Incêndio| Fogo causado por sobreaquecimento de aparelho

[dropcap]D[/dropcap]eflagrou, no passado sábado, um incêndio no terraço do edifício Wang Heng na Rua Um do Bairro da Concórdia, na zona de Fai Chi Kei, que levou mais de vinte residentes a serem retirados das suas casas.

De acordo com o canal chinês da Rádio Macau, o Corpo de Bombeiros (CB) acredita que a causa esteve no sobreaquecimento de um aparelho eléctrico que terá sido esquecido ligado à corrente, pelo proprietário.

3 Dez 2018

ATFPM | Aniversário celebrado com 1600 pessoas

[dropcap]A[/dropcap] Associação de Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM) realizou um evento para comemorar o seu 31.º aniversário, assim como o 19.º ano da criação da RAEM, que contou com a presença de 1.600 pessoas.

Entre os convidados que compareceram ao jantar na Torre de Macau esteve o Chefe do Executivo, Chui Sai On. Durante o discurso das celebrações, Rita Santos, presidente da Assembleia Geral, agradeceu ao líder do Governo de Macau pelo aumento da compensação pecuniária para 10 mil patacas e a actualização dos salários na função pública no valor de 3,5 por cento. Ainda de acordo com Rita Santos, a ATFPM conta actualmente com 16.532 sócios.

3 Dez 2018

Instituto Confúcio começou com 14 alunos e hoje ensina mandarim a mil portugueses

[dropcap]C[/dropcap]om um universo de 14 alunos foi criado há 10 anos, na Universidade de Lisboa, o Instituto Confúcio, que actualmente ensina chinês (mandarim) a cerca de mil portugueses, entre jovens ou reformados.

Além das aulas, que têm como objectivo ensinar a ler, escrever e falar, há cursos de cultura chinesa e actividades complementares, como a arte da caligrafia, uma das mais concorridas, de acordo com a directora da instituição, Teresa Cid.

“A caligrafia na China é uma das artes maiores porque combina escrita com pintura e por isso é muitíssimo valorizada”, afirmou, referindo que na cultura chinesa não se trata apenas de escrever à mão.

“É preciso uma grande habilidade, não é só para escrever os caracteres, é para os desenhar caligraficamente, com o pincel na posição certa, com o papel certo, tudo isso”, explicou.

Na cerimónia do chá, uma das actividades de divulgação, mostra-se como os chineses bebem o chá: “É muito diferente da nossa maneira de beber o chá. É uma cerimónia quase de reflexão e introspecção”, salientou.

Os alunos têm as mais diversas origens e proveniências, universitários, empresários, pessoas das várias profissões. “Temos pessoas reformadas que estão a aprender chinês e cultura chinesa por gosto e por estímulo intelectual também e até, eu diria, estímulo de actividade mental, porque exige memória e capacidade de compreensão muito finas”, precisou.

“É bastante exigente, por um lado, mas por outro lado muito compensador, tanto quanto muitos dos nossos alunos também nos dizem”, acrescentou a responsável pelo Confúcio em Lisboa.

O instituto, criado em parceria com a China, está também a apoiar o ensino da língua em escolas da área da grande Lisboa, no âmbito da colaboração num projeto-piloto do Ministério da Educação.

Em Portugal, há outros institutos Confúcio no Minho, em Aveiro e em Coimbra, que colaboram com escolas e instituições de ensino superior e que estão também envolvidos no apoio aos professores desse projecto, indicou.

A universidade parceira de Lisboa é a Universidade de Estudos Estrangeiros de Tianjin, que Teresa Cid descreveu como “uma pequena cidade portuária, de 13 milhões de habitantes, muito bonita”, ligada a Pequim.

Alguns cursos permitem um estágio naquela universidade. Todos os anos há bolsas para três tipos de estudos – um curso de verão, por um semestre ou um ano, além de apoios a mestrados e doutoramentos.

O instituto tem adaptado a oferta à procura e há cerca de um ano criou um curso para turismo. No segundo semestre os alunos fazem um estágio na China, numa cadeia de hotéis.

“No fundo vão ter uma experiência ‘in loco’ e ver como é que os chineses recebem os seus visitantes, sejam chineses ou estrangeiros, para tentarem depois adaptar, ao regressarem, o que aprenderam, além de terem desenvolvido muitíssimo a capacidade de falar”, sublinhou. Antes têm um curso intensivo de um mês na universidade parceira de Tianjin.

Em entrevista à Lusa, Teresa Cid contou que a experiência reportada pelos alunos é positiva: “Todos consideram que foi um grande desafio lidar com o choque cultural, que é uma das coisas que temos de perceber. Os chineses quando chegam cá têm um choque cultural e nós quando vamos para lá também”.

De acordo com a responsável, quase todos os alunos querem voltar: “Temos muitos casos desses, de as pessoas se apaixonarem”. O domínio do mandarim é considerado uma vantagem empresarial na apresentação dos cursos do Instituto Confúcio, que está a tentar desenvolver formações mais personalizadas para dar resposta à procura dos empresários.

Todos os professores são chineses, enviados pela China, maioritariamente da universidade parceira, que há vários anos lecciona um curso de português.

3 Dez 2018

O regresso a casa de três mil refugiados moçambicanos

Por André Catueira, da agência Lusa

 

[dropcap]E[/dropcap]ntre memórias de guerra e de três anos como refugiados no Maláui, cerca de três mil pessoas refazem as suas vidas na província de Tete, centro de Moçambique.

Eram os últimos residentes no campo de Luwani, coordenado pela Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) e pelas autoridades do Maláui, junto à fronteira com Moçambique, e que no pico de ocupação terá albergado 11 mil pessoas.

Uma antiga estrada de pó vermelho, distante do asfalto, conduz a um conglomerado de novas palhotas de pau e argila, erguidas no meio de uma mata.

É ali que hoje renasce a aldeia de Ndande, atingida pelo conflito militar entre Governo e o braço armado da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido da oposição. Foi um dos locais de onde milhares de pessoas fugiram em 2014 e 2015.

“Regressei, encontrei a minha casa destruída e tive de construir uma nova para acomodar a família”, disse à Lusa, Fátima Niquisse, que deixou o campo de refugiados para recomeçar a vida na terra natal, com onze membros da família.

“Reencontrei muitos irmãos e amigos que tinham se deslocado para Macanga, Tete. A guerra tinha-nos separado e o reencontro foi muito emocionante”, disse à Lusa, Tomás Luís, 35 anos, regressado do campo de refugiados com mais dois filhos, perfazendo agora uma família de sete membros.

Enquanto espera pela chuva para semear as quintas recém-cultivadas, Tomás, à semelhança de outros, emociona-se com coisas aparentemente simples. Comove-se com a esperança de poder voltar a ter uma vida normal, porque a opção de viver num campo de refugiados só se deveu “ao sofrimento provocado pelo conflito” que existia na sua terra.

Sebastião Roque e Maria Mirione formam o casal mais recente regressado a Ndande, em Outubro, com mais um filho, nascido no campo de refugiados do Maláui. Agora, o que querem é “liberdade para fazer machambas (hortas)”. “Queremos paz (…), que as autoridades nos reparem como filhos”, apelou Teacher José, um outro regressado, que lembra as perseguições que estiveram na origem do êxodo para o Maláui.

Está há dois meses em Ndande e ainda tem casa coberta com lonas do ACNUR. Teacher José pede uma intervenção das autoridades moçambicanas na reintegração das numerosas famílias, muitas desmembradas pelo conflito.

“Precisamos de apoio local para nos reerguer completamente” referiu à Lusa, indicando que há dramas em muitas famílias, sobretudo com viúvas, que enfrentam sozinhas a reconstrução de habitações e a falta de sementes para a agricultura, sua única base de sobrevivência.

Em Ndande, falta quase tudo e a fome está a deixar algumas famílias desesperadas. “Os produtos alimentares estão muito caros e temos que ir a Ncondezi comprá-los”, disse à Lusa, Lúcia José, uma viúva que sobrevive do negócio de venda de maheu – uma bebida tradicional, sem álcool, a base de farinha de milho –, que também usa como moeda de troca para desbravar seu campo de cultivo.

Para quem não fugiu para o Maláui, o regresso de milhares de moçambicanos dos campos de refugiados é sinónimo de paz e estabilização.

“Quando os refugiados do Luwani começaram a regressar, nós viemos das montanhas para nos reencontrarmos, com a garantia de que o conflito terminou”, disse à Lusa, Lazaro Mirion, 22 anos, que recorreu as montanhas ao invés de se refugiar no país vizinho.

Vários regressados usam os materiais doados no campo de refugiados no Maláui, como mantas, baldes e pratos, não só para as tarefas do quotidiano, mas também como moeda de troca para a abertura de quintas para cultivo de alimentos, como forma de subsistência.

3 Dez 2018

Amnistia em Portugal diz que repressão de minorias é realidade na China

[dropcap]U[/dropcap]ma responsável da Amnistia Internacional em Portugal disse que a restrição à liberdade de expressão, perseguição a advogados, tortura, repressão de entidades religiosas e das minorias étnicas são algumas das violações dos direitos humanos cometidos pela China.

“São várias as violações dos direitos humanos na China. Podemos começar pela falta de liberdade de expressão, a repressão de activistas e dos advogados, o que inclui a destruição do Estado de direito, a tortura e a generalização da pena de morte”, declarou à Lusa Teresa Nogueira, coordenadora do co-grupo da Amnistia Internacional (AI) Portugal sobre a China.

Teresa Nogueira afirmou ainda que “o direito de defesa é muito restrito, há uma grande repressão às entidades religiosas que não são oficiais e às minorias étnicas na China, além de confissões forçadas que podem levar à pena de morte”.

“A AI está a pedir a todas as mais altas instâncias portuguesas para que levantem questões sobre os direitos humanos na China”, declarou. A responsável fez estas declarações dias antes da visita do Presidente chinês, Xi Jinping, a Portugal, que ocorre nos dias 4 e 5 de Dezembro.

“Não queremos, de forma alguma, intrometer-nos nas questões comerciais e económicas que são vitais para a boa saúde financeira das nações e isso compreendemos, mas a questão dos direitos humanos também é vital para as sociedades”, acrescentou.

Na China “os direitos económicos e sociais também são muito restritos. Há pessoas detidas por tentarem formar sindicatos independentes”, sublinhou.

O caso de Hong Kong

Para a activista da AI, em Hong Kong há uma progressiva eliminação dos direitos civis e políticos “que ficaram estabelecidos nos acordos de transição quando ocorreu a entrega de Hong Kong por parte do Reino Unido (em 1997)”.

Teresa Nogueira explicou que em Hong Kong surgiu o ‘movimento dos guarda-chuvas’, grupo de protesto que começou em setembro de 2014 “contra a designação de deputados pelo Partido Comunista Chinês, os quais deveriam ser eleitos pela população segundo os acordos de transição”.

“Este movimento paralisou Hong Kong durante algum tempo e, agora, vários dirigentes a serem detidos, nomeadamente alguns dos poucos deputados que tinham sido eleitos para a Assembleia Parlamentar de Hong Kong”, lembrou.

Para a responsável, tem havido uma repressão sistemática aos advogados desde 9 de Julho de 2015, com a detenção de vários defensores de direitos humanos e de advogados que aceitam casos sensíveis.

“Na China há 156 mil advogados e 14 mil firmas de advocacia. Só uma pequeníssima percentagem tem a coragem de tomar a cargo a defesa de casos sensíveis, como de outros advogados de direitos humanos e dissidentes políticos, de crimes religiosos, que igrejas que não são reconhecidas oficialmente, casos de pena de morte e outros injustiçados”, avaliou.

“Estes advogados têm sido sistematicamente perseguidos e detidos, alguns deles estão desaparecidos”, acrescentou.

Teresa Nogueira citou o caso de Wang Quanzhang – advogado que trabalhou em questões como a defesa de praticantes do Falun Gong e membros do Movimento dos Novos Cidadãos -, detido desde 2015 e está incomunicável, sem acesso à família e sem ter direito a advogados a sua escolha.

Lembrou ainda o caso do académico, activista dos direitos humanos e prémio Nobel da Paz 2010, Liu Xiaobo, que foi preso em 2008 e libertado pouco tempo antes de morrer em 2017, após anos de cárcere em condições deploráveis.

Repressão em Xinjiang

Para a responsável da AI, há uma forte repressão que se verifica também em Xinjiang, uma região autónoma no noroeste da China e de maioria uigure, cujo território é quatro vezes maior ao da França e que rica em petróleo, carvão e gás natural.

“Nesta altura, AI tem conhecimento de, pelo menos, um milhão de pessoas presas arbitrariamente e sem acusação formal, simplesmente detidas e internadas em campos de transformação através da educação” em Xinjiang, disse Teresa Nogueira.

“Os que estão internados são maioritariamente uigures, cazaques e outras etnias de religião muçulmana que acabam por seguir um programa rigoroso”, que faz uma espécie de “lavagem cerebral” para a aculturação destas pessoas, referiu a responsável.

Segundo Teresa Nogueira, “os que falham no programa ditado pelo regime central chinês (que impõe a aprendizagem de mandarim, entre outras coisas) sofrem espancamentos e são privados de alimentação, entre outros castigos, havendo relatos de pessoas que morreram e também de suicídios”.

A responsável indicou ainda a restrição imposta pelo Governo à Internet, havendo inclusivamente uma comissão governamental de controlo, e a repressão aos ‘bloggers’ na China.

3 Dez 2018

Xi Jinping, um líder autoritário no século de ascensão da China

Por João Pimenta, da agência Lusa

 

[dropcap]J[/dropcap]unto à entrada do Wujing Yiyuan, um dos maiores hospitais públicos de Pequim, uma faixa com oito metros de comprimento e dois de altura dita: “Ouçam as ordens do Partido Comunista, sigam o Presidente Xi”.

Desde que assumiu a liderança da China, em 2013, Xi Jinping, que visita esta semana Portugal, tornou-se o centro da política chinesa e é hoje considerado um dos líderes mais fortes na história da República Popular, comparável ao seu fundador, Mao Zedong.

Em Março passado, numa única sessão do legislativo chinês, Xi conseguiu abolir o limite de mandatos para o seu cargo, criar um organismo com poder equivalente ao do Executivo, para supervisionar a aplicação das suas políticas, e promover aliados a posições chave do regime.

“É enorme; é histórico”, afirma à agência Lusa Xie Yanmei, analista de política chinesa do centro de investigação Gavekal, com sede em Hong Kong. “Requer grande margem de manobra e muito capital político”, nota.

Xi Jinping anunciou já o início de uma “nova era” para a China, com dois objectivos: construir uma “sociedade moderadamente próspera”, até 2035, e firmar a posição do país como grande potência, até 2050.

“Ele tem uma visão para o país e quer usar os meios institucionais para cumprir essa visão”, explica Xie Yanmei.

Entre aqueles “meios institucionais” destaca-se a criação da Comissão Nacional de Supervisão, que acumula poderes comparados aos do Executivo, Legislativo ou Judicial, e abrange toda a função pública.

Trata-se de uma “organização política e não de aplicação da lei”, que “pode ser potencialmente transformativa”, defende Xie.

“A Comissão está encarregue de garantir que as decisões do partido são rigorosamente implementadas”, através do envio de inspetores para as empresas estatais e diferentes organismos do Governo, afirma.

Trata-se de uma forma de institucionalizar a mais ampla e persistente campanha anti-corrupção na história da China comunista, uma das fontes de legitimidade de Xi, lançada após este ascender ao poder, e que puniu já mais de um milhão e meio de funcionários do Partido Comunista Chinês (PCC).

Além de combater a corrupção, a campanha tem tido como propósito reforçar o “controlo ideológico” e afastar rivais políticos, com as acusações a altos quadros do regime a incluírem frequentemente “excesso de ambição política” ou “conspiração”.

David Kelly, director da unidade de investigação China Policy, com sede em Pequim, defende, no entanto, que é no plano internacional que Xi quer deixar o seu “grande legado”.

“A China vai trazer para o mundo moderno a sua sabedoria milenar e recuperar a grandeza de outrora. Vai oferecer ao mundo uma solução chinesa. E isto vai ser atribuído a Xi”, aponta à Lusa o analista, sobre a nova narrativa do regime.

A “solução chinesa” materializa-se no gigantesco plano de infra-estruturas “Uma Faixa, Uma Rota” lançado por Xi, e que visa reactivar as antigas vias comerciais entre a China e a Europa através da Ásia Central, África e sudeste Asiático, através da construção de uma malha ferroviária intercontinental, portos, aeroportos ou auto-estradas.

A proposta chinesa surge numa altura em que os Estados Unidos de Donald Trump rasgam compromissos internacionais sobre o clima, comércio, migração ou nuclear.

“Xi projecta a imagem de um líder no comando, com uma visão estratégica de longo prazo e rodeado de uma equipa capaz”, afirma Xie Yanmei. “É um contraste nítido com a imagem agora projectada por Washington”, nota.

Na faixa junto à entrada do Wujing Yiyuan, Xi Jinping está com as duas mãos juntas, palma contra palma, à altura do peito. Veste um uniforme militar verde-oliva. Atrás, um dos símbolos mais expressivos da China, a Grande Muralha, serpenteia por um vasto terreno montanhoso.

3 Dez 2018

Oferta sobre EDP e questões judiciais na visita de Xi Jinping a Portugal

[dropcap]A[/dropcap] visita do Presidente chinês a Portugal, Xi Jinping, decorre quando há incertezas sobre as possibilidades de sucesso da OPA à EDP da China Three Gorges, que enquanto accionista avançou para os tribunais internacionais para contestar medidas do Estado.

A CTG, que há seis anos se tornou a principal accionista da eléctrica, está disposta a pagar 10 mil milhões de euros, o valor máximo associado às ofertas anunciadas em Maio pela totalidade da EDP e da sua subsidiária, a EDP Renováveis, para assegurar o controlo accionista e impedir que potenciais interessados na eléctrica avancem, como foi noticiado pela imprensa internacional no início deste ano.

Mas para a oferta chegar ao mercado, a maior ofensiva de capitais chineses em curso em Portugal, a CTG tem que obter autorizações dos reguladores nos vários mercados em que a EDP está presente, nomeadamente dos Estados Unidos, num ambiente de guerra comercial à China, e de Bruxelas, onde, segundo o Jornal de Negócios, já se iniciaram “contactos no sentido de uma pré-notificação do negócio”.

Já depois de ter anunciado a oferta pública de aquisição (OPA), a CTG, que detém 23,27 por cento do capital social da EDP – no ano passado reforçou -, foi um dos accionistas que decidiu no final de Setembro que vai contestar nos tribunais internacionais o pagamento de 285 milhões de euros por alegada sobrecompensação no cálculo da disponibilidade das centrais que operavam em regime CMEC (Contratos de Manutenção do Equilíbrio Contratual).

“O Conselho Geral de Supervisão da EDP, do qual fazem parte os accionistas de referência da empresa, pronunciou-se hoje, por unanimidade, no sentido de que a adequada defesa dos interesses dos accionistas justifica o recurso à arbitragem internacional ao abrigo dos tratados de protecção do investimento estrangeiro em vigor”, lê-se no comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários em 27 de Setembro, sendo este um de vários processos movidos pela eléctrica contra o Estado, mas o primeiro dos accionistas (e não do Conselho de Administração Executivo) e na esfera internacional.

Apesar da guerra nos tribunais, no anúncio preliminar da operação, o grupo chinês afirmou que só lançará a OPA sobre a EDP se o Governo português não se opuser à oferta, e recebeu desde logo ‘luz verde’ do primeiro-ministro, António Costa, que disse que não ter “nenhuma reserva a opor” à operação.

À espera que saia

Entretanto, aguarda-se a posição final da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) sobre o requerimento apresentado pela China Datang Overseas Investment Co. Ltd., sobre uma projectada operação de aquisição da Novenergia Holding Company S.A. (que controla a Generg), que será tomada até 12 de Dezembro, uma vez que pode dar um sinal sobre a própria OPA da CTG à EDP.

Na quinta-feira, a ERSE esclareceu que a sua posição “não sendo, nem podendo ser, apta a viabilizar ou obstaculizar o negócio em causa, circunscrever-se-á às possíveis consequências para a certificação de independência dos Operadores das Redes de Transporte (REN – Rede Eléctrica e REN Gasodutos), em função dos termos em que aquela operação de aquisição se venha a concretizar”.

A tomada de controlo da EDP pela CTG tem ainda que ultrapassar a questão do preço oferecido, de 3,26 euros por acção, que o Conselho de Administração Executivo da EDP considerou que não reflecte adequadamente o valor da EDP e que o prémio implícito na oferta é baixo, considerando a prática pelas empresas europeias do sector.

A CTG pretende manter a EDP com sede em Portugal e cotada na bolsa de Lisboa.

3 Dez 2018

Rosa Mota vence mini-maratona de Macau aos 60 anos, três décadas após ouro em Seul

[dropcap]A[/dropcap] portuguesa Rosa Mota venceu a mini-maratona de Macau, aos 60 anos e três décadas após ter conquistado a medalha olímpica em Seul, na Coreia do Sul, ao correr 5.200 metros em 22:02 minutos.

A ex-campeã do mundo e da Europa, que foi convidada pela organização da 37.ª Maratona Internacional para assumir o papel de ‘embaixadora’ anti-doping, bateu o tempo alcançado em 2016, quando também ganhou a corrida, então com 24:47 minutos.

“É uma alegria estar aqui em Macau, numa competição tão bem organizada. Como não tinha nenhum compromisso e fiquei livre, decidi ir correr”, afirmou à Lusa no final da prova.

“Sim, este ano fiz 60 anos e passaram 30 desde que ganhei a medalha de ouro em Seul, mas hoje só falo da importância de fazer chegar a todos estes atletas a mensagem sobre os perigos do doping e de como a batota não tem lugar no desporto”, enfatizou a ex-campeã olímpica.

A mini-maratona, assim como a meia-maratona, integraram o programa da 37.ª Maratona Internacional de Macau.

Os atletas portugueses Vera Nunes e João Antunes concluíram a maratona na sexta (femininos) e oitava (masculinos) posições, respetivamente. Na meia-maratona, tanto António Rocha como Carla Martinho garantiram o terceiro lugar nas provas masculina e feminina, respectivamente. Os atletas quenianos venceram as provas masculinas e femininas da maratona e da meia-maratona.

3 Dez 2018

G20 | Washington e Pequim suspendem guerra comercial por 90 dias

Donald Trump e Xi Jinping encontraram-se durante a cimeira do G20 na Argentina e chegaram a acordo para suspender as hostilidades comerciais por três meses. Para já, Pequim compromete-se a comprar um grande volume de mercadorias para contrariar o desequilíbrio comercial entre as duas nações

 

[dropcap]O[/dropcap]s Presidentes dos Estados Unidos e da China estabeleceram uma trégua comercial, que vai adiar por 90 dias o aumento das taxas alfandegárias norte-americanas impostas sobre importações chinesas, anunciou, no sábado, a Casa Branca.

Washington tinha afirmado que a subida das taxas de 10% para 25% ia entrar em vigor a 1 de Janeiro próximo.

Donald Trump e Xi Jinping chegaram a acordo durante um jantar, no final da cimeira do G20, que decorreu entre sexta-feira e sábado, em Buenos Aires.

Em comunicado, a porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, indicou que o objectivo é permitir a continuação das negociações comerciais e os dois países vão iniciar “de imediato negociações sobre mudanças estruturais” em relação à protecção da propriedade intelectual, cibercrime e outras prioridades norte-americanas.

A Casa Branca acrescentou que se os dois lados não chegarem a acordo no prazo de 90 dias, então o aumento das taxas alfandegárias será aplicado.

Tudo em aberto

Donald Trump saudou uma “reunião produtiva que abriu possibilidades ilimitadas para a China e os Estados Unidos”, enquanto Wang Yi considerou que este acordo é uma vitória para os dois lados, no final de uma cimeira do G20 sob alta tensão na Argentina.

Washington referiu ainda que Pequim se comprometeu a comprar uma quantidade “ainda por definir, mas muito significativa” de produtos norte-americanos para reduzir o enorme desequilíbrio comercial entre os dois países.

Em particular, a China vai começar a comprar “de imediato” produtos agrícolas norte-americanos, garantiu.
A Casa Branca indicou ainda que Xi comprometeu-se a designar o fentanil como “substância controlada” na China e a impor pesadas penas a quem comercializar este forte analgésico, que está relacionado com o aumento das mortes por ‘overdose’ de opiáceos nos Estados Unidos.

Revisão global

A administração norte-americana tinha anunciado que as taxas alfandegárias sobre importações chineses no valor de 200 mil milhões de dólares iam aumentar de 10% para 25% no início do próximo ano e Trump estava a considerar alargar o número de bens chineses que iriam sofrer esse aumento.

Entre sexta-feira e sábado, os líderes das 20 principais economias do mundo e dos países emergentes debateram, em Buenos Aires, os temas mais relevantes da agenda global, num momento de fortes tensões comerciais entre os Estados Unidos e potências como a China e União Europeia, e por conflitos político-diplomáticos cruciais, em particular o que opõe a Rússia à Ucrânia.

3 Dez 2018

Fosun | Satisfação com actividade em Lisboa

[dropcap]O[/dropcap] grupo chinês Fosun, que em Portugal detém a Fidelidade e é o principal accionista do BCP, promete continuar a potenciar recursos para o seu portfólio de empresas portuguesas e está optimista em relação ao desenvolvimento do país.

Em declarações escritas à agência Lusa em vésperas da visita do Presidente chinês a Portugal, o ‘senior vice-president’ do grupo Fosun afirmou que a “Fosun é e será sempre optimista em relação ao desenvolvimento económico e social” de Portugal.

Li Haifeng disse que, quatro anos e meio depois do seu primeiro investimento em Portugal (a seguradora Fidelidade), a Fosun “está muito satisfeita com a sua actividade” no país.

“A Fidelidade está a ter um bom desempenho, especialmente no que diz respeito a indicadores-chave, como a quota de mercado, os activos líquidos, o retorno de investimento e os negócios internacionais. No caso do Millennium BCP [onde detém 27,06% do capital], a sua capitalização bolsista aumentou aproximadamente 85% em menos de dois anos e, graças ao apoio da Fosun, o banco assinou um acordo com a UnionPay International, tornando-se o primeiro distribuidor não-chinês de cartões UnionPay na Europa (com excepção da Rússia)”, detalhou.

3 Dez 2018

Xi Jinping quer reforçar cooperação pragmática com Portugal

[dropcap]O[/dropcap] Presidente chinês, Xi Jinping, declarou, num artigo ontem publicado no DN e no JN, que pretende reforçar a cooperação pragmática entre China e Portugal, que tem dado resultados frutíferos para os dois lados.

“A parte chinesa está disposta a fazer esforços conjuntos com a parte portuguesa para continuar a aprofundar o conhecimento e a confiança mútuos, e aumentar intrinsecamente a profundidade e a amplitude da cooperação pragmática, com fim de enriquecer ainda mais o conteúdo da Parceria Estratégica Global China-Portugal, criando em conjunto um futuro promissor para as relações dos dois países”, declarou Xi Jinping.

Xi Jinping lembrou também que após a crise financeira internacional de 2008 e a crise da dívida soberana europeia, a China e Portugal “envidaram esforços conjuntos” para resistir aos riscos e fazer face aos desafios derivados.

“Uma após a outra, as empresas chinesas vieram investir em Portugal. Ao expandir os seus negócios fora da China, contribuíram também para a criação de postos de trabalho e o desenvolvimento sócio-económico de Portugal.

Xi Jinping referiu ainda que China e Portugal estão numa fase crucial do seu desenvolvimento.

Para aprofundar a cooperação pragmática entre os dois países, Xi Jinping disse que, em primeiro lugar, será reforçado o intercâmbio ao mais alto nível, a amizade, o respeito e a confiança mútuos.

“Em segundo lugar, vamos construir em conjunto ‘uma faixa e uma rota’ e ser parceiros de desenvolvimento comum. Portugal é um ponto importante de ligação entre a Rota da Seda terrestre e a Rota da Seda marítima, por isso, a cooperação sino-portuguesa no âmbito de ‘uma faixa e uma rota’ é dotada de vantagens naturais”, explicou.

Xi Jinping quer o crescimento das trocas comerciais entre os dois países e a criação de novos pontos de crescimento para a cooperação nas áreas automóvel, novas energias, finanças, construção de portos e terceiros mercados.

Também é preciso, segundo o Presidente chinês, aprofundar o intercâmbio humano e cultural, assim como desenvolver a cooperação marítima, o reforço nas áreas de investigação científica relacionadas com o mar, exploração e proteção do mar, além da logística portuária.

Boas resoluções

O Presidente chinês também quer “intensificar as coordenações multilaterais e serem construtores e defensores do sistema internacional”, no âmbito das organizações internacionais como a ONU e a OMC.
“Nestes 40 anos, os dois lados persistem em tratar das relações bilaterais do ponto de vista estratégico e de longo prazo”, sublinhou ainda Xi Jinping.

“Resolveram em 1999, de forma apropriada, mediante negociações pacíficas, a questão de Macau, uma questão legada pelo passado, inaugurando uma nova era de desenvolvimento de Macau e das relações sino portuguesas”, acrescentou.

3 Dez 2018

China | Advogados reprimidos e falta de liberdade de expressão preocupam HRW

[dropcap]A[/dropcap] organização Human Rights Watch considera que a aplicação generalizada da pena de morte, as restrições à liberdade de expressão e de religião, e a repressão aos advogados e activistas dos direitos humanos são muito preocupantes na China.

“As nossas maiores preocupações relacionadas com os direitos humanos na China incluem a aplicação da pena de morte, as detenções arbitrárias, as restrições à liberdade de expressão e de religião, assim como a marcante hostilidade contra os defensores dos direitos humanos no país”, disse à Lusa a directora para a China da organização não-governamental Human Rights Watch (HRW), Sophie Richardson.

O futuro próximo para os direitos humanos na China parece sombrio, segundo a HWR, especialmente porque é esperado que o Presidente chinês, Xi Jinping, permaneça no poder pelo menos até 2022.

O relatório global anual 2018 da HRW mostrou uma grande ofensiva, de forma continuada, contra os direitos humanos na China desde o início do Governo do Presidente Xi Jinping, em 2013.

A morte do Prémio Nobel da Paz de 2010, o activista Liu Xiaobo, num hospital debaixo de forte vigilância em Julho de 2017 – após ter ficado preso desde 2008 em condições deploráveis -, reforçou a ideia de que o Governo chinês continua a ter um forte desrespeito pelos direitos humanos.

Sophie Richardson considerou que “a pena de morte generalizada e a repressão sobre os advogados e os activistas dos direitos humanos são uma realidade bem presente na China”.

Segundo o relatório global de 2018, as autoridades chinesas levaram mais defensores dos direitos humanos a julgamentos em 2017, promovendo confissões forçadas – com recurso a tortura – e transmissões de julgamentos pelos ‘media’ e pelas redes sociais, negando ainda os direitos de escolha de advogados aos detidos.

No ano passado, as autoridades chinesas continuaram a perseguição aos advogados – que defendem causas consideradas sensíveis pelo Governo -, que se iniciou em Julho de 2015.

O advogado Wang Quanzhang e o activista Wu Gan continuam sob custódia policial, sem julgamento e sem acusação formal. Em Novembro de 2017, o advogado Jiang Tianyong foi sentenciado a dois anos de prisão por “incitação a subversão do poder do Estado”.

Segundo o relatório global da HRW, o Governo chinês tem um dos regimes de censura ‘online’ mais rígidos no mundo, limitando a sua utilização através de ferramentas próprias para este fim, mantendo ainda o controlo ideológico na educação e nos meios de comunicação social.

“O Estado chinês também detém o controlo total sobre todas as publicações, tem um pesado sistema de vigilância e muitas formas de censurar a Internet. Muitas pessoas conseguem usar os sistemas de VPN para superar a ‘grande barreira à prova de fogo’ da vigilância do Governo chinês sobre a internet, entre outros métodos”, sublinhou a responsável da organização não-governamental.

Cerco regional

Um relatório da HRW, divulgado em Setembro deste ano, referiu que o Governo chinês está a administrar uma campanha sistemática de violações dos direitos humanos contra os muçulmanos na região autónoma de Xinjiang, no noroeste do país.

A investigação revelou que há detenções arbitrárias, tortura e maus-tratos, e um controlo crescente na vida diária das pessoas.

Ao longo da região, com uma população de 13 milhões de pessoas maioritariamente muçulmanas, muitos são sujeitos a doutrinamento político forçado (em campos de reeducação), castigos colectivos, restrições nas movimentações e comunicações, restrições na liberdade religiosa e uma vigilância maciça que viola a lei internacional dos direitos humanos.

“De acordo com a nossa investigação, estes estabelecimentos (campos de reeducação política), sem base para a sua existência na lei chinesa, são usados pela China para forçar a minoria uigure e outros muçulmanos de origem turca a manter a lealdade ao Governo chinês e ao Partido Comunista da China”, disse a directora da HRW.

Sobre o movimento dos ‘guarda-chuvas’, que teve início em 2014 em Hong Kong, disse que “este e outros protestos são uma resposta de Hong Kong contra o Governo central chinês por não cumprir a determinação do sufrágio universal, como ficou assumido nos acordos firmados com o Reino Unido” quando houve a transferência de poder na ilha dos britânicos para os chineses em 1997.

Na perspectiva da HRW, os governos estrangeiros também fizeram pouco em 2017 para combater as violações dos direitos humanos na China.

3 Dez 2018

Portuguesa IGHS adquire EC Medical Center de Macau

[dropcap]A[/dropcap] empresa de saúde de Coimbra IGHS adquiriu a EC Medical Center de Macau, passando a deter a totalidade do capital da clínica detida pelo Chow Tai Fook, um dos maiores grupos económicos de vizinha região de Hong Kong.

O anúncio foi feito pela empresa do grupo português Idealmed em comunicado enviado na sexta-feira à agência Lusa. De recordar que, em meados de Outubro, o presidente do conselho de administração, José Alexandre Cunha, adiantou ao HM, que a IGHS se preparava para assumir a gestão de uma clínica em Macau, cujo nome não foi revelado por estarem a ser ultimados os detalhes do acordo.

Esta transação marca “o início de uma parceria que visa replicar o conceito a implementar em Macau nas principais cidades asiáticas, estando já identificadas a cidades de Singapura, Kuala Lumpur e Xangai”, refere a mesma nota.

O processo de aquisição da EC Medical Center surgiu na sequência da assinatura, no início do ano, de um protocolo de colaboração com a Universidade de Macau. Um acordo que – segundo explicou o mesmo responsável ao HM – visa “desenvolver parcerias ou trabalhos que possam ser interessantes e estabelecer a ponte com instituições do mercado internacional”.

Tal surge em linha com o que sucede em Portugal, onde há “uma relação muito estreita com o meio académico”, indicou então o presidente do conselho de administração da IGHS, manifestando vontade de alargar acordos de parceria nomeadamente à Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Macau.
A IGHS, que assume a internacionalização do conceito de Unidades de Saúde iniciado com a Idealmed, grupo de saúde de Coimbra, conta actualmente com projectos no Médio Oriente, nomeadamente em Omã e no Qatar. Em Muscat, a empresa está a construir o maior hospital privado, com inauguração prevista para o final do próximo ano.

3 Dez 2018

Educação Sexual | DSEJ afasta a criação de disciplina escolar

[dropcap]O[/dropcap] director dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), Lou Pak Sang, considera que não deve existir uma disciplina independente dedicada à educação sexual.

De acordo com o Jornal Ou Mun, o responsável justificou a decisão por se tratar de uma matéria em que estão envolvidos conhecimentos de várias áreas. Lou Pak Sang acrescentou que a DSEJ elaborou quatro materiais auxiliares para a abordagem da educação sexual que estão a ser adoptados por 90 por cento das escolas.

3 Dez 2018

Mais de três mil registos para doação de órgãos

[dropcap]O[/dropcap]s Serviços de Saúde (SSM) revelaram que desde a criação de base de dados de doadores de órgãos que mais de três mil pessoas se registaram. Segundo Tai Wa Hou, membro da equipa de trabalho dedicada ao transplante de órgãos dos SSM, a situação superou a expectativa e já foram emitidos cerca de 1,5 mil cartões de doadores.

De acordo com o canal chinês da Rádio Macau, o representante do mecanismo da base de dados referiu ainda que de entre os mais de três mil indivíduos registados para doação de órgãos, 80 por cento inscreveram-se online. A maioria são jovens e aproximadamente dois mil dos inscritos são do sexo feminino. Ainda assim, Tai Wa Hou adiantou que o Governo está a estudar introduzir alterações à lei com o objectivo de facilitar o registo para doação de órgãos.

Por outro lado, Tai Wa Hou divulgou que actualmente em Macau há cerca de 700 cidadãos que recebem tratamento de diálise, de entre os quais cerca de 200 pessoas necessitam de transplante de rins. Segundo o mesmo responsável, o Governo está a organizar as cirurgias de acordo com a situação destes doentes.

3 Dez 2018

IAM | Quase 170 candidatos a membros do Conselho Consultivo

[dropcap]A[/dropcap] secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, revelou no passado sábado que o Governo vai analisar os currículos de 168 pessoas que se candidataram por auto-recomendação ou por recomendação por terceiros para membros do Conselho Consultivo para os Assuntos Municipais.

De acordo com um comunicado, a secretária recordou ainda que a composição da Comissão Eleitoral do Chefe do Executivo integra dois lugares para representantes dos membros do órgão municipal, indicando que estes dois representantes serão seleccionados de entre os membros do Conselho de Administração e do Conselho Consultivo, e que deverão serem eleitos por voto secreto.

O Conselho Consultivo para os Assuntos Municipais é um dos novos órgãos do Instituto para os Assuntos Municipais (IAM), que será criado a 1 de Janeiro de 2019.

3 Dez 2018

Mensagens ‘spam’ | Descobertos 17 casos até Novembro

[dropcap]A[/dropcap]té Novembro, foram descobertos 17 casos de estações emissoras de mensagens ‘spam’, desmantelados 28 abrigos e detidos 31 indivíduos, além de apreendidos equipamentos diversos.

Os números foram facultados na sexta-feira pelo director da Polícia Judiciária (PJ), Sit Chong Meng, que recordou que decorrem trabalhos com vista a introduzir um crime específico para as actividades relacionadas com as estações emissoras de mensagens ‘spam’.

Tal vai ser feito através da revisão da lei de combate à criminalidade informática que o Governo espera poder concluir no próximo ano.

3 Dez 2018

UE chega a acordo para se blindar a investimento directo estrangeiro, incluindo chinês

[dropcap]A[/dropcap] União Europeia (UE) ‘despertou’ finalmente para a necessidade de escrutinar o investimento de países terceiros em “sectores estratégicos” dos Estados-membros e procura agora ‘blindar-se’ a potenciais riscos para a segurança interna e ordem pública dentro do bloco comunitário.

O primeiro passo para salvaguardar os interesses europeus das potenciais ‘ameaças’ ocultas nos investimentos de países terceiros, nos quais a China se inclui, foi dado em 20 de Novembro, com o Parlamento Europeu, o Conselho e a Comissão Europeia a chegarem a um acordo político sobre um quadro de análise do investimento directo estrangeiro na União Europeia (UE).

“Actualmente, menos de metade dos Estados-membros têm legislação em vigor que lhes permita examinar esses investimentos. Com base nas regras hoje acordadas, os Estados-membros manterão o poder de analisar e potencialmente bloquear investimento directo de países terceiros por motivos de segurança e de ordem pública”, esclarecia então a nota remetida pela presidência austríaca do Conselho da UE.

Sem nunca mencionar os ‘alvos específicos’ deste novo mecanismo regulatório, as instituições europeias esclareciam que as medidas visavam “os investidores estrangeiros” que poderiam procurar adquirir “activos estratégicos que lhes permitam controlar ou influenciar as empresas europeias cujas actividades são essenciais para a segurança e a ordem pública na UE e nos seus Estados-membros”.

A nova regulação, que terá de respeitar o princípio da não-discriminação e a protecção de informação confidencial, permitirá à Comissão Europeia emitir pareces consultivos quando considerar que um investimento, “planeado ou finalizado”, possa afectar a segurança ou a ordem pública em “um ou mais Estados-membros”.

Comunicação entre Estados

O texto preconiza ainda a criação de um mecanismo de cooperação entre os países e o executivo comunitário, que estabelece que Estados-membros e Comissão deverão informar-se mutuamente de qualquer escrutínio em vigor por parte das autoridades nacionais, e que prevê a disponibilização de informação, designadamente sobre o financiamento do investimento ou a estrutura accionista do investidor, caso seja solicitado.

O acordo político que, todavia, esclarece que a decisão final quanto a estes investimentos será sempre do Estado-membro em questão, tem ainda que ser aprovado por maioria qualificada pelos Estados-membros.

A proposta de criação de um quadro europeu de escrutínio do investimento directo estrangeiro, em paralelo com a finalização de uma análise pormenorizada dos fluxos de investimento directo estrangeiro que entram na UE, faz parte dos esforços desenvolvidos pelo executivo comunitário para defender as suas empresas, os seus trabalhadores e os seus cidadãos de potenciais ‘ameaças’ ocultas em investimentos externos.

“Precisamos de escrutínio sobre as aquisições por parte das empresas estrangeiras que visam os activos estratégicos da Europa”, defendeu em 12 de Novembro o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, que já se tinha mostrado ‘alerta’ para o potencial problema na resposta a uma carta da eurodeputada socialista Ana Gomes, que, juntamente com o alemão Elmar Brok, o questionou sobre os investimentos estrangeiros em sectores estratégicos da economia europeia, à luz da oferta pública de aquisição (OPA) lançada em Maio pela China Three Gorges sobre a EDP.

Na resposta, Jean-Claude Juncker comentou que, no quadro legal actual, pouco pode intervir, cabendo às autoridades reguladoras nacionais analisar os riscos da operação. É neste contexto que se insere o reforço do escrutínio daqueles investimentos, algo incentivado também pelo PE, que em Setembro manifestou preocupação com os investimentos chineses na UE.

Num relatório aprovado em 12 de Setembro sobre o estado das relações entre a UE e a China, os eurodeputados consideraram que os investimentos chineses fazem parte de uma estratégia global no sentido de empresas controladas ou financiadas por Pequim assumirem o controlo dos sectores bancário e energético e de outras cadeias de abastecimento.

Segundo o relatório aprovado em plenário, investigações recentes revelaram que, desde 2008, a China adquiriu activos na Europa no valor de 318 mil milhões de dólares, montante que não inclui várias fusões, investimentos e empresas comuns. Em 2017, 68 por cento dos investimentos chineses na Europa vieram de empresas públicas.

3 Dez 2018

Académico diz que investimento chinês serve para controlar sul da Europa

Philippe Le Corre, académico francês radicado nos EUA, disse à agência Lusa que os investimentos que a China tem feito na Europa servem para conferir ao país maior controlo, influência e dissuasão face a políticas que possam ir contra os seus interesses. Le Corre frisou que os investimentos europeus nunca terão a mesma dimensão

 

[dropcap]A[/dropcap] China está a construir uma “comunidade de amigos” no sul da Europa, através de grandes investimentos, que lhe conferem poder sobre estas economias e dissuadem posições contrárias aos seus interesses, defendeu o investigador Philippe Le Corre em entrevista à agência Lusa.

“A China está a tentar construir uma comunidade de amigos no sul da Europa, onde se incluem a Itália, Grécia e Portugal. Os investimentos nestes três países são bastante óbvios e dão à China um certo poder sobre as suas economias”, apontou.

O académico francês falou com a agência Lusa, por telefone, a partir dos Estados Unidos, para antecipar a visita da próxima semana a Portugal do Presidente chinês, Xi Jinping, que acontece nos dias 4 e 5 de Dezembro.

Philippe Le Corre é formado em Ciência Política e Direito pela Universidade de Sorbonne, especialista em estudos asiáticos e investigador associado do Carnegie Endowment for International Peace, um ‘think tank’ sobre política externa com centros em Washington, Moscovo, Beirute, Pequim, Bruxelas e Nova Deli.

Responsável pelos programas de estudos Europeus e Asiáticos, Philippe Le Corre tem uma série de artigos publicados sobre a emergência da China e o seu plano para dominar o sul da Europa.

“Se a China continuar a comprar portos e aeroportos isso dar-lhe-á um certo poder sobre a economia destes países e, em consequência, será muito difícil para os governos, a longo prazo, dizer não à China”, sustentou.

Porquê os Açores?

Para Philippe Le Corre, a compra, por parte da China, de infra-estruturas, nomeadamente portos, não é uma questão de investimento, mas de influência.

“Se a China controlar todos os portos do Mediterrâneo, como no caso do porto de Sines, isso dará à China grande poder e influência na soberania desses países”, sublinhou.

Por outro lado, questionou o que considera o súbito interesse chinês nos Açores. “Porque é que, de repente, a China está tão interessada no Atlântico? É um mistério para mim. Entendo a perspectiva do Governo dos Açores, que precisa de dinheiro […] mas este é o lugar onde foi organizada a cimeira da guerra do Iraque, é simbólico para a relação transatlântica”, lembrou.

O investigador assinalou que, em última análise, é o Estado chinês quem está a comprar as empresas portuguesas. “O problema é que é o Estado chinês que está a comprar, não é uma companhia privada, não é um negócio. São empresas estatais, entidades do Partido Comunista Chinês (PCC), cujos CEO são responsáveis do PCC”, apontou.

A falta de reciprocidade nos investimentos é outro problema apontado por Philippe Le Corre no relacionamento da China com a Europa.

“Muitos destes investimentos chineses têm sido úteis, mas e os investimentos europeus na China? Podem os europeus ou outros estrangeiros assumir o controlo de um porto, de um aeroporto ou de uma companhia de eletricidade na China? Podem investir numa companhia aérea, podemos ter um ‘Alibaba’ europeu na China? Claro que não”, afirmou.

“Permitimos que empresas estatais tomem conta das nossas empresas e ao mesmo tempo não há reciprocidade e se não há reciprocidade não é jogar limpo”, reforçou.

Uma questão de clarificação

Crítico da iniciativa chinesa “Uma Faixa, Uma Rota”, que prevê o controlo da China em infra-estruturas portuárias em todos os continentes, Philippe Le Corre sustenta que a visita de Xi Jinping a Lisboa irá clarificar a posição de Portugal relativamente à adesão a este projecto.

Philippe Le Corre sustenta que, internamente, a China já não fala tanto da iniciativa e manifesta-se surpreendido com algumas declarações entusiastas de responsáveis portugueses sobre a integração do Porto de Sines neste projecto.

“Portugal é um bom aluno, sempre a levantar a mão e a dizer estou aqui, não se esqueçam de mim, quero fazer parte disso. Esta visita será importante porque irá mostrar de que campo Portugal quer fazer parte”, defendeu.

Reconhecendo que, do ponto de vista de Portugal ter investimento estrangeiro “é muito importante”, Le Corre apontou o exemplo de Espanha, que Xi Jinping visitou na semana passada, que não aceitou integrar a iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”. “A visita espanhola é um modelo interessante para seguir, mostrou um equilíbrio interessante entre os valores europeus e os interesses espanhóis”, disse.

“Claro que Portugal será diferente, porque Portugal quer ser sempre diferente”, vaticinou, sublinhando a importância de o país se manter fiel aos valores europeus e aos parceiros da União Europeia e Aliança Atlântica (NATO).

“A Europa está numa situação difícil, há muitas divisões, há o ‘Brexit’, cresce o populismo em vários países, mas a situação geopolítica exige que nos mantenhamos juntos. Portugal é um país europeu, tem um lugar no Conselho Europeu e é muito importante que se mantenha fiel aos valores, às regras e ao Estado de direito [europeus]”, reforçou.

3 Dez 2018

Ponte “psicológica” une Macau e Hong Kong à China comunista mas uso é “pouco”

Por João Pimenta, da agência Lusa

[dropcap]P[/dropcap]restes a atravessar a mega ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau (HKZM), a maior travessia marítima do mundo, o funcionário público aposentado Zhang Lei não tem dúvidas: o Partido Comunista Chinês é “grandioso” e a China é “number one”.

“Hong Kong e Macau já estão unidos à pátria; a seguir é Taiwan”, descreve Zhang, de 60 anos, à agência Lusa, junto à entrada para o posto fronteiriço em Zhuhai, cidade da China continental que faz fronteira com Macau.

Hong Kong e Macau foram integrados na República Popular da China em 1997 e em 1999, respectivamente, com o estatuto de regiões administrativas especiais, sob a fórmula “Um País, Dois Sistemas”, que garante que as políticas socialistas em vigor no resto da China não se aplicam nos territórios, que gozam de “um alto grau de autonomia”, à excepção da Defesa e das Relações Externas, que são da competência exclusiva do governo central chinês.

Taiwan funciona como uma entidade política soberana, desde que, em 1949, o antigo governo nacionalista chinês se refugiou na ilha, após a derrota na guerra civil frente aos comunistas. No entanto, Pequim considera Taiwan parte do seu território e ameaça usar a força caso Taipé declare independência.

Inaugurada em 22 de Outubro, a ponte HKZM é um marco do projecto de integração regional da Grande Baía, que visa criar uma metrópole mundial a partir dos territórios de Hong Kong, Macau e nove localidades da província chinesa de Guangdong (Cantão, Shenzhen, Zhuhai, Foshan, Huizhou, Dongguan, Zhongshan, Jiangmen e Zhaoqing).

Além de visar a integração económica, a infra-estrutura tem um simbolismo político, como ilustram os comentários de Zhang Lei, que viajou milhares de quilómetros, desde o nordeste da China, para atravessar a ponte.

“Tem um efeito psicológico: une os três lugares”, resume aos jornalistas Wei Dongqing, um dos responsáveis pelo projecto, que liga as antigas colónias portuguesa e britânica ao continente chinês. “Estamos confiantes no futuro: um mercado unido, um povo unido”, explica. “É esse o sonho”.

Wu Ting, fundadora da escola de negócios Jiabin, diz à agência Lusa que, apesar do retorno de Macau e Hong Kong à China, faltava ainda uma ligação terrestre entre as partes.

“A nível político precisávamos desta ligação”, aponta. “Por outro lado, tem um significado social: une o povo cantonês, que fala o mesmo dialeto e partilha da mesma cultura e laços sanguíneos”, acrescenta.

Trata-se da maior ponte do mundo sobre o mar, com uma estrutura principal de 29,6 quilómetros – uma secção em ponte de 22,9 quilómetros e um túnel subaquático de 6,7 quilómetros – , numa extensão total de 55 quilómetros.

A construção começou em 2011 e previa-se a abertura para 2016, mas vários problemas, como acidentes de trabalho, uma investigação de corrupção, obstáculos técnicos e derrapagens orçamentais obrigaram a um adiamento da inauguração.

Segundo dados do ministério chinês dos Transportes, no primeiro mês desde a abertura, a ponte serviu 1,79 milhão de passageiros.

“O volume de trânsito foi baixo (…) aquém das expectativas”, admite Yu Lie, vice-director da autoridade para a ponte, que culpa o sistema de quotas. Macau, por exemplo, tem direito a apenas 600 quotas para veículos locais circularem entre a cidade e Hong Kong através da nova ponte.

“Após um período inicial, terá de ser feita uma avaliação, e há a possibilidade de aumentar o número de quotas”, explica Yu. “Mas devido à actual política ‘Um País, Dois Sistemas’, e diferentes regras de trânsito, este é um processo preliminar. É preciso esperar que o projecto da Grande Baía esteja implementado”, explica.

“A longo prazo, existe a possibilidade de todos os carros de Macau e Hong Kong poderem usar a ponte”, prevê.

3 Dez 2018

Festival Literário Palavras de Fogo ambiciona ser um dos maiores a nível internacional

[dropcap]A[/dropcap]presidente da Arte-Via Cooperativa, a escritora Ana Filomena Amaral, manifestou a ambição de que o Festival Literário Internacional do Interior – Palavras de Fogo venha a ser um dos maiores a nível internacional.

“Já na primeira edição tivemos convidados de Macau, Bangladesh, Tailândia e, para este ano, já estão confirmados de Pequim, Tailândia, Macau, e, portanto, nós queremos ultrapassar e derrubar todas as fronteiras”, disse a autora lousanense, numa conferência de imprensa em que anunciou uma parceria com a Universidade de Coimbra.

Segundo Ana Filomena Amaral, que em Dezembro apresenta, em Goa, o seu último romance, “O Director”, “não há limites para este festival”

“Vamos até onde nos deixarem ir, até onde nos apoiarem e até onde conseguirmos ir. Assim como falamos do Festival de Pequim, que é um dos maiores do mundo, um dia também gostaríamos de ser um dos cinco maiores festivais literários do mundo e estamos a trabalhar para isso”, disse a escritora.

Realizado em Junho pela primeira vez, em homenagem às vítimas dos incêndios florestais de 2017, o Festival Literário Internacional do Interior – Palavras de Fogo vai decorrer pela segunda vez entre 14 a 17 de Junho de 2019, com o alto patrocínio da Presidência da República.

Presente na conferência de imprensa, o vice-reitor da Universidade de Coimbra Luís Menezes considerou “irrecusável” a proposta da Arte Via Cooperativa e do consórcio do festival, “porque ver hoje o mundo com a abrangência que ele tem só faz sentido se todos estiverem juntos e se houver trabalho conjunto”.

“Coimbra prepara agora a campanha da candidatura a Capital Europeia da Cultura em 2017. Esta dimensão transcende todos os desafios para a cidade e região, mas cria-nos a responsabilidade de lançar desde muito cedo sementes que possam ir crescendo para chegar ao ano da celebração e termos algo extremamente importante”, disse.

“Só posso apadrinhar e comprometer-me a deixar esta semente protocolada para que este projecto tenha pernas para andar e crie esta consistência e sustentabilidade para que, daqui a nove anos, se tudo correr bem, tenhamos aqui um festival com dimensão nacional, pelo menos”, salientou.

A Arte-Via Cooperativa e o consórcio do Festival Literário Internacional do Interior – Palavras de Fogo apresentaram, em Setembro, a criação de um prémio literário nacional para a descoberta de novos escritores, com idade até 35 anos.

A iniciativa é suportada pela Direcção Regional de Cultura do Centro, que atribui um prémio de 7.500 euros à obra premiada, no seguimento de uma sugestão do Presidente da República, aquando da primeira edição do festival Palavras de Fogo.

O concurso literário vai distinguir um texto original no domínio da ficção, romance ou novela, escrito em língua portuguesa, por autor de nacionalidade portuguesa, com idade não superior a 35 anos, incluindo a edição da obra.

2 Dez 2018

Lisboa é o quarto fornecedor europeu de vinhos para Pequim

[dropcap]P[/dropcap]ortugal é o quarto fornecedor europeu de vinhos para a China, com as exportações a crescerem 4% até Agosto, face ao período homólogo, para 12.861 euros, disse à Lusa o presidente da Viniportugal, Jorge Monteiro.

“Portugal é o quarto fornecedor europeu para a China, incluindo Hong Kong e Macau. Em 2018 [até Agosto] crescemos 4% em valor e 23,9% de aumento do preço médio, face ao período homólogo”, disse Jorge Monteiro, em declarações à Lusa.

De acordo com os dados do Instituto do Vinho e da Vinha (IVV), entre janeiro e agosto, as exportações para a China totalizaram 12.861 euros, valor que compara com os 12.370 euros registados em igual período do ano anterior.

Jorge Monteiro indicou que os principais destaques, dentro das exportações portuguesas para o mercado chinês, vão para os vinhos com Indicação Geográfica (5.090 euros) e com Denominação de Origem (3.435 euros), mas também para o vinho tinto, cuja cor, segundo a ideologia chinesa, “está associada à sorte”.

O mercado chinês é “prioritário” para a Viniportugal, porém, tem “características especificas” que dificultam a entrada dos produtos nacionais.

“As feiras fazem parte da estratégia de internacionalização, mas algumas empresas participam uma vez [em feiras como a ProWine Xangai] e depois desistem, por exemplo, pela distância do mercado”, referiu.

No entanto, o responsável notou que a presença portuguesa tem vindo a aumentar em eventos do setor, ressalvando que a Viniportugal não tem capacidade para levar um número “extraordinário” de empresas.

O presidente da associação garantiu ainda que os vinhos portugueses conseguem competir, em termos de qualidade, com os grandes produtores internacionais.

Apesar de não adiantar números, Jorge Monteiro frisou que o objectivo da associação até ao final de 2018 é “continuar a crescer devagar”.

Criada em 1996, a Viniportugal é uma associação inter profissional para a promoção internacional de vinhos portugueses, reconhecida pelo Ministério da Agricultura em outubro de 2015.

A missão da Viniportugal é promover a imagem do país enquanto produtor de vinhos de excelência, valorizando a marca vinhos de Portugal, conforme indicado na página da associação.

30 Nov 2018

António Caeiro, jornalista: “Pensamento de Xi Jinping é mais citado que Mao”

[dropcap]O[/dropcap] jornalista António Caeiro defende que Xi Jinping, que na próxima semana visita Portugal, mais do que Presidente é o guia ideológico da China, cujo pensamento é mais citado e estudado que o de Mao Tse Tung.

“É mais do que um Presidente, é o guia ideológico do Partido Comunista Chinês (PCC). É mais citado que qualquer outro líder, mais do que Mao Tse Tung ou Deng Xiaoping, e emergiu com uma autoridade que não se via há muito tempo”, disse António Caeiro.

Numa entrevista à agência Lusa a propósito da visita do Presidente chinês a Portugal, a 4 e 5 de Dezembro, o jornalista, que viveu na China durante quase 20 anos, assinala a importância de o pensamento de Xi Jinping estar consagrado na Constituição e de ser estudado nas universidades do país.

“O último congresso do PCC (2017) consagrou o pensamento do actual líder, como um dos modelos orientadores, um dos guias ideológicos do partido. A vocação e a inspiração marxista é reafirmada e a aspiração do PCC é dominar toda a vida social, económica e política do país”, sublinhou.

António Caeiro sustenta que o actual Presidente da China, no poder desde 2013, instituiu “um sistema muito mais autoritário de liderança”, tendo revogado algumas das medidas políticas de reforma e abertura instituídas, na década de 1980, por Deng Xiaoping.

A Assembleia Nacional Popular da China aprovou este ano uma emenda constitucional que elimina o limite de dois mandatos consecutivos de cinco anos para os presidentes do país.

Constitucionalmente, a Assembleia Nacional Popular (ANP) é o “supremo órgão do poder de Estado na China”, mas cerca de 70% dos seus quase 3 mil deputados são membros do PCC, assegurando a sua lealdade ao poder político.

“Teoricamente poderá eternizar-se no poder”, assinalou Caeiro, acrescentando que o Presidente deixou de estar sujeito ao limite de mandatos que estipulava que a sua presidência terminaria em 2023.

“A própria ideia de liderança colectiva, alimentada durante algum tempo, esbateu-se completamente. É o Presidente que orienta”, acrescentou.

Uma figura “enigmática”

Do ponto de vista pessoal, António Caeiro vê uma figura “enigmática”, à semelhança de muitos outros líderes chineses, que surgiu num momento em que este tipo de líderes “tendem a ter um apelo universal”.

“Não dá entrevistas, não é interpelado pelos jornalistas. É um homem que sabe o que quer, os seus planos são executados e, havendo um vazio internacional devido à nova política da administração norte-americana, aparece como o campeão da globalização”, considerou.

A nova liderança de Xi Jinping, eleito em 2012 secretário-geral do PCC, lançou uma campanha anti-corrupção na China, o que lhe granjeou grande aprovação da população.

“A corrupção era um problema e uma fonte de descontentamento social, mas veio revelar também uma face inesperada a China” porque permitiu perceber que “não havia nenhuma instituição da sociedade chinesa cuja direção não estivesse profundamente corrompida”.

Sobre a visita a Portugal, o jornalista, que foi delegado da agência Lusa na China, considerou que servirá para “consagrar as boas relações” entre os dois países.

“Estas visitas são momentos altamente simbólicos, são rituais e os chineses dão muita importância a esses rituais. Irá consagrar as boas relações que os países têm e consolidar a nova imagem que a China tem de Portugal: um dos países mais amigos e mais receptivos ao investimento estrangeiro na Europa e um bom parceiro da China na União Europeia”, disse.

Xi Jinping estará em Portugal na terça e quarta-feira da próxima semana depois de ter visitado a Espanha, a Argentina, onde participa na cimeira do G20, e o Panamá.

China e o caminho desconhecido

O jornalista considerou também que o “mais inquietante” na China de hoje é não perceber para onde caminha o país, se quer mudar o sistema internacional ou apenas integrar-se nele.

“O que é mais inquietante na China é não se saber como é que as decisões são tomadas e para onde caminha. A grande dúvida, em termos estratégicos, é saber se a China quer mudar o atual sistema internacional ou apenas integrar-se nele”, defendeu.

António Caeiro assume que, sobre a China, quase tudo são perguntas. “Além da sua dimensão absolutamente colossal do ponto de vista físico e humano, o sistema, que o PCC parece ter aperfeiçoado, é extremamente opaco e isso faz com que as análises ocidentais pareçam mais palpites ou prognósticos”, disse.

E, o “palpite” de António Caeiro é de que o país tem como objectivo a afirmação como potência regional no Pacífico, aliada a uma certa ideia de “vingança” sobre o Ocidente pela “humilhação nacional” na sequência da Guerra do Ópio (1839 – 1860), que marcou o declínio da China como potência mundial.

“A China não aspira a dominar o mundo […], mas quer ser reconhecida como uma potência regional, ou seja, quem manda no Pacífico”, sustentou.

O jornalista sublinhou a tendência de crescimento da influência chinesa em todo o mundo, o que considerou um “fenómeno natural”, para um país que concentra um quinto da população mundial e é o motor do crescimento económico global.

“O que não era natural era a China estar tão apagada na cena internacional. Há 50 anos a China não fazia sequer parte da ONU. A China tem um músculo económico e financeiro que a torna inevitavelmente um parceiro fundamental nas relações internacionais”, disse.

A China emerge como a “segunda economia mundial, com crescente peso económico e militar”, assinalou, apontando o contraste entre a “profunda crise” em que mergulharam a Europa e os Estados Unidos e os “ritmos impressionantes” de crescimento da China.

“A Europa e Portugal precisam das imensas reservas de capital que a China tem e a China sente-se mais desinibida em assumir que o seu modelo funciona”, apontou.

Mas, admite António Caeiro, ao tornar-se “um parceiro cada vez mais importante da economia de muitos países” a China “tende a inibir tomadas de posição contrárias aos seus interesses fundamentais”.

“No ano passado, por veto da Grécia, não houve na comissão dos direitos humanos da Nações Unidas nenhuma moção criticando a situação na China”, disse.

A aposta económica

Sobre os grandes investimentos chineses em países europeus, nomeadamente Portugal, António Caeiro entende que fazem parte da estratégia de um país com “grande excedente de reservas cambiais” e que precisa de modernizar a economia.

“Uma das maneiras é formar quadros nos países capitalistas desenvolvidos […] e uma maneira ainda melhor é comprar as boas empresas dos países desenvolvidos e que funcionam bem, que era, aos olhos da China, o caso da EDP”, referiu.

António Caeiro ressalva, contudo, que Portugal “não é o maior receptor europeu de investimento chinês”, mas que à “escala de Portugal” este “pesa muito” por causa das “importantes participações na energia, na banca, na saúde, nos seguros”.

Regressado a Lisboa definitivamente há três anos, o jornalista vê o país à luz do dilema entre a “China poderosa e muito desenvolvida” de cidades como Xangai e o interior do país onde “há níveis de prosperidade mínimos e défices, do ponto de vista educacional, enormes”.

“Isso pode ser um problema”, disse, apontando que há “dois discursos permanentes e contraditórios” sobre o país.

Há uns que “garantem que a China vai dominar o mundo e que este crescimento é para manter […] e outros que acham que, a prazo, a China tem grandes problemas que a impedirão de se tornar na grande potência que a atual liderança desejaria, nomeadamente o envelhecimento da população”, disse.

“A população activa da China tem vindo a diminuir desde há cinco anos e o crescimento resultante do fim da política do filho único (permitindo agora dois) não foi impressionante e já se fala do fim do controlo da natalidade”, acrescentou.

O jornalista explicou, por outro lado, que a rápida industrialização do país foi conseguida à conta da transferência de 250 milhões de trabalhadores do campo para as cidades e províncias do litoral.

“Alguns estudos indicam que 1/3 das crianças chinesas que vivem no campo têm um índice de inteligência muito baixos”, disse, adiantando que a prazo este “será outro problema” porque “uma China moderna não pode” desenvolver-se com “uma classe trabalhadora pouco instruída”.

“A China tem todos os problemas do mundo a uma escala absolutamente colossal […] Navega rodeada de grandes incógnitas. Recentemente comprei um livro de académicos chineses que se chamava ‘35 perguntas sobre a China’ e nenhuma delas tinha uma resposta, as respostas variam com o ponto de vista de cada um”, concluiu.

30 Nov 2018

IPOR é “instrumento fortíssimo” para divulgar português, diz presidente do Instituto Camões

[dropcap]A[/dropcap] China está disposta a investir “fortemente, com recursos humanos e financeiros” no ensino do português e será um “bom parceiro nessa área”, disse hoje em entrevista à Lusa o presidente do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua portuguesa.

“É evidente que a China, como uma grande potência, tem interesses no Brasil e em África e, por isso, quer expandir o seu conhecimento da língua portuguesa e nós, conhecendo isso, tentamos com a nossa oferta ir ao encontro dessa procura”, afirmou o embaixador Luís Faro Ramos, que este mês completou um ano como presidente do Camões.

Com o Instituto Português do Oriente (IPOR), controlado pelo Camões e Fundação Oriente, em Macau, Faro Ramos considera que Portugal tem “um instrumento fortíssimo” de divulgação da língua portuguesa na região. “E não estamos a falar só na China, mas em toda a região da Ásia Pacífico”, ressalvou.

Segundo o embaixador, neste momento há mais de 30 universidades chinesas que querem ensinar o português.

“O interesse pelo português na China explodiu. O IPOR ajuda muito com o seu corpo de cerca de 20 professores e tem parcerias com instituições de Macau e da China. E seguramente os números do ensino da língua vão crescer muito”, afirma.

A visita de Xi

Faro Ramos falava à Lusa em vésperas da visita do Presidente chinês a Portugal, que se realiza entre os dias 4 e 5 de Dezembro.  “Há uma constatação, que penso que vai ser reforçada, quando o Presidente da China vier a Portugal, da importância para a China da aprendizagem da língua portuguesa”, adiantou o presidente do Camões, que referiu que não está prevista a assinatura de acordos neste domínio.

Para Faro Ramos, 2019 vai ser mesmo “o ano da China” em vários aspectos: depois de este ano terminar com a visita do Presidente chinês a Lisboa comemoram-se no próximo ano os 20 anos da passagem da administração de Macau de Portugal para a China. Mas não é só pela China que os números do ensino do português pelo mundo vão crescer.

“O Zimbabué foi um dos países que manifestou interesse em que o português passe a fazer parte dos currículos de ensino nas suas escolas públicas”, revelou o presidente do Camões.

Em 2018, o português foi integrado no ensino escolar na Venezuela e em breve vai integrar os currículos escolares da Argélia. E está a caminho também das escolas da África do Sul, disse, referindo ainda a Costa do Marfim como outro país onde o português passará a ser ensinado nas escolas.

Isto acontece, assegura, sem um esforço financeiro adicional para o Estado português. “O que é fantástico, porque é um assumir por parte das autoridades que recebem o português da importância da nossa língua. Hoje, o português é uma língua global com valências na área da ciência, da economia e da cultura”, afirmou.

30 Nov 2018