores e para que Hong Kong e o País sejam seguros”.

O HM falou com dirigentes associativos do sector que apontam para a veracidade das notícias que referem que os motoristas foram pagos para fazer propaganda à legislação da região vizinha. O portal Macau Concealers avançou que os motoristas receberam 100 patacas para colarem o material de apoio à legislação em Hong Kong nas viaturas, notícia citada ontem pelo Canal Macau da TDM.

Na busca pela organização da iniciativa, uma entidade destacou-se: A Associação dos Comerciantes e Operários de Automóveis de Macau, que terá distribuído os autocolantes. “Foi-me dito que a Associação dos Comerciantes e Operários de Automóveis de Macau ofereceu os stickers”, revelou Wong Peng Kei, presidente da Federação dos Negócios de Táxi de Macau.

O dirigente adiantou que os seus associados também deveriam ter recebido os autocolantes, mas que não participaram na acção de apoio, porque o material remetido foi em número insuficiente.

O HM falou com um dirigente da associação que alegadamente terá distribuído os autocolantes, que não se quis identificar, mas que admitiu ter recebido algumas centenas de pacotes, com dois stickers cada um.

Quando questionado sobre quem os enviou, respondeu: “Quer saber quem ofereceu? Não sei, mas se reparar com atenção, o autocolante é semelhante ao que o Governo de Hong Kong publicou.” Em resposta à pergunta se confirmava ter sido o Executivo de Carrie Lam a enviar o material, o dirigente da Associação dos Comerciantes e Operários de Automóveis de Macau respondeu: “Não respondo à pergunta se foi, ou não, o Governo de Hong Kong que ofereceu os autocolantes”, atirou, antes de desligar o telefone.

Coincidências visuais

Quanto à semelhança dos autocolantes com outro material usado em Hong Kong, o HM encontrou um placard com design idêntico e mensagem semelhante numa fotografia da Democratic Alliance for the Betterment and Progress of Hong Kong (DAB), o partido pró-Pequim liderado por Starry Lee.

O presidente da Federação dos Negócios de Táxis de Macau, Wong Peng Kei, não considera que esta seja uma questão digna de nota. “Não tenho certeza se os autocolantes foram, ou não, oferecidos pelo Governo de Hong Kong, mas mesmo que tenham oferecido não vejo qual é o problema”, comentou ao HM.

Quanto ao pagamento para afixar propaganda, Wong volta a desdramatizar, referindo que também foram pagas cem patacas para os táxis se engalanarem com autocolantes que celebraram o 20º aniversário da RAEM.

Além das alegações que circularam nas redes sociais quanto à natureza da iniciativa como manifestação, levantaram-se também questões se constituiria um acto publicitário sem autorização. Uma fonte do sector referiu ao Macau Concelears que muitos motoristas retiraram os autocolantes por receio de cometer infracções.

15 Jun 2020

Ambiente | CPSP não autoriza habitual actividade de reciclagem

[dropcap]T[/dropcap]odos os meses um grupo de activistas de defesa do ambiente organiza estações de reciclagem em lugares públicos, para recolher lixo e sensibilizar a população para a importância de reciclar.

Porém, após notificação às autoridades, as activistas depararam-se com uma novidade: o Corpo de Polícia de Segurança Pública não autorizou, pela primeira vez, que fossem montadas as “estações de reciclagem”. Numa publicação de Facebook, Annie Lao esclareceu que “a organização da assembleia não foi autorizada, porque pode colocar em perigo a saúde pública e a segurança”.

As acções estavam marcadas para a Taipa (Ocean Garden) e no centro da Península de Macau, mas passaram para locais privados, a saber a LUSH (no Leal Senado) e Ha Wan Baptist Association (das 10h às 12h), e na Escola Portuguesa de Macau (das 15h às 17h).

Em declarações ao HM, Capricorn Leong, uma das activistas que organiza o evento, e que enviou o pré-aviso às autoridades, confessou estar desiludida, mas garante que em Julho vai fazer o mesmo pedido. Quanto à justificação apresentada pelo CPSP, à luz de outros eventos que não obtiveram autorização com a mesma justificação, a activista não quis “adivinhar a razão para a decisão”, mas compreende a defesa da saúde pública.

Aliás, a acção de sensibilização e recolha de material reciclável foi suspensa, por iniciativa das activistas devido à pandemia, entre Fevereiro e Abril, mas, em Maio o grupo organizou as estações de reciclagem, com autorização do CPSP.

11 Jun 2020

DSE | Governo pede a bombas de gasolina para baixarem preços

[dropcap]A[/dropcap] Direcção dos Serviços de Economia (DSE) pediu aos representantes dos postos de abastecimento de combustíveis para reduzirem “de forma adequada os preços dos combustíveis para veículos”, de acordo com um comunicado divulgado ontem. A reunião decorreu na segunda-feira e contou com a participação de representantes de postos da Shell, Esso Mobil, Caltex e Total.

O contacto com as empresas que gerem os postos de abastecimento surge depois do anúncio de que a Companhia de Produtos Químicos e Petrolíferos Nam Kwong reduziu 1,3 patacas por litro em relação aos preços anteriores.

A DSE destaca o papel do Governo na solicitação ao sector para que fixem os preços dos produtos petrolíferos de forma “consistente com o nível e o ritmo de ajustamento internacional”.

Foi igualmente pedido aos operadores dos postos de abastecimento que sigam o exemplo da Nam Kwong e assumam a sua responsabilidade social empresarial, com vista a estabilizar a economia e a aliviar as dificuldades da população. Solicitação que, de acordo com a DSE, é especialmente importante face ao “enorme impacto” que o novo tipo de coronavírus teve na economia local.

De acordo com a DSE, os representantes do sector comprometeram-se em “proceder à consideração activa da maior redução dos preços”.

9 Jun 2020

Covid-19 | Governo chinês nega ter escondido informação sobre pandemia

Pequim garante ter respondido prontamente à crise de saúde pública gerada pela covid-19, de acordo com um extenso relatório, divulgado no domingo pelo Conselho de Estado. O documento sublinha que a resposta aos primeiros sinais de pandemia foi rápida e decisiva, apesar das críticas que apontam falta de transparência no alerta internacional e das próprias admissões das autoridades de Hubei

 

[dropcap]“L[/dropcap]utar contra a covid-19 – China em Acção”, é o nome do documento, divulgado no domingo pelo departamento de comunicação do Conselho de Estado da República Popular da China, que sublinha o exemplar trabalho que o país fez no combate à pandemia e na cooperação internacional para o efeito.

Além do tom congratulatório, são negadas as acusações de informação suprimida sobre a propagação do novo tipo de coronavírus e afirmado que a China ofereceu ao mundo um valoroso exemplo no combate à covid-19.

A divulgação do relatório foi acompanhada por uma conferência de imprensa em Pequim onde Xu Lin, que dirige o departamento de comunicação do Conselho de Estado, afirmou que tanto o Governo Central, como a imprensa estatal, providenciaram informação extensiva atempadamente, assim que houve registo dos primeiros casos na província de Hubei.

O oficial do Governo ainda aproveitou para se queixar das campanhas de mentiras e calúnias cometidas por forças estrangeiras. Apesar de não chegar a dizer o nome “Donald Trump”, as alusões feitas por Xu pareceram responder à Casa Branca.

Na mesma ocasião, o ministro que tem a tutela da Comissão Nacional de Saúde, Ma Xiaowei, reforçou a ideia de que a China não “atrasou, de forma alguma”, a divulgação de informação sobre a doença.

O relatório apresentado pelo Governo chinês tem uma narrativa polida politicamente da pandemia, ignorando alguns dos erros iniciais que foram, inclusive admitidos pelas autoridades locais de Wuhan, o epicentro da pandemia. Ao longo de 66 páginas, é descrita a forma como as entidades locais e provinciais implementaram com confiança as instruções do Governo Central, sem mencionar que alguns dos responsáveis por estas entidades locais foram despedidos depois da propagação do coronavírus ao resto do país.

Em directo na CCTV

Um dos exemplos de informação não abordada pelo documento são as declarações à CCTV de Zhou Xianwang, dirigente máximo da autarquia de Wuhan, onde este refere que os alertas emitidos pela cidade não foram suficientes para combater a propagação do vírus. A entrevista foi atípica, não só por não ser muito normal um político ser confrontado por um órgão de comunicação oficial de forma tão agressiva, como também por ter gerado uma onda de protestos públicos contra o autarca.

Foram também levantadas questões sobre se a cidade respondeu “demasiado lentamente” para limitar a propagação da covid-19 e se a informação de que o pessoal médico também estava a ficar infectado foi partilhada em tempo útil. Outro momento de aperto para Zhou Xiangwang durante a entrevista, prendeu-se com a polémica autorização de uma festa de Ano Novo Chinês que juntou cerca de 40 mil pessoas, no auge da propagação da pandemia, e com o atraso no cancelamento de todas as festividades do Novo Ano Lunar.

“Como fomos tendo uma compreensão progressiva da situação, só agora podemos concluir que foi uma situação perigosa”, comentou o autarca em relação à forma como as autoridades de Wuhan lidaram com as festividades do Ano Novo. “Se soubéssemos ao início que o vírus se espalhava assim, e com esta gravidade, teria sido melhor usar métodos de prevenção e controlo efectivo da doença. Mas o problema é que, por vezes, não podemos prever a gravidade destas coisas”, acrescentou.

Dito por não dito

No final de Janeiro, Xi Jinping fazia um apelo ao país e às autoridades de Hubei para darem prioridade máxima à contenção do novo tipo de coronavírus. Aliás, responsáveis do Governo Central multiplicaram-se em exigências à abertura, transparência e à precisão da informação divulgada sobre a pandemia. Foram, inclusive, lançados apelos para que não se repetissem os mesmos erros cometidos no início da SARS, quando a epidemia foi mantida em segredo durante cerca de três meses, e ameaças de punições exemplares a responsáveis que não tivessem como prioridade a saúde pública.

Nada disto transparece no novo relatório sobre a resposta das autoridades à covid-19. “Enfrentando uma doença desconhecida, inesperada e devastadora, a China lançou-se determinada numa batalha para prevenir e conter a propagação. Tomando a vida e a saúde das populações como a primeira prioridade, foram adoptadas medidas extensivas e rigorosas”, pode ler-se no documento.

O livro branco também não menciona a perseguição ao Dr. Li Wenliang, que tentou alertar colegas de profissão num grupo de WeChat para as dificuldades com que se deparava no Hospital Central de Wuhan.

Quatro dias depois de ter lançado o alerta para a nova doença que, no seu entender, se assemelhava à SARS, o médico foi chamado ao departamento de segurança pública onde lhe disseram que tinha de assinar uma carta a confessar a disseminação de “falsa informação” que tinha “perturbado seriamente a ordem social”.

Outras sete pessoas foram investigadas por alegadamente espalharem rumores. Li Wenliang viria a contrair covid-19 e a morrer da doença para a qual tentara alertar a comunidade médica.

Pequim viria mais tarde a ilibar o profissional de saúde de qualquer conduta imprópria, numa admissão de erro devido à reprimenda e pressão oficial exercida sobre Li, que chegou a ser ameaçado com prisão.

Contágio diplomático

O livro branco afasta também a tese de que as relações entre a China e o resto do mundo tenham sido prejudicadas pela pandemia da covid-19.

Na apresentação do documento, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, Ma Zhaoxu, considerou que, “pelo contrário, as relações da China com a maioria dos outros países melhoraram com a pandemia”.

“Poucos países foram contra a maré da História e lançaram insanamente uma campanha de difamação contra a China, tendo fabricado rumores e disseminado o vírus político, através de todos os meios possíveis”, disse Ma, em conferência de imprensa.

A pandemia surgiu também numa altura de renovadas tensões entre Pequim e Washington. Os Estados Unidos passaram, nos últimos anos, a definir a China como a sua “principal ameaça”, apostando numa estratégia de contenção das ambições chinesas que resultou já numa guerra comercial e tecnológica. A Europa tem tentado um equilíbrio nas relações com Pequim, que considera simultaneamente um “rival” que “promove modelos alternativos de governação”, um “concorrente económico na corrida da liderança tecnológica”, mas também um “parceiro” em áreas como as alterações climáticas ou o multilateralismo, mas a pandemia parece ter complicado a relação, com vários líderes europeus a expressarem publicamente insatisfação para com Pequim.

Em causa está, por exemplo, a discrepância entre a taxa de letalidade do vírus, que se revelou ser mais do dobro em vários países europeus do que os números apresentados pela China sugeriram, ou a pressão diplomática exercida por Pequim, em Fevereiro passado, durante o pico da crise no país, contra o encerramento de fronteiras e ligações aéreas a viajantes oriundos do país, medidas que classificou então como “vírus político” e “estigmatização”.

O regime chinês, pouco receptivo a críticas externas e temendo danos sobre o seu controlo doméstico, tem respondido agressivamente, combinando campanhas de assistência médica com uma retórica nacionalista, enquanto exige demonstrações de gratidão e faz ameaças económicas.

Por dentro da OMS

Na semana passada, a agência Associated Press informou que funcionários da Organização Mundial da Saúde estavam frustrados por a China ter adiado a divulgação de informações sobre a doença em Janeiro, custando ao mundo um tempo valioso.

Uma investigação da agência, baseada em documentos internos e dezenas de entrevistas, revelou que, em Janeiro, enquanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) elogiava publicamente a China e a sua “resposta rápida” ao surto do novo coronavírus, os especialistas da agência das Nações Unidas para a saúde queixavam-se em privado da falta de informação partilhada por Pequim. Segundo a investigação, as autoridades chinesas atrasaram mais de uma semana a publicação do genoma do novo coronavírus, após vários laboratórios públicos o terem descodificado, privando a OMS de informação essencial para combater a pandemia.

No livro branco, o Governo chinês recusou estas alegações. “A China agiu sempre com abertura, transparência e responsabilidade, e informou a comunidade internacional sobre a evolução da epidemia em tempo útil”, apontou Ma. “A China rejeita categoricamente qualquer acusação desse tipo”, afirmou.

Segundo o vice-ministro, Pequim não tem planos de aliviar as restrições às viagens internacionais, apesar de ter já declarado vitória sobre o novo coronavírus. Há vários dias que o país não detecta casos de contágio local. “A China está a enfrentar crescente pressão devido às infecções importadas e não podemos relaxar”, afirmou Ma.

9 Jun 2020

Qualidade do ar degradou-se durante o ano passado

Durante 2019, Macau teve menos dias com qualidade do ar classificada como boa ou moderada, quando comparado com o ano anterior. Uma tendência que se agrava e que consta do Relatório do Estado do Ambiente 2019. O consumo de água e electricidade aumentaram, bem como os resíduos sólidos descartados. Ainda assim, o director dos Serviços de Protecção Ambiental realça o conjunto de medidas legislativas aprovadas no ano passado, com destaque para as restrições ao fornecimento de sacos de plástico

 

[dropcap]N[/dropcap]o ano passado, o Relatório do Estado do Ambiente de 2018 apontava “a pressão relativamente pesada” que Macau atravessava. Continuando a espiral descendente em termos ambientais, o Relatório do Estado do Ambiente de 2019 agrava alguns dos factores principais, tais como a qualidade do ar, o consumo de electricidade o volume de água facturada, a quantidade de resíduos sólidos urbanos descartados e a área de espaços verdes per capita.

No ano passado, o número de dias com qualidade do ar considerada “boa” ou “moderada”, de acordo com os registos das estações de monitorização, “situou-se num nível igual ou superior a 89 por cento, mostrando uma redução comparando com 2018”, indica o relatório elaborado pela Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA).

Neste aspecto, importa referir dois dados de contexto. Em 2018, o mesmo indicador apontava para mais de 92 por cento do número total de dias com o índice “Bom” e “Moderado”, o que já constituía uma diminuição dos dias com ar aceitável. Por outro lado, estes dados não significam que o ar de Macau teve boa qualidade, uma vez que as classificações locais de “bom” e de “moderado” implicam uma concentração de poluentes superior à recomendada pela Organização Mundial de Saúde, que a encara como prejudicial à saúde.

Junho e Julho foram os meses com melhor qualidade do ar ao longo de 2019, com Novembro a registar os piores índices de qualidade. Quanto ao principal poluente atmosférico, mais uma vez o ozono foi o líder dos problemas atmosféricos. “Com excepção da Estação Ambiental (Coloane) e da Estação das Áreas de Alta Densidade Habitacional (Taipa), as concentrações médias anuais de ozono registadas nas estações tiveram uma subida em diferentes graus, face a 2018”, lê-se no documento.

No que diz respeito às emissões de gases com efeitos de estufa, em 2017 aumentaram 11,4 por cento, quando comparadas com as do ano anterior, em grande parte devido ao aumento considerável da produção eléctrica. Ora, foi exactamente este factor, a produção local de electricidade, o responsável pela diminuição de 20 por cento da emissão de gases com efeito de estufa, em 2018. Neste ano, Macau produziu localmente menos electricidade do que no anterior, uma redução de mais de 60 por cento. O recuo deste indicador foi compensado pela subida de emissões produzidas pelos transportes aéreos e marítimos. A acompanhar a diminuição das emissões de gases com efeito de estufa, em 2018 verificou-se a redução de gás metano na atmosfera (- 8,6 por cento), dióxido de carbono (- 20,6 por cento), as partículas PM10 (- 25,1 por cento) e as partículas PM2,5 (- 22,2 por cento).

Em sentido contrário, as emissões de dióxido de azoto cresceram em 2018, comparando com o ano anterior, em 2,6 por cento, em larga parte por influência dos transportes aéreos e marítimos. Esta molécula é um gás que facilita infecções respiratórias e quando se encontra suspensa na atmosfera pode ter uma reacção que produz ácido nítrico, um composto que provoca um grande impacto ambiental, como a ocorrência de chuvas ácidas.

A atmosfera de Macau também registou maior concentração de amoníaco em 2018, com uma subida de 4,9 por cento, em grande parte devido à incineração e depósito em aterros de resíduos e ao tratamento de águas residuais.

Os trunfos de Tam

Para fazer face aos índices de poluição atmosférica, a DSPA propõe a implementação de “medidas de controlo da poluição do ar, para além de se apertarem os limites para as emissões de gases de escape dos veículos motorizados e se estabelecer legislações para as principais fontes fixas de poluição do ar.”

Além disso, a entidade liderada por Raymond Tam diz ser necessário aumentar o controlo da subida da quantidade de veículos, optimizar as redes de transportes públicos (incluindo transportes ferroviários), promover o uso de veículos eléctricos e reforçar a supervisão de emissões dos fumos oleosos do sector da restauração e dos poluentes atmosféricos.

Em jeito de preparação para a realidade exposta pelo relatório, Raymond Tam refere que 2019 foi um ano de intensa produção legislativa na área do ambiente. “Foram publicadas as restrições ao fornecimento de sacos de plástico, os limites de emissão de poluentes atmosféricos, as normas de gestão das instalações dos terminais de combustíveis e os limites de emissão de poluentes atmosféricos das centrais eléctricas”. Além disso, 2019 foi o ano de aprovação do regulamento de importação e trânsito de amianto e produtos de amianto, a proibição da importação e trânsito na RAEM das substâncias químicas abrangidas pela Convenção de Estocolmo sobre Poluentes Orgânicos Persistentes.

Capital do consumo

Os indicadores socio-económicos de 2019 relevaram uma ligeira queda do PIB, mas o aumento da densidade populacional teve reflexo no consumo energético em Macau. No ano passado, a subida da população e do número de turistas, fez subir o volume de água facturada, o consumo de electricidade e a quantidade de resíduos sólidos urbanos descartados.

Assim sendo, o relatório divulgado na sexta-feira pela DSPA revela que o consumo de energia por unidade de PIB em 2019 foi 5,3 por cento superior ao ano anterior.

Os sectores que ocupam a maior proporção do consumo de energia são, sucessivamente, organismos do governo e outros, comércio, sector da restauração e hotéis e consumo doméstico.

Em 2019, a energia eléctrica de Macau adquirida do exterior ocupou 86 por cento do consumo total, enquanto a electricidade produzida localmente representou uma fatia de 11 por cento. Deste valor, 8 por cento correspondeu à produção a partir de gás natural e 3 por cento da geração de energia a partir de combustíveis.

Ao mesmo tempo que se consumiu mais, o ano passado foi também marcado pela maior quantidade de resíduos recicláveis recolhidos pela DSPA e pelo Instituto para os Assuntos Municipais. No capítulo dos resíduos alimentares, o volume recolhido aumentou 24,5 por cento, os materiais de plástico para reciclagem também aumentaram 21,7 por cento. Os metais e latas de alumínio e ferro tiveram um volume recolhido que representou acréscimos de 12,6 e 2,1 por cento, respectivamente. Apenas a quantidade de papel para reciclar diminuiu em 2019, face ao ano anterior, com menos 4 por cento.

Por outro lado, foi recolhido um total de 20.039 quilos de pilhas e baterias usadas, mediante o programa “Introduzir as pilhas é muito fácil”, registando-se um aumento de 70 por cento em relação a 2018.

Quanto aos resíduos sólidos urbanos descartados per capita, Macau volta a fazer má figura face a outras regiões vizinhas. Em 2019, cada pessoa descartou diariamente uma média de 2,24 quilos de lixo, um valor que, apesar de se inferior aos 2,27 quilos de 2018, fica muito aquém do registado em Singapura (1,49 quilos), Hong Kong (1,53 quilos), Pequim (1,24 quilos), Cantão (1,02 quilos) e Xangai (0,87 quilos).

Se em terra o cenário continua negro, nas águas que circundam Macau o panorama não melhora. Em 2019, foram capturadas no mar cerca de 384,6 toneladas de resíduos sólidos, uma subida notável comparando com as 237,4 toneladas capturadas em 2018.

Também os microplásticos encontrados em duas investigações básicas na costa marítima de Macau não deixam razões para optimismo. Foram encontradas entre 69,7 e 1.790,5 partículas de microplásticos por cada metro cúbico de água na costa marítima de Macau e, entre elas, a amostra do Porto Interior foi a mais alta. Os microplásticos encontrados nas análises incluem, sobretudo, polietileno, polipropileno, poliestirenos e copolímero de ácido acrílico e etileno, entre outros.

8 Jun 2020

Jogo | Subida da receita de Maio pode ter tido “ajuda” de um apostador

Um apostador VIP de Taiwan, que ficou retido em Macau devido à pandemia, terá perdido cerca de 500 milhões de patacas, uma fortuna que representa perto de 30 por cento das receitas totais do jogo durante o mês de Maio. Um valor significativo face aos 1,76 mil milhões de patacas de receitas do mês inteiro

 

[dropcap]O[/dropcap] passado mês de Maio foi marcado por alguma recuperação nas receitas do jogo, apesar de comparativamente com 2019 este ser um ano atípico, marcado pela crise provocada para pandemia da covid-19. De acordo com dados da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), em Maio as receitas brutas dos casinos registaram uma queda de 93,2 por cento relativamente ao mesmo período do ano passado. Ainda assim, foram apurados 1,76 mil milhões de patacas no mês anterior, o que representou uma subida para mais do dobro das receitas de Abril (754 milhões de patacas).

No entanto, a recuperação relativa do jogo pode ter contado com a ajuda preciosa de um só homem. De acordo com fontes do sector, citadas pelo portal All In Media, um jogador VIP de Taiwan “contribuiu” com cerca de 30 por cento para as receitas de Maio depois de perder perto de 500 milhões de patacas.

Segundo o portal dedicado às notícias de jogo, o apostador taiwanês ficou em Macau desde Fevereiro e elegeu a sala VIP do City of Dreams. Apesar de não adiantar valores, a mesma fonte refere que durante o mês de Abril o jogador VIP “ganhou muito” no Wynn Palace.

Pingos de ouro

As medidas de prevenção da pandemia a nível fronteiriço aligeiraram, com a possibilidade de entrada a pessoas do Interior da China mediante apresentação de teste negativo de ácido nucleico. Porém, o retorno faseado da normalidade fronteiriça ainda está numa fase inicial, não permitindo o reflexo nas receitas do jogo.

Recorde-se que em Maio de 2020, as receitas brutas dos casinos registaram uma queda de 93,2 por cento relativamente ao mesmo período do ano passado. O mês passado foi mesmo o segundo pior registo desde o início do ano, já que em Abril as receitas de jogo ficaram abaixo das mil milhões de patacas (754 milhões de patacas), traduzindo uma queda de 96,8 por cento, mesmo com a ajuda do Sr. 500 milhões.

5 Jun 2020

Música | Pixies de Macau ao vivo no palco do LMA sábado às 21h30

Nascidos da frustração de não poder ver a banda de Black Francis e Kim Deal ao vivo em Hong Kong, os Ou Mun Pixels dão o segundo concerto da sua curta carreira no LMA, no próximo sábado. A interpretação dos clássicos dos Pixies vai estar a cargo de seis músicos locais, movidos pela paixão à banda de Boston. O vocalista Nuno Gomes contou ao HM como nasceu o grupo

[dropcap]A[/dropcap]í vêm os Ou Mun Pixels, a banda local de tributo aos imortais Pixies, acabadinha de se formar e com um concerto apenas na bagagem, rumo ao LMA para tocar no sábado os hinos imortais da banda de Black Francis e Kim Deal.

A estrada até chegar à Coronel Mesquita começou com um desafio, entre cervejas no OTT, depois de uma má notícia: o cancelamento do concerto de Pixies em Hong Kong, que estava marcado para o passado dia 3 de Março. “Devido à porcaria do vírus, o concerto foi cancelado. Nesse mesmo dia, perguntei ao Marco se ainda tinha o baixo e disse-lhe que devíamos trazer os Pixies a Macau”, conta Nuno Gomes, vocalista dos Ou Mun Pixels, banda que estava prestes a formar-se. “Estás maluco?” foi a questão com que o amigo respondeu. Nuno insistiu “nós vamos ser os Pixies”. Depois de desafiar Marco Man a tocar na viola-baixo as linhas de Kim Deal, ficou decidido começar uma banda de tributo aos autores de “Where is my mind”, “Debaser” e outros tantos hinos do rock alternativo do final dos 80/início dos 90.

Tomava forma o embrião do que viriam a ser os Ou Mun Pixels. A acompanhar Nuno Gomes na voz e Marco Man no baixo, a banda conta com Daniel Ricardo e João Kruss Gomes nas guitarras, Lisa Wong na voz e Pedro Lagartinho na bateria.

Com um percurso que o levou a passar por várias bandas, Nuno Gomes começou a tocar baixo ao mesmo tempo que se apaixonava pelos Pixies. “Ia para o quarto e não saía de lá enquanto não tocasse o baixo de todas as músicas. Os Pixies são algo que sempre esteve muito presente na minha vida, são a minha banda preferida.”

Saída do estúdio

Quando as versões dos Pixies ficaram maduras, à custa de treino, ensaios e horas a ouvir música, chegava a altura de passar para a partilha com o público. Mesmo a preparação trouxe muitos momentos de puro deleite musical. “Trabalhámos muito nos ensaios e foi um prazer voltar a ouvir Pixies com tanta intensidade.

Preparei-me para chegar ao palco, seria incapaz de iniciar o concerto mal preparado”, conta Nuno Gomes.

Depois de amadurecerem em privado, veio o primeiro concerto. O local para o baptismo de palco dos Ou Mun Pixels acabou por ser o The Roadhouse Macau, no passado dia 16 de Maio. Para tal, bastou filmar um ensaio da banda, com o trabalho audiovisual a cargo de Filipe Faísca.

O gerente da casa no Broadway não teve dúvidas quando viu o ensaio e convidou-os para tocar. A banda não quis nada em troca, além do jantar e bebidas, para encher o Roadhouse.

Depois da recepção mais que positiva no primeiro concerto, os Ou Mun Pixels preparam-se para “dar um grande espectáculo da melhor interpretação possível de Pixies que conseguimos”, conta o vocalista.

O concerto começa às 21h30 e a entrada custa 150 patacas, com direito a bebida grátis. O LMA que se prepare.

3 Jun 2020

CPSP | Recusado pedido de “mini-vigílias” apresentado pela Novo Macau

[dropcap]O[/dropcap] Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) rejeitou o pedido apresentado pela Associação Novo Macau para realizar vigílias até cinco pessoas em memória das vítimas do massacre de Tiananmen, em vários pontos da cidade. A decisão das autoridades foi revelada na passada quinta-feira e divulgada através de uma publicação da rede social Facebook da associação pró-democrata.

A resposta ao HM, Sulu Sou confirmou que a associação vai recorrer da decisão das autoridades para o Tribunal de Última Instância.

A proposta da Novo Macau passava por realizar vigílias com a lotação máxima de cinco pessoas em diferentes localizações, como o Largo de Santa Casa da Misericórdia, Largo de São Domingos, Largo da Sé, Largo do Pagode do Bazar, estando previsto o fornecimento de máscaras aos participantes.

A CPSP justifica a proibição com o facto de o mesmo evento ter atraído 370 participantes no ano passado e por não estar totalmente garantido que não existem pessoas infectadas em Macau com o novo tipo de coronavírus. A CPSP cita ainda os Serviços de Saúde (SS), considerando que as concentrações de pessoas podem deitar por terra o trabalho de prevenção feito até aqui e que o evento viola a Lei de prevenção, controlo e tratamento de doenças transmissíveis.

Em resposta, Wong Kin Long, membro da Associação Novo Macau considera a comparação com o evento do ano passado um argumento pouco razoável e aponta que a proibição de reuniões deveria ser uma decisão tomada apenas em último recurso e quando o risco de contágio por covid-19 é considerado sério.

Wong Kin Long argumenta ainda que a utilização de máscaras, aliada à realização de vigílias em pontos separados e com poucos participantes, numa altura em que não há casos há mais de 50 dias, é garante suficiente para manter a segurança pública. Por isso, para o membro da Associação Novo Macau acredita que existe uma intenção política por detrás da decisão.

1 Jun 2020

MNE | Comissária destaca apoio total de Macau à intervenção da APN

Shen Beili considera que todos os “todos os círculos da sociedade de Macau” são a favor da iniciativa da Assembleia Popular Nacional de aprovar a lei de segurança nacional de Hong Kong, incluindo estrangeiros residentes. Para a Comissária dos Negócios Estrangeiros em Macau a lei apenas se aplica a “um pequeno número de independentistas”

 

[dropcap]A[/dropcap] Comissária do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China na RAEM, Shen Beili, referiu que “nos últimos dias, pessoas de todos os círculos da sociedade de Macau têm expressado apoio” … à iniciativa legislativa da Assembleia Popular Nacional (APN), em legislar o regime da segurança nacional de Hong Kong, algo que gerou uma onda de condenação a nível internacional.

Num comunicado, divulgado ontem pelo Gabinete de Comunicação Social do Executivo da RAEM, Shen Beili acrescentou que “há ainda estrangeiros residentes em Macau que disseram, de forma muito incisiva, que esta acção legislativa da APN é uma resposta vigorosa ao facto de ter sido desafiado repetidas vezes o Estado de direito de Hong Kong”.

A representante contextualiza a iniciativa do órgão legislativo de Pequim com o facto de os sucessivos governos de Hong Kong não terem conseguido concluir a legislação nacional, o que não deixou a Pequim outra opção, “mas agir decisivamente”. É ainda acrescentado no comunicado que a tomada de posição do Governo Central é oportuna, imperativa e legítima, preenchendo lacunas legais e conferindo mecanismos de aplicação à segurança nacional.

Seguindo o que já havia sido dito por várias forças políticas mais pró-sistema de Hong Kong, Shen Beili referiu que a legislação “só tem como alvo um pequeno número de ‘independentistas de Hong Kong’ e aqueles que usam violência para colocar em risco a segurança nacional”. De resto, a iniciativa de Pequim visa proteger a esmagadora maioria dos residentes cumpridores da lei, é um “exemplo do Estado de Direito” e uma ferramenta facilitadora do exercício de “direitos e liberdades”.

Harmonia e pérolas

De acordo com o comunicado, a comissária descreve Macau como uma cidade internacional aberta e livre, com “crescimento galopante e melhoramento constante da vida do povo”. Facto ao qual, segundo Shen Beili, não é alheio o “consenso da sociedade inteira de Macau que a manutenção de segurança nacional é um pré-requisito importante e fundamental para garantir a estabilidade e desenvolvimento”. Isto apesar de ser uma cidade de frequentes intercâmbios internacionais, “altamente dependente do exterior”.

Em relação a Hong Kong, a comissária refere que a região está “encostada à pátria com face virada para o mundo”, e que tem muito a ganhar com o “rápido e contínuo desenvolvimento” chinês.

29 Mai 2020

China | Economia continua a cair, mas dá sinais de recuperação

As principais empresas industriais chinesas tiveram quebras de 27,4 por cento nos primeiros quatro meses do ano, segundo dados oficiais. A perspectiva não é famosa, com os mercados que alimentam as exportações chinesas fechados. Porém, um inquérito da Standard Chartered Plc mostra que a confiança das pequenas empresas começa a dar sinais de retoma

 

[dropcap]A[/dropcap] economia chinesa continua a mostrar uma recuperação lenta face ao efeito devastador da pandemia do novo tipo de coronavírus, algo que se pode verificar pelos números recentemente divulgados. Segundo o Gabinete de Estatística da China, nos primeiros quatro meses de 2020 o lucro das maiores empresas chinesas caiu 27,4 por cento, uma quebra maior que as pequenas e médias empresas menos dependentes da procura externa.

Aliás, essa realidade é demonstrada pelo recente estudo feito pela Standard Chartered Plc, que as pequenas empresas apresentaram maior confiança no mês de Maio, desde que a pandemia paralisou o país, com o aumento da produção e do volume de vendas

A produção industrial chinesa cresceu em Abril, enquanto o consumo e as importações continuam a dar sinais de retracção. A forma como estes factores vão evoluir desempenhará um papel determinante na forma como a China irá recuperar economicamente, enquanto tiver o crescimento económico anexado às exportações.

“A produção continua a comandar a retoma, enquanto a procura doméstica ganha dinamismo”, afirmam os analistas da Standard Chartered, citados pela agência Bloomberg. “Enquanto a capacidade produtiva continua a aumentar, achamos que o trunfo da recuperação económica pode ser a procura interna. Se esta crescer pode levar a uma aceleração sustentada da produção”, afirmam os analistas, sem deixarem de vincar que a procura externa continua fraca, o que põe em causa qualquer desejo de expansão económica.

Fora de fronteiras, a procura dos produtos chineses que alimenta a grande máquina de manufactura do gigante asiático continua em modo de pausa. Por exemplo, na Coreia do Sul as exportações caíram mais de 20 por cento nos primeiros 20 dias de Maio, pelo segundo mês consecutivo, com as remessas vindas da China a registarem quebras de 1,7 por cento, comparado com o mesmo período homólogo do ano passado. Como Seul divulgou mais cedo os dados do comércio externo, as instituições financeiras estão a tomá-los como referência para uma avaliação ao comércio mundial.

Apesar disso, as exportações chinesas subiram surpreendentemente em Abril, algo que foi explicado com a remessa de produtos encomendados antes da pandemia, e que só no mês passado foram enviados devido à melhoria no controlo da covid-19.

As ordens de exportação de bens vendidos por pequenas empresas continuam a contrair, mas a um ritmo mais desacelerado, de acordo com o inquérito supracitado, o que levou à subida da confiança dos gestores de vendas inquiridos.

Davides e Golias

De acordo com os dados divulgados ontem pelo Gabinete de Estatísticas da China, os ganhos no período entre Janeiro e Abril ascenderam a cerca de 161 mil milhões de euros.

Em Abril, a redução foi de 4,3 por cento, em relação ao mesmo mês do ano anterior, enquanto em Março a queda homóloga foi de 34,9 por cento e, no conjunto dos meses de Janeiro e Fevereiro, de 38,3 por cento.

A queda nos lucros da indústria na China agravou-se, depois de ter recuado 6,3 por cento, em Dezembro passado, antes do início do surto do novo coronavírus. Em 2019, comparativamente ao ano anterior, os lucros da indústria chinesa desceram 3,3 por cento, na sequência de uma prolongada guerra comercial com os Estados Unidos.

Para este indicador, as estatísticas chinesas consideraram apenas empresas industriais com receitas anuais superiores a 20 milhões de yuan.

Entre os 41 sectores analisados pelas estatísticas, 36 sofreram uma redução nos lucros, entre os meses de Janeiro e Abril, enquanto os cinco restantes aumentaram os ganhos.

Os lucros das empresas estatais caíram 46 por cento, durante o mesmo período, enquanto nas empresas privadas recuaram 17,2 por cento.

Entre os principais afectados estão as indústrias do petróleo, carvão e outros combustíveis (-213,3 por cento), reparação de maquinaria e equipamentos (-66,7 por cento), produção automóvel (-52,1 por cento) e têxtil (-19,8 por cento).

No extremo oposto, as empresas dedicadas ao tabaco (+22,6 por cento), à indústria de alimentos agrícolas e processados (+20 por cento) ou de equipamentos eletrónicos (+15 por cento) aumentaram os lucros.

O técnico de estatística Zhu Hong disse que a China está a fazer esforços para “acelerar a produção e as vendas” e que “mais e mais empresas estão a melhorar a sua situação”.

O especialista observou que as empresas chinesas em alguns sectores determinantes, como o automóvel ou o electrónico, estão a fazer progressos “significativos”. “A produção continua a ser retomada e os efeitos das políticas de apoio já se fazem sentir”, afirmou.

No entanto, “a procura no mercado não recuperou completamente, o preço dos produtos industriais continua a cair, e a pressão sobre os custos continua alta”, de modo que “o Governo deve continuar a implementar políticas que ajudem as empresas e promovam a recuperação industrial”, acrescentou.

Porcos e diamantes

Os preços da carne suína na China continuaram em queda na semana passada, com a oferta superando a procura, mostram os dados oficiais divulgados ontem pela agência Xinhua.

De 18 a 22 de Maio, o índice de preços médios da carne suína em 16 regiões monitorizadas pelo Ministério da Agricultura e dos Assuntos Rurais ficou em 36,04 yuans por quilo, um declínio de 0,8 por cento em termos semanais.

A queda nos preços ocorreu da adopção de medidas pelo Governo Central com o objectivo de aumentar a oferta do produto, incluindo o recurso a reservas de carne de porco congelada e a expansão das importações.

Para atenuar o impacto da pandemia do novo tipo de coronavírus, Pequim aumentou o apoio financeiro, incluindo subsídios e empréstimos, aos principais distritos produtores de suínos para restaurar a produção e para salvar o sector.

A produção de carne suína deverá atingir 48 milhões de toneladas neste ano, 5 milhões a mais do que no ano passado, de acordo com um relatório da Academia Chinesa de Ciências Sociais.

O Banco Popular da China (BPC), injectou ontem no sistema bancário através de operações de recompra reversa (reverse repos) 120 mil milhões de yuans para manter a liquidez.

Um acordo de recompra reversa é um processo no qual o banco central compra valores dos bancos comerciais por licitação, com um acordo para vendê-los de volta no futuro.

O banco central da China prometeu no seu relatório de política monetária do primeiro trimestre que intensificará ajustes anti-cíclicos para apoiar a economia real, que vai apostar numa política monetária prudente mais flexível e apropriada e continuará a aprofundar as reformas da taxa de juros orientada para o mercado e sistema de formação cambial do yuan.

28 Mai 2020

APN | Ho Iat Seng diz que Hengqin é ponto de paragem para Grande Baía

Ho Iat Seng participou pela primeira vez no congresso anual do Partido Comunista Chinês na qualidade de Chefe do Executivo. Em entrevista à China News Service, Ho destacou o papel de Hengqin no futuro de Macau e a forma bem-sucedida como o território lidou com a pandemia da covid-19

 

[dropcap]É[/dropcap] a primeira vez que Ho Iat Seng vai às duas sessões do congresso anual chinês na qualidade de “supervisionado”. Em discurso directo ao portal China News Service, o líder do Governo de Macau destacou a forma como o território actuou de forma rápida e decidida na contenção da pandemia do novo tipo de coronavírus e apontou a Hengqin como o futuro do território, no contexto da política de integração da Grande Baía.

Depois de uma larga temporada na Assembleia Legislativa, enquanto deputado e presidente do plenário, a participação de Ho Iat Seng na Assembleia Popular Nacional (APN) deste ano foi diferente.

“No passado, o meu trabalho era fiscalizar a acção do Executivo, hoje sou Chefe do Executivo e também sou supervisionado pela APN. Estar no outro lado inspira pensamentos diferentes sobre o rumo a tomar no futuro.” Assim sendo, Ho Iat Seng reiterou ao portal noticioso do Estado chinês que se comprometeu a governar e cumprir com a linhas de acção governativa (LAG) de acordo com a lei, uma tarefa para a qual a experiência que adquiriu na AL é fundamental. O cumprimento das LAG e o respeito pela lei serão “a alavanca fundamental para garantir o desenvolvimento sustentado em Macau”.

A dependência económica de Macau do turismo, foi outro ponto abordado por Ho Iat Seng, com a admissão de que a pandemia afectou severamente a economia local, facto que leva à “necessidade de apertar o cinto”.

“Macau foi a primeira região do país a implementar medidas como a medição de temperatura para todos os voos vindos de Wuhan, desde 1 de Janeiro. Macau é uma área de baixo risco, todos os 45 casos que tivemos já receberam alta hospitalar”, afirmou o Chefe do Executivo. Foi ainda destacada a normalidade actualmente vivida em Macau, com os residentes a regressarem ao trabalho e a retoma das aulas.

Amigos do peito

Para a retoma económica, Ho apontou ao regresso da normalidade fronteiriça. “Temos esperança que mais amigos da China e do estrangeiro venham a Macau apoiar o nosso sector do turismo.” O rombo orçamental que as medidas de apoio financeiras provocaram e a esperança de um futuro economicamente positivo foram os votos deixados por Ho Iat Seng.

A vocação de Hengqin para ser a “segunda Macau” foi outro dos pontos de relevo da entrevista do Chefe do Executivo. Os 106 quilómetros quadrados da Ilha da Montanha, três vezes maior que a área de Macau, transformam-na num inevitável “ponto de paragem” no percurso da Grande Baía.

Aí, Ho Iat Seng referiu que a construção da linha de Hengqin do Metro Ligeiro possibilita aos residentes de Macau o acesso à linha ferroviária de alta velocidade chinesa. “Esta ligação pode representar um enorme salto em frente para o Turismo e para os negócios”, realçou.

26 Mai 2020