Hong Kong | Crystal Liu mostra trabalhos inéditos

[dropcap style≠’circle’]É[/dropcap] a primeira exposição individual da artista com ascendência de Hong Kong, Crystal Liu. A mostra “In Dreams” foi feita especialmente para o evento a ter lugar na Galerie du Monde na região vizinha. São 17 pinturas inéditas que retratam de forma abstracta o tema da paisagem e que vão estar em exibição de 14 de Setembro a 29 de Outubro.

De acordo com a apresentação do evento, “In Dreams” é mais uma exploração levada a cabo pela artista, agora radicada no Canadá, da paisagem enquanto “metáfora das forças intangíveis que dominam o ser humano”. Nas telas estão representados, de forma livre, os vários estados emocionais que acompanham Crystal Liu no processo criativo. “São narrativas de aprisionamento, de disputas, de desejo e optimismos frágeis que se reflectem em montanhas, estrelas, rios e rochas”, lê-se na apresentação da “In Dreams”. A intenção é retratar a complexidade muitas vezes paradoxal da existência, o caminho entre a esperança e a desilusão num misto de paisagem e vida privada da própria artista.

O guache e a aguarela são os materiais escolhidos para esta série e “In Dreams” foca-se no reflexo do céu na água, em ambientes nocturnos dentro de um contexto montanhoso. “O reflexo simboliza o espaço imaginário dos sonhos”, lê-se.

A Galerie du Monde vai também levar o trabalho de Crystal Liu à China Continental com a participação na Art Shenzhen e na ART021 em Xangai.

23 Ago 2017

Filme de Pedro Pinho pré-seleccionado pela Academia Europeia

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] filme português “A fábrica de nada”, de Pedro Pinho, está entre os pré-seleccionados para os prémios da Academia Europeia de Cinema, anunciou aquela entidade.

“A Fábrica de Nada” é o único filme português na lista de 51 pré-seleccionados, de 31 países, divulgada na página oficial da Academia Europeia de Cinema na Internet.

Nas próximas semanas, os cerca de três mil elementos da Academia Europeia de Cinema irão escolher os nomeados nas várias categorias, cujos vencedores serão decididos por um júri constituído por sete pessoas.

As nomeações serão anunciadas a 4 de Novembro, no Festival de Cinema Europeu de Sevilha, em Espanha, e os vencedores serão revelados na 30.ª cerimónia dos prémios da Academia Europeia de Cinema a 09 de Dezembro, em Berlim.

“A Fábrica de Nada”, que chega às salas portuguesas de cinema a 21 de Setembro, estreou em Maio no Festival de Cannes, onde venceu o Prémio Fipresci, da Federação Internacional de Críticos de Cinema, a que se seguiu o prémio CineVision, em Junho, em Munique, para melhor novo filme.

O filme de Pedro Pinho, com três horas de duração, é interpretado por actores e não actores e segue a vida de um grupo de operários que tentam segurar os postos de trabalho, através de uma solução de autogestão colectiva, e evitar, assim, o encerramento de uma fábrica.

Pedro Pinho assina a realização, mas o filme de ficção foi construído em conjunto com Luísa Homem, Leonor Noivo e Tiago Hespanha, a partir de uma ideia de Jorge Silva Melo e da peça de teatro “A Fábrica de Nada”, de Judith Herzberg.

Sucesso em Cannes

Em Cannes, o filme foi considerado também o melhor de todas as secções do festival, de acordo com a soma final dos críticos presentes no evento, sendo só superado pela série televisiva “Twin Peaks”, de David Lynch.

“A Fábrica de Nada” teve estreia mundial na Quinzena dos Realizadores, secção paralela do Festival de Cannes. O director artístico da Quinzena dos Realizadores, Edouard Waintrop, destacou “a película pelo “uso de uma variedade incrível de géneros cinematográficos: é praticamente um ‘thriller’ no início, tornando-se íntimo, político, social, fazendo um breve desvio para a comédia musical.”

Em Julho, o filme venceu o prémio CineVision do Festival de Cinema de Munique.

“O prémio CineVision para melhor novo filme foi para ‘A Fábrica de Nada’, de Pedro Pinho. O júri considerou o filme ‘um drama comovente, um musical peculiar, um documentário preciso, um ensaio desafiador – compre quatro por um com este excelente filme em tempos de turbo capitalismo”, referiu na altura a organização do festival.

23 Ago 2017

Pyongyang | Sanções de Pequim vão custar 1.500 milhões de dólares 

[dropcap style≠’circle’]E[/dropcap]specialistas consideraram que as sanções impostas pela China à Coreia do Norte vão custar a Pyongyang 1.500 milhões de dólares, mas não deverão travar a ambição nuclear do regime de Kim Jong-un.

A suspensão das importações, anunciada este mês pela China em cumprimento do último pacote de sanções decidido pela ONU, vai prejudicar fortemente a economia norte-coreana, mas o regime vai adaptar-se, sublinharam os analistas citados pelo jornal de Hong Kong South China Morning Post.

A China anunciou a suspensão das importações de carvão, ferro, chumbo e produtos do mar da Coreia do Norte, cumprindo o pacote de sanções adoptado pelo Conselho de Segurança da ONU.

Em 2016, a China foi o destino de mais de 92% das exportações norte-coreanas. Aqueles produtos constituem quase 60% das vendas norte-coreanas para a China ou 1.500 milhões de dólares só no ano passado.

Para Sun Xingjie, especialista em assuntos da Coreia do Norte na Universidade de Jilin, uma grande proporção das receitas procedentes das exportações era destinada a programas militares e famílias de elite do regime norte-coreano.

“Desta vez, a proibição da China fará com que Kim sinta pressão”, afirmou.

A prazo

Membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, a China votou a favor, no passado dia 6 de agosto, do sétimo pacote de sanções contra a Coreia do Norte, em resposta ao programa nuclear e ensaios com mísseis balísticos realizados por Pyongyang.

Justin Hasting, professor de Relações Internacionais da Universidade de Sydney (Austrália), que investiga o comércio entre a China e a Coreia do Norte, disse duvidar que a China aplique com rigor a proibição durante muito tempo.

“A China provavelmente vai cumprir a proibição a curto prazo”, mas é provável que “elimine a aplicação rigorosa passado algum tempo”, afirmou Hasting, citado pelo SCMP.

A Coreia do Norte “provavelmente será prejudicada a curto prazo, mas a longo prazo, e a menos que a China mude completamente a postura em relação a Pyongyang, é provável que se possa adaptar”, afirmou.

23 Ago 2017

China | Universidade de Cambridge repõe artigos censurados 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Universidade britânica de Cambridge vai repor mais de 300 artigos politicamente sensíveis, removidos de uma das suas publicações na China a pedido das autoridades locais, anunciou na segunda-feira o editor daqueles conteúdos.

Tim Pringle, editor do The China Quarterly, disse à agência noticiosa Associated Press (AP) que a publicação concordou em repor os artigos imediatamente.

A decisão surgiu depois de vários académicos terem assinado uma petição para que a editora da universidade recuse compactuar com a censura imposta pelo Governo chinês.

“Estou encantado com o apoio da comunidade académica internacional”, afirmou Pringle, citado pela AP.

Na sexta-feira, a Cambridge University Press (CUP) afirmou ter cumprido um pedido para bloquear alguns artigos da versão electrónica da publicação The China Quarterly, na China.

Os artigos censurados abordam assuntos sensíveis para o regime chinês, como o massacre na praça Tiananmen, em 1989, a Revolução Cultural (1966-76) e a questão do Tibete.

“O acesso a material publicado da mais alta qualidade é uma componente essencial da pesquisa académica”, escreveu Pringle na rede de mensagens instantâneas Twitter. “Impedir esse acesso não é o papel de publicações respeitadas mundialmente, como a CUP”, acrescentou.

Sob controlo

Académicos indicaram que as universidades têm também sido submetidas a um crescente controlo ideológico, incluindo acompanhamento frequente nas salas de aula.

Christopher Balding, professor associado de economia na Peking University HSBC Business School, na cidade de Shenzhen, disse ter lançado o abaixo-assinado, para pressionar a CUP e universidades e académicos que interagem com a China, e para que as instituições se revoltem contra a censura oficial.

À medida que as instituições de ensino superior chinesas contratam cada vez mais professores estrangeiros, o Governo está preocupado que as universidades percam “adesão ideológica”.

A petição apela à CUP para que recuse acatar a censura do Governo chinês, afirmando que académicos e universidades têm o direito de boicotar a instituição e as suas publicações, caso cedam às exigências das autoridades.

“O motivo fundamental é simplesmente exercer controlo, tentar impor o que eles pensam como a forma correta de pensar”, disse Balding.

De acordo com o texto, que acompanha o abaixo-assinado, os académicos acreditam no intercâmbio livre e aberto de ideias e informação e que é “perturbador que a China esteja a tentar exportar a sua censura em assuntos que não se encaixam na sua narrativa preferida”.

23 Ago 2017

Sinal de tempestade vai baixar para 3. Previstos aguaceiros com ventos esta noite e amanhã

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) prevêem, segundo a Rádio Macau, a ocorrência de aguaceiros e ventos durante a noite de hoje e a manhã desta quinta-feira. A partir do fim da tarde de hoje o sinal de tempestade vai baixar de 8 para 3.

“Durante esta noite e a manhã de amanhã, ainda se prevê que as bandas externas de pressão [do tufão] possam afectar a região. Ainda são esperados alguns aguaceiros e algum vento, não tão fortes como os desta manhã e tarde”, disse à Rádio Macau a porta-voz dos SMG, Vera Varela.

A tempestade que durou cerca de hora e meia provocou três mortos e vários feridos, tendo o sinal 10 de tufão sido içado a partir das 11h30. Nas redes sociais foram publicadas fotografias e vídeos da zona da avenida de Almeida Ribeiro ou junto ao Mercado Vermelho totalmente inundada, sendo que nas zonas do Porto Interior e Ilha Verde ocorreram “graves” incidentes do género.

No final do dia não eram visível a circulação de táxis ou autocarros, sendo que casinos como o Grand Lisboa tinham as portas fechadas. A queda de várias árvores na zona da avenida da Praia Grande levou ainda ao corte temporário de estradas.

A fronteira das Portas do Cerco, em Macau, foi reaberta pelas 15:30, após ter estado fechada durante duas horas e meia devido à aproximação do tufão Hato, informou o Centro de Proteção Civil (COPC).

A fronteira terrestre mais movimentada de Macau é a única das três reaberta: a de Flor de Lótus e a do Parque Industrial Transfronteiriço permanecem fechadas desde as 13:00.

As ligações marítimas e aéreas continuam suspensas. Cerca de 100 voos previstos para hoje foram cancelados ou adiados e os Serviços do Aeroporto Internacional de Macau deverão manter-se suspensos até às 19:00.

23 Ago 2017

Tufão “Hato”: Três mortos não são de nacionalidade portuguesa

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s três pessoas que morreram hoje em Macau, na sequência da passagem do tufão Hato, não são cidadãos portugueses, disse à Lusa o cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong, Vítor Sereno.

“De acordo com as autoridades de segurança de Macau, nenhum dos três mortos confirmados e dos dois desaparecidos é cidadão português”, afirmou o diplomata, acrescentando ter já comunicado a informação ao secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro.

Fonte dos Serviços de Polícia Unitários disse à agência Lusa que um homem, de 62 anos, residente em Macau, morreu quando “caiu de um prédio”, um outro, de 45 anos, turista da China, foi “atropelado por um camião”, e um terceiro, de 30 anos, trabalhador não residente no território, “estava na rua e não resistiu ao vento forte e bateu contra uma parede”.

Na zona de Fai Chi Kei, no norte da cidade, duas pessoas foram dadas como desaparecidas.

A passagem do tufão Hato obrigou os Serviços Meteorológicos e Geofísicos de Macau a emitirem, pela primeira vez desde 1999, o sinal 10, o máximo numa escala formada pelos sinais 1, 3, 8, 9 e 10.

Até às 15:30, o Centro de Proteção Civil (COPC) tinha registado 168 incidentes, incluindo 38 casos de quedas de fios de antenas e árvores, 35 de anúncios, toldos e janelas e seis de andaimes.

A fronteira das Portas do Cerco, em Macau, foi reaberta pelas 15:30, após ter estado fechada durante duas horas e meia devido à aproximação do tufão Hato, informou o COPC.

A fronteira terrestre mais movimentada de Macau é a única das três reaberta: a de Flor de Lótus e a do Parque Industrial Transfronteiriço permanecem fechadas desde as 13:00.

As ligações marítimas e aéreas continuam suspensas. Cerca de 100 voos previstos para hoje foram cancelados ou adiados e os Serviços do Aeroporto Internacional de Macau deverão manter-se suspensos até às 19:00.

As autoridades deram ainda conta de que um barco se afundou no Porto Interior.

Fonte da Direcção dos Serviços de Assuntos Marítimos e de Água (DSAMA) disse à agência Lusa que o barco de pesca, que se encontrava atracado no porto, “agora está submerso”. Duas pessoas foram resgatadas da água e transportadas para o hospital.

23 Ago 2017

Sinal de tempestade vai baixar para 3. Previstos aguaceiros com ventos esta noite e amanhã

Os Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) prevêem, segundo a Rádio Macau, a ocorrência de aguaceiros e ventos durante a noite de hoje e a manhã desta quinta-feira. A partir do fim da tarde de hoje o sinal de tempestade vai baixar de 8 para 3.

“Durante esta noite e a manhã de amanhã, ainda se prevê que as bandas externas de pressão [do tufão] possam afectar a região. Ainda são esperados alguns aguaceiros e algum vento, não tão fortes como os desta manhã e tarde”, disse à Rádio Macau a porta-voz dos SMG, Vera Varela.

A tempestade que durou cerca de hora e meia provocou três mortos e vários feridos, tendo o sinal 10 de tufão sido içado a partir das 11h30. Nas redes sociais foram publicadas fotografias e vídeos da zona da avenida de Almeida Ribeiro ou junto ao Mercado Vermelho totalmente inundada, sendo que nas zonas do Porto Interior e Ilha Verde ocorreram “graves” incidentes do género.

A fronteira das Portas do Cerco, em Macau, foi reaberta pelas 15:30, após ter estado fechada durante duas horas e meia devido à aproximação do tufão Hato, informou o Centro de Proteção Civil (COPC).

A fronteira terrestre mais movimentada de Macau é a única das três reaberta: a de Flor de Lótus e a do Parque Industrial Transfronteiriço permanecem fechadas desde as 13:00.

As ligações marítimas e aéreas continuam suspensas. Cerca de 100 voos previstos para hoje foram cancelados ou adiados e os Serviços do Aeroporto Internacional de Macau deverão manter-se suspensos até às 19:00.

 

23 Ago 2017

Angola/Eleições | Sem José Eduardo dos Santos, coligações são quase certas

Desde 1979 que José Eduardo dos Santos tem estado à frente do país e, pela primeira vez, não é candidato nas eleições que decorrem amanhã. O futuro político de Angola está em aberto e a formação de uma coligação governativa é uma possibilidade

[dropcap style≠’circle’]C[/dropcap]om o anúncio da retirada da vida política do líder histórico do país, e após vários momentos de especulação, José Eduardo dos Santos anunciou, em Fevereiro deste ano, a quem passaria a pasta. A encabeçar a lista do Comité Central do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) está João Lourenço.

Na corrida às eleições gerais de Angola, estão também o cabeça de lista e presidente da União Nacional para a Independência Total de Angola

(UNITA), Isaías Samakuva, enquanto Abel Chivukuvuku é o candidato pela Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral (CASA-CE). O Partido de Renovação Social (PRS),  a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) e Aliança Patriótica Nacional (APN) também constam do boletim de voto.

As sondagens ainda são dúbias, mas apontam para possibilidade de um MPLA vitorioso, no entanto sem maioria para constituir governo. Uma coligação pode ser a solução para um governo estável e os partidos da oposição já vincam o assunto.

A CASA-CE é um partido recente que conseguiu, nas eleições de 2012, arrecadar seis por cento dos votos na sua estreia em processos eleitorais. Dos dados disponíveis, e apesar de nenhum ser tido como certo, tudo indica que o CASA-CE possa vir a ganhar terreno. Dos eleitores constam jovens, maioritariamente urbanos e que não se contentam com os dois grandes da vida política de Angola: o MPLA e a UNITA.

O cabeça-de-lista da CASA-CE, Abel Chivukuvuku, já mostrou a sua convicção de que o partido que lidera vai formar governo, não excluindo uma “coligação à angolana” com a UNITA ou com o MPLA.

“Já anunciámos, no ano passado, que a CASA-CE tem probabilidades de ser Governo. Se não for Governo, no mínimo vai ser parte do Governo”, afirmou Abel Chivukuvuku, confrontado pelos jornalistas com a disponibilidade já demonstrada pelo presidente e candidato da UNITA, Isaías Samakuva, para um entendimento pós-eleitoral.

“Por Angola, pela mudança, temos que pôr todas as portas abertas”, admitiu Chivukuvuku, classificando esse hipotético entendimento como uma “gerigonça angolana”.

De bem com qualquer um

A possibilidade de entendimento pós-eleitoral com o partido no poder em Angola desde 1975 também não é totalmente colocada de parte por Abel Chivukuvuku. No entanto, ressalva: “com este MPLA não, tinha de ser um MPLA diferente”.

Por sua vez, o cabeça de lista do MPLA, João Lourenço, tem vindo a repetir os apelos ao voto e à conquista de uma maioria qualificada nestas eleições, afirmando que aquele partido é o único que pode garantir a estabilidade no país.

Isaías Samakuva,  presidente da UNITA, disse na quinta-feira à agência Lusa acreditar ser possível replicar em Angola uma solução governativa semelhante à “geringonça” em Portugal, que junta o Partido Socialista, Partido Comunista Português e Bloco de Esquerda.

O cabeça de lista da UNITA às eleições gerais de Angola admitiu uma coligação pós-eleitoral com os partidos da oposição, nomeadamente a CASA-CE, “se as condições e as circunstâncias” o exigirem.

“Desde que as condições, as circunstâncias no momento nos forcem a isso, não hesitaremos”, disse Isaías Samakuva.

“Se chegarmos à posição de Portugal – na qual os partidos da esquerda juntos foram capazes de formar uma maioria – nós poderemos fazê-lo. O essencial é afastar o MPLA”, completou.

O MPLA, representado por João Lourenço, apela à maioria e contou, no último dia de campanha, com a presença de José Eduardo dos Santos.

De acordo com a leitura de alguns analistas, a escolha de João Lourenço foi um passo para a criação de alguma assertividade dentro do partido.

“É um compromisso aceitável, uma ponte de transição para a geração dos mais novos. Comparado com muitos dos possíveis aspirantes a Presidente, não é exibicionista e construiu uma carreira de prudência”, diz o director do Programa para África do “think tank Chatham House”, Alex Vines, ao jornal Público.

Europa de fora

A União Europeia (UE) não vai enviar nenhuma missão de observadores às eleições gerais angolanas, tal como aconteceu no acto eleitoral de 2012, por falta de acordo com o Governo, confirmaram à Lusa fontes ligadas ao processo. De acordo com uma fonte comunitária, a UE deverá enviar uma pequena missão de peritos para estar presente em Angola durante o processo eleitoral, sem lugar a relatório oficial ou a declarações políticas.

O convite de José Eduardo dos Santos para a UE enviar uma missão de observação eleitoral chegou a Bruxelas no dia 27 de Junho, pelo que não houve tempo para preparar a deslocação de uma equipa de observadores, “uma vez que os aspectos logísticos devem ser tratados muito antes das eleições através de um memorando de entendimento”, segundo a fonte comunitária.

Bruxelas ofereceu-se no âmbito da “excelente parceria com Angola”, para enviar uma missão de peritos eleitorais, “para estar presente durante todo o processo eleitoral”.

Ao contrário do que acontece com a missão de observação, uma missão com peritos não contempla qualquer declaração política final nem sequer um relatório oficial para divulgação.

Recentemente o ministro dos Negócios Estrangeiros de Angola, Georges Chikoti, disse que o Governo angolano não aceitaria acordos específicos com as organizações convidadas a observar as eleições gerais.

O chefe da diplomacia angolana comentava o pedido da UE para a assinatura de um memorando de entendimento prévio para observar as eleições angolanas, pretensão que foi recusada.

“O convite é aberto. Mas não queremos quaisquer acordos específicos com cada uma destas organizações. Quem quiser vir, vem e quem não quiser, pode não vir, mas o certo é que o convite é aberto”, disse Georges Chikoti.

A UE foi uma das entidades convidadas pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE), indicadas pelo Presidente da República, para observar as eleições gerais angolanas, tal como a União Africana, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) ou a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).

22 Ago 2017

Reconhecimento facial em Macau faz disparar levantamentos em Hong Kong

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] introdução da tecnologia de reconhecimento facial – uma medida delineada para garantir a segurança do sistema financeiro de Macau e de combate ao branqueamento de capitais – está a ter impacto na vizinha Hong Kong.

Segundo a edição de ontem do South China Morning Post, a instalação do sistema de reconhecimento facial em Macau fez disparar os levantamentos na rede de multibancos da antiga colónia britânica com cartões UnionPay emitidos por instituições bancárias da China.

A Autoridade Monetária de Hong Kong não confirmou essa informação ao jornal em língua inglesa, que citou uma fonte não identificada, para dar conta de “um impressionante” aumento dos levantamentos tanto em termos de volume como em número.

A antiga colónia britânica não tem planos para avançar com um sistema idêntico ao de Macau, indicou uma porta-voz da Autoridade Monetária de Hong Kong ao South China Morning Post.

Em Dezembro, a Autoridade Monetária de Macau (AMCM) anunciou a imposição de um limite de 5000 patacas por levantamento nos multibancos do território aos portadores de cartões emitidos por bancos da China, mantendo-se a quota diária máxima de 10.000 renminbi.

Oito em dez

Cerca de mil caixas multibanco de Macau têm instalado o sistema de reconhecimento facial para os portadores de cartões UnionPay emitidos por bancos da China, ou seja, mais de 80 por cento, segundo indicação da Autoridade Monetária.

Fonte da AMCM disse à agência Lusa que, até ao momento, cerca mil caixas multibanco de um universo de aproximadamente 1.200 tinham instalado o novo sistema que permite reforçar a confirmação da identidade do utilizador.

A introdução faseada da tecnologia “Know your customer” (KYC, “Conheça o seu cliente”) em todas as caixas automáticas ATM de Macau foi anunciada no início de Maio, “com o objectivo de garantir a segurança do sistema financeiro”, não se aplicando a cartões bancários emitidos em Macau ou em outras regiões.

A AMCM tinha indicado anteriormente que espera a conclusão ainda este ano do processo de instalação da KYC. A partir de 4 de Julho, as máquinas ATM sem a nova tecnologia deixaram de prestar serviço de levantamento em numerário aos cartões UnionPay emitidos na China.

Crime | Dois agentes detidos por auxílio à entrada e saída de imigrantes ilegais

[dropcap style≠’circle’]F[/dropcap]oram detidos, no domingo, por suspeita de envolvimento num esquema de entrada e saída de imigrantes ilegais do território, dois agentes, do Departamento de Migração da Polícia de Segurança Pública (PSP).

Os agentes, com 29 e 32 anos, terão alegadamente recebido subornos de, pelo menos, 300.000 dólares de Hong Kong, disse fonte da PJ à agência Lusa.

Ambos foram detidos no Posto Fronteiriço do Cotai na madrugada de domingo pela PJ, com a ajuda da PSP, tendo sido também detida uma residente de Macau, de 33 anos, num apartamento na Taipa, por alegado envolvimento no caso, indicou a mesma fonte.

Segundo a investigação da PJ, que teve início em Junho, os dois agentes dos Serviços de Migração proporcionariam a entrada ou saída de imigrantes ilegais, de carro, através do Posto Fronteiriço do Cotai quando um deles se encontrasse de serviço. Tal sucedia na sequência de telefonemas de imigrantes ilegais para um dos agentes – apontado pela PJ como cérebro da operação – ou para a mulher suspeita de envolvimento na mesma rede.

Segundo a PJ, foram ainda detidos três imigrantes ilegais em dois hotéis em Macau, além de um cidadão da China que seria supostamente responsável por transferir os subornos pagos pelos imigrantes ilegais para a referida rede criminosa.

Um dos imigrantes entrou e saiu de Macau ilegalmente por sete ocasiões, desde Dezembro de 2016, mediante o pagamento de 10.000 a 30.000 dólares de Hong Kong de cada vez.

O secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, reagiu com tristeza face a utilização de competências dos agentes policiais para o fim de actividades criminosas.

De acordo com o canal chinês da Rádio Macau, Wong Sio Chak, alertou os restantes serviços públicos para tomarem este caso como exemplo.

22 Ago 2017

Efeméride | Nova edição de “Clepsidra” assinala nascimento de Pessanha

Uma nova edição da tradução de “Clepsidra” para chinês, da autoria de Yao Jingming, exposições de pintura e fotografia e conferências no edifício do antigo tribunal vão marcar as comemorações dos 150 anos do nascimento de Camilo Pessanha, já a partir do dia 31

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s 150 anos do nascimento do poeta português Camilo Pessanha começam a assinalar-se a 31 de Agosto, em Macau, com uma nova edição da obra “Clepsidra”, em forma de missal, anunciou o jornalista Carlos Morais José.

“Achamos que é a edição que o Camilo Pessanha gostaria de ver”, acrescentou ainda o mentor destas iniciativas.

Este lançamento, que vai decorrer no Consulado-Geral de Portugal em Macau, marca o arranque das comemorações dos 150 anos do nascimento do poeta, que viveu entre 1894 e 1926, na cidade onde morreu.

É “uma data que não podia passar sem uma manifestação cultural que trouxesse o poeta, um símbolo da cidade de Macau e uma das figuras mais importantes que aqui viveu, à memória das pessoas”, sublinhou o responsável pela iniciativa e director do jornal Hoje Macau.

Ao longo de uma semana, de 1 a 7 de Setembro, desta feita no edifício do antigo tribunal, Pessanha vai ser lembrado através de um conjunto de exposições de artes plásticas e de fotografia, conferências, inauguração de arte pública e lançamento de vários livros, disse.

No dia 1 de Setembro, “inicia-se oficialmente” a semana dedicada a Camilo Pessanha com a inauguração de duas exposições: uma de artes plásticas, com o título “Pessanha, a última fronteira”, com a participação de vários artistas de Macau com obras “inspiradas no poeta”. A outra exposição, “Cleptocronos”, é de fotografia de António Falcão, que já residiu em Macau e que vive actualmente em Portugal.

No mesmo dia vai ser lançada a versão em chinês da “Clepsidra”, numa tradução de Yao Feng e edição do Instituto Cultural de Macau.

“Vamos ter mais de 20 participantes, 11 de fora e os restantes locais, nesta semana de iniciativas sobre Pessanha”, adiantou Carlos Morais José, sobre o programa que vai decorrer ao longo da semana.

“A maior parte dos participantes são escritores conhecidos em Portugal e em Moçambique, como António Cabrita, que vêm cá falar de Pessanha e das suas obras”, afirmou.

A ideia de associar a comemoração dos 150 anos do nascimento de Camilo Pessanha à passagem de mais um aniversário do Hoje Macau surgiu por se tratar de um “bom pretexto” para reunir escritores portugueses que publicam no jornal.

“A personalidade de Camilo Pessanha ultrapassa o seu espectro literário, também há o lado de cidadão. Nesse sentido o panorama cultural de Macau tem mais do que a obrigação de celebrar a figura mais ilustre da comunidade portuguesa de sempre em Macau”, disse ainda Carlos Morais José.

Motivar os mais novos

Um dos objectivos desta iniciativa é “motivar as novas gerações a produzir”, considerou Carlos Morais José, explicando ter decidido avançar com a organização desta semana “por não ter visto nenhum evento preparado pelas autoridades competentes”.

A 7 de Setembro, dia em que Pessanha nasceu, vai realizar-se “uma romagem ao cemitério, seguido de um almoço com a família do poeta” na Associação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau (APOMAC). A sessão de encerramento das celebrações vai estar a cargo de Luís Sá Cunha, com uma intervenção sobre “Por que é Camilo Pessanha o poeta de Macau”, disse.

Um jantar de gala no antigo hotel Bela Vista, actual residência do cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong, em que a “ementa será idêntica a que comia Pessanha no início do século XX” encerra a semana.

Além das exposições, conferências e recitais de poesia em mandarim, cantonense e português, Carlos Morais José adiantou que vão ser lançados cinco livros: “Abril” de Amélia Vieira, “O exorcismo” de José Drummond, “Returning home dirty with the light” de Rui Cascais, “Karadeniz – Entrevista com um assassino” de Paulo José Miranda e “Morri” de António Falcão.

Colaboração com a TDM

Durante a semana vão também ser inauguradas três esculturas públicas da autoria de Carlos Marreiros, no Leal Senado, no Jardim Marginal e no Albergue SCM (Santa Casa da Misericórdia), acrescentou o director do jornal Hoje Macau.

Carlos Morais José destacou também a colaboração com a Teledifusão de Macau (TDM), na transmissão de poemas em vídeo e áudio.

Em data a anunciar, vai ainda ser inaugurada uma exposição histórica “Macau no tempo de Camilo Pessanha” (1867-1926), sobre o “ambiente físico, intelectual e político” em que viveu o poeta, disse o responsável, sobre o programa que marca os 150 anos do nascimento do poeta português e que contou com o apoio da Casa de Portugal em Macau, da Confraria da Gastronomia Macaense e da Associação para a Instrução dos Macaenses (APIM), entre outros.

Considerado o expoente máximo do simbolismo em língua portuguesa, Camilo Pessanha nasceu em Coimbra a 1 de Setembro de 1867 e morreu em Macau a 1 de Março de 1926.

22 Ago 2017

Pequim inaugura em Setembro comboio mais rápido do mundo

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China vai lançar, em Setembro, o comboio mais rápido do mundo e reduzir a ligação entre Pequim e Xangai a quatro horas e meia, noticiou ontem a imprensa chinesa.

O ‘Fuxing’ (“rejuvenescimento”, em chinês) vai começar a funcionar a 21 de Setembro próximo, depois de terem sido realizados, com êxito, três testes. A velocidade média é de 350 quilómetros por hora e atinge um máximo de 400 quilómetros, indicou a imprensa chinesa.

A viagem entre as duas principais cidades chinesas, Pequim e Xangai, de 1.318 quilómetros, vai ter uma frequência diária. A média deste novo comboio de alta velocidade supera em 50 quilómetros por hora o actual.

O novo modelo foi desenhado e fabricado pela China e inclui um sistema de controlo que abranda automaticamente, em caso de emergência ou condições anormais.

Aposta ganha

Em menos de uma década, a China construiu a maior rede de alta velocidade do mundo, que atingiu no final do ano passado os 22 mil quilómetros, mais do que todos os outros países juntos.

A primeira linha – um troço de 120 quilómetros entre Pequim e Tianjin – começou a funcionar em 2008, quando a capital chinesa organizou os Jogos Olímpicos.

O Governo chinês prevê que, em menos de dez anos, a rede de alta velocidade do país atinja os 38 mil quilómetros, quase o equivalente à circunferência da Terra, medida pela linha do Equador.

No total, o investimento chinês no sector ferroviário de alta velocidade ascende a 360 mil milhões de dólares.

O sucesso da rede de alta velocidade na China ficou manchado pelo acidente de Julho de 2011, na cidade de Wenzhou, que causou 40 mortos e quase 200 feridos, e os escândalos de corrupção no antigo Ministério dos Caminhos-de-ferro chinês.

Liu Zhijun, o titular da pasta, acabou por ser condenado à morte com pena suspensa por dois anos pelos “milhões” de subornos que recebeu de companhias desejosas de ganharem contratos no sector.

22 Ago 2017

Cambridge | Petição contra censura no portal da Universidade

[dropcap style≠’circle’]V[/dropcap]ários académicos assinaram uma petição para a universidade britânica de Cambridge repor mais de 300 artigos politicamente sensíveis, removidos do seu ‘site’ oficial na China a pedido das autoridades chinesas.

A Cambridge University Press (CUP) afirmou na sexta-feira que cumpriu com um pedido para bloquear alguns artigos da versão electrónica da publicação “The China Quarterly”, na China.

Os artigos censurados tocam em assuntos sensíveis para o regime chinês, como o massacre na praça Tiananmen, em 1989, a Revolução Cultura (1966-76) e a questão do Tibete.

Desde que o Presidente chinês, Xi Jinping, ascendeu ao poder, em 2013, as autoridades têm aumentado a repressão sobre possíveis fontes de oposição ao Partido Comunista Chinês, incluindo advogados que trabalham em casos sensíveis, organizações não-governamentais e igrejas.

Académicos dizem que as universidades têm também sido submetidas a um crescente controlo ideológico, incluindo acompanhamento frequente nas salas de aula.

Christopher Balding, professor associado de economia na Peking University HSBC Business School, na cidade de Shenzhen, disse ter lançado o abaixo-assinado, como forma de colocar pressão não só sobre a CUP, mas também universidades e académicos que interagem com a China, e para que as instituições se revoltem contra a censura oficial.

A petição apela à CUP para que recuse acatar com a censura do Governo chinês e afirma que académicos e universidades têm o direito de boicotar a instituição e as suas publicações, caso cedam às exigências das autoridades.

O texto que acompanha o abaixo-assinado escreve que os académicos acreditam no intercâmbio livre e aberto de ideias e informação e que é “perturbador que a China esteja a tentar exportar a sua censura em assuntos que não se encaixam na sua narrativa preferida”.

Na segunda-feira, mais de 200 pessoas tinha assinado a petição.

Servir a lei

Em editorial, o jornal oficial Global Times escreveu que a China bloqueia alguma informação em ‘sites’ estrangeiros, considerada prejudicial para a sociedade chinesa, e que a CUP tem que cumprir com a lei chinesa se quer estabelecer um servidor na China.

Se as instituições ocidentais “pensam que o mercado da Internet chinesa é tão importante e que não o podem perder, têm que respeitar a lei chinesa e adaptar-se aos costumes locais”, escreveu o Global Times.

22 Ago 2017

Hong Kong | Prisão de activistas gera novo protesto e criticas de ONG

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] prisão dos activistas Joshua Wong, Nathan Law e Alex Chow levou ontem cerca de dez mil pessoas às ruas de Hong Kong. Em Macau, Larry So diz que a pena foi demasiado pesada e que bastava uma condenação a trabalho comunitário. Scott Chiang, líder da Associação Novo Macau, defende que os activistas não podem perder a esperança.

Os olhos do mundo estão de novo postos em Hong Kong após o Tribunal de Recurso da região vizinha ter condenado os activistas Joshua Wong (20 anos) a seis meses de prisão, Nathan Law (24 anos) a oito meses, e Alex Chow (26 anos) a sete meses.

A condenação surgiu na sequência do pedido de agravamento das sentenças pelo Governo, já depois de, no ano passado, os activistas, ligados ao partido Demosisto, terem sido condenados a trabalho comunitário. Um painel de três juízes decidiu na quinta-feira agravar as sentenças conforme pedido de recurso pelo secretário para a Justiça, Rimsky Yuen.

A decisão substitui as sentenças decretadas o ano passado, de 80 e 120 horas de serviço comunitário, para Joshua Wong e Nathan Law, e pena suspensa de três semanas de prisão para o ex-dirigente da federação de estudantes Alex Chow.

Os juízes disseram que era preciso dissuadir outros manifestantes de tais actos e condenaram à prisão os três jovens, depois de deduções de um mês nas sentenças de Wong e Law por serviço comunitário já cumprido.

Entretanto, os três activistas vão recorrer da sentença, disse um líder estudantil dos protestos de 2014.

As acusações de pressão política e tentativa de silenciamento dos movimentos pró-democracia na região vizinha surgiram de imediato. Ontem, segundo o órgão de media Hong Kong Free Press, cerca de dez mil pessoas terão estado na zona de Wanchai a protestar na intitulada “Marcha contra a Perseguição Política”.

Segundo a reportagem em directo, transmitida nas redes sociais, membros do partido pró-democracia People Power lembraram que os três activistas presos têm menos de 30 anos e que, por isso, podem continuar a luta pela democracia quando saírem da prisão. “É o seu futuro”, disse um dos membros do partido.

Raymond Chan Chi-chen, deputado do Conselho Legislativo (LegCo) pelo People Power, defendeu ao mesmo órgão de comunicação que a decisão do tribunal não passa de uma perseguição política e que os grupos que lutam por um sistema político mais democrático “sofrem pressões neste momento”. Raymond Chan Chi-chen teceu ainda duras criticas ao posicionamento do secretário Rimsky Yuen em todo o processo.

Pena excessiva

Em Macau também se fala de uma tentativa de silenciamento e diminuição do poder que os movimentos pró-democracia têm obtido nos últimos anos. Ao HM, Larry So, politólogo, considerou que a pena decidida pelo tribunal foi “demasiado pesada”.

“Seria suficiente aplicar-lhes uma pena de trabalho comunitário e não uma pena de prisão. É uma decisão com uma maior orientação política do que propriamente legal. Desse ponto de vista, penso que há uma tentativa de suprimir os jovens de virem à rua e protestarem contra o Governo”, apontou.

Na visão do ex-docente do Instituto Politécnico de Macau, a decisão do Tribunal de Recurso “não é uma boa medida e é uma tentativa de silenciamento”. “É uma pena que o tribunal de Hong Kong tenha sentenciado estes jovens a penas de prisão”, acrescentou.

No protesto de ontem em Wanchai questionou-se a continuação do trabalho do partido Demosisto, agora que os seus principais líderes estão atrás das grades.

Para Larry So, pode de facto haver um retrocesso nos movimentos pró-democracia. “A curto prazo podemos sentir um efeito nesse sentido (uma redução dos protestos nas ruas), porque é um sinal claro junto da comunidade e uma tentativa de travar um pouco os jovens. É uma decisão que diz ‘Não tomem decisões radicais e não vão para a rua, pois podem ser presos’.”

Em Macau, cujos movimentos pró-democracia têm registado uma expressão diminuta, haverá, segundo Larry So, poucas consequências destas prisões.

“Macau ainda não atingiu essa fase em que os jovens assumem posições mais radicais. O território vive uma melhor situação económica. Não vejo acontecimentos destes no futuro de Macau, e penso que Macau deve olhar para Hong Kong e aprender algumas lições com o que tem acontecido nos últimos tempos”, disse o politólogo.

Scott Chiang, presidente da Associação Novo Macau (ANM), pede, sobretudo, que não se perca a esperança.

“O que esperamos é que Joshua Wong e outros activistas não percam a esperança de lutar pelo seu destino”, disse ao HM.

“Estas prisões vão trazer dois tipos de consequências. De certeza que vão afastar algumas pessoas e fazer com que se dê um passo atrás nestes movimentos. Diria que esta decisão do tribunal vai dividir um pouco a sociedade de Hong Kong”, acrescentou o presidente da ANM.

Projectos adiados

Tanto as condenações a penas de prisão efectivas como a de outros 13 activistas no início da semana passada, por um caso anterior ao movimento ‘Occupy’, aumentaram os receios de que o sistema judiciário independente de Hong Kong esteja sob ameaça por o Governo da cidade apoiado por Pequim alegadamente estar a usar os tribunais para reprimir a oposição e restringir a sua capacidade de protesto.

Antes do julgamento, o Departamento de Justiça de Hong Kong disse que não havia “absolutamente nenhuma base para inferir qualquer motivo político” da sua parte em relação ao caso.

No ano passado, Nathan Law, então com 23 anos, tornou-se o mais novo deputado a ser eleito em Hong Kong, mas, tal como outros cinco eleitos pela população, viria meses mais tarde a ser desqualificado por usar o seu juramento para protestar contra Pequim.

Joshua Wong, de 20 anos, também falou de seu desejo de se candidatar, mas não pôde fazê-lo por não ter a idade mínima de 21 anos.

Alex Chow, que na sexta-feira faz 27 anos, pretende fazer um doutoramento no estrangeiro, mas a sentença veio atrasar os seus planos.

ONG criticam decisão do tribunal

[dropcap style≠’circle’]G[/dropcap]rupos de direitos humanos e políticos norte-americanos já condenaram as penas de prisão efectiva aplicadas pelo Tribunal de Recurso de Hong Kong.

A Amnistia Internacional disse que a busca “incansável” pelo Governo de penas de prisão para Joshua Wong, Nathan Law e Alex Chow foi um “ataque vingativo” à liberdade de expressão e reunião pacífica.

“O verdadeiro perigo para os direitos de liberdade de expressão e reunião pacífica em Hong Kong é a continuada perseguição pelas autoridades de proeminentes activistas democratas. As acusações destinadas a dissuadir a participação em protestos pacíficos devem ser paradas”, disse a directora da Amnistia Internacional em Hong Kong Mabel Wu, citada pela Rádio e Televisão Pública de Hong Kong.

A directora da organização Human Rights Watch para a China, Sophie Richardson, reagiu através da rede social Twitter.

“A democracia em Hong Kong, que se posiciona como centro legal, de negócios e de liberdade de expressão foi gravemente prejudicada pelas sentenças de hoje”, escreveu.

O académico da Universidade de Hong Kong Eric Cheung, que estava no tribunal em apoio aos jovens presos disse que estava triste que os três jovens fossem colocados atrás das grades e destacou a sua dedicação e “grande potencial”.

“O que eles fizeram (…) foi realmente por preocupação com Hong Kong”, disse Cheung.

Censura americana

Nos Estados Unidos, o senador Marco Rubio, que lidera uma comissão no Congresso sobre a China, também criticou as sentenças: “As acusações políticas e as novas sentenças destes jovens são uma vergonha e mais uma prova de que a estimada autonomia de Hong Kong está precipitadamente em erosão”.

Rubio disse que as políticas dos EUA devem reflectir a realidade de que Pequim está a tentar esmagar a nova geração do movimento pró-democracia de Hong Kong e a minar o princípio “Um país, dois sistemas”, que entrou em vigor em 1997, com a passagem da soberania de Hong Kong da Grã-Bretanha para a China.Pequim prometeu deixar a cidade manter a sua ampla autonomia e direitos civis, como liberdade de expressão e manifestação, desconhecidos no interior da China.

O congressista Chris Smith acrescentou que Hong Kong pode arriscar perder o seu estatuto especial perante as leis dos Estados Unidos se Pequim recusar seguir as promessas feitas na Declaração Conjunta sino-britânica.

21 Ago 2017

Eleições | CCAC recebeu 101 queixas desde Abril

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Comissariado contra a Corrupção de Macau (CCAC) recebeu desde Abril um total de 101 queixas relacionadas com as eleições de Setembro à Assembleia Legislativa, disse o comissário André Cheong no fim-de-semana

“Até este momento recebemos 67 queixas (…) através da linha conjunta com a Comissão Eleitoral e 34 por via própria. No total são 101. A maior parte está relacionada com suspeita de corrupção eleitoral”, disse aos jornalistas, à margem de uma iniciativa do CCAC para promover “eleições limpas”.

André Cheong não avançou detalhes sobre os progressos das investigações, quantas foram concluídas e se houve queixas que deram origem à entrega de processos ao Ministério Público para fazer acusação.

Aprovada em 2016, a nova lei eleitoral impõe maiores restrições à propaganda eleitoral.

Em Macau, muitas listas têm ‘organizações amigas’ que promovem todo o tipo de actividades e de presentes, desde banquetes a viagens à China.

A lei não proíbe as associações apoiantes de listas candidatas de organizarem banquetes ou de oferecerem refeições gratuitas ou vales de compras em supermercados aos seus sócios, nem proíbe que uma sociedade organize viagens ao interior da China, recorda André Cheong.

“O que a lei proíbe é fornecer esses interesses e ao mesmo tempo fazer propaganda eleitoral. Por exemplo, há banquetes gratuitos em que há propaganda. Antes de 2 de Setembro [data do início da campanha eleitoral], se houver propaganda antecipada vai ser qualificada como acto ilegal”, acrescenta.

O comissário revelou que desde Abril até à data os fiscais do CCAC realizaram “mais de 2000 acções de vigilância”, das quais mais de 1500 a actividades que incluíam banquetes ou refeições gratuitas, tendo também fiscalizado outro tipo de iniciativas, como a oferta de viagens.

Comer e passear

“Verificámos que existem essas actividades, mas em muito poucas ocorreram acções de propaganda de actos eleitorais. Segundo os colegas que já trabalharam em várias eleições, essa é uma diferença em relação ao passado”, diz.

“Não fiz a comparação se as viagens ou banquetes são mais ou menos, mas nesses mais de 2000 actos verificámos poucos casos de indícios de fornecimento de interesses e, ao mesmo tempo, de propaganda eleitoral”, afirma.

Nas últimas eleições para a Assembleia Legislativa, há quatro anos, o CCAC diz ter recebido 213 queixas e denúncias relacionadas com as eleições legislativas, das quais 46 foram registadas no dia da votação (15 de Setembro de 2013).

A Assembleia Legislativa é composta por 33 deputados, 14 eleitos por sufrágio universal e 12 por sufrágio indirecto (através de associações), além de sete posteriormente nomeados pelo chefe do Executivo.

As eleições estão marcadas para 17 de Setembro.

Região | Cooperação domina encontro entre líderes de Hong Kong e Macau

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] cooperação bilateral no desenvolvimento de tecnologia inovadora, indústrias criativas e medicina tradicional chinesa dominaram o encontro do chefe do Executivo de Macau, Chui Sai On, com a homóloga de Hong Kong, Carrie Lam.

Na primeira visita a Macau depois de ter assumido a chefia do Executivo de Hong Kong, a 1 de Julho passado, Carrie Lam destacou o empenho do seu Governo no desenvolvimento dos sectores de tecnologia inovadora e indústrias criativas, bem como a “enorme vontade” de conhecer “o desenvolvimento da indústria da medicina tradicional chinesa” em Macau, de acordo com um comunicado oficial divulgado na sexta-feira à noite.

Os dois responsáveis lembraram a “boa cooperação” entre as duas Regiões Administrativas Especiais chinesas e a iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, a construção da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau e a entrada em funcionamento, prevista no final do ano, da ponte Hong Kong – Zhuhai – Macau na criação de novas oportunidades de desenvolvimento.

Chui Sai On defendeu que “os dois territórios podem impulsionar a cooperação em vários domínios, incluindo na tecnologia inovadora, na indústria criativa e na formação dos jovens, estando ainda disponível para trocar experiências com Hong Kong sobre o desenvolvimento da indústria da medicina tradicional chinesa”, indicou a mesma nota.

Depois do encontro e antes de regressar a Hong Kong no final do dia, Carrie Lam visitou o espaço 10 Fantasia – Associação promotora de indústrias criativas, no bairro de São Lázaro, na cidade. A governante de Hong Kong não prestou declarações aos jornalistas.

Primeira mulher a chefiar o Governo de Hong Kong , Carrie Lam foi eleita a 26 de Março passado por um colégio eleitoral de 1.194 membros, em representação de vários sectores de actividade da antiga colónia britânica.

Eleições | Listas de delegados a entregar até dia 28

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]rrancou no sábado, com duração até à próxima segunda-feira, dia 28, o prazo para a entrega das listas de delegados das candidaturas às eleições legislativas deste ano. Segundo um comunicado da Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL), cada candidatura tem o direito de designar um delegado efectivo e outro substituto para cada assembleia de voto. Cabe ao mandatário da candidatura entregar a lista de delegados ao director dos Serviços de Administração e Função Pública. A CAEAL determina que “os delegados designados pelas candidaturas para as diversas assembleias de voto são obrigados a votar nas assembleias de voto para as quais foram designados”.

21 Ago 2017

Governo Central | Mais estudos à quarta ponte que liga Macau à Taipa

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]

Questões de segurança justificaram a decisão do Governo Central em não autorizar a construção da quarta ponte. Não foi citada qualquer razão relacionada com a Ponte em Y. Um especialista ouvido pelo HM entende que o plano inicial de construção deve sofrer apenas ligeiras alterações.

Antes de se começar a falar na quinta travessia, o Governo Central travou a construção da quarta ponte entre Macau e a Taipa. De acordo com declarações à TDM – Rádio Macau do coordenador do Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-Estruturas (DGI), Chao Vai Man, o chumbo de Pequim ficou a dever-se a razões de segurança. Em questão está a futura localização da ponte que atravessa uma via navegável de alta velocidade.

Entretanto, o Executivo avançou com a adjudicação dos serviços de fiscalização, gestão do projecto e preços para a obra, que vai custar mais de 188 milhões de patacas. O contrato foi para a empresa Ove Arup & Partners Hong Kong Limited.

Addy Chan, vice-presidente da Associação dos Engenheiros de Macau, considera todo este processo normal. “Todas as construções ribeirinhas e de beira-mar precisam da aprovação do Governo Central, porque são obras que afectam a direcção e velocidade das águas”, comenta.

Como tal, admite não ter ficado surpreendido. Para o engenheiro é necessário também avaliar o impacto deste tipo de obras nas cidades vizinhas.

Crescei e multiplicai-vos

Apesar do projecto estar próximo da zona onde chega a Ponte Hong Kong – Zhuhai – Macau, nem o coordenador do DGI, nem Addy Chan acham que possa haver qualquer incompatibilidade entre ambas as construções.

“Não me parece que haja relação, pois essa ponte está praticamente em fase de conclusão”, explica o engenheiro.

As decisões do Governo Central devem ter em consideração construções futuras, além de se aferir quais os impactos ambientais num sentido global na área envolvente. Nesse sentido, “a Ponte em Y já afecta um pouco”, considera o especialista. Há que ter em consideração que do lado continental, há mais um projecto de grande envergadura a ligar Shenzhen a Zhongshan.

Em relação ao trabalho que falta, Addy Chan não entende que seja “uma coisa assim tão complicada, sendo de esperar que os estudos finais não demorem muito a serem realizados”.

No que diz respeito ao projecto final da quarta ponte que liga Macau à Taipa, o vice-presidente da Associação dos Engenheiros de Macau diz que “não deve sofrer alterações drásticas de design, não deverá ser algo completamente novo”.

Gastos dos visitantes de Macau fora dos casinos sobem 17,5 por cento

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s gastos dos visitantes de Macau, fora dos casinos, aumentaram 17,5 por cento no segundo trimestre deste ano, em relação ao período homólogo de 2016, indicam dados oficiais sexta-feira divulgados.

De acordo com os Serviços de Estatística e Censos (DSEC), a despesa total dos visitantes efetuada fora dos casinos ascendeu a 13,75 mil milhões de patacas, traduzindo uma subida de 2,2 por cento relativamente aos primeiros três meses do ano.

A despesa ‘per capita’ dos visitantes situou-se em 1787 patacas, reflectindo em linha com o comportamento global uma subida de 11,7 por cento em termos anuais homólogos e de 4,6 por cento em termos trimestrais.

A maior despesa per capita foi efetuada pelos visitantes da China, o maior mercado emissor de Macau, que ascendeu a 2162 patacas entre Abril e Junho, mais 16,8 por cento face a igual período do ano passado.

A despesa ‘per capita’ dos visitantes provenientes da Malásia aumentou 8,2 por cento, em termos anuais, ao passo que a dos visitantes de Singapura, de Hong Kong e de Taiwan diminuiu 3,9 por cento, 8,2 por cento e 6,9 por cento, respectivamente, de acordo com a DSEC.

Em baixa esteve também a despesa ‘per capita’ dos visitantes da Austrália (menos 21,7 por cento) e a dos procedentes dos Estados Unidos (menos 0,6 por cento) e Reino Unido (menos 4,4 por cento).

Às compras

Segundo a DSEC, os visitantes gastaram essencialmente em compras (43 por cento), alojamento (25,6 por cento) e alimentação (23,1 por cento).

A despesa ‘per capita’ em compras atingiu 768 patacas (81,1 euros), mais 10,7 por cento em termos anuais, destacando-se no ‘cabaz’ os alimentos/doces (229 patacas), cosméticos/perfumes (191 patacas), produtos em que os gastos aumentaram 17,8 por cento e 18,6 por cento, respectivamente.

Os resultados do inquérito às despesas dos visitantes indicaram ainda que o principal motivo da vinda a Macau foi para passar férias (49,7 por cento do total), mas que foram os que vieram participar em convenções/exposições que gastaram mais, com uma despesa ‘per capita’ de 3304 patacas, apesar de representarem só 0,7 por cento dos visitantes.

De acordo com os mesmos dados, 17,6 por cento utilizaram o território apenas como ponto de passagem, enquanto 8,4 por cento dos inquiridos foram atraídos pelas compras e 8 por cento pelo jogo.

Visitar familiares e amigos e tratar de negócios e assuntos profissionais foram outras das motivações dos que escolheram deslocar-se a Macau entre Abril e Junho.

No segundo trimestre do ano, Macau recebeu 7,69 milhões de visitantes, um aumento de 5,3 por cento em termos anuais homólogos, segundo dados oficiais divulgados anteriormente.

No ano passado, a despesa total, excluindo o jogo, dos visitantes, atingiu 52,66 mil milhões de patacas, aumentando 3 por cento face a 2015, ano em que os gastos dos visitantes de Macau caíram pela primeira vez desde 2010, ou seja, desde que existe registo.

O visitante refere-se a qualquer pessoa que tenha viajado para Macau por um período inferior a um ano, um termo que se divide em turista (aquele que passa pelo menos uma noite) e excursionista (aquele que não pernoita).

21 Ago 2017

Espanha/Ataques | Pequim condena atentados e oferece ajuda 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China condenou sexta-feira os atentados em Barcelona e Cambrils, endereçou as suas condolências às vítimas e familiares e ofereceu ajuda a Espanha e ao resto da comunidade internacional na luta contra o terrorismo.

“A China condena fortemente os ataques”, destacou em conferência de imprensa, em Pequim, a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiro chinês, Hua Chunying.

Hua informou que o Presidente chinês, Xi Jinping, e o primeiro-ministro, Li Keqiang, enviaram mensagens de condolências ao rei Felipe VI de Espanha e ao Presidente do Governo, Mariano Rajoy.

O Governo chinês “opõe-se a todas as formas de terrorismo e apoia os esforços de Espanha para combatê-lo e salvaguardar a sua segurança e estabilidade”, disse Hua.

“Gostaríamos de cooperar com Espanha e outros membros da comunidade internacional, para reforçar a luta contra o terrorismo”, acrescentou.

A mesma fonte informou que o turista de Hong Kong que sofreu ferimentos ligeiros na sequência dos atentados já recebeu alta, após receber tratamento.

Dois cidadãos de Taiwan, que sofreram ferimentos graves, continuam internados, e diplomatas chineses visitaram-nos no hospital.

De Macau chega a informação de que o gabinete de crises está também a acompanhar o caso.

Morte nas Ramblas

Um atentado terrorista em Barcelona, na tarde de quinta-feira, provocou 13 mortos e cerca de uma centena de feridos, após uma furgoneta ter galgado um passeio e atropelado dezenas de pessoas, nas Ramblas, no centro da cidade.

O ataque ocorreu pela 17:00 e foi já reivindicado pelo grupo extremista Estado Islâmico, através dos seus canais oficiais de comunicação.

A polícia catalã deteve três suspeitos de envolvimento no ataque e um outro suposto autor do atentado foi encontrado morto em Sant Just Desvern, em Baix Llobregat, a 12 quilómetros de Barcelona, depois de uma troca de tiros com a polícia catalã, após ter forçado a passagem de um controlo policial e ter atropelado uma polícia.

21 Ago 2017

Viúva do Nobel Liu Xiaobo reaparece num vídeo

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] viúva do prémio Nobel chinês Liu Xiaobo, que morreu no mês passado, reapareceu num vídeo publicado na Internet, naquele que foi o seu primeiro sinal de vida após semanas em que era desconhecido o seu paradeiro.

Liu Xia, de 56 anos, tinha sido vista pela última vez em imagens divulgadas a 15 de Julho pelas autoridades chinesas, que a mostravam a assistir ao funeral do dissidente, que morreu dois dias antes.

“Estou em convalescença no campo, fora de Pequim. Peço-vos que me dêem tempo para fazer o meu luto”, disse Liu no vídeo de um minuto publicado na sexta-feira no YouTube.

Nas imagens, Liu Xia, que veste uma t-shirt e umas calças pretas, está sentada num sofá ao lado de uma mesa baixa e tem um cigarro aceso na mão.

“Voltarei a ver-vos um dia em melhor forma. Quando Xiaobo estava doente, os médicos fizeram tudo que podiam. Xiaobo via a vida e a morte de forma simples. Tenho de dar o meu melhor para me reajustar. No futuro, quando tiver melhorado em todos os aspectos, estarei novamente convosco”, afirma.

Liu Xiaobo morreu de cancro no dia 13 de Julho, aos 61 anos, num hospital chinês, semanas depois de ter sido colocado em liberdade condicional por motivos de saúde. Liu tinha sido condenado em 2009 a 11 anos de prisão por “subversão” por ter apelado a reformas democráticas na China.

Após o funeral do marido, Liu Xia “foi mantida em isolamento pelas autoridades chinesas num local desconhecido”, afirmou o advogado norte-americano do casal, Jared Genser, numa denúncia apresentada à ONU. As autoridades chinesas nunca reconheceram que ela estivesse privada de liberdade.

Liu Xia esteve em prisão domiciliária no seu apartamento em Pequim desde que o marido obteve o Prémio Nobel da Paz em 2010.

21 Ago 2017

Bluff de Trump atira jovem são-tomense de Taipé para Pequim 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]os 21 anos, o são-tomense Reginaldo Trindade foi apanhado pelo efeito borboleta: um bluff do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, lançou-o de Taipé para Pequim, arrastado pelas correntes da geopolítica mundial.

“Foi tudo da noite para o dia”, recorda à agência Lusa Trindade, que até Março passado estudava numa universidade de Taiwan, com uma bolsa de estudo oferecida pelo governo local.

Taiwan, a ilha onde se refugiou o antigo governo chinês depois de o Partido Comunista (PCC) tomar o poder no continente, em 1949, assume-se como República da China, mas Pequim considera-a uma província chinesa e ameaça usar a força caso declare independência.

São Tomé e Príncipe era um dos poucos países que mantinha relações diplomáticas com o território, mas em Dezembro passado anunciou o reconhecimento da República Popular da China, rompendo com Taiwan.

Reginaldo Trindade, e dezenas de outros jovens são-tomenses que estudavam em Taiwan, foram imediatamente notificados de que as suas bolsas seriam canceladas.

“O pânico instalou-se”, recorda. “Ligávamos para São Tomé e ninguém sabia dizer nada”.

Reginaldo tinha aterrado em Taiwan dois anos e meio antes e era ali que via o seu futuro: “Já tinha a minha vida ali. Universidade, amigos, namorada.”

No início, pensou em ficar. Mas, se o fizesse, “teria que contar com a ajuda da família. E isso era algo que queria evitar”.

Apanhado de surpresa

Em Março, após concluir o ano lectivo, já resignado e de malas feitas, foi surpreendido: “Dois dias antes de sairmos de Taiwan fomos informados de que iriamos para a China”, conta. “Nada estava previsto”.

Por detrás da reviravolta na vida do jovem são-tomense surge o agudizar das relações entre Taipé e Pequim, em torno de um bluff do então Presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump.

Dezoito dias antes de São Tomé cortar relações diplomáticas com Taipé, a presidente taiwanesa, Tsai Ing-wen, telefonou a Trump a felicitá-lo pela vitória nas eleições, assumindo assim o estatuto de chefe de Estado, à revelia de Pequim, que não considera Taiwan uma entidade política soberana.

A chamada durou pouco mais de dez minutos, mas quebrou com um protocolo de quase 40 anos e gerou expectativas em Taipé de uma maior cooperação com Washington.

Pequim protestou, mas Trump parecia decidido a fazer da questão de Taiwan uma moeda de troca para travar o que considera serem práticas comerciais injustas por parte da China.

Em entrevista à Fox News, poucos dias depois da conversa com Tsai, Trump afirmou: “Não sei porque temos de estar limitados à política `Uma só China` a menos que façamos um acordo com a China sobre outras coisas, incluindo o comércio”.

Após assumir o cargo, contudo, o novo inquilino da Casa Branca voltou atrás e reafirmou o seu compromisso com aquela política, não voltando a tocar no assunto.

Mas a audácia de Tsai teria de ser punida e Pequim jogou então com o seu peso económico para atrair São Tomé, num “óbvio castigo” para a líder taiwanesa, como referiu então um jornal do PCC.

Final feliz

Reginaldo aprendeu depressa que a política está em todo o lado, mas no seu caso garante que foi para o lado melhor.

“Oportunidades é o que não falta na China”, conta. “Sinto que estou no lugar certo, na altura certa”.

Antes de aterrar em Pequim, no entanto, o jovem são-tomense vinha receoso, imaginando o país como um lugar poluído e governado por um Estado repressivo, onde “a polícia andava sempre na rua a apanhar pessoas e fazer perguntas”.

“Estava completamente enganado”, admite. E se alguém lhe perguntar hoje se deve ir para a China, responde: “Vem, não penses muito, é o lugar certo para vir”.

Quanto ao que sente mais falta em Pequim, Reginaldo aponta sem hesitar: “Família, praia e comida”.

Apesar de a capital chinesa ser “boa para ganhar dinheiro, falta qualidade de vida”, admite.

“A população em São Tomé chega a ser quase o equivalente a um bairro em Pequim”, diz. “Em São Tomé vivia a dez minutos da praia. Aqui, acordo, abro a janela e vejo prédios e prédios”.

21 Ago 2017

Spa com massagens orientais abre em Guimarães

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]ois portugueses radicados em Macau abriram recentemente um spa com massagens de pés do sudeste asiático na cidade de Guimarães, em Portugal. O espaço, com o nome “Ponha aqui o seu pezinho” apresenta “um conceito de fusão único e inovador de massagem nos pés” e foi pensado por Gonçalo Lobo Pinheiro e Vanessa Amaro.

Segundo um comunicado, os dois decidiram abrir este espaço por terem “apanhado o bichinho da massagem na Ásia” nas muitas viagens que realizaram. O nome do spa surgiu a partir de “uma canção popular portuguesa e daí veio toda a filosofia de fusão: as massagens são essencialmente asiáticas, mas em vez da tradicional música relaxante de spa, ouve-se bom Fado e bebe-se uma chávena de chá cem por cento português”.

O spa, que abriu portas a 13 de Junho, disponibiliza tratamentos com produtos portugueses. Os clientes podem escolher o óleo de massagem que preferirem, tendo à disposição várias opções de esfoliantes e banhos de imersão, “bem como uma máscara de argila que ajuda a desintoxicar o organismo”.

Vanessa Amaro e Gonçalo Lobo Pinheiro já pensam na abertura de um segundo espaço, desta vez em Lisboa.

20 Ago 2017

Coreia do Norte | Sul reafirma a vontade de paz. Estados Unidos tentam acabar com exportações

[dropcap style≠’circle’]S[/dropcap]eul não quer a guerra, reiterou ontem o Presidente da Coreia do Sul, que garante que tudo fará para que as ameaças entre Pyongyang e Washington não aterrem no seu país. Os Estados Unidos lançaram outra batalha, ao procurarem o isolamento económico total do regime de Kim Jong-un. Num momento de aparente acalmia, a questão reside em saber o que vem a seguir

Não vai haver guerra na Península Coreana, afirmou ontem o Presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-In, apesar da grande tensão em torno de Pyongyang e do programa de mísseis que tem vindo a testar nos últimos meses, cada vez com maior intensidade.

“Todos os sul-coreanos trabalharam arduamente para reconstruir o país das ruínas deixadas pela Guerra da Coreia”, afirmou Moon Jae-In numa conferência de imprensa que assinalou os primeiros 100 dias no cargo. “Vou evitar a guerra a todo o custo”, prometeu. “Por isso, quero que todos os sul-coreanos acreditem, com confiança, que não haverá guerra.”

O Presidente da Coreia do Sul revelou que está a colocar a possibilidade de destacar um enviado especial para Pyongyang.

Na terça-feira passada, durante um discurso transmitido pela televisão, Moon Jae-In tinha já dito que não haverá acção militar na Península da Coreia sem o consentimento de Seul, garantindo que o Governo do Sul irá fazer tudo para evitar um conflito armado.

A tensão na península tem aumentado nos últimos meses, sendo que estas semanas foram particularmente difíceis, com a Coreia do Norte e os Estados Unidos a ameaçarem-se mutuamente com intenções militares. Pyongyang tem dado sinais de que não pretende desistir do desenvolvimento do programa nuclear, estando aparentemente a trabalhar em armamento com capacidade para atingir os Estados Unidos.

Na semana passada, a Coreia do Norte avisou que estava a preparar um plano para um ataque a Guam. Uns dias depois, na terça-feira, o regime de Kim Jon-un disse ter mudado de ideias, com Pyongyang a explicar que vai “observar” os Estados Unidos antes de avançar com a ofensiva. Já o Governo de Guam garantiu que se mantém alerta relativamente a um possível ataque norte-coreano com mísseis.

Recorde-se que o anúncio do ataque a Guam surgiu depois de Donald Trump ter prometido atingir a Coreia do Norte com “fogo e fúria” se o país não reduzisse o tom das ameaças.

Cortar com os aliados

Na Coreia do Sul, país que teria uma situação muito complicada para resolver com um eventual conflito armado, os líderes políticos tentam desdramatizar um cenário com contornos difíceis; noutro ponto do planeta, os Estados Unidos procuraram isolar, ainda mais, a Coreia do Norte.

Mike Pence, vice-presidente norte-americano, pediu esta semana ao Brasil, ao México e a outros países da América Latina que acabem de vez com os laços diplomáticos e económicos com Pyongyang, recordando as ameaças que foram feitas nas últimas semanas por Kim Jong-un.

“Pedimos veementemente ao Chile, ao Brasil, ao México e ao Peru que cortem todos os laços com a Coreia do Norte”, declarou Pence, numa conferência de imprensa em que esteve acompanhado pela Presidente chilena, Michelle Bachelet. O vice-presidente dos Estados Unidos pediu ao Chile que reclassifique produtos exportados para a Coreia do Norte, de modo a que passem a ser abrangidos pelas sanções impostas ao regime.

A pretensão de Mike Pence não será, por agora, atendida. O chefe da diplomacia chilena disse, mais tarde, respeitar o pedido dos Estados Unidos, mas acrescentou que não existem intenções de mudar o modo como o país lida com Pyongyang. “São já relações distantes porque aplicamos com rigor todas as sanções do Conselho de Segurança das Nações Unidas” contra a Coreia do Norte, declarou Heraldo Munoz.

Em 2015, o regime de Kim Jong-un importou vinho chileno no valor de 65 milhões de dólares. Já o México vendeu petróleo avaliado em 45 milhões e o Peru exportou 22 milhões de dólares em cobre.

A Presidente Michelle Bachelet faz parte dos líderes que acham que a diplomacia é a chave para resolver o problema, tendo defendido que é necessário um esforço adicional de todas as partes envolvidas para garantir a desnuclearização da Península Coreana.

Em açambarcamento?

Os esforços de Mike Pence para isolar Pyongyang surgem numa altura em que se acredita que a Coreia do Norte tem estado a preparar-se para resistir à progressiva perda de parceiros económicos. Números avançados esta semana pelo South China Morning Post demonstram que a importação de bens alimentares da China aumentou drasticamente no último ano, um sinal de que Pequim será mesmo o último aliado do regime.

Dados oficiais da alfândega chinesa apontam para um aumento das exportações em quase 30 produtos. A quantidade de milho enviada para a Coreia do Norte aumentou 32 vezes, ultrapassando as 12.700 toneladas, sendo o bem alimentar mais procurado. Seguem-se as bananas e a farinha.

As bebidas alcoólicas mais do que quadruplicaram, chegando aos 9,5 milhões de litros. Entre os alimentos mais importados pelo país estão ainda o chocolate, o pão e os biscoitos. As estatísticas sobre o arroz exportado pela China no ano passado não estão ainda completas, mas a Coreia do Norte recebeu, no segundo trimestre deste ano, mais de 11 milhões de toneladas de arroz, bastante mais do que os 3,5 milhões que importou no mesmo período do ano passado.

Os recentes lançamentos de mísseis levados a cabo por Kim Jong-un levaram a comunidade internacional a aumentar as sanções ao regime, mas os bens alimentares não fazem parte do pacote de sanções, na esperança de que seja possível manter um padrão de vida mínimo para os cidadãos de um país onde a fome é a realidade da maioria. No entanto, a Coreia do Norte viu serem impostos limites nas exportações. Na passada segunda-feira, a China deixou de comprar marisco ao vizinho, acabando assim com uma fonte de rendimento que, no ano passado, deu a Pyongyang 190 milhões de dólares norte-americanos.

Especialistas analisam dificuldades bélicas de Pyongyang

[dropcap style≠’circle’]É[/dropcap] a grande incógnita do momento para os observadores da Coreia do Norte e especialistas em armamento. Existe a convicção de que Pyongyang está efectivamente a preparar armamento nuclear capaz de atingir os Estados Unidos. A retórica de Kim Jong-un tem sido acompanhada por testes a mísseis balísticos que demonstram capacidades militares norte-coreanas que surpreenderam muitos analistas.

Constatado que está o facto de que existe uma ameaça que vai além da propaganda, tenta-se perceber a verdadeira dimensão do poder bélico do regime. Presume-me que os norte-coreanos estão a tentar produzir um dispositivo nuclear com uma dimensão suficientemente pequena e com pouco peso para que possa ser utilizado num míssil, sem prejuízo do seu alcance.

Os especialistas contactados pela Agência Reuters acreditam que, para atingir este objectivo, o regime terá de fazer pelo menos mais um teste nuclear – o sexto – e levar a cabo mais testes com mísseis de longo alcance. No mês passado, a Coreia do Norte testou dois mísseis balísticos intercontinentais (ICBM, na sigla inglesa) com uma carga explosiva mais leve do que qualquer ogiva nuclear que conseguirá produzir neste momento, indicam os analistas.

Uma forma de conseguir fazer uma ogiva mais leve é apostar no hidrogénio, explicam ainda os peritos, recordando que Pyongyang alega ter conseguido testar um engenho do género. O feito está por provar, recorda o director do Programa de Informação Nuclear da Federação Americana de Cientistas, Hans Kristensen. “Fazer algo deste tipo implicará mais testes nucleares”, diz. “A vantagem de uma ogiva termonuclear é que tem maior poder destrutivo com menor peso.”

Choi Jin-wook, especialista sul-coreano, também acredita que será necessário um sexto teste nuclear para que seja possível desenvolver um ICBM com capacidades nucleares. “A ogiva terá de ser pequena e leve, mas a Coreia do Norte não parece ter a tecnologia necessária”, afirma.

Apesar de prometer que tudo fará para a manutenção da paz na península, a Coreia do Sul avisou que a colocação, pelo Norte, de uma ogiva nuclear num ICBM será “pisar uma linha vermelha”. Os Estados Unidos foram mais gráficos na ameaça que fizeram a um eventual ataque do regime de Kim Jong-un.

Sem movimentações

Tratando-se de um regime muito isolado do qual pouco se sabe, as respostas à pergunta “o que vem a seguir” são, por norma, pouco mais do que hipóteses. Ainda assim, poder-se-á dizer que o tempo que Kim Jong-un procura agora ganhar, depois da violência verbal da semana passada com Washington, estará relacionado com a necessidade de não antagonizar totalmente a China. As últimas sanções das Nações Unidas também não terão deixado Pyongyang com desejos de mais punições.

Fonte do exército norte-americano, que pediu à Reuters para não ser identificada, contou que costuma ser observada, com alguma regularidade, actividade em Punggye-ri, o local dos testes nucleares da Coreia do Norte. Mas há já mais de um mês que não se registam movimentos e não há sinais da iminência de um teste.

Além de ter de fazer uma bomba de hidrogénio em miniatura, alguns peritos indicam que os cientistas de Kim Jong-un precisam ainda de desenvolver tecnologia que proteja a ogiva do imenso calor e pressão à reentrada na atmosfera, depois de um lançamento intercontinental.

A Coreia do Sul acredita que os vizinhos do Norte precisam, pelo menos, de mais um ou dois anos para obterem este tipo de tecnologia. Especialistas dos Estados Unidos subscrevem este prazo.

20 Ago 2017

Hong Kong | Condenados a prisão líderes dos protestos de 2014

[dropcap style≠’circle’]T[/dropcap]rês líderes estudantis, incluindo Joshua Wong, rosto dos protestos pró-democracia em Hong Kong em 2014, foram ontem condenados a penas de até oito meses de prisão, após o governo ganhar o recurso que pedia penas de prisão efectivas.

Joshua Wong (20 anos) foi condenado a seis meses de prisão, Nathan Law (24 anos) a oito meses de prisão, e Alex Chow (26 anos) a sete meses.

“Podem prender os nossos corpos, mas não as nossas mentes! Queremos democracia em Hong Kong. E não vamos desistir”, escreveu Joshua Wong na sua conta da rede social Twitter, ao conhecer a sentença.

Ao serem condenados a penas de prisão por mais de três meses, os três activistas são impedidos por lei de concorrer ao cargo de deputado por um período de cinco anos, o que na prática os impede de participarem já nas eleições parciais para preencher os lugares vagos deixados após a desqualificação de seis deputados (incluindo Nathan Law).

As penas de prisão decretadas ontem substituem as 80 e 120 horas de serviço comunitário a que Joshua Wong e Nathan Law foram condenados no ano passado, entretanto já cumpridas, assim como a pena suspensa de três semanas de cadeia para o antigo dirigente da federação de estudantes Alex Chow.

Os três activistas tinham sido condenados por crimes como “reunião ilegal”, por invadirem uma área no exterior da sede do governo, conhecida como Civic Square (Praça Cívica) no final de Setembro de 2014.

Esta acção esteve na origem dos protestos em defesa do sufrágio universal para a eleição do chefe do Executivo da cidade, conhecidos como “Revolução dos Guarda-Chuvas” ou “Occupy Central”.

O caso parecia encerrado, mas no início do mês os procuradores pediram ao Tribunal de Recurso a revisão das sentenças dos três activistas, instando os juízes a aplicarem penas de prisão como medida dissuasora para futuros manifestantes.

Outras penas

A sentença de ontem foi conhecida depois de, no início da semana, outros 13 activistas terem visto agravadas as respectivas sentenças, transformadas em penas de prisão efectivas, entre oito e 13 meses, por uma tentativa de entrada forçada no Conselho Legislativo (LegCo).

Este incidente ocorreu em Junho de 2014, meses antes das grandes manifestações pró-democracia.

Os 13 activistas envolveram-se num protesto por causa de um controverso plano de desenvolvimento nos Novos Territórios em Hong Kong, numa altura em que o respectivo financiamento estava a ser discutido pelos deputados.

Na quarta-feira, o deputado pró-democracia Eddie Chu acusou o governo de Hong Kong de “perseguição política” ao pedir recurso dos casos.

Chu disse à Rádio e Televisão Pública de Hong Kong (RTHK) que o governo está a aumentar a repressão contra os dissidentes “com penas de prisão longas de forma a evitarem futuras acções pelos cidadãos de Hong Kong”.

Nathan Law publicou na noite de quarta-feira um comentário no Instagram a avisar os seus seguidores de que esse poderia ser “o último durante algum tempo”.

O mais jovem deputado de Hong Kong, eleito em Setembro do ano passado com apenas 23 anos, foi desqualificado em Julho, juntamente com outros três pró-democratas depois de o tribunal ter declarado inválidos os seus juramentos no parlamento. Outros dois jovens deputados tinham sido desqualificados em Novembro.

Os casos têm sido denunciados como uma tentativa para expulsar os deputados da oposição democraticamente eleitos.

A Human Rights Watch (HRW), sediada nos Estados Unidos, disse na quarta-feira que houve “um aumento das acusações politicamente motivadas contra os líderes pró-democracia de Hong Kong”, desde o final dos protestos de 2014.

“As pessoas estão cada vez mais a perder a confiança na neutralidade do sistema de justiça de Hong Kong”, disse a diretora da HRW, Sophie Richardson, em comunicado, citado pela CNN.

20 Ago 2017

Exército pede aos EUA que descartem intervenção militar na Coreia do Norte

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] general Fan Changlong, o “número dois” da hierarquia militar chinesa, apelou ontem, em Pequim, num encontro com o chefe de Estado Maior norte-americano, Joseph Dunford, para que Washington descarte uma intervenção militar na Coreia do Norte.

“O diálogo é a única solução para a crise nuclear na península da Coreia e uma ação militar não deve ser considerada opção”, afirmou Fan, vice-presidente da Comissão Militar Central, segundo um comunicado do ministério chinês da Defesa.

“Desejamos que a China e os EUA colaborem para promover a resolução desta crise e a paz e estabilidade na península”, disse Fan a Dunford, o mais alto quadro do exército norte-americano a visitar a China desde que o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ascendeu ao poder.

O general chinês disse ainda que alguns “erros dos EUA”, como o apoio militar a Taiwan ou a instalação do escudo antimísseis THAAD, na Coreia do Sul, “têm um impacto negativo nas relações”, entre as forças armadas chinesas e norte-americanas.

Tensão alta

A visita de Dunford ocorre uma semana depois de a troca de ameaças entre Washington e Pyongyang ter elevado as tensões na região.

Nos últimos dias, a situação terá estabilizado, com ambos os lados a afastarem a hipótese de uma intervenção militar.

A porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Hua Chunying, disse ontem que a “situação começa a mostrar sinais de desanuviamento, apesar de continuar a ser complexa e sensível, pelo que os EUA e a Coreia do Norte têm que se esforçar”.

“A prioridade é travar o programa nuclear da Coreia do Norte e deter o círculo vicioso de escalada de tensões”, afirmou Hua, que defendeu a proposta chinesa de oferecer a Pyongyang o fim das manobras militares conjuntas entre Coreia do Sul e EUA, em troca do fim dos testes nucleares e com mísseis balísticos, realizados pelo regime de Kim Jong-un

20 Ago 2017

Ágata / Cristas | CDS reafirma apoio a lista com cantora

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] presidente do CDS-PP considerou ontem positivo o envolvimento de independentes, remetendo o apoio a uma candidatura integrada pela cantora Ágata a uma decisão da concelhia de Castanheira de Pêra, da qual diz não ter razão para duvidar.

“Se o CDS local, e volto a dizer que é uma decisão da concelhia de Castanheira de Pêra, entende que é a melhor solução, pois, não temos razão para duvidar dessa escolha”, afirmou Assunção Cristas aos jornalistas no final de uma visita a uma instituição social de Marvila, na qualidade de candidata à Câmara de Lisboa.

Questionada sobre o apoio do partido à lista para a Câmara Municipal de Castanheira de Pêra “Todos por Castanheira” (CDS-PP/MPT), que integra, em segundo lugar, a cantora Ágata, a líder centrista começou por acentuar que as “decisões de apoio local são precisamente locais, ou seja, é a concelhia do CDS local, no caso, de Castanheira, que decide quem é que apoia e como é que apoia”.

Na sua página na rede social Facebook a cantora Ágata divulgou um comunicado em que confirma que foi convidada para fazer parte da lista “Todos por Castanheira” em segundo lugar.

“Não posso ficar indiferente às carências e necessidades do um povo que sofreu uma tragédia que chocou o país inteiro, para além de cantora não deixo de ser um ser humano …. posso não perceber muito (ou nada) de política mas, sou uma mulher do povo e sei muito bem das necessidades de quem me rodeia”, afirmou a artista popular.

20 Ago 2017

Chefe de Estado Maior dos EUA condena “racismo e intolerância”

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] chefe de Estado Maior norte-americano, Joseph Dunford, condenou ontem o “racismo e a intolerância”, em linha com outros altos oficiais do exército dos Estados Unidos da América, depois da violência em Charlottesville.

“Posso dizer com firmeza e de forma inequívoca que não há lugar para o racismo e intolerância no Exército dos EUA e nos EUA como um todo”, disse o general Joe Dunford.

Vários funcionários militares dos EUA condenaram prontamente os confrontos que fizeram, no sábado, um morto no Estado de Virgínia, onde alguns manifestantes de extrema direita envergavam uniformes ou usavam insígnias do exército.

“A marinha dos EUA sempre se opôs ao ódio e à intolerância”, disse no sábado o almirante John Richardson, chefe da Marinha dos EUA.

Os líderes da Força Aérea e do Pentágono também condenaram fortemente a violência.

Uma postura enaltecida por Dunford, que se encontra numa visita oficial à China: “os nossos líderes deixaram claro que este tipo de racismo e intolerância não têm lugar nas fileiras das nossas Forças Armadas”.

“Eles lembraram ao povo americano os valores pelos quais lutamos no exército dos EUA, e que reflectem o que eu acredito serem os valores norte-americanos”, acrescentou.

Um neonazi foi detido por ter atropelado mortalmente, no passado sábado, uma mulher, ao investir com o seu veículo contra um grupo de manifestantes antifascistas que protestava contra a marcha de supremacistas na cidade universitária de Charlottesville.

Fala Donald

A condenação de altos responsáveis norte-americanos contrasta com a posição assumida pelo Presidente Donald Trump, que culpou ambos os lados pela violência.

Donald Trump condenou a violência, mas de forma geral e sem se referir aos supremacistas brancos que tinham convocado a manifestação.

Depois de criticas generalizadas, Donald Trump acabaria por condenar a violência racista, incluindo “os supremacistas brancos, o KKK, os neonazis e todos os grupos extremistas”.

Porém, na terça-feira, voltou a defender a sua controversa posição inicial e disse que na violência de sábado houve erros de ambas as partes.

20 Ago 2017