Ensino | IPM liga-se a Portugal para projectos de cooperação

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP) vai desenvolver, a partir de Junho, projectos no âmbito do empreendedorismo e eficiência energética em Macau, disse à agência Lusa o presidente, Joaquim Mourato. Os contornos dos projectos começaram a ser trabalhados em reuniões à margem do 4.º Fórum Internacional entre instituições membros do CCISP e do Conselho de Reitores das Universidades Tecnológicas Polacas, que terminou este fim-de-semana em Macau.
“Trazíamos já agendadas duas formas de cooperação: uma que tem a ver a energia e outra com o empreendedorismo. Deste encontro resultou um conjunto de projectos que vamos desenvolver, e uma boa parte destes projectos também com Macau, designadamente no programa dos politécnicos portugueses: o Poliempreende”, disse Joaquim Mourato.
O presidente do CCISP explicou que se trata de um programa de empreendedorismo na comunidade académica, essencialmente para os diplomados, estudantes e professores, para promover o espírito empreendedor e para gerar projectos, ideias e criação de novas empresas.
“É um projecto com bastante maturidade em Portugal e que estamos a replicar, quer na Polónia, quer no Instituto Politécnico de Macau (IPM)”, afirmou. Joaquim Mourato adiantou que, em Junho, uma equipa de investigadores portugueses vai deslocar-se ao IPM com vista ao ensino da metodologia e criação de equipas, que podem ter estudantes de várias formações.
“Vários professores vão ajudá-los a transformar uma determinada ideia num projecto de negócio, e esse projecto de negócio pode dar depois origem ao registo de patentes, criação de empresas, ou à inovação numa empresa já existente”, adiantou. “Este trabalho será acompanhado por uma equipa nossa nas diversas escolas do IPM. Vamos fazer o mesmo na Polónia, em princípio nesta primeira fase, em cinco universidades polacas.”
Outro projecto a desenvolver em parceria com o IPM é na área da eficiência energética. “Dado que os hotéis e casinos são centrais para o desenvolvimento de Macau, provavelmente será escolhido um destes edifícios para fazer esse primeiro teste”, afirmou. O objectivo passa por “certificar um determinado edifício”, daí resultando “um conjunto de benefícios, designadamente ambientais e de redução de consumos”.
No mês de Junho, já está agendada uma reunião de ambos os grupos – de energia e do empreendedorismo – para prepararem o programa de acção e contactarem os parceiros públicos e privados, como adiantou o responsável.

Encontro com EPM

O presidente do CCISP reuniu ainda com outras entidades, nomeadamente com a direcção da Escola Portuguesa de Macau, com vista ao desenvolvimento de um programa de formação contínua de professores através das Escolas Superiores de Educação de Portugal.
Além disso, apresentou uma proposta ao Gabinete de Apoio ao Ensino Superior para a formação em Portugal de licenciados de Macau interessados em aprofundar os conhecimentos sobre a língua e cultura portuguesas durante um ou dois anos.
Joaquim Mourato esteve com o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, com quem abordou a possibilidade de formação de profissionais da área da Saúde.
Antes do fórum internacional, a delegação do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos visitou a província chinesa de Guangdong – adjacente a Macau – onde foram realizados contactos para o desenvolvimento de relações bilaterais ao nível do ensino superior com politécnicos portugueses.
Segundo um comunicado oficial, Alexis Tam lembrou que Macau “é o único sítio da região Ásia-Pacífico que providencia 15 anos de escolaridade gratuita”, referindo ainda que existe “falta de recursos humanos especializados”. Alexis Tam disse também que o Governo “pretende aumentar a cooperação na área do ensino superior e que os institutos politécnicos são essenciais para a concretização daquele objectivo”.

23 Mai 2016

Quem quer tramar o São Januário?

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Centro Hospitalar Conde de São Januário tem estado a ser vítima de acusações falsas. É o que diz o próprio hospital, que indica num comunicado que a colocação de lixo alegadamente médico na via pública terá sido “provocado por alguém que intencionalmente depositou os resíduos” na rua.
Nos últimos dias tem circulado na internet uma foto de um saco plástico vermelho com as palavras “Resíduos Médicos”, que colocou o hospital sob suspeita de abandono de resíduos nas ruas. Já em Março, o São Januário tinha recebido uma foto idêntica, sendo que o cidadão que apresentou a imagem disse que o saco plástico estava colocado junto ao Edificio Merry Court, na Estrada do Visconde de S. Januário.
O hospital, que “não usa sacos plásticos vermelhos para resíduos médicos”, iniciou uma investigação mas não sabe ainda quem possa ser o autor da acção.
“A colocação intencional de lixo em vias públicas é um comportamento que afecta a saúde pública, censurado pelo hospital que se reserva no direito de pedir a responsabilidade. O CHCSJ possui procedimentos rigorosos de eliminação de resíduos, todos os serviços da acção médica pedem mensalmente três tipos de sacos de lixos, nomeadamente, sacos pretos para resíduos gerais, sacos amarelos para resíduos médicos e sacos verdes para documentos confidenciais com necessidade de ser triturados antes de ser destruídos.”
O hospital público diz ainda que após a recolha dos resíduos, os sacos são selados, pesados e registados, sendo ainda transportados por veículos especializados.

20 Mai 2016

China e Índia enfrentam vasto problema de saúde mental

[dropcap style=’circle’]M[/dropcap]ais de um terço da população chinesa e indiana sofre de problemas mentais, mas apenas uma pequena fracção recebe tratamento médico adequado, indicam estudos ontem divulgados pela revista britânica “The Lancet”.
Há mais pessoas com problemas mentais, neurológicos ou relacionados com o uso de substâncias nos dois países mais populosos do mundo do que em todos as economias desenvolvidas combinadas, indicam as investigações.
Este problema agravar-se-á nas próximas décadas, especialmente na Índia, onde deverá afectar um quarto da população em 2025.
A China está já a enfrentar uma rápida subida de problemas de demência, uma tendência relacionada com o envelhecimento da população, fruto das políticas de controlo da natalidade iniciadas há mais de 35 anos.

Não há condições

Nenhum dos dois países está equipado adequadamente para enfrentar as necessidades relacionadas com a saúde mental, de acordo com relatórios publicados nas publicações médicas “The Lancet” e “The Lancet Psychiatry” e “China-India Mental Health Alliance”, divulgados pela agência France Presse.
Na China, apenas 6% das pessoas com problemas de saúde mental, como depressão, desordens relacionadas com a ansiedade, ou com o abuso de substâncias e demência procurou ajuda médica, indicam as investigações.
“A falta de assistência médica nas zonas rurais” é especialmente grave, explica Michael Phillips, um dos coordenadores das investigações e professor na Emory University em Atlanta e na Jiao Tong University em Shangai.
Mais de metade dos doentes com desordens psicóticas graves, como a esquizofrenia, não são diagnosticados e muitos menos recebem tratamento, acrescenta o investigador.
Na Índia, a percentagem da população com problemas mentais que recebe tratamento é igualmente pequena, o que contrasta com taxas acima de 70% verificadas nos países desenvolvidos.

No campo ainda é pior

A divisão entre as economias desenvolvidas e estes gigantes populacionais é também expressiva no que concerne os orçamentos empregues no tratamento das doenças mentais. Enquanto na China e na Índia, os orçamentos de saúde consagram menos de 1% à saúde mental, nos Estados Unidos, por exemplo, este valor ascende quase a 6% e em França e na Alemanha alcança os dois dígitos.
Tanto a Índia como a China lançaram recentemente políticas de supressão de necessidades relacionadas com as doenças mentais, mas a realidade no terreno mostra que há ainda muito caminho a percorrer.
“As carências de tratamento, especialmente nas zonas rurais, são muito grandes”, afirma a propósito da Índia Vikram Patel, um professor na London School of Hygiene and Tropical Medicine.
Mas na China a realidade não é diferente. Deverá demorar décadas para que cada um destes países resolva estas necessidades, concluem os estudos. Os investigadores sugerem que um largo conjunto de praticantes tradicionais na Índia e na China podem ser treinados para reconhecer problemas de saúde mental e ajudar com tratamento.

20 Mai 2016

China | Parceria assinada com Moçambique tida como única fora da Ásia

Pequim assinou um acordo de cooperação com Moçambique como nunca foi visto fora da Ásia. Esta amizade, que vem desde a guerra de independência, resulta agora em apoios sínicos que vão do armamento um gigante plano de infra-estruturas colocando Moçambique como um ponto vital da nova Rota da Seda

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Acordo de Parceria e Cooperação Estratégica Global, assinado na quarta-feira pelo Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, e pelo seu homólogo chinês, Xi Jinping, torna Maputo num caso único para a diplomacia chinesa fora da Ásia.
Além do país africano, apenas Camboja, Laos, Birmânia, Tailândia e Vietname – todos países vizinhos da China – celebraram o mesmo tipo de acordo com Pequim.
Aquele documento, que estabelece os 14 princípios que deverão nortear as relações bilaterais, prevê fortalecer os contactos entre o exército, polícia e serviços de inteligência dos dois países.
Pequim compromete-se assim a ajudar Maputo a reforçar a capacidade de Defesa nacional, salvaguardar a estabilidade do país e formar pessoal militar.
Estipula ainda o comércio de armamento, equipamento e tecnologia, numa altura de renovada tensão político-militar entre o Governo da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) e a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo).
Durante as conversações entre Xi e Nyusi, decorridas no Grande Palácio do Povo, no centro de Pequim, o Presidente chinês lembrou o papel da China na libertação nacional de Moçambique.
“A amizade [entre os dois países] surgiu da luta conjunta contra o imperialismo e o colonialismo”, sublinhou.
A China apoiou os guerrilheiros da Frelimo na luta contra a administração portuguesa e foi um dos primeiros países a estabelecer relações diplomáticas com Moçambique, logo no próprio dia da independência, 25 de Junho de 1975.

Acordo de primeira

No aspecto económico e comercial, o mesmo acordo dedica ainda uma cláusula à iniciativa chinesa Rota Marítima da Seda do século XXI.
Aquele termo refere-se a um gigante plano de infra-estruturas que pretende reactivar a antiga Rota da Seda entre a China e a Europa através da Ásia Central, África e sudeste Asiático.
Neste sentido, os dois países devem cooperar nas áreas transporte marítimo, construção de portos e zonas industriais portuárias, aquacultura em mar aberto e pesca oceânica.
A China divide em 16 categorias os acordos de parceria que estabelece com países estrangeiros.
No caso de Portugal, por exemplo, Pequim assinou, em 2005, um Acordo de Parceria Estratégica Global, note-se, sem o termo cooperação.
Filipe Nyusi realiza esta semana a sua primeira visita oficial à China, o principal credor de Moçambique.
Desde 2012, a China aumentou em 160% o financiamento a Maputo, segundo dados citados pela imprensa moçambicana.
A descoberta recente de empréstimos de 1,4 mil milhões de dólares que não foram contabilizados nas contas públicas ou reportados ao Fundo Monetário Internacional (FMI) descredibilizou Moçambique perante os mercados financeiros e doadores internacionais.
Já a descida do preço das matérias-primas levou a uma depreciação de 35% da moeda local, enquanto as reservas em moeda estrangeira caíram 25% no ano passado.
Em declarações aos jornalistas, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Zhang Ming, disse na quarta-feira que “a China vai ajudar [Moçambique] neste momento difícil (…) fornecendo tecnologia, equipamento e até apoio financeiro”.
Zhang recusou-se, no entanto, a adiantar valores: “Como não se pergunta a idade a uma mulher, não se pergunta o valor a um comerciante”, justificou.

20 Mai 2016

UM |Curso de Verão de Português excede expectativas

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap] Curso de Verão de Língua e Cultura Portuguesa da Universidade de Macau, que vai decorrer entre os dias 18 de Julho e 5 de Agosto, vai exceder o objectivo de 500 alunos traçado para a 30.ª edição. A informação foi avançada pelo Departamento de Português da Faculdade de Artes e Humanidades da UM, que organiza o curso que visa dar aos participantes de diferentes países uma oportunidade para melhorar habilidades em Português ou para começar a aprender a língua.
Até ontem foram contabilizados 275 alunos do exterior, a somar a 90 estudantes locais, mas ainda falta processar mais de 200 inscrições, pelo que o objectivo de 500 alunos traçado para a 30.ª edição vai ser excedido, indicou o Departamento de Português à Lusa.
A maior parte dos inscritos no curso vem da China, seguindo-se Coreia do Sul, Vietname ou Japão. De Timor-Leste vão chegar dois alunos com o apoio da Fundação Oriente.
Em anos anteriores chegaram a ser registadas mais de 500 candidaturas, mas o máximo de admissões, ponderado com base em factores como o contingente de professores ou na capacidade de alojamento e alimentação era bastante inferior, pelo que a selecção deixava de fora um maior número de candidatos.
A título de exemplo, em 2014 candidataram-se mais de 500 estudantes, mas apenas foram admitidos 370. No ano passado, o curso contou com aproximadamente menos cem alunos do que em 2014 (270), nomeadamente devido ao surto da Síndrome Respiratória do Médio Oriente na Coreia do Sul.
Ao longo de 30 anos, foram formados aproximadamente seis mil estudantes de todo o mundo, um terço dos quais oriundos de Macau.

20 Mai 2016

Hong Kong | Cinco detidos durante visita de dirigente chinês

[dropcap style=’circle’]C[/dropcap]inco pessoas foram detidas ontem em Hong Kong, num protesto relacionado com a visita do “número três” do regime chinês.
Entre os detidos está um líder estudantil de um movimento pró-democracia, Joshua Wong.
Os cinco foram detidos quando se preparavam para tentar deter uma caravana de carros onde seguia Zhang Dejiang, o presidente da Assembleia Nacional Popular da China que ontem terminou uma visita a Hong Kong.
Os cinco detidos entraram, a correr, numa estrada que tinha sido evacuada para a caravana passar.
Joshua Wong tinha um cartaz com a palavra “autodeterminação” e os cinco manifestantes foram detidos antes da chegada dos carros.
Todos pertencem ao movimento criado por Joshua Wong, que confirmou as detenções e colocou na internet um vídeo com o ocorrido.

Outras detenções

Na terça-feira, a polícia tinha também detido sete membros do partido pró-democracia Liga dos Sociais Democratas por colocarem faixas de protesto em espaços públicos, incluindo colinas e viadutos.
Zhang Dejiang disse na quarta-feira que a autonomia de Hong Kong será preservada.
Num jantar com deputados da região, a que não compareceram os pró-democratas, o dirigente chinês garantiu que Hong Kong não será “continentalizada” por Pequim.
O princípio “‘um país, dois sistemas’ é do maior interesse para o país e para Hong Kong. O Governo central vai implementá-lo sem hesitação. A sociedade de Hong Kong pode estar completamente descansada”, afirmou.
Antes do jantar, o dirigente chinês reuniu-se com deputados, incluindo quatro pró-democratas que no final do encontro disseram que “a atmosfera geral foi muito civilizada” mas não houve nada de novo.
Cerca de 200 manifestantes pró-democracia e pró-China juntaram-se na quarta-feira nas imediações do local onde Zhang jantou. Outras 100 tinham-se já manifestado de manhã noutro local onde estava Zhang.
A associação de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch disse na quarta-feira que as autoridades de Hong Kong “limitaram fortemente” a oportunidade da população expressar as suas críticas durante a visita do “número três” do regime chinês.
A organização disse também que as autoridades locais deviam desafiar Zhang Dejiang a “assumir compromissos concretos para respeitar a autonomia de Hong Kong em matéria de direitos humanos e democracia”.
A visita de Zhang Dejiang é a primeira deslocação de um importante responsável chinês ao território desde os protestos pró-democracia que paralisaram partes da cidade em 2014.
A deslocação a Hong Kong ocorre numa altura em que aumenta a preocupação na região de que as liberdades possam estar em risco e em que a falta de reformas políticas gerou novos grupos que defendem a ideia da independência da cidade.

20 Mai 2016

Juntos a dançar com a MDMA e John-E

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]MDMA (Macau Dance Music Association) vai voltar ao Pacha no próximo sábado com os DJs locais Erick Leong, D-Hoo e Sérgio Rola, membro do colectivo Flipside. Mas, esta sessão traz um convidado: fala-se de John-E, a.k.a. João Reis, iniciado por cá mas agora radicado em Portugal.
Com “Together we Dance”, assim se chama, esta será a terceira sessão organizada pela MDMA no Pacha, continuando assim a associação a afirmar-se com uma das principais potências do território no estabelecimento de uma base local de disc-jockeys, o seu grande objectivo. Mas a novidade para a próxima noite de sábado é mesmo a presença de John-E que começou a sua carreira como DJ precisamente aqui em Macau, corria o ano de 1994 e tinha ele apenas 17 anos. A coisa correu bem e um ano depois já actuava no Club UFO, onde viria a assentar arraiais como residente. Considerado um dos pioneiros da música de dança em Macau, João também tocou nas conhecidas festas I-Spy de Hong Kong vindo mais tarde a passar pelo Club Santa Fé, em Ko-Samui, Tailândia. Entre 1997 e 2000 viveu em Londres tocando regularmente em clubes como o 414 e o George IV (Brixton) e nalguns festivais underground. Esta experiência deu-lhe uma acentuada raiz electrónica britânica evoluindo com sons que vão do break-beat, ao techno minimal, passando ainda pelo house progressivo. Sábado, 21 de Maio a partir das 21h00.

19 Mai 2016

Que estamos nós aqui a fazer, tão longe de casa? | 13. O estripador

* por José Drummond

[dropcap style=’circle’]E[/dropcap]u não sou nada. Nada. Sinto-me como alguém lançado ao mar. À noite. Flutuando sozinho. Estendo a mão, mas não existe ninguém. Ninguém. Grito. Mas ninguém responde. Não encontro qualquer nexo em mim. Não me sinto em mim. Lembro-me que houve um momento em que tive uma família. Um momento, no qual, existia uma esperança, existia um carinho, existia um porto. Segredos. Como segurar um segredo? Não tenho forças. Como segurar um segredo? Enquanto isso, nesta cidade à beira-rio, a minha memória passa por altos e baixos. Sinto um arrepio. Hoje tudo parece repetido. Constantemente. Tudo se deteriora a cada dia. A memória. A verdade. Tudo se perde. O conhecimento. Tudo é monótono. Tudo é um pouco mais silencioso do que antes. Não sei quando tudo começou. Tudo é um névoa. Sei apenas que só me sinto bem nesta caça. À procura dela. Eu sei que ela está em algum lugar. Eu sei que devo ser obstinado e continuar a procurá-la. Esta foto dela que me serve de amuleto. Um qualquer encantamento. Estou cansado de viver em ódio e ressentimento. Estou cansado de viver incapaz de amar alguém. Não tenho um único amigo. Nem um. E, pior de tudo, não me posso amar. Porque é que não me posso amar? Porque é que não posso amar ninguém? Uma pessoa aprende a amar-se a si própria quando se ama e se é amado por alguém. Uma pessoa que é incapaz de amar outro não se pode amar a si mesmo. Não. Não. Não. Todas estas mulheres que me fazem lembrar-me dela. Estas vítimas servem apenas para me acalmar. Fechado em silêncio. Os lábios fechados. Já não há modo de voltar atrás. Uma brisa sopra pela janela. Agita as cortinas desbotadas pelo sol e as pétalas delicadas das flores. O cheiro que vem da colina é hoje mais forte do que nunca. O som suave das minhas agulhas. O som suave das minhas facas. O som do vento nas árvores. O som que se escoa e que se mistura. Os sons todos misturados uns com os outros e com os gritos das cigarras. O sons todos profundamente encharcados em tristeza.

A luz da tarde começou a enfraquecer e mistura-se com toques de noite. A brisa da colina continua a agitar as árvores. Por vezes tudo parece um vácuo. Cruzo-lhe as mãos e olho-lhe para o rosto uma vez mais. Esta mulher não é uma concha vazia. É um ser humano de carne e sangue. O sangue a escorrer que tanto me acalma. E este estar com alma teimosa. Este estar estreito. Estas memórias sombrias. Este sobreviver por entre trancos e barrancos sobre este pedaço de terra à beira-rio. Não tenho escolha senão conviver com este vácuo que lentamente se espalha dentro de mim. Este vácuo e estas memórias em desacordo. O vácuo que tudo engole. Todas as memória engolidas. Ficam apenas os olhos assustados destas mulheres. Fica apenas o sangue destas mulheres que espirra quando aplico as minhas lâminas nos seus corpos. Quando lhes aplico as minhas agulhas. E apenas depois algo se acalma. Fica apenas esta eterna procura. Fica apenas o estrondo distante do rio misturado com a brisa do início da noite a escorregar por entre os ramos das árvores. Fica apenas a consciência do vácuo. E não preciso de médicos especialistas. Porque nada do que me possam dizer ou fazer altera quem me tornei. Os sintomas foram progredindo lentamente. E estas mulheres? Não te preocupes comigo. Tudo o que tens a fazer é morrer. No fundo só quero beber um pouco de amor. Uma última vez. Mas não a encontro. E assim não posso. Não existe mais. Porque não a encontro. 19516P15T1-A

Olho novamente para o telhado desta escondida cabana. A lua brilha. Uma luz que ocupa metade do céu. São agora três e meia da manhã e gostaria de poder ver cores. Mas já não vejo nenhuma cor. Depois de se chegar a uma certa idade, a vida torna-se apenas num processo contínuo de perda. Um constante perder uma coisa atrás da outra. Uma após o outra. As coisas que valorizamos a escaparem-se das nossas mãos da mesma maneira como um pente perde dentes. As pessoas que amamos a desaparecerem uma após a outra. E, uma dor é aliviada ou cancelada por outra dor. Mas a verdade é que ela estrava grávida e eu nunca mais a vi de novo. Mas eu sei que ela está aqui. Tenho que a encontrar. Porque existe um lado trágico no amor? Quando deixei a casa da minha mãe, para não mais voltar, passei o dia seguinte sozinho num quarto de hotel, de manhã até a noite. No dia seguinte voei para Kyoto. E tentei procurá-la. Em vão. E o tempo? Que fez o tempo? Que fez o tempo? Nada. Nada havia a fazer. Desaparecer. Nada mais. E o dia depois? E o dia depois do dia depois? E todos os dias depois do dia depois do dia depois? E o tempo? Que fez o tempo? Que fez o tempo? O último dia cheio de memórias e todos os outros dias sem nada. Nada mais que as mesmas memórias recorrentes. Nada mais. Quando nada mais havia a procurar em Kyoto voltei a esta cidade à beira-rio. Esta cidade tão pequena. Esta cidade que foi íntima um dia. Mas agora, que fez o tempo? Aquelas memórias de uma nuvem de ouro pálido, translúcida, por cima das colinas. Aquelas memórias em cor ténue, fria, e foi à noite, e foi à noite. E o tempo? Que fez tempo?

19 Mai 2016

Corrida a estúdio do Macau Design Center

Pela primeira vez desde a abertura em 2014, o Macau Design Centre (MDC) abriu um concurso para o arrendamento de um estúdio, o único dos 17 que estava disponível, e a resposta, na óptica do MDC, foi massiva. No total, foram 13 as propostas de áreas tão diversas como o design gráfico, produção multimédia, design de produto, animação, efeitos especiais, fotografia, design de interiores, produção de vídeo e artesanato. As propostas foram avaliadas por um painel de selecção constituído por membros do MDC e do Fundo das Indústrias Culturais que analisou portefólios, áreas de negócio e propostas. No final, a escolha recaiu no Cliffs Studio Co. Ltd. Segundo indica a nota distribuída à imprensa, “não foi um trabalho fácil dada a qualidade dos proponentes”. O concurso esteve aberto entre os dias 2 e 25 de Abril. O MDC disponibiliza os espaços a preços controlados por um período máximo de três anos e, a partir daí, o contrato será renovado anualmente com base no estado de desenvolvimento dos projectos.

19 Mai 2016

Residentes não respeitam proibição de fumar

Quase 60% dos infractores da Lei de Prevenção e Controlo do Tabagismo eram residentes, enquanto que apenas 35,7% dos infractores foram turistas. Apenas 4,5% dos infractores foram cometidos por trabalhadores não residentes. Os números dizem respeito aos primeiros três meses do ano e foram divulgados ontem pelos Serviços de Saúde. Entre Janeiro e Março foram realizadas mais de 113 mil inspecções a estabelecimentos. Um total de 102 casos de infracções obrigou à intervenção das Forças de Segurança. Desde a implementação da lei, em 2012, que mais de 30 mil pessoas foram multadas. De Janeiro a Março, foram 2500 as acusações.

19 Mai 2016

Nova linha aérea liga Macau à Rússia

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]partir de agora é possível viajar directamente para Moscovo graças à nova linha aérea inaugurada ontem no aeroporto de Macau e que será operada pela companhia russa Royal Flight. Os voos iniciaram-se ontem, com um serviço charter bissemanal entre as duas cidades. Gradualmente, a empresa espera que o serviço se transforme numa carreira regular. A empresa promete lançar três voos por semana a partir do dia 3 de Julho.
Macau passa a ser o primeiro destino da empresa na região da grande China. Na cerimónia que marcou a partida do voo inaugural, Eric Fong, Director de Marketing do Aeroporto Internacional de Macau (CAM), disse que “com o aprofundamento dos laços económicos, culturais e de turismo entre a China e Rússia, esta linha aproxima as relações e o nível de cooperação entre os dois países”.
Fong destacou ainda “os recursos turísticos da Rússia” e o papel de Macau como “uma plataforma fascinante para as trocas culturais entre a China e Portugal”, o que, na opinião do executivo, “atrairá residentes de ambos os países a viajarem para o estrangeiro”.
A Rússia é a terceira maior fonte de turistas para a China que, por contrapartida, assume-se como o segundo maior fornecedor de turistas para a Rússia. A CAM refere ainda em comunicado a sua vontade para “continuar a manter uma colaboração próxima com as companhias aéreas e expandir a rede de destinos”.
A Royal Flight é uma empresa de charters fundada em 1993, com sede em Abakan, Rússia. Actualmente, opera voos charter entre várias cidades chinesas e destinos turísticos como Egipto, Turquia, Índia, Emiratos Árabes Unidos, Espanha, Itália, Tailândia e Marrocos.

18 Mai 2016

Artista Vhils recebe prémio Personalidade do Ano da AIEP

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]artista Alexandre Farto, que assina como Vhils, recebeu em Lisboa o prémio Personalidade do Ano da Associação da Imprensa Estrangeira em Portugal (AIEP), por ter contribuído “para levar o nome do país ao exterior”, em 2015.
“O país – e a grande Lisboa em particular – afirmou-se como um centro da Arte Urbana. O contributo do Vhils para isso foi essencial”, afirmou a presidente da AEIP, Alison Roberts, na sessão de entrega do prémio Martha de La Cal, que decorreu no IADE – Instituto de Arte e Design, em Lisboa.
Alexandre Farto, de 28 anos, captou a atenção a ‘escavar’ muros com retratos, um trabalho que tem sido reconhecido a nível nacional e internacional e que já levou o artista a vários cantos do mundo, como Hong Kong.
Para Alison Roberts, no trabalho de Vhils “impressiona não só a sua habilidade com métodos e materiais, simbolicamente aliando a destruição à criação, mas a sua sensibilidade, a história do meio urbano e as vidas humanas nas comunidades onde ele trabalhou”.
Alexandre Farto contou que recentemente esteve, com a sua equipa, no México, onde fez “uma série de intervenções em várias cidades”.
“É interessante perceber como a arte tem o poder de criar uma relação com o ser humano e, a partir daí, criar diálogo e por o foco em situações nas quais a arte serve quase como uma arma para essas pessoas. É nesse sentido que o trabalho se tem espalhado e tem feito sentido em diversos sítios do mundo”, afirmou.

Do Seixal para o mundo

O prémio foi entregue pelo Ministro da Cultura, Luís Castro Mendes, que disse ser “admirador da obra de Vhils”. Segundo o governante, Vhils “encarna com grande brilho a dimensão internacional que os portugueses sabem assumir, não só pelas muitas exposições que tem feito, mas também pela obra notável” que espalhou pelas ruas de cidade como Nova Iorque, Berlim, Paris, Moscovo, Hong Kong e até a estação espacial internacional.
“A forma como interpela os cidadãos e as cidades assume uma linguagem universal e essa capacidade para transformar a paisagem urbana degradada num espaço de diálogo sobre a condição humana, que a APEI lhe reconhece na atribuição do prémio, vai continuar a aprofundar-se cada vez mais e a engrandecer a nossa arte”, defendeu.
Vhils cresceu no Seixal, onde começou por fazer graffiti em comboios, aos 13 anos, antes de rumar a Londres, para estudar Belas Artes, na Central Saint Martins, depois de não ter conseguido média para uma faculdade portuguesa.
A técnica que notabilizou Vhils consiste em criar imagens, em paredes ou murais, através da remoção de camadas de materiais de construção, criando uma imagem em negativo. Além das paredes, já aplicou a mesma técnica em madeira, metal e papel, nomeadamente em cartazes que se vão acumulando nos muros das cidades.

Ano marcante

Em 2014, Alexandre Farto inaugurou a sua primeira grande exposição numa instituição nacional, o Museu da Electricidade, em Lisboa. “Dissecação/Dissection” atraiu mais de 65 mil visitantes em três meses.
Esse ano ficaria também marcado pela colaboração com a banda irlandesa U2, para quem criou um vídeo incluído no projecto visual “Films of Innocence”, que foi editado em Dezembro de 2014, e é um complemento do álbum “Songs of Innocence”.
Em 2015, o trabalho de Vhils também chegou ao espaço, à Estação Espacial Internacional (EEI), no âmbito do filme “O sentido da vida”, do realizador Miguel Gonçalves Mendes.
No passado mês de Março, inaugurou a primeira exposição individual em Hong Kong, “Debris”, no topo do Pier 4 (Cais 4), uma mostra que reflecte a cidade e a identidade de quem nela habita para ver e, sobretudo, “sentir”.
Paralelamente ao desenvolvimento da sua carreira criou, com a francesa Pauline Foessel, a plataforma Underdogs, projecto cultural que se divide entre arte pública, com pinturas nas paredes da cidade, e exposições dentro de portas, em Lisboa.

18 Mai 2016

China: Um olhar desassombrado | 1972年

* por Julie O’yang

[dropcap style=’circle’]C[/dropcap]hung Kuo, Cina é um filme realizado por Michelangelo Antonioni. Em 1972, o primeiro-ministro Chu En-lai convidou o realizador italiano, conotado com a esquerda, a deslocar-se a Pequim para produzir um documentário que viria a ter uma duração de 217 minutos.
Em declarações posteriores Antonioni afirmou: “Pretendi focar-me nas relações humanas e nos comportamentos, no povo, nas famílias e na vida comunitária. Este objectivo foi a minha linha condutora durante a realização do documentário. É uma observação material e cultural a partir do olhar de um estrangeiro vindo de muito, muito longe.”
Antonioni e a sua equipa filmaram em cinco locais diferentes, Pequim, Lin County, Suzhou, Nanjing e Xangai. Encarados com desconfiança, durante as deslocações foram constantemente vigiados e controlados e foram necessários três dias para discutir o guião com as autoridades chinesas. Por fim, o realizador desistiu do plano inicial de filmar durante seis meses e terminou o projecto em apenas 22 dias.
Contudo, o documentário oferece-nos uma visão clara e detalhada das escolas, das fábricas, dos jardins de infância e dos parques. O rigor dos exercícios matinais, pessoas a correr, mulheres a trabalhar, rostos jovens iluminados por sorrisos confiantes e crianças entregues aos seus cânticos. Descobrimos ainda, no pátio de uma fábrica, um grupo de operários têxteis que após um dia de trabalho árduo em vez de irem para casa ficam para aprender citações de Mao e para discutir a situação política. Antonioni também nos leva a visitar uma sala de cesarianas onde as parturientes são sujeitas a anestesia por acupunctura, com detalhes visuais extraordinários. A câmara dá-nos imagens tão verdadeiras como se dum filme científico se tratasse, pormenorizadas e respeitadoras. O documentário termina com uma exibição de acrobatas ao longo de 20 minutos.
O filme de Antonioni, um diário da vida chinesa, foi posteriormente proibido pelas autoridades por ser considerado uma apresentação injusta do “atraso” nacional. Antonioni contrapôs nunca ter sido sua intenção ser ofensivo. Afinal de contas o realizador italiano não sabia nada sobre a China nem sobre a sua História. Este projecto tinha uma perspectiva puramente etnográfica. Podemos por isso concluir que, para Antonioni, Chung Kuo foi uma forma de compreender a China, de aprender sobre o País e o povo através da sua câmara.
Antonioni: “Fiquei muito desapontado por as autoridades chinesas terem avaliado o meu filme de forma tão ríspida e me terem sujeitado a críticas tão intensas, compararam-me mesmo aos “maus da fita”, como Confúcio e Beethoven!”
Em baixo transcrevo um poema chinês dos anos 70 que ilustra a desilusão chinesa com o simpatizante de esquerda Antonioni:
红小兵,志气高,
要把社会主义祖国建设好。
学马列,批林彪,
从小革命劲头高。
红领巾,胸前飘,
听党指示跟党跑。
气死安东尼奥尼,
五洲四海红旗飘。

Somos jovens Pioneiros Vermelhos com enormes ambições,
Iremos construir a nossa Pátria socialista.
Aprendemos Marxismo e Leninismo e condenamos Lin Biao,
Somos jovens, mas o nosso espírito revolucionário é indomável.
Com os lenços vermelhos ondulando ao peito,
Escutamos as instruções do nosso Partido e seguimos o seu caminho.
Faremos com que Antonioni fique verde de raiva,
Até ao dia em que ele veja bandeiras vermelhas desfraldadas,
por esse mundo fora.

Penso que para nós, que vivemos num mundo assombrado por “glamorosas” selfies, assistir ao realismo fotográfico de Antonioni é de certo modo outra forma de “violência”. O REAL torna-se um mito que fere como uma mentira.
Esse mundo, essa raça, há muito que morreram.
Veja fragmentos em:
bit.ly/1Ou55rr
bit.ly/1TeuIyr

18 Mai 2016

Hong Kong | “Número três” chinês promete ouvir reivindicações

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]“número três” do regime chinês, Zhang Dejiang, prometeu ontem ouvir as reivindicações políticas da população de Hong Kong, no primeiro dia de uma visita à antiga colónia britânica.
Zhang, presidente da Assembleia Nacional Popular, o parlamento chinês, é o mais importante responsável chinês a visitar Hong Kong nos últimos quatro anos, numa altura em que aumenta a preocupação no arquipélago de que as liberdades do período britânico possam estar em risco.
A visita já foi aliás criticada pelo impressionante dispositivo de segurança mobilizado, que implica, nomeadamente, manter quaisquer manifestações longe do dirigente chinês.
Várias organizações pró-democracia convocaram uma marcha para quarta-feira contra a crescente influência de Pequim.
Zhang Dejiang chegou a meio do dia de ontem ao aeroporto, onde foi recebido pelo chefe do executivo, Leung Chun-ying.
Num breve discurso na pista, o dirigente chinês disse iniciar a visita num “espírito de boa vontade” e transmitir “as saudações calorosas e bons votos” do presidente da China, Xi Jinping.
“[Escutarei] as pessoas de todos os estratos da sociedade quanto às suas sugestões e petições sobre a aplicação do princípio ‘um país, dois sistemas’”, disse, referindo-se ao sistema de que gozam Hong Kong e Macau desde a reunificação com a China, respectivamente em 1997 e 1999, e que assenta numa ”ampla autonomia” em relação a Pequim.
A visita de Zhang, oficialmente para uma conferência económica, é considerada por observadores como um gesto para acalmar as tensões e o dignitário tem nomeadamente previsto reunir-se com deputados pró-democracia.

18 Mai 2016

Analista americano vê Jogo em Macau com potencial

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]presidente da Associação Americana de Jogo, Geoff Freeman, manifestou optimismo relativamente ao “potencial a longo prazo” da principal indústria de Macau, pese embora o declínio continuado das receitas dos casinos. A aposta no lado extra-jogo é apontada pelo especialista como uma medida brilhante.
“O mercado em Macau está a estabilizar, estamos a ver isso. Os números ainda são bastante fortes, ainda é um mercado [que gera receitas brutas anuais] de 27/28 mil milhões de dólares norte-americanos – o maior do mundo”, afirmou Geoff Freeman, à margem da abertura da 10.ª edição da Global Gaming Expo Asia (G2E Asia), que decorre até quinta-feira.
Para o presidente da Associação Americana de Jogo (AGA, na sigla em inglês), o facto de as empresas estarem “a fazer investimentos a longo prazo” demonstra que pretendem estar em Macau “durante muitos e muitos anos” e estão, portanto, “muito optimistas em relação ao futuro”.
Isto apesar da curva descendente das receitas dos casinos, encetada há aproximadamente dois anos.
Incertezas sobre o futuro “há em todos os mercados”, compreendendo-se que vivam “altos e baixos”, apontou. “Este mercado é único, há algumas questões que se têm de resolver, mas as empresas que estão a investir aqui têm confiança no potencial a longo prazo do mercado”, realçou o presidente da AGA, ao assinalar que muitas decisões foram tomadas a pensar nisso, que “é o que se deve ter em consideração”.
Além disso, Geoff Freeman vê já notas de que o mercado do jogo de Macau está “a estabilizar”.
“O primeiro trimestre do ano foi muito forte e estamos optimistas em relação ao segundo”, disse o presidente da AGA, para quem há bastante margem para crescimento do mercado de Macau e de outras jurisdições de jogo da Ásia em geral e em simultâneo, ao destacar o “óbvio interesse” que existe em torno da potencial legalização do jogo em casino no Japão.
Os casinos de Macau encaixaram entre Janeiro e Março receitas de 56.176 milhões de patacas – menos 13,3% face aos primeiros três meses do ano passado.

O outro lado

Sobre a crescente aposta – impulsionada pelo Governo – no segmento extra-jogo por parte dos operadores de casinos, com vista a uma evolução no sentido do modelo de Las Vegas, Geoff Freeman afirmou ver “um futuro brilhante”.
“Macau está já a gerar milhares de milhões em receitas não-jogo”, sublinhou, dando o exemplo da Las Vegas Sands, em que “mais de 20% das receitas vêem do não-jogo”, o que mostra que esse segmento constitui “um produto em desenvolvimento em Macau”.
“Há um futuro brilhante pela frente, o não-jogo tem enorme potencial, mas tem de se mover em consonância com o cliente, para aquilo em que ele está interessado. Está a desenvolver-se aqui em Macau, as pessoas deviam sentir-se bem com o desenvolvimento que está já a acontecer no não-jogo”, sublinhou o presidente da AGA.
Segundo dados do relatório da revisão intercalar sobre o setor do jogo em Macau após a liberalização – o primeiro estudo do tipo –, as seis operadoras geraram, em 2014, receitas operacionais de 23,2 mil milhões de patacas através de projectos não associados ao jogo.
De acordo com o documento, apresentado na semana passada, “o montante total do consumo nas actividades não jogo efectuado pelos visitantes no território pode ser comparável com o apurado em Las Vegas”. Só que “com uma receita bruta do jogo tão elevada, a percentagem proveniente dos projectos não relacionado com o jogo foi diluída”, segundo ressalva o mesmo estudo.
Esse valor representa pouco mais de 6,5% do total das receitas dos casinos apuradas no mesmo ano.

18 Mai 2016

Oficializado curso de Serviço Social na UCM

O curso de licenciatura em Serviço Social, em Chinês, da Universidade da Cidade de Macau foi oficializado, ontem, em publicação no Boletim Oficial. O despacho assinado por Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, indica que a licenciatura é de quatro anos, em regime de aulas presenciais, e conta com disciplinas como Política Social e Bem-estar Social, Serviço Social para a Família, Serviço Social e Serviços de Reabilitação, Técnicas e Estratégia de Comunicação Internacional.

18 Mai 2016

Revolução Cultural | Incidentes em Macau trouxeram problemas à relação luso-chinesa

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s incidentes em Macau provocados pela Revolução Cultural, como o “1,2,3”, tiveram “profundas consequências” nas relações entre Portugal e China, nomeadamente com a política externa portuguesa a ser condicionada pelos interesses de Pequim, defende o investigador Moisés Silva Fernandes.
Como exemplos dados estão duas votações de Portugal favoráveis a Pequim na Assembleia-Geral das Nações Unidas no início da década de 1970 e a adopção de uma “política de silêncio” da diplomacia portuguesa em relação ao continente. O primeiro voto foi sobre o reconhecimento da República Popular em vez de Taiwan (República da China) na ONU em Outubro de 1971.
“Portugal foi pressionado a apoiar a admissão da República Popular da China” por líderes da comunidade chinesa de Macau alinhada com Pequim, sustenta o professor universitário. “Em Portugal a questão não era falada, mas através do Governador da altura, Nobre de Carvalho, houve influências muito grandes, nomeadamente dos líderes chineses de Macau Ho Yin e Roque Choi, que foram claros na posição de que Portugal tinha que votar favoravelmente a questão chinesa”, para prevenir problemas no território.
O voto a favor de Pequim causou “grande satisfação em Macau”, informou Nobre de Carvalho em comunicação para Lisboa, diz o investigador, que fala à Lusa a propósito dos 50 anos da Revolução Cultural.
No ano seguinte, Pequim volta a marcar pontos na ONU, ao conseguir a aprovação da resolução que retira Macau e Hong Kong da lista de territórios a descolonizar – datada de Dezembro de 1960 –, na tentativa de evitar que fosse levantada a questão de uma eventual auto-determinação ou independência, refere Moisés Silva Fernandes.
Mais uma vez, os líderes da comunidade chinesa de Macau transmitiram a mensagem de Pequim de que Portugal “não devia dizer nada, ou o mínimo possível”. A resolução foi aprovada, mas a postura do Reino Unido e de Portugal foi “bem diferente”: Londres rejeitou-a publicamente e Lisboa remeteu-se a um “silêncio hermético”.

Início para o 1,2,3

A Grande Revolução resultou, em Macau, nos chamados incidentes do “1,2,3” (3 de Dezembro de 1966). Para João Guedes, o eco da Revolução por cá foi um golpe de morte para a presença nacionalista no território, palco durante anos de uma “guerra surda” entre comunistas e nacionalistas.
O jornalista e investigador da História de Macau assinala que, depois da proclamação da República Popular da China em 1949, “a luta entre comunistas e nacionalistas só continuou em Macau”, onde os dois grupos encontraram um refúgio.
“Era uma situação difícil para a China resolver – dado que Macau era administrado por portugueses. Eles não podiam tocar em Macau, porque se não também tinham de tocar em Hong Kong. A diferença é que a Inglaterra era uma superpotência e, portanto, a China não tinha hipótese”, explica.
No início dos anos 1960, com a fundação da Polícia Judiciária, os agentes lançaram uma série de raides e apreenderam “quantidades industriais” de armamento trazido pelos nacionalistas para Macau.
“O ataque da PJ vem provocar o vazio que é ocupado pelos comunistas que começam a tomar conta” desses núcleos e ficam em pé de igualdade”, adianta João Guedes.
Entre as exigências feitas ao governo português no âmbito do ‘1,2,3’ – além da expulsão de dirigentes, de pedidos de desculpas ou de indemnizações – figurava a “eliminação de todas as organizações nacionalistas”, uma reivindicação “menos falada, mas não menos importante”. “E, de repente, Macau deixa de ser nacionalista e passa a ser comunista”, realça o historiador.
Daí existirem em Hong Kong “aqueles partidos todos anti-comunistas e a bradar pela democracia”, algo que não existe por cá “porque os nacionalistas [cá] acabaram em 1966”, observa. “Isto da História não é uma coisa passada sem consequências. É por essa e por outras razões que um movimento como o Occupy seria absolutamente impossível cá”, avalia João Guedes.

O que és?

Meio século depois continuam a existir divergências sobre as causas dos chamados incidentes do “1,2,3” em Macau.
Na obra “Macau na Política Externa Chinesa (1949-79)”, publicada em 2006, o investigador Moisés Silva Fernandes divide em quatro as correntes de pensamento de autores portugueses sobre as causas do incidente, um assunto ainda hoje considerado “tabu” na comunidade chinesa local.
A primeira atribui a ocorrência dos acontecimentos à tentativa gorada de reconhecimento e estabelecimento de relações diplomáticas com o regime de Pequim em 1964, a segunda às actividades subversivas do Kuomintang em Macau, a terceira remete para a “incompetência política” da administração portuguesa e a quarta “avalia os acontecimentos como um conflito entre uma classe média chinesa em ascendência e uma classe média macaense defensora do status quo”.
Para o jornalista José Pedro Castanheira, na obra “Os 58 dias que abalaram Macau”, tudo começou “com uma concentração de estudantes e professores junto ao Palácio do Governador” no dia 3 de Dezembro. A intervenção da polícia resultou em “manifestações um pouco por toda a cidade, acompanhadas de desacatos e tumultos de violência crescente, provocados pelos sectores comunistas mais extremistas e radicais”.
Esses confrontos entre populares e polícia generalizaram-se, “edifícios públicos foram saqueados, estátuas derrubadas”, foram decretados a lei marcial e o recolher obrigatório.
O saldo foi de oito mortos e de mais de uma centena de feridos. Fotos da época mostram marchas de jovens com o livro vermelho de citações de Mao Zedong, um dos símbolos da Revolução Cultural, em riste.
“Durante 58 dias, os sectores comunistas mais radicais, inspirados pelos Guardas Vermelhos, impuseram a sua lei e a sua ordem no território até à satisfação integral das suas reivindicações e à capitulação do governador Nobre de Carvalho, obrigado a assinar um acordo humilhante para as autoridades portuguesas”, escreveu José Pedro Castanheira, resumindo o “1,2,3”.
A Grande Revolução Cultural Proletária, que agitou a China de Maio de 1966 até à morte de Mao Zedong dez anos depois, pretendeu purgar a República Popular da “infiltração de elementos burgueses” nas estruturas do governo e da sociedade. Por todo o país, os Guardas Vermelhos, na larga maioria grupos de adolescentes e jovens sempre acompanhados pelo “livro vermelho” com os ensinamentos de Mao, ocuparam todas as estruturas da sociedade para impor o novo modelo, enquanto milhões de estudantes e intelectuais foram enviados para os campos para “reeducação” pelo trabalho.
Milhões de pessoas sofreram humilhação pública, prisão arbitrária, tortura, confiscação de bens. A tradição cultural milenar foi renegada, museus, monumentos e livros foram destruídos. Estimativas falam em 750 mil mortos. Diana do Mar (agência Lusa) / editado por HM

Lição para HK

Hong Kong aprendeu com Macau “uma lição valiosa” sobre o que não fazer para reagir aos motins durante a Revolução Cultural chinesa, defende Peter Moss, antigo quadro dos serviços de informação da região. “Graças à humilhação infligida à administração portuguesa em Macau no ano anterior, o governo de Hong Kong aprendeu uma lição valiosa sobre como não tratar os esquerdistas quando tentaram os mesmos estratagemas em Hong Kong em 1967”, disse, referindo-se ao 1,2,3. “Sentimos que foi uma vantagem para Hong Kong que Macau tenha tido aquela experiência, porque ensinou-nos o que não devíamos fazer quando encontrássemos o tipo de oposição que Macau encontrou. Eles humilharam o vosso governador, fizeram-no ficar de pé no pátio. E nós aprendemos bastante com essa lição”, afirmou à Lusa.

 

17 Mai 2016

Io Lou Ian e Emily Chan entre os premiados do Macau Indies

[dropcap style=’circle’]F[/dropcap]oram apresentados este domingo os filmes vencedores do Festival Internacional de Cinema e Vídeo de Macau. O “Prémio do Júri” foi atribuído a “Projecto Miúdos” de Io Lou Ian, uma ficção sobre um grupo de crianças do jardim de infância que participa num show de talentos. A obra é uma reflexão sobre o sistema educativo e os valores que lhe estão associados. Io Lou Ian volta, assim, a receber um primeiro depois de a sua curta metragem “A Senhora Cogumelo” ter recebido a “Menção Honrosa do Júri” em 2012.
O “Prémio de Louvor para Melhor Longa-Metragem” coube a Emily Chan com “Uma Década de Blademark”, um filme que regista o percurso artístico da banda rock liderada por Fortes Pakeong Sequeira. A “Melhor Curta-Metragem” foi para Hong Heng Fai com o filme “Choque”, uma ficção baseada na perda e no reconhecimento social.
“Leno”, de Leong Kin e Cobi Lou, foi considerada “A Melhor Animação”. Uma brincadeira onde se falam de temas sérios como a protecção ambiental da cidade.
O Macau Indies distinguiu ainda o “Melhor Argumento”, com o prémio a ser entregue a Hugo Cheong pelo filme “Orpheus”, uma história à volta da conquista de sonhos e da percepção da realidade.
O júri foi composto por Sunny Luk, cineasta e argumentista de Hong Kong, Song Wen, fundador do FIRST – Festival Internacional de Cinema do continente chinês, e Derek Tan, impulsionador da plataforma para curtas-metragens asiáticas Viddsee, sediada em Singapura.
A concurso estiveram 25 produções, do cinema de animação às curtas, das longas-metragens aos projectos experimentais e documentais.
O Festival Internacional de Cinema e Vídeo 2016 prossegue com o desafio vídeo “Filme a La Minute”, onde os participantes têm 24 horas para criar um filme com a duração máxima de um minuto utilizando um telefone inteligente. Continua agendada a projecção de sete filmes internacionais de 1 a 5 de Junho.

17 Mai 2016

I Liga | Benfica Tricampeão

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Benfica conquistou categoricamente o seu 35.º nacional de futebol, o primeiro ‘tri’ desde 1976/77, graças a 20 vitórias nas últimas 21 jornadas e à capacidade para aguentar a pressão, exercida de todas as formas, pelo rival Sporting. Com Rui Vitória no lugar de Jorge Jesus, que transitou para os ‘leões’, e uma mudança de paradigma, para uma clara aposta na formação, no Seixal, os ‘encarnados’ tiveram um começo de época muito complicado, criando desconfiança, mas deram uma resposta que ninguém, se calhar, pensava ser possível.
Já foi há muito tempo, e a memória é curta, mas, após oito rondas, o Benfica era oitavo – com menos um jogo, que empataria -, a oito pontos do líder Sporting, que acabava de vencer na Luz por 3-0. Nessa altura, Jesus disse que “era fácil pôr o Rui Vitória deste ‘tamanhinho’ (muito pequeno, pelo forma como colocou os dedos). Estaria, certamente, longe de pensar que o treinador do Benfica ‘cresceria’ e faria ‘crescer’ a sua equipa, ao ponto de ser capaz de ir ‘roubar’ a liderança a Alvalade.
Com Novembro a chegar ao fim, houve um momento de mudança, a entrada do jovem Renato Sanches no ‘onze’ (a titularidade chegou antes, na ‘Champions’, com o Astana) e a colocação de Pizzi no lado direito do ataque. Foi um detalhe que revolucionou o futebol dos ‘encarnados’, num plantel castigado por lesões (Nelson Semedo, Luisão, Lisandro López, Júlio César, Salvio, Fejsa e, às vezes, Gaitán), mas que teve o mérito de se reinventar. Foram muitos os momentos em que o treinador Rui Vitória ganhou as apostas que fez, algumas de risco: André Almeida, Lindelöf, Renato Sanches, Ederson, Carcela a espaços ou Raul Jiménez.

Assalto ao leão

Uma volta depois, de facto, tudo tinha mudado e, à 25.ª jornada, os ‘encarnados’ foram mesmo ‘assaltar’ a liderança ao reduto do Sporting. Um golo do grego Mitroglou, aos 20 minutos, selou o triunfo das ‘águias’, que, na frente, não mais perderam qualquer ponto, só parando no ‘35’.
Nos derradeiros nove jogos, o Benfica teve, porém, de sofrer, e muito, nomeadamente para ganhar no Bessa (resolveu Jonas, aos 90+3 minutos) e em Coimbra e Vila do Conde, onde o mexicano Raúl Jiménez saltou do banco para marcar os golos da vitória, aos 85 e 73, respectivamente. 18423590_IejVE
A penúltima ronda, no reduto do Marítimo, também foi um teste imenso, com a expulsão de Renato Sanches ainda na primeira parte, com o resultado em ‘branco’, mas o Benfica foi ‘grande’ (2-0), para na última ronda, fazer o que, então, já parecia inevitável, bater o Nacional (4-1) e selar o título.
O colectivo, a união do grupo, junto com o sempre poderoso ’12.º jogador’, os adeptos, foram determinantes na conquista do ceptro, selado sob o signo do ‘88’, um novo recorde de pontos e o melhor registo de golos desde 1990/91 (89 do Benfica, de Sven-Goran Eriksson, mas em 38 jornadas).

Benfica Mundis – A festa global em tons de vermelho

Macau
Dezenas de benfiquistas encheram o bar RoadHouse no Cotai para assistir ao jogo que deu o tri-campeonato aos encarnados. Depois de alguma inquietação enquanto não chegavam os golos, a festa foi-se fazendo à medida do desenrolar do encontro, acabando em autêntica euforia com os adeptos encarnados a entoar cânticos de “Campeões, Nós Somos Campeões”!

Moçambique
A praça Robert Mugabe, na baixa de Maputo, vestiu-se novamente de vermelho na noite do 35.º título do Benfica, e fez, pelo terceiro ano consecutivo, do mais antigo líder africano um Marquês. Centenas de pessoas juntaram-se na praça repetindo os cânticos, glorificando o Benfica, que voltaram a passar persistentemente na televisão por cabo em Moçambique. “As nações são feitas assim, não escolhemos, nascemos nelas e esta é envolvência delas”, justifica Gilberto Mendes, 50 anos, um actor moçambicano que ajudou a compor a festa vermelha no centro de Maputo. “Benfica é o mundo inteiro”, declara Sarmento Fernandes. “Olha para aqui, é só olhar”, prossegue o hoteleiro moçambicano de 36 anos, apontando para a praça e avenidas adjacentes cheias. 

Cabo Verde
Buzinões, batucada, gritos, cânticos, abraços, muita música e dança marcou a festa dos benfiquistas na cidade da Praia, em Cabo Verde, numa manifestação de orgulho pela conquista do tricampeonato nacional de futebol. Os sinais da festa benfiquista começaram a sentir-se mesmo antes do fim do jogo com o Nacional, com alguns buzinões, mas a animação ganhou mais força no final da partida após Luisão levantar a taça do 35º título de campeão do Benfica. Nas principais ruas e pontos de encontro da capital cabo-verdiana há crianças, jovens e adultos vestidos a rigor com o vermelho do Benfica, empunhando bandeiras e cachecóis, a pé ou dentro dos carros, entoando gritos, trocando beijos e abraços e vibrando ao som do funaná, género musical do país.

Guiné-Bissau
O Benfica deu a muitos guineenses uma razão para esquecer a crise política no país e festejar, com muitos gritos de vitória, cantigas improvisadas e abraços em vários locais de Bissau. “Hoje temos esta vitória para festejar. Estou muito, muito contente”, dizia em voz alta um adepto na sede do Sport Bissau e Benfica. Ali, como noutros pontos da capital, um ecrã de televisão juntou dezenas de adeptos até ao apito final da partida em Lisboa, a 3.000 quilómetros de distância, mas para os benfiquistas da Guiné era como se lá estivessem. “Foi difícil, mas conseguimos”, dizia um dos presentes por entre a gritaria, enquanto uma das poucas mulheres no local referia que tinha sido “Jorge Jesus quem deu mais vontade para conquistar o título”. A festa continuou à porta do Benfica de Bissau, onde os carros passavam a apitar e onde os adeptos se começaram a juntar em maior número. “O Benfica deu-me 35, o Benfica já me deu 35”, foi o refrão de uma música improvisada no local pelo benfiquistas que desvalorizaram a conquista na última jornada.

Angola
Algumas centenas de angolanos e portugueses festejaram, ao som do kuduro, num hotel de Luanda, o título de campeão nacional português do Benfica, esquecendo, por momentos, a crise que marca o dia-a-dia de Angola. “Neste momento não há crise nenhuma. O Benfica faz esquecer tudo, a crise e os problemas”, disse o apresentador da televisão angolana Pedro N’zagi, que foi o animador de serviço da festa na conhecida “Casa 70”, local de concentração dos benfiquistas em Luanda. Ao ritmo do kuduro e regada com muita Cuca, a cerveja angolana, a festa foi animada ainda pelos cânticos de apoio ao Benfica, repetidos a uma só voz por angolanos e portugueses. “Uma das coisas mais impressionantes é estar fora do país, fora de Portugal, fora da sede do clube e esta família estar aqui como se fosse ao estádio. Essa é a força do Benfica”, rematava Pedro N’Zagi, enquanto já lançava ao microfone da “Casa 70” o desafio: “Benfica dá-me o 36”. Numa ronda pela cidade de Luanda, em vários outros restaurantes era possível ver a festa de angolanos e portugueses, sobretudo no exterior, com todos equipados a rigor e entoando o cântico “Benfica campeão”.
 

As Figuras

Rui Vitória
Treinador e Cavalheiro

Rui Vitória foi a grande figura entre os 27 treinadores que exerceram na I Liga portuguesa de futebol em 2015/16, ao levar o Benfica ao ‘tri’, superando Jorge Jesus e até José Mourinho. Numa luta que se dividiu entre o campo e as conferências de imprensa, onde nunca respondeu aos insultos e desconsiderações do treinador do Sporting, Vitória começou na mó de baixo, mas recuperou e foi buscar a liderança precisamente a ‘casa’ de Jesus, numa 25.ª ronda que marcou o campeonato. Depois desse encontro, o Benfica venceu tudo e selou o ‘tri’, com um novo recorde de pontos (88), superando os 86 do FC Porto, de Mourinho, em 2002/2003. A sua conferência de imprensa, na hora da vitória, foi de uma dignidade exemplar.


Jonas
O Pistoleiro Implacável

Jonas foi a grande figura da I Liga portuguesa de futebol no que respeita a golos, ao totalizar 32. O brasileiro, que a época passada perdeu ‘in-extremis’ o título de ‘rei’ dos marcadores, não deu hipóteses à concorrência, contribuindo decisivamente para os 88 do Benfica, o melhor registo colectivo desde a versão 1990/91 das ‘águias’, que, sob o comando de Eriksson, marcaram 89, em 38 jogos. O avançado logrou apenas um ‘hat-trick’, mas foi o ‘rei’ dos ‘bis’, com 10.

Renato Sanches
Revelação Explosiva
Renato Sanches entrou para a equipa principal do Benfica por volta do Natal e a sua presença mudou o modo de jogar da equipa. Foi nítida, sobretudo nos primeiros jogos que disputou, a forma como levava a bola para a frente e demonstrava um vigor físico que lhe permitia disputar o esférico durante todo o tempo de jogo. O jovem médio teve assim um papel fundamental na conquista deste campeonato. De tal modo deu nas vistas que Carlo Ancelotti pediu ao Bayern Munique a sua contratação por 35 milhões de euros (+ 45 milhões por objectivos). “Tendo em conta a sua idade e a sua qualidade, Renato Sanches tinha propostas de vários clubes europeus, mais concretamente de Inglaterra. Uma das principais razões pelas quais ele decidiu vir para o Bayern Munique foi, não só o clube, mas também o nosso novo treinador [Ancelotti] e o facto de ele o querer contratar», afirmou Karl-Heinz Rummenigge, director do Bayern.à FCB.tv.

Assistências
O Outro Jogador

O Benfica dominou de forma ‘esmagadora’ o campeonato das assistências na I Liga portuguesa de futebol, tendo marcado presença nos 10 jogos mais vistos da edição 2015/16. Os nove encontros com maior número de espectadores realizaram-se no Estádio da Luz, e, a fechar o ‘top 10’, os ‘encarnados’ também estiveram presentes, na maior enchente da época no Estádio José Alvalade. A casa das ‘águias’, cuja capacidade oficial é de 64.642 lugares, foi o palco que contou maior assistência (855.474, à média de 50.322 por jogo). Além de dominar em casa, o Benfica também foi o clube mais visto em quase todos os campos, sendo excepções as deslocações a Braga, Tondela e Setúbal. A recepção do Benfica ao Nacional, na última jornada, foi o jogo mais visto do campeonato, com 64.642 espectadores, registo que superou os 63.534 do Benfica-FC Porto da época passada.

Paixão asiática

Há adeptos apaixonados e depois há… Emma Runyun Zhang. A chinesa havia viajado de Los Angeles, nos EUA, onde reside, para Portugal em Fevereiro especialmente para dar os parabéns a Nico Gaitán (seu jogador preferido) pelo seu 28.º aniversário e agora esteve novamente Lisboa para ver o Benfica ser tricampeão. emma ruyun_1Dyyt9Q

17 Mai 2016

Som do cinema em palestra na Cinemateca Paixão

O cinema é muito mais do que apenas a imagem, existindo muitos a defenderem que constitui mesmo 50% de qualquer filme. Por isso, dominar a técnica de produção e aplicação dos efeitos sonoros é essencial no processo de construção de um filme. Assim, se pretender entrar neste mundo aproveite a palestra intitulada “O Encanto dos Efeitos Sonoros Cinematográficos”, proferida por Phyllis Cheng Wing-Yuen, veterana do design sonoro e da mistura de som de Hong Kong. Vai acontecer na Cinemateca Paixão no próximo dia 21 de Maio, sábado, pelas 15h00.
Nesta palestra, Phyllis vai abordar os efeitos sonoros em cinema desde a sua criação ao fluxo de trabalho requerido, apresentando vários exemplos. Phyllis Cheng possui uma vasta experiência no domínio do design acústico e da mistura de som no processo de pós-produção, tendo participado na produção do som dos filmes Full Strike, Angel Whispers, To The Fore, Insanity, As The Light Goes Out, The Four II, Out of Inferno, Little Cheung e Durian Durian, entre outros.
Em 2012, ganhou o prémio Best ADR Recordist no âmbito dos Golden Reel Awards.
Estão disponíveis apenas 60 lugares, pelo que se estiver interessado deve apressar-se com a inscrição que pode ser efectuada online gratuitamente no sítio do Instituto Cultural.

17 Mai 2016

DST em Cannes para “divulgar” a RAEM

Intercâmbio, absorção de experiências, divulgação do Festival Internacional de Cinema são os objectivos da Direcção dos Serviços de Turismo (DST) que, em conjunto com a Associação de Cultura e Produções de Filmes e Televisão de Macau, participa no 69.° Festival de Cannes que se iniciou no passado dia 11 e termina a 22.
A delegação, que não conta com a participação de cineastas ou produtores locais, está representada com um stand no Mercado do Filme (Marché du Film) para promover Macau como um local ideal para filmagens. O Mercado do Filme reúne milhares de profissionais da indústria de cinema de várias partes do mundo, como produtores, realizadores e outro agentes.
Segundo a directora da DST, Helena de Senna Fernandes, pretende-se com esta iniciativa “elevar o nome de Macau nos circuitos internacionais de cinema”. Assim a DST, garante que vai “encetar um intercâmbio directo com a indústria internacional de cinema” e “divulgar as características únicas e o ambiente cultural de Macau como um local ideal para cinema”.
Foi também já anunciada a presença da DST no Festival Internacional de Cinema de Xangai e no Festival Internacional de Cinema de Busan, “entre outros festivais de renome”, segundo a nota divulga à imprensa.
O objectivo destas presenças, segundo a DST, passa por “intensificar as ligações de Macau com a indústria internacional de cinema, impulsionando o desenvolvimento da indústria turística de Macau e promovendo o turismo cultural, beneficiando o desenvolvimento sustentável da indústria turística de Macau no longo prazo”.

17 Mai 2016

DST quer aproveitar rede ferroviária para atrair mais turistas

As cidades de Nanning e Guilin, na província de Guangxi, foram os locais escolhidos para a promoção do uso da rede ferroviária para o aumento de turistas para Macau. A Direcção dos Serviços de Turismo (DST), em conjunto com a Administração do Turismo de Zhongshan e o Gabinete para a Cultura, Desporto e Turismo do Município de Zhuhai organizaram, na semana passada, uma promoção turística entre as três cidades, cuja intenção é “expandir as fontes de visitantes ao longo da rede ferroviária de alta velocidade”, numa iniciativa no âmbito da temática “Xiangshan no passado, Zhongshan e Zhuhai e Macau hoje”, visando o reforço da cooperação regional.
“Dada a conveniência em viajar trazida pela linha ferroviária de alta velocidade, as autoridades do turismo prosseguem com a realização de iniciativas promocionais conjuntas, para atrair visitantes das cidades ao longo da rede e das regiões vizinhas a visitarem os três locais, expandindo em conjunto a diversificação do mercado de visitantes”, indica um comunicado à imprensa da DST.

17 Mai 2016

Infecção colectiva de gripe em 31 crianças

Foi uma sexta-feira negra para 31 crianças detectadas com infecção colectiva de gripe. Num comunicado à imprensa, os Serviços de Saúde (SS) indicam que se registaram casos de infecção colectiva na Escola da Ilha Verde, na Escola Keang Peng e na creche Missionária da Caridade. Ao todo estavam envolvidas 31 crianças, mas apenas duas precisaram de internamento. “Um dos alunos da Escola da Ilha Verde foi internado devido a bronquite, tendo já tido alta. Um outro aluno da mesma escola também foi internado por motivos de febre contínua e diarreia. O seu estado clínico é considerado estável”, pode ler-se no documento, que acrescenta que “alguns alunos infectos não tinham administrado a vacina contra a gripe sazonal”.

17 Mai 2016

Cursos e escolas de formação profissional aumentam

O Inquérito à Formação Profissional referente ao ano de 2015 mostra que houve o ano passado um total de 42 instituições de formação profissional, um aumento de 11 face a 2014. Quanto ao número de cursos, foram realizados pouco mais de 1500, mais 9% face a igual período. Também o número de formandos aumentou 6%, tendo-se registado mais de 55 mil alunos. Segundo dados dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), o número de alunos diminuiu nas áreas do “turismo, jogos, convenções e exposições”, bem como na “hotelaria e restauração”, enquanto nas áreas da informática e saúde houve um aumento. A taxa de aprovação foi de 87%, um decréscimo de 1%.

17 Mai 2016