Hoje Macau PolíticaRita Santos recorda transição pacífica de Macau, que começou há 40 anos [dropcap]A[/dropcap]Conselheira das Comunidades Portuguesas Rita Santos disse à Lusa que o estabelecimento de relações diplomáticas entre Portugal e China, há 40 anos, representou um passo importante para “uma transição sem sobressaltos” de Macau, 20 anos depois. O estabelecimento das relações diplomáticas, a 8 de Fevereiro de 1979, foi “um passo muito tranquilizante na estabilidade social da comunidade macaense e portuguesa residente em Macau”, afirmou a presidente do Conselho Regional da Ásia e Oceania das Comunidades Portuguesas. A comendadora, título que lhe foi atribuído por Portugal, nascida em Macau em 1960, sublinhou que depois da assinatura desse protocolo, “havendo boas relações de amizade entre os dois países, certamente iria haver uma transição sem sobressaltos, o que efectivamente aconteceu”. Uma opinião partilhada pelo professor de Ciência Política e Relações Internacionais do Instituto Politécnico de Macau, José Sales Marques: “a estrutura para o que podia ser o futuro de Macau (…) a transição pacifica, resulta a partir disso mesmo”, do estabelecimento de relações diplomáticas entre os dois países. Segundo o investigador, o reconhecimento diplomático “foi sempre algo que parecia natural após o 25 de Abril de 1974”, apesar de recordar alguma “desconfiança da China relativamente ao peso que o Partido Comunista português poderia vir a ter”, sobretudo no Exército. Seis anos depois do estabelecimento das relações diplomáticas, em Maio de 1985, aquando de uma visita do Presidente Ramalho Eanes a Pequim, a China informou o Governo português da vontade de iniciar negociações para discutir o estatuto de Macau, cuja declaração conjunta é assinada em Abril de 1987, dando assim início ao processo de transição que termina em Dezembro de 1999. Rita Santos lembrou terem sido “chamados com frequência para participar nas reuniões de trabalho pelos chefes das delegações da parte portuguesa e chinesa”. “No período de transição desde os anos 90, e principalmente nos anos 1997, 1998 e 1999”, recordou, transmitiram “as preocupações dos portugueses, macaenses e trabalhadores da função pública face às alterações sócio-económicas e sociais de Macau”, sobre o “estabelecimento da RAEM) em 20 de Dezembro de 1999, nomeadamente a questão da nacionalidade portuguesa”, destacou Rita Santos. As questões abordadas foram variadas, lembrou, como a manutenção e respeito pela língua portuguesa, uso e costume, a manutenção da nacionalidade portuguesa dos descendentes dos portugueses e chineses (macaenses), bem como a permanência de todos os meios de comunicação social portuguesa em Macau. Em cima da mesa esteve também a “discussão detalhada de cada artigo da Lei Básica [mini-Constituição] com o intuito de salvaguardar os direitos, liberdades e garantias dos cidadãos de Macau , permitindo que todos os portugueses que tivessem residido mais de sete anos pudessem ser residentes permanentes de Macau , com possibilidade de permitir portugueses oriundos de Portugal após o estabelecimento da RAEM poderem trabalhar em Macau em todos os sectores de actividade”, sublinhou. Por fim, Rita Santos recordou ainda matérias mais concretas que foram discutidas, como “manutenção dos portugueses nos cargos e categorias na Função Publica”, a “manutenção dos direitos, regalias e vencimentos dos funcionários públicos não inferiores aos que detinham antes da transferência de soberania” e a continuidade do pagamento das pensões pela Caixa Geral de Aposentações de Portugal aos funcionários que se aposentaram antes de 20 de Dezembro de 1999, e respectiva negociação com o Governo de Portugal para a isenção do IRS” Todas estas questões foram resolvidas “graças às boas relações de amizade entre Portugal e Macau”, sublinhou.
Hoje Macau EventosUniversidade Estadual da Califórnia terá dois cursos de português [dropcap]A[/dropcap]Universidade Estadual da Califórnia, Fresno vai lançar dois cursos em Língua Portuguesa e Estudos Portugueses no próximo ano lectivo, disse à Lusa a professora Inês Lima, responsável pela criação dos novos cursos. “Estamos à espera da aprovação das disciplinas novas”, adiantou a docente, que foi contratada em 2018 para leccionar Língua e Cultura Portuguesa no Departamento de Línguas e Literaturas Modernas e Clássicas da Faculdade de Artes e Humanidades. A professora falava à margem da inauguração do novo Instituto Português Além-Fronteiras na Universidade Estadual da Califórnia, Fresno, que teve a presença de uma comitiva portuguesa liderada pelo presidente do Governo Regional dos Açores, Vasco Cordeiro. A “minor” em Português irá focar-se na literatura e “num nível de língua portuguesa mais avançado”, enquanto a “minor” em Estudos Portugueses “será mais abrangente” e terá opções lectivas ensinadas em inglês, para que alunos de qualquer área de ensino possam “aprender sobre a cultura portuguesa e países lusófonos”. De acordo com Inês Lima, o objectivo é começar com quatro disciplinas e mais tarde, ainda sem horizonte temporal concreto, avançar para uma “Major” em Português e Estudos Portugueses. “Há de facto muito interesse”, adiantou a professora, que neste momento tem 50 alunos nas cadeiras de língua e cultura portuguesa. “Tenho alunos que estão sempre a perguntar se já vão poder escolher as novas disciplinas para Setembro e quando é que temos disponíveis cursos de nível mais avançado de língua”, revela a professora. Além dos estudantes com ascendência portuguesa, Inês Lima refere que muitos dos interessados pretendem estudar português “porque tem um ponto de contacto com as suas áreas”. É o caso dos alunos de enfermagem e de segurança pública, que querem comunicar melhor com a população luso-americana da região do vale central da Califórnia, onde há elementos da comunidade que “não falam bem inglês”. Há também alunos de Agricultura “que querem fazer um período de estudos ou mestrado em Portugal”. Inês Lima lecciona actualmente Língua Portuguesa e Culturas dos Países de Língua Portuguesa, que abrange Portugal, Brasil, Moçambique, Angola e Cabo Verde e se debruça sobre “aquilo que partilham em termos de história, em termos de património cultural, e aquilo que é específico”. As disciplinas eram leccionadas por uma professora da área de espanhol. “Agora viram que havia potencial para avançar e desenvolver os estudos portugueses”, afirmou Inês Lima. A professora, natural do Porto, estava a dar aulas na Universidade de Massachusetts, Darmouth, e trocou a Nova Inglaterra pela Califórnia devido à “possibilidade de criar os cursos” numa universidade com potencial de crescimento. As “Minor” serão leccionadas por Inês Lima e Diniz Borges, director do recém-criado Instituto Português Além-Fronteiras (Portuguese Beyond Borders Institute) na Universidade Estadual da Califórnia, Fresno, que vai iniciar um projecto de recolha das histórias orais da imigração portuguesa na região. No futuro, Inês Lima considera que “serão precisos mais professores” de português.
Hoje Macau China / ÁsiaOPA/EDP | Fundo americano Elliot avisa que oferta chinesa enfraquece a eléctrica [dropcap]O[/dropcap]fundo de investimento norte-americano Elliot, que detém 2,9% do capital da EDP, considera que o preço da Oferta Pública de Aquisição (OPA) da China Three Gorges (CTG) sobre a eléctrica é “excessivamente baixo” e “subavalia significativamente” a empresa. “A oferta da CTG, tal como se encontra actualmente, não favorece os melhores interesses dos ‘stakeholders’ [accionistas] da EDP e, em última análise, conduzirá a um enfraquecimento da EDP que será uma empresa mais volátil, com um conjunto de activos menos atractivo e com poucas oportunidades de crescimento”, lê-se numa carta enviada pela Elliot Advisors ao Conselho de Administração Executivo e ao Conselho Geral de Supervisão da EDP, ontem divulgada. Para o fundo norte-americano, a oferta anunciada pela CTG é mesmo “a maior fonte de incerteza que a empresa enfrenta actualmente” e a estagnação do negócio teve “como efeito prático impedir o crescimento da EDP, o que originou má performance do valor das acções da EDP relativamente às outras empresas do sector”. “O preço da oferta actual da CTG [que é o maior accionista da EDP, com uma participação de 23%] é excessivamente baixo e subavalia significativamente” a empresa, sustenta, apontando como “o problema mais evidente da oferta o prémio inaceitável de 4,8%”. Afirmando a sua concordância com o Conselho de Administração Executivo da EDP, que assumiu que “o preço oferecido não reflecte adequadamente o valor da EDP e o prémio implícito na oferta é baixo considerando a prática seguida no mercado europeu das ‘utilities’”, a Elliot afirma que, “caso não exista um aumento da contrapartida, não se antevê qualquer possibilidade de os accionistas virem a apoiar uma oferta que não valoriza adequadamente o seu investimento”. Segundo destaca, “além de uma avaliação justa e razoável da EDP, para que a oferta seja bem-sucedida também é necessário eliminar vários obstáculos regulatórios”, sendo que actualmente “continuam por verificar 16 das 17 principais condições suspensivas referidas no anúncio preliminar da oferta, tendo sido apenas obtida uma aprovação jusconcorrencial no decurso de nove meses”. A este propósito, a Elliot aponta o caso dos activos de energia renovável que a EDP detém nos EUA, descritos como “as jóias da coroa” da empresa, mas cuja manutenção avisa que o Committee on Foreign Investment in the Unitede States (CFIUS) não aprovará caso a CTG venha a deter a maioria do capital social da eléctrica. “Na nossa opinião, se a oferta da CTG prosseguisse teriam de ser efectuados desinvestimentos relevantes como reacção/resposta às imposições dos reguladores”, designadamente nos EUA e na Península Ibérica, sendo que esses desinvestimentos “deixariam a EDP mais fraca”. Convicta de que a EDP “é uma empresa atractiva, com um potencial de desenvolvimento substancial”, a Elliot adverte que “a continuação da existência de uma oferta que se considera impossível concluir com êxito, na sua forma actual, está a dificultar o crescimento” da eléctrica, pelo que esta “deve ultrapassar rapidamente a oferta e a definição de um novo rumo é urgente”. “Embora o ‘portfólio’ da EDP inclua áreas de grande potencial, quando a consideramos como uma única empresa, falta-lhe foco”, diz, considerando “difícil para os investidores avaliar o portfólio de forma justa, uma vez que os negócios da EDP com múltiplos elevados são diluídos por divisões com múltiplos baixos, resultando num desconto do conglomerado”. Para o fundo de investimento, “a EDP encontra-se também excessivamente alavancada”, com uma “consideravelmente reduzida” capacidade “para encontrar oportunidades de crescimento”, o que a tem privado “da possibilidade de acelerar o investimento em oportunidades de alto retorno que se encontram disponíveis nos principais mercados” onde opera. A posição da Elliot é que “uma EDP fortalecida deve dar prioridade a dois pilares fundamentais para o crescimento sustentável: uma optimização do ‘portfólio’ focada nas principais áreas de negócio e uma redução da excessiva alavancagem; e um investimento no crescimento através de oportunidades no setor das energias renováveis com taxas actrativas de retorno”. Para o fundo, “esta nova EDP seria mais focada, mais empenhada no crescimento e menos alavancada”, com “um ‘portfolio’ de activos líder de mercado, métricas financeiras actrativas e uma história de crescimento clara e convincente” que “provavelmente impulsionariam uma revisão do ‘rating’ e proporcionariam uma vantagem significativa para todos os ‘stakeholders’”. “Desinvestimentos indiferenciados, tais como aqueles que seriam provavelmente exigidos pela oferta da CTG, poderiam colocar em risco postos de trabalho. A manutenção de um ‘status quo’ de baixo desempenho pode ter o mesmo efeito. Uma abordagem que priorize o investimento e o crescimento oferece perspectivas mais encorajadoras aos trabalhadores da EDP”, considera. As “sugestões” avançadas pela Elliot passam pelo investimento da EDP em energias renováveis, a redução da dívida e diminuição do custo da dívida, o reinvestimento na EDP e a venda da participação na EDP Brasil, de 49% da participação na Distribuição Eléctrica Ibérica e dos activos térmicos ibéricos antigos. “A EDP pode optar por três caminhos distintos quanto ao seu futuro: o ‘status quo’, a oferta da CTG ou a ‘Nova EDP’ – O Plano de Investimento e Optimização”, conclui o fundo norte-americano, defendendo como “próximos passos fundamentais” uma “avaliação realista” da oferta chinesa que leva à sua retirada, uma reflexão dos accionistas sobre novos “caminhos futuros” e a implementação de um “plano ambicioso de investimento e otimização” do ‘portfolio’ da empresa. Em 11 de Maio passado, a CTG anunciou a intenção de lançar uma OPA voluntária sobre o capital da EDP, oferecendo uma contrapartida de 3,26 euros por cada acção, cujo pedido foi registado junto do regulador, sem alterações ao preço oferecido inicialmente.
Hoje Macau EventosEspectáculo “The House of Dancing Water” suspenso por dois meses [dropcap]O[/dropcap]espectáculo “The House of Dancing Water” será suspenso por um período de pelo menos dois meses. A informação foi avançada na passada quarta-feira pela GGR Asia que adianta razões ligadas à necessidade de requalificação do espaço. “Para continuar a proporcionar a produção de entretenimento de classe mundial, vamos suspender temporariamente o espectáculo após as celebrações do Ano Novo Lunar e até ao final de Abril de modo a requalificar e actualizar as nossas instalações. Regressaremos para repor o melhor entretenimento ao nosso público em breve” aponta um porta-voz da Melco Resorts, citado pelo GGR Asia. O espectáculo não deverá regressar antes de 25 de Abril. “The House of Dancing Water”, encenado por Franco Dragone já foi visto por mais de cinco milhões de pessoas desde a sua estreia, sendo o evento residente que registou maior permanência no território. Segundo a mesma fonte, o director Executivo da Malco Resots, Lawrence Ho, afirmou no mês passado que o novo espectáculo promovido pela operadora, “Elektron”, seria “menos susceptível de atingir sensibilidades culturais do que outros eventos de entretenimento que têm tido lugar no território.
Hoje Macau China / ÁsiaChina | Suécia abre inquérito a embaixadora por reunião sobre editor detido [dropcap]A[/dropcap]Suécia abriu um inquérito interno à embaixadora daquele país na China, depois da representante ter organizado, sem autorização, uma reunião relacionada com o caso de um editor sueco de origem chinesa detido por Pequim, foi ontem divulgado. “Devido a informações que recebemos sobre acções inapropriadas relacionadas com certos acontecimentos ocorridos em Janeiro, um inquérito interno foi aberto”, avançou, em declarações citadas pelas agências internacionais, Rasmus Eljanskog, um assessor de imprensa do Ministério dos Negócios Estrangeiros sueco. O mesmo representante precisou que a embaixadora Anna Lindstedt foi chamada a Estocolmo para consultas, no âmbito deste inquérito. “Temos uma ideia do que terá ocorrido, vamos investigar o seu desempenho. Mas podemos afirmar já que a embaixadora se comportou de forma errónea”, afirmou, por sua vez, um porta-voz da diplomacia sueca, Patric Nilsson, em declarações à televisão pública sueca Patric Nilsson. As relações entre a Suécia e a China têm sido perturbadas ao longo dos últimos anos pelo caso de Gui Minhai, um editor e livreiro sueco de origem chinesa de 54 anos que vendeu em Hong Kong obras críticas do regime chinês. Em 2015, Gui Minhai desapareceu durante umas férias na Tailândia. O livreiro reapareceu numa prisão chinesa, tendo afirmando então, em declarações transmitidas na televisão, que se tinha entregado às autoridades por causa do seu envolvimento num acidente de trânsito na China em 2003. As autoridades chinesas libertaram Gui Minhai em Outubro de 2017. O editor e livreiro seria detido mais tarde pela polícia chinesa, em Janeiro de 2018, quando seguia com dois diplomatas suecos num comboio para Pequim, onde tinha marcada uma consulta. Ligações perigosas A filha do editor, Angela Gui, que tem sido muito activa nos ‘media’ e na Internet para tentar conseguir a libertação do pai, revelou no seu ‘blog’ que tinha sido convidada pela embaixadora Anna Lindstedt a deslocar-se a Estocolmo, em finais de Janeiro, para uma reunião com empresários chineses que alegadamente poderia ajudar na libertação de Gui Minhai. Durante a conversa, que decorreu num hotel da capital sueca e na presença da embaixadora, os presumíveis empresários afirmaram que tinham “ligações no seio do Partido Comunista”, no poder na China, e asseguraram que podiam a ajudar na libertação de Gui Minhai. Em troca, segundo relatou Angela Gui, os homens pediram à jovem que “ficasse tranquila” e que deixasse de falar com a comunicação social. A diplomacia sueca assegurou que não sabia deste encontro, nem tinha conhecimento da presença da embaixadora Anna Lindstedt em Estocolmo. Depois das primeiras declarações de Angela Gui, a embaixada da China em Estocolmo informou, num comunicado, que Pequim “nunca autorizou e nunca irá autorizar” contactos com a filha do livreiro sueco.
Hoje Macau SociedadeMaré vermelha afecta praia de Hac Sá [dropcap]A[/dropcap]Direcção dos Serviços de Assuntos Marítimos e de Águas (DSAMA) apela aos residentes que evitem a água da Praia de Hác Sá devido a uma maré vermelha. A informação foi colocada, ontem, no portal DSAMA e foram afixados avisos na praia. “As pessoas devem evitar correr, nadar e entrar na água durante este período de maré vermelha. Este departamento vai continuar a acompanhar a situação e actualizar as informações necessária junto do público”, consta no comunicado da DSAMA.
Hoje Macau SociedadeMelinda Chan apresentou planos de expansão da Doca dos Pescadores [dropcap]I[/dropcap]naugurado em 2017, o Legend Palace Hotel, o mais recente empreendimento hoteleiro da Doca dos Pescadores, deverá passar a ter mais 100 quartos, disse ontem a ex-deputada e presidente da Macau Fisherman’s Wharf International Investment Ltd à Macau News Agency. “O Legend Palace tem apenas 200 quartos. Estamos a planear ter mais, mas ainda não submetemos o projecto, pois estamos a fazer a concepção. Planeamos ter entre 90 a 96 quartos no nosso edifício. Há alguns anos, a área do hotel recebeu aprovação [por parte do Governo], então estamos apenas a alterar algumas funcionalidades dentro do edifício”, disse. Além desta mudança, Melinda Chan apresentou planos de expansão das ofertas do complexo turístico, como a zona de exposições e convenções e de retalho. Além disso, um dos planos é fomentar o segmento não jogo, sendo que este ano deverá ser aberto um espaço de realidade virtual desenvolvido por uma empresa japonesa ligada ao sector do jogo e cinema, que deverá incluir um museu de cera. Todos estes projectos estão ainda, contudo, na fase de concepção, sujeitos à aprovação da Direcção de Solos, Obras Públicas e Transportes, uma vez que serão desenvolvidos num terreno em frente do casino Sands. “Não temos ainda um número definido de quartos, estamos a fazer os cálculos sobre quantas infra-estruturas, restaurantes e lojas queremos incluir [no projecto]. Teremos de pensar se haverá uma ligação ao Harbourview Hotel e a dimensão das salas de eventos. Penso que as salas de eventos são muito pequenas. Precisamos de uma melhoria nesse aspecto”, acrescentou. Interesse no jogo Melinda Chan garantiu também que a Macau Legend Development, que opera também os casinos Babyloon e Legend Palace, em parceria com a Sociedade de Jogos de Macau (SJM), está interessada em concorrer a uma licença de jogo, intenção que o seu marido e CEO da empresa, David Chow, já tinha revelado em Maio do ano passado. “Não sabemos ainda se o Governo está a planear atribuir mais licenças ou se vai permitir que novas empresas participem no concurso. Somos uma empresa com algum poder em Macau, tendo em conta o que já construímos. Se as condições [do concurso das licenças] forem conhecidas vamos tentar o nosso melhor”, disse, à margem de um almoço de Ano Novo Chinês com os meios de comunicação social. A licença de jogo da SJM e da sua subconcessionária MGM China termina em 2020, o que levou David Chow a ponderar alternativas. “Temos um contrato com a SJM e, se não tivermos a concessão, claro que a minha empresa vai tentar concorrer para ter a sua própria licença de jogo”, disse em 2018 o empresário e ex-deputado. Melinda Chan salientou também o bom desempenho dos espaços do empreendimento turístico durante o Ano Novo Chinês, destacando o contributo da nova ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau.
Hoje Macau SociedadePatrimónio | Santa Casa e Capela da Penha em restauro [dropcap]A[/dropcap]Santa Casa da Misericórdia e Capela da Nossa Senhora da Penha vão ser alvo de restauro a partir da próxima segunda-feira, anunciou ontem o Instituto Cultural (IC). Em comunicado, o organismo ressalva, no entanto, que os edifícios estarão abertos no horário habitual durante as obras. Na Santa Casa da Misericórdia vão ser realizadas obras de restauro das fachadas, que se estima concluídas em 30 de Abril, enquanto as da Capela da Nossa Senhora da Penha devem estar terminadas um mês antes, ou seja, em 31 de Março.
Hoje Macau SociedadeAmbiente | Dois em cada dez ‘shuttles’ movidos a energias verdes [dropcap]D[/dropcap]os 430 ‘shuttles’ das seis operadoras de jogo, 99 são eléctricos ou movidos a energias renováveis, o que representa 23 por cento da frota de autocarros dos casinos. Os dados foram divulgados pela Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), em resposta a uma interpelação escrita de Leong Sun Iok. Se, por um lado, os ‘shuttles’ permitiram aliviar os transportes públicos, por outro, têm exercido pressão sobre o trânsito, observou o deputado, indicando que em 2017 a frequência das carreiras dos casinos foi de 8.500 por dia. Um cenário que o levou a questionar a DSAT sobre a possibilidade de serem introduzidos autocarros de dois andares, dado que o transporte de um maior número de passageiros possibilitaria reorganizar e cortar na frequência das carreiras e, por conseguinte, resultar na diminuição do tráfego. Na réplica, o director da DSAT, Lam Hin San, adiantou que a viabilidade dessa opção está a ser discutida com as operadoras de jogo.
Hoje Macau SociedadeLista Forbes | Milionários do jogo de Macau em queda [dropcap]Q[/dropcap]uase todos os milionários ligados ao jogo de Macau que constam na lista das 50 pessoas mais ricas de Hong Kong perderam lugares no ranking, durante o ano passado. Segundo o portal GGR Asia, que cita a lista da revista, apenas Henry Kar Shun Cheng, presidente das empresas Chow Tai Fook e New World Devemploment, ganhou posições na tabela, subindo da 49.ª posição para a 46.ª com riqueza avaliada em 1,4 mil milhões de dólares norte-americanos. Lui Che Woo, fundador do grupo Galaxy, é o que se encontra em melhor posição (sexto lugar), com a fortuna avaliada em 14,8 mil milhões de dólares. Pansy Ho está na 15.ª posição, com 4,62 mil milhões dólares, Angela Leong surge em 22.ª, com 4,1 mil milhões de dólares, e Pollyanna Chu, investidora nos casinos Casa Real e Grandview, está no 28.º lugar, com 3,3 mil milhões de dólares. Finalmente, Lawrence Ho é o penúltimo empresário ligado a Macau, ocupando o 34.º posto, com a fortuna avaliada em 2,3 mil milhões de dólares.
Hoje Macau PolíticaTrânsito| Coutinho quer medidas para evitar congestionamentos [dropcap]O[/dropcap]deputado José Pereira Coutinho pede ao Governo esclarecimentos acerca das medidas a tomar para evitar o impacto no trânsito causado pela realização de obras públicas. Em interpelação escrita, Coutinho recorda o fecho da ponte Sai Van no passado mês de Dezembro, salientando a ineficácia do Executivo em comunicar à população a alteração de tráfego e em implementar medidas alternativas de circulação. Neste sentido o deputado pretende a garantia de que os transtornos registados não se repitam e solicita “medidas preventivas para evitar que um congestionamento de trânsito semelhante volte a acontecer devido ao encerramento das vias públicas”. A necessidade de criar canais de comunicação eficazes para a divulgação de informação também é sublinhada pelo tribuno.
Hoje Macau China / ÁsiaJornalista filipina detida por difamação sai em liberdade após pagar fiança [dropcap]A[/dropcap] jornalista filipina Maria Ressa, uma das “personalidades do ano” da revista Time em 2018, detida na quarta-feira por “difamação cibernética”, foi libertada hoje sob fiança. “O que estamos a assistir é a morte (…) da nossa democracia”, disse Ressa aos jornalistas, depois de pagar a fiança no tribunal regional de Manila que tinha emitido um mandado de prisão. A premiada jornalista de um jornal online filipino acusou o Governo Rodrigo Duterte de abusar do seu poder e de usar a lei como arma para amordaçar os críticos. Na quarta-feira, Maria Ressa encontrava-se nas instalações do Rappler – um portal de notícias ‘online’ que adoptou uma linha crítica contra a guerra mortal contra as drogas liderada pelo Presidente Rodrigo Duterte – quando agentes do Gabinete Nacional de Investigação entraram para entregar o mandado de prisão, explicou a equipa de redacção, nas redes sociais. O departamento de Justiça apresentou acusações de “difamação cibernética” contra o portal Rappler, Maria Ressa – directora do portal de notícias e presidente da corporação Rappler Incorporated – e o jornalista de investigação Reynaldo Santos, por um artigo publicado em Maio de 2012 sobre o empresário Wilfredo Keng.. Este não é o único processo judicial que Maria Ressa enfrenta, já que em Novembro de 2018 foi emitido um mandado de prisão por cinco alegados crimes de evasão fiscal, acusando tanto o portal Rappler como Maria Ressa. Ressa evitou a prisão com o pagamento de uma fiança e o caso está a aguardar julgamento. A jornalista assegurou que os seus compromissos com o fisco estão em ordem e que todas essas acusações contra si e contra os media que dirige são uma perseguição política da administração de Duterte pelos seus artigos críticos da sua gestão. O Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, não escondeu a sua animosidade em relação ao Rappler, que acusou de ser financiado pela CIA, e proibiu em Fevereiro de 2018 o acesso ao palácio presidencial a jornalistas deste meio.
Hoje Macau EventosRealizadora Rosa Coutinho Cabral prepara documentário sobre Natália Correia [dropcap]A[/dropcap] cineasta Rosa Coutinho Cabral, que apresentou, esta quarta-feira, o filme premiado “Coração Negro”, no Teatro Micaelense, em Ponta Delgada, prepara um documentário sobre Natália Correia, intitulado “A Mulher que Morreu de Pé”. Em entrevista à agência Lusa, a realizadora avançou que está a preparar o documentário “A Mulher que Morreu de Pé”, sobre Natália Correia, admitindo que este é um projecto que lhe interessa, porque Natália Correia “é conterrânea, porque é uma grande poeta e dramaturga e porque foi uma mulher de intervenção”. “Fazer cinema é um acto político”, uma dimensão que surge, naturalmente, no novo projecto que a cineasta micaelense prepara, mas também em “Coração Negro” e em todos os filmes que ainda espera fazer, admite. “A forma de fazer um filme e a forma de mostrar aquilo que se conta, como é que eu decido os planos, como é que eu os considero importantes, como é que eu os quero fazer, é, de facto, um gesto, é uma política”, afirmou. Em “Coração Negro”, de 2017, mostra a morte de uma relação, mas também “toda a solidariedade que é possível ter pelo sofrimento das pessoas”, evidenciando que, no sofrimento, “nada é linear, nada tem uma causa-efeito tão concreta e tão romanesca como são [é] normalmente apresentadas [apresentado]”. A acção desenrola-se na ilha do Pico, onde o casal, interpretado por Maria Galhardo e João Cabral, está a reconstruir uma casa, uma escolha que Rosa Coutinho Cabral diz ter sido intencional, porque “toda a morfologia do Pico, a geologia do Pico, é tão intensa e é tão particular”, que “muito rapidamente, estas características da ilha tornaram-se uma metáfora da violência interna daquele casal, da violência que aquele casal vive”. O filme arrecadou vários prémios, dos quais se destacam o de melhor realizador, no Krajina Film Festival, melhor filme no Festival ARFF – Amsterdam, e melhores actores para Maria Galhardo e João Cabral, no Best Actos Film Festival, em São Francisco. O reconhecimento internacional é “muito gratificante, depois de um esforço tão grande que foi fazer este filme, que, realmente, teve uma rodagem longa, algo atribulada, com muito pouco dinheiro”, explicou, mas lamenta que, em Portugal, o mercado seja “muito fechado e muito injusto, às vezes”. Da filmografia de Rosa Coutinho Cabral constam, também, os documentários “Pé San Ié – O Poeta de Macau”, sobre o poeta Camilo Pessanha, e “Arrivederci Macau”, sobre o arquitecto Manuel Vicente, bem como as longas-metragens “Cães sem Coleira”, “Lavado em Lágrimas” e “Serenidade”. O seu novo projecto, “A Mulher que Morreu de Pé”, leva-a, novamente, aos Açores, desta vez à sua terra natal, Ponta Delgada, onde apresenta “Coração Negro”, numa sessão inicialmente prevista para quinta-feira, mas que foi antecipada para quarta-feira, no Teatro Micaelense.
Hoje Macau EntrevistaEmbaixador português destaca relação “descomplexada” com a China João Pimenta, da agência Lusa [dropcap]O[/dropcap] embaixador português em Pequim destacou ontem a relação “descomplexada” entre Portugal e China, lembrando que Lisboa “não está refém” das suas alianças tradicionais, numa altura de crescente desconfiança no Ocidente face ao país asiático. “O facto de não haver trauma na relação é uma coisa muito particular e que nos dá uma enorme vantagem num diálogo aberto e descomplexado”, afirmou José Augusto Duarte, por ocasião dos 40 anos de relações diplomáticas entre os dois países, que se celebra este mês. Em entrevista à agência Lusa, o diplomata lembrou que, em “épocas de apogeu ou de fragilidade” da China, Portugal “nunca alinhou em tentativas coloniais ou em guerras” contra o país. “Isso é extremamente importante: marca a diferença face a relações que são reféns das épocas em questão”, disse. O diplomata referia-se ao ressentimento da China para com as potências ocidentais, pelo século de “humilhação nacional”, na sequência da Guerra do Ópio (1839 – 1860), que marcou o declínio do país como potência mundial e a sua subjugação aos Tratados Desiguais. O fim da ocupação estrangeira, com a fundação da República Popular, em 1949, e, nos últimos anos, o restabelecimento do estatuto internacional do país, são duas das principais fontes de legitimidade do Partido Comunista Chinês, partido único no poder. José Augusto Duarte destacou ainda a forma como a presença portuguesa se manteve em Macau “sem nunca Portugal ter tido um conflito militar com a China”. “Os portugueses chegaram ao Delta do Rio das Pérolas em 1513. E foi através de Macau que a presença se manteve, mas sem ser com base num conflito com a China, ou em algo que não fosse por consentimento do lado chinês”, explicou. “É uma coisa única no âmbito das relações internacionais”, realçou. No final de Abril, o presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, vai estar presente na segunda edição do fórum “Uma Faixa, Uma Rota” e fará uma visita de Estado à China, numa altura de crescente suspeição no Ocidente, face às ambições geo-estratégicas de Pequim. Desde a ascensão ao poder do líder chinês Xi Jinping, em 2013, a China adotou uma política externa mais assertiva, que se materializa no gigantesco plano de infra-estruturas ‘Uma Faixa, Uma Rota’, que visa conectar o sudeste Asiático, Ásia Central, África e Europa. A iniciativa é vista como uma versão chinesa do ‘Plano Marshall’, lançado pelos Estados Unidos após a Segunda Guerra Mundial, e que permitiu a Washington criar a fundação de alianças que perduram até hoje. As ambições de Pequim suscitaram um reforço do escrutínio sobre os investimentos chineses em setores estratégicos, em vários países, e o despoletar de disputas comerciais com Washington. José Augusto Duarte admitiu que “há neste momento evoluções que tornam mais complexa a relação da China com uma série de países ocidentais”, mas que Portugal “não confunde os seus papéis”. “Nós temos que, respeitando os compromissos internacionais de Portugal, que deriva do facto de sermos membros da NATO e da União Europeia, termos assentes muito bem os nossos valores, mas provavelmente podemos defendê-los de forma especifica nossa”, disse. E lembrou que a “situação na qual estamos agora não é nova na História”. “As Guerras do Ópio, que aconteceram em meados do século XIX, foram extremamente complexas, mas Portugal nunca deixou de ser um aliado de Inglaterra, como também nunca participou na aliança britânica que levou a uma guerra contra a China”, disse. “Nós não acreditamos numa via conflitual para tentar mudar o nosso interlocutor, seja ele qual for. Portugal não tem, nem nunca teve essa perspetiva”, acrescentou.
Hoje Macau PolíticaAL | Ho Iat Seng admite contratação de mais assessores jurídicos [dropcap]O[/dropcap] presidente da Assembleia Legislativa admite a possibilidade de serem contratados mais assessores jurídicos para o organismo que dirige. A informação foi dada ontem à margem do Almoço de Primavera da AL. “Não está descartada essa hipótese”, disse. Para já, a AL tem “pessoal suficiente”, mas “tem havido um volume de trabalho grande com maior número de propostas de lei apresentadas pelo Governo”, acrescentou para justificar a necessidade de mais assessores. Recorde-se que desde os despedimentos de Paulo Cardinal e Paulo Taipa, que terminaram funções no passado mês de Dezembro, a AL contratou para o cargo a juíza Maria José Machado e o jurista Paulo Henriques.
Hoje Macau ReportagemDigressão do Sporting em 1978 abriu porta “grande” para a China Por João Pimenta, da agência Lusa [dropcap]V[/dropcap]alter Onofre, guarda-redes na equipa do Sporting Clube de Portugal que há quarenta anos fez uma digressão pela China, que aproximou dois países então sem relações diplomáticas, recorda sentir-se em Pequim como um “animal no zoológico”. “Todos olhavam para nós: trazíamos roupas coloridas, cada um tinha o seu estilo, enquanto [os chineses] pareciam todos iguais”, descreve assim, o ex-futebolista, Pequim no verão de 1978. Portugal e China não tinham ainda relações diplomáticas, mas quatro anos antes, a Revolução dos Cravos tinha derrubado o regime fascista do Estado Novo, tornando inevitável a aproximação ao país asiático, que se começava então a libertar da ortodoxia maoísta. “Nós tínhamos acabado de sair do fascismo, e viemos para um país que era do mais puro socialismo que existia. O mais igualitário que havia”, recorda Onofre à agência Lusa. “Roupa, cortes de cabelo, todos de bicicleta; era igual para toda a gente: homens ou mulheres”, realça. A Revolução Cultural (1966-76), radical campanha política de massas lançada pelo fundador da China comunista, Mao Zedong, estava ainda fresca. Durante aquela década de caos, dezenas de milhões de pessoas foram perseguidas, presas e torturadas, sob a acusação de serem “revisionistas”, “reaccionárias” ou “inimigos de classe”, forçando a sociedade chinesa a uma homogeneidade quase absoluta. A digressão do SCP foi promovida pela Associação Democrática de Amizade Portugal-China, uma organização criada pelo Partido Comunista de Portugal (Marxista-Leninista), o único grupo político português reconhecido então pelo Governo chinês. Um alto funcionário chinês comparou então o Sporting com a equipa de pingue-pongue americana que foi a Pequim em 1971, abrindo caminho à histórica viagem do presidente Richard Nixon à China, em Fevereiro do ano seguinte. “Os americanos, que jogaram com uma bola pequena, abriram uma pequena porta. Os portugueses jogaram com uma grande bola e abriram uma porta grande”, disse o presidente da Associação Chinesa de Amizade com os Países Estrangeiros, Wang Bingnan. O Sporting, que acabara de ganhar a Taça de Portugal, frente ao FC Porto, venceu a selecção chinesa por 2-0 e nos dois outros jogos que disputou na China, ganhou um e empatou outro. O futebol chinês era ainda uma modalidade amadora e a seleção do país, que não estava sequer inscrita na FIFA, era composta sobretudo por operários. “Primeiro a Amizade, Depois a Competição”, era, aliás, o lema que regia o desporto na China. Ainda assim, “os jogadores chineses corriam sempre atrás da bola” e “davam trabalho exactamente por isso”, descreve Onofre, que recorda a viagem, desde Portugal, como uma “aventura”. “Saímos ao meio-dia de domingo de Lisboa, chegamos aqui na terça-feira: foram três ou quatro paragens. Na altura tivemos que contornar o Vietname [a guerra tinha acabado poucos anos antes], não podíamos sobrevoar”, revela. O antigo jogador lembra-se de visitar a Muralha da China e o Palácio de Verão, dois ex-libris da China, mas o que mais o impressionou foi a paisagem humana. “No final dos turnos, na avenida junto à praça Tiananmen, eram milhões de pessoas a sair das fábricas de bicicleta. E havia um outro carro que tinha que se desviar, porque eles iam direitos, naquela tranquilidade deles”, conta. A entrevista à Lusa decorreu em Pequim, para onde Onofre regressou, no ano passado, agora como treinador de futebol numa escola pública da capital chinesa. A pobre e isolada China que o português conheceu no verão de 1978 converteu-se, entretanto, na segunda maior economia do mundo, alargando a classe média em centenas de milhões de pessoas, num ritmo sem paralelo na História moderna. A paisagem urbana acompanhou as vertiginosas transformações: os típicos becos e bairros operários da capital chinesa foram arrasados para dar lugar a arranha-céus envidraçados e blocos de apartamentos. “Desse tempo, reconheço apenas a praça Tiananmen: à volta, tudo é diferente. Olho e penso: estou noutro mundo”, conta Valter Onofre. “Eu sei que estive aqui”, acrescenta, “mas é difícil de acreditar”.
Hoje Macau China / ÁsiaHong Kong pede a regiões da Grande Baía que evitem competição económica entre si [dropcap]A[/dropcap] chefe do Governo de Hong Kong apelou às regiões que integram o projecto chinês da Grande Baía, que Macau integra, para evitarem a competição económica entre elas, noticiou ontem o jornal South China Morning Post. “Estamos todos muito empenhados em construir uma economia na Grande Baía que seja aberta, internacional, que consistirá de um centro internacional de inovação e tecnologia e que conta com o apoio pessoal do Presidente Xi Jinping”, disse Carrie Lam, citado pelo jornal. Carrie Lam alertou contudo que a competição acirrada entre as cidades tem de ser “evitada tanto quanto possível”. O projecto da Grande Baía visa criar uma metrópole mundial a partir das regiões administrativas especiais chinesas de Hong Kong, Macau e nove cidades da província chinesa de Guangdong (Cantão, Shenzhen, Zhuhai, Foshan, Huizhou, Dongguan, Zhongshan, Jiangmen e Zhaoqing), com mais de 60 milhões de habitantes. Em 2016, de acordo com o jornal, esta região representou 12,5% do produto interno bruto da China. “As nove cidades na província de Guangdong, e Hong Kong e Macau devem alavancar os nossos pontos fortes e vantagens, para criar uma economia muito maior”, apontou Lam.
Hoje Macau China / ÁsiaCasais homossexuais processam Governo do Japão no Dia dos Namorados [dropcap]T[/dropcap]reze casais homossexuais recorreram hoje aos tribunais japoneses, no Dia dos Namorados, para processarem judicialmente o Governo do Japão, contestando a constitucionalidade da rejeição no país do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Seis casais, segurando cartazes nos quais se podia ler “Casamento para todo o Japão”, entraram num tribunal de Tóquio para processar o Governo japonês, uma iniciativa que também se verificou nas cidades de Osaka, Nagoya e Sapporo. Um dos queixosos, Kenji Aiba, ao lado do parceiro, Ken Kozumi, disse aos jornalistas que “lutaria esta guerra em conjunto com as minorias sexuais em todo o Japão”. No processo, argumenta-se que a lei viola o direito constitucional à igualdade, num país em que se observa uma crescente aceitação pública da diversidade sexual e do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Os casais afirmaram querer que o Governo siga o exemplo de muitas outras nações de forma a garantir a liberdade conjugal. Dez municípios japoneses chegaram a promulgar ‘decretos de parceria’ para casais do mesmo sexo para facilitar, por exemplo, o arrendamento conjunto de apartamentos, mas estes não são juridicamente vinculativos. Os advogados dos queixosos adiantaram que os casos podem levar até cinco anos, ou mais, para serem decididos.
Hoje Macau China / ÁsiaTerceira ronda negocial sobre comércio China/EUA arranca hoje em Pequim [dropcap]C[/dropcap]hina e Estados Unidos iniciam hoje um diálogo de alto nível, visando pôr fim a uma guerra comercial que ameaça a economia mundial e que poderá agravar-se, após um período de trégua de 90 dias. O secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, e o representante do Comércio, Robert Lighthizer, reúnem hoje e sexta-feira, em Pequim, com o vice-primeiro-ministro chinês Liu He. Trata-se do terceiro frente-a-frente desde que, no início de Dezembro, Xi Jinping e o homólogo norte-americano, Donald Trump, concordaram uma trégua de 90 dias, para encontrar uma solução para a guerra comercial que espoletou entre os dois países, no verão passado. Washington e Pequim aumentaram já as taxas alfandegárias sobre centenas de milhões de dólares de produtos de cada um dos países, caso não haja um acordo até 1 de Março, Trump ameaça aumentar ainda mais as taxas sobre importações oriundas da China. Empresários e economistas consideram improvável que os dois lados cheguem a um acordo definitivo e alegam que Pequim vai tentar convencer Washington a prolongar o período de trégua. Robert Lighthizer e Liu He apertaram as mãos no início da reunião, numa residência oficial do Governo chinês, mas não prestaram declarações à imprensa. Trump quer que a China ponha fim a subsídios estatais para certas indústrias estratégicas, à medida que a liderança chinesa tenta transformar as firmas do país em importantes actores em actividades de alto valor agregado, como inteligência artificial ou robótica, ameaçando o domínio norte-americano naquelas áreas. Washington quer também mais acesso ao mercado, melhor protecção da propriedade intelectual e o fim da ciberespionagem sobre segredos comerciais de firmas norte-americanas. Mas o Partido Comunista Chinês está relutante em abdicar dos seus planos, que considera cruciais para elevar o estatuto global do país. Na terça-feira, Trump afirmou que, embora não esteja inclinado a prolongar o prazo, poderá adiar novas taxas alfandegárias por algum tempo, caso as negociações estejam a ser frutíferas. Grupos empresariais consideram que a decisão dos principais representantes do comércio, Lighthizer e Liu, de participar pessoalmente no encontro, é um sinal de que as negociações estão a progredir. Empresas de ambos os lados foram prejudicadas pelas taxas alfandegárias impostas por Washington e pelas medidas de retaliação impostas por Pequim, ameaçando abalar as cadeias de produção globais. Os líderes chineses estão dispostos a reduzir o superavit nas trocas comerciais com os EUA, mas recusam-se a alterar os seus planos de desenvolvimento. As autoridades chinesas negam ainda que as empresas estrangeiras são forçadas a transferir tecnologia, em troca de acesso ao mercado, mas grupos empresariais e governos apontam para regulamentos que obrigam as companhias a divulgarem segredos comerciais ou a partilharem tecnologia com parceiros estatais chineses. As autoridades chinesas estão também a resistir à pressão dos EUA para aceitar um mecanismo de fiscalização que verifique se Pequim cumpriu as suas promessas.
Hoje Macau China / ÁsiaJornalista filipina distinguida pela revista Time detida por difamação [dropcap]A[/dropcap] jornalista filipina Maria Ressa, uma das “personalidades do ano” da revista Time em 2018, foi ontem detida por “difamação cibernética”, após a publicação de um artigo em 2012 sobre o empresário Wilfredo Keng. Maria Ressa encontrava-se nas instalações do Rappler – um portal de notícias ‘online’ que adoptou uma linha crítica contra a guerra mortal contra as drogas liderada pelo Presidente Rodrigo Duterte – quando agentes do Gabinete Nacional de Investigação entraram para entregar o mandado de prisão, explicou a equipa de redacção, nas redes sociais. O departamento de Justiça apresentou acusações de “difamação cibernética” contra o portal Rappler, Maria Ressa – directora do portal de notícias e presidente da corporação Rappler Incorporated – e o jornalista de investigação Reynaldo Santos, por um artigo publicado em Maio de 2012. No passado mês, três procuradores do departamento de Justiça decidiram a favor do empresário Wilfredo Keng, que em Outubro de 2017 apresentou uma denúncia pela reportagem de investigação do Rappler, no qual Keng estava alegadamente ligado ao tráfico de drogas e pessoas. Apesar de já ter expirado o prazo de apresentação da queixa, o departamento de Justiça reabriu o caso uma semana depois, em Março de 2018, com base na teoria da “publicação contínua”, uma vez que o artigo ainda se encontrava na rede. Este não é o único processo judicial que Maria Ressa enfrenta, já que em Novembro de 2018 foi emitido um mandado de prisão por cinco alegados crimes de evasão fiscal, acusando tanto o portal Rappler como Maria Ressa. Ressa evitou a prisão com o pagamento de uma fiança e o caso está a aguardar julgamento. O Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, não escondeu a sua animosidade em relação ao portal Rappler, que acusou de ser financiado pela CIA, e proibiu em Fevereiro de 2018 o acesso ao palácio presidencial a jornalistas deste meio de comunicação.
Hoje Macau China / ÁsiaHuawei | Pequim diz que não há evidências de ameaça à segurança nacional [dropcap]O[/dropcap] Governo chinês afirmou ontem que os Estados Unidos e outros países não apresentaram nenhuma evidência conclusiva de que o grupo chinês das telecomunicações Huawei constitui uma ameaça à segurança nacional. A porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Hua Chunying, acusou os críticos da Huawei de fabricar ameaças e abusar do poder do Estado para “eliminar os legítimos direitos e interesses de desenvolvimento das empresas chinesas”, e “usar meios políticos para intervir na economia”. Os comentários de Hua surgem numa altura em que Washington renova a pressão sobre vários países para que fechem os seus mercados à Huawei, por motivos de segurança nacional. Na segunda-feira, o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, advertiu os aliados dos Estados Unidos contra o uso de equipamentos da empresa, afirmando que isso pode dificultar a troca de informações com Washington. “Queremos ter a certeza de que identificamos as oportunidades e os riscos de usar equipamento” da Huawei, disse Pompeo, durante uma visita a Budapeste. A empresa recusa as acusações de espionagem e nega que o regime chinês recorra à sua tecnologia para espiar os utilizadores. Mas a Austrália e a Nova Zelândia baniram já as redes de Quinta Geração (5G) da Huawei por motivos de segurança nacional, após os Estados Unidos e Taiwan, que mantém restrições mais amplas à empresa, terem adoptado a mesma medida. Também o Japão, cuja agência para a segurança no ciberespaço classificou a firma chinesa como de “alto risco”, baniu as compras à Huawei por departamentos governamentais. Reis da rede Fundada em 1987, por Ren Zhenfei, um ex-engenheiro das forças armadas chinesas, a Huawei é hoje o maior fabricante global de equipamentos de rede e tem escritórios em Lisboa, onde conta também com um centro de inovação e experimentação. Segundo a AICEP (Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal), desde 2004, a firma chinesa investiu 40 milhões de euros em Portugal. Em Dezembro passado, durante a visita a Lisboa do Presidente chinês, Xi Jinping, foi assinado entre a Altice e a Huawei um acordo para o desenvolvimento da tecnologia 5G em Portugal, apesar de, também a União Europeia ter assumido “estar preocupada” com a empresa e com outras tecnológicas chinesas, devido aos riscos que estas colocam em termos de segurança. As redes sem fio 5G destinam-se a conectar carros autónomos, fábricas automatizadas, equipamento médico e centrais eléctricas, pelo que vários governos passaram a olhar para as redes de telecomunicações como activos estratégicos para a segurança nacional. A Huawei é também o primeiro actor global chinês no sector tecnológico, tornando a empresa politicamente importante, à medida que Pequim tenta transformar as firmas do país em importantes competidores em actividades de alto valor agregado, como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros eléctricos. A empresa emprega 180 mil pessoas e as vendas superaram os 100 mil milhões de dólares, em 2018.
Hoje Macau EventosImprensa Nacional abre ano editorial com todos os poemas que Pessoa publicou em vida [dropcap]O[/dropcap] volume “Mensagem e Poemas Publicados em Vida”, de Fernando Pessoa, numa edição crítica do filólogo Luiz Fagundes Duarte, abre esta semana o ano editorial da Imprensa Nacional (IN). Na introdução deste volume, intitulada “O Palácio Abandonado”, Luiz Fagundes Duarte afirma que “Fernando Pessoa era um rapaz planeado. E muito produtivo”, todavia em vida “apenas trouxe a público 129” poemas. Segundo o catedrático da Universidade Nova de Lisboa, dos 129 poemas que Fernando Pessoa (1888-1935) publicou em vida, 18 “foram republicados uma ou mesmo duas vezes, em datas e contextos diferentes, o que nos dá, em termos absolutos, um total de 111 poemas”, que inclui a “Mensagem”, que só por si reedita 14 poemas publicados anteriormente. O livro “Mensagem” (1934) totaliza 44 poemas e, inicialmente, estava previsto intitular-se “Portugal”, mas “à derradeira hora [foi] rebaptizado como ‘Mensagem’”. Quanto ao título da introdução, é uma referência a uma das obras que Pessoa previu publicar, “As Septe Salas do Palácio Abandonado” que, conforme os seus projectos, “contaria entre 186 e, pelo menos, 226 poemas”. Fernando Pessoa contava 27 anos, quando projectou publicar “As Septe Salas do Palacio Abandonado”, título que o filólogo aponta como “exótico” e que “se revela muito interessante não só pela ideia que o sustenta como pelo pormenor com que foi delineado”: “um ‘palácio poético’ com sete salas, cada uma com a sua designação e com o seu mobiliário”. Luiz Fagundes Duarte anexa a esta introdução, uma edição interpretativa e articulada da lista de poemas para ‘As Septe Salas’, e da sua distribuição interna “tal como Fernando Pessoa, algures na sua juventude, as pensou, e poderá verificar se os poemas que são referenciados pelo poeta para integrarem o livro no seu conjunto, e cada uma das salas em particular, cabem ou não naquela classificação tipológica”. Olho aberto Quanto ao volume que agora se traz a público, parte de um princípio metodológico: “Uma coisa são os textos — neste caso, poemas — que Fernando Pessoa, num dado contexto histórico, social e estético, entendeu publicar com o seu nome, e outra coisa são os que não publicou”, esclarece Fagundes Duarte. Sendo que “estes últimos têm vindo a ser editados criticamente por outras pessoas, chegou agora a vez dos primeiros — os ‘Poemas Publicados em Vida’, incluindo o livro de poesia mais referenciado de Pessoa, a ‘Mensagem’, bem como os poemas alheios que de outras línguas — o inglês e o espanhol — verteu para português”, serem reunidos num título. Referindo-se à edição crítica de Pessoa, Fagundes Duarte afirma que, “aparentemente, a tarefa é coisa fácil: bastaria recolher os respetivos testemunhos impressos e organizá los por datas de publicação”, mas “filologia ‘è cosa mentale’”, argumenta, numa referência ao que escreveu sobre a pintura Leonardo Da Vinci. “O olho do filólogo tem obrigação de ver mais que o do leitor não diferenciado: deve, sempre que para tal tem materiais e utensílios — e neste caso tem nos —, evitar a tentação da imitação (ou seja, limitar se a reproduzir o que já existe) e assumir o dever da interpretação”, argumenta o investigador. “Em grande parte, os poemas que Pessoa publicou em vida dispõem de originais autógrafos, que podem e devem ser descritos e interpretados pelo filólogo com vista a que o leitor tenha uma noção, o mais possível objectiva, da história genética que de cada um se pode contar”, esclarece Luiz Fagundes Duarte.
Hoje Macau EventosPresidente da República portuguesa vai condecorar Carrilho da Graça e Souto de Moura [dropcap]O[/dropcap] Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, anunciou ontem que vai condecorar, numa cerimónia no Palácio de Belém, os arquitectos João Luís Carrilho da Graça e Eduardo Souto de Moura com a Grã-Cruz da Ordem da Instrução Pública. Marcelo Rebelo de Sousa discursou ontem no lançamento do livro “Guia de arquitectura Carrilho da Graça – projectos construídos Portugal”, cerimónia que decorreu no Centro Cultural de Belém, em Lisboa. “O Presidente da República limita-se a dar voz a esse clamor unânime e a simbolizá-lo 20 anos e uma centena de projectos depois do galardão atribuído pelo Presidente Jorge Sampaio, comunicando que o irá condecorar com a Grã-Cruz da Ordem da Instrução Pública, tal como o fez já com Álvaro Siza Vieira, e o fará também com Eduardo Souto de Moura”, anunciou no final do seu discurso. Na opinião do Presidente da República trata-se de um “verdadeiro magistério de excelência”, adiantando que a cerimónia de condecoração acontecerá no Palácio de Belém, em Lisboa. “Porque mesmo os mais heterodoxos dos heterodoxos no estilo nunca devem deixar de ter presente o mínimo sentido de Estado que o reconhecimento nacional envolve, porque é de reconhecimento nacional que falamos ao celebrar os nossos melhores em nome de Portugal”, elogiou. Na opinião do Presidente da República, “tinha de chegar um dia em que somados quase todos os prémios possíveis, chegasse o guia da obra e a justíssima homenagem ao seu criador”. “É hoje. Hoje aqui se encontram pares na caminhada, discípulos na sabedoria, colaboradores no engenho, admiradores do homem e do seu sonho, expectantes das surpresas do futuro por viver”, enumerou.
Hoje Macau SociedadeUM | Ge Wei e So Kee Long designados vice-reitores [dropcap]G[/dropcap]e Wei e Billy So Kee Long foram escolhidos para o cargo de vice-reitores da Universidade de Macau (UM), após deliberações do Conselho da UM, tomadas já em Agosto e Dezembro, diz um aviso da instituição, publicada ontem em Boletim Oficial. Ge Wei, professor da Faculdade de Ciências da Saúde da UM, foi nomeado por cinco anos, enquanto Billy So Kee Long, vindo da Faculdade de Humanidades da Universidade de Ciência e Tecnologia de Hong Kong, por três anos. Ambas as nomeações produzem efeitos a partir de segunda-feira. Segundo o ‘site’ da UM, Ge Wei exercia já o cargo de vice-reitor substituto para a área da investigação. Existem mais quatro postos de vice-reitor, um dos quais (Assuntos Globais) ocupado por Rui Martins.