China / ÁsiaPutin e Xi Jinping em consonância sobre Venezuela e outros temas internacionais Hoje Macau - 6 Jun 2019 [dropcap]O[/dropcap]s presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da China, Xi Jinping, apelaram hoje ao diálogo para a resolução da crise política na Venezuela e anunciaram medidas para contrariar as restrições às exportações de altas tecnologias. A declaração emitida no final de um encontro que durou várias horas entre Putin e Xi no Kremlin apela a todas as partes envolvidas no conflito venezuelano a “apoiar uma solução pacífica dos problemas no país através de um diálogo político inclusivo” e rejeitaram uma possível “intervenção militar” na Venezuela. “Seguimos atentamente o desenvolvimento dos acontecimentos na Venezuela e apelamos a todas as partes a cumprir com a Carta da ONU, assim como as normas do direito internacional e as relações entre os Estados”, acrescenta o documento. Putin e Xi, líderes de dois países que possuem importantes interesses económicos na Venezuela, expressam também a intenção de continuar a manter consultas sobre a América Latina e reforçar os contactos e acções conjuntas para aprofundar as relações com os países da região. Numa alusão à actual guerra comercial entre o gigante asiático e os Estados Unidos, a declaração russo-chinesa assinala que as duas partes se propõem “contrariar a imposição de restrições infundadas ao acesso aos mercados de produtos de tecnologia da informação com a desculpa de garantir a segurança nacional, assim como a exportação de produtos e altas tecnologias”, assinala a declaração conjunta emitida no final das negociações entre os dois estadistas. O documento também sublinha a disposição de se “oporem à ditadura política e à chantagem na cooperação comercial e económica internacional, e condenar a aspiração de alguns países de se arrogarem no direito de decidir os parâmetros da cooperação entre outros países”. Putin e Xi Jinping, acusados de promoveram a censura no universo digital, também prometem “garantir o funcionamento pacífico e seguro da Internet na base da igualdade de condições de todos os países no dito processo”. “E também contribuir para instaurar a regularização de um espaço informativo global”, acrescenta. Num contexto de fortes tensões entre a Rússia e os Estados Unidos, as trocas comerciais entre Moscovo e Pequim aumentaram 25% em 2018, para atingir um nível recorde de 108 mil milhões de dólares (96 mil milhões de euros), um aspecto também sublinhado no comunicado conjunto. Estes números contrastam com a actual guerra comercial entre a China e os Estados Unidos, que ocorre também após Moscovo acusar Washington de competência desleal no caso do gasoduto Nordstream-2 entre a Rússia e a Alemanha, um projecto que hoje voltou a ser criticado por Washington. O líder russo enfatizou a perspectiva comum de Moscovo e Pequim sobre numerosos temas internacionais, em particular a oposição conjunta à retirada os Estados Unidos do Tratado sobre Forças nucleares de alcance intermédio (INF), um decisivo pacto sobre o controlo de armamento firmado no final da Guerra fria. Os dois presidentes consideraram que esta decisão dos EUA “corrói a estabilidade estratégica”, e também manifestaram preocupação pela crescente ameaça de uma corrida ao armamento no espaço, apelando à abolição global do envio de armamento para a órbita terrestre. Putin e Xi Jinping também enfatizaram a necessidade de preservar o acordo nuclear com o Irão, e prometeram contribuir para o avanço das conversações sobre a desnuclearização da Coreia do Norte. Hoje, os dois líderes também assistiram à inauguração de uma fábrica de automóveis chinesa no sul de Mosovo, e à oferta de dois pandas ao zoo da capital russa. Após o programa moscovita, Xi Jinping, que prolonga por vários dias a sua visita à Rússia, desloca-se à antiga capital dos czares e da Revolução de Outubro, onde entre quinta e sexta-feira será convidado de honra no Fórum económico de São Petersburgo, o principal encontro empresarial da Rússia, que deverá reunir 17.000 pessoas. A economia russa tem sido duramente atingida pelas sanções europeias e norte-americanas desde 2014, na sequência da crise ucraniana e da anexação da Crimeia.