Zé Pedro, guitarrista dos Xutos e Pontapés, morreu aos 61 anos

O funeral da figura icónica do rock português decorreu na sexta-feira no Mosteiro dos Jerónimos, com o presidente da República e o ministro da Cultura a destacarem o legado deixado por Zé Pedro. Os Xutos e Pontapés actuaram em Macau em 1989 e 2006

 

[dropcap style≠‘circle’]P[/dropcap]rimeiro ouviram-se os “Contentores” e depois foi um desfilar de grandes canções, que ficaram para sempre nos ouvidos dos portugueses. Assim começou o concerto dos Xutos e Pontapés em Macau, corria o ano de 1989 e ainda se ouvia música no Fórum, perto do Instituto Politécnico de Macau. O evento inseriu-se na iniciativa “Rock Macau”, promovida pelo Governo de Carlos Melancia.

A banda repetiria a passagem por Macau 17 anos depois, com o concerto que decorreu em 2006 junto ao Lago Nam Van, inserido no Festival Internacional de Música de Macau.

Na altura, o grupo referiu-se ao concerto como sendo uma “desfolhada de memórias”, muito diferente do espectáculo de 1989, ano em que, além do Fórum Macau, também actuaram no Estabelecimento Prisional.

“Entre o público só havia chineses e não batiam palmas. Estavam muito quietos. Acho que ouviram a música e a seguir foram para as celas. Não reagiram e ficámos sem saber se tinham gostado”, recordou Zé Pedro à agência Lusa, ao fazer o contraste com a excitação dos portugueses presentes no concerto integrado no Rock Macau.

Zé Pedro referiu ainda, em 2006, que “há menos portugueses a viver em Macau” e o sucesso do espectáculo “depende da atitude dos músicos em palco”.

Anos depois, a banda está de luto com o desaparecimento de Zé Pedro, guitarrista e autor de muitos sucessos dos Xutos e Pontapés. Falecido aos 61 anos, vítima de doença prolongada, o músico foi recordado no funeral que decorreu na sexta-feira, no Mosteiro dos Jerónimos.

Além da homenagem prestada pelas milhares de pessoas que decidiram aparecer no local, Zé Pedro foi também recordado pelos governantes portugueses.

Em comunicado, o ministro da cultura, Luís Filipe de Castro Mendes, disse que o músico “contribuiu de forma decisiva e inovadora para o sucesso continuado de uma das mais prestigiadas bandas rock nacionais”.

Castro Mendes disse lamentar “profundamente a morte do músico Zé Pedro”, que “contribuiu de forma decisiva e inovadora para a história da música electrónica em Portugal e para o sucesso continuado de uma das mais prestigiadas bandas rock nacionais”.

“O seu entusiasmo, carisma e empatia deixaram uma marca indelével no panorama musical português, com músicas que acompanharam várias gerações, que o admiram com reconhecida ternura”, afirmou Castro Mendes.

“Dotado de um sentido musical notável, a música foi o seu sonho desde cedo e com ela conseguiu transformar o universo do rock português, a par da vida de muitos milhares de pessoas”, disse Castro Mendes, que traça o percurso do guitarrista “desde os ensaios na garagem de casa do seu avô, ainda adolescente, até aos dias de hoje, em grandes palcos portugueses e estrangeiros”.

Zé Pedro “teve uma vida intensa e uma brilhante carreira ao longo de quatro décadas”.

O músico, “que dizia ter sempre as mãos ocupadas com a guitarra, deixa-nos canções, como o ‘Ai a minha vida’, ‘À Minha Maneira’ ou ‘Contentores’, que inspiram também um retrato especial do país e de um certo modo de ser português”, remata o ministro da Cultura, que envia “sentidas condolências” à família.

 

As palavras de Marcelo

Também o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, classificou Zé Pedro como sendo um “guerreiro da alegria” e “da vontade de viver”.

“Era um guerreiro da alegria, da vontade de viver, de superar dificuldades, de nunca desistir. Chegou cedo demais o descanso deste guerreiro, que certamente não será esquecido por tantos e tantos amigos que deixou”, escreveu o chefe de Estado português numa mensagem publicada no website oficial.

Depois de manifestar o seu pesar a “toda a família e amigos do Zé Pedro”, lembrando que o músico “era assim afectuosamente tratado por todos os portugueses”, Marcelo recordou que “os seus primeiros passos na música coincidiram com o despertar do país para o movimento punk, tendo mais tarde fundado uma das maiores bandas de rock de Portugal, e sobretudo uma das que mais tempo sobreviveu e acompanhou várias gerações”.

Zé Pedro estava doente há vários meses, mas a situação foi sempre mantida de forma discreta pelo grupo, tendo só sido assumida publicamente em Novembro, a propósito do concerto de fim de digressão dos Xutos e Pontapés, no Coliseu de Lisboa.

José Pedro Amaro dos Santos Reis nasceu em Lisboa, em 14 de Setembro de 1956, numa família de sete irmãos, “com um pai militar, não autoritário, e uma mãe militante-dos-valores-familiares”, como recordou num dos capítulos da biografia “Não sou o único” (2007), escrita pela irmã, Helena Reis.

No final na década de 1970, Zé Pedro, com Zé Leonel e Paulo Borges, decidiu criar uma banda, baptizada Delirium Tremens. Passou depois a chamar-se Xutos e Pontapés, com a entrada de Kalú e de Tim para o lugar de Paulo Borges. O primeiro concerto realizou-se há 38 anos, em 13 de Janeiro de 1979, nos Alunos de Apolo, em Lisboa.

4 Dez 2017

Inundações | IACM promete sistema de alerta por SMS

[dropcap style≠’circle’]L[/dropcap]o Chi Kin, presidente substituto do conselho de administração do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), garantiu, em resposta ao deputado Zheng Anting, que será criado um sistema de alerta por sms “em caso de interrupção de energia eléctrica ou por qualquer outro dano, de modo a reforçar a sua supervisão e melhorar a eficiência em casos de contingência”.

Além disso “o IACM vai iniciar, no próximo ano, um plano de instalação de equipamentos de geradores de reserva de electricidade e de aumento de altura da caixa eléctrica, para diminuir o impacto causado pela interrupção de energia eléctrica e consequentemente evitar inundações nas estações elevatórias”.

Na resposta ao deputado, é dito que será dada prioridade às “as estações elevatórias das Portas do Cerco e da zona norte”. O IACM pretende ainda instalar “um colector e a estação elevatória de águas pluviais no Porto Interior, tencionando abrir, no próximo ano, o respectivo concurso público para impulsionar o mais rápido possível a sua construção, de forma a aliviar as inundações nessa zona durante o período de chuvas intensas”.

Legionella | SS atentos a novo caso no Parisian

[dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]oi detectado, no passado fim-de-semana, mais um caso de contaminação por bactérias de legionella no hotel do empreendimento The Parisian. Segundo um comunicado, os Serviços de Saúde (SS) “pediram ao hotel para resolver a situação no mais curto espaço de tempo possível”, exigindo que a unidade hoteleira “fiscalize permanentemente a concentração de bactérias de legionella do sistema de abastecimento de água, fazendo a monitorização com acompanhamento de especialistas que devem de forma urgente resolver a situação”. Além disso, “o hotel deve também adoptar rigorosas medidas de prevenção que reduzam eficazmente o risco de infecção, por bactérias de legionella, dos utentes”. Tanto os SS como os Serviços de Turismo prometem continuar “a acompanhar a situação de perto e a efectuar novas análises”.

4 Dez 2017

Isolda Brasil lança primeiro romance em português

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] escritora Isolda Brasil, radicada em Macau, distinguida em 2015 com um prémio literário nos Estados Unidos, lança “O Último Sangue da Trindade”, o seu primeiro romance em português, com a chancela da Alfarroba. O livro “conta a história de várias gerações de uma família extremamente matriarcal”, habitante de uma ilha que, embora sem ser identificada, encontra “paralelismo com os Açores, acompanhando acontecimentos históricos do arquipélago ao longo do século XX, ainda que ‘en passant’, com muitos elementos de realismo mágico”, explicou a autora, em entrevista à agência Lusa.

A saga familiar, narrada por uma das bisnetas de Trindade (a quem se deve o título da obra), explora “um universo feminino em que os homens assumem um papel muito particular”, desvelando “mulheres que são sempre só mulheres ou mães que são sempre só mães a vida toda, sem nunca chegarem a ser mulheres”.

Embora seja madeirense, Isolda Brasil mudou-se muito cedo para os Açores, pelo que conhece bem a realidade com a qual encontra paralelismo a ilha que concebeu como palco para o desenrolar da história d’ “O Último Sangue da Trindade”. “Os Açores são conhecidos pelos fenómenos meteorológicos, pelo que os estados de humor ou os episódios marcantes que acontecem na vida das personagens têm um impacto muito grande no tempo”, explica a escritora, dando o exemplo de uma tempestade de granizo desencadeada por um desgosto amoroso. “Esta presença vincada do elemento mágico por toda a narrativa, em íntimo convívio com a história da família, e em sobreposição do real acaba por trazer um forte elemento místico à história”, salienta Isolda Brasil, advogada de profissão.

“O Último Sangue da Trindade” tem ainda a singularidade de não estar dividido por partes ou capítulos, tornando una, a “série de histórias intricadas” que dão vida ao romance de cerca de 500 páginas. “É um aspecto que perturba um pouco as pessoas, mas que é propositado”, porque “pretende-se transmitir a ideia ou a sensação de estares sentada a ouvir uma história oral a ser contada”, algo que a própria linguagem também vai sustentando, sublinha Isolda Brasil. “Quando um acontecimento acaba, há sempre um elemento de ligação para o seguinte – todas as histórias estão interligadas”, frisa a escritora de 39 anos.

Reconhece que ‘encaixar’ o romance num formato de “história corrida”, sem qualquer separador, foi “a parte mais difícil e a que mais trabalho deu”, mas considera que a escolha que fez, fruto da vontade de “fazer algo diferente”, acabou por conferir um “encadeamento distinto” à obra.

“O Último Sangue da Trindade” figura como o primeiro livro em português de Isolda Brasil que, em 2015, venceu, na categoria de romance, o prémio revelação de escritores independentes dos Estados Unidos The IndieReader Discovery Awards (IRDA, na sigla em inglês).

A obra premiada foi “The Wanton Life of My Friend Dave”, uma edição de autor que lançou em 2014 sob o pseudónimo de Tristan Wood, e que marcou a sua estreia no mundo da escrita ao qual gostava, confessa, de dedicar-se a tempo inteiro. “O que eu gosto realmente de fazer é escrever. A escrita é a minha paixão e era o que gostava de fazer da minha vida”, sublinha a autora d’“O Último Sangue da Trindade”, obra que terminou há dois anos, mas que apenas agora é dada à estampa.

Isolda Brasil começou por ‘pôr-se à prova’ no género literário do conto, com “Love Letters from Macau” a valer-lhe, em 2013, uma menção honrosa no concurso inserido no Rota das Letras, que seria depois publicado no segundo volume da colecção de contos do Festival Literário de Macau, que se realiza em três línguas (português, chinês e inglês).

“O Último Sangue da Trindade” vai estar disponível nos escaparates das livrarias nos próximos dias, sem que haja lugar a uma sessão de lançamento em Portugal devido à ausência da autora, embora não esteja descartada a hipótese de uma apresentação da obra em Macau, onde vive.

4 Dez 2017

Receitas dos casinos subiram 22,6%

[dropcap style≠‘circle’]O[/dropcap]s casinos de Macau fecharam Novembro com receitas de 23.033 milhões de patacas, mais 22,6% relativamente ao período homólogo do ano passado, indicam dados oficiais. Segundo dados publicados pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), os casinos registaram no acumulado de Janeiro a Novembro receitas de 243.043 milhões de patacas, mais 19,5 % do que nos primeiros onze meses do ano passado.

Novembro marcou o 16.º mês consecutivo de subida das receitas da indústria do jogo. Tratou-se do segundo melhor desempenho em 2017, a seguir a Outubro, altura em que as receitas dos casinos ascenderam a 21.362 milhões de patacas, o melhor resultado desde o mesmo mês de 2014.

As receitas dos casinos cresceram sempre a dois dígitos em termos homólogos em 2017, à excepção do primeiro mês do ano (+3,1%).

A indústria de jogo começou a recuperar em Agosto de 2016, altura em que pôs termo a um ciclo de 26 meses de consecutivos de quedas anuais homólogas das receitas. Apesar da recuperação, as receitas dos casinos de Macau recuaram pelo terceiro ano consecutivo em 2016, registando uma queda de 3,3% que se seguiu a uma descida de 34,3% em 2015 e de 2,6% em 2014.

Arrastada pelo desempenho do sector do jogo, a economia de Macau contraiu-se em 2016 pelo terceiro ano consecutivo e o Produto Interno Bruto (PIB) caiu 2,1% em termos reais, com a recuperação da indústria a ser insuficiente para permitir uma retoma. Este resultado representou uma significativa melhoria depois da diminuição de 21,5% em 2015.

4 Dez 2017

Candidato da FAOM nas eleições dos delegados de Macau à Assembleia Popular Nacional

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] vice-presidente, e também o secretário-geral da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), Fong Ka Fai, dirigiu-se no dia 2 de Dezembro ao Centro de Ciência de Macau para apresentar as 180 cartas de nomeação recolhidas e o boletim de inscrição, anunciando a sua entrada na corrida por uma lugar na Assembleia Popular Nacional (APN). A notícia foi avançada pelo Jornal do Cidadão.

O vice-presidente apareceu no Centro de Ciência de Macau, juntamente com a actual delegada de Macau à APN, Leong Iok Wa, e os vários responsáveis da FAOM. Na ocasião, Fong Ka Fai declarou que tem sentido o apoio da China a Macau, território onde nasceu e cresceu, e que esse apoio tem levado a uma melhoria das condições nesta região.

Fong Ka Fai agradeceu à sociedade pelo apoio, sobretudo ao sector dos trabalhadores, que diz ter incentivado a sua candidatura à APN. O vice-presidente sublinhou ainda esperar contribuir de forma positiva para o território e ajudar a que o país alcance os objectivos traçados. Fong Ka Fai frisou que no passado, durante um longo período, desempenhou um papel na área da educação e nos serviços de associações. Caso seja eleito, o vice-presidente espera fazer uso da sua experiência e dos conhecimentos principalmente âmbito legislativo.

Além disso, na visão de Fong Ka Fai, Macau, com vista a um melhor desenvolvimento, precisa de estar integrado na zona da Grande Baía.

O candidato acredita que a concorrência às seguintes eleições será intensa por ser uma oportunidade considerada valiosa. Fong Ka Kai destacou o facto de haver muitas pessoas que pretendem servir a sociedade e o país e mostrou-se confiante na sua candidatura, referindo que no futuro vai lutar por mais apoios.

4 Dez 2017

Pequim Embaixador português cessante prevê China mais interventiva no exterior

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] embaixador Jorge Torres-Pereira, que terminou ontem uma missão de mais de quatro anos à frente da Embaixada portuguesa em Pequim, diz existir um “reajustamento” na geopolítica mundial, com a China a assumir-se como grande potência. “É claro que a política de baixo perfil deliberado de Deng Xiaoping foi abandonada”, disse o diplomata à agência Lusa.

Torres-Pereira, que parte esta semana de Pequim, seguindo para a Embaixada de Portugal em França, considera que a China entrou numa “nova fase”, em que intervirá “em todas as coisas relacionadas com o desenvolvimento, a paz e a governança globais”. Desde que ascendeu ao poder, em 2013, o Presidente chinês, Xi Jinping, visitou 60 países, e passou mais de 200 dias no estrangeiro.

Neste período, Pequim lançou um novo banco internacional e um gigante plano de infra-estruturas que visa conectar o sudeste Asiático, Ásia Central, África e Europa. A moeda chinesa, o RMB, avançou para a internacionalização. No espaço de um ano, o país acolheu a cimeira do G20 e do bloco de economias emergentes.

Trata-se do início de uma “nova era” em que “a China se aproximará do palco principal e fará maiores contribuições para a humanidade”, apontou Xi, no discurso inaugural do XIX Congresso do Partido Comunista Chinês (PCC), abdicando assim dos princípios vigentes desde a liderança de Deng – “manter um perfil discreto” e “nunca reclamar a liderança”.

Já na Europa, o “Brexit” abalou a União Europeia, enquanto nos Estados Unidos, Donald Trump foi eleito com uma agenda isolacionista e nos primeiros meses de governação retirou Washington do Acordo de Paris sobre as alterações climáticas e do acordo transpacífico de comércio livre.

Torres-Pereira diz que foi “fascinante observar a partir da China” a tudo isto. “É como um reajustamento nas placas tectónicas da geologia internacional”, nota. “Um dos aspectos mais importantes será perceber como é que os EUA e a China aprenderão a viver um com o outro nesta nova realidade”, acrescenta.

O diplomata discorda, no entanto, que a ascensão do país asiático aumentará a atractividade do seu modelo político autocrático junto da opinião pública ocidental. “Eu não estou a ver alguém a propor no ocidente a cooptação, em vez de eleições competitivas, mesmo que tenhamos um sistema que pode eventualmente ser menos eficiente em algumas formas de lidar com os problemas sociais e desigualdades e aspectos de planificação macroeconómica”, afirma. “O modelo chinês funciona para a China”, realça.

Era dourada

Por outro lado, Jorge Torres-Pereira considera que as relações entre Portugal e a China atravessam uma “era dourada”. “Efectivamente, estamos numa era dourada das relações entre Portugal e a China”, disse o diplomata, destacando o investimento chinês em Portugal, visitas bilaterais e intercâmbio entre pessoas.

Desde que, em 2012, a China Three Gorges (CTG) comprou uma participação de 21,35% no capital da EDP, o montante do investimento chinês em Portugal ascendeu a 10.000 milhões de euros, segundo dados do Governo português.

Nos últimos três anos, o número de turistas chineses que visitaram Portugal quase duplicou, para 183.000, e no primeiro semestre de 2017 aumentou 40%, face ao mesmo período do ano passado. A companhia aérea chinesa Capital Airlines abriu, entretanto, um voo directo entre os dois países. Coincidindo com o aumento do investimento chinês em Portugal, as visitas bilaterais de alto nível registaram, nos últimos anos, uma frequência inédita.

Torres-Pereira afirma que “claramente se consolidou a ideia de que o posto [em Pequim] está na primeira linha das preocupações do Governo português e do ministério [dos Negócios Estrangeiros]”. “Tivemos vários sinais disso, incluindo um reforço de pessoal, um pouco em contraciclo”, notou.

O diplomata considera que, para os próximos anos, é “importante” Portugal consolidar a sua imagem de plataforma para as empresas chinesas terem uma melhor inserção em terceiros mercados. “É importante que apareçam mais exemplos como o da parceria entre a CTG e a EDP, que já tem projetos no Peru, Brasil ou Reino Unido”, afirma.

Torres-Pereira concorda que a China é um posto diferente, apontando a dimensão continental do país. “Não é apenas conhecer a realidade da capital que permite criar uma imagem realista do que a China é”, nota. “É preciso ir para além das cidades habituais, dos contactos mais expectáveis, com empresários ou interlocutores e dirigentes institucionais”, aponta.

Jorge Torres-Pereira foi substituído em Pequim por José Augusto Duarte, anterior assessor diplomático do Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa.

1 Dez 2017

Taiwan : Pequim não quer que figuras políticas obstruam reunificação

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m porta-voz de Pequim advertiu na quarta-feira figuras políticas em Taiwan para que não obstruam a reunificação nacional. Ma Xiaoguang, porta-voz do Departamento dos Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado, fez as observações numa conferência de imprensa. A reunificação dos dois lados do Estreito de Taiwan é uma aspiração comum de todos os chineses e também um interesse fundamental da nação chinesa, segundo Ma.

“Colocamos as nossas esperanças nas pessoas de Taiwan”, indicou o porta-voz. “As figuras políticas em Taiwan devem, pelo menos, não fazer nada que obstrua a reunificação nacional, para não mencionar realização de actividades separatistas.”

Ao responder a uma pergunta sobre a crescente vontade dos moradores da ilha de procurar oportunidades de emprego e de estudo na parte continental, o porta-voz disse que mais residentes em Taiwan perceberão que os compatriotas dos dois lados pertencem a uma comunidade de futuro compartilhado.

“As políticas da parte continental para Taiwan ajudaram mais pessoas em Taiwan a entender que o nosso compromisso de procurar bem-estar para os compatriotas de Taiwan é sincero e que o desenvolvimento da parte continental é uma oportunidade, não uma ameaça, para Taiwan”, acrescentou.

Ma observou que a “independência de Taiwan” prejudicará os interesses fundamentais das pessoas em ambos os lados e os interesses imediatos das pessoas em Taiwan.

Ao responder a uma pergunta em específico, Ma prometeu apoiar os departamentos locais do Partido e do governo em Fujian para testar mais programas que promovam o bem-estar dos compatriotas taiwaneses e o desenvolvimento integrado através do Estreito nas áreas económicas e sociais.

Ma disse também que o princípio de Uma Só China é uma tendência que está de acordo com a vontade da população e um consenso da comunidade internacional, e expressou oposição ao desenvolvimento de relações militares entre os Estados Unidos e Taiwan e a qualquer tipo de intercâmbio oficial entre Taiwan e os países que têm relações diplomáticas com a República Popular da China.

Xinhua

1 Dez 2017

Direitos humanos | Dois activistas assassinados nas Filipinas

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]ois activistas que investigavam presumíveis violações dos direitos humanos foram mortos nas Filipinas, informaram ontem as autoridades, agravando o “clima de impunidade” denunciado por diversas ONG.

Os dois militantes, que promoviam um inquérito sobre as acusações de expropriação de terras de camponeses por um responsável municipal da ilha de Negros (centro), circulavam de moto quando homens armados, em duas outras motos, os atingiram a tiro, anunciou a polícia.

Elisa Badayos, responsável da organização nacional de defesa dos direitos humanos Karatapan, e Eleuterio Moisés, membro de uma organização camponesa local, foram mortos e um outro membro da equipa ferido, acrescentou a polícia. Foi anunciada a abertura de um inquérito.

A secretária-geral da Karapatan, Cristina Palabay, considerou, em declaração à agência noticiosa France-Presse (AFP), que este duplo assassinato agrava o “clima de impunidade” nas Filipinas. “Os homens de mão dos proprietários e dos políticos são encorajados e cometer violações dos direitos humanos, sobretudo após as declarações de Duterte [referência ao actual Presidente Rodrigo Duterte] que protege os violadores dos direitos humanos que integram a sua polícia e o seu exército”, declarou Palabay.

As organizações de defesa dos direitos humanos afirmam que as Filipinas se baseiam numa cultura na qual as pessoas poderosas pensam que podem promover assassinatos com total impunidade, incluindo de militantes ou de jornalistas. Para os observadores, a situação agravou-se desde a chegada ao poder de Duterte em 2016. O Presidente filipino tem multiplicado as críticas dirigidas aos ativistas de direitos humanos, que têm criticado a sua guerra contra a droga que provocou milhares de vítimas.

30 Nov 2017

Líderes democratas dão “banhada” a Trump

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s dois líderes da oposição democrata no Congresso norte-americano decidiram não comparecer ontem a uma reunião com o Presidente Donald Trump para debater questões orçamentais, depois do governante ter declarado que não esperava quaisquer progressos deste encontro.

“Uma vez que o Presidente não acredita que seja possível um acordo entre os democratas e a Casa Branca, pensamos que é melhor continuar a negociar com os nossos homólogos republicanos no Congresso”, referiram Nancy Pelosi e Chuck Schumer, líderes da minoria democrata na Câmara dos Representantes (câmara baixa do Congresso) e no Senado (câmara alta), respectivamente, num comunicado.

A reunião estava prevista para ontem na Casa Branca e também contaria com a presença de Paul Ryan e Mitch McConnell, líderes das maiorias republicanas na Câmara dos Representantes e no Senado, respectivamente.

Na agenda do encontro estavam algumas das questões orçamentais mais quentes do momento, nomeadamente um acordo para evitar o “shutdown” (paralisação) do governo federal norte-americano e garantir o financiamento dos órgãos federais além do próximo dia 8 de dezembro (data-limite).

A regularização de centenas de milhares de jovens ilegais ou a reforma fiscal eram outros dos assuntos em cima da mesa.

Hoje de manhã, numa mensagem divulgada na rede social Twitter, o Presidente dos Estados Unidos afirmou que não esperava quaisquer progressos deste encontro com os líderes democratas.

“Vou encontrar-me hoje com Chuck e Nancy para que o governo continue a trabalhar. O problema é que eles querem que clandestinos continuem a inundar o nosso país sem controlo, são fracos em relação ao crime e querem aumentar significativamente os impostos”, escreveu o chefe de Estado. “Não vejo nenhum acordo!”, reforçou Trump. Estas declarações de Donald Trump foram muito mal recebidas pelos democratas.

“Em vez de ir à Casa Branca para às câmaras [de televisão], para uma reunião que não irá produzir nenhum acordo, pedimos um encontro com Paul Ryan e Mitch McConnell para hoje à tarde. Não temos tempo a perder”, acrescentaram os líderes democratas, na mesma nota informativa.

30 Nov 2017

Fernando Pessoa no Museu Rainha Sofia, em Madrid

[dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]ernando Pessoa e os seus contemporâneos protagonizam a exposição “Pessoa. Toda a arte é uma forma de literatura”, que o Museu Nacional Rainha Sofia, em Madrid, vai inaugurar em Fevereiro, segundo o calendário publicado no seu sítio na internet.

Com curadoria de João Fernandes, subdirector do museu, e da historiadora de arte Ana Ara, a mostra vai buscar o título a um verso de Álvaro de Campos, “um dos heterónimos mais vanguardistas de Fernando Pessoa”, e reúne os nomes de Almada Negreiros, Amadeo de Souza Cardoso, Eduardo Viana, Sarah Afonso ou Júlio (Saul Dias), entre outros.

O objectivo da mostra, de acordo com o texto de apresentação do museu, é o de estabelecer uma perspectiva das principais correntes estéticas portuguesas das primeiras décadas do século XX, até 1935, ano da morte de Pessoa, e do modo como a obra do escritor foi determinante para a particularização das expressões portuguesas da época.

“Através da prolífica produção escrita dos seus mais de cem heterónimos, Pessoa criou uma vanguarda própria e converteu-se num intérprete de excepção da crise do sujeito moderno e das duas certezas, transpondo para a sua obra uma ideia múltipla do ‘outro'”, escreve o museu espanhol.

Os movimentos de vanguarda criados por Pessoa – “Paulismo”, a partir da abertura (“Pauis”) das “Impressões de Crepúsculo”, “Interseccionismo” ou “Sensacionismo” – são recordados pelo museu madrileno como elementos de uma estrutura que sustenta “a especificidade da modernidade portuguesa”.

“Esta exposição recorre a esses ‘ismos’ para articular um relato visual” do modernismo português, “reunindo uma seleção de obras de José de Almada Negreiros, Amadeo de Souza Cardoso, Eduardo Viana, Sarah Afonso ou Júlio, entre outros”, numa abordagem das principais correntes estéticas do século XX, até 1935.

“Estas correntes acusaram uma inevitável influência das tendências europeias dominantes, embora tenham tratado também de se distanciarem delas. Diferentes textos de Pessoa dão conta de um lugar específico para estes ‘ismos’ de sua colheita, assim como do seu carácter distintivo, no contexto europeu, com alusões explícitas, por exemplo, às diferenças entre o Futurismo e o Interseccionismo”, escreve o museu, na apresentação da mostra.

Ao mesmo tempo – prossegue o comunicado da instituição – várias obras seleccionadas refletem “um gosto pelo popular” e traduzem “a idiossincrasia portuguesa”, que aparecem “tanto no trabalho dos artistas portugueses que passaram por Paris”, caso de Amadeo de Souza Cardoso, como no trabalho de estrangeiros que passaram por Portugal, como Sonia e Robert Delaunay.

A mostra anunciada pelo museu de arte contemporânea da capital espanhola – que somou mais de 3,6 milhões de visitantes em 2016 – dedica também uma “especial atenção” às publicações desse período, como a pioneira Orpheu, Águia, K4 Quadrado Azul, Portugal Futurista ou Presença, nas quais apareceram textos de Pessoa, e que “funcionaram como caixa-de-ressonância dessas ideias de vanguarda, exercendo uma grande influência estética e ideológica no meio intelectual português, na primeira metade do século XX”.

A exposição “Pessoa. Toda a arte é uma forma de literatura” abre ao público a 7 de Fevereiro de 2018 e encerra a 7 de Maio. Deverá ser acompanhada por iniciativas paralelas, a anunciar pela Embaixada de Portugal, na capital espanhola.

30 Nov 2017

Atletas de Cabo Verde querem ouro na Maratona de Macau

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] delegação desportiva cabo-verdiana que vai à 36ª edição da Meia Maratona Internacional de Macau, Galaxy Entertainment 2017, deixa Lisboa esta quinta-feira a fim de poder participar na prova que se realiza no domingo, 3 de Dezembro. A chefe da comitiva, Glenga Aguilar, deixou a Cidade da Praia esta quarta-feira para se juntar aos atletas Sandra Teixeira e Nelson Cruz na capital portuguesa, de onde partirão para Macau, com escala em Dubai e Pequim.

A federação nacional da modalidade traçou como meta desta competição a conquista de “uma medalha de ouro”, o que seria feito inédito para Cabo Verde em mais de sete participações. Sandra Teixeira é vencedora das edições 2015 e 2016 da prova de São Silvestre da Praia e Nelson Cruz vice-campeão de São Silvestre no último ano, ganhou o campeonato de Portugal de corta mato no ano transacto.

Na Meia Maratona Internacional de 2016, Cabo Verde conquistou duas medalhas de prata, êxitos alcançados pelos atletas Ruben Sança (cabo-verdiano residente nos EUA) e Crisolita Rodrigues (São Vicente).

A Maratona Internacional de Macau é uma prova reconhecida pela Federação Internacional de Atletismo, IAAF, e conta anualmente com o concurso de alguns dos melhores atletas do mundo, sobretudo representantes do Quénia e da Etiópia, países que tradicionalmente dominam as provas de resistência.

O evento é organizado conjuntamente pelo Instituto do Desporto do Governo da Região Administrativa Especial de Macau e pela Associação de Atletismo de Macau, China.

O convite para Cabo Verde participar com dois atletas partiu directamente do presidente do Comité Olímpico e Desportivo de Macau, China, Charles Keng Chi Lo, ao Comité Olímpico Cabo-verdiano.

30 Nov 2017

Hong Kong : Chow Tai Fook compra anel por 270 milhões

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Christie’s vendeu, em Hong Kong, um anel com um diamante rosa incrustado de 14,93 quilates por 32 milhões de dólares (cerca de 270 milhões de patacas), tornando-o numa das mais caras jóias arrematadas em leilão na Ásia.

A pedra, de formato oval, colocada num anel de platina e rodeada de diamantes rosados mais pequenos, foi vendida na terça-feira durante uma licitação de pouco mais de três minutos, de acordo com a leiloeira. A peça não alcançou o valor máximo de 42 milhões de dólares norte-americanos (35,4 milhões de euros) estimado inicialmente pela Christie’s.

Com os diamantes rosados a figurarem como as mais exclusivas e valiosas do mundo entre as pedras preciosas da sua classe, a Ásia converteu-se, nos últimos anos, um ponto-chave para o leilão de peças de grande valor, onde é elevada a procura por diamantes de qualidade.

Em Abril, a leiloeira londrina Sotheby’s estabeleceu um recorde, em termos de valor, ao vender um diamante rosa de 59,6 quilates, denominado de “Estrela Rosa”, por 71,2 milhões de dólares (60 milhões de euros).

A pedra preciosa foi arrematada em leilão pela Chow Tai Fook Enterprises, consórcio de empresas de Hong Kong presente nos sectores da hotelaria, casinos e imobiliário, que detém uma extensa rede de joalharias sob o mesmo nome com mais de 2.000 lojas em Hong Kong, em Macau, e na China.

A empresa adquiriu, em 2010, um diamante de 507 quilates por 35,3 milhões de dólares norte-americanos (29,8 milhões de euros), batendo o recorde do preço mais elevado alguma vez pago por um diamante em bruto, superado este ano pela “Estrela Rosa”.

Esta pedra bateu o recorde que pertencia anteriormente ao diamante “Oppenheimer Blue”, vendido por 57,5 milhões de dólares (48,5 milhões de euros) pela leiloeira Christie’s, em Genebra, em maio de 2016.

Um mês antes, a Sotheby’s Hong Kong estabeleceu um recorde na Ásia, ao vender por 32 milhões de dólares norte-americanos (27 milhões de euros) o maior diamante oval azul alguma vez visto num leilão.

30 Nov 2017

Julgamento de taiwanês é usado para “propaganda política”

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m porta-voz da parte continental da China disse que qualquer tentativa de usar o julgamento e a sentença do taiwanês Lee Ming-che para “propaganda política” fracassará. Ma Xiaoguang, porta-voz do Departamento dos Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado, enfatizou quarta-feira que a condenação e a sentença de Lee têm base em factos claros e provas evidentes.

“Os ataques infundados contra a parte continental por algumas pessoas de Taiwan prejudicaram seriamente as relações através do Estreito”, disse Ma em conferência de imprensa, ao comentar as críticas de Taiwan de que a condenação de Lee “prejudicou os laços”.

Ma observou que “respeito mútuo às vias de desenvolvimento e sistemas sociais de cada lado é a linha final para as relações através do Estreito”. “Respeitamos o actual sistema e estilo de vida dos compatriotas de Taiwan, mas isso não significa que o lado de Taiwan possa impor suas ideias políticas na parte continental”, comentou. “Isso também não significa que certas pessoas em Taiwan possam violar arbitrariamente a lei da parte continental sob o pretexto de ‘democracia e liberdade'”, disse.

Lee foi condenado a cinco anos na prisão por “subverter o poder do Estado”. A sentença foi aplicada na terça-feira pelo Tribunal Popular Intermediário da cidade de Yueyang, na Província de Hunan. Um cidadão da parte continental, Peng Yuhua, foi condenado a sete anos de prisão no mesmo caso.

Os dois homens foram destituídos de seus direitos políticos por dois anos. Eles disseram que não apelarão. Ma disse que o processo seguiu as regras e que os direitos e interesses dos dois foram totalmente assegurados durante a investigação e processo de julgamento. A família de Lee, acompanhada por algumas pessoas da ilha, esteve presente na decisão do tribunal em Yueyang, garantiu.

30 Nov 2017

Pequim expressa “profunda preocupação” com míssil norte-coreano

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo chinês ontem expressou a sua “profunda preocupação” com o último míssil balístico intercontinental lançado na terça-feira pela Coreia do Norte, capaz de transportar uma grande ogiva nuclear e chegar a todo o território dos Estados Unidos. “A China expressa profunda preocupação e oposição ao lançamento (…) e urgentemente exorta a Coreia do Norte a atender as resoluções do Conselho de Segurança da ONU e parar as acções que levam tensões na península”, afirmou Geng Shuang, porta-voz dos Negócios Estrangeiros chinês.

“Continuaremos a defender a desnuclearização da península, bem como uma solução pacífica para a questão através do diálogo e da negociação”, acrescentou. Geng sublinhou que Pequim sempre cumpriu as suas obrigações internacionais rigorosamente e que a via militar “não é a melhor alternativa” para a resolução da crise norte-coreana.

A televisão estatal da Coreia do Norte anunciou o lançamento “bem sucedido” – o primeiro em Pyongyang após dois meses e meio sem realizar testes balísticos -, que foi autorizado e testemunhado pessoalmente pelo líder norte-coreano, Kim Jong-un.

Trata-se de um novo modelo de míssil balístico intercontinental, batizado de Hwasong-15, capaz de atingir o maior alcance alguma vez conseguido por um projéctil norte-coreano, o que representa um avanço perigoso no programa de armamento deste país.

Alguns especialistas acreditam que o míssil teria capacidade para ter viajado num voo normal com mais de 13.000 quilómetros, o suficiente para chegar a Washington ou a qualquer parte continental dos Estados Unidos.

A porta-voz do Departamento de Estado, Heather Nauert, anunciou que o seu governo defende novas sanções contra a Coreia do Norte, a quem pediu para abandonar os ensaios e respeitar a legalidade.

Além disso, Nauert leu uma declaração da secretária de Estado, Rex Tillerson, na qual anunciou que irá propor, juntamente com o Canadá, avançar na próxima reunião do Comando das Nações Unidas (UNC) com o contingente que controla a Zona Conjunta de Segurança (JSA) que separa as duas Coreias.

Por seu lado, o primeiro-ministro sul-coreano, Lee Nak-yon, disse hoje que o novo lançamento não foi completado com total sucesso, já que o projéctil perdeu o contacto com o centro de controlo a meio da sua trajectória.

30 Nov 2017

Albergue SCM | Mercado de Natal com mais animação e solidariedade

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]rtesanato, gastronomia, espírito natalício e o ambiente único do bairro de São Lázaro são alguns dos ingredientes para a concretização de um evento especial próprio da época: o Mercado de Natal.

Cerca de 15 expositores estarão presentes na 2ª edição do Mercado de Natal, apresentando os seus produtos personalizados, feitos à mão, em áreas bastante distintas, desde bijutaria, cerâmica, decoração, doçaria, entre outras, proporcionando, aos visitantes, ideias originais para prendas de natal. Para esta segunda edição que há maior qualidade no trabalho dos artesãos, “esperando por isso que esta iniciativa seja também uma forma de agraciar o esforço dos nossos artesãos em elevarem o seu nível de qualidade de ano para ano” realça Cátia Silva, manager do Bad Bad Maria, responsável pelo Mercado de Natal. “Os vendedores nossos parceiros têm vindo a preparar as suas criações para surpreender neste natal e não faltarão presentes para todos os gostos”, garante Cátia Silva.

Está prevista animação musical pela Banda da Escola Portuguesa de Macau; pintura de uma estrela de natal por meninos do 1º ciclo que depois será colocada numa árvore do mercado; apresentação de um espetáculo de dança pelo Grupo de Artes Performatvas ArtFusion e também workshops que tornarão este dia numa autêntica festa para toda a família

O evento assume, desde a sua génese, iniciativas de responsabilidade social, e este ano vai ser promovida a recolha de bens alimentares para doar a uma instituição de solidariedade social de Macau: Casa das Irmãs Missionárias da Caridade. “A época natalícia é um ótimo momento para apelar mais à solidariedade entre as pessoas”, justifica Cátia Silva.

Com mais novidades, animação e maior qualidade a organização do Mercado de Natal espera superar o marco dos 2000 visitantes da primeira edição nesta iniciativa organizada por Bad Bad Maria e que irá decorrer no sábado, 9 de Dezembro, das 11h às 18h. O apoio institucional é do Albergue SCM, em São Lázaro, Macau.

30 Nov 2017

Ho Ion Sang | Mais poder, menos infiltrações

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] deputado Ho Ion Sang entende que a situação de envelhecimento nos prédios com mais de 30 anos é cada vez mais grave, e que problemas, que causam incómodos a vários moradores, como bloqueios nas instalações de drenagem e infiltrações são cada vez mais frequentes.

Numa interpelação escrita, o deputado dos Kaifong lamenta que, apesar do Executivo ter criado em 2009 o Centro de Interserviços para Tratamento de Infiltrações de Água nos Edifícios, os funcionários estão sem poderes para entrar nos domicílios com vista à investigação e à obtenção de provas, que permitam encontrar soluções para os casos. Em causa, para o deputado, está a insuficiência legislativa no que diz respeito aos poderes dos funcionários.

“Caso não se aperfeiçoem as leis vigentes e o mecanismo de tratamento de infiltrações de água, estima-se que os problemas de infiltrações de água, assim como as suas consequências possam ficar mais complicados e será cada vez mais difícil resolver essas questões”, lê-se no documento.

Tendo em conta os cidadãos que se queixam da dificuldade em encontrar entidades adequadas para verificação de infiltração de água, Ho Ion Sang quer aprofundar a cooperação entre o Governo e os organismos profissionais, assim como colocar informação em páginas electrónicas sobre os técnicos capazes de proceder à verificação deste problema. O objectivo de disponibilizar a informação passa por permitir aos cidadãos que procurem por sua conta as fontes das infiltrações. Além disso, o deputado quer uma revisão da lei para garantir aos funcionários o poder de entrada nos domicílios a fim de resolver as questões de infiltrações de água.

30 Nov 2017

Costa : Sines como “nova porta” do gás natural na Europa

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] primeiro-ministro desejou ontem que Sines se torne a “nova porta” de entrada do gás natural na Europa, melhorando assim a “segurança energética” do continente, ao invés da atual sujeição à Rússia ou à Argélia. “Por exemplo, a segurança da Europa em matéria energética tem tudo a ganhar com a criação e desenvolvimento de um novo terminal que nos permita receber gás natural na fachada atlântica, no Porto de Sines, e diversificar as fontes de abastecimento da Europa, hoje dependentes da Rússia ou da Argélia. Podemos ser a nova porta para melhorar a segurança energética da Europa”, disse António Costa. O líder do executivo socialista discursava num evento sobre a estratégia portuguesa para a próxima década, em Lisboa. “A defesa da Europa não se faz só com maior investimento em capacidade militar. Faz-se também investindo na ciência e desenvolvimento, novas competências e capacidades”, declarou.

França : Greenpeace “ataca” central nuclear

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]m grupo de membros da Greenpeace entrou ontem na central nuclear de Cruas-Meysse, no sul de França, para denunciar a insegurança deste tipo de instalações e o seu fácil acesso. A organização não-governamental indicou que cerca de 20 activistas entraram na central pelas 6:20 para alertar contra a “extrema vulnerabilidade” das piscinas de combustível nuclear usado. Os activistas quiseram “denunciar a inacção” da energética EDF, operadora dos 58 reactores nucleares em solo francês, face aos alertas sobre o “risco nuclear”. Alguns dos activistas subiram a uma dessas piscinas, enquanto outros deixaram a marca da sua mão, para “demonstrar a sua acessibilidade”. A Greenpeace recordou que no passado dia 12 de Outubro outro grupo entrou na central de Cattenom, no noroeste do país, para evidenciar também a sua fragilidade. “Desde então, a EDF não fez nada”, acrescentou a ONG, que indicou que os seus activistas conseguiram entrar hoje no local “em menos de dez minutos” e alertou que as piscinas de combustível são as que mais radioactividade contêm e não estão suficientemente protegidas de ataques exteriores.

29 Nov 2017

Amnistia denuncia papel da Shell em crimes cometidos na Nigéria

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Amnistia Internacional instou ontem a Nigéria, o Reino Unido e a Holanda a investigarem o envolvimento da gigante petrolífera Shell em assassínios, violações e tortura cometidos pelo regime militar nigeriano na região de Ogoniland, na década de 1990. Num relatório ontem divulgado, intitulado “Uma Iniciativa Criminosa – O envolvimento da Shell na violação de direitos humanos na Nigéria dos anos 1990” e assente em documentos internos da empresa anglo-holandesa, a Amnistia Internacional (AI) sustenta que essas e outras provas apontam para “a cumplicidade da Shell numa vaga de crimes atrozes cometidos pelo Governo militar nigeriano nos anos 1990”.

O relatório da organização não-governamental de defesa dos direitos humanos inclui não só uma análise sem precedentes de milhares de páginas de documentos internos da companhia petrolífera e de depoimentos de testemunhas, como o próprio arquivo da AI correspondente a esse período.

Segundo a Amnistia, a campanha levada a cabo pelo regime militar da Nigéria para silenciar os protestos dos Ogonis contra a poluição causada pela Shell levou a “graves e generalizadas violações dos direitos humanos, constituindo muitas delas crimes”. “As provas que vimos mostram que a Shell repetidamente encorajou o exército nigeriano a arranjar uma solução para os protestos da comunidade, mesmo sabendo o horror a que isso conduziria – massacres ilegais, violações, tortura, o incêndio de aldeias”, declarou a diretora de Assuntos Globais da AI, Audrey Gaughran.

Segundo a responsável, “durante essa brutal ofensiva, a Shell até forneceu aos militares apoio material, incluindo transporte, e pelo menos num caso pagou a um comandante militar conhecido por violar os direitos humanos”. “Que a empresa nunca tenha respondido por isso é escandaloso, [porque] é inquestionável que a Shell desempenhou um papel fundamental nos devastadores acontecimentos ocorridos em Ogoniland nos anos 1990 – mas agora acreditamos que há matéria para uma investigação criminal”, defendeu. A Shell sempre negou qualquer envolvimento nas violações de direitos humanos, mas nunca houve uma investigação sobre essas acusações.

29 Nov 2017

Papa Francisco na Birmânia

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] papa reuniu-se ontem com um grupo de 17 líderes, representantes das diferentes religiões presentes na Birmânia e instou-os a defender a sua identidade, a não terem medo da diferença e a “não se deixarem colonizar”. Num país onde 90% da população é budista, mas com 135 etnias reconhecidas e a presença de várias confissões, Francisco quis manter uma reunião com os seus representantes. O encontro com os líderes budistas, islâmicos, hindus, judeus, anglicanos e católicos birmaneses durou 40 minutos e usou da palavra o bispo John Hssane Hgyi, seguido dos diferentes representantes, informou o porta-voz do Vaticano, Greg Burke. No seu discurso, Francisco falou em espanhol e recordou que “é bonito ver os irmãos reunidos”, mas, acrescentou, “unidos não quer dizer iguais, a unidade não é uniformidade”.

O sumo pontífice lamentou que se esteja a assistir a “uma tendência para a uniformidade”, que definiu como “uma colonização cultural”. “Cada um tem os seus valores, as suas riquezas, e também as suas deficiências. E cada confissão tem as suas tradições, as suas riquezas. E isto apenas pode acontecer se vivermos em paz”, disse. “A paz constrói-se no coro das diferenças. A unidade acontece sempre na diversidade”, segundo o texto do discurso, proporcionado pelo gabinete de imprensa do Vaticano. Jorge Bergoglio instou os líderes birmaneses a “entender a riqueza das diferenças étnicas, religiosas e populares” que representam. “Não tenhamos medo das diferenças (…) Construam a paz e não se deixam igualar pela colonização”, disse. Após a reunião, Francisco reuniu-se em privado com o líder budista, Sitagu Sayadaw, a quem disse que a única via para alcançar a paz é a convivência entre irmãos.

Respeito por todos

O papa Francisco considerou, ainda ontem, que o futuro da Birmânia passa pelo “respeito por todos os grupos étnicos”, após a dirigente Aung San Suu Kyi se ter comprometido a proteger os direitos e a promover a tolerância “para todos”. Num discurso diante das autoridades civis da Birmânia na capital administrativa, Naypyidaw, Francisco considerou que o futuro do país passa pela paz, fundada “no respeito por todos os grupos étnicos e pela sua identidade”, numa alusão à minoria muçulmana dos rohingya, que não nomeou.

Antes, a líder do governo birmanês e prémio Nobel da Paz tinha declarado que o objetivo do governo é “destacar e reforçar a beleza da diversidade” da Birmânia “protegendo os direitos, promovendo a tolerância e garantindo a segurança para todos”.

No seu segundo dia de visita à Birmânia, o papa evitou mais uma vez utilizar a palavra rohingya, como foi aconselhado, para evitar um eventual incidente diplomático e religioso. Francisco pediu “respeito pelo Estado de direito e por uma ordem democrática que permita a cada indivíduo e a cada grupo – sem excluir ninguém – dar a sua contribuição legítima para o bem comum”.

Falando igualmente diante do presidente birmanês, Htin Kyaw, com quem se encontrou em privado antes, juntamente com Aung San Suu Kyi, o papa defendeu que as comunidades religiosas do país “têm um papel privilegiado a desempenhar na grande tarefa de reconciliação e integração nacional”. “As diferenças religiosas não devem ser uma fonte de divisão e desconfiança, mas um impulso para a unidade, o perdão, a tolerância e uma sábia construção da nação”, adiantou. Francisco insistiu que as religiões “podem contribuir também para erradicar as causas do conflito, construir pontes de diálogo, buscar a justiça e ser uma voz profética em favor daqueles que sofrem”.

29 Nov 2017

Vhils inaugura exposição em Hong Kong

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] artista português Alexandre Farto, que assina Vhils, inaugura na quinta-feira em Hong Kong “Remains”, uma exposição composta por trabalhos novos desenvolvidos e inspirados naquele território.

Em “Remains”, que estará patente na galeria Over the Influence, Vhils irá apresentar “um novo conjunto de trabalhos, desenvolvidos e inspirados em Hong Kong”, de acordo com o texto de apresentação da mostra. A galeria refere que o trabalho do artista português “está há muito ligado ao contexto urbano e reflete e espelha a experiência humana de habitar uma megalópolis contemporânea”. “Remains” é inaugurada na quinta-feira ao final do dia e estará patente entre sexta-feira e 05 de janeiro.

Em maio, Vhils inaugurou a sua primeira exposição individual em Macau, “Debris”, nas Oficinas Navais de Macau, que deveria ter ficado patente até 05 de novembro. No entanto, em agosto teve que ser cancelada devido a danos nas peças e no local, causados pelo tufão Hato. A par da exposição, realizou naquele território uma série de murais. Em Junho, estreou-se a solo em Pequim, no Cafa Art Museum, com a exposição “Imprint”, constituída inteiramente por trabalhos novos, cerca de 70 retratos esculpidos em baixo relevo, que espelham “a reflexão contínua do artista sobre a relação entre as cidades contemporâneas e os seus habitantes”.

A sua primeira exposição individual em Hong Kong, “Debris”, foi inaugurada em Março do ano passado. Uma mostra que reflecte a cidade e a identidade de quem nela habita para ver e, sobretudo, “sentir”.

29 Nov 2017

Revolução dos Lavabos : a vez do luxo

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] governo da China inaugurou um lavabo público em Pequim com televisão, internet sem fios, caixas electrónicas e estações para carregar telemóveis e carros eléctricos. A casa-de-banho fica na estação da Praça Fuqian em Fangshan, um distrito no sudoeste de Pequim. Segundo a Xinhua, a construção é parte do programa “Revolução dos Lavabos “, cujo objectivo é melhorar os padrões sanitários da China para atrair mais turistas internacionais. A indústria do turismo da China já renovou 68 mil lavabos nos últimos três anos (cerca de 19% do objectivo final) transformando-os em locais “universalmente adequados”, afirma a agência do país. O plano é construir e actualizar outros 64 mil lavabos entre até 2020. Mas o projecto também tem sofrido críticas por parte dos moradores. Segundo reportagem do The New York Times, alguns reclamam que as construções são desperdício do dinheiro público: “É apenas uma casa-de-banho “, diz Lei Junying, 74, um agricultor aposentado que mora em Fangshan, em entrevista ao jornal americano. E acrescentou: “O governo pede às pessoas que paguem impostos. Por que não doam esse dinheiro para os bairros pobres?”

29 Nov 2017

Cartas inéditas entre Saramago e Jorge Amado publicadas

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] troca de correspondência entre José Saramago e Jorge Amado, durante cinco anos, regista uma “bela amizade”, nascida na velhice, e testemunha desabafos políticos, crises de saúde e anseios literários, entre os quais o Nobel por que ambos suspiravam.

A publicação inédita da troca epistolar que os dois escritores de língua portuguesa mantiveram regularmente, entre 1992 e 1997, acaba de chegar às livrarias, numa edição ilustrada com ‘fac-símiles’ e fotos raras, pela Companhia das Letras, intitulada “Com o mar por meio”.

A amizade entre os dois teve início quando “já iam maduros nos anos e na carreira literária”, o primeiro com 80 anos, e o segundo com menos dez anos, segundo a editora. O vínculo tardio, porém, não impediu que os escritores criassem fortes laços de amizade e fraternidade, que se estenderam às suas companheiras de vida, Zélia Gattai e Pilar del Río.

Uma dessas cartas, entre muitas outras, dá nota dessa relação, quando José Saramago escreve a Jorge Amado, em 1993, por ocasião do seu aniversário: “Esta mensagem vai em letra gorda para que não se perca nos azares da transmissão nem um só sinal da nossa amizade, deste carinho tão bonito que veio enriquecer de um sentimento fraterno uma relação nascida tarde, mas que, em lealdade e generosidade, pede meças à melhor que por aí se encontre”.

Este livro nasce de uma coincidência ocorrida quando a filha de Jorge Amado, Paloma, juntamente com a Fundação Casa Jorge Amado, estava a trabalhar as cartas trocadas com José Saramago – no âmbito da organização do acervo do pai, iniciada em 2015 – e, em troca de mensagens com Pilar del Río, tomou conhecimento de que a Fundação José Saramago planeava também fazer um livro.

A organização e selecção de cartas, feita por Paloma Jorge Amado e Ricardo Viel, da Fundação José Saramago, só foi possível por Jorge Amado ter sido um “homem muito disciplinado e organizado, qualidades exacerbadas pelos anos de militância comunista”, que, com “o advento das copiadoras”, passou a reproduzir as cartas enviadas, conta a filha do brasileiro, na introdução do livro.

São cartas, bilhetes, cartões, faxes e mensagens várias, enviados ao longo dos anos, com troca de ideias sobre questões, tanto da vida íntima, como da conjuntura contemporânea, social e política, sobre a qual partilhavam a mesma visão comunista.

Várias mensagens são reveladoras do afecto entre os dois casais, uma das quais assinada por José e Pilar, na qual se referem ao “manjar supremo que é a amizade”. A saúde e a velhice também são amiúde referidas, e Jorge Amado escreve, em 1995, esperar que o trabalho ocupe os seus “dias de velhice – velhice não é coisa que preste”.

As cartas reflectem também o anseio que os dois escritores partilhavam por receber prémios literários e a alegria que cada um deles sentia de saber que o outro o recebera. Em Julho de 1993, José Saramago escreve ao seu amigo, a propósito da atribuição do Prémio Camões a Rachel Queiroz, que não discute os méritos da premiada, mas não entende “como e porquê o júri ignora ostensivamente (quase apeteceria dizer: provocadoramente) a obra de Jorge Amado”.

No ano seguinte, Jorge Amado receberia então o prémio, e José Saramago escreveria “finalmente o Camões para quem tão esplendidamente tem servido a língua dele!”, acrescentando: “Será preciso dizer que nesta casa se sentiu como coisa nossa esse prémio?”. Mas a vez de Saramago chegou em 1995 e, em resposta às felicitações enviadas por Jorge Amado, o autor português confessou: “Em nenhum momento da vida, desde que o prémio existe, me passara pela cabeça que um dia poderiam dar-mo. Aí está ele, para alegria minha e dos meus amigos, e raiva de uns quantos ‘colegas’ que não querem admitir que eu existo…”.

Também o Nobel era tema frequente e José Saramago chega a partilhar, numa missiva para Jorge Amado, em 1994, o desejo de que o prémio lhes fosse atribuído em conjunto, ideia que o escritor brasileiro recebeu com regozijo, considerando-a “magnífica”, mas temendo que “os suecos da Academia” dividissem “o milhão entre Lobo Antunes e João Cabral”.

No entanto, os anos passavam e o prémio não chegava para nenhum deles, levando José Saramago, em 1997, a escrever, em desabafo, a Jorge Amado, que os membros da Academia não gostam da língua portuguesa e que “não têm metro que chegue para medir a estatura de um escritor chamado Jorge Amado”.

Nesse mesmo ano, a correspondência entre os dois cessou devido ao agravamento da saúde do coração e dos olhos de Jorge Amado, que foi perdendo a visão mais rapidamente do que se esperava, acabando por mergulhar numa profunda depressão, que o deixava dias inteiros deitado num cadeirão na sala, com os olhos fechados.

A 8 de Outubro de 1998, Zélia sentou-se a seu lado e deu-lhe a notícia de que o “seu amigo José Saramago vinha de ganhar o Prémio Nobel”, conta a filha. “Como num passe de mágica, um milagre luso-sueco, Jorge pulou do cadeirão, chamou Paloma, pediu que se sentasse no computador, que ele iria ditar uma nota”.

Foi a última carta. Brindou com champanhe, fez a festa com a mulher e a filha e “foi dormir contente”. “No dia seguinte, não quis mais abrir os olhos”.

29 Nov 2017

Chineses esgotam presunto espanhol

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s elites chinesas estão a descobrir o presunto ibérico e, depois do recente levantamento de restrições à sua importação, a procura pelo produto gourmet aumentou de tal forma que há quem tema em Espanha não conseguir ter o presunto na mesa este Natal. O produto chegou ao Oriente com a crise. “A crise económica foi um incentivo para sairmos para o exterior e isso permitiu que muitos conhecessem o presunto e se apaixonassem por ele”, disse René Lemeé, director de Exportación de Cinco Jotas, a primeira empresa a negociara com a China, ao El País. Os chineses tomaram o gosto ao presunto e, desde 2014, a China tornou-se no maior mercado estrangeiro do produto. Mas a procura está a ser excessiva e os produtores espanhóis não estão a conseguir satisfazer a procura porque um bom presunto – de porco preto e alimentado a bolotas – demora anos a ser produzido. Só a cura pode levar entre 36 a 48 meses. Um presunto de 7,5 kg pode custar entre 150 a 600 euros e, este ano, o preço já aumentou 10 por cento. “A subida do preço é inevitável”, disse Roberto Batres, que exporta presunto, vinho e azeite para a China. “As empresas licenciadas para negociar com a China não têm presunto de bolota suficiente para satisfazer a procura chinesa.” A procura é tal que algumas empresas chinesas já começaram a importar pernas de porco preto congeladas e estão a tentar fazer a cura à moda espanhola. “São muito salgados”, garante Roberto Batres.

29 Nov 2017

Empresas chinesas ameaçam império americano de comércio online

[dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]acebook e Amazon perderam o estatuto de empresas com o maior valor de mercado. Adivinhe quem se senta agora na cabeceira da mesa.

Os grupos chineses Tencent e Alibaba já alcançaram o Facebook e a Amazon em termos de valor de mercado, um reflexo da emergência das gigantes tecnológicas na China, país onde smartphones e pagamentos electrónicos são omnipresentes.

A Tencent, campeã de jogos e operadora do popular aplicativo de mensagens WeChat  tornou-se, na semana passada, o primeiro grupo tecnológico chinês a valer mais de US$ 500 mil milhões, superando o Facebook. O líder chinês de comércio on-line Alibaba, cotado em Wall Street, está logo atrás, e aproxima-se da também norte-americana Amazon.

Trata-se de um verdadeiro desafio às maiores empresas de Silicon Valley, que até então estavam no selecto grupo dos cinco maiores valores de mercado do mundo. Apenas em 2017, as cotações das chinesas Tencent e da Alibaba duplicaram – bem como sua margem de lucro.

“O sucesso  explica-se, antes de mais, pela descolagem da internet móvel, estimulada pelos fabricantes chineses de smartphones baratos”, explica Shameen Prashantham, da Escola de Comércio CEIBS, baseada em Xangai. Cerca de 724 milhões de chineses conectam-se à rede pelo telemóvel, segundo o governo: isso aumenta significativamente as bases de utentes e o volume de dados colectados, pois “as leis sobre a privacidade são menos protectoras aqui que no Ocidente”, explica Prashantham.

Actualmente, a Tencent beneficia da adesão dos utentes ao jogo “Honor of Kings”, enquanto o seu aplicativo WeChat (troca de mensagens, rede social, comércio digital e jogos) tem mil milhões de utentes, apesar da rigorosa censura ao conteúdo. Já a empresa Alibaba controla metade do e-commerce chinês entre empresas e consumidores.

Ambas as plataformas beneficiam dos problemas dos concorrentes norte-americanos no mercado chinês: o Facebook está proibido na China; o e-Bay recusa entrar no mercado chinês e a Amazon tem dificuldade de descolar na nuvem chinesa. Contudo, “a Tencent não imitou as fórmulas ocidentais. A empresa forçou-se a inovar. Deve-se a ela o desenvolvimento do pagamento electrónico”, insiste Huang Hao, pesquisador na Academia Chinesa de Ciências Sociais.

A Tencent permitiu que utentes do WeChat trocassem cartões de presentes electrónicos, enquanto a Alibaba criou sua plataforma de pagamento on-line Alipay.  “Até meu avô de 88 anos se acostumou a comunicar e a pagar via WeChat”, afirma Zhao Chen, da empresa de investimentos tecnológicos Plug-and-Play.

 

29 Nov 2017