Protestos em Hong Kong | Director-geral da Cathay Pacific demitiu-se

[dropcap]O[/dropcap] director-geral da Cathay Pacific, companhia aérea de bandeira de Hong Kong, Rupert Hogg, demitiu-se, anunciou hoje a empresa através de um comunicado, dois dias depois de ter confirmado o despedimento de pilotos que participaram nas manifestações.

“Foram semanas complicadas para a companhia e o mais correto é que Paul (Loo, chefe de vendas) e eu assumamos a responsabilidade como dirigentes da empresa”, diz Rupert Hogg no comunicado que foi divulgado através da página da Cathay Pacific, na internet.

O presidente da empresa, John Slosar, elogiou o trabalho de Hogg mas sublinhou que “os recentes acontecimentos puseram em causa o compromisso da Cathay Pacific em relação a questões de segurança” tendo posto à prova, disse, a reputação da companhia.

“Por isso, acreditamos que é tempo de colocar uma nova equipa de gestão que possa relançar a confiança e liderar a empresa no sentido de novas metas. A Cathay Pacific está totalmente comprometida com o princípio ‘um país, dois sistemas’”, acrescenta referindo-se à histórica frase do líder Deng Xiaoping sobre a postura da República Popular da China face ao capitalismo.

Anteriormente a companhia confirmou que dois pilotos foram despedidos especificando que um deles está a ser processado judicialmente e o outro “abusou da informação da empresa” num voo efectuado no passado dia 12 de Agosto.

Segundo a imprensa estatal da República Popular da China, uma mensagem anónima divulgada através das redes sociais urgia os manifestantes a continuar a ocupar o aeroporto de Hong Kong – onde centenas de voos foram cancelados. A mensagem tinha em anexo uma fotografia da cabine do avião pilotado por um dos dois profissionais despedidos.

O outro piloto que foi afastado da empresa está em regime de liberdade sob fiança e tem de comparecer em tribunal até Setembro devido à acusação de “delito de revolta”, incorrendo a uma pena de 10 anos de prisão em Hong Kong, por ter participado nas manifestações.

Os protestos na Região Administrativa Especial de Hong Kong duram há meses contra a decisão do governo local de promulgar uma lei da extradição, que segundo a oposição, poderia servir para levar a julgamento na China dissidentes políticos e críticos do regime comunista de Pequim.

As manifestações mobilizaram centenas de milhares de pessoas desde Junho e têm sido reprimidas pela polícia. Os manifestantes têm-se concentrado em edifícios governamentais, esquadras de polícia, estações de metropolitano e no aeroporto.
Apesar da polémica proposta de lei de extradição ter sido declarada “morta” pelas autoridades de Hong Kong no início de Julho, os manifestantes exigem novas medidas ao governo local no sentido de melhores mecanismos democráticos no território.

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