Hoje Macau PolíticaMacau terá “destaque” no desenvolvimento económico da China [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Governo chinês afirmou que Macau e Hong Kong vão ter um papel com maior destaque no desenvolvimento económico da China e garantiu o respeito pelas leis básicas dos dois territórios. Na apresentação o XIII Plano Quinquenal da China, para o período 2016-2020, perante a Assembleia Nacional Popular (ANP), o primeiro-ministro Li Keqiang manifestou “pleno apoio” aos Chefes dos Executivos das duas regiões na sua condução das cidades “de acordo com as respectivas leis”. “Vamos dar expressão às forças distintivas de Hong Kong e Macau e elevar as suas posições e papéis no desenvolvimento e abertura económica da China”, afirmou, na abertura da sessão anual da ANP, que decorre até 14 de Março. Em relação a Macau, as linhas gerais do XIII Plano Quinquenal, segundo noticia o jornal South China Morning Post, asseguram que Pequim continuará a apoiar a estratégia local de transformar o território num “centro mundial de turismo e lazer”. Sobre Hong Kong, o documento diz que será lançado “no momento apropriado” a já anunciada fusão das bolsas de Hong Kong e Shenzen e garante apoio à aposta local nas novas tecnologias e na inovação. Na terça-feira, o porta-voz da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CPCPC) já havia afirmado que o XIII plano quinquenal da China traz “boas notícias” para as regiões de Hong Kong e Macau. “A liderança coloca grande importância e expectativas no papel de Hong Kong e Macau, enquanto planeia o desenvolvimento da China”, afirmou Wang Guoqing, citado pela imprensa estatal. Wang assegurou que o documento, que vai ser aprovado pela ANP a 14 de Março e norteará a política económica do país entre 2016 e 2020, vai “considerar as necessidades das pessoas de Hong Kong e Macau”. A proposta para aquele plano, delineada pela liderança do país em Novembro passado, “deixou claro que as regiões irão desempenhar um papel único no crescimento económico e na abertura da China”. “O Governo central vai apoiar as duas regiões administrativas especiais como sempre o fez, visando aumentar a sua competitividade”, concluiu.
Hoje Macau EventosFestival Literário | Pacheco Pereira na sessão abertura [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]historiador José Pacheco Pereira alertou para o perigo da desvalorização crescente das humanidades e matérias consideradas “não úteis”, no arranque da 5.ª edição do Festival Literário de Macau. “A aparente inutilidade das humanidades é um recuo civilizacional muito significativo”, afirmou ontem, no debate inaugural do Rota das Letras, sob o tema “Para que serve a cultura na vida do homem comum”. “Quando propus este tema foi também porque no meu país há uma discussão sobre o valor das humanidades, das matérias que ‘não são úteis'”, como o latim, a literatura clássica ou a filosofia, começou por explicar. Para Pacheco Pereira, “há uma certa ironia na maneira como se discute hoje a cultura e as humanidades por parte das pessoas dos negócios, que pressionam as universidades a ter cursos que sirvam as suas empresas”. No entanto, mais tarde, são estes mesmos empresários, já bem sucedidos, que “oferecem a si próprios e aos seus colaboradores cursos na Suíça em que vão aprender filosofia”. “Percebem que há uma série de conhecimentos que são importantes até no mundo empresarial”, comentou. Por vezes essa crítica às humanidades “é feita nas universidades”, que se mostram cépticas em relação até a “ramos da ciência que não parecem ter utilidade imediata”. Há, assim, “uma perda da ideia da universidade”, tornando as instituições “como se fossem marcas, empresas”, lamentou. “Não quero ser um apocalíptico mas (…) houve momentos na história em que se perdeu conhecimento. Não temos a certeza que a história corre sempre de maneira a que o futuro seja melhor do que o passado”, alertou, chamando a atenção para a importância de as sociedades “lutarem por um determinado tipo de vida e cultura” que valoriza o conhecimento, sob o risco que a sua “relação com o mundo fique mais pobre”. Pacheco Pereira, que dividiu a mesa com a escritora taiwanesa Lolita Hu, argumentou que a cultura tem um papel importante na vida do homem comum – que definiu como alguém para quem “o trabalho intelectual não é central” – porque o ajuda a compreender o mundo. Os exemplos, indicou, estão em todo o lado: “As séries televisivas têm tido um grande sucesso. É importante saber que o principal bandido do The Wire é uma espécie de Édipo porque apesar de tudo o que faz não consegue ultrapassar o próprio destino? É útil ou não é útil?”. A resposta surgiu afirmativa. “É útil, dá mais liberdade às pessoas e torna-as mais capazes de intervir à sua volta, quer na sua intervenção junto de amigos, quer na intervenção cívica e na sociedade”, afirmou. Historicamente a cultura é importante “para resistir à opressão”, mas é também essencial mesmo que se viva “numa sociedade democrática e livre”. “Precisamos de cultura para compreender o mundo, para compreender o que se passa”, defendeu. Tal não significa, no entanto, “que ser culto nos defenda da barbárie”, ressalvou, lembrando que “alguns dos guardas dos campos de concentração faziam parte dos quartetos de música.
Hoje Macau DesportoBenfica de Macau vence Ka I e mantém liderança O jogo começou vivo e equilibrado com bola cá, bola lá apesar do Benfica se mostrar mais assertivo nas aproximações à baliza adversária mas sem efeitos práticos quer para um, quer para o outro lado. Na segunda parte, com o primeiro golo do Benfica logo no início, o Ka I foi-se desmoronando aos poucos [dropcap style=’circle’]E[/dropcap]ra um jogo essencial para o Ka I que precisava de ganhar se pretendesse ainda manter sonhos de título, e a equipa até começou bem com mais posse de bola, o problema é que não sabia muito bem o que lhe fazer com os avançados sempre a serem mal servidos. O Benfica, com o seu futebol mais apoiado, tinha menos bola mas chegava mais perto da baliza adversária e, logo aos sete minutos, surge uma entrada perigosa de Iuri pelo lado direito área que viria a dar canto. Na sequência, um remate fora da área cruzado que por pouco não era emendado junto à baliza. Perto do quarto de hora, o Benfica já somava três cantos contra nenhum do Ka I, apesar destes até parecerem mais balanceados no ataque deixando sempre dois homens na frente, William e Fabrício Lima. É também nessa altura que surge o primeiro cartão amarelo do jogo, para Leonardo, o central do Ka I, por falta dura sobre Niki. Leonardo estava, inclusivamente a ser o jogador mais esclarecido na equipa do Ka I. O jogo, aliás, viria a ficar marcado por muita dureza de parte a parte com o árbitro, o senhor Grant, a mostrar alguma indulgência perante as entradas mais ou menos duras que se iam sucedendo. Aos 20 minutos o Ka I cria finalmente algum pânico na defesa do Benfica mas a teve pouco esclarecimento na altura de dar o melhor seguimento à bola. O Benfica, nesta fase, defendia com todos deixando apenas Niki na frente que alternava com Leo. De qualquer forma, era o Benfica que continuava a somar cantos e só pouco depois da meia hora o Ka I conseguia o primeiro remate com algum perigo. Foi por intermédio de Adilson mas a bola viria a sair ao lado. No final da primeira parte jogaram-se mais três minutos a justificar as diversas interrupções motivadas por faltas mais duras com vários jogadores de ambos os lados a necessitarem de assistência. Custou mas foi A segunda parte inicia-se com um ataque veloz do Benfica que culmina com um remate violento de Leo por cima da barra, ignorando um jogador do Ka I que estava lesionado dentro da área apesar dos gritos do treinador Henrique Nunes e dos jogadores do Kai que pedias que a bola fosse enviada para fora a fim de que o jogador pudesse ser assistido. Tal não aconteceu o que deixou o técnico benfiquista muito irritado. Aos 50 minutos era finalmente inaugurado o marcador na sequência de um canto. Centro para a área de Chi Kin do lado esquerdo, uma primeira cabeça dentro da área que serviu para amortizar a bola para um remate frouxo de Leo, rasteiro, de fora da área mas colocado, com o guarda-redes do Ka I ainda a tocar na bola mas com esta a acabar por entrar junto ao seu poste direito. O jogo continuava cheio de entradas duras para um lado e para o outro o que viria mesmo, aos 58 minutos, a resultar na lesão de Fabrício Lima, do Ka I, que seria substituído por Vinicius. Aos 60 minutos, o Ka I mostrava os dentes com um livre marcado a meio do meio campo do Benfica por Chan Pak Chun. A bola seguiu a pingar para a baliza e o guarda-redes do Benfica salva in extremis desviando por cima da barra para canto. Da marcação resultaram uma série de remates do Ka I dentro da pequena área do Benfica terminando a jogada com um cabeceamento de Leonardo por cima da barra. Aos 67 minutos, um contra ataque rápido conduzido por Filipe Aguiar termina com este a sofrer falta à entrada da área, do lado esquerdo do ataque do Benfica. Do livre sairia o segundo golo dos líderes do campeonato. Edgar Teixeira na marcação da falta enviou a bola para o segundo poste onde Leo surgiu sem marcação a cabecear para golo. Nem precisou de levantar os pés do chão tal a passividade da defesa do Ka I. O Kai I acusou bastante este golo e o Benfica aproveitou para agarrar nas rédeas do jogo com o seu treinador sempre muito interventivo a pedir aos jogadores para pressionarem alto e não deixarem o adversário sair a jogar. Aos 76 minutos novo canto para o Benfica e novo golo. Desta vez foi Niki, também de cabeça, com a bola entrar a pingar no canto superior direito da baliza do Ka I, quase parecendo que a bola ia sair por cima da barra e talvez também tivesse sido essa a sensação do guarda redes do Ka I. Mas não. Golo muito festejado pelas hostes benfiquistas que assim sabiam estar a matar o jogo. Apesar de moribundo, o Ka I ainda descobriu alguma clarividência nos minutos finais obrigando a defesa benfiquista aplicar-se e, inclusive, a cometer alguns erros mas que não chegaram para o Ka I marcar. Aos 88 minutos fica um penálti por assinalar a favor do Benfica com Chan Man a ser puxado dentro da área, mas o árbitro assim não entendeu. Chegados aos 90 foram dados mais três minutos de tempo extra por razões idênticas às da primeira parte. O jogo viria a terminar com o Ka I a tentar o golo de honra, o que não veio a acontecer. Com o apito final seguiram-se as celebrações efusivas da equipa benfiquista que, com este resultado, fica claramente mais perto do título. Seguem-se agora os jogos com CPK, Monte Carlo e Sporting onde, aí sim, o título desta época irá ser decidido. Henrique Nunes, treinador do Benfica – “Ainda não podemos pensar no título” Para o treinador do Benfica ainda falta algum tempo até que possam pensar a sério na revalidação do título porque ainda faltam jogos cruciais como os embates com o CPK e o Sporting mas, adianta, “se continuarmos a ter esta postura e a ganharmos fica mais perto, mas para já não”. Henrique Nunes voltou a queixar-se do estado do terreno mas também do calor apesar de reconhecer que “foi igual para ambas as equipas”. Todavia, o estado do relvado é mesmo a sua principal lamentação argumentando que isso “inviabilizou a equipa de apresentar um melhor futebol”. Em relação ao jogo, considerou que as coisas ficaram mais facilitadas após o primeiro golo dizendo que “a equipa soltou-se mais na segunda parte e as coisas acabaram por ficar mais simples”. Josicler, treinador do Ka I – “A direcção tem de parar de inventar” Naturalmente, foi um Josicler insatisfeito que encontramos no final do jogo. Com a equipa e com a direcção do clube. “Não podemos ter jogadores a dormir nas bolas paradas”, disse, adiantando ainda que “para mim bola parada é bola morta e não se admite tanta falta de concentração” apontado o facto de todos os golos terem sido sofridos dessa forma. Mas, para Josicler, o principal problema está a montante: “a direcção tem de perceber que para montar uma equipa é preciso perceber de futebol. Senão percebem, não inventem”, disse o treinador que não compreende como se desmancha uma equipa que foi vice-campeã no ano passado e vencedora da Taça. “Sempre escolhi os jogadores mas este ano não”, disse Josicler explicando que precisa de ter jogadores que transportem a bola com qualidade para os avançados como, por exemplo, o Benfica tem. “Perdi jogadores importantes que faziam a diferença na equipa e agora estamos a pagar o preço”, disse ainda Josicler. Em relação ao jogo, o treinador do Ka I referiu que “os atacantes estiveram muito isolados” apesar da equipa ter equilibrado as operações na primeira parte reforçando a necessidade de estabilizar o plantel como as principais equipas concorrentes o fizerem. Com mais esta derrota os objectivos agora passam por “voltar às vitórias para moralizar os jogadores”, explicou Josicler. Jackson Martinez marca na jornada inaugural da Superliga chinesa O internacional colombiano Jackson Martinez, antigo jogador do FC Porto, marcou na jornada inaugural da Superliga chinesa de futebol, ao serviço do Guangzhou Evergrande, que perdeu, por 2-1, no estádio do Chongqing Lifan. Martinez, que chegou em Janeiro à China, oriundo dos espanhóis do Atlético de Madrid, numa transferência avaliada em 42 milhões de euros, marcou no início da segunda parte, quando o Evergrande perdia por 1-0. O colombiano é a segunda contratação mais cara de sempre por um clube chinês. O clube treinado pelo brasileiro Luiz Felipe Scolari, antigo seleccionador de Portugal e do Brasil, tem vindo a dominar o futebol chinês nos últimos cinco anos, mas o crescente poderio financeiro de outros emblemas promete elevar a competição ao rubro.O primeiro golo foi marcado pelo internacional brasileiro, e antigo jogador do Benfica, Ramires, a outra ‘loucura’ do Suning – custou 30 milhões de euros. Já a equipa do único jogador português na competição, o médio internacional Rúben Micael, arrancou com uma derrota, por 0-1, na recepção ao Liaoning Whowin. A Superliga chinesa decorre até ao final de Outubro.
Hoje Macau EventosEncontro de escritores de Língua Portuguesa em Macau em 2017 [dropcap style=’circle’]M[/dropcap]acau acolherá pela primeira vez em 2017 o Encontro de Escritores de Língua Portuguesa, confirmou na sexta-feira o coordenador cultural da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA), Rui d’Ávila Lourido. Como aconteceu nas seis edições anteriores (quatro no Brasil, uma em Angola e outra em Cabo Verde), o objectivo da UCCLA é reunir em Macau escritores de todos os países lusófonos, mas também, neste caso, para que haja “um contributo para o desenvolvimento da Língua Portuguesa e no contacto com a China e com Macau”, explicou em declarações aos jornalistas. “É um outro critério que queremos deixar expresso, que seja um contributo para as relações entre os países que falam a Língua Portuguesa, a lusofonia, a cultura expressa em Português, com a China e com Macau em particular”, afirmou. Rui d’Ávila Lourido considerou que “Macau é fundamental” por representar cinco séculos de presença da Língua Portuguesa na China, que ao longo da História tiveram como resultado obras como “Peregrinação”, de Fernão Mendes Pinto, e tem hoje continuidade com, por exemplo, autores e investigadores chineses que falam Português. A UCCLA está a negociar a possibilidade de o encontro de 2017 ser feito em associação com o Festival Literário de Macau e com o apoio “das instituições que em Macau se dedicam à cultura”, afirmou. Nos seis encontros anteriores já estiveram mais de 90 escritores, incluindo cinco Prémios Camões e alguns dos “mais famosos” autores dos países da lusofonia, referiu. Rui d’Ávila Lourido apelou, por outro lado, à participação de autores de Macau no Prémio Literário UCCLA, apresentado no ano passado e que será atribuído este ano pela primeira vez. As candidaturas acabam a 31 de Março e o vencedor será anunciado a 5 de Maio, que a Comunidade de Países de Língua Portuguesa instituiu como o Dia da Língua Portuguesa. Além do vencedor do prémio, serão atribuídas oito menções honrosas – um autor de cada país ou território de Língua portuguesa será distinguido. Todas as obras premidas serão publicadas. Integram o júri nomes como Germano de Almeida (Cabo Verde), Inocência Mata (São Tomé e Príncipe), Isabel Pires de Lima (Portugal) ou José Mendonça (Angola).
Hoje Macau BrevesLaginha junta-se a Cristina Branco ao vivo O pianista e compositor Mário Laginha vai acompanhar Cristina Branco no concerto da fadista que estava já anunciado para o próximo dia 12 de Março, foi ontem divulgado. Assim, vão ambos actuar no Centro Cultural no concerto integrado no Festival Literário Rota das Letras, que arrancou no sábado com a presença do escritor José Pacheco Pereira e a projecção do filme “Cartas da Guerra”, do realizador Ivo Ferreira. A quinta edição do Rota das Letras decorre até 19 de Março e homenageia o poeta português Camilo Pessanha, no 90.º aniversário da sua morte.
Hoje Macau BrevesNovos parquímetros trazem mais rotatividade A Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) garante que, face aos novos parquímetros de uma hora, “a taxa de utilização não teve grande alteração, mas a rotatividade aumentou significativamente”, com esta a variar entre os 20 a 100% consoante os diversos locais da cidade. Segundo um inquérito realizado a condutores e lojistas, 57% disse que os parquímetros de uma hora ajudaram a aumentar a rotatividade dos lugares, sendo que 50% dos inquiridos diz apoiar a instalação de mais parquímetros deste género em zonas movimentadas. A DSAT promete instalar mais 41 parquímetros azuis, os quais custam ao utilizador uma pataca por dez minutos e seis patacas por hora. Os novos parquímetros ficarão situados na Rua de Lei Pou Chon (10), Estrada de Adolfo Loureiro (10) e Estrada de Coelho do Amaral (21).
Hoje Macau BrevesPME | Plano de incentivo a jovens empresários A Associação Industrial e Comercial de Macau vai lançar um plano já em Junho para ajudar os jovens que queiram montar o seu negócio. A informação foi avançada por Kevin Ho Kin Lun, presidente da associação, ao jornal Ou Mun. “O plano está na fase de preparação e temos um princípio de orientação para que os jovens possam participar em vários seminários e reuniões para a partilha de experiências”, referiu. Kevin Ho Kin Lun disse ainda que muitos jovens empresários pretendem abrir o seu próprio negócio com o subsídio do Governo, mas que a maioria não sabe gerir esse montante. O presidente da associação considera assim que o plano vai corresponder às medidas do Governo e fornecer mais informações. “O mercado é limitado e os jovens devem procurar mais oportunidades para os seus negócios”, rematou.
Hoje Macau PolíticaDJ Ride (feat. Capicua) – “Fumo Denso” “Fumo Denso” Tu fumas à janela, olho pra ti espelhado nela, A noite é longa e dentro dela, a chuva pinta uma aguarela Somos tu e eu, só tu e eu, tu e eu, só tu e eu… E é quando me tocas que eu sei. Eu sei. Porque é que eu ainda não te ultrapassei. E sei… Que nada eu que eu vivi ou viverei Pode ser maior que o nosso fogo e neste jogo todo és rei. O lume, o fumo, o perfume, o cheiro… O lume, o fumo, o perfume, o cheiro… O lume, o fumo, o perfume, o cheiro… O lume… o cheiro… E é quando me falas que eu sinto… Que as palavras são amargas como o tinto E esses lábios doces cor de vinho Só me mentem ao dizer “Eu não te minto”! E nesses olhos verdes absinto Eu só consigo ver um labirtinto. E é quando tu te calas que eu penso… Porque é que não és feito de silêncio? Dás-me um copo que eu dispenso Estendo o corpo e adormeço sono tenso, sonho intenso entre nós só fumo denso fumo denso… é só fumo denso… fumo denso… Dás-me um copo que eu dispenso Estendo o corpo e adormeço sono tenso, sonho intenso entre nós só fumo denso só fumo denso… fumo denso… é só fumo denso… Tu fumas à janela, olho pra ti espelhado nela, A noite é longa e dentro dela, a chuva pinta uma aguarela Somos tu e eu, só tu e eu, tu e eu, só tu e eu… O lume, o fumo, o perfume, o cheiro… O lume, o fumo, o perfume, o cheiro… O lume, o fumo, o perfume, o cheiro… O lume… O cheiro… DJ Ride OLIVEIROS TOMÁS OLIVEIRA, ANA MATOS FERNANDES
Hoje Macau China / ÁsiaHong Kong | Pequim diz que vai libertar três dos cinco livreiros Três dos cinco livreiros de Hong Kong detidos na China vão ser libertados dentro de poucos dias, após uma confissão na televisão estatal, confirmaram as autoridades chinesas às de Hong Kong na noite de quarta-feira. Num comunicado, a polícia de Hong Kong confirma a iminente libertação de Cheung Chi-ping, Lui Por e Lam Wing-kei, ainda que continue a desconhecer-se o destino dos outros dois livreiros, Gui Minhai e Lee Bo, ambos com passaportes europeus. Cheung, Lui e Lam serão libertados sob fiança devido à “boa atitude” manifestada, apesar de continuarem a ser investigados e ainda não se saber se poderão voltar às suas casas em Hong Kong ou se terão de permanecer na China continental. As autoridades acusam-nos de estarem envolvidos num caso de comércio de livros proibidos na China, uma actividade que alegadamente realizaram sob ordens de Gui Minhai, considerado o cérebro da operação. Os cinco livreiros trabalham para editoras especializadas em livros sobre pormenores sórdidos acerca do Partido Comunista e dos seus líderes, bem como batalhas internas pelo poder, e desapareceram em misteriosas circunstâncias quando se encontravam em Hong Kong, na Tailândia ou durante deslocações à China interior. Todos reapareceram sob custódia chinesa e protagonizaram confissões transmitidas na televisão estatal, uma prática habitual no país e que é muito criticada por organizações de direitos humanos, que consideram que são realizadas sob coação. Sem autorização Gui, com passaporte sueco, é dono da editora Mighty Current e tem como sócio Lee Bo, com passaporte britânico. Liu Por era gerente da empresa, Cheung Ji-ping seu assistente e Lam Wing-kei gerente da livraria Causeway Bay Books, propriedade da Mighty Current. As autoridades chinesas argumentam que Cheung, Lam e Liu enviaram 4.000 exemplares não autorizados a 380 compradores no território chinês desde Outubro de 2014, algo que teriam feito sob a ordem de Gui. Desconhece-se de que é acusado Lee, mas o livreiro explicou, na sua confissão na televisão, que se tinha deslocado à China por vontade própria para colaborar com uma investigação sobre a sua editora. A União Europeia já mostrou preocupação com a situação dos cinco livreiros, e sublinhou que, além da questão de direitos humanos, este caso põe em causa “o respeito” para com o princípio “Um país, dois sistemas”, que estipula que Hong Kong e Macau têm mais liberdades que aquelas que existem no resto da China, como é o caso da liberdade de expressão.
Hoje Macau Eventos MancheteIC apresenta programa do Festival de Artes Com o “tempo” por tema e um apelo à imaginação, o festival deste ano traz-nos mais de 100 eventos onde se inclui Shakespeare para todos os gostos, o melhor de Tang Xianzu e até dança no gelo. De Portugal, vem Manuela Azevedo a cantar num campo de ténis, de Macau Álvaro Barbosa e José Alberto Gomes propõem música electrónica sobre imagens da Antárctica e os Dóci Papiaçam voltam à carga por entre aromas de chá [dropcap style=’circle’]L[/dropcap]evar à audiência as culturas chinesa e ocidental, continua ser objectivo do IC vincando a ideia com o assinalar dos 400 anos da morte de dois nomes de relevo da literatura mundial: William Shakespeare e Tang Xianzu. “Sonho de Uma Noite de Verão”, do dramaturgo britânico, vai mesmo ter honras de abertura num espectáculo produzido pela Shakespeare Theatre Company dos Estados Unidos, voltando os textos do mestre inglês aos palcos para encerrar o FAM com uma adaptação da tragédia “Macbeth”, encenada pela companhia sul-africana Third World Bunfight, que traz uma visão do mundo na paisagem pós-colonial de África e as relações históricas e contemporâneas entre a África e o Ocidente; Tang Xianzu, o grande dramaturgo da dinastia Ming também será evocado e com duas das suas obras: excertos de “O Pavilhão das Peónias”, pela Trupe de Ópera Yue Zhejiang Xiaobaihua e a tragédia romântica Lenda do Gancho de Cabelo Púrpura, interpretada pelo reconhecido actor de ópera cantonense de Macau Chu Chan Wa entre outros talentos locais. Shakespeare para todos Para além das peças enunciadas, Shakespeare estará ainda presente neste festival com a proposta local da Godot Art Association e encenação de Philip Chan, onde três artistas (Chang Wei Tek, Ieong Pan e Sam Choy) irão interpretar, numa noite, os escritos de Shakespeare com abordagens tão diferentes como canto, representação, fala, esgrima, malabarismo e magia em linguagem do dia-a-dia, com ênfase à interacção e colaboração dos espectadores. O Teatro Laitum, de Espanha, traz uma proposta diferente que a organização apresenta como “um espectáculo difícil de explicar, mas muito divertido de interpretar!” Encenado por Toti Toronell, a proposta é a de uma acção de rua intitulada Micro-Shakespeare, produzida para o Royal National Theatre de Londres, que se propõe condensar as obras de Shakespeare em cinco peças de oito minutos. O espectador atrás da caixa de teatro irá receber instruções através do auricular e movimentar os objectos de acordo com as instruções, sem saber a razão daquilo que ele/ela faz nem aquilo que ele/ela está a fazer. Electrónica e um sonho de Chá Para além de outras actuações de artistas locais, destacam-se o espectáculo “Viagem à Última Fronteira” de Álvaro Barbosa e José Alberto Gomes com Hong Seng no piano solo e a Hong Kong New Music Ensemble. Uma produção realizada a partir de uma expedição de dez dias ao continente antárctico num antigo barco oceanográfico dos anos 70 efectuada por Barbosa e o desenhador de instrumentos musicais, Victor Gama pelas ilhas da Península Antárctica onde coligiram gravações áudio e vídeo. O espectáculo apresenta peças musicais que incluem composições electrónicas originais de Gama tocadas em instrumentos por ele desenhados e num dispositivo de som interactivo (Carrilhão de Vento Radial) inventado por Barbosa. Poder-se-ão ainda ouvir sons gravados na Península Antárctica, transportando o público para a majestosa natureza daquele território. “O mundo maravilhoso com que temos sonhado desapareceu para sempre, devido à transição, à mudança e ao desenvolvimento da sociedade moderna. Se esta história for sobre a Macau do passado que já não existe, como é que vamos enfrentar e lidar com um futuro imprevisível?” Esta é a proposta dos Dóci Papiaçám que voltam com mais uma peça em patuá de Miguel Senna Fernandes. Mais gelo e música num campo de ténis Todos conhecemos Manuela Azevedo como a voz dos Clã mas desta vez ela traz uma proposta inovadora num espectáculo criado pela própria com Hélder Gonçalves e Victor Hugo Pontes. O espectáculo chama-se “Coppia” e pretende dar início a uma viagem na qual a dança e a música jogam num campo de ténis. O termo evoca parelha, dupla, casal, par remetendo para a ideia de casal amoroso, pois tem a mesma origem de “cópula”, e a associação gráfica evidente com a palavra portuguesa “cópia” e os seus significados – réplica, reflexo, repetição. A ideia é a de explorar todas estas possibilidades com temas David Byrne, Sérgio Godinho, Gilberto Gil, Sonny & Cher, Clã entre outros. Dança também é o que nos trazem os Le Patin Libre, do Canadá, mas sobre o gelo. Um espectáculo para o Ringue junto ao Camões sugestivamente intitulado “Deslizar”, que o jornal britânico The Guardian considera “um puro ímpeto corporal de liberação e espaço.” Sob a direcção técnica de Alexandre Hamel e Pascale Jodoin como co-encenador, cinco patinadores combinam a virtuosidade da patinagem artística com a atitude da dança de rua e a sofisticação do espectáculo contemporâneo. Este programa de 45 minutos foi especialmente criado para esta que é a primeira tournée asiática do grupo e consiste de uma compilação dos mais aclamados espectáculos criados pela companhia ao longo dos últimos dez anos. De Beckett ao Japão O monólogo “A Última Gravação de Krapp”, a aclamada obra de Samuel Beckett, encenado e interpretado pelo reconhecido dramaturgo e encenador de renome mundial Robert Wilson é outra das apostas do festival a par com uma peça desempenhada por actores com deficiências cognitivas que nos é trazida pelo Disabled Theater de Jérôme Bel e o Teatro HORA, da Suíça, e que pretende revelar como aqueles, apesar das suas insuficiências, são capazes de questionar a sociedade actual bem como os modos de vida de diferentes pessoas. Do Japão chega o coreógrafo Tao Ye que lidera Teatro TAO Dance nos bailados abstractos 6&7 que exploram o potencial do corpo humano e ainda o bailado Obsessão, da autoria dos coreógrafos japoneses Saburo Teshigawara e Rihoko Sato, que pretende demonstrar como uma obsessão interna pode dilacerar o consciente. Menos papel, mais recintos O orçamento deste ano levou um corte em relação ao do ano passado, de 29 para 27 milhões de patacas, mas que Ieong Chi Kin, Chefe do Departamento de Artes e Espectáculo do IC, garante ter sido por via, sobretudo, de uma poupança em materiais impressos passando este ano a organização a apostar mais na promoção online. Ung Vai Meng, presidente do Instituto, reforçou que o corte não terá impacto na qualidade do programa e aproveitou ainda para dizer que a proposta do IC é mesmo a de “levar a cultura a toda a cidade, transfigurando cada canto num ponto de ligação cultural”. O mesmo responsável adiantou ainda que, “sendo este o primeiro festival depois do processo de reestruturação existem agora mais instalações disponíveis e a preocupação do IC em ter espectáculos diversificados para toda a gente”. Ung Vai Meng referiu ainda a disponibilidade do governo em colaborar com entidades privadas para que “aconteçam mais coisas na cidade”. A audiência prevista para o evento estima o IC será na ordem das 13,000 pessoas. O Festival tem lugar entre os dias 30 de Abril e 29 de Maio e os bilhetes estão disponíveis a partir das 10:00 horas do dia 13 de Março.
Hoje Macau DesportoFutebol | Superliga chinesa dá o pontapé de saída [dropcap style=’circle’]A[/dropcap] Superliga chinesa de futebol arrancou ontem, animada pela contratação de grandes estrelas internacionais, mas o único jogador português na competição, Rúben Micael, considera que o título será disputado apenas por “duas ou três equipas”. “Até podes ter o Messi, o Ronaldo e o Iniesta, mas se não tiveres mais oito bons jogadores é impossível ganhar o campeonato”, comenta à agência Lusa o médio internacional português. Apesar dos gastos recorde na contratação de nomes sonantes, Rúben Micael lembra que “quem faz a diferença são os jogadores chineses”. Segundo os regulamentos vigentes no campeonato chinês, no onze em campo podem alinhar, no máximo, três jogadores estrangeiros não asiáticos. “Há mais grandes craques de nível mundial que querem vir” para a China, revela Rúben Micael. “O problema são as vagas”. Por isso, o futebolista, que também já alinhou, entre outros, pelo União Madeira, Nacional, FC Porto e os espanhóis do Atlético de Madrid, acha “que eles deviam apostar mais na formação do jogador chinês”. O médio de 29 anos foi contratado no ano passado ao Sporting Braga pelo Shijiazhuang Everbright, clube sedeado na capital de Hebei, província que confina com Pequim. “Os primeiros quinze dias não foram fáceis”, recorda. O choque de viver entre uma “cultura diferente” foi, entretanto, atenuado por “um tradutor disponível 24 horas” e a “cozinha europeia que o clube faz questão de disponibilizar”. No Everbright jogam ainda um brasileiro, um venezuelano e um coreano. Milhões do oriente A China figura em 93.º lugar no ranking da FIFA. Qualificou-se uma única vez para um Mundial, em 2002, na Coreia do Sul, mas perdeu os três jogos que disputou e não marcou um único golo. No entanto, as 16 equipas que disputam a prova máxima do futebol chinês investiram este ano cerca de 331 milhões de euros na contratação de jogadores estrangeiros, mais 92% do que gastaram na temporada anterior. Naquele campo, a China bateu todas as potências desportivas do planeta. O brasileiro Alex Teixeira, contratado pelo Jiangsu Suning, por 50 milhões de euros, tornou-se o jogador mais caro de sempre no futebol chinês. O ex-avançado do FC Porto Jackson Martínez, contratado ao Atlético de Madrid pelo Guangzhou Evergrande, por 42 milhões de euros, foi o segundo mais caro. O clube treinado pelo brasileiro Luiz Felipe Scolari, antigo seleccionador de Portugal, tem vindo a dominar o futebol chinês nos últimos cinco anos. No ano passado, sagrou-se campeão após uma luta renhida com o Shanghai SIPG, conjunto orientado pelo sueco Sven Goran-Eriksson, que esteve no Benfica cinco épocas (1982/1984 e 1989/1992). Já o Jiangsu Suning, que terminou em nono lugar na época passada, promete ser também um forte candidato. Além de Alex Teixeira, aquele clube contratou o internacional brasileiro Ramires, que já passou pelo Benfica, por mais de 30 milhões de euros. O colombiano Fredy Guarín, que representou o FC Porto, rumou ao Shanghai Shenhua, enquanto o compatriota Freddy Montero, avançado do Sporting, assinou pelo Tianjin Teda, por cinco milhões de euros. O argentino Ezequiel Lavezzi, o costa-marfinense Gervinho ou o camaronês Stephane Mbia são outros jogadores pagos a ‘peso de ouro’ que se estreiam por emblemas chineses. A Superliga chinesa decorre até ao final de Outubro. Apesar do rol de estrelas a rumar a oriente não ter um impacto directo na selecção da China, já eliminada na fase de qualificação para o Mundial de 2018, Rúben Micael concorda que só se aprende com os melhores. “O jogador chinês vai-se esforçar ao máximo para aprender com os estrangeiros”, prevê.
Hoje Macau SociedadeAlunos de Macau vão participar em intercâmbios com a China [dropcap style=’circle’]M[/dropcap]ilhares de estudantes de Macau vão ser seleccionados para participar em actividades de intercâmbio na China, ao abrigo do “Programa Mil Talentos”, ao longo dos próximos três anos, lançado pelo Governo. Ao abrigo do programa, que havia sido anunciado em Novembro nas Linhas de Acção Governativa (LAG) para 2016, vão ser seleccionados anualmente mil candidatos para participarem em actividades de intercâmbio no interior da China, as quais se vão realizar em cooperação com o Ministério da Educação da China e a Federação da Juventude Chinesa. “Organizar-se-ão visitas nacionais com cariz de investigação e de intercâmbio, inclusive de estudantes universitários e do ensino secundário”, detalhou, em comunicado, o Gabinete do Porta-voz do Governo, indicando que o programa está sob a responsabilidade do Gabinete do Chefe do Executivo, cabendo à Fundação Macau coordenar contactos com escolas e associações juvenis para executar conjuntamente os programas. No âmbito do programa trienal, vão ser criados dois grupos: o grupo para escolas secundárias e o grupo aberto. No primeiro ano, 12 escolas são convidadas, a título experimental, a seleccionar grupos de alunos do secundário para integrarem as actividades, dando início a programas de geminação com escolas na China. A triagem dos alunos do ensino profissionalizante será delegada a dez grupos da sociedade civil, que actuam na área da juventude. No primeiro ano, prevê-se a participação de escolas e associações de Cantão, Zhejiang, Jiangsu e Xanghai. O plano concreto do programa e os trabalhos de inscrição serão iniciados, de forma gradual, pelas associações e escolas, estando previsto que as actividades se subordinem a temas como formação de líderes, inovação científico-tecnológica ou artes e cultura. O “Programa Mil Talentos” corresponde “a uma tentativa da RAEM de promover em grande escala o trabalho na área da juventude”, segundo o Governo. “Através da interacção com a juventude da China, pretende-se encorajar os jovens de Macau a elevarem o seu nível cultural e capacidades intelectuais”, oferecendo-lhes “oportunidades para conhecerem os desenvolvimentos mais recentes a nível nacional, incentivando-os ao desenvolvimento pessoal em paralelo com o desenvolvimento do país”, refere o comunicado oficial.
Hoje Macau BrevesFunção Pública | Membros da Comissão de Ética reconduzidos O Chefe do Executivo vai reconduzir a partir de amanhã os membros da Comissão de Ética da Função Pública. Paulino do Lago Comandante, Secretário Geral da Associação de Advogados de Macau e também membro do Conselho para a Renovação Urbana, mantém-se como presidente, ao lado de Lam Heong Sang, deputado pela Federação das Associações dos Operários de Macau, e Kou Peng Kuan, o actual director dos Serviços de Administração e Função Pública. Esta Comissão visa apoiar o Chefe do Executivo “na implementação e fortalecimento de uma cultura de transparência e integridade na Administração Pública” e a ela compete-lhe “analisar e emitir pareceres sobre os pedidos de autorização para o exercício de actividades privadas após a cessação de funções por parte do pessoal da Função Pública”, bem como emitir recomendações, conselhos e orientações relativas à conduta dos trabalhadores.
Hoje Macau h | Artes, Letras e Ideias“O Livro do Desassossego” chega a Londres * Por Michel Reis “O coração, se pudesse pensar, pararia.” [dropcap style=’circle’]”[/dropcap]Van der Aa: The Book of Disquiet”, o espectáculo multimédia do holandês Michel Van der Aa, foi apresentado nos dias 24 e 25 de Fevereiro em Londres, no qual a maestrina portuguesa Joana Carneiro dirigiu a London Sinfonietta, uma das mais conceituadas orquestras sinfónicas britânicas. Com base nos escritos autobiográficos de Bernardo Soares (“semi-heterónimo” de Fernando Pessoa, segundo o próprio), a peça, apresentada pelo Southbank Centre, subiu ao palco do Teatro Coronet numa versão inglesa, com o actor Samuel West a fazer de Bernardo Soares. Esta peça de teatro musical para actor, agrupamento e filme foi apresentada pela primeira vez na língua alemã, em 2009, em Linz, ano que a cidade alemã foi capital europeia da cultura. Em Fevereiro de 2010 chegou, na sua versão portuguesa, à Casa da Música no Porto, com João Reis como protagonista. O espectáculo de Van der Aa é descrito como um misto de representação com música e vídeo no qual, entre outros, a fadista Ana Moura está presente. Joana Carneiro, maestrina titular da Orquestra Sinfónica Portuguesa, no Teatro Nacional de São Carlos e tida como uma das melhores regentes do mundo, conta já com uma larga experiência internacional. Em 2009, foi nomeada directora musical da Berkeley Symphony, nos Estados Unidos e Maestrina Convidada da Orquestra Gulbenkian. Seguiram-se concertos com algumas das melhores orquestras de França, Canadá, Espanha, Suécia, Nova Zelândia e Austrália. VII-1 Van der Aa escreveu o seu próprio libreto a partir do livro de Pessoa, a maior parte dito pelo actor, sentado a uma secretária. Ecrãs de vídeo em volta deste oferecem imagens filmadas de outras personagens mencionadas nos textos: um major reformado, um varredor de ruas e uma rapariga com que Soares sonha depois de a ver numa litografia; chama-lhe Ofélia e é retratada em filme pela cantora de fado Ana Moura. Estes seus alter-egos interferem de modo crescente até que surge um diálogo virtuoso entre o actor e os heterónimos, que a seguir desaparecem gradualmente. Os temas explorados nos escritos de Fernando Pessoa complementam as ideias exploradas no trabalho de Michel Van der Aa. Tal como as suas obras recentes exploram a ideia de identidade, o Livro do Desassossego de Pessoa está escrito na perspectiva do alter-ego de um guarda-livros chamado Bernardo Soares. Pessoa cria diferentes personagens para tornar visível um diálogo interior. Cada um dos heterónimos tem a sua própria biografia, língua e origens, diz Van der Aa. É adequado, então, que estas personagens fracturadas tenham as suas próprias identidades musicais, pelo que o compositor considera The Book of Disquiet como uma das suas partituras mais coloridas. Van der Aa descreve os escritos de Pessoa como densos, bastante pesados e por vezes sombrios, mas cheios de sagacidade e explora as implicações das ideias do poeta na era moderna. Refere ainda que, na realidade, o protagonista não vive; ele escreve sobre os seus amigos ou fala com eles em sonhos porque dessa forma pode afastar-se deles. Não é capaz de se ligar ao resto do mundo. A concluir, refere que o ecrã do computador é a janela e alguns de nós vivemos no Facebook em vez de em pessoa. Apropriadamente, o compositor concebeu a obra multimédia como um todo em vez a separar nas suas componentes. As diferentes componentes sempre lhe surgem em paralelo uma às outras – quando está a escrever a música pensa no que está a acontecer no filme ou no palco e como estas camadas se encaixam umas nas outras. Refere que não é uma peça com música de fundo – é teatro musical. A música conta a parte da história que o texto não conta e tudo se encaixa. O Livro do Desassossego é considerado uma das maiores obras de Fernando Pessoa. É um livro fragmentário, sempre em estudo por parte dos críticos pessoanos, tendo estes interpretações díspares sobre o modo de organizar o livro. Existe uma versão resumida do mesmo, com os trechos mais belos e representativos da obra, intitulada Palavras do Livro do Desassossego. Uma das estudiosas de Pessoa, Teresa Sobral Cunha, considera que existem dois Livros do Desassossego. Segundo esta última, que organizou em conjunto com Jacinto do Prado Coelho e Maria Aliete Galhoz a primeira edição do livro, publicada apenas em 1982, 47 anos depois da morte do autor, existem dois autores da obra: Vicente Guedes numa primeira fase (anos 10 e 20) e o já referido Bernardo Soares (final dos anos 20 e 30). Já outro estudioso de Pessoa, António Quadros, considera que a primeira fase do livro pertence a Pessoa. A segunda fase, mais pessoal e de índole da escrita de um diário, é a que pertence a Bernardo Soares. Quando Fernando Pessoa morreu em 1935, deixou uma arca cheia de escritos incompletos e não publicados, entre os quais estavam as páginas que constituem a sua obra-prima póstuma, O Livro do Desassossego – a autobiografia do seu semi-heterónimo Bernardo Soares. Mais de três décadas depois de ter sido revelada ao mundo, a partitura de Michael Van der Aa transforma a colecção de vinhetas de sonho e anedotas autobiográficas de Pessoa numa obra hipnótica que combina a palavra falada, com música, electrónica e vídeo, examinando a verdadeira natureza do sempre inapreensível ego.
Hoje Macau BrevesMAM | Instalação de artista local na Montra de Arte O Museu de Arte de Macau (MAM) inaugurou na passada semana a instalação “Abraços Contidos” de Ella Lei, uma artista local da geração pós-1980 formada em Design Multimédia pelo Departamento de Design da Escola de Artes do Instituto Politécnico de Macau. Esta exposição insere-se na iniciativa “Montra de Arte de Macau”, que o MAM realiza desde 2012 com o objectivo de incentivar a criação e promover o desenvolvimento da arte contemporânea em Macau, oferecendo aos artistas um espaço expositivo e uma plataforma de intercâmbio. Natural de Macau, Ella Lei tem ainda um diploma em Design de Moda e trabalhou quatro anos como designer de animação freelancer, tentando combinar ilustração e moda nos eventos em que participou. Actualmente, participa activamente em exposições de vários tipos e em actividades da moda, encontrando-se agora a preparar o lançamento da sua marca “ella épeler”. Para a artista “a sociedade é como uma teia de aranha com diferentes regras e sistemas e as pessoas que vivem nessa teia têm uma lógica própria. No subconsciente, todos defendem aquilo que são e em que acreditam”. Nesse sentido, esta instalação é uma fusão de escultura em forma de mãos e pintura e, nas ilustrações, frágeis animais são formados por mãos pintadas, pretendendo expressar, em tom sarcástico, a co-relação entre protecção e restrição e a subtil relação entre homens e animais. A exposição estará patente até ao dia 10 de Abril no MAM entre as 10h00 e as 19h00, todos os dias menos à segunda-feira. A entrada é livre aos domingos e feriados e paga-se cinco patacas nos restantes dias.
Hoje Macau BrevesLivros | No trocar é que está o ganho Integrada na “Semana da Biblioteca de Macau 2016”, as Bibliotecas Públicas lançaram desde ontem um programa de “Troca de Livros”. A iniciativa destina-se a promover a leitura e a incentivar a criação de novas amizades, bem como a partilha de recursos entre os cidadãos amantes da leitura, informa o Instituto cultural (IC). O período de recolha decorre até ao dia 17 de Abril e nos dias 23 e 24 de Abril os cidadãos residentes devem deslocar-se ao Edifício do Antigo Tribunal, onde poderão obter um valor equivalente aos livros entregues. Estes serão contados e classificados de acordo com o seu preço original, sendo atribuído um ponto por cada dez patacas. Vedados a este programas de troca estão todos os livros didácticos, cadernos de exercícios, revistas, publicações pornográficas, religiosas, banda desenhada, sobre tecnologias de informação e periódicos publicados há mais de um ano, livros turísticos publicados antes de 2014, materiais audiovisuais, publicidade, livros e periódicos não originais (que violam os direitos de autor), livros danificados ou sujos, colecções incompletas e livros com inscrições no seu interior.
Hoje Macau BrevesCineastas locais na Hong Kong Filmart É o mais importante mercado de cinema na Ásia e um dos principais no mundo e, pela primeira vez, as empresas de produção de cinema locais foram convidadas pelo Governo da RAEM a lá apresentarem os seus trabalhos e serviços depois de, no ano passado, o Instituto Cultural (IC) ter promovido uma visita de um dia. Este ano serão 12 as empresas presentes e terão direito a uma posição dentro do stand que a Direcção dos Serviços de Turismo irá colocar no local. Aquelas serão responsáveis pelas despesas relacionadas com viagens, estadias e alimentação, mas a entrada e o espaço na feira serão suportados pelo Governo. A acção é coordenada pelo departamento de Indústrias Culturais do IC. A 20ª edição da Hong Kong Filmart decorre no próximo mês de Março, de 14 a 17, no Hong Kong Convention and Exhibition Center.
Hoje Macau BrevesIC | Abertas candidaturas para Bolsas de Investigação Começou ontem e termina no dia 31 de Maio o prazo para a apresentação de candidaturas para as Bolsas de Investigação Académica do Instituto Cultural (IC). Estas bolsas têm como objectivo estimular o desenvolvimento de estudos académicos originais sobre a cultura de Macau e intercâmbio cultural entre Macau, a China e outros países. O programa é acessível a doutorados e investigadores locais ou estrangeiros, com comprovada experiência de investigação académica e que tenham produção “de nível reconhecido”. As candidaturas podem ser apresentadas pessoalmente ou via correio registado com aviso de recepção. Os montantes fixados pelo IC são de 280 e 250 mil, com base nas credenciais académicas do candidato e no conteúdo do respectivo projecto de investigação. O regulamento, respectivo boletim de inscrição e plano do projecto de investigação estão disponíveis na página electrónica do IC.
Hoje Macau h | Artes, Letras e Ideias3. A viúva * por José Drummond [dropcap style=’circle’]N[/dropcap]ão vale a pena gritares ou chorares ou pedires para que tenha piedade. Não se trata de isto ser lógico ou de ser o destino ou de haver possibilidade de mudança. Estás aqui neste momento sem te poderes mexer e eu sou a viúva. É assim o nome pela qual sou tratada. Está tudo pintado. Todas as paredes. Sim, todas as paredes e o tecto também. Está tudo branco e apenas as folhas das plantas em verde criam sombras. Esta é uma harmonia própria que quero que sintas antes de fazer aquilo que tenho que fazer. E o macio arredondado do sofá à tua frente com padrões de ondas do mar nunca o irás sentir. Esse sofá será para o meu cliente se sentar. Não vai ser fácil, e vai demorar tempo. Mas percebe que isto te vai acontecer. Tudo o que tens a fazer é aceitar. Desta vez aquilo que sabes de ti vai desaparecer. E nenhuma cirurgia plástica te salvará. Nenhum novo nome. Nenhuma nova terra. Considera que este é o momento de redenção. Livrares-te de todas as tuas posses. De todo o teu passado. Não te vais tornar outra pessoa. Serás a mesma pessoa. Como sempre fostes em cada mudança de rosto. Em cada mudança de nome. Em cada mudança de terra. Mas claro que serás compensado. Quanto de descobrirem serás notícia e as pessoas irão falar de ti. Como nunca falaram antes. Eu serei responsável por tudo. Como te disse antes não tens nada a perder. O teu trabalho. Os teus nomes. As tuas vidas. Todas as tuas esperanças. Nada disso significa algo agora. E o teu rosto não importa. Eu vou apenas trabalhar a parte de cima da cabeça. Vi-te estremecer. Sinto-te confuso. Sinto a energia do teu cérebro. Imagino que te perguntes se aquilo que te vai acontecer será uma mudança para melhor? É tudo o que quiseres. Lembra-te apenas neste momento que eu sou conhecida como a viúva. Lembra-te apenas que esta minha expressão sombria está de acordo com o desejo de alguém que quer que existas sem saberes quem és. Não me perguntes quem é. Nunca sei quem é que me contrata. Depois de fazer aquilo que te tenho que fazer irei-me embora e o cliente irá sentar-se nesse sofá com padrões de ondas do mar, e ficará contigo o tempo que quiser para confirmar que o meu trabalho foi bem feito. Por esta altura já deves saber porque estás aqui. Lembras-te da tua mulher? Lembras-te quando ela viu a plantação de chá naquelas férias no Japão? Uma tristeza infinita se esboçou na sua alma. Tu deste ideias de não notar, mas a verdade é que sabias que toda aquela melancolia tinha origem no coração. No que ela deixou para trás para cumprir o desejo dos pais. Mas tu já sabias da melancolia dela e foi para teres certeza que a levaste aos campos de chá. Era uma tarde de primavera e o sol ainda não estava muito brilhante. Viste os olhos dela apagarem-se quando lhe apertaste o pescoço. Ainda hoje te perguntas se poderias ter escapado o destino. Aquele romance que nunca conseguiste ter. Quantas vezes imaginaste as longas conversas na cama que ela e ele tiveram? Quantas vezes quiseste ser ele? Lembras-te dessa tarde onde, arredondados, os lábios dela empalideceram? Ainda vamos demorar um pouco. Tens que perceber que ninguém te virá socorrer. Seria interessante se conseguisses esboçar um sorriso. Em condição de canto do cisne. Devo dizer-te que não vejo qualquer obstáculo em relação à cirurgia plástica. Mas neste caso não te vai ajudar. Se tivesses mantido o teu rosto original ainda poderia ser que alguém te reconhecesse e viesse ao teu encontro quando te encontrarem. Eu sei que o facto de teres feito cirurgia não foi por uma recusa de gosto em relação ao teu rosto. Eu pessoalmente nunca gostei do meu mas também nunca tive uma ideia concreta de que rosto gostaria. Mas, como te digo, não tenho nada contra o teu. Ou contra os teus rostos. Outra coisa que não tens que te preocupar é que não vai perder amigos. Afinal toda a gente pensa que morreste com a tua mulher no Japão. Simulaste bem o suicídio em conjunto. Mas eu sei a verdade. Aquele corpo do homem não era o teu. Eu tenho muitas vidas passadas. Vidas das quais não sabes nada. Eu sou a viúva e ninguém pode mudar aquilo que é suposto eu fazer com casos como o teu. Eu tive dois filhos. Um menino e uma menina. Ele era cinco anos mais jovem que ela. Ele desapareceu há já muito tempo. Em relação a ela falaremos mais tarde. Eu e o meu filho tivemos os nossos problemas mas tudo estava bem até ele vir a saber que a mulher que amava tinha morrido. Não me interpretes mal. Isto que te vai acontecer não é uma vingança pelo meu filho. Isto que te vai acontecer tem que acontecer porque alguém quer que aconteça. Espero que neste momento já tenhas percebido. Isto vai beneficiar toda a gente incluindo tu. Claro que todos as cabeças das pessoas são diferentes até certo ponto. Qualquer coisa que não será contrário às leis da natureza. Estarás ciente de que apesar de tantas mudanças de rosto e de tantas formas diferentes na colocação das sobrancelhas houve coisas que não mudaram. As nossas cabeças não são produzidas numa fábrica, de acordo com normas estabelecidas, mas posso dizer-te que o cérebro ocupa uma zona específica. As diferenças, que foste alternando no teu rosto, foram muito além dos limites do senso comum. Mas não te preocupes. Esse desequilíbrio, óbvio para qualquer pessoa, não irá incomodar em nada naquilo que te irá acontecer. Mas antes de passarmos à fase seguinte quero que prestes atenção ao que te vou mostrar. “Bem-vindo ao telejornal. Após o assassinato de um mulher grávida na zona da Areia Preta um caso semelhante veio à tona na Vila da Taipa. Uma mulher grávida de 32 anos foi morta e o seu feto foi lhe retirado do corpo. A polícia suspeita que os dois casos estão ligados. Na casa de banho da mesma casa, a polícia encontrou também um homem de 54 anos com queimaduras do quinto grau. O homem foi declarado morto à chegada ao hospital e ainda não se sabe se tinha alguma relação de parentesco com a mulher assassinada. Entretanto em relação à mulher encontrada ao redor da ponte não existem desenvolvimentos na investigação.”
Hoje Macau h | Artes, Letras e Ideias“Camarada Obamao, ou como os chineses vêem o Presidente americano!” 奥观海 * por Julie O’Yang O Camarada ObaMao nasceu no Hawai a 4 de Agosto de1961. Tem como segundo nome GuanHai (a ver o mar), mas tem vivido com o pseudónimo de Barack Hussein Obama II [dropcap style=’circle’]A[/dropcap]transcrição que acabámos de ler é uma das muitas versões que circulam em sites da República Popular da China sobre a vida de Barack Obama. A ideia geral pode ser resumida desta forma: “O Camarada Oba Mao está connosco! Descendentes do Dragão de todo o mundo, mantenham a calma!” E o que é que isto quer dizer? Para a maior parte do povo chinês o Presidente americano é uma figura longínqua que não faz parte do seu dia a dia. É um assunto que verdadeiramente não interessa, afinal de contas a América não é a China e a expressão “eleições presidenciais” é assim uma espécie de… conceito alienígena. Ou por outras palavras, conversa fiada. Mas como já devem ter reparado, gostam de se meter com o Obama. Chamam-lhe “奥观海”, “Obama de Olhos Fixos no Mar”, insinuando ironicamente, que é um mandatário chinês disfarçado – o nosso Candidato Manchu. Existem muitas piadas deste género, algumas são ainda mais astutas e engraçadas. Durante a primeira visita à China em 2009, Obama recebeu das mãos de um general do Exército Popular de Libertação um manuscrito onde estava inscrito “观海听涛”. 观海听涛 significa literalmente “Olhar o Oceano e Escutar as Ondas”, que ilustra uma forma muito calma e descontraída de gerir as situações. É um cumprimento convencional e muito antigo, mas é também algo correcto e simpático de se dizer. Mas alguns miúdos gostam de tirar as palavras do seu contexto e dizem que o Obama é “观海对面的家,听涛哥哥的话”: “De olhos fixos no lar do outro lado do mar, escutando tudo o que Hu Jintao tem a dizer” (o último caracter “tao” do nome de Hu quer dizer ondas). Topam? Às vezes pergunto-me como é que será estar na pele da filha do actual Presidente Xi Jinping? Sabemos que se formou em Maio de 2014 em Harvard. A maior parte dos colegas não fazia ideia de quem ela era. É muito discreta, tem um pequeno grupo de amigos e não produziu grande impacto, nem na Faculdade, nem nos outros estudantes. Passo a citar um excerto de um artigo do New Yorker, https://bit.ly/1c16hWC, que resume em poucas palavras a sua passagem por esta escola: …Estudou Psicologia e Inglês sob um nome falso. A sua verdadeira identidade era apenas conhecida de alguns membros da Administração e dos poucos amigos chegados — menos de dez.” palavras de Kenji Minemura, correspondente do Asahi Shimbun, que acompanhou a estadia da filha do Presidente Xi na América desde o início. Donde se conclui que não foi nem uma estudante brilhante, nem alguém de quem os outros se lembrem. Nasceu filha de um presidente “vermelho”, só isso. Para a próxima vou escrever sobre as mangas “sagradas” adoradas na China nos anos 60 e as suas misteriosas relações com a Preciosa Consorte, a Senhora Yang, da época imperial. Antes de me ir embora, peço-vos que vejam este vídeo que descobri no Youtube: https://bit.ly/1WKIMCj
Hoje Macau Eventos MancheteAssociação dos Amigos do Livro é reactivada hoje com uma série de debates “Conversas sobre o Livro” é uma série de seis conferências que pretendem trazer a literatura de Macau para a ribalta. O pontapé de saída será dado na Fundação Rui Cunha por Tereza Sena que falará do património literário da cidade e da necessidade de o classificar. “Nem imaginam a procura que existe pelo mundo fora sobre o corpus literário de Macau”, diz-nos, enquanto sonha com uma base de dados que “nos ajude a ler-nos uns aos outros” [dropcap style=’circle’]E[/dropcap]nvolver editores e autores e promover a literatura de Macau dentro e fora de portas é o grande objectivo da Associação Amigos do Livro (AAL), fundada em 2005, mas que volta agora a ser reactivada. Com o editor livreiro Rogério Beltrão Coelho na liderança, a Associação quer potenciar a importância de Macau como ponte cultural entre o Ocidente e a China, incentivar o interesse pelo livro e pela literatura e contribuir para a melhoria da qualidade literária. A organização de palestras, como a que hoje se realiza na Fundação Rui Cunha, intitulada “Património Literário de Macau: Abordagem, Propostas e Projectos”, é uma das ferramentas a utilizar. E os responsáveis começam pelo princípio, ao debaterem a catalogação e identificação do espólio literário do território. No último trimestre, projecta-se uma “Semana do Livro de Macau em Portugal”. “Há imensas pessoas de todo o mundo que procuram diariamente informação literária de Macau pelas mais diversas razões”, revela Tereza Sena, investigadora do Centro de Estudos das Culturas Sino-Ocidentais do Instituto Politécnico (IPM) e convidada a orientar a conversa desta noite. Para a académica, é necessário promover uma “chamada de atenção para todo o corpus literário de Macau” pois, salienta, “é um património valioso e com imensas aplicações diferentes, da complementação do património construído à própria definição de uma política cultural”. Para Tereza de Sena, a compilação deste património escrito é um trabalho que urge ser feito e, explica, “pode ser abrangente e atingir tudo o que foi escrito em Macau e sobre Macau ou pode limitar-se a uma visão mais restrita, ao que chamamos de literário: a escrita criativa, a narrativa, etc.”. A professora, todavia, preferia não colocar restrições e avançar para a catalogação mais abrangente possível avisando, contudo, para a necessidade de um apoio institucional sólido pois trata-se de um trabalho de grande fôlego que precisa de pessoas, tempo e recursos. Todas as línguas e todas as histórias Macau é conhecido mundialmente pelo jogo mas, alerta Tereza Sena, “há imensas histórias interessantes que podiam e deviam ser reveladas”. Salientando o facto de Macau ter sido um importante entreposto comercial e cultural desde o séc. XVI, a responsável diz que existirá muita informação dispersa que deveria ser coligida “em todas as línguas”, diz Tereza Sena, prevenindo que esta ideia não tem “qualquer visão étnica mas sim a do levantamento de um corpo documental, ou textual, que pertence a Macau”. A este respeito, mostra-se mesmo muito curiosa sobre os “tesouros que existirão para descobrir nas diversas línguas asiáticas”. Para Tereza Sena seria importante ter toda essa informação mais centralizada, mais acessível e a responsável manifesta um desejo: “que a partir daí nos pudéssemos começar a ler uns outros e a falarmos entre comunidades”. Promover em casa e lá fora “A produção literária em Macau é curta porque não há incentivos”, diz-nos Rogério Beltrão Coelho, o presidente da AAL. Daí que os grandes objectivos sejam a criação de condições para potenciar a actividade editorial em Macau, seja pela instituição de apoios financeiros para produção e divulgação e mesmo a organização de concursos porque, para Beltrão Coelho, “o que a literatura de Macau necessita para crescer é de ser conhecida no exterior”. Para o responsável da AAC “falta exposição mediática” e este manifesta a necessidade de pensar de forma diferente e inédita, daí que surja esta Associação que pretende reunir autores e editores tanto de língua portuguesa como chinesa. Na perspectiva de também editor há falta de envolvimento das entidades oficiais que considera serem muito mais participativas no passado: “antigamente o governador ou o presidente do Instituto Cultural estavam presentes e isso dava outro valor às coisas, arrastava pessoas”, diz. Essa ausência, no seu entendimento, é uma das razões pelas quais antes estariam cem ou 200 pessoas no lançamento de um livro e agora apenas umas 20. Mas Beltrão Coelho também aponta o dedo à comunidade pois, segundo o dirigente associativo, “as pessoas hoje vivem em pequenos clãs, em pequenas tribos e normalmente reúnem-se apenas para as coisas às quais o seu o seu grupo está ligado. Não há o sentido de comunidade que existia antes”, afirma. Livros que morrem à nascença Em relação aos hábitos de leitura em Macau, Beltrão Coelho reconhece que precisa de estudos para os perceber falando mesmo na necessidade de se efectuar uma sondagem que os revele e se as pessoas estão, por exemplo, mais inclinadas para os suportes digitais ou para a edição clássica em papel. De uma coisa, no entanto, tem a certeza: “há livros que morrem à nascença”, diz, adiantando que “as editoras privadas ainda tentam fazer alguma coisa mas muitos dos lançamentos institucionais acabam no armazém”. “Falta promoção”, garante Beltrão Coelho, que diz mesmo que muitas vezes esses livros nem chegam às livrarias: “passado um dia ou dois do lançamento vai-se à livraria e o livro não só não está lá como provavelmente nunca irá estar”, revela. A primeira das cinco “Conversas sobre o Livro” previstas acontece hoje pelas 18h30, na Fundação Rui Cunha. A entrada é gratuita e terá tradução simultânea em Cantonês.
Hoje Macau Manchete SociedadeBispo de Macau preocupado com futuro da Universidade de São José A USJ não poderá ainda receber alunos da China e isso está a preocupar o novo Bispo de Macau, que vê o futuro da instituição católica como duvidoso [dropcap style=’circle’]O[/dropcap]novo bispo de Macau está preocupado com o futuro da Universidade de São José (USJ) que, pela sua matriz católica, não é autorizada a receber alunos da China o que, considera, pode pôr em risco a viabilidade da instituição. “Não vejo nenhum motivo para nós, sendo uma universidade católica, estarmos a ser assim discriminados, sabendo-se perfeitamente que todas as universidades [de Macau] dependem dos alunos da China continental. A não ser que o objectivo seja que a nossa universidade feche. Rezo a Deus que não seja o caso”, alertou Stephen Lee, em entrevista à agência Lusa. “Tal é permitido a outras universidades. Porquê esta discriminação? Não fiquei contente com esta situação”, sublinhou. Há muito que a USJ negoceia com o Governo Central para poder receber alunos da China continental, que representam parte significativa do corpo estudantil da maioria dos estabelecimentos de ensino superior de Macau. Contudo, apesar de a universidade ter manifestado optimismo no passado, voltou a receber uma recusa na semana passada, conforme adiantou o Gabinete de Apoio ao Ensino Superior ao HM, referindo que o Ministério da Educação da República Popular da China não aceitou o pedido. “Quando ouvi que havia uma possibilidade fiquei muito feliz. Mas agora, ao saber que houve novamente um não, fiquei muito chateado. É muito injusto para nós. A única razão em que consigo pensar é por sermos católicos. É óbvio, não é?”, lamentou. A USJ pertence à Fundação Católica, uma organização presidida pelo bispo e instituída pela Universidade Católica de Portugal e pela Diocese de Macau. Voz activa O novo bispo de Macau, que tomou posse em Janeiro, defende ainda que a Igreja Católica deve ter uma voz activa na sociedade e promete pronunciar-se contra as injustiças que vier a identificar no território. “Quando a Igreja vê que o Governo, ou seja quem for, falha em olhar pelas pessoas, deve pronunciar-se. Nas coisas que dizem respeito à vida das pessoas, a Igreja tem o papel profético de agir como a voz de Deus, de falar contra as injustiças e as coisas que estejam mal na sociedade”, disse o antigo bispo auxiliar de Hong Kong. Olhando para Hong Kong, uma cidade onde a tensão entre a população e o Governo (local e central) não pára de aumentar, Stephen Lee salienta a importância de a Igreja “acompanhar os jovens” de modo a que “não se sintam negligenciados”. “Sentem-se frustrados. A Igreja tenta ajudá-los a ter mais esperança, apesar de não gostarem do Governo”, disse. Em Macau, “não há muito este sentimento”, “mas se, no futuro, houver algo, a Igreja vai falar”, garantiu ainda. Apesar de defender uma postura interventiva, Stephen Lee rejeita que a sua vinda de Hong Kong para Macau possa, de alguma forma, prejudicar as relações da diocese com Pequim. “Não há qualquer intenção do Santo Padre de importar o modelo de Hong Kong para aqui, até porque não existe um modelo de Hong Kong. O modelo da Igreja de Hong Kong não é o de permanente conflito com o Governo ou com a China. Isso não é a diocese de Hong Kong. Eu vim de lá e sei”, defendeu. Stephen Lee elogiou ainda as tradições e os edifícios católicos de Macau, deixados pelos portugueses, considerando que são “um tesouro da diocese”.
Hoje Macau EventosTeresa Costa Gomes inicia aulas de Meditação na Casa de Portugal Desmistificar o processo da meditação e partilhar o seu conhecimento são os grandes objectivos de Teresa Costa Gomes, que inicia hoje uma série de workshops. Com música, sem música, com luz ou sem ela, das correntes mais estritas como a Vipassana à simplicidade da Brama Kumaris, Teresa Costa Gomes reúne mais de duas décadas de conhecimento [dropcap style=’circle’]T[/dropcap]udo começou há mais de 20 anos, era Teresa ainda adolescente. “Sabe”, diz-nos, “os teenagers são sempre todos meio loucos e eu não era excepção, daí que a minha mãe um dia me propusesse uns momentos de silêncio, de calma”. Foram assim os primeiros passos na meditação, uma actividade à qual dedica três horas diárias e que a levou ao contacto com diversos mestres, de diversas escolas e um pouco por todo o mundo. A portuguesa vai agora ensinar quem estiver interessado nesta arte, a partir de hoje, na Casa de Portugal e depois de passar do Brasil a Macau, com visita pelas Seychelles, onde Teresa confessa que teve uma das experiências mais marcantes do seu percurso. “Foi uma semana intensa com um mestre que me deu muita ‘cacetada’ e que me ajudou a confirmar a ideia de que não somos nada e que nada nos pertence”, confessa. Em Macau, destaca Patrícia Nolasco, com quem também aprendeu muito e que considera “uma pessoa de uma generosidade e bondade imensas”, mas também Graça Guise, “mais do lado do yoga”, explica, tal como Rada. uma professora indiana que viveu em Macau há alguns anos e que terminava as suas aulas de yoga com sessões de meditação. “Aprendi tanto que o que vou fazer agora é como uma síntese de tudo o que fui ouvindo, lendo e experimentando” diz-nos ainda Teresa Costa Gomes. O melhor método é o que funciona “Algumas pessoas dizem-me: tens de pôr música, tens de recitar os mantras, temos de nos sentar no chão…”, conta Teresa. Mas, para quem percorreu um caminho tão longo e reconhece ainda ter muito para aprender, pode ser tudo muito mais simples do que isso. “A meditação não é nada complicada. Não é preciso ter roupa especial, ou assumir poses peculiares, ou o que quer que seja”, diz, considerando que diferentes escolas implicam diferentes métodos. Umas são mais rígidas e complexas, outras mais simples, mas o que espera sinceramente é que através da sua síntese os alunos fiquem munidos de ferramentas básicas para que cada um escolha o método mais apropriado para si. “Eu dou as bases e depois cada um descobre o que o faz sentir melhor”, diz. No fundo, Teresa Costa Gomes espera que cada um fique habilitado a andar pelo seu próprio pé. Por isso mesmo, vão acontecer muitas coisas diferentes nas aulas sendo que, acima de tudo, pretende-se criar um momento de calma para “as pessoas poderem encontrar-se a si próprias, descobrir os seus centros de energia e os possam alinhar”, diz Teresa, reforçando que não utilizou o termo “chakras” propositadamente para não se colar a uma escola em particular. “Ajudar as pessoas a encontrarem paz e felicidade, a conseguirem esvaziar as cabeças deste mundo louco em que vivemos é ao que me proponho”, explica. Uma prática diária “Qualquer pessoa pode fazer meditação”, garante Teresa, “basta querer tentar”, adianta, explicando que para si é um hábito diário desde há muito. Um iniciado não pode meditar durante tanto tempo pois tudo se começa aos poucos. “Primeiro 15, depois 20 minutos, meia hora e vai-se aumentando. É um processo natural”, aclara. Uma coisa é certa: para Teresa, a meditação mudou a sua vida e faz parte integrante do seu dia-a-dia. Meditou através da luz, do som, de várias formas e considera ter sido sempre muito honesta no processo ao longo dos anos. Passou a ser vegetariana mas não considera que isso seja uma condição essencial. Explica-nos que existem escolas vegan mas, para si, cada um pode ser aquilo que quiser e comer o que lhe apetecer. “Cada caso é um caso”, explica. Processo regenerador “Gosto que as pessoas vão para uma aula minha a pensar que é uma utopia, que a paz interior e a felicidade não podem ser atingidas por esta via”, diz Teresa Costa Gomes, para quem a prática de meditação é um processo regenerador. Segundo a antiga Relações Públicas dos Serviços de Turismo, as pessoas que fazem meditação consigo, estão bem, leves e têm um sentido de equilíbrio na vida. “Eu noto isso”, garante, “as pessoas notam isso. São momentos de calma que geramos e isso é muito bom”. Os workshops começam hoje na Casa de Portugal existindo duas classes disponíveis: terças e quintas das 11h00 às 12h00 e segundas e quintas das 19h 00 às 20h00. A sessão matinal custa 1080 patacas por pessoa e a nocturna 1050 patacas. Os cursos são avalizados pela Direcção dos Serviços de Educação pelo que o subsídio de formação atribuído a residentes pode ser aplicado. As classes serão ministradas em Inglês e Português.
Hoje Macau SociedadeTese |Vanessa Amaro analisa padrões de comportamento em portugueses em Macau [dropcap style=’circle’]U[/dropcap]m estudo com 60 portugueses que emigraram para Macau antes e depois da transferência para a China identificou padrões de comportamento e discurso, como a ideia de que estadia tem carácter “temporário”. Vanessa Amaro, que defendeu, na sexta-feira, na Universidade de Macau, a tese de doutoramento “Identidade e questões do estatuto sociocultural na comunidade portuguesa na Macau pós-colonial”, dividiu a amostra entre os que chegaram antes de 1999 e os que vieram na onda de um novo fluxo migratório, principalmente desde 2005. “Uma coisa comum é que todos pensam Macau como uma coisa muito temporária”, disse à Lusa Vanessa Amaro, ex-editora do HM, recordando que muitos dos que chegaram antes da transição nunca compraram casa, não aprenderam Chinês nem criaram relações profundas com a comunidade chinesa porque sempre tiveram a intenção de “um dia ir embora”. Os mais recentes têm o mesmo discurso e olham o território como “um trampolim profissional, como uma forma de ganhar experiência profissional e de fazer poupanças, para depois se mudarem para um destino que não necessariamente Portugal”. Outro denominador comum é a recusa do termo “emigrante” para definir um português que vive em Macau, por ser “pejorativo”. Agarram-se, por um lado, ao “peso da história”, considerando ter um “papel importante” a desempenhar e “uma posição privilegiada”, soando como “uma ofensa” colocá-los em pé de igualdade como outras comunidades, como os filipinos. Por outro lado, “querem distanciar-se da figura do típico português dos anos 60/70, pouco qualificado”, vendo-se “diferentes” de outros portugueses espalhados pelo mundo, explicou Vanessa Amaro, com a ressalva de que não se pode generalizar. “Encontrei muita gente a tentar encontrar outro termo”, contou a investigadora, considerando que “tem muito a ver com a necessidade de a comunidade se tentar posicionar como elite”. Neste âmbito, destaca a “bolha” em que vivem alguns portugueses, que adoptaram a ideia de que podem fazer a sua vida sem precisar de aprender Chinês porque “têm as suas rotinas, os seus amigos, fecham-se nos seus grupos e fazem toda a sua vida no circuito português”. Só seis dos entrevistados falavam fluentemente Cantonense. A barreira cultural da língua pesa e “essa cortina de vidro sempre existiu e sempre houve intermediários (…), mas a questão é que não há interesse da comunidade portuguesa em aprender de forma generalizada”, considerou. “Todos concordam que são muito importantes para o futuro, não só pela história, mas também pelo próprio desenvolvimento, para manter a identidade única de Macau, para evitar que a cultura portuguesa seja modificada, vendida, embrulhada para os chineses como uma coisa de Macau. Acham que é importante também manter o que é português como português e não como uma coisa de Macau”, como é o caso do simples pastel de nata, ilustrou. O estudo também identificou padrões nas razões que trouxeram os portugueses a Macau antes e depois de 1999 e nos motivos que os levam a permanecer, como as questões financeiras.