MASDAW | Prova de vinhos para angariação de fundos no próximo sábado, com música e arte

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]site Ladybird of Leisure organiza, no próximo sábado, uma prova de vinhos para angariação de fundos para a Associação de Cães de Rua e Protecção dos Animais de Macau (MASDAW), fundada em 2014, e que, como informa a organização do evento, “desenvolve um importante papel em Macau, incluindo salvar e esterilizar animais.”
A actividade conta ainda com entretenimento ao vivo, com a banda luso-americana de Macau Concrete/Lotus. Anexo ao evento decorrerá ainda um leilão de obras de vários artistas locais que vão das jóias à fotografia, passando por objectos de cerâmica. Todos são da autoria de criadores locais, tão diversos como Gonçalo Lobo Pinheiro, Sofia Bobone ou Antonius Photoscript, entre vários outros.
A prova de vinhos e o concerto decorrerá no Centro de Design de Macau, a partir das 18h00 e até às 22h00. Os bilhetes custam 200 patacas e as rifas – que podem dar prémios como almoço e estadia em hotéis de Macau – custam 25 patacas, sendo que ambos estão à venda no Roadhouse Macau, no Blissful Carrot e no próprio Centro de Design.
A MASDAW, indica a organização, tem por “objectivo principal tornar Macau numa cidade amiga dos animais onde estes possam encontrar uma família que os acolha”. O trabalho desenvolvido pela MASDAW só em contas de veterinário, anuncia a Associação, “tem um custo anual de cerca de meio milhão de patacas”.

Dia de adopção da ANIMA no domingo

A Anima está a promover uma sessão de adopção de animais no próximo domingo dia 28. Vai acontecer no prédio Flower City na Taipa entre as 14h30 e as 17h30. Segundo a Anima, apenas um em cada três animais recolhidos é adoptado e a ideia é mudar a média. Com a sua ajuda. Vá lá… um animal muda uma casa para melhor.

24 Fev 2016

UM | Conversas meditativas ao almoço

Hoje e amanhã, pela hora de almoço, a Universidade de Macau (UM) apresenta Kim Hughes Wilhelm, professora da instituição que vai falar sobre meditação. Com os seus livros “The Journey Within” e “Journeys Beyond” como pano de fundo, onde a autora documenta as descobertas e experiências de vários praticantes, o evento utilizará o formato de “casa aberta” onde os participantes são convidados a partilhar as suas perspectivas sobre os livros e a explorarem as suas próprias noções e práticas de meditação. Cover_Journeys Beyond
A seguir à conversa há uma sessão especial de meditação para os interessados. Kim é docente da Faculdade de Artes Humanidades do Departamento de Inglês da UM e começou a meditar há cinco anos, tendo rapidamente descoberto “uma fonte vital para o equilíbrio da mente, do corpo e do espírito”. Descobriu também que poucos sabiam como começar ou integrar a prática na sua vida diária pelo que resolveu investigar o fenómeno, resultando na produção destes dois livros.
A sessão será acompanhada por uma sessão de música electrónica por Kelsey Wilhelm, da banda local Concrete/Lotus.
O evento está agendado para duas sessões sendo a primeira já hoje e a segunda amanhã entre as 13h00 e as 16h30 na sala 2025 da UM.

24 Fev 2016

Que estamos nós aqui a fazer, tão longe de casa? II

* por José Drummond

[dropcap style=’circle’]2[/dropcap]. Ele

Levantei o copo e deixei o whisky deslizar pela goela. Parei por um momento a olhar para os peixes dourados no aquário ao fundo do bar. Quero pensar que nada se perdeu. Que nada se perde nunca. Mas sinto o contrário. Parece-me que perdi tudo. Perdemos tudo. Eu estou só. Esgotámos as palavras. O silêncio. Aquele silêncio aterrador. Aquele tempo amputado. Eu tinha prometido que não iria sangrar mais. Nunca mais.

Fugir. Só sei fugir. Eu estou só e tu só estás e não há mais nada. Vou beber até um pouco mais tarde deitar-me para dormir. E dormir sem que perceba. Quando eu acordar tudo será melhor. Espero, um dia, poder morrer desta forma. Com uma leve memória do teu corpo apertado ao meu. Com o teu perfume a envolver-me. Beber no final de uma tarde de verão, esticar-me na cama de um hotel qualquer, num sítio onde ninguém me conheça, cair no sono, e nunca mais acordar.

Este movimento de levantar o copo tem um ritmo próprio. O álcool esfaqueia as palavras. Solta víboras na língua. Eu quero dizer-te a verdade. A ti que me deste força. A ti que me mostraste a simplicidade. A ti que nada me pedias. Nada mais. Apenas felicidade. Apenas felicidade. A ti que com a dança dos teus olhos me inebriavas. A ti que transformaste as paisagens. Transformaste as noites. Transformaste os dias. Transformaste o mundo. Queria ter te dito que nunca te deixei de amar. Que nunca deixarei de te amar. Mas não consegui. Quero agora dizer-te que não tenho medo de morrer. Quero dizer-te que me assusto comigo. Que te deixei porque me assusto comigo.

Um qualquer momento que se guarda numa gaveta da memória. Antes gostava de espreitar o amor nos teus olhos escuros. Mas quando eu fugi tu foste água. Ninguém sabe o que nós fomos. Um golpe de perfeição? Como pude eu ignorar as feridas? Eu prometi que não te magoava. Disse-te naquela tarde perfeita que te iria amar para sempre. E era mesmo para sempre. Mas algo mudou. A espaços deixei de nos ver. Deixei de me ver tão perto de ti. A espaços procurei a minha voz e deixei de a sentir. E o que foi que mudou? O que deixou de existir entre nós? E o que significa “para sempre”? Eu estou só e tu só estás e não há nada que se possa fazer contra isso.

A empregada no bar solta um sorriso fugaz que parece reanimar-me. Olho para os seus lábios de cor vermelha. E é isto que me assusta em mim. Esta falsa ilusão de limpar uma ferida aberta com outros lábios. Imagino-a nua. As hipóteses de tentar limpar esta ferida aumentam a cada momento que ela devolve mais um sorriso. E nós? Eu estou só e tu só estás. As nossas hipóteses de resultar foram sempre poucas. Mas sabes que a perda resultante do meu desaparecimento será nenhuma. Não existe nenhuma razão concreta, para além de me assustar comigo, para te ter deixado sem voltarmos a falar. Não tenho qualquer intenção em responder aos teus telefonemas. A única coisa importante para mim é que te quero com todo o meu coração. Lembro-me dos teus olhos sempre em admiração permanente. Agora sei que não foi uma questão de escolha. Foi aquilo que tinha que acontecer. O silêncio que encheu o nosso palácio murchou todas as flores. Perderam-se todas as palavras. Perdemo-nos. Perdi-me.

Os peixes dourados continuam a nadar. Vejo o reflexo dos lábios da empregada no aquário. Não podemos definir as coisas que acontecem. Nada disto foi planeado. Não podemos deixar o amor crescer. É sempre mais difícil cortar os laços quando se ama. O que eu tenho medo é de que a realidade retire o melhor de mim. De que a realidade me deixe para trás. Estava tudo pronto. Eu estava emocionalmente bem preparado. Iria deixar o apartamento e não olhar mais para trás. Esquecer que existes. Esquecer que existimos. Embarcar numa viagem. Mas a viagem trouxe-me aqui e aqui a existência é uma espiral.

Há quantos dias estou neste hotel? Neste bar? Há quantos dias te deixei? Naquele dia todas as lojas estavam fechadas. As ruas tinham menos pessoas. Quase não havia carros. A única coisa que aumentou foi o silêncio. Andei e andei sem decidir para onde ia. Quis perder o controle. Quis perder-me numa cidade desconhecida. É este, na verdade, o mundo real? Se não é, então onde podemos encontrar a realidade? Não sei onde posso mais procurar. Eu não tenho medo de morrer. Podia morrer aqui neste bar ensombrecido. Lembro-me da primeira vez que as tuas mãos apertaram as minhas. Pareciam possuir uma força maior do que aquela que calculei possuíres. Apertaste-as com a alma. Uma energia escondida dentro de ti. Tu és forte. Mais forte que eu. Eu assusto-me mas tu tinhas a sabedoria de minimizar as feridas.

Na televisão a apresentadora do noticiário da noite fala sobre um estranho caso. A empregada aumenta o som. “Após dois dias de buscas intensivas e complicadas devido ao nevoeiro, foi encontrado, em muitos maus tratos, o corpo da jovem que terá eventualmente saltado da ponte. O seu abdómen aberto, o rosto desfigurado, a caixa torácica desfeita. Ao que tudo indica e após autópsia preliminar a jovem estaria grávida mas não lhe foi encontrado qualquer feto dentro se si. A polícia acredita que ela tenha morrido durante a queda. No entanto existem imensas contradições neste caso. O facto de ter o abdómen aberto levanta suspeitas de crime embora que não tenha sido encontrada qualquer arma. A polícia está ainda a tentar contactar com o namorado que terá desaparecido há cerca de duas semanas. Desconhece-se se este caso, está relacionado com o feto encontrado na Vila da Taipa.”

24 Fev 2016

SJM | Quebra de 63,4% nos lucros em 2015

A Sociedade de Jogos de Macau (SJM) anunciou ontem uma quebra de 63,4% nos lucros em 2015, que se fixaram em 2.465 milhões de dólares de Hong Kong.
A empresa acumulou ao longo do ano passado 21,7% da quota de mercado das receitas de jogo, incluindo 25,3% do mercado de massas e 20,2% do jogo VIP.
Ainda assim, a receita de jogo da SJM caiu 38,7% face a 2014, fixando-se em 48.590 milhões de dólares de Hong Kong.
Já o EBITDA ajustado (resultados antes de impostos, juros, depreciações e amortizações) caiu 50,3% para 3.862 milhões de dólares de Hong Kong.
A SJM indica que o novo projecto, em construção no Cotai – zona de casinos entre a Taipa e Coloane -, o Grand Lisboa Palace, “avançou substancialmente”, com as fundações terminadas no primeiro trimestre de 2015, avançando a construção da superstrutura e cave. O novo hotel-casino deverá estar concluído no final de 2017.
Em comunicado, o director executivo, Ambrose So, afirmou que “a SJM entra em 2016 numa posição forte, apesar dos desafios económicos que o mercado de jogo de Macau enfrentou em 2015”.
“Registámos progressos substanciais na construção do nosso Grand Lisboa Palace e mantemo-nos optimistas sobre o futuro da indústria de turismo de Macau”, rematou.
Os casinos de Macau fecharam 2015 com receitas de 230.840 milhões de patacas, uma queda de 34,3% face a 2014.
 

24 Fev 2016

Companhia de Teatro Hiu Koc celebrou 41 anos

Billy Hoi, mais conhecido por Tai Lio, ou Big Bird, (Pássaro Grande) é o director artístico do teatro Hiu Kok desde 2010. Hoje vê-o mais como uma plataforma para desenvolvimento do teatro em Macau do que propriamente uma simples companhia. O teatro pode mudar o mundo, diz. Escrever de forma honesta em Macau é difícil e Billy Hoi sonha com um fundo de apoio às artes no território


Está à frente da companhia de teatro Hiu Kok desde quando?

Entrei no Hiu Kok em 1986 e tornei-me o seu director artístico em 2010, até hoje.

Quantas pessoas constituem o grupo?

O núcleo duro são 62. Mas temos mais de 700 membros.

Que está a companhia a fazer agora?
Tivemos duas performances grandes no Centro Cultural e quatro mais pequenas durante o ano passado. Também estamos focados na formação de encenadores e guionistas. O Hiu Kok dá mesmo muita força à produção de textos novos. Além disso, nestes últimos anos, a tendência tem sido para transformar o Hiu Kok numa plataforma para a promoção do teatro de Macau. Iniciámos alguns projectos e colaborações com diferentes artistas locais e do estrangeiro. São os casos da série “Long Run”, realizados numa “caixa preta” onde possamos sentar cem – 200 pessoas, onde um guião é seleccionado e um actor convidado a produzir a peça. Queremos com isto dar mais experiência aos artistas para que não estejam sempre dependentes dos subsídios do Governo. Participamos ainda no projecto Macau – Zhuhai, uma ideia de intercâmbio entre as duas cidades, e promovemos activamente a escrita de guiões, pelo que costumamos enviar representantes ao Festival de Leitura de Guiões do Teatro Pequeno de Taiwan, na perspectiva, claro, de desenvolvermos talentos locais. Além disso, agora o Hiu Kok gere duas instalações: a mesma “caixa preta” que temos desde 1998 num prédio fabril da Areia Preta e um mini centro de artes junto ao Mercado Vermelho especialmente destinado a ensaios, treinos e outras actividades artísticas simples. billy hui hiu kok teatro

Fazem muitas tournées?
Há uns anos fazíamos mais, agora estamos mais focados no público de Macau. Mas já actuámos em Xangai, Shenzhen, Cantão, Hangzhou, Hong Kong, na China e em Taiwan, Singapura, Lisboa, Almada e Coimbra.

Qual foi a vossa peça mais bem sucedida e porquê?
Hum… “Sucesso” é um bocado difícil de medir. A força do Hiu Kok reside na mudança. Fazer novos projectos, ter novas ideias é sempre a nossa preocupação. Por isso, ao longo destes 41 anos temos vindo a fazer muita coisa significativa… podemos fala de “sucesso” e de “insucesso”. Ganhámos vários prémios em competições em Hong Kong nos últimos dez anos, produzimos o único drama em Macau de artes marciais, a tragédia grega de Édipo nas Ruínas de São Paulo e apresentámo-nos em vários países e cidades. Em boa verdade não consigo dizer qual foi a nossa peça mais bem sucedida.

Porque é que as pessoas devem fazer teatro?
Acho que nascemos todos para ser artistas, é da natureza humana. Algumas pessoas fazem teatro para se divertirem, outras para fazerem amigos, outras para satisfazerem o seu sonho e a sua ânsia de palco, algumas para preencherem o vazio do talento escondido, outras pela ilusão da fama. Eu acho que o teatro pode mudar o mundo.

Porque é que as pessoas devem ver teatro?
O teatro é a arte mais viva e interactiva que existe. O público não é apenas um espectador passivo como quando assiste a um filme. Ele é parte do teatro, a sua própria respiração afecta a peça. O encontro entre o actor e o público é algo de precioso e depois o momento mágico anuncia-se.

Vocês têm um género favorito de temas? Quais?
Somos muito livres em relação às escolhas dos guionistas e dos encenadores, por isso não definimos temas. Todavia, a maioria das nossas peças relaciona-se com questões sociais e problemas do quotidiano.

Produzem os vossos próprios guiões ou usam mais peças já escritas?
Eu diria que são 80% são originais e 20% já escritas. Mas o projecto “Long Run” é produzido com peças estrangeiras já escritas.

Qual a vossa missão como grupo de teatro?
Temos a visão de inspirar as pessoas e temos por missão promover e encorajar as artes performativas, trazer novas ideias às artes de Macau e para toda a população de uma forma englobante. hiu kok

Depois do Hiu Kok há muitos actores a seguirem uma carreira profissional?
O Hiu Kok é uma boa base para um actor começar e foram muitos os actores profissionais que passaram por aqui no início das suas carreiras. São os casos de Kaman Yip, Jacky Lee ou Maria Au.

Apesar dos anos todos que está dedicado ao teatro ainda mantém um emprego. Acha que um dia vai ser possível para si, ou para os outros que venham a estar no seu lugar, a dedicação a tempo inteiro? Que faz falta para que isso aconteça?
Acho que sim, que vai ser possível. Mas cada caso é um caso. É preciso um coração forte e pioneiro para uma decisão dessas. E depois cada um tem os seus problemas. Penso mesmo que “dinheiro” nem é o maior problema. Como lidar com a família é mais difícil.

Quais são as vossas maiores dificuldades?
Sem dúvida acompanhar as rápidas mudanças do mundo e conseguir correr na frente. Em Macau, escrever uma ideia de uma forma honesta é um desafio. Mas, na realidade, não acho que sejam tudo dificuldades e as que existem só servem para fazer crescer como grupo e tornam-nos mais fortes.

Tem grandes planos para o futuro?
Ligarmo-nos e unir-nos no grande Delta do Rio das Pérolas, constituir um fundo para as artes e desenvolver um sistema poderoso de marketing para promover os grupos de Macau lá fora.

23 Fev 2016

Rashidnia Reza | Treinador de karaté da selecção da RAEM

Veio para Macau com um contrato de três meses para preparar a equipa de karaté para os Jogos Asiáticos de Busan. Conseguiu três das quatro medalhas obtidas por Macau. Entretanto passaram-se 14 anos. Continua a ser treinador da selecção local e já trouxe mais 150 medalhas para o território. É iraniano mas para ele Macau já é a sua segunda casa. Rashidnia Reza, com o seu permanente sorriso e trato delicado é uma pessoa especial

[dropcap style=’circle’]L[/dropcap]embra-se de quando foi convidado para vir para Macau?
Em 2002, o presidente da associação de karaté na altura, José Achiam (falecido em 2008) era também secretário geral da Associação Ásia eu era treinador do Irão há já cinco anos, propôs-me vir para Macau. Mandei-o falar com o presidente da federação iraniana, o Nazerian, e um contrato de três meses foi negociado e a 17 de Agosto de 2002 cheguei a Macau para preparar a equipa para os Jogos Asiático Busan.

Como correu a experiência?
Muito bem. Conseguimos uma prata e dois bronzes. Na altura em que Macau conseguiu apenas quatro medalhas. As nossas três e uma de prata para o wushu. Mas depois voltei para o Irão e voltaram a propor-me um novo contrato, desta vez de dois anos para preparar a equipa para os Jogos da Ásia Oriental (EAG Macau 2005). Eu era apenas um simples treinador mas o trabalho de equipa foi muito e conseguimos duas medalhas de ouro, duas de prata e três de bronze. Depois o contrato foi prolongado para nos prepararmos para Doha, mais três medalhas… karaté

Três meses que se transformaram em 13 anos…
É verdade. Na altura nunca perspectivei uma coisa dessas. Os primeiros meses foram muito difíceis.

Porque decidiu ficar?
Em 2007 trouxe a minha família, tenho duas filhas e um filho. Começaram a aqui a universidade. Agora já voltaram para o Irão mas essa permanência aqui nessa altura foi muito importante para a decisão de ficar.

Não pensa em voltar para o Irão?

Desde 2014 sou residente permanente e este é o meu segundo país. Sempre que volto ao Irão tenho saudades dos meus alunos, tenho muitos estudantes, são como meus filhos. Catorze anos é muito tempo, é difícil deixar Macau agora.

O que o fez aceitar vir para Macau?
Nunca tinha experimentado uma carreira internacional. Tinha apenas tido duas curtas experiencias na Bielorrússia, em part-time, e nalguns países do Golfo Pérsico por muito pouco tempo. Quanto me pediram para vir para Macau para preparar a equipa para um grande evento como os jogos asiáticos aceitei porque queria experimentar treinar fora do meu país. O Irão é um país grande, com muitos atletas e muitos treinadores.

Quando sentiu que ia ficar mais tempo do que os três meses?
Se no início, depois dos três meses, me tivessem proposto um contrato de 10 anos nunca teria aceitado mas a partir de 2005, com os EAG, já estava habituado a estar aqui, tinha planos para trazer a minha família, o que aconteceu em 2007, e queria trazer mais títulos para Macau, nomeadamente o título mundial que é algo que ainda não conseguimos.

E tem atletas para conquistar o titulo mundial?
Não é difícil conseguir este objectivo. Temos muitos bons atletas e treinadores e o governo apoia. Só precisamos que os atletas continuem. Para além disso, desde há dois anos para cá começámos a ter profissionais, não são muitos para já, apenas três, mas espero que no futuro tenhamos mais.

Quando é que isso pode acontecer?
Estamos no caminho. Precisamos de mais atletas, a escola de karaté começou apenas no ano passado e espero que em breve tenha mais atletas o que é fundamental para termos campeões.

Quais as razões para praticar karaté?
Para mim o karaté é um desporto especial. Não é apenas físico como a corrida ou a halterofilia; no karaté usamos muito a parte psicológica. A psique e o físico têm de andar de mãos dadas. Além disso, o karaté dá-nos lições para a vida. Temos de controlar a técnica. Quando enfrentamos um oponente é tudo sobre controlo . Mesmo quando estamos a perder não podemos bater-lhes. Temos de aprender o auto controlo e isso é uma lição para a vida. Nós ensinamos os estudantes a serem educados, a respeitarem os mais velhos. Alguns vêm para aqui e não sabem o que é o karaté mas depois acabam por perceber que isto não é apenas um desporto, é uma filosofia. Trabalhamos muitas áreas a nível físico como reflexos, agilidade, velocidade, resistência e flexibilidade, mas também damos treino mental para a táctica. É como jogar xadrez. Temos de praticar muitas tácticas e estratégias para o combate. E depois há vários estilos, várias escolas, vários tipos de adversários. O karaté também é importante para os estudos pela agilidade mental que proporciona. Também temos muitas técnicas para aprender, onde o foco e a concentração são essenciais.

E a vida em Macau?

Para mim agora é boa, após 14 anos é a minha segunda casa.

Como vê as mudanças que ocorreram nestes últimos anos?
Não ligo muito. À volta pode ter mudado mas a cultura não mudou. As pessoas continuam educadas a seguirem as regras e continua a ser um sitio seguro para viver.

Que sente falta do Irão?
Sinto alguma falta da comida mas também já estou habituado à comida chinesa. Ao princípio era difícil mas agora não. Estou confortável aqui.

Como descreve o Irão nestes dias?
Vai melhor. Mais liberdade que antes. É um pais seguro. Todos os anos levo a equipa a acampar lá. Os pais preocupam-se sempre mas eu tranquilizo-os. As pessoas imaginam que é um sitio perigoso mas não é nada disso.

Se alguém decidir visitar o Irão que aconselha as pessoas a fazer por lá?
A experimentarem a comida, claro, há muitos tipos de grelhados. Mas como é um país muito antigo também há muitos locais históricos para visitar como Pasargadae onde está o túmulo do primeiro rei da Pérsia, há 3000 anos, ou Kashan uma das primeiras cidades no mundo, com 5000 anos de história. Há sítios muito interessantes no Irão e muitas culturas diferentes.

É muçulmano?
Sou.

Como se sente quando se vê a destruição de relíquias museológicas que o Daesh tem feito no Médio Oriente?
Sinto-me perturbado, muito triste por estarem a apagar a história.

Há alguma diferença entre ser persa e iraniano?
Não. É a mesma civilização.

Como começou a praticar karaté?
Comecei com 13 anos, há praticamente 43 anos. Nessa altura visitei um clube no Irão, a luta é muito popular no país, e alguns amigos meus escolheram luta livre, outros boxe, judo, mas quando vi as pessoas entrarem no “tatami”, a fazerem a vénia ao “sensei”, fiquei impressionado, um amigo praticava e disse-me que o respeito pelos outros era um valor fundamental na modalidade e isso interessou-me muito. karaté

E depois? Que aconteceu depois?
Pratiquei até aos 19 anos e depois veio a guerra, mesmo quando eu ia para a equipa nacional. E depois foram 13 anos sem podermos entrar em competições internacionais o que me impediu de seguir uma carreira internacional. Mas fui umas sete ou oito vezes campeão do Irão ou de Teerão. Quando finalmente voltámos a ter competições internacionais já tinha passado o meu tempo de ir à selecção, mas num torneio com oito países organizado no Irão ainda fiz parte da equipa de Kata durante dois anos, tinha 32, e ganhei um segundo e um terceiro lugares. Terminado a carreira como atleta fiquei secretário geral de uma das maiores associações de karaté do Irão, com 30 000 membros dos quais cerca de 8000 cinturões negros, e mais tarde quando o meu sensei saiu do Irão, passei a presidente e depois tornei-me treinador da equipa nacional por cinco anos até vir para Macau.

Qual é o seu lugar preferido em Macau?
À beira mar, a praia de Coloane. Desde o início, desde que cheguei a Macau. Gosto de observar o mar porque aprendo muito com ele. Digo isso muitas vezes aos meus alunos: o karaté é como o mar: nem sempre calmo, nem sempre bravo. Muda. E assim têm de ser os nossos ritmos no karaté, uma alternância de força e pausas. As ondas não são sempre iguais, tal como os nossos movimentos não podem ser.

Vocês criam movimentos novos?
Sim, no Kata não, mas no Kumité criamos muitos movimentos novos, muitos tipos de saltos diferentes.

Comida favorita em Macau?
Chok (canja) e marisco.

Desejo particular?
Conquistar um título mundial para Macau.

22 Fev 2016

Lei Eleitoral deverá chegar à AL em Julho

Sónia Chan, Secretária para a Administração e Justiça, confirmou que a proposta de revisão da Lei Eleitoral para a Assembleia Legislativa deverá chegar ao hemiciclo em Julho, sendo que nos próximos dois meses deverá ser realizada a consulta pública sobre o processo. Segundo um comunicado, a Secretária referiu, à margem de uma reunião da AL, que o relatório das últimas eleições “serviu de referência” e que a nova lei visa “reforçar a competitividade e aperfeiçoar a rectidão da eleição, nomeadamente, sobre os actos de corrupção”.

22 Fev 2016

Administração | Contas com primeira queda em cinco anos

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Administração encerrou 2015 com receitas totais de 109.778 milhões de patacas, a primeira queda em, pelo menos, cinco anos, segundo dados oficiais divulgados na sexta-feira. Dados provisórios publicados pela Direcção dos Serviços de Finanças (DSF) indicam que as receitas totais sofreram uma descida de 29,7%, um cenário esperado, já que tinham registado o menor crescimento (0,4%) em 2014, ano em que as receitas do sector do Jogo encetaram uma curva descendente.
Esta é a primeira queda no cômputo de um ano pelo menos desde 2010. Dados anteriores não estão disponíveis na página online da DSF.
Os impostos directos sobre o jogo – no valor de 35% sobre as receitas brutas dos casinos – foram de 84.430 milhões de patacas, reflectindo uma redução de 34,5% face a 2014. As taxas sobre o sector não reflectem, com efeito, a queda de 34,3% da receita bruta apurada dos casinos em todo o ano de 2015, face a 2014, porque são pagas no mês seguinte ao mês de referência e em termos orçamentais contabilizadas de Dezembro de um ano até Novembro do ano seguinte.
Mas a importância do jogo reflecte-se no peso que o imposto detém no Orçamento: 76,9% nas receitas totais, de 77,6% nas correntes e de 90,3% nas derivadas dos impostos directos.
Já no campo da despesa, Macau gastou, entre Janeiro e Dezembro do ano passado, 80.479 milhões de patacas em termos globais – mais 22,4% do que em 2014.
O Plano de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração (PIDDA) equivaleu a 8.948 milhões de patacas, mais 23,3% face ao período homólogo de 2014. Ainda assim, entre receitas e despesas, a Administração acumulou um saldo positivo de 29.298 milhões de patacas, valor que excedeu largamente o orçamentado para todo o ano (18.805 milhões de patacas), mas que traduziu uma queda de mais de dois terços (67,6%) comparativamente ao arrecadado em 2014.

22 Fev 2016

Lucros da Melco caem 82,6%

Os lucros da Melco Crown Entertainment caíram 82,6% em 2015, para 105,5 milhões de dólares, segundo comunicado divulgado na quinta-feira.
Entre Outubro e Dezembro do ano passado, a operadora liderada por Lawrence Ho, um dos filhos do magnata dos casinos Stanley Ho, registou prejuízos de 12,3 milhões de dólares norte-americanos no quarto trimestre de 2015, contra um lucro de 92,9 milhões de dólares em igual período de 2014. No quarto trimestre, a operadora registou receitas líquidas de 1058 milhões de dólares, menos 6% em termos anuais homólogos.
O declínio nas receitas líquidas é atribuído maioritariamente à diminuição do negócio no mercado de massas nos empreendimentos em Macau – City of Dreams e Altira Macau – embora parcialmente compensados com a receita gerada pelo Studio City (Macau) e City of Dreams Manila (Filipinas), que iniciaram operações em Outubro de 2015 e Dezembro de 2014, respectivamente, adianta o comunicado.
O EBITDA ajustado (resultados antes de impostos, juros, depreciações e amortizações) foi de 236,4 milhões de dólares no quarto trimestre de 2015, abaixo dos 278,6 milhões de dólares registados em igual período do ano anterior. A queda de 15% neste indicador foi justificada com a menor contribuição do segmento de massas para o negócio da operadora.
No mesmo comunicado, o co-presidente e director-executivo da Melco Crown, Lawrence Ho, anunciou a atribuição de um dividendo especial de 350 milhões de dólares.
A Melco Crown resulta de uma parceria entre Lawrence Ho e o magnata australiano James Packer, que mantém a participação na empresa, mas saiu da direcção no ano passado. Recorde-se que a Melco Crown abandonou a bolsa de Hong Kong, mas mantém-se cotada no Nasdaq.

22 Fev 2016

Suspeita que abandonou bebé em prisão preventiva

Uma mulher filipina foi detida preventivamente e aguarda julgamento por suspeitas de ter sido quem abandonou a bebé recém-nascida no edifício Flower City, na Taipa. Segundo nota do Ministério Público, foi-lhe aplicada a medida de prisão preventiva para que não fuja às autoridades. O caso diz respeito ao abandono de uma bebé com horas de vida, ainda com a placenta, num caixote do lixo no 17º andar do Flower City. A mulher terá dado à luz numa casa nesse mesmo andar e, segundo a rádio chinesa, terá “cortado o umbilical” da bebé e colocado a menina no lixo porque esta “não chorou”, levando a mulher a crer que “estivesse morta”. Na mesma semana foi encontrado um bebé prematuro, morto, nos braços de uma outra mulher filipina, no mesmo edifício, quando a polícia investigava o primeiro caso.

22 Fev 2016

Gastos dos turistas caem quase 18%

Os gastos dos turistas que visitam Macau caíram no ano passado pela primeira vez desde 2010, altura em que há dados oficiais, revelaram as autoridades do território. A despesa que os visitantes fizeram em 2015 caiu tanto em termos globais como ‘per capita’: em 2015, os gastos dos turistas ascenderam a 51,13 mil milhões de patacas, menos 17,2% do que em 2014. Em termos ‘per capita’, a despesa dos turistas foi de 1665 patacas, menos 15% do que em 2014. Os gastos ‘per capita’ dos visitantes da China continental, a origem da maioria dos turistas de Macau, caíram 16,5%. No final de Janeiro, dados oficiais já haviam revelado que o número de turistas em Macau desceu 2,57% no ano passado, a primeira queda desde 2009.

22 Fev 2016

MGM com quebras. No Cotai só em 2017

A MGM China anunciou quebras de 33% nas receitas no território em 2015. A operadora registou receitas globais de 17,2 mil milhões de dólares de Hong Kong, menos 33% em relação ao ano anterior. A operadora compara estes resultados com o declínio de 34% registado pelo sector do jogo em Macau e de 38% na península. A companhia observa ainda que “a quota de mercado se manteve estável, apesar das novas aberturas” de casinos em 2015 no território.
A MGM, que resulta de uma parceria entre Pansy Ho, filha do magnata Stanley Ho, e a empresa norte-americana MGM Resorts, já tinha anunciado o adiamento da abertura do novo resort da empresa no Cotai e acrescenta agora que, apesar do orçamento para a construção do projecto se manter em 24 mil milhões de dólares de Hong Kong, este só abre para o ano.
“A companhia tomou a decisão estratégica de adiar a abertura do seu MGM Cotai do quarto trimestre de 2016 para o final do primeiro trimestre de 2017 com base nas condições actuais do mercado e do calendário de outras aberturas de resorts na zona”, refere.
A operadora referiu ainda que as receitas brutas do segmento de massas evidenciam “melhorias há dois semestres consecutivos”. Nos últimos três meses de 2015, os ganhos nas mesas de jogo deste segmento cresceram 12%, enquanto o segmento VIP registou perdas de 22%.

22 Fev 2016

Zika | Contaminação desmentida

Uma mulher de 60 anos de idade, suspeita de estar infectada com o vírus Zika, não está afinal contaminada, confirmam os Serviços de Saúde. A mulher terá apresentado sintomas da doença depois de ter viajado para a Tailândia entre os dias 8 e 15 de Fevereiro. Entretanto, no continente, foi detectada mais uma infecção num homem de 38 anos, proveniente de Zhejiang, que terá viajado no dia 2 deste mês para as ilhas Fiji e Samoa. Neste momento o doente está isolado no hospital para tratamento.

22 Fev 2016

Sporting e Ka I empatam (1-1) em jogo sensaborão

Começou com o protesto do Sporting e acabou com protestos do Ka I pela anulação de um golo. De resto foi o Sporting a tentar controlar um jogo que ambas as equipas precisavam de vencer, mas a desperdiçar todas as oportunidades que criou menos uma e o Ka I a chutar lá para frente a ver se pegava, e pegou uma vez. Sorri o Benfica que ao vencer o Lai Chi (3-0) aumentou a diferença para a perseguição e deu mais um passo rumo ao título

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]inda o jogo não tinha começado e já havia agitação junto da mesa da com o presidente do Sporting Clube de Macau, António Conceição Júnior a protestar veemente o que, inclusive, viria a resultar num protesto ao jogo (ver caixa). Em causa, na perspectiva do Sporting, a inscrição irregular de dois jogadores do Ka I (William e Fabrício) que, argumentam os queixosos, não possuem cartão azul mas apenas vistos de turista.
Em relação ao jogo propriamente dito, o Sporting entrou agressivo, a tentar controlar as operações com várias triangulações entre os seus jogadores e alternando passes curtos em progressão com passes longos para as alas onde os extremos tentavam servir os avançados com cruzamentos para a área. O Ka I surgia numa postura mais expectante a apostar nos erros do Sporting e, sempre que possível, a chutar lá para a frente para as corridas de Fabrício Lima. Aos três minutos de jogo surgiu a primeira ameaça, que viria a redundar num fora de jogo assinalado ao ataque do Ka I, mas aos nove, o Ka I viria mesmo a marcar com a defesa do Sporting a ficar mal no boneco; uma primeira falha do defesa sportinguista, Fabrício ficou coma bola, livrou-se do guarda-redes, quase chegou à linha de fundo no processo, mas ainda assim conseguiu rematar com sucesso. Dois minutos depois, William remata forte, já dentro da área, com a bola a rasar a barra do guarda-redes leonino.
A partir daí o Sporting voltou encontrar-se sempre a pressionar alto com Ka I a apostar mais no contra-ataque. Ao quarto de hora chegou o golo do Sporting com um cruzamento primoroso da direita, uma primeira cabeçada no miolo de um jogador do Sporting, o guarda-redes do Ka I a ficar fora da jogada e Pio a receber a sobra e a encostar para o empate. A partir daqui o jogo seguiu sem grandes perturbações até que aos 22 minutos o homem mais perigoso do ataque do Ka I, Fabrício, lesiona-se e é substituído por Pang Sio Hong. A partir dessa altura os ataques do Ka I ficaram menos perigosos passando a viver de alguns tímidos rasgos individuais e continuando a abusar dos lançamentos longos do guarda-redes ou dos defesas. Até ao final da primeira parte apenas dois livres perigosos a registar, um para cada lado, mas sem consequências dignas de nota.

Mais do mesmo mas sem golos

O Sporting voltou para a segunda parte com o mesmo espírito da primeira e logo um minuto depois arrancava o primeiro remate. O Ka I só aos 49 minutos conseguiu voltar a ameaçar a área leonina com mais um passe longo do guarda-redes mas William viria a desperdiçar ao cometer falta sobre o defesa do Sporting. Nesta fase do jogo já se destacava a actuação de Rafael Moreira, do Sporting, que aparecia um pouco por todo o lado e, aos 60 minutos, remata mesmo, fortíssimo, mas por cima da barra. Até perto dos 80 minutos, o guarda redes do Sporting foi praticamente um espectador pois só nessa altura o Ka I voltou gerar alguma emoção junto da baliza leonina, mas sem consequências de maior.
À medida que o jogo avançava notava-se que as duas equipas começavam a acusar o esforço e a qualidade decaía. Mesmo assim estavam ainda reservadas algumas emoções para o final. Três para ser mais preciso. A primeira dá-se ao minuto 82 na sequência de um canto do lado direito do ataque do Ka I, um toque de calcanhar e a bola a pingar para a baliza do Sporting. Talvez entrasse, mas pelo sim pelo não, a jogada é finalizada com uma cabeçada de um jogador do Ka I, que parece vir de trás, mas o árbitro decidiu por fora de jogo. Seguiu-se um enorme sururu no banco do Ka I com um dirigente a ser expulso mas recusando-se durante vários minutos a sair do campo, já se ouvindo nas bancadas quem chamasse pela polícia. Logo a seguir Leung Chon In do Sporting comete uma falta para cartão amarelo, mas era o segundo e acabou expulso. O Ka I aproveitou a falta de um homem no Sporting para crescer um pouco mas foi o Sporting, já em cima do minuto 90, quem teve a última oportunidade do encontro: um livre perigoso a uns 10 m da entrada da grande área lado esquerdo do ataque mas o remate saiu fraco para defesa fácil do guarda-redes do Ka I. O jogo viria a terminar dois minutos depois, sob grandes protestos da equipa do Sporting.

Conceição Júnior, Presidente do Sporting: “Nenhum regulamento pode superiorizar-se às leis”

Em declarações ao HM, António Conceição Júnior confirmou que o Sporting jogou sob protesto pois enviaram uma notificação à associação há cerca de uma semana para “dizer que dois jogadores do Ka I iam voltar território e jogar apenas com visto, sem cartão azul.” Um situação que, para Conceição Júnior, é ilegal pois, argumenta o Presidente do Sporting, “em Macau só se pode exercer actividade profissional se se tiver um cartão azul.” O facto da liga não ser profissional não serve de justificação para Conceição Júnior, pois “não interessa que seja profissional ou não o que é certo é que estes jogadores são profissionais. Sempre foram”, rematou. O dirigente reforçou ainda a sua posição afirmando “nenhum regulamento pode superiorizar-se às leis do território”.

João Pegado, treinador do Sporting: “Temos um campeonato triste e vergonhoso”

No final do jogo, João Pegado estava tudo menos feliz. Insatisfeito com o resultado, com a arbitragem mas também com a associação que acusa de ausência perante os problemas fundamentais da modalidade. Fala mesmo de revolta no balneário por causa do esquema de reserva de campos para treinos. Em relação ao jogo, Pegado considera que “acabaram de novo com um empate quando a equipa adversária fez apenas um remate à baliza.” Para o treinador, a equipa do Sporting teve muito mais volume de jogo, à excepção dos minutos após a expulsão onde considera que “o Ka I cresceu” mas no fundo entende que, “a existir um vencedor deveria ser o Sporting”. E daí partiu para as críticas à Associação de Futebol, por não responder à carta sobre esclarecimentos dos vistos mas também no que respeita à conduta dos árbitros, não entendendo como um árbitro tão criticado por ambos durante o ‘Sporting-Monte Carlo’ tenha sido premiado com a arbitragem de um clássico ou por “dar-nos apenas dois minutos quanto o jogo esteve interrompido tanto tempo”, explica. Indignado, João Pegado lamenta ainda que o principal promotor (a Associação) não queira saber de nada, uma situação que, para ele é “triste e vergonhosa, mas é o campeonato que temos”. Para além disso, João Pegado aproveitou para criticar fortemente a política de marcação de campos para treino que, segundo ele, “está a criar uma grande revolta no balneário”. Terminam sempre os treinos à meia noite, quando, garante, “vejo os campos ocupados por meia dúzia de pessoas a marcarem penáltis durante o dia e eu, e os outros, temos de acordar às cinco da manhã para os marcar”. Neste contexto, Pegado lançou ainda uma farpa ao ID quando diz compreender a necessidade do Desporto para Todos mas apelando a mais apoio à competição pois “os clubes investem e têm de ser respeitados”.

Josicler, treinador do Ka I: “O presidente do Sporting não é da Migração”

Ao analisar o jogo, Rosicler reconhece que “Jogámos no erro, mas perdemos um pouco da estrutura com a saída prematura do Fabrício”. Para Josicler é necessário reforçar a actividade do meio campo “para ter força para chegar no ataque pois o William está a jogar muito isolado”. Concorda com a má qualidade da arbitragem que, para o treinador, “teve muitos erros, e tem dificultado muito o nosso trabalho”. De resto considera que o Sporting também jogou bem mas tem dúvidas em relação ao golo anulado nos últimos minutos à sua equipa mas, no fundo, concordou com o empate. Relativamente à polémica da inscrição jogadores, Rosicler disse que “o presidente do Sporting é presidente do Sporting, não trabalha na emigração” e adianta mesmo que “existem muitos jogadores que vêm de HK e doutros lados jogar aqui nessas condições, com contratos para serem aprovados e nunca houve essa regra aqui”, pelo que aconselha Conceição Júnior a “estar bem ciente do que está falando”.

22 Fev 2016

Cavalheiro – “Este Dia”

“Este Dia”

Nunca pensei estar aqui
Nunca esperei por este dia
Andei em frente e recuei
Caí numa vala vazia
E tudo foi acontecendo
Enquanto eu fazia outros planos
Agora o que tenho eu
De pouco em já tantos anos?

O tempo corre contra mim
Tira-me tempo para mudar
Eu tive tantas mais certezas
De como isto ia acabar
E tudo foi acontecendo
Enquanto eu fazia outros planos
Agora o que tenho eu
De pouco em já tantos anos?

Cavalheiro

JOÃO FILIPE / RICADRO CIBRÃO / JOÃO COUTADA

20 Fev 2016

Sónia Chan apresenta proposta de acordos judiciários em Julho

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] Secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, indicou que o Governo está a “tentar apresentar a proposta relativa aos acordos de extradição “no próximo mês de Julho” à Assembleia Legislativa (AL). Durante a apresentação das Linhas de Acção Governativa (LAG), em Novembro de 2015, Sónia Chan afirmou que a sua pasta iria “encetar negociações com outros países, tendo por base o acordo-tipo sobre a transferência de pessoas condenadas e a cooperação judiciária em matéria cível e comercial aprovado pelo Governo Central, dando prioridade às negociações com os países lusófonos”. Portugal é o único país que tem, actualmente, um acordo sobre “transferência de pessoas condenadas” com Macau, assinado em 1999, poucos dias antes da transferência da soberania do território de Portugal para a China.

19 Fev 2016

Abertura do MGM Cotai pode ser ajustada 

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] director-executivo da MGM China, Grant Bowie, afirmou que a data da abertura do projecto do MGM no Cotai pode ser alterada, algo que depende “da situação do mercado e das datas de abertura de projectos de outras operadoras de Jogo também no Cotai”. Estava previsto o novo resort abrir no quarto trimestre deste ano, mas, segundo o Jornal Ou Mun, Grant Bowie admitiu que o actual ambiente da indústria de Jogo influencia a abertura e, sem dar datas certas para tal, diz apenas que vai anunciar a nova data “num momento oportuno”. O director-executivo prevê que vai precisar de recrutar entre mais quatro a cinco mil funcionários.

19 Fev 2016

Detectado caso de febre da dengue

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s Serviços de Saúde (SS) confirmaram um caso de febre de dengue numa mulher de 52 anos de idade, residente na Rua do Regedor, na Taipa. O caso foi detectado depois da paciente ter realizado uma viagem a Kuala Lumpur, na Malásia, onde a irmã mais jovem foi tratada com a mesma doença. Para já a mulher está internada a receber tratamento, estando numa situação clínica estável.

19 Fev 2016

Mar do Sul | Confirmado “armamento” em ilhas disputadas

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap] China confirmou que mantém armamento numa ilha disputada no Mar do Sul da China, avançou ontem a imprensa estatal, depois de o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, acusar Pequim de “militarizar” um território estrategicamente vital.
O ministério chinês da Defesa confirma que o país “mantém armamento na ilha há muito tempo”, escreve o Global Times, jornal em língua inglesa do grupo do Diário do Povo, órgão central do Partido Comunista Chinês (PCC).
O mesmo artigo não especifica qual o tipo de armamento.
A cadeia norte-americana Fox News avançou na quarta-feira que a China instalou na semana passada um sistema de lançamento de mísseis terra-ar na ilha Woody, que faz parte do arquipélago Paracel.
Alegadamente rico em petróleo e gás natural, a soberania daquele território é reivindicada por Pequim, Taiwan e Vietname.
“A China tem o direito legal e justo de colocar instalações defensivas nas fronteiras do seu território”, acrescenta o Global Times, acusando a imprensa ocidental de tocar “a mesma cantiga de sempre”, sobre “a ameaça chinesa”.

Da soberania

O “gigante” asiático insiste que tem direitos de soberania sobre a quase totalidade do Mar do Sul da China, uma via marítima estratégica pela qual passam um terço do petróleo negociado internacionalmente.
Nos últimos meses, tem construído ilhas artificiais capazes de receber instalações militares em recifes do arquipélago Spratly, a sul do Paracel, e alvo de disputa pela China, Vietname, Taiwan, Filipinas, Malásia e Brunei.
“Existem evidências, todos os dias, de que há um reforço da militarização de um género ou outro”, disse Kerry na quarta-feira à imprensa em Washington.
Em editorial, o Global Times reagiu, acusando os EUA de instalar a “maioria dos elementos militares na região”.
Se a China de facto colocou mísseis terra-ar na ilha, “talvez sirvam para desencorajar aviões de combate norte-americanos de realizar voos provocativos na região. Para nós, é um ótimo resultado”, conclui.
 

19 Fev 2016

Grupo accionista da TAP compra distribuidora mundial de tecnologia

[dropcap style=’circle’]O[dropcap] grupo chinês HNA – empresa matriz da companhia aérea Hainan Airlines e futuros accionistas da TAP – vão comprar a distribuidora de tecnologia norte-americana Ingram Micro, por 6.000 milhões de dólares.
A HNA pagará 38,90 dólares por cada acção do Ingram Micro – um valor 31% acima da cotação actual – segundo um comunicado emitido ontem pelo grupo listado em Nova Iorque.
“Com a ajuda do Ingram Micro, o HNA Group terá acesso a oportunidades de negócio em mercados emergentes, com altas taxas de crescimento e retornos”, reagiu, entretanto, o CEO da empresa chinesa, Adam Tan.19216P10T1
Segundo um comunicado emitido há dias pelo HNA, o grupo compromete-se a realizar um empréstimo de 120 milhões de euros à companhia aérea brasileira Azul, destinado à compra de obrigações convertíveis da TAP a 10 anos.
A empresa assegurará assim 6,4% do direito de voto na TAP e 55% dos benefícios económicos, lê-se na mesma nota.
Além desse empréstimo, com maturidade de 181 dias e taxa de juros anual fixada em 14,25%, o HNA prevê mais um financiamento de 300 milhões de dólares à Azul, visando tornar-se accionista da empresa.

Apostar lá fora

Pequim tem encorajado as empresas do país a investir além-fronteiras, como forma de assegurar matérias-primas e fontes confiáveis de retornos, face aos sinais de abrandamento na economia doméstica.
A estatal chinesa China National Chemical Corp. ofereceu este mês 43 mil milhões de dólares pela gigante suíça de pesticidas e sementes Syngenta, no que se poderá tornar na maior aquisição de sempre da China no exterior.
A Ingram Micro é responsável pela distribuição de produtos da Apple, Microsoft, IBM e Cisco, entre outras firmas do sector, e tem 200 mil clientes espalhados por cerca de 160 países, segundo o ‘site’ oficial.
A HNA compromete-se ainda a manter a sede da empresa no Estado norte-americano da Califórnia e os actuais membros da administração.

19 Fev 2016

ICBC | Pequim diz-se disposta a cooperar com Espanha

[dropca style=’circle’]A[/dropcap] China está disposta a colaborar com Espanha na investigação à sede do banco chinês ICBC em Madrid, por alegado branqueamento de capitais, e espera que as autoridades espanholas actuem de acordo com a lei.
“Estamos dispostos a manter a comunicação com o lado espanhol”, afirmou ontem um porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Hong Lei, numa conferência de imprensa em Pequim.
Hong apelou à justiça espanhola para tratar deste assunto “de acordo com a lei” e recordou que Pequim sempre urge as empresas chineses no exterior a cumprir estritamente com as leis chinesas e do país onde operam.

Operação serpente

A Guarda Civil espanhola deteve na quarta-feira cinco directores do banco estatal chinês ICBC em Madrid, todos de nacionalidade chinesa, e entre os quais consta o diretor-geral da sucursal.
Em causa está uma operação coordenada pela procuradoria anti-corrupção de Espanha e que a imprensa espanhola diz estar relacionada com a investigação Snake, contra a máfia chinesa na região madrilena de Cobo Calleja.
O banco é suspeito de operar uma estrutura criminal que se dedicava a transferir dinheiro para a China, obtido através de contrabando, fraude fiscal e exploração de mão-de-obra, “de maneira a que parecesse legal”.
Executivos e advogados do ICBC deslocaram-se entretanto a Madrid, para cooperar com as autoridades, informou ontem a instituição num comunicado citado pela imprensa chinesa.
A mesma nota acrescenta que o banco sempre cumpriu “com os princípios básicos de gestão e regulamentos contra a lavagem de dinheiro”.
O ICBC abriu portas na capital espanhola em 2011 e opera sob a tutela da central europeia, no Luxemburgo.
Está também presente em Lisboa há alguns anos, mas através de um escritório de representação, sendo conhecida a sua vontade de abrir uma sucursal no país a curto prazo.
Trata-se da maior instituição bancária do mundo em capitalização em bolsa e por depósitos.

19 Fev 2016

Música e caligrafia em noite de lua cheia Festival das Lanternas de volta ao Albergue SCM

[dropcap style=’circle’]É[/dropcap] já na próxima segunda-feira, dia 22, que o Albergue SCM inaugura o festival anual de lanternas. A festa começa às 18h30 e prolonga-se até às 22h00. Este ano, o programa integra uma série de actividades comemorativas com destaque para a Exposição de Caligrafia Chinesa do Mestre Choi Chun Heng, patente ao público de 22 a 29 de Fevereiro, música ao vivo pela Tong Chong Arts Troupe, ópera chinesa, e pela Banda Sunny Side Up, trio acústico que tocará temas alusivos à época e algum repertório do seu álbum de estreia “Tributo a Macau”.
Tal como nos anos anteriores, o aclamado calígrafo Choi Chun Heng é convidado a escrever papéis votivos “fai-chun”, sendo que haverá o habitual jogo das lanternas com a resolução de enigmas e serão distribuídas lanternas do coelhinho às crianças.
O Albergue SCM vai ainda distribuir 300 caixas com doces tradicionais alusivos à época por via de senhas que podem ser levantadas no local a partir das 18h00.
A Celebração do Festival das Lanternas é comemorada no 15º dia, do primeiro mês do calendário lunar e marca o fim da celebração do Ano Novo Chinês, sendo a primeira noite de lua cheia do novo ano lunar. Tradicionalmente, o Festival teve origem na Dinastia Han, mas a celebração transformou-se gradualmente num evento romântico e é também popularmente conhecido como o “Dia dos namorados chinês”. Os casais poderão escrever as suas juras de amor em corações de papel e pendurá-los nas duas árvores emblemáticas (as canforeiras entrelaçadas) no centro do pátio.
No mesmo espaço, continua a funcionar o “Poço dos Desejos” que estará a recolher donativos para a ANIMA até ao dia 5 de Março. A entrada é livre.

19 Fev 2016

Professora de dança apresenta novo estilo em Macau com aula aberta

Vem decidida a espalhar um bicho, “um bicho bom”, como diz. Chama-se Lindy Hop. Ou Swing. Ou Swing Jazz. Nasceu na “loucura” dos anos 20, quando as pessoas pensavam que as guerras tinham acabado para sempre. É uma febre na Ásia, especialmente na Coreia, e em Hong Kong já existe uma comunidade forte, mas em Macau não. Sara Castro, professora, pretende mudar isso. Já a partir deste sábado

[dropcap style=’circle’]D[/dropcap]escobriu a prática do Lindy Hop há cerca de dois anos, mas “desde miúda” que tem um fascínio pela época, pela música, pelos filmes da época, a dança, o glamour. Um dia, “depois de ter ido a umas festas de Swing, em Lisboa e no Porto, Sara Castro percebeu “que havia muita gente a dançar bem” e resolveu aprender, como confessa ao HM. Uma experiência que se veio a revelar intensa ao ponto de Sara já a considerar um modo de vida. E transformadora porque, como a própria admite, “o Lindy Hop faz as pessoas felizes”.
“Praticamente vejo a minha vida como antes e depois do Lindy Hop. É completamente diferente, sinto-me cada vez mais feliz.”

Ânimo e conexão para todos

“Um dos meus melhores amigos, um inglês de quase 80 anos, é também um dos melhores dançarinos que conheço”, assegura Sara Castro para explicar que esta dança é mesmo para todos, sendo que a professora tem até alunos das mais variadas idades. “É muito divertido”, reflecte, adiantando que o Swing pode ser “lento, rápido, mais ou menos sexy, mas é sempre divertido, as pessoas brincam muito”. saracastro 2
É desta necessária cumplicidade que sai o que Sara Castro considera como o elemento mais importante deste tipo de dança: “a conexão”, revela, “as pessoas dançam em pares e trocam entre eles e têm de estabelecer um elo de ligação forte”, o que, para Sara, muda as pessoas. “É uma escola de sociabilidade”, diz, adiantando que mesmo do ponto de vista técnico, “nesta dança trabalha-se muito essa ligação, porque o par tem de conectar muito.”

Enamorada por Macau

Sara Castro está há apenas cinco meses em Macau, mas nunca lhe foi um lugar completamente estranho por via das conversas do irmão (Joaquim Magalhães de Castro). Um dia, decidiu vir ver a terra com os próprios olhos, porque, como confessa, segue muito mais aquilo que sente do que aquilo que pensa.
“Estava muito feliz em Portugal, mas senti que precisava de uma experiência nova, fora de portas e foi a altura.”
O convite da Associação Macau no Coração, que cedeu o espaço para a actividade de sábado, veio a calhar e proporcionou-lhe a oportunidade de se dedicar à sua paixão. Mas Macau requer um processo de adaptação que, admite, “tem tido as dificuldades próprias de se vir para um lado novo com outra cultura e onde não se conhece ninguém”. Sara confessa que está enamorada e a adorar a experiência. Para o futuro, tem alguns planos ligados à produção de outros projectos artísticos, apesar de não gostar muito do longo, nem sequer do médio prazo. “Gosto de planear mês a mês”, diz-nos bem humorada. saracastro 5
Para já, o seu grande foco é o de “lançar o bicho do Lindy Hop em Macau”, explica. Já tem pessoas interessadas e espera vir a ter mais depois desta primeira aula. Espera também conseguir convencer algumas escolas a anexarem classes extracurriculares de Swing que, garante, seriam óptimas “para aumentar os níveis de sociabilidade e bem estar geral das crianças”, ou não tenha sido ela professora durante grande parte da sua vida do 1º ciclo e de Expressões Artísticas (das artes plásticas à dança) para adultos e crianças.

Apresentar o Lindy

Para o próximo sábado, Sara Castro apresenta uma dança que já é comum na região vizinha e que a professora quer, então, ver em Macau. O que se prepara é “um convite aberto à cidade”, diz Sara, para as pessoas experimentarem as delícias do Lindy Hop e aumentar o número de praticantes. swing poster
“Já tenho alguns alunos mas gostava que fossemos muitos mais”, diz a professora.
A sessão propriamente dita, começará com uma aula aberta para que as pessoas se apercebam dos movimentos básicos e continuará para um momento mais social onde, explica Sara, “as pessoas podem beber um copo, um snack, confraternizarem e aplicarem os movimentos aprendidos na aula”.
De resto, a professora sente-se confiante que, tal como noutros países asiáticos, o Lindy Hop também pegue de estaca por aqui, dando até o exemplo de Hong Kong onde “existe há cerca de dez anos e tem vindo a crescer muito”.
A demonstração vai acontecer no próximo sábado, dia 20, no espaço da Associação Macau no Coração, entre as 19h00 e as 21h30. A Associação fica na rua 4 do Bairro do Iao Hon, nº 50, Edif. Industrial Iao Seng, bloco 1 – 4º B. A entrada é livre.

19 Fev 2016

Geneveva Rodrigues, gestora de Marketing

[dropcap style=’circle’]D[/dropcap]e riso fácil e ar jovial, Geneveva Rodrigues veio a Macau apenas para renovar o BIR, porque a tia disso a lembrou, mas um assunto que era para uma semana transformou-se numa aventura de dois anos. “Estava uma óptima temperatura em Macau, apesar de ser Janeiro, há meses que estava um frio horrível em Portugal… e fui deixando-me ficar”, relembra ao HM. “Isto era tudo novo para mim, era como descobrir uma cidade nova e prorroguei a partida por mais três semanas”.
Surge entretanto uma oferta de emprego como gestora de vendas, e depois de contas, de uma empresa de marketing digital, a Hogo. Ainda cá está, agora como gestora de marketing do Clube Pacha. Mas, tudo começou há 35 anos, quando Geneveva nasceu em Hong Kong.
“Nos anos 80 isso era normal”, explica, “as pessoas não tinham muita confiança em ter bebés aqui e a minha mãe foi a Hong Kong”. Tem sangue chinês do lado do pai mas nunca o conheceu nem pretendeu alongar-se sobre o assunto. Depois seguiu-se a vida em Macau que durou até cerca dos 18 anos quando voltou para Portugal.
“Não tenho muitas recordações dessa altura”, diz-nos. A confissão deixa-nos um pouco surpreendidos, mas resolvemos tentar voltar ao assunto mais tarde. Entretanto tínhamos sabido que é do signo do Macaco, o que nos fez pensar em desejos para o ano. “Queria que me saísse o euromilhões”. Pelo dinheiro apenas?, quisemos saber. “Não, para dar volta ao mundo, pois não quero ter de trabalhar pelos sítios por onde passo” e isso “custa dinheiro”.
É que, para Geneveva, mochila às costas… “Não! Isso não faz parte do meu género”, garante entre gargalhadas, reconhecendo que este é um sonho distante.

Festas como trabalho

Quando voltou a Portugal voltou de vez. “Fui a última da família a voltar, já lá estavam todos, por isso, quando fui, nunca pensei em voltar”.
Foi estudar Farmácia porque estava na área de Saúde na secundária e tinha horror a sangue, pelo que Farmácia não lhe oferecia esse confronto. É farmacêutica, portanto, e foi formadora de delegados de propaganda médica. E responde com um “não faço comentários sobre isso” quando lhe perguntamos se acha a indústria farmacêutica saudável. geneveva
O seu coração, contudo, esteve sempre noutro lado: “A minha principal actividade sempre foi outra”, revela de repente. “Em boa verdade o que eu sempre fiz mais foi relações públicas e organização de festas”.
Organizou-as em Lisboa, no Algarve mas também em Miami onde viveu algum tempo. “A noite esteve sempre aliada a mim, desde os 16, 17 anos….” Aí apanhámo-la e voltámos ao assunto ‘crescer em Macau’: a palavra mágica, “noite”, tinha sido proferida e, de repente, as recordações da adolescência em Macau começaram a surgir em catadupa na cabeça de Geneveva. “Era mais em Hong Kong”, garante, “mas em Macau também havia festa”, reconhece, “era a altura da discoteca Mundial”…
Os tempos eram mais passados com os amigos, em Lan Kwai Fong, quando “aquilo se resumia a uma rua”, diz-nos. “Mas tinha o 97, o JJ, o Manhattan…”, revela com emoção. Agora percebíamos melhor como o Pacha se enquadra na sua vida. “O Pacha é uma velha paixão”, revela, adiantando que “quando morava em Portugal foi durante dez anos consecutivos ao Grand Opening em Ibiza”.
Por isso mesmo, para Geneveva, trabalhar no Pacha é um sonho tornado realidade ao ponto de considerar: “o meu local de trabalho é a minha sala de diversões”. Mas é também um desafio: “vamos ter de adaptar mais o clube à clientela asiática”, revela, reconhecendo que trabalhar no mercado asiático é uma experiência nova, além de “estarmos numa cidade muito particular, pois as pessoas vêm mais para o jogo do que propriamente para o entretenimento”. “Em Hong Kong seria diferente”, garante.
Contribuir para aperfeiçoar o plano de marketing do clube é uma das suas missões e a nova ponte não será a solução porque, diz, são precisos resultados agora”. “Não podemos ficar à espera da ponte, as soluções temos de as achar agora”, revela assumindo de repente um tom mais solene e garantindo que esse desafio é o que a agarra a Macau.
A jovem pretende poder dizer “missão cumprida”, mas não será por muito tempo. “Talvez mais um ano”, pensa, “mas ficar aqui não tenciono”, garante. “Tenho umas saudades imensas do mar, dos meus amigos, das festas nos terraços”…
Geneveva pareceu-nos convencida de que um dia vai mesmo ter de voltar para o reencontro com o Atlântico e com os amigos que não dispensa. E bebés?, pretendemos saber para fim de conversa. “Nunca tive esse desejo”, revela, “desde pequena nunca foi uma coisa importante para mim, de modo nenhum”, confessa, apesar de admitir que numa situação especial, com a pessoa certa, isso poderia acontecer. Nunca teve o sonho de ser mãe e continua “a não ter”, assegurou.
E deixámo-la como a encontrámos: no salão de beleza, a terminar o criterioso tratamento de unhas que percebemos não dispensar, num momento de pausa, onde acedeu falar connosco, na vida agitada de uma ‘marketeer’ do entretenimento.

19 Fev 2016