Diplomacia | China critica punições unilaterais americanas à Coreia do Norte

A China exigiu ontem que os Estados Unidos cessem imediatamente a “prática errada” de impor sanções a entidades e pessoas chinesas, que são afectadas por medidas unilaterais contra a Coreia do Norte, anunciadas pela Casa Branca

 

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s Estados Unidos impuseram na sexta-feira sanções a 27 empresas marítimas registadas ou com sede em países que mantêm relações comerciais com a Coreia do Norte, como a China, para “aumentar a pressão e isolar ainda mais” o regime norte-coreano.

As sanções económicas, divulgadas pelo Departamento do Tesouro norte-americano, também abrangem 28 navios com pavilhão de países como a Coreia do Norte, China, Singapura, Taiwan, Hong Kong, Ilhas Marshall, Panamá, Tanzânia e as Comoros.

“A China opõe-se firmemente aos Estados Unidos da América, que impõem sanções unilaterais, com ‘jurisdição de longo alcance’ sobre entidades ou indivíduos chineses de acordo com suas leis nacionais. Nós criticamos severamente os EUA por essas medidas, pedindo que parem imediatamente tais irregularidades para não prejudicar a cooperação bilateral”, disse o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores chinês, Geng Shuang, em um comunicado.

A China não aceita que algumas entidades chinesas acabem por ser abrangidas pelas sanções dos EUA, frisando que cumpriu plenamente as resoluções do Conselho de Segurança da ONU sobre a Coreia do Norte.

Dois séculos

A Coreia do Norte garantiu não dialogará de forma directa com a administração de Donald Trump “nem em 100 ou 200 anos”, numa reacção às críticas a Pyongyang feitas pelo gabinete do vice-presidente Mike Pence.

As críticas foram feitas depois de a Coreia do Norte ter cancelado “à última hora” uma reunião entre o vice-presidente americano e uma delegação de altos funcionários norte-coreanos, marcada para a Coreia do Sul, à margem dos Jogos Olímpicos de PyeongChang.

A porta-voz do Departamento de Estado americano explicou que durante a visita de Mike Pence a PyeongChang, para a cerimónia de abertura dos Jogos, “surgiu a possibilidade de uma breve reunião com os líderes da delegação norte-coreana”, que viria a não se realizar por decisão do regime de Pyongyang.

Heather Nauert frisou que “o vice-presidente estava pronto para aproveitar a oportunidade para destacar a necessidade de a Coreia do Norte abandonar os programas ilícitos de mísseis balísticos e nucleares “.

“É imperdoável que Pence se atreva a difamar o inviolável governo da República Popular Democrática da Coreia, chamando-o de ‘regime ditatorial'”, afirmou hoje um porta-voz de Pyongyang numa declaração à agência estatal “KCNA”.

O porta-voz denunciou ainda os “absurdos ataques” de Pence contra a missão norte-coreana enviada à abertura dos Jogos e contra a irmã e enviada especial do líder norte-coreano Kim Jong-un, Kim Yo-jong, que teve uma histórica reunião com o presidente sul-coreano, Moon Jae-in.

Pyongyang garante que “em nenhum momento mendigará o diálogo” com o governo Trump, sublinhando que “não quer contacto com quem ataca de forma agressiva a dignidade do governo e a liderança suprema” do país.

“Nunca teremos conversas directas com eles, nem sequer em 100 ou em 200 anos. Isto não é uma ameaça nem uma afirmação vã”, concluiu o porta-voz.

26 Fev 2018

Investimento | Dente Partido apoia “Uma Faixa, Uma Rota”

[dropcap style≠’circle’]P[/dropcap]an Nga Koi, conhecido como Dente Partido, veio a público apoiar a implementação da política “Uma Faixa, Uma Rota” e anunciar a criação de uma empresa corretora para facilitar o investimento chinês ao longo dos países abrangidos pela iniciativa.

O objectivo foi admitido, na semana passada, de acordo com o jornal Apple Daily, durante um evento da associação a que Dente Partido preside: a Associação Mundial de História e Cultura de Hongmen. A empresa vai exigir um investimento inicial de 30 milhões de dólares norte-americanos e vai ter como nome Empresa Corretora de Hongmen.

Ao longo do vídeo colocado a circular nas redes sociais, Pan Nga Koi surge ainda a reafirmar os valores da Associação Mundial de História e Cultura de Hongmen sublinhando o amor por Hong Kong, Macau e pelo País. Por outro lado, compromete-se a trabalhar para que haja uma reunificação pacífica entre o Continente e Taiwan.

26 Fev 2018

China | Investigada potencial violação às sanções contra Pyongyang

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] China diz estar a investigar uma possível transferência de mercadoria entre um navio chinês e um norte-coreano, o que constituiria uma violação das sanções impostas pelas Nações Unidas a Pyongyang.

O episódio terá ocorrido na semana passada, a cerca de 250 quilómetros da costa de Xangai e foi observado por um avião japonês de patrulha marítima. Trata-se do terceiro incidente deste género relatado por Tóquio desde o início do ano.

O Conselho de Segurança da ONU impões várias sanções económicas contra a Coreia do Norte, devido ao programa nuclear e de mísseis balísticos do regime de Kim Jong-un.
“A China atribui grande importância a este caso e está a investigar”, disse hoje um porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Geng Shuang, em conferência de imprensa. “As autoridades competentes (chinesas) emitiram recentemente uma nota reforçando a proibição formal do contrabando entre navios, segundo as resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas”, acrescentou.

O ministério japonês dos Negócios Estrangeiros disse na Terça-feira que a marinha nipónica observou um petroleiro com a bandeira norte-coreana, ao lado de uma outra embarcação de nacionalidade desconhecida, mas com os carateres “Min Ning De You 078” (Província de Fujian, Ningde Town, 078) inscritos no casco.

Desde o início do ano, o Japão já denunciou por duas vezes a transferência de carga no Mar da China Oriental, entre o petroleiro norte-coreano Rye Song Gang 1 e outros navios. O Rye Song Gang 1 faz parte da lista de barcos cujo acesso a portos mundiais foi banido pela ONU.

23 Fev 2018

Economia | Pagamentos digitais superam os dez biliões de euros em dez meses

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s pagamentos feitos via carteiras digitais na China atingiram os 10,40 biliões de euros, entre Janeiro e Outubro de 2017, ilustrando a rápida extinção do dinheiro vivo no país.

O montante gasto em pagamentos móveis, nos primeiros dez meses de 2017, superou o conjunto de 2016, que se fixou em cerca de 4,4 biliões de euros, segundo o ministério da Indústria e Tecnologia de Informação. Para pagar a luz e água, a conta no restaurante ou as compras do supermercado na China é possível recorrer apenas a carteiras digitais.

Em Pequim, vários mendigos aderiram já à inovação tecnológica e têm consigo um código QR impresso para transferência directa de doações para as respectivas contas, em aplicativos como o Wechat ou Alipay.

Lançado em Janeiro de 2011, pelo gigante chinês da Internet Tencent, o Wechat tem actualmente quase mil milhões de utilizadores, segundo dados da empresa, e funciona simultaneamente como serviço de mensagens instantâneas e carteira digital. O Alipay, outra importante carteira digital na China, pertence ao gigante chinês de comércio eletrónico Alibaba.

23 Fev 2018

Anoushka Shankar, intérprete: “A música pode fazer a diferença na defesa de causas”

A estrela do sitar Anoushka Shankar cresceu entre duas tradições culturais e concepções distintas. Catapultada ainda muito nova para um lugar de destaque no âmbito das músicas do mundo, depressa descobriu uma singularidade que funde as mais profundas raízes da música indiana com sons contemporâneos do ocidente. A poucas semanas do concerto da filha de Ravi Shankar em Macau, já no próximo dia 20 de Março, recolhemos algumas impressões breves da artista

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] que a atrai mais no sitar? Vê-o como uma escolha que fez muito nova ou foi sobretudo uma decisão do seu pai?
O sitar faz parte da minha vida desde as minhas memórias mais remotas, sempre adorei o seu som e claro que cresci a ir aos concertos do meu pai e a vê-lo com os seus estudantes a tocar em casa. Foi decididamente uma escolha minha mas, como disse, é algo que sempre esteve perto de mim desde o início, por isso influenciou a minha escolha.

Para além da música tradicional indiana, podemos saber que tipo de música ou músicos a influenciaram ou ainda a influenciam?
A música que faço reflecte aquilo que sou enquanto pessoa e o tipo de influências multiculturais que tive enquanto crescia, e que passou por ter trabalhado com uma diversidade de géneros incluindo música indiana clássica, jazz, electrónica e muitas outras.

O conceito de “Land of Gold” é bastante diferente dos seus trabalhos. Podemos saber algo mais sobre a ideia por detrás deste projecto?
As sementes de “Land of Gold” tiveram origem no contexto de uma crise humanitária de refugiados. Coincidiu com uma altura em tinha acabado de ter o meu segundo filho. Fiquei profundamente perturbada pelo intenso contraste entre a minha capacidade de proteger o meu bebé, e a situação de outros que lutavam desesperadamente para poder dar a mesma segurança às suas crianças mas sem sucesso. Foi uma comparação perturbante que me ficou na mente, alimentada por um crescente sentimento de revolta, que a deslocação maciça de uma maré vulnerável de pessoas tenha sido causada por decisões de política externa e actos de guerra isolados. É trágico pensar que vivemos num mundo onde a nossa capacidade de oferecer abrigo aos que são desterrados por circunstâncias violentas para além do seu controlo seja determinada por fronteiras geográficas.

Acredita mesmo que a música pode mesmo fazer a diferença quando se trata de defender causas?
Penso que a música pode fazer a diferença na defesa de causas, por vezes a diferença pode ser literal, por exemplo no caso de um enorme concerto de beneficência que consiga uma troca directa providenciando ajuda a quem necessite. Por vezes a diferença é mais subtil, pode ser em forma de sentimento, emoção ou empatia no espectador, que o leve a fazer algo de forma diferente. De qualquer forma vale a pena tentar.

A combinação de diferentes instrumentos no seu concerto “ Land of Gold” é bastante diferente do que aconteceu em concertos anteriores. Existe alguma razão especial por detrás desta escolha de músicos e instrumentos?
O desenho do som instrumental do álbum aconteceu logo no início da concepção de “Land of Gold”. O Manu Delago juntou-se logo de início como co-escritor e colaborador, por isso soube que estaríamos a trabalhar com o sitar e o hang com imensos sons de percussão muito específicos. Para abordar esse ponto eu escolhi de forma deliberada o shehnai enquanto instrumento indiano de sopro muito evocativo e depois acabei por sentir que era importante ter um instrumento de cordas para que me desse uma base de sustentação a todos os outros instrumentos. Enquanto quarteto, este som torna-se muito internacional, evocando muitas emoções e sentimentos no ouvinte.

Reconhece-se como herdeira exclusiva do legado musical de Ravi Shankar?
Não me parece que exista essa figura de herdeiro de um legado musical. Se olharmos para a carreira do meu pai, o ensino era muito importante para ele. Ele teve muitas dezenas de alunos ao longo da sua carreira musical. Por isso, se existe um legado musical é o mesmo que eu partilho com todos os seus discípulos.

Os seus concertos são recebidos de forma semelhante pelo público em todo o mundo? O que espera do público em Macau?
Sinto-me muito afortunada por ter uma resposta positiva do público em todo o mundo. Toquei praticamente em todos os continentes, sinto que tenho muita sorte em poder fazê-lo. Claro que há ligeiras variações culturais na forma como as pessoas respondem aos concertos. Por exemplo, em alguns países o público aplaude mais do que noutros. Mas quando sabemos dessas diferenças fica mais fácil perceber como as pessoas nos recebem. Não tenho expectativas especiais relativamente a Macau, espero apenas que apreciem a minha música.

23 Fev 2018

Transportes | Cientistas desenham avião capaz de ligar China e Estados Unidos em duas horas

[dropcap style≠’circle’]U[/dropcap]ma equipa de cientistas chineses desenhou um avião ultrarrápido, capaz de voar entre Pequim e Nova Iorque em duas horas e transportar dezenas de pessoas e toneladas de carregamento, informou um jornal de Hong Kong.

“Levará apenas um par de horas a viajar entre Pequim e Nova Iorque a uma velocidade hipersónica”, afirmou Cui Kai, líder da equipa da Academia Chinesa de Ciências que desenvolveu o protótipo, num artigo reproduzido pelo South China Morning Post.

O avião tem capacidade para se deslocar à vestiginosa velocidade de 6.000 quilómetros por hora.
Um avião de passageiros demora actualmente 14 horas a percorrer os 11.000 quilómetros que separam Pequim e Nova Iorque.

Baptizado de I-plane, o avião é um modelo biplano, semelhante aos utilizados durante a Primeira Guerra Mundial, de forma a transportar mais carga do que outros veículos hipersónicos, que têm um formato aerodinâmico e asas em delta.
A equipa de cientistas testou com sucesso uma versão reduzida do avião, num túnel de vento que foi também utilizado para testar os últimos protótipos de armas hipersónicas da China.
Durante o teste, o avião foi lançado a uma velocidade quase sete vezes superior à do som, ou seja, 1.235 quilómetros por hora.

Resposta à Boeing

Países como a China e Estados Unidos estão a desenvolver armas e veículos hipersónicos, capazes de ultrapassar sistemas antimísseis. Ainda não existem, no entanto, veículos hipersónicos capazes de transportar passageiros, sendo que este avanço científico pode ser revolucionário no transporte aéreo.
No mês passado, a empresa norte-americana Boeing relevou detalhes de uma aeronave experimental que ainda se encontra em desenvolvimento e que, segundo a publicação Aviation Week, será capaz de voar a uma velocidade cinco vezes superior à velocidade do som, ou seja, 6125 quilómetros por hora. Para efeito de comparação, a velocidade de vôo de um Boeing 737 é de cerca de 830 quilómetros por hora.

Viajando a essa velocidade, a aeronave da construtora norte-americana experimental seria capaz de ir do Brasil ao Japão em cerca de três horas, por exemplo. No entanto, o projecto da Boeing não é destinado à aviação comercial. De acordo com o Popular Mechanics, o avião seria uma aeronave de “ataque e reconhecimento”, construída para fins militares.

23 Fev 2018

Economia | Xi Jinping escolhe Liu He como homem das finanças chinesas

Liu He é o homem designado por Xi Jinping para resolver os principais problemas da segunda maior economia mundial. Entre a hostilidade financeira de Washington e os desafios domésticos, o economista que representou a China em Davos terá muito que fazer

[dropcap style≠’circle’]G[/dropcap]rande parte da gestão económica chinesa poderá estar nas mãos de Liu He, tal é a confiança que Pequim tem no economista formado em Harvard. Depois de ter sido uma das estrelas do Fórum Económico Mundial, reunido no mês passado em Davos, Liu He apresentou-se como o principal conselheiro económico chinês e traçou no seu discurso o programa económico para os próximos cinco anos. A prestação na Suiça vincou a sua posição como um dos 25 mais poderosos membros do Politburo.
Prevê-se que o natural de Pequim seja nomeado no próximo mês como um dos quatro vice-Primeiros-Ministros a trabalhar debaixo de Li Keqiang.

A subida vertiginosa na hierarquia do Partido Comunista Chinês acontece aos 66 anos para o economista que se formou na prestigiada Universidade de Harvard e espera-se que se torne um dos mais poderosos vice-ministros das últimas duas décadas.
De acordo com analistas, Xi Jinping poderá mesmo delegar alguns dos maiores desafios económicos na equipa liderada por Liu, “ultrapassando as competências do Primeiro-Ministro”, refere Steve Tsang, director da SOAS China Institute de Londres ao South China Morning Post. O analista prevê mesmo que o economista não avance com nenhuma reforma económica que desagrade a Xi Jinping.

Tecnocratas ao poder

Liu continuará a dirigir uma entidade que funciona como um conselho económico nacional em Pequim e deverá ficar à frente da Comissão de Desenvolvimento e Estabilidade Financeira, uma agência que ultrapassa os reguladores financeiros na supervisão dos riscos económicos.

A equipa liderada por Liu He é composta por uma equipa de tecnocratas oriundos da banca e sistema financeiro chinês, incluindo alguns nomeados no banco central nacional, assim como players nos mercados de valores e na indústria de seguros.
Entre os maiores desafios económicos da equipa de Liu está o avassalador crescimento económico, que em média se tem situado nos 9,8 por cento todos os trimestres desde Março de 1992, e que fez crescer a economia chinesa até se tornar a segunda maior do mundo. Ultimamente, este grau de crescimento tem abrandado para 7,2 por cento nos últimos cinco anos. Uma situação que o Governo categorizou como “a nova normalidade”.

23 Fev 2018

Ano novo | 46 toneladas de lixo produzidas em três dias

Este ano, o máximo da recolha do lixo de grande dimensão no Ano Novo Lunar foi atingido três dias antes da entrada no Ano do Cão.
De acordo com a Rádio Macau, foram recolhidas 46 toneladas de mobílias velhas, equipamentos e de objectos de grande volume na passada terça-feira, 13 de Fevereiro, disse o o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais à mesma fonte.
A população de Macau continuou fiel à tradição de limpar a casa antes da entrada no Ano Novo Lunar, tendo o volume recolhido começado a diminuir gradualmente à medida que se aproximava o Ano do Cão.
A 15 de Fevereiro foram recolhidas 31 toneladas de entulho, um valor considerado dentro da média de um dia normal, que é de cerca de 30 toneladas.
Em 2017, uma média diária de 48 toneladas de mobílias e equipamentos domésticos foi recolhida em Macau nas duas semanas que antecederam a entrada no Ano do Galo, num total de 672 toneladas.
Já no que diz respeito ao lixo doméstico comum, o maior volume recolhido este ano foi no último dia do Ano do Galo, na passada quinta-feira, no total de 934 toneladas. Num dia considerado normal são recolhidas 800 toneladas.
A 9 de Fevereiro, uma semana antes do início do novo Ano Lunar, o lixo doméstico atingiu 820 toneladas.
No primeiro dia do Ano do Cão, na passada sexta-feira, 16 de Fevereiro, a soma destes resíduos não foi além das 544 toneladas, bastante menos do que o habitual.

23 Fev 2018

BES | Saco Azul deu dinheiro a Salgado com recurso a offshore de Macau

Uma investigação do jornal online português Observador revela que Ricardo Salgado, ex-presidente do antigo Banco Espírito Santo, recebeu directamente 16,3 milhões de euros através da ES Entreprises. A empresa transferiu essa quantia com recurso a quatro sociedades offshore, uma delas foi a Shu Tian Limitada, localizada em Macau

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] revelação de detalhes das razões da queda do império Salgado e do Banco Espírito Santo (actual Novo Banco) não param de marcar a agenda. Desta vez há dados que estabelecem uma relação directa com Macau, uma vez que, segundo o jornal online português Observador, Ricardo Salgado terá recebido um total de 16,3 milhões de euros da ES Entreprises, empresa conhecida como o “Saco Azul” do Grupo Espírito Santo, que financiou muitas pessoas e instituições.

O Observador revela que a ES Entreprises terá recorrido a quatro sociedades offshore para transferir dinheiro para várias pessoas, sendo que a offshore Shu Tian Limitada, localizada em Macau, foi um dos meios que serviu para transferir verbas directamente para a conta de Salgado.

O jornal aponta que, de um total de 22 milhões de euros, o ex-patrão máximo do BES, também conhecido como “Dono Disto Tudo”, recebeu a maior fatia, ou seja, 16,3 milhões de euros, que foram “transferidos de forma direta e indirecta através da ES Enterprises para contas bancárias abertas na Suíça e em Singapura em nome de diversas sociedades offshore controladas pelo próprio líder do clã”.

Um total de 20 membros da família Espírito Santo receberam, entre 2006 e 2012, os tais 22 milhões de euros. “Desde complementos salariais dos Espírito Santo que tinham cargos de administração e direção no BES, passando por transferências para membros da família que não trabalhavam no grupo — tudo foi pago a partir de contas bancárias na Suíça que foram alimentadas, em parte, com fluxos financeiros que resultaram da venda de títulos de dívida de sociedades do GES aos clientes do banco da família Espírito Santo”, escreve o Observador.

Em Macau, o BES tinha presença através do BES Oriente (BESOR), entretanto transformado em Novo Banco Ásia, já vendido, em 75 por cento, ao Grupo Well Link por 183 milhões de euros. Hoje a entidade continua sediada em Macau, mas com um novo nome: Banco Well Link. Da Shu Tian Limitada não há informações públicas.

5,5 milhões do “Saco Azul”

A offshore criada na RAEM consta na acusação do Ministério Público a Ricardo Salgado no âmbito da Operação Marquês. O Observador escreve que Salgado e a sua mulher chegaram a devolver dois milhões de euros à ES Enterprises a 31 de Outubro de 2012, e que seria, de acordo com Salgado, “o reembolso de metade dos quatro milhões de euros que lhe teriam sido emprestados a 21 de outubro de 2011”.

Contudo, escreve o jornal, “na acusação da Operação Marquês é claro que esses dois milhões de euros, apesar de terem sido transferidos para a ES Enterprises a partir de uma conta que o casal Salgado tinha no Credit Suisse, acabaram por ser contabilizados como uma dívida que a sociedade tinha para com Salgado — e não o contrário”.
“Tendo mesmo tal montante sido pago para uma sociedade controlada pelo arguido chamada Shu Tian, com registo em Macau”, lê-se no despacho de acusação da Operação Marquês, acrescenta o Observador.

A Shu Tian Limitada terá recebido 5,5 milhões de euros do “Saco Azul” do GES, tratando-se de “três transferências que ocorreram no mês de Fevereiro de 2014”.
“A primeira, no montante de 2,2 milhões de euros, verificou-se a 13 de Fevereiro de 2014, enquanto a segunda foi de apenas 865,59 euros. A última operação levou ao crédito da conta da Shu Tian a 28 de Fevereiro de 2014 de cerca de 4,5 milhões de dólares (cerca de 3,3 milhões de euros).”

Francisco Proença de Carvalho, advogado de Ricardo Salgado, não quis dar mais explicações ao Observador sobre estes novos dados.
“O dr. Ricardo Salgado mantém a coerência de não comentar processos em segredo de justiça. Constatamos que, não obstante o processo do Universo Espírito Santo estar sujeito a segredo de justiça em relação aos arguidos até Novembro de 2018, pelos vistos isso não se aplica a alguns jornalistas que, aparentemente com acesso a elementos do processo, têm exercido a habitual prática de contaminação da opinião pública sem que os arguidos se possam defender, pois não têm o privilégio de aceder a processos em segredo de justiça”, lê-se na notícia.

23 Fev 2018

Ideologia | Reuters diz que caso Sulu Sou revolucionou o activismo político

A agência Reuters escreve que o activismo político no território sofreu uma mudança com a suspensão do deputado Sulu Sou, atravessando uma “nova fase”.

O texto, que contém entrevistas a Sulu Sou e a Rocky Chan, activista membro da Novo Macau, aponta para semelhanças entre o caso que tem vindo a abalar o panorama político local e o dos independentistas de Hong Kong, após o movimento dos guarda-chuvas amarelos. “Querem eliminar qualquer fogo que possa ser ateado”, disse o analista político Larry So à Reuters, que defendeu que Sulu Sou tem vindo a obter um maior apoio por parte da sociedade local.

“Este é um desafio para o Estado de Direito e para a independência judicial em Macau. Nunca vimos uma situação tão séria como esta antes”, disse Sulu Sou à agência noticiosa. A Reuters faz também referência às consequências do tufão Hato no que diz respeito ao impacto junto da opinião pública e na atenção obtida por parte da comunidade internacional.

“Pensamos que a coisa mais importante é o interesse público e como podemos fazer as coisas de forma mais transparente”, adiantou Rocky Chan. Sulu Sou disse também à Reuters estar “optimista” em relação ao desfecho do caso, numa altura em que interpôs recurso da decisão do Tribunal de Segunda Instância (TSI), que decidiu não se pronunciar sobre a providência cautelar apresentada, por considerar que a suspensão votada pelos deputados do hemiciclo constitui um acto político.

23 Fev 2018

Fotojornalista Mário Cruz expõe nos Açores escravatura de crianças no Senegal

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] fotojornalista Mário Cruz expõe a partir de sábado no Centro de Artes Contemporâneas Arquipélago, em Ponta Delgada, um conjunto de fotos onde denuncia a exploração das crianças “talibés”, escravas de “falsos professores” corânicos no Senegal.

O vencedor do prémio World Press Photo 2016 – Assuntos Contemporâneos, Picture Of The Year International 2016 – Assuntos Contemporâneos, Estação Imagem 2016 e Magnum Photography Awards 2016, justamente com o tema “Talibes Modern Day Slaves”, explicou à Lusa que esta situação afeta mais de 50 mil crianças, que “deveriam ser estudantes”, mas são, “na verdade, escravas de falsos professores corânicos”.

No Senegal, existem centenas de escolas corânicas (daaras) onde se encontram aprisionados rapazes, dos 5 aos 15 anos, que são obrigados a mendigar nas ruas oito horas por dia para manter o seu marabout (professor).

Esta realidade extensiva aos países limítrofes do Senegal, como a Guiné Bissau, faz com que “muitas das crianças que hoje se encontram a mendigar nas ruas daquele país sejam da Guiné e do Mali”, estando a situação, segundo o fotojornalista da agência Lusa, “fora do controlo, apesar dos progressos dos últimos anos, que caem por terra com o passar do tempo e falta de atenção”.

“Esta exposição é feita para relembrar que o problema permanece e que estas fotografias são a prova disso mesmo, que os abusos acontecem e a prova de que a escravatura contemporânea existe no Senegal. Não podemos ficar indiferentes”, afirmou Mário Cruz.

Para este profissional da Lusa, o jornalista “tem o dever de denunciar estas situações, saindo à rua”, a par da disponibilidade de tempo, algo que “falta hoje nas redações, um pouco por todo o lado”.

De acordo com este profissional de comunicação, vivem-se dias em que “não se pensa muito sobre o que se escreve e fotografa devido à dimensão do fluxo noticioso, sendo tudo de última hora, urgente”, em detrimento dos trabalhos de fundo.

Mário Cruz está convicto de que este tipo de opção editorial “dá frutos” e exemplifica que o New York Times está a “voltar a apostar neste tipo de conteúdos e a duplicar os salários dos fotógrafos e jornalistas que escrevem reportagem, porque percebeu que os media não podem ficar reféns da notícia rápida, da estatística, dos números, do que se diz ao microfone”.

“O jornalista tem que dar muito mais porque tem essa responsabilidade, é um dever. Sem dúvida que isso tem que acontecer”, referiu.

Nascido em 1987, em Lisboa, Mário Cruz estudou fotojornalismo no Cenjor – Centro Protocolar de Formação Profissional para Jornalistas, começou a fotografar para a Lusa em 2006 e já recebeu vários prémios.

O seu trabalho tem sido publicado nos títulos Newsweek, LENS – New York Times Blog,International New York Times, CNN, Washington Post, El Pais, CTXT.es e Neue Zürcher Zeitung.

22 Fev 2018

Vhils inaugura exposição em Los Angeles e cria novo mural com Shepard Fairey

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] artista português Alexandre Farto (Vhils) inaugura, na quinta-feira, uma exposição em Los Angeles, nos Estados Unidos, cidade onde irá também criar três murais, um dos quais em parceria com o norte-americano Shepard Fairey.

“Annihilation”, que estará patente na galeria Over The Influence, é composta por 20 obras, “novas e criadas de raiz para a exposição, de vários tipos, de várias dimensões e em vários suportes”, explicou o artista em declarações à Lusa.

A maior parte das peças são retratos, “alguns gravados em velhas portas de madeira e em camadas de cartazes retirados da rua”, mas haverá também “peças com paisagens urbanas, peças em esferovite e esculturas em betão que fundem retratos e paisagens urbanas e uma instalação com cubos de metal gravados com ácido nítrico com composições que fundem retratos, paisagens urbanas e elementos gráficos e geométricos”.

Além disso, haverá “uma secção com vídeos de peças murais criadas com recurso a explosivos, e filmagens realizadas em Hong Kong, Macau, Pequim e Los Angeles”.

Fora da galeria, Vhils irá deixar três peças murais, “incluindo uma nova colaboração com Shepard Fairey”.

A primeira colaboração entre os dois artistas data de julho do ano passado, altura em que criaram em conjunto um mural em Lisboa, na parede lateral de um prédio de três andares, na rua Senhora da Glória, na Graça, a propósito da primeira exposição em Portugal de Shepard Fairey, na galeria Underdogs.

“Annihilation” será a exposição inaugural do espaço, em Los Angeles, da galeria Over The Influence de Hong Kong, onde o artista português já expôs.

A mostra estará patente de 23 de fevereiro a 01 de abril.

Depois, Alexandre Farto tem já na agenda uma exposição em Paris, a ser inaugurada a 19 de maio, no espaço Centquatre.

Esta será a terceira exposição de Vhils na capital francesa, mas “a primeira num contexto mais institucional, embora fazendo sempre a ponte com a rua”. Em Paris, tal como em Los Angeles, adiantou o artista, serão apresentadas apenas obras inéditas.

Entretanto, até 17 de março, está patente na Galeria Vera Cortês, em Lisboa, “Intrinseco”, exposição inaugurada a 01 de fevereiro, na qual Vhils utiliza pela primeira vez o plástico como suporte, numa instalação na qual faz uma “quase reflexão sobre a condição humana no espaço urbano”.

Nascido em 1987, Alexandre Farto cresceu no Seixal, onde começou por pintar paredes e comboios com ‘graffiti’, aos 13 anos, antes de rumar a Londres, para estudar Belas Artes, na Central Saint Martins.

Captou a atenção a ‘escavar’ muros com retratos, um trabalho que tem sido reconhecido a nível nacional e internacional e que já levou o artista a vários cantos do mundo.

Além de várias criações em Portugal, tem trabalhos em países e territórios como a Tailândia, Malásia, Hong Kong, Itália, Estados Unidos, Ucrânia, Macau e Brasil.

Em 2015, o seu trabalho chegou ao espaço, através da Estação Espacial Internacional, no âmbito do filme “O sentido da vida”, do realizador Miguel Gonçalves Mendes.

22 Fev 2018

Colombiano Juan Gabriel Vásquez vence prémio principal do Correntes D’Escritas

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] escritor colombiano Juan Gabriel Vásquez foi o vencedor do prémio literário Casino da Póvoa 2018, o principal galardão atribuído no Correntes d’Escritas, da Póvoa de Varzim, anunciou a organização.

O júri deste encontro de escritores de expressão ibérica, que se realiza na Póvoa de Varzim até sábado, distinguiu o autor sul-americano, de 44 anos, pelo seu livro “A forma das ruínas”, editado pela Alfaguara.

O romance de Juan Gabriel Vásquez mereceu três dos cinco votos do painel de jurados, composto por Fernando Pinto de Amaral, Javier Rioyo, José Mário Silva, Maria de Lurdes Sampaio e Teresa Martins Marques.

Na sua declaração de voto, o júri destacou a obra pelo “extraordinário fôlego narrativo e pelo notável retrato da história da Colômbia do século XX, fruto de uma vasta investigação pessoal e literária”.

“A partir de dois homicídios políticos que permaneceram como feridas na memória coletiva, Juan Gabriel Vásquez criou uma ambiciosa e muito bem organizada arquitectura romanesca”, pode ler-se na declaração de voto.

O escritor colombiano, que esteve na Póvoa de Varzim no ano passado, vai receber um prémio de 20 mil euros por esta distinção no Correntes D’Escritas.

Juan Gabriel Vásquez já tinha sido, em 2016, distinguido com o Prémio Literário Casa América Latina, tendo em 2014 vencido o Prémio da Real Academia Espanhola, com o livro “Las reputaciones”.

O escritor colombiano era um dos 14 finalistas ao prémio, a par de Jaime Rocha (“Escola de Náufragos”), que amealhou dois votos do jurí, José Rentes de Carvalho (“O Meças”), Ana Teresa Pereira (“Karen”), Isabela de Figueiredo (“A Gorda”), Bruno Vieira Amaral (“Hoje Estarás Comigo no Paraíso”), Ana Margarida de Carvalho (“Não se Pode Morar nos Olhos de Um Gato”), João Ricardo Pedro (“Um Postal de Detroit”), Djaimilia Pereira de Almeida (“Esse Cabelo”), João Pedro Porto (“A Brecha”), João Paulo Borges Coelho (“Água”), o brasileiro Julián Fuks (“A Resistência”), Enrique Vila-Matas (“Marienbad Eléctrico”) e Juan Marsé (“Essa Puta tão Distinta”).

Juan Gabriel Vásquez é esperado este sábado na Póvoa de Varzim para receber o prémio, durante a sessão de encerramento do Correntes D’Escritas, o encontro de escritores de expressão ibérica, que este ano reúne 80 autores de 14 países na Póvoa de Varzim.

O colombiano sucede a Armando Silva Carvalho, que, em 2017, venceu o prémio literário Casino da Póvoa com a obra “A Sombra do Mar”.

Nesta 19.ª edição do Correntes D’Escritas, que hoje arrancou na Póvoa de Varzim, e irá prolongar-se até sábado, com várias atividades, foram ainda atribuídos outros prémios: Balaton, de Ana Beatriz Correia de Sousa, venceu o Prémio Literário Correntes D’Escritas Papelaria Locus, enquanto o primeiro lugar do Prémio Conto Infantil Ilustrado Porto Editora, vocacionada para as escolas, foi para “O Advento na Achada”, do 4.º ano da Escola EBII Clemente Tavares, de Gaula, em Santa Cruz, na Madeira.

22 Fev 2018

“Estou sempre a contar uma história nos meus quadros”, diz Paula Rego

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] artista portuguesa Paula Rego diz estar sempre a contar uma história nos seus quadros, mesmo que essa história vá mudando ou que só seja descoberta no final do processo de criação.

Num texto publicado no jornal britânico The Guardian, no contexto da exposição “All Too Human”, a inaugurar na próxima semana na Tate Britain, em Londres, Paula Rego afirma que “as histórias têm pessoas nelas”, então desenha pessoas a fazer coisas umas às outras, lembrando que recorre a contos do folclore português e a histórias como as de Eça de Queirós.

A artista relata como o processo de criação do retrato do antigo Presidente da República Jorge Sampaio “quase [a] matou”, porque, enquanto pintava, “havia pessoas sempre a entrar e a dizer ‘esse braço não está bem’ ou ‘o nariz dele não é assim’”.

“No fim, eu disse: ‘Talvez devêssemos ir para outro lado’. Fomos para uma sala cheia de armários de vidros e trabalhei muito duro. Fiquei num hotel lá perto e ia para a cama exausta. É um homem muito simpático. Ou, pelo menos, foi muito simpático para mim. Ainda somos amigos”, conta Paula Rego.

A artista portuguesa radicada em Londres há décadas diz trabalhar maioritariamente a partir de modelos vivos ou de “bonecos” que faz ou que são feitos para si.

“Desenho o contorno em carvão. Costumo começar pelo rosto e vou trabalhando a partir daí. Usar bonecas é uma experiência diferente de um modelo vivo. São obedientes – posso colocá-las como quero e ficam assim, são como atores num palco. Mas não trazem vida – preciso de uma pessoa lá, também, porque a intensidade é importante. Se desenhas uma pessoa, ela dá-te muito de volta. Às vezes dão tanto – inundam-te com a sua personalidade, com a sua alma – que tens dificuldades em segurá-las”, referiu Paula Rego.

Para a artista, quanto mais se olha, melhor uma pessoa se torna a olhar, e “isso é uma disciplina importante, seja como for que se pretenda trabalhar”.

Rego conclui com a constatação daquilo que lhe suscita maiores dificuldades: “As árvores são as coisas mais difíceis de acertar. E as tulipas. E todos os vegetais, exceto os tomates”.

A exposição “All Too Human” é inaugurada no dia 28 de fevereiro e vai estar na Tate Britain até 27 de agosto, com o objetivo de “celebrar os pintores no Reino Unido que procuram representar as figuras humanas, as suas relações e as redondezas das formas mais íntimas”, segundo a página do museu.

Além de Paula Rego, a mostra inclui trabalho de artistas como Lucian Freud, Francis Bacon e Frank Auerbach, entre outros, como Walter Sickert e David Bomberg, de gerações anteriores.

Paula Rego é uma das pintoras participantes na Bienal Internacional de Mulheres Artistas de Macau, que decorre a 13 de Maio.

22 Fev 2018

Protocolo | Universidade de Coimbra mais ligada à Câmara de Comércio Luso-Chinesa

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] Universidade de Coimbra (UC) assina hoje um protocolo de cooperação com a Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa (CCILC). De acordo com um comunicado, o acordo tem como objetivo “estabelecer cooperação académica, científica e cultural entre as partes com vista à realização conjunta de atividades de natureza académica, científica, técnica, pedagógica e cultural, em áreas de interesse comum.”

O mesmo documento aponta que a universidade portuguesa tem sido “um polo de atração de muitos estudantes chineses que querem aprender a língua e a cultura portuguesas e frequentam um número crescente de cursos nas mais variadas áreas”. Quanto ao Instituto Confúcio da UC, estabelecido em 2016, “reúne todas as condições para contribuir para a difusão da língua e cultura chinesas, para a melhoria significativa do conhecimento da Medicina Tradicional Chinesa em Portugal e para a qualificação dos profissionais portugueses que a exercem entre nós, bem como para a formação de todos os interessados em aprofundar as relações entre Portugal e a China”.

22 Fev 2018

Imobiliário | Transacções com ligeira descida em 2017

Diana do Mar

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] número de transacções de imóveis diminuiu ligeiramente no ano passado, mas o valor envolvido foi superior ao de 2016

Ao longo de 2017 foram transaccionadas 13.985 fracções autónomas e lugares de estacionamento – menos 0,9 por cento face a 2016 –, mas o valor envolvido subiu 15 por cento atingindo 85,23 mil milhões de patacas, indicam dados divulgados ontem pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC).

A maioria das transacções foi de fracções autónomas destinadas à habitação (mais 411 em termos anuais) por 69,44 mil milhões de patacas, o que representou um crescimento de 18,2 por cento face a 2016. Desse total, 2043 casas pertenciam a edifícios em construção e 8538 a prédios construídos, com os montantes implicados a corresponderem a 20,41 mil milhões e 49,04 mil milhões de patacas, respectivamente.

O preço médio por metro quadrado (área útil) das fracções autónomas habitacionais cifrou-se em 100.822 patacas, reflectindo um aumento de 16,8 por cento, em relação a 2016, com Coloane a manter-se como o sítio mais caro (128.205 patacas), seguido do da Taipa (115.160 patacas) e do da península de Macau (91.769 patacas).

Já o preço médio por metro quadrado das fracções autónomas destinadas a escritórios e o das industriais atingiu 113.198 e de 54.411 patacas, respectivamente, mais 13,1 por cento e 14,4 por cento, em termos anuais.

22 Fev 2018

Japonês obtem custódia de 13 crianças nascidas de barrigas de aluguer

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] caso passou-se na Tailândia e é o mais recente capítulo de um escândalo conhecido como “a fábrica de bebés” e que trouxe à tona o lado obscuro do mercado de gestação contratada local em 2015.

O tribunal de menores de Bangkok evocou a felicidade das 13 crianças nascidas de mães de aluguer para justificar a decisão de conceder a Mitsutoki Shigeta, um japonês abastado, todos os direitos parentais.

“O pai biológico não tem antecedentes de má conduta”, pronunciou o tribunal.

A sentença permitirá que Shigeta leve todas as crianças para o Japão. De resto, o japonês já organizou toda a logística necessária e contratou várias babystitters para cuidar da numerosa prole, segundo seus advogados.

Muito discreto desde que o escândalo explodiu, Shigeta não foi à Tailândia para responder às perguntas dos investigadores.

A respeito dos motivos que levaram seu cliente a querer uma descendência tão numerosa, o advogado se limitou a explicar que Shigeta queria ter uma família grande.

“Ele nasceu numa família numerosa e quer que seus filhos cresçam juntos”, limitou-se a comentar.

O caso foi revelado quando a polícia tailandesa comunicou que amostras de DNA vinculavam Shigeta a nove bebés encontrados numa casa em Bangkok, onde residiam com suas mães de aluguer. A imprensa começou a chamar da história de “a fábrica de bebés”.

As mães abriram um processo contra o Estado para ter direito a seus filhos, que foram entregues aos serviços sociais. No Japão, o pai biológico começou uma batalha legal para conseguir a custódia de todos.

As mães acabaram por assinar um acordo, por meio do qual abriram mão de seus direitos parentais, segundo o tribunal. Não foram reveladas informações sobre um possível pagamento de indemnização.

Proibido aos estrangeiros

O negócio da maternidade contratada cresceu nos últimos anos na Tailândia aproveitando um vazio jurídico. Porém, em resultado da polémica foi aprovada em 2015 uma lei que proíbe a prática a estrangeiros.

Coincidindo com o caso de Shigeta, um casal de australianos revoltou a opinião pública ao abandonar o seu bebé com Síndrome de Down com a mãe de aluguer tailandesa.

Desde então, o mercado para estrangeiros que procuram por barrigas de aluguer se deslocou para outros países do Sudeste Asiático. No Camboja, o mercado da maternidade contratada desenvolveu-se rapidamente depois da proibição na Tailândia. Os preços de uma gravidez desse tipo eram muito mais em conta, principalmente em relação aos Estados Unidos e, como não havia regulamentação, as clínicas também aceitavam casais homossexuais e solteiros. As autoridades cambojanas acabaram, no entanto, por proibir essa prática e, agora, o Laos afigura-se como o novo país da região onde esse tipo de mercado floresce.

22 Fev 2018

Timor-leste | CNRT acusa Fretilin de espiar negociação com Austrália para fixar fronteiras

O maior partido da oposição timorense, o CNRT, acusou hoje o partido do Governo, a Fretilin, de ter um espião como “agente duplo” para obter informação confidencial das negociações sobre fronteiras marítimas com a Austrália, lideradas por Xanana Gusmão

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap] acusação foi publicada na página oficial do Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT) no Facebook num texto intitulado “desconfia-se da instalação de espião para monitorizar equipa do ‘irmão’ Xanana – membros da equipa negociadora não se sentem seguros”.

O CNRT, que é presidido por Xanana Gusmão, diz que a Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), que lidera a coligação do Governo, está a usar este “agente duplo” para obter “informação confidencial” das negociações para divulgar no Comité Central da Fretilin.

Xanana Gusmão está ausente de Timor-Leste desde 11 de Setembro do ano passado, tendo estado desde aí envolvido quase exclusivamente nas negociações.

A publicação do CNRT surgiu numa semana em que decorre em Kuala Lumpur, na Malásia, uma derradeira ronda de negociações entre Timor-Leste, a Austrália e o consórcio responsável pelos campos de Greater Sunrise, para procurar uma solução para o desenvolvimento deste recurso.

Questionado sobre a acusação, Arão Noé, chefe da bancada do CNRT no Parlamento Nacional, disse à Lusa não ter qualquer conhecimento sobre o caso afirmando que eram os serviços de media do partido que tinham a informação.

“São os serviços de media que têm essa informação. Não tenho conhecimento sobre este assunto. Não me quero pronunciar sobre este assunto”, disse.

Questionado sobre quem é responsável pela gestão da página na rede social – o administrador não está identificado – Arão Noé disse que a gestão era feita “em termos rotativos”, sem revelar mais informação.

Verdade escondida

Segundo a publicação do CNRT a informação confidencial estará a ser passada por um quadro técnico que “talvez tenha afiliação radical ao partido Fretilin” e que está a atuar como “agente duplo para passar informação em segredo ao CCF em Díli” o que leva a que a equipa de negociação “não se sinta segura”.

“O partido Fretilin tem um espião para monitorizar a situação das negociações e os movimentos do irmão Xanana”, refere o CNRT, que argumenta que responsáveis da Fretilin têm feito comentários nas redes sociais e declarações sobre a negociação.

José Reis, secretário-geral adjunto da Fretilin e ministro Adjunto do primeiro-ministro para Assuntos de Governação, considerou a publicação uma “acção de propaganda falsa” que pretende tentar distanciar Xanana Gusmão do atual primeiro-ministro, Mari Alkatiri.

“Neste processo o primeiro-ministro está a trabalhar com o homem de maior confiança de Xanana Gusmão, que é o ministro Adjunto do primeiro-ministro para a Delimitação das Fronteiras Marítimas, Agio Pereira”, disse à Lusa José Reis.

“Eles que denunciem quem é porque eu não conheço mais ninguém. Nunca tivemos ninguém na equipa nem nomeamos ninguém para pedir informações a Xanana Gusmão”, sublinhou.

Militante do CNRT e homem de confiança de Xanana Gusmão, Agio Pereira é o número dois da equipa de negociação das fronteiras e será quem, em nome de Timor-Leste, assinará no próximo dia 6 de Março o novo tratado com a Austrália.

Afirmando que é mais uma “tentativa de politizar um assunto de Estado” como as fronteiras marítimas, José Reis afirmou que as redes sociais estão a ser usadas como “instrumento de ataque político”.

“É tudo absolutamente falso”, afirmou José Reis.

22 Fev 2018

Pequim quer proibir a presença de strippers em funerais

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo da China quer proibir a presença de strippers em funerais, uma tradição que existe em algumas províncias no interior do país e que é uma resolução de Pequim para o ano novo. Algumas comunidades no interior do país utilizam a presença de strippers para levar mais pessoas às cerimónias.

Segundo o jornal britânico The Daily Telegraph, os mandatários chineses querem acabar com essa tradição que ainda é muito respeitada em províncias do interior como Henan, Anhui, Jiangsu e Hebei.

Segundo o jornal, essa é a terceira vez desde 2006 que o Governo chinês tenta acabar com o costume. Entre as comunidades mencionadas acredita-se que um funeral cheio de gente traz fortuna e boa sorte para o espírito do morto.

O Governo chinês criou uma linha de telefone especial para a população denunciar shows eróticos nos funerais e a família do morto pode ser multada ou até mesmo presa. Além disso, o Governo está levar a cabo uma campanha nos órgãos de comunicação social para convencer a população que levar strippers para cerimónias fúnebres é uma manifestação de decadência moral e cultural resultante da influência do ocidente no país.

22 Fev 2018

Religião | Mais de 48 mil baptizados na China no ano passado

No ano de 2017 foram registados na China Continental 48.556 baptismos, número revelado pelos dados, ainda parciais da Sociedade Cultural “Faith”. Ao mesmo tempo que o Vaticano se afasta de Washington, aproxima-se de Pequim

 

[dropcap style≠’circle’]A[/dropcap]s estatísticas foram divulgadas na véspera do Ano Novo chinês pela Sociedade Cultural “Faith”, mas “ainda não são completas” – como precisa o organismo – pela falta de dados sobre as comunidades católicas que vivem em áreas rurais mais remotas.

Não obstante isto, os dados “espelham a vitalidade e o dinamismo missionário de uma comunidade que vive a fé em plenitude”.

Segundo os dados enviados à Agência Fides, a Província de He Bei, bastião do catolicismo chinês, encabeça mais uma vez a lista com 11.899 baptizados.

A comunidade de Xing Tai teve 3.645 baptizados e a Diocese de Han Dan 3.059. Ademais, também uma pequena comunidade na Província de Hai Nan teve 38 baptizados. Na Diocese de Pequim, por sua vez, foram 1.099 os baptizados.

Novos católicos

Em regiões em que a maioria de população é muçulmana, como a administração autónoma de Xin Jiang (China Ocidental), foram registados 66 baptismos, enquanto na Província de Ning Xia foram 128 e em Qing Hai 54.

Também a minúscula comunidade católica no Tibete, mergulhada no ambiente budista tibetano, acolheu 11 novos católicos.

Segundo a Faith Cultural Society, “não obstante as cifras encorajadoras e o grande empenho missionário nas comunidades locais em toda a China, devemos sempre nos sentir chamados a um renovado empenho missionário. A evangelização na China é uma longa e difícil estrada a ser percorrida”.

Ao mesmo tempo, é reiterado que as estatísticas publicadas representam “um convite e um apelo, porque devemos fortificar a nossa fé e seguir sempre em frente em nosso caminho em direção a Cristo”.

“Faith” convida por fim toda a comunidade a melhorar e a manter sempre em ordem os registros paroquiais e os arquivos, a fim de possibilitar a permanência de dados corretos, que possam contar com clareza a história da própria comunidade, mas também de toda a Igreja na China.

22 Fev 2018

MGM China | Lucros caíram 23,3 por cento em 2017

A MGM China registou lucros líquidos de 2,3 mil milhões de dólares de Hong Kong no cômputo do ano passado, traduzindo uma queda de 23,3 por cento face a 2016

Diana do Mar

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s lucros líquidos da MGM China diminuíram 23,3 por cento em 2017 para 2,3 mil milhões de dólares de Hong Kong, anunciou a operadora de jogo em comunicado enviado na noite de terça-feira. Já as receitas ascenderam a 15,4 mil milhões de dólares de Hong Kong, traduzindo uma subida de 3,3 por cento face ao apurado em 2016, enquanto o EBITDA ajustado (resultados antes de impostos, juros, depreciações e amortizações) foi de 4,6 mil milhões de dólares de Hong Kong – contra 4,5 mil milhões de dólares de Hong Kong em 2016.

Os dados relativos ao exercício terminado em 31 de Dezembro chegam uma semana depois de a operadora, fruto de um parceria entre a norte-americana MGM Resorts e a empresária Pansy Ho, ter inaugurado o seu segundo empreendimento – o MGM Cotai, nas vésperas do Ano Novo Lunar, após uma série de atrasos.

O ‘resort’ integrado, avaliado em 27 mil milhões de dólares de Hong Kong, marcou a entrada do grupo na ‘strip’ de casinos entre as ilhas da Taipa e de Coloane.

Expectativas em alta

“Achamos que esta propriedade constitui uma verdadeira mudança no mercado e, de facto, em termos de ‘resort’ integrados, no mundo”, afirmou o presidente da MGM Resorts International, James Murren. O norte-americano antecipou 2018 como um “ano muito forte” tanto em Macau como em Las Vegas, durante uma conferência com analistas.

“Abrimos recentemente [a 13 de Fevereiro], por isso os dados são preliminares, mas posso dizer que a procura tem sido robusta, tanto em termos de quartos como ao nível do jogo”, realçou James Murren, apontando que todos os quartos de hotel estarão disponíveis na Primavera. Actualmente, apenas 900 dos cerca de 1400 se encontram operacionais, indicou Murren.

“É um tempo desafiante para fazer qualquer tipo de avaliação, mas têm havido realmente indicadores preliminares muito muito bons”, observou, por seu turno, o CEO da MGM China, Grant Bowie, para quem a nova propriedade no Cotai vai oferecer “formas mais avançadas e inovadoras de entretenimento em Macau à medida que [o território] cresce como um destino de turismo global”.

Já sobre as expectativas relativamente às licenças de jogo, que expiram entre 2020 e 2022, James Murren indicou que a MGM não manteve discussões a esse respeito com o Governo, afirmando que, tal como outras operadoras, tem confiança numa avaliação justa. “Penso que pelo final do ano ou no próximo vai haver conversações”. “Eles não nos procuraram para discutir isso, nem nós a eles”, acrescentou.

Aquando da abertura do MGM Cotai, Grant Bowie, não se mostrou inquieto tendo em conta o investimento que a subconcessionária acabou de fazer no Cotai. “Não é motivo de preocupação. O Governo tem sido muito claro de que não vai dizer nada e não posso acrescentar mais nada. Merecemos a prorrogação do nosso contrato. Se investimos 3,4 mil milhões de dólares [norte-americanos] não vamos abandonar Macau”, sublinhou.

22 Fev 2018

Inquérito | Mais de metade desconhece programas de exclusão de acesso aos casinos

A Universidade de Macau concluiu o inquérito encomendado pelo Instituto de Acção Social (IAS) para aferir o grau de consciencialização relativamente ao jogo responsável. Apesar das melhorias a diferentes níveis, a maioria dos inquiridos, entre os quais jogadores, desconhece a existência dos programas de exclusão

Diana do Mar

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s pedidos de exclusão de acesso aos casinos têm aumentado de ano para ano, mas muitos ainda desconhecem que a interdição de entrada nos espaços de jogo pode ser requerida (pelo próprio ou por terceiros) à luz da lei que entrou em vigor há cinco anos. Pelo menos, de acordo com os resultados do inquérito sobre o jogo responsável que o IAS encomendou à Universidade de Macau (UM). O estudo mediu, pela primeira vez, o pulso ao nível de consciencialização quanto às medidas de cariz voluntário, de autoexclusão e exclusão a pedido de terceiros, implementadas pelo Governo.

A Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) registou, no ano passado, 376 pedidos de exclusão de acesso aos casinos – mais 25 do que em 2016 – atestado uma tendência crescente. Em 2015 foram contabilizados 355 pedidos, contra 280 em 2014 e 276 em 2013, o primeiro ano completo desde a entrada em vigor da lei que condiciona a entrada, o trabalho e jogo nos casinos. Ao abrigo do diploma, o director da DICJ pode interditar a entrada em todos os casinos, ou em apenas alguns, pelo prazo máximo de dois anos, às pessoas que o requeiram ou confirmem requerimento apresentado para o efeito por cônjuge, ascendente, descendente ou parente em 2.º grau.

Os resultados do inquérito – solicitado pelo IAS ao Instituto de Estudos sobre a Indústria do Jogo da UM – “mostram que 46,1 por cento dos inquiridos estavam conscientes sobre a existência dos programas de exclusão”, ou seja, mais de metade não estava. O documento, recentemente publicado, não refere, porém, a amostra. O HM contactou o IAS mas, até ao fecho da edição, não foi possível obter uma resposta.

Idade legal OK

Pela primeira vez também se tentou perceber se os residentes sabem qual a idade mínima legal para se poder entrar num casino: 78,9 por cento dos inquiridos acertaram na resposta. Dados facultados recentemente pela DICJ indicam que foi recusada a entrada nos casinos a cerca de 430 mil menores de 21 anos ao longo de 2017. Tratou-se do maior número anual desde a entrada em vigor da lei que impede os casinos de contratar ou de permitir o acesso aos espaços de jogo a menores de 21 anos sob pena de incorrerem em sanções administrativas.

Este diploma vai, entretanto, ser revisto. No final do ano passado foi realizada uma consulta pública, cujo documento propõe a interdição de entrada nos casinos aos profissionais da indústria do jogo quando não se encontrarem no desempenho das suas funções para reduzir a probabilidade de se tornarem jogadores problemáticos.

Consciencialização em alta

A primeira conclusão, em termos genéricos, a retirar do inquérito é a da existência de uma maior consciencialização sobre a prática de jogo responsável: Em 2009, antes do lançamento das actividades de promoção do jogo responsável correspondia a 16,2 por cento e, em 2017, a 63,7 por cento. “Globalmente, apuramos, assim, que a taxa de consciencialização cresceu significativamente entre 2009 e 2012. Contudo, desde 2013 a taxa de crescimento começou a abrandar”, lê-se no documento.

Com efeito, os inquiridos estavam, em geral, informados da existência de pelo menos um dos nove centros de tratamento de problemas de jogo, sendo que quase sete em cada dez conheciam a linha aberta que funciona durante 24 horas para aconselhamento.

A percentagem dos jogadores cientes da prática de jogo responsável manteve-se “significativamente mais alta do que a apurada entre os restantes”: 74,1 por cento contra 58,5 por cento. O documento não especifica, porém, a proporção de jogadores no universo dos entrevistados.

Em paralelo, os jogadores foram categorizados em dois grupos com base na frequência e hábito: os ocasionais (que apostavam, em média, menos de uma vez por mês) e os regulares (pelo menos uma vez por mês). “Os resultados indicam que, em média, o número de comportamentos responsáveis antes de iniciarem o jogo indicados pelos jogadores ocasionais era significativamente maior do que os mencionados pelos regulares”, diz o documento.

Tendência idêntica foi sinalizada nos casos em que houve problemas após a prática de jogo: “A percentagem de jogadores ocasionais que procura ajuda profissional junto de especialistas é significativamente mais elevada do que a de jogadores regulares”.

O inquérito permitiu ainda aferir que, por comparação, “os jogadores estão mais conscientes sobre as medidas de promoção do jogo responsável desenvolvidas pelas operadoras” e, “geralmente, mais informados sobre as medidas e políticas do Governo”. No entanto, “o nível de consciencialização e/ou entendimento dos jogadores sobre os impactos negativos decorrentes do vício do jogo e os respectivos centros de aconselhamento não era significativamente maior” quando comparado com os que não tentam a sua sorte.

“Também é de reter que os jogadores mostraram sempre ter uma percepção incorrecta sobre [as] características dos jogos de fortuna e azar [e], por isso, os resultados levam-nos a concluir que as campanhas – que têm sido realizadas todos estes anos – apenas conseguiram consciencializar os jogadores para o conceito de jogo responsável”. Contudo, “não atingiram o objectivo de os dotar de um conhecimento profundo sobre o jogo e os distúrbios subjacentes a uma prática irresponsável”.

Neste sentido, “é notório que o nível de conhecimento nestas duas esferas tem que ser reforçado”, recomenda a UM, apontando que “é aconselhável que nas próximas campanhas se explore e explique mais específica e detalhadamente aos jogadores a natureza do jogo e os distúrbios que lhe estão associados”.

Relativamente à metodologia do estudo, sabe-se apenas, segundo dados anteriormente divulgados, que teve como destinatários os residentes de Macau com idade igual ou superior a 18 anos e que foi realizado entre 21 de Agosto e 3 de Setembro de 2017 através do método de amostragem aleatória e da realização de entrevistas por telefone.

22 Fev 2018

Saúde | Idoso de 90 anos morreu vítima de gripe

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap]s Serviços de Saúde (SS) registaram o segundo caso mortal devido à gripe desde que começou o pico desta patologia. De acordo com um comunicado, um idoso de 90 anos dirigiu-se aos serviços de urgência do Centro Hospitalar Conde de São Januário (CHCSJ) no passado dia 12 de Fevereiro por sentir falta de apetite. “O médico procedeu ao diagnóstico, verificando que este paciente estava com polipneia (falta de ar), resultado da gripe B positiva com pneumonia, tendo sido internado no Serviço de Medicina Interna para tratamento.”

Os SS explicam que “a situação clinica melhorou, mas posteriormente manifestaram-se sintomas de pneumonia e choque”, sendo que “a família concordou em desistir da intubação endotraqueal e Ressuscitação cardiopulmonar (RCP)”.

O idoso faleceu ontem de manhã “devido à exacerbação aguda de doença pulmonar obstrutiva crónica e pneumonia”. Além de não ter tomado a vacina contra a gripe, “o paciente possuía antecedentes clínicos relacionados com doença pulmonar obstrutiva crónica e demência”.

Um outro paciente, com 64 anos de idade, também se encontra internado desde o dia 19, tendo sido considerado um caso crítico. Na terça-feira “a sua condição clinica agravou-se, necessitando agora de respirar através de uma máquina de ventilação”. “O diagnóstico deste paciente é influenza A e pneumoconiose com falha respiratória. O paciente também não foi sujeito à vacina”, explicam os SS.

21 Fev 2018

Fotografia | Gonçalo Lobo Pinheiro participa em exposição nos EUA

[dropcap style≠’circle’]D[/dropcap]uas fotografias do fotojornalista português radicado em Macau Gonçalo Lobo Pinheiro foram escolhidas para integrarem uma exposição colectiva na Black Box Gallery, em Portland, Estados Unidos, de 01 a 20 de Março.

Sob o tema “Portrait: Image and Identity” [Retrato: Imagem e Identidade], a exposição teve como curadora a fotógrafa Amy Arbus.

A Black Box Gallery dedica-se à exposição e promoção de fotografia contemporânea, apoiando a produção criativa, a exposição e a apreciação crítica da fotografia contemporânea.

O fotojornalista foi recentemente distinguido com uma menção honrosa na categoria “Editorial: Photo Essay/Story” no IPOTY – International Photographer of the year 2017, por algumas fotos sobre a passagem do tufão Hato por Macau.

Nascido em Lisboa, em 1979, Gonçalo Lobo Pinheiro colaborou com vários órgãos de comunicação social e é actualmente coordenador fotográfico da Revista Macau, do Gabinete de Comunicação Social.

21 Fev 2018