Arnaldo Matos, fundador do partido português PCTP/MRPP, morre aos 79 anos

[dropcap]O[/dropcap]fundador do Partido Comunista dos Trabalhadores Portugueses (PCTP/MRPP) Arnaldo Matos morreu esta sexta-feira de madrugada, aos 79 anos, vítima de doença, informou fonte do partido.

“É com uma profunda tristeza e um enorme vazio que vimos informar que faleceu há poucas horas o nosso querido camarada Arnaldo Matos, fundador do PCTP/MRPP e um incansável combatente marxista que dedicou toda a sua vida ao serviço da classe operária e a lutar pela revolução comunista e por uma sociedade sem classes”, escreve o partido numa nota.

Arnaldo Matos fundou o Movimento Reorganizativo do Partido do Proletariado (MRPP), em Lisboa, na clandestinidade, em 18 de setembro de 1970, juntamente com Vidaúl Ferreira, Fernando Rosas e João Machado.

Fonte do partido adiantou que Arnaldo Matos faria 80 anos no próximo domingo, e que o PCTP/MRPP tinha preparada uma homenagem.

Na nota intitulada “Honra ao camarada Arnaldo Matos” (1939-2019), o PCTP/MRPP diz que a sua obra e o seu exemplo “perdurarão para sempre na memória dos operários e dos trabalhadores portugueses e constituirão um guia na luta do proletariado revolucionário e dos comunistas pelo derrube do capitalismo e do imperialismo e pela instauração do modo de produção comunista e de uma sociedade de iguais”.

O partido acrescenta que divulgará mais tarde informações sobre as exéquias e o funeral.

Macau e a ligação ao Maoísmo

Arnaldo Matias de Matos nasceu na Madeira, em Santa Cruz, em 24 de fevereiro de 1939, e é o mais velho de cinco irmãos da família Matos.

Fez o ensino na Madeira e aos 8 anos ajudava o pai no comércio e no balcão do botequim, a vender copos de vinho e aguardente. Em 1958, aos 19 anos, escreve um manifesto dos jovens madeirenses de apoio à candidatura presidencial de Humberto Delgado, em plena ditadura.

Vai estudar para Coimbra, na Faculdade de Direito, mas, em 1961, faz a recruta em Mafra e é destacado para Macau, numa companhia liderada por Ramalho Eanes, anos mais tarde Presidente da República. E é aí, na então colónia portuguesa que toma o primeiro contacto com os textos e a doutrina de Mao Zedong, antes de seguir para uma comissão militar em Moçambique.

Arnaldo Matos participa nos Comités Vietname, transformados em comités de luta contra a guerra colonial, e, em 1970, está na fundação do MRPP.

É maoísta, ateu e um dos críticos do PCP, de Álvaro Cunhal, na defesa de que o “Estado só pode ser derrubado pela força das armas”.

Após o 25 de Abril de 1974, que derrubou o regime ditatorial, Arnaldo Mato e muitos militantes do MRPP continuam na clandestinidade e no ano seguinte é preso pelo COPCON, comando operacional do continente, liderado por Otelo Saraiva de Carvalho.

É dessa altura que fica conhecida a frase, gritada por militantes e apoiantes do seu partido: “Liberdade já para o camarada Arnaldo de Matos”, que já era conhecido como o “grande educador da classe operária”.

Em 1982 abandona o PCTP/MRPP, mas nos últimos anos tornou-se um dos mais activos militantes, com dezenas e dezenas de escritos na página do órgão oficial do partido, www.lutapopularonline.org e criou uma conta no Twitter, em que fez criticas ferozes a primeiro-ministro, António Costa, e ao acordo de esquerda que permitiu o governo minoritário do PS.

A poetisa Natália Correia, que também foi deputada, dedicou-lhe, como fez a alguns políticos, um poema em que o define como “um romântico, um feiticeiro, com uma capacidade rara de seduzir, de hipnotizar (…) O nosso Rasputinezinho.”

22 Fev 2019

Pompeo e Guterres discutiram situação na Venezuela

[dropcap]O[/dropcap]secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, e o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, reuniram ontem, numa altura de crescente tensão devido à entrega de ajuda humanitária na Venezuela prevista para este fim de semana.

O encontro, marcado à última hora a pedido dos Estados Unidos, aconteceu na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, e durou cerca de 30 minutos, com Mike Pompeo a recusar prestar declarações. No entanto, as Nações Unidas já tinham confirmado que a situação na Venezuela seria um dos assuntos em discussão.

Em entrevista a uma televisão, o chefe da diplomacia norte-americana defendeu a necessidade de levar ajuda à Venezuela, devido a uma “enorme crise humana” no país. “Este fim de semana vamos tentar entregar centenas de toneladas de ajuda paga por contribuintes norte-americanos.

Esperamos conseguir passar na fronteira”, disse Pompeo ao canal NBC, antes de se encontrar com Guterres. O secretário de Estado disse que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está “decidido” a dar ajuda humanitária aos venezuelanos, embora o Governo de Nicolas Maduro a rejeite.

Maduro ordenou na quinta-feira o encerramento da fronteira com o Brasil, adiantando que estava “a avaliar” um decreto semelhante na fronteira com a Colômbia, onde está armazenada a ajuda internacional organizada por países que reconhecem o chefe do parlamento, Juan Guaidó, como presidente interino da Venezuela.

O Governo venezuelano tem insistido em negar a existência de uma crise humana no país e tem dito que não permitirá a entrada de ajuda na Venezuela.

O auto-proclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, anunciou que em 23 de Fevereiro entrará a ajuda humanitária no país, referindo que existem “250 a 300 mil venezuelanos em risco de morrer”.

A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de Janeiro, quando o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se auto-proclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.

Guaidó, 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres.

Nicolás Maduro, 56 anos, no poder desde 2013, recusou o desafio de Guaidó e denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.

A maioria dos países da União Europeia, entre os quais Portugal, reconheceram Guaidó como Presidente interino encarregado de organizar eleições livres e transparentes.

A repressão dos protestos anti-governamentais desde 23 de Janeiro provocou já 40 mortos, de acordo com várias organizações não-governamentais.

Esta crise política soma-se a uma grave crise económica e social que levou 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados das Nações Unidas.

22 Fev 2019

Coreia do Norte pede ajuda humanitária devido à falta de alimentos

[dropcap]A[/dropcap]s autoridades da Coreia do Norte pediram ajuda às Nações Unidas e a outras organizações humanitárias devido à falta de alimentos no país, anunciou ontem a ONU.

“O Governo solicitou assistência das organizações humanitárias internacionais presentes no país para responder ao impacto da situação de segurança alimentar”, disse Stéphane Dujarric, porta-voz das Nações Unidas.

O porta-voz referiu que as Nações Unidas estão em contacto com as autoridades norte-coreanas para analisar o impacto que a falta de alimentos pode ter sobre a população mais vulnerável e agir cedo para suprimir as necessidades humanitárias.

Stéphane Dujarric explicou que, de acordo com dados fornecidos por Pyongyang, é esperado que em 2019 o país tenha uma escassez de cerca de 1,4 milhões de toneladas de alimentos básicos, como trigo, arroz, batata ou soja.

“As Nações Unidas estão preocupadas com a deterioração da situação de segurança alimentar na Coreia do Norte e estão a analisar com governo”, defendeu.

O país asiático foi o cenário nos anos 1990 de uma fome severa que, de acordo com diferentes estimativas, custou a vida de entre 250 mil e mais de três milhões de pessoas.

A Coreia do Norte está sujeita a sanções internacionais significativas como resultado do seu programa nuclear e de mísseis e, embora haja isenções humanitárias, muitos especialistas reconhecem que as punições contra o regime também afectam a população.

Países como a Rússia pediram o levantamento de algumas dessas sanções para encorajar Pyongyang a avançar nas negociações de desnuclearização com os Estados Unidos, que querem ver resultados concretos antes de dar esse passo.

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, vão realizar na próxima semana a segunda cimeira em Hanói, no Vietname, com o objectivo de chegar a acordo sobre uma “definição compartilhada” do que significa desnuclearização, depois de meses de impasse nas negociações.

Trump e Kim realizaram uma primeira reunião histórica em Singapura em Junho passado para dar os primeiros passos neste processo.

22 Fev 2019

Maior abelha do mundo redescoberta na Indonésia

[dropcap]A[/dropcap]maior abelha do mundo, desaparecida há décadas e que se admitia “perdida para a ciência”, foi redescoberta numa ilha remota da Indonésia, anunciaram ontem os investigadores que a descobriram.

“Foi de tirar o fôlego, ver este ´buldogue´ voando”, comentou o naturalista Clay Bolt, citado num comunicado da organização ambientalista norte-americana “Global Wildlife Conservation”.

Bolt encontrou numa floresta tropical das ilhas Molucas, Indonésia, uma colmeia de abelhas de Wallace (Megachile pluto), afirmando agora que “foi incrível” ver o quão “grande e bonita” é a espécie e ouvir o som das suas “asas gigantes”.

Esta abelha, cuja fêmea pode chegar a ter quatro centímetros de comprimento e seis de envergadura de asas, é quatro vezes maior que a abelha comum e foi descoberta pelo britânico Alfred Russel Wallace em 1858. Mais de um século depois, em 1981, foi redescoberta em três ilhas do arquipélago das Molucas do Norte por um entomologista.

“Espero que esta redescoberta leve a novas investigações, que nos ajudarão a entender melhor esta abelha única e a protegê-la”, disse Eli Wyman, entomologista da universidade de Princeton, Estados Unidos, e que fazia parte do grupo que voltou a encontrar a abelha. Expedições anteriores à mesma região não tinham conseguido localizar a espécie gigante.

A Lista Vermelha das espécies ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) classifica as abelhas de Wallace como “vulneráveis”, não ameaçadas de extinção, notando que o habitat remoto torna o seu estudo difícil.

Os cientistas sabem no entanto que as abelhas de Wallace fazem as colmeias em termiteiras instaladas em árvores e que utilizam resina que recolhem com as mandíbulas para proteger a colónia das térmitas.

Na página da organização ambientalista, Bolt descreve o processo que o levou às ilhas Molucas em Janeiro passado, pela mesma altura da viagem de Wallace e depois de Adam Messer, o último a ver a abelha em 1981.

22 Fev 2019

Tensões comerciais entre EUA, UE e China são “grande teste” à escala mundial, diz OMC

[dropcap]A[/dropcap] Organização Mundial do Comércio (OMC) classificou ontem as tensões comerciais entre os Estados Unidos e a União Europeia (UE) e entre Washington e Pequim como “um grande teste” à comunidade internacional, antecipando “riscos” como o abrandamento económico.

“As correntes tensões entre os principais parceiros comerciais [da OMC] são um grande teste à comunidade internacional e os riscos são reais, assim como os impactos económicos”, declarou o director-geral da OMC, Roberto Azevêdo, em Bucareste, na Roménia.

Discursando no início da reunião informal dos responsáveis pela pasta do Comércio nos Estados-membros da UE, Roberto Azevêdo assinalou que as perspectivas do comércio mundial da OMC, divulgadas há dias, mostraram precisamente um “abrandamento no crescimento económico no primeiro trimestre de 2019”, reflectindo “o número mais baixo desde 2010”.

“Temos, por isso, de fazer tudo o que pudermos para amenizar essas tensões e temos também de pensar como podemos fortalecer as relações comerciais”, salientou o responsável.

A seu ver, isso resolve-se “facilitando as negociações” entre os países, modernizando a própria OMC para “tornar o sistema comercial mais responsável” e ainda promovendo a cooperação “em vários assuntos, como as pescas, a agricultura, a segurança alimentar e o comércio electrónico”.

Em causa está, desde logo, a incerteza nas relações comerciais entre os Estados Unidos e a UE.
Em meados de Janeiro passado, a Comissão Europeia apresentou um ante-projecto que irá ser proposto aos Estados Unidos, ainda sem data definida, para a eliminação das tarifas aplicadas aos produtos industriais, sem contar com a área agrícola, e a redução das barreiras, no que toca ao cumprimento de requisitos técnicos, para trocas comerciais entre os dois continentes.

O documento vem no seguimento de uma reunião realizada em Julho do ano passado, em Washington, entre os presidentes da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e dos Estados Unidos, Donald Trump, na qual foram divulgadas medidas para apaziguar o conflito comercial, mas os anúncios foram vagos.

Já esta segunda-feira, a Comissão Europeia disse que dará uma resposta “rápida e adequada” se os Estados Unidos concretizarem a ameaça de aumentar as tarifas alfandegárias sobre a importação de automóveis europeus.

Antes, no domingo passado, o secretário norte-americano do Comércio, Wilbur Ross, apresentou oficialmente ao Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, um documento sobre a indústria automóvel que poderá permitir a cobrança de novas taxas alfandegárias sobre as importações de automóveis e peças da UE.

Também de incerteza é feita a relação comercial entre os Estados Unidos e a China. Ontem arrancou uma nova ronda de negociações entre estes países, com uma visita do vice-primeiro-ministro chinês, Liu He, a Washington, que decorre até hoje.

Esta será a quarta ronda de negociações de alto nível entre as duas partes, que vai terminar a apenas uma semana do prazo acordado para a assinatura de um pacto final, em 1 de Março.

Donald Trump e o Presidente chinês, Xi Jinping, concordaram uma trégua de 90 dias em 01 de Dezembro de 2018, o que significou a suspensão temporária do aumento de 10% a 25% nas tarifas norte-americanas sobre produtos chineses no valor de 200 mil milhões de dólares.

22 Fev 2019

Forbes distingue 61 hotéis, spas e restaurantes de Macau

[dropcap]M[/dropcap]ais de 60 unidades hoteleiras, spas e restaurantes de Macau foram premiados pelo Guia de Viagens da Forbes 2019, que atribuiu a pontuação máxima de 5 estrelas a 35 destes espaços nos ‘resorts integrados’.

No total, a Forbes premiou 61 estabelecimentos no território, que no ano passado recebeu mais de 35 milhões de visitantes.

Em resposta à Lusa, o gabinete do secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, destacou que a distinção “eleva o estatuto de Macau como centro mundial de turismo e lazer”. “É com satisfação que o Governo vê este reconhecimento, que é bem revelador da qualidade do investimento privado, do permanente esforço e procura da excelência que é colocada nos serviços prestados”, acrescentou.

Dos 22 hotéis galardoados, 12 receberam 5 estrelas, enquanto os restaurantes de Macau foram contemplados com 17 estabelecimentos de 5 estrelas, entre os 24 premiados.

As autoridades de Macau destacaram que este reconhecimento veio “na sequência da inclusão de Macau na rede de Cidades Criativas da UNESCO, no âmbito da gastronomia” que “contribui indiscutivelmente para aumentar a atractividade e a diversidade turística da cidade, sendo que o desígnio que nos foi confiado de nos afirmarmos como centro Mundial de Turismo e Lazer saiu assim reforçado”. Já na categoria de ‘spa’, a Fobres premiou 15 estabelecimentos.

Em comunicado, a Forbes destacou que “seis novos restaurantes [de Macau] conquistaram o cobiçado prémio de 5 estrelas pela primeira vez”.

O grupo hoteleiro e de jogo Wynn Resorts, que em Macau foi galardoado com 15 prémios, já reagiu afirmando estar “profundamente honrado pelo reconhecimento do Guia de Viagens da Forbes”.

O grupo liderado por Lawrence Ho, filho do magnata do jogo de Macau Stanley Ho, Melco Resorts, também com 15 prémios em Macau, destacou o facto do seu hotel Nüwa, no Resort integrado ‘City of Dreams’ ter recebido 5 estrelas em todas as categorias de prémios.

Em Dezembro do ano passado, 19 restaurantes de Macau foram galardoados com estrelas atribuídas pela edição de 2019 do Guia Michelin Hong Kong Macau, que apresentou a 11.ª edição no território.

Os restaurantes Robuchon au Dôme e The Eight, ambos no hotel-casino Grand Lisboa, mantêm as três estrelas Michelin, enquanto o restaurante Jade Dragon, que tinha duas estrelas em 2017, passa agora a apresentar três.

O novo restaurante Alain Ducasse at Morpheus, do ‘chef’ de renome internacional, com mais de 20 restaurantes espalhados pelo mundo arrecadou, na estreia em Macau, duas estrelas Michelin. Os restaurantes Feng Wei Ju, Golden Flower, Mizumi e The Tasting Room, continuam com duas estrelas.

Como em 2017, Macau tem ainda 11 restaurantes com uma estrela Michelin: King, Lei Heen, 8 1/2 Otto e Mezzo-Bombana, Pearl Dragon, Shinji by Kanesaka, The Golden Peacock, The Kitchen, Tim’s Kitchen, Wing Lei, Ying e Zi Yat Heen.

“A gastronomia destas regiões é das mais ricas do mundo”, com uma diversidade que vai desde os traços “britânicos, portugueses, indianos, italianos” e cantoneses, disse o director internacional dos Guias Michelin, Gwendal Poullennec, durante a conferência de apresentação do Guia Michelin Hong Kong Macau 2019.

22 Fev 2019

Taiwan apresenta novo projecto de lei para casamento ‘gay’

O Governo de Taiwan apresentou um projecto de lei que estabelece a base legal para uniões entre casais do mesmo sexo sem alterar o código civil, conforme exigido pelo resultado de um referendo realizado no final de 2018

 

[dropcap]O[/dropcap]novo projecto de lei, apresentado na quarta-feira, visa combinar o resultado do referendo de 24 de Novembro – que exigiu não alterar a definição tradicional de casamento – com uma interpretação constitucional anterior que exigia a igualdade de direitos para os homossexuais, explicou a porta-voz do Governo, Kolas Yotaka.

O documento divulgado pelo Ministério da Justiça propõe que “duas pessoas do mesmo sexo possam criar uma união permanente de natureza íntima e exclusiva com o objectivo de gerir uma vida em conjunto”. Os casais poderão adoptar os filhos biológicos do seu parceiro, enquanto ambas as partes são financeiramente responsáveis uma pela outra e têm direito a herança.

Taiwan é vista como uma das sociedades mais progressistas da Ásia no que diz respeito aos direitos dos homossexuais e é palco, anualmente, da maior parada do orgulho ‘LGBT’ daquele continente.

“Não importa se és heterossexual ou homossexual, somos todos do mesmo país. Estamos todos na mesma terra e no mesmo mundo. Todos devem ser tratados com respeito e igualdade”, lê-se numa nota divulgada posteriormente pelo Governo.

Outra via

Durante o anúncio, o primeiro-ministro taiwanês, Su Tseng-chang, recordou que se a legislação exigida pela Constituição não for promulgada até 24 de Maio de 2019, os casais do mesmo sexo poderão, a partir dessa data, registar-se automaticamente para o casamento.

Em Maio de 2017, a Justiça taiwanesa deu luz verde ao reconhecimento entre pessoas do mesmo sexo e estabeleceu o prazo de dois anos para que fosse aprovada legislação.

No entanto, grupos opositores ao casamento ‘gay’ promoveram um referendo no final de 2018 que não descarta a legalização das uniões homossexuais, mas impede que isso seja feito através da alteração da definição de “casamento” no código civil, um golpe contra o partido da Presidente Tsai Ing-wen e uma ilustração clara da divisão social causada pela questão.

22 Fev 2019

Hong Kong | Mary Corse apresenta primeira exposição individual na Ásia

[dropcap]A[/dropcap]Pace Gallery, localizada na zona de Central, em Hong Kong, recebe entre os dias 26 de Março e 11 de Maio a primeira exposição individual no continente asiático da artista norte-americana Mary Corse.

Os trabalhos da artista focam-se sobretudo nas temáticas da percepção, propriedades da luz e abstraccionismo, todas elas abordadas na pintura “de uma forma inovadora, em que a luz serve tanto de tema como de objecto artístico”, aponta um comunicado.

Mary Corse traz para Hong Kong oito obras que nunca foram expostas anteriormente, onde cores como o branco, preto e vermelho acrílico são as protagonistas.

A artista começou a carreira em 1968, permanecendo activa nos últimos 50 anos. Começou a pintar depois de perceber como as linhas brancas na Pacific Coast Highway, estrada na Califórnia que liga São Francisco a San Diego, ficavam alteradas com as luzes dos faróis. “Traduzindo esta descoberta para a sua prática artística, Mary Corse combinou pequenos pedaços de vidro com pinturas acrílicas, tendo aproveitado a refracção da luz. Desta forma, [a artista] conseguiu criar uma luz que aparece consoante a posição da pessoa que vê a obra e o movimento à volta da pintura.”

Nascida em Berkeley, Califórnia, em 1945, Mary Corse formou-se em artes no actual California Institute of Arts em 1968. Para este ano, no Verão, está também prevista a abertura de uma nova exposição no Los Angeles County Museum of Art.

22 Fev 2019

Imobiliário | Preço médio por metro quadrado dos escritórios subiu 44,8% em 2018

[dropcap]O[/dropcap]preço médio por metro quadrado das fracções autónomas destinadas a escritório alcançou 163.863 patacas em 2018, traduzindo um aumento anual de 44,8 por cento. Dados divulgados ontem pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos mostram que houve aumentos em toda a linha.

O preço médio por metro quadrado das fracções habitacionais subiu 7,5 por cento para 108.427 patacas, enquanto os das industriais alcançou 56.393 patacas, reflectindo um aumento de 3,6 por cento face a 2017.

Ao longo do ano passado, foram transaccionadas 15.073 fracções autónomas e lugares de estacionamento (+7,8 por cento) pelo valor de 89,60 mil milhões de patacas (+5,1 por cento). As casas representaram a maior fatia (10.822 ou +241 face a 2017). Segundo a DSEC, em termos anuais, cresceu o número das que pertenciam a edifícios em construção (+574) e diminuiu (-333) o de fracções habitacionais em prédios construídos. O valor total das fracções autónomas habitacionais transaccionadas cifrou-se em 69,43 mil milhões de patacas, um valor semelhante ao de 2017. O preço médio por metro quadrado das fracções autónomas habitacionais de edifícios construídos (97.211 patacas) e o das de edifícios em construção (142.663) sofreu um aumento de 7,5 e 3,7 por cento, respectivamente, em termos anuais.

22 Fev 2019

Embaixador da China em Portugal, Cai Run: Relações entre a China e Portugal na “melhor fase”

Em entrevista colectiva, o Embaixador da China em Portugal, Cai Run, realça o momento único que se vive em termos de relações entre os dois países, o papel de Macau para o futuro das relações diplomáticas e a posição da China no panorama global

 

Este ano assinala-se o 40.° aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas entre Pequim e Lisboa e o 20° aniversário do retorno de Macau à China. Como avalia as relações sino-portuguesas? Quais são as suas expectativas?

[dropcap]A[/dropcap]China e Portugal estabeleceram relações diplomáticas oficiais a 8 de Fevereiro de 1979, inaugurando assim um novo capítulo. Desde então, o relacionamento bilateral tem percorrido um caminho de desenvolvimento extraordinário, com entendimento, respeito e confiança mútuos, assim como cooperação reciprocamente benéfica e de ganhos compartilhados. Em 1999, a China e Portugal resolveram a questão de Macau de forma apropriada, estabelecendo um paradigma de adoptar negociações amistosas para resolver questões bilaterais do passado. Depois, em 2005, foi estabelecida a Parceria Estratégica Global, levando a cooperação sino-portuguesa a entrar numa via expressa, com todos os sectores de ambas as partes a abraçarem um espaço de desenvolvimento mais amplo com perspectivas mais promissoras. Actualmente, as relações encontram-se na sua melhor fase histórica, com a frequente troca de visitas de alto nível e confiança política mútua cada vez mais profunda. Desenrolam-se de forma abrangente as cooperações pragmáticas bilaterais em várias áreas como a economia e comércio, investimento, energia, ciência e tecnologia, mar, finanças, educação, cultura, turismo, entre outras, criando benefícios tangíveis para os povos dos dois países. Em 2018, o comércio bilateral cresceu 7,27 por cento para 5,24 mil milhões de euros e o investimento chinês em Portugal – que é superior a 9 mil milhões de euros – abarca diferentes sectores, como a energia, electricidade, finanças, seguros ou saúde, tem-se traduzido em contribuições activas para o desenvolvimento socioeconómico português e o investimento de Portugal na China também regista um crescimento estável. Portugal foi o primeiro país da União Europeia a estabelecer oficialmente a Parceria Azul com a China, o primeiro a emitir cartões Unionpay na Europa e também o primeiro europeu a construir uma Oficina de Luban [a sexta no mundo] junto com a China. Em paralelo, hoje em dia, há mais de 30 universidades chinesas que ensinam a língua portuguesa e mais de 21 escolas portuguesas que ensinam mandarim, [demonstrando] que os dois povos têm um entusiasmo cada vez maior em aprender a língua do outro. Na primeira fase depois do estabelecimento das relações diplomáticas, o intercâmbio interpessoal entre os dois países foi de uma dimensão extremamente reduzida, mas actualmente centenas ou até milhares pessoas circulam entre os dois países diariamente. Constatamos com satisfação que a cooperação pragmática sino-portuguesa em diversas áreas já se tornou num paradigma de uma relação bilateral entre países de histórias, culturas, sistemas sociais e fases de desenvolvimento distintos, caracterizada pela coexistência pacífica e ganhos compartilhados, expondo um enorme potencial e uma perspectiva risonha de desenvolvimento. As relações sino-portuguesas situam-se num novo ponto de partida histórico e têm pela frente novas oportunidades de desenvolvimento, havendo muito a trabalhar e a lograr ao nível da cooperação.

Durante a visita de Xi Jinping a Portugal, os dois governos assinaram um Memorando de Entendimento no Quadro de ‘Uma Faixa, Uma Rota’. Como é que avalia a cooperação neste âmbito?

Portugal é uma nação marítima antiga e figurou como ponto de encontro importante das Rotas da Seda Terrestre e Marítima. Portugal constitui um parceiro importante na construção de ‘Uma Faixa, Uma Rota’ e foi um dos 57 países fundadores do Banco Asiático de Investimento em Infra-estrutura. O Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, e o primeiro-ministro, António Costa, manifestaram claramente os apoios da parte portuguesa no âmbito da iniciativa, a vontade de Portugal de ser o ‘hub’ europeu que liga as Rotas da Seda Terrestre e Marítima bem como os desejos para alargar a cooperação pragmática entre a China e Portugal em diversas áreas neste enquadramento. A parte chinesa atribui grande importância ao papel marcante que Portugal desempenha na construção de ‘Uma Faixa, Uma Rota’ e a assinatura do Memorando de Entendimento marca os novos passos dados no âmbito da cooperação no enquadramento da iniciativa, reforça a sinergia das estratégias de desenvolvimento, amplia as trocas comerciais e investimentos bidireccionais e forja novos focos de incremento da cooperação, a fim de conseguir mais êxitos.

Que actividades comemorativas estão previstas para celebrar o 40.º aniversário das relações diplomáticas?

A comemoração dos 40 anos das relações diplomáticas entre a China e Portugal constitui uma efeméride relevante, sendo também uma oportunidade muito importante para o desenvolvimento das relações bilaterais. Durante a visita de Estado a Portugal de Xi Jinping, as duas partes chegaram a consenso sobre a realização, este ano, do Festival Cultural Chinês em Portugal e do Festival Cultural Português na China, abrangendo uma série de actividades. As actividades importantes já realizadas ou a serem realizadas incluem o lançamento em conjunto dos selos evocativos dos 40 anos de relações diplomáticas por ambos os países e outras iniciativas comemorativas, como seminários, exposições, espectáculos artísticos e competições culturais e desportivas. Acredito que vão promover o novo clímax do intercâmbio e cooperação amistosa, criando uma atmosfera positiva para o desenvolvimento das relações bilaterais.

Como vê o papel de Macau no contexto das relações luso-chinesas?

2019 marca o 20.º aniversário do retorno de Macau à China. Desde o regresso à Pátria, a política de ‘Um País, Dois Sistemas’ e os princípios de ‘Macau governado pelas suas gentes’ e de ‘alto grau de autonomia’ têm sido implementados integralmente conseguindo êxitos notáveis, com um panorama positivo de estabilidade social, desenvolvimento económico, bem-estar da população e coesão harmoniosa das diversas culturas. Aproveitando a sua vantagem da língua, história, cultura, excelente localização geográfica, infra-estruturas e o bom ambiente comercial, a RAEM destaca-se cada vez mais como uma ponte importante que liga a China e Portugal, desempenhando um papel cada vez mais significativo nas relações entre a China e os países da língua portuguesa. O Governo chinês continua a apoiar Macau como plataforma para a cooperação entre a China e os países da língua Portuguesa e como Centro Mundial de Turismo e Lazer, encorajando o território na construção de ‘Uma Faixa, Uma Rota’, da Grande Baía de Guangdong-Hong Kong-Macau e da cooperação regional do Pan-Delta do Rio das Pérolas. Estou convicto de que, com o apoio firme do Governo Central, sob os esforços conjuntos do Governo da RAEM e dos seus habitantes, Macau terá um espaço de desenvolvimento ainda maior e um futuro mais promissor e contribuirá ainda mais para impulsionar a cooperação sino-portuguesa.

Como descreve o desempenho e posicionamento da China e quais são as perspectivas relativamente ao futuro?

A economia chinesa em 2018 vinha a registar um progresso constante com base na estabilidade geral, apresentando um panorama positivo. O Produto Interno Bruto da China do ano passado ultrapassou, pela primeira vez, os 90 biliões de yuans, traduzindo um aumento de 6,6 por cento, com a taxa de crescimento económico a manter-se na vanguarda das maiores economias do mundo. O volume comercial do ano de 2018 ultrapassou também pela primeira vez os 30 biliões de yuans, alcançando um recorde histórico. À medida que a reforma estrutural no lado da oferta se desenrola profundamente, a estrutura económica da China continua a melhorar e a nova força motriz continua a aumentar de forma acelerada. O papel do consumo consolidou-se ainda mais como o principal motor do crescimento económico e as indústrias emergentes mantiveram uma tendência de crescimento rápido. Aceleram-se os passos para a reforma e o ‘upgrade’ das indústrias tradicionais e o empreendedorismo e inovação popular desenvolveram-se continuada e aprofundadamente, fornecendo um suporte muito mais firme para a estabilização do crescimento, o aumento de empregos e a promoção de um desenvolvimento de qualidade. Registou-se uma melhoria contínua da vida de população, um ‘upgrade’ e melhoria de qualidade do consumo, um reforço da garantia básica de uma vida digna do povo e a construção de uma sociedade pacífica e bem ordenada. Ao mesmo tempo, também estamos com a clara consciência de que a economia chinesa se confronta com uma circunstância externa complexa e austera, igualmente com a pressão de desaceleração. No entanto, a economia chinesa dispõe de um grande potencial, uma forte resiliência e um amplo espaço de manobra que nos permite ter a base, as condições, a confiança e a capacidade para um desenvolvimento sustentável e saudável. 2019 marca o 70. ° aniversário da fundação da República Popular da China, um ano chave para concretizar a construção de uma sociedade modestamente confortável em todos os aspectos. Nos 70 anos após a fundação, particularmente nos 40 desde a Reforma e Abertura, a China tem percorrido uma trajectória extraordinária e conquistou grandes êxitos do desenvolvimento. Da escassez à suficiência, da pobreza a uma vida modestamente confortável, mais de 700 milhões de pessoas saíram da pobreza, o que representa 70 por cento da totalidade global do mesmo período, dando um grande contributo para as causas da paz e desenvolvimento da Humanidade. Com uma taxa de contribuição à economia mundial superior a 30 por cento por muitos anos seguidos, a economia chinesa já se tornou num estabilizador e uma fonte de forças motrizes para a economia mundial. As práticas bem-sucedidas do desenvolvimento da China provaram plenamente uma filosofia profunda: quando o mundo está bem, a China fica melhor; com uma China melhor, o mundo ficaria melhor ainda. Perspectivando o futuro, a China continuará firme na promoção da reforma e na ampliação da abertura e continuará a empenhar-se na construção de ‘Uma Faixa, Uma Rota’, beneficiando mais países e povos, inclusive Portugal, com os resultados obtidos ao seu abrigo. Prevê-se que nos próximos 15 anos, as importações de mercadorias da China superem 30 biliões de dólares e as de serviços a marca de 10 biliões de dólares, o que fornecerá oportunidades significativas de cooperação para diversos países, incluindo Portugal. A parte chinesa está disposta a trabalhar, em conjunto com a portuguesa, assim como com outros países, para aprofundar ainda mais a cooperação pragmática, com adesão aos princípios de igualdade, benefício mútuo e cooperação de ganhos compartilhados, melhor beneficiando os povos e fazendo contributos positivos para a paz, estabilidade, desenvolvimento e prosperidade do mundo.

 

Nota editorial:

Aquando da edição especial dedicada aos 40 anos das relações diplomáticas entre Portugal e China, o HM endereçou um pedido de entrevista ao Embaixador da China em Lisboa, Cai Run. Depois de submeter-nos uma lista de questões recebemos o convite para participar numa entrevista colectiva, solicitação tida como natural, por parte da Embaixada, devido ao facto das nossas perguntas estarem em linha com as submetidas pelos outros órgãos de comunicação social. Além disso, a Embaixada da China em Portugal assegurou-nos o envio da transcrição para publicação, gentileza de que resulta esta entrevista.

22 Fev 2019

Vaticano debate a partir de hoje escândalo de abusos a crianças que abalou a Igreja

[dropcap]O[/dropcap] Vaticano recebe a partir de hoje e até domingo todos os presidentes das conferências Episcopais do mundo para uma reunião inédita sobre abusos a crianças por membros do clero, um tema que abalou a Igreja em 2018. Ouvir as vítimas, aumentar a consciência, aumentar o conhecimento, desenvolver novos procedimentos, e partilhar boas práticas são alguns dos objectivos do encontro.

O encontro sobre a “Protecção dos menores na Igreja”, que se realizará, no Vaticano focará três temas principais: responsabilidade, assunção de responsabilidades e transparência.

O papa anunciou a sua presença em todas as sessões e momentos de oração da cimeira que reunirá 114 conferências episcopais: 36 da África, 24 da América do Norte, América Central e América do Sul, 18 da Ásia, 32 da Europa, incluindo Portugal, e quatro da Oceânia.

Segundo a comissão organizadora da cimeira, os participantes “trabalharão juntos para responder a este sério desafio” estando prevista também a participação de algumas vítimas. Na preparação deste encontro a comissão organizadora da cimeira pediu aos presidentes das conferências episcopais para ouvir as vítimas nos seus países.

O papa Francisco escolheu para o comité organizador o arcebispo de Chicago (EUA), Blase J. Cupich, o arcebispo de Mumbai, Oswald Gracias, e duas figuras que têm protagonizado a batalha contra os abusos: o vice-secretário recém-nomeado da Congregação para a Doutrina da Fé, Charles Scicluna, e o presidente do Centro para a Proteção das Crianças da Pontifícia Universidade Gregoriana e membro da Comissão para a Tutela dos Menores, Hans Zollner.

O abuso sexual contra crianças durante anos e anos chegou a ser classificado pelo secretário do papa emérito, Bento XVI, como “o 11 de Setembro da Igreja Católica”, um momento apocalíptico com incontáveis vítimas.

Na Igreja dos Estados Unidos um relatório de um grande júri da Pensilvânia revelou que pelo menos mil crianças foram vítimas de 300 padres nos últimos 70 anos, e que gerações de bispos falharam repetidamente na adoção de medidas para proteger a comunidade e punir os violadores. No sábado, o Vaticano expulsou do sacerdócio o ex-cardeal e arcebispo emérito de Washington, Theodore McCarrick, acusado de abusos sexuais a menores e a seminaristas.

Relatos em todo o mundo

Os casos estendem-se ainda a países como a Alemanha, Irlanda, Holanda, Austrália, França e Espanha. Na Alemanha, um relatório interno encomendado pela Conferência Episcopal aponta para 3.677 casos de abusos sexuais cometidos por 1.670 elementos da Igreja entre 1946 e 2014 e na Holanda pelo menos 20 bispos e cardeais foram associados a abusos sexuais.

Na Austrália, o cardeal George Pell, que dirigia a Secretaria da Economia do Vaticano, foi considerado culpado por um tribunal em Melbourne de abuso sexual a duas crianças.

Em Agosto, a poucos dias de uma visita à Irlanda, onde mais de 14.500 pessoas declararam-se vítimas de abuso sexual por parte de padres, o papa escreveu aos católicos do mundo, condenando este crime e exigindo responsabilidades. Na carta, Francisco pediu perdão pela dor sofrida e disse que os leigos católicos devem envolver-se na luta para erradicar o abuso e o seu encobrimento.

A 12 de Setembro, Francisco decidiu marcar uma cimeira mundial sobre os abusos sexuais na Igreja.

 

Acções do papa contra os abusos sexuais na Igreja

2013

5 de Abril:

– Na sua primeira audiência, Francisco desafia a Congregação para a Doutrina da Fé para, “seguindo a linha estabelecida por Bento XVI, agir de forma decisiva em casos de abuso sexual”.

2014

22 de março:

– Cria a Comissão Pontifícia para a Proteção de Menores.

7 de Julho:

– Celebra uma missa com seis vítimas de abuso por parte do clero e pede “perdão por pecados de omissão” cometidos por líderes da Igreja por “crimes graves”.

5 de novembro:

– Expulsa um sacerdote argentino, condenado a uma pena de prisão por pedofilia.

11 de novembro:

– Cria um tribunal especial dentro da Congregação para a Doutrina da Fé para avaliar recursos interpostos pelos clérigos em casos de abuso e para agilizar as sentenças.

2016

4 de Junho:

– Publica o ‘Motu Proprio’ “Como uma mãe amorosa”, em que afirma que os bispos podem ser expulsos se, por “negligência ou omissão”, causarem “sérios danos a outra pessoa na comunidade”.

2017

2 de Janeiro:

– É divulgada uma carta de Francisco em que pede aos bispos do mundo inteiro que os crimes de abusos a crianças “não sejam mais repetidos” e determina uma “clara tolerância zero”.

2018

2 de Maio:

– Recebe três vítimas de abusos do padre chileno Fernando Karadima, que pedem ao papa Francisco que transforme o seu pedido de perdão em “ações exemplares”.

15 de Maio:

– Convoca uma reunião com os bispos do Chile depois de pedir desculpas por ter sido mal informado no caso do bispo Juan Barros, acusado de encobrir o padre Fernando Karadima. Três dias depois, todos os bispos apresentam a sua renúncia ao papa.

1 de Junho:

– Inicia mais uma série de encontros com vítimas de clérigos no Chile.

11 de Junho:

– Aceita a renúncia de três bispos chilenos, incluindo Barros, na sequência do escândalo de acusações de falta de transparência da Igreja na gestão de casos de abuso sexual a menores.

28 de Junho:

– Aceita a demissão de mais três bispos chilenos

28 de Julho:

– Aceita a renúncia do antigo arcebispo de Washington Theodore McCarrick, a quem ordena que conduza “uma vida de oração e penitência” até que as acusações de abuso sexual de que é alvo sejam examinadas num julgamento da Igreja Católica.

20 de Agosto:

– Publica uma carta dirigida a todos os católicos do mundo, condenando o crime de abuso sexual por parte de padres e o seu encobrimento e exigindo responsabilidades.

29 de Agosto:

– Lamenta a forma como a Igreja irlandesa respondeu aos crimes de abusos sexuais, naquela que foi a sua primeira intervenção pública no Vaticano depois das acusações de que ele próprio teria escondido os crimes.

12 de Setembro:

– Convoca os presidentes das Conferências Episcopais de todo o mundo para uma reunião sem precedentes, a decorrer em fevereiro de 2019, para analisar os casos de abusos de menores.

28 de Setembro:

– Reduz à condição de leigo o padre Fernando Karadima.

13 de Outubro:

– Expulsa mais dois bispos chilenos do estado clerical por abuso infantil explícito.

 

Escândalos sexuais na Igreja segundo Francisco

 

“Fala-se de ‘lobby gay’ [na Igreja], e é verdade, ele existe.”

06-06-2013

“A Igreja deve sempre ser reformada, ‘Ecclesia semper reformanda’, porque os membros da Igreja ‘são sempre pecadores e precisam de se arrepender’.”

09-11-2013

“Mas tivemos vergonha? Tantos escândalos [na Igreja] que não quero mencionar individualmente, mas que todos sabemos quais são… Escândalos que alguns tiveram de pagar caro. E isso está bem! Deve ser assim… a vergonha da Igreja.”

16-01-2014

“Prometo compaixão e oração por cada vítima de abusos sexuais e também pelas suas famílias.”

16-01-2014

“Os casos de abusos sexuais são terríveis e deixam cicatrizes profundas. Bento XVI foi muito corajoso e ele abriu um canal. A Igreja neste caminho tem feito muito. Talvez mais do que qualquer um.”

05-03-2014

“Devemos ser muito duros [com crimes de pedofilia praticados por alguns padres]! Com as crianças não se brinca.”

11-04-2014

“O que me causa dor e tristeza é o facto de alguns padres e bispos, ao abusarem sexualmente de menores, violarem a inocência destes e a sua vocação sacerdotal.”

07-07-2014

“Não se pode dar prioridade a qualquer tipo de considerações, sejam de que natureza forem, como por exemplo a vontade de evitar o escândalo, porque não há qualquer lugar, no ministério da Igreja, para quem abusa de menores.”

05-02-2015

“Sei como está marcada em vocês a ferida dos últimos anos e acompanhei-vos no vosso generoso envolvimento para ajudar as vítimas (…) e contínuo trabalho para que estes crimes [de pedofilia que abalaram a Igreja dos Estados Unidos] nunca mais se repitam.”

23-09-2015

“Os crimes, os pecados dos abusos sexuais a menores [cometidos por membros da Igreja] não podem ser mantidos em segredo durante mais tempo.”

27-09-2015

“Nós não podemos encobrir [atos de padres pedófilos e] daqueles que são culpados, incluindo alguns bispos.”

28-09-2015

“Assumamos clara e lealmente tolerância zero em relação a este assunto [casos de abuso sexual de menores por membros do clero].”

02-01-2017

“A Igreja agora sente um dever de se comprometer, de forma cada vez mais profunda, na proteção dos menores e da sua dignidade, tanto dentro da própria Igreja como em toda a sociedade.”

06-10-2017

“Aqui [no Chile] não posso deixar de manifestar a dor e a vergonha que sinto perante o dano irreparável causado às crianças por elementos da Igreja.”

16-01-2018

“Não me posso permanecer em silêncio diante de uma das pragas do nosso tempo, e que, infelizmente, também tem implicado vários membros do clero. O abuso de menores é um dos piores e mais vis possíveis crimes.”

07-01-2019

“Havia padres e também bispos que faziam isso [abusar sexualmente de freiras].”

21 Fev 2019

Gastronomia | Chef Antonieta Manhão prepara Chá Gordo no St.Regis

[dropcap]A[/dropcap] chefe de cozinha macaense Antonieta Manhão, também conhecida como “Chef Neta”, vai estar responsável pela preparação do tradicional Chá Gordo no St.Regis, localizado no Cotai, até ao próximo dia 16 de Abril. Este é o segundo ano em que a unidade hoteleira organiza este menu especial.

O público poderá usufruir do Chá Gordo todos os sábados entre as 15h e 17h30, a um custo de 148 patacas por refeição, incluindo chá e café.

A direcção do St.Regis considera que Antonieta Manhão levou “o seu conhecimento e paixão pela autêntica cozinha macaense e incorporou tudo isso no menu do Chá Gordo, que contém mais de 30 pratos”.

A “Chef Neta” defendeu que “Macau tem uma reputação mundial pela sua comida, e o Chá Gordo é uma das raras tradições de que nos deveríamos orgulhar”. “O Chá Gordo representa uma das partes mais importantes do património gastronómico de Macau, e considero uma honra poder partilhar esta tradição com a comunidade, e fazer a minha parte para a manter viva”, acrescentou.

No menu do Chá Gordo do St.Regis constam pratos como apabicos, chilicote e pãozinhos recheados. Nas sobremesas, há a possibilidade de experimentar pudim molotof, bagi, bolo de chocolate, ladu e as bebidas xarope de figo e xarope de agrião.

21 Fev 2019

Coreia do Sul | Rede móvel 5G arranca no próximo mês

[dropcap]O[/dropcap] Governo sul-coreano anunciou ontem que o país irá disponibilizar a rede móvel de quinta geração (5G) em Março, tornando-se o primeiro país do mundo a comercializar esta tecnologia para ‘smartphones’.

O anúncio foi feito pelo ministro das Finanças sul-coreano, Hong Nam-ki, durante uma reunião do seu gabinete em Seul, noticiou a agência Yonhap.

Estima-se que a velocidade de transmissão de dados sem fios do conjunto de tecnologias 5G seja até 50 vezes superior à das actuais redes 4G e LTE. Ao mesmo tempo, espera-se que a sua implementação multiplique serviços para os utilizadores e oportunidades de negócio para as empresas.

Na mesma reunião, o governante adiantou que as três principais operadoras de telecomunicações sul-coreanas planeiam fazer um investimento equivalente a cerca de 2.355 milhões de euros este ano, para a plena implementação da rede 5G na Coreia do Sul.

A principal operadora sul-coreana, KT, já havia realizado um primeiro teste de serviços 5G numa área limitada durante os Jogos Olímpicos de Inverno, em Fevereiro do ano passado, na região sul-coreana de PyeongChang.

Em Janeiro, a gigante chinesa de telecomunicações Huawei anunciou que lançará um ‘smartphone’ de próxima geração baseado em tecnologia própria, ao invés de usar componentes norte-americanos, ilustrando os esforços para reduzir a dependência de fornecedores dos Estados Unidos. O aparelho, anunciado pela Huawei como o primeiro ‘smartphone’ dobrável de quinta geração, vai ser exibido, na próxima semana, durante o maior evento anual do sector, o Mobile World Congress, em Barcelona.

21 Fev 2019

World Press Photo | Fotojornalista português Mário Cruz nomeado com imagem do rio Pasing, em Manila

[dropcap]O[/dropcap] fotojornalista português Mário Cruz é um dos nomeados na categoria Ambiente do World Press Photo 2019, com uma imagem do rio Pasig em Manila, nas Filipinas, anunciou ontem a organização do prémio internacional. Os nomeados foram anunciados no sítio ‘online’ do galardão dedicado ao fotojornalismo, que é atribuído desde 1955, premiando as imagens mais marcantes recolhidas no ano anterior em várias categorias.

“Living Among What’s Left Behind” (“Viver entre o que foi deixado para trás”, na tradução do inglês) é o título da imagem captada por Mário Cruz, que é fotojornalista da agência Lusa, mas desenvolveu este projecto a título pessoal sobre comunidades de Manila que vivem sem saneamento, junto ao rio, rodeadas de lixo.

A imagem mostra uma criança que recolhe materiais recicláveis deitada num colchão, rodeado de lixo, que flutua no rio Pasig, que já foi declarado biologicamente morto na década de 1990.

Os nomeados anunciados nas várias categorias são todos premiados e estão integrados na exposição itinerante do galardão, mas só em Abril o júri irá divulgar a fotografia do ano e as várias classificações nas respetivas categorias. Este ano, o júri da 62.ª edição avaliou 78.801 imagens captadas por 4.738 fotógrafos que concorreram ao prémio.

Em 2016, o fotojornalista Mário Cruz conquistou o primeiro lugar na categoria Temas Contemporâneos, com um trabalho sobre a escravatura de crianças – dos meninos Talibés – no Senegal (“Talibés – Modern Days Slaves”), que deu origem a um livro, depois de publicado na Newsweek, e que constituiu um alerta global. No Senegal, foram distribuídos panfletos com fotografias feitas por si, tendo sido resgatadas centenas de crianças.

O anúncio de hoje inclui os nomeados para o World Press Photo do Ano, e para os novos prémios que foram criados: o World Photo do Ano, o World Press Photo Interactive e o World Press Photo Vídeo ‘online’.

De acordo com a página do concurso na Internet, os seis nomeados para o World Press Photo 2019 são Brent Stirton, Catalina Martin-Chico, Chris McGrath, John Moore, Marco Gualazzini e Mohammed Badra.

Os três nomeados para a World Press Photo História do Ano são Lorenzo Tugnoli, Marco Gualazzini, Pieter Ten Hoopen, enquanto nos Temas Contemporâneos estão, em fotos individuais, Diana Markosian, Enayat Asadi, Mary Calvert e, nas histórias, Catalina Martin-Chico, Olivia Harris e Philip Montgomery.

Na categoria Ambiente, além de Mário Cruz, nas fotos individuais, estão ainda nomeados Brent Stirton, e, nas histórias, Marco Gualazzini, Nadia Cohen e Thomas P. Peschak.

Na categoria Notícias Gerais estão nomeados, nas fotos individuais, Brendan Smialowsky, Chris McGrath, e Daniele Volpe Volpe, enquanto, na mesma categoria, nas histórias, foram selecionados dois trabalhos de John Vessels e Lorenzo Tugnoli.

Alejandro Cegarra, Sara Blesner e Yael Marinez estão nomeados na categoria de trabalhos de Longo Termo, enquanto na categoria Natureza, foram nomeados, nos trabalhos individuais, Angel Fitor, Bence Máté, Jasper Doest e, nas histórias, Brent Sirton, Ingo Arnedt e Jasper Doest.

Na categoria de Retrato estão, nos trabalhos individuais, Alyona Kochetkova, Finbarr O´Reilly e Heba Khamis, enquanto nas histórias surgem Jessica Dimmock e Luisa Dorr.

Em Desporto, estão nomeados, nos trabalhos individuais, David Gray, John T. Pedersen, Terrell Groggins e, nas histórias, surgem Eliz Ozturk Ozgoncu, Forough Alaei e Machael Henke. Nas Spot News estão nomeados Ezra Akayan, John Moore, Pedro Pardo, Andrew Quilty, Mohammed Badra e Pieter Ten Hoopen.

Quanto aos novos prémios, no World Press Photo Interactive do Ano são finalistas “Flint is a Place” (produzido pela Screen), “Notes from Aleppo” (Paradox) e “The Last Generation” (Frontline e The Ground Truth Project).

Quanto ao novo World Press Photo Vídeo ‘online’ do ano, estão nomeados “In teh Absence” (Field of Vision), “The legacy of ‘Zero Tolerance’ Policy” (Univision News Digital).

Estes nomeados estão distribuídos em categorias de interactividade, trabalhos de longa e curta duração, estando nomeados, nos de curta duração, “Ghadeer” (produção Chiara Avesani/Matteo Delbá) e “I just simply did what he wanted” (The New York Times).

21 Fev 2019

Nova ronda de negociações EUA/China arranca hoje em Washington

[dropcap]O[/dropcap] vice-primeiro-ministro chinês, Liu He, está hoje e amanhã em Washington para uma nova ronda de negociações comerciais. O dirigente chinês vai reunir-se, mais uma vez, com o representante do Comércio norte-americano, Robert Lighthizer, e o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin.

Liu He já liderou a delegação chinesa que viajou para Washington no final de janeiro, altura em que se reuniu com o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Esta será a quarta ronda de negociações de alto nível entre as duas partes, que vai terminar a apenas uma semana do prazo acordado para a assinatura de um pacto final, em 1 de Março.

Embora os meios de comunicação oficiais chineses tenham abordado “avanços importantes” durante a última ronda de negociações, que terminou na passada sexta-feira, em Pequim, nenhum resultado concreto foi alcançado até ao momento.

Trump e o Presidente chinês, Xi Jinping, concordaram uma trégua de 90 dias em 1 de Dezembro de 2018, o que significou a suspensão temporária do aumento de 10% a 25% nas tarifas norte-americanas sobre produtos chineses no valor de 200 mil milhões de dólares.

21 Fev 2019

China | Mercado de dívida corporativa é o terceiro maior do mundo

O mercado de dívida corporativa da China é o terceiro maior do mundo, com um saldo total equivalente a 5,8 biliões de euros, segundo um relatório publicado ontem pela agência de notação financeira Standard & Poor’s

 

[dropcap]E[/dropcap]ste montante coloca o país asiático atrás da Europa – 6,5 biliões de euros – e dos Estados Unidos – 7,9 biliões de euros. No entanto, a directora de Pesquisa de Renda Fixa Global da S&P, Diane Vazza, nota que, acrescentando a necessidade de financiamento a curto prazo, o montante total da dívida corporativa do país ascende a 6,7 biliões de euros.

Acrescentando as dívidas dos governos central e locais, o valor total ascende a 11 biliões de euros.
O relatório explica que, durante a última década, a dívida corporativa na China aumentou, em média, 50 por cento ao ano.

Dores de crescimento

Desde o início da crise financeira global, em 2008, enquanto as economias desenvolvidas estagnaram, a China construiu a maior rede ferroviária de alta velocidade do mundo, mais de oitenta aeroportos ou dezenas de cidades de raiz, alargando a classe média chinesa em centenas de milhões de pessoas.

Em 2017, este crescimento abrandou, mas, em 2018, voltou a acelerar e, no final do terceiro trimestre, já tinham sido emitidos 2,3 biliões de euros em novas dívidas – cerca de 73 por cento são passivos financeiros. No mesmo período, a emissão de dívida não financeira ascendeu a 579.984 milhões de euros, o segundo maior valor em duas décadas.

A S&P recomenda a Pequim que “equilibre cuidadosamente a sua necessidade em manter o crescimento económico com o de gerir o crescimento significativo do peso da dívida”.

“Embora a desalavancagem continue a ser uma alta prioridade para o Governo chinês, medidas como a regulação da velocidade e intensidade desse processo poderiam ser usadas para minimizar os dados para o crescimento económico”, lê-se no relatório.

21 Fev 2019

A América tem de enfrentar a realidade da China

P.H. Yu, académico da Universidade de Pequim

 

[dropcap]O[/dropcap] acordo de Buenos Aires no passado mês de Dezembro entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o seu homólogo chinês, Xi Jinping, levou muitos a assumir que a guerra comercial entre os dois países não tardaria a terminar. Embora esse optimismo seja descabido, também são descabidos os receios de um colapso económico global causado por uma ruptura nas relações EUA-China.

Não existem dúvidas de que continuarão a existir escaramuças bilaterais frequentes, como se viu com a detenção, no início de Dezembro, do director financeiro da Huawei, Meng Wanzhou. Mas apesar de todas as rivalidades económicas e divergências políticas entre os Estados Unidos e a China, é improvável que se chegue a um resultado catastrófico, desde que os EUA enfrentem a realidade de três maneiras.

Para começar, os legisladores dos EUA precisam de aceitar a “nova normalidade” de uma China que ostenta o maior PIB do mundo (em termos de paridade do poder de compra). Tal como os EUA foram a maior economia do século XX, a China sê-lo-á no século XXI. Mas, independentemente do cenário, a América continuará certamente a ser uma potência económica importante.

Segundo, os EUA devem reconhecer a necessidade de reformas económicas estruturantes a nível nacional, tal como a China fez há quatro décadas, embora com um objectivo e uma trajectória muito diferentes. Em vez de culpar o seu enorme défice comercial nas práticas comerciais supostamente desleais de outros países, os EUA deveriam considerar a insustentabilidade das suas próprias políticas económicas, a deterioração da sua capacidade industrial, e o investimento insuficiente em infra-estruturas, educação e formação.

Se os legisladores dos EUA continuarem concentrados em agradar a Wall Street, ao grande capital, e aos economistas neoliberais, o desempenho económico do país deteriorar-se-á e as continuarão a aumentar as desigualdades em termos de riqueza entre os americanos. Isso, por sua vez, elevará os riscos de maior instabilidade social, extremismo e populismo. As elites dos EUA não podem dar-se ao luxo de ignorar sinais de aviso evidentes, do mesmo modo que negligenciaram a bolha das hipotecas de alto risco que desencadeou a crise financeira de 2008.

Finalmente, a América precisa de compreender melhor a perspectiva e as intenções geopolíticas da China – uma área onde as avaliações incorrectas podem levar a conflitos desnecessários. Por exemplo, embora as teorias ocidentais das relações internacionais prevejam que o poderio económico da China possa transformá-la numa potência global dominante, a história do país sugere algo diferente.

A China nunca procurou a expansão geográfica agressiva, mesmo quando tinha poder para fazê-lo. Isto é coerente com um importante ensinamento clássico dos imperadores chineses conhecido como a Doutrina do Meio, que afirma que as tentativas de alcançar o domínio do mundo levam sempre à destruição nacional e trazem infelicidade ao povo.

Além disso, a China foi severamente afectada pelo imperialismo e colonialismo de outras potências num passado não muito longínquo, e não deseja repetir a experiência. De modo significativo, a China tem-se abstido de interferir na política interna de outros países durante o recente desenvolvimento das suas capacidades defensivas.

Muitos líderes globais, e especialmente Trump e o presidente russo, Vladimir Putin, parecem crer que o poderio militar e a coacção estratégica sejam os melhores modos de medir a competitividade e de garantir a segurança. Mas o domínio militar e político assente na força ou na intimidação deixaram de ser cruciais, ou mesmo relevantes, nas relações internacionais.

O que a China pretende é um sistema justo e global, em que todos possam participar de modo equitativo, e que encoraje a cooperação económica. Pretende continuar a melhorar o bem-estar do seu povo, e acredita que a paz mundial é mais bem mantida quando todos os países são economicamente bem-sucedidos. E evidentemente, sendo uma das maiores economias, a própria China beneficia grandemente com um mundo em paz.

Mas os líderes da China enfrentam os seus próprios graves desafios para a manutenção da expansão económica do país. Embora as empresas nacionais sejam competitivas em alguns sectores industriais tradicionais, e tenham potencial de crescimento em muitos outros, a China depende grandemente de importações de mercadorias sofisticadas – por exemplo, produtos médicos – do Ocidente. E a proibição dos EUA no ano passado, de venda de chips semicondutores avançados à empresa de telecomunicações ZTE, depois de esta ter violado os regulamentos de exportação dos EUA, demonstrou claramente a inadequação tecnológica da China. Além disso, a China tem de criar empregos suficientes para a maior população activa do mundo, que inclui oito milhões de novos licenciados por ano, ao mesmo tempo que tem de gerir os encargos de uma sociedade em envelhecimento.

Nestes tempos conturbados, uma batalha ideológica sobre a superioridade dos modelos de desenvolvimento económico não beneficiaria ninguém. Sendo as duas maiores economias do mundo, os EUA e a China têm uma responsabilidade especial na gestão da transição pacífica para uma nova e multipolar ordem internacional. Conseguirão fazê-lo do modo mais eficaz, se colaborarem e gerirem conjuntamente os desafios que inevitavelmente surgirão.

Para os EUA, isto significa compreenderem que tentar derrotar ou confinar economicamente a China não resolverá os seus problemas internos. Os interesses nacionais da América seriam muito mais bem servidos se enfrentassem a realidade e acolhessem a ascensão da China.

© Project Syndicate

21 Fev 2019

Filha de antigo veterano do PCC boicota funeral em protesto

[dropcap]A[/dropcap] filha de um veterano do Partido Comunista Chinês (PCC) boicotou ontem o funeral do pai, considerando o memorial “impróprio” para um homem que serviu Mao Zedong, mas que se converteu depois num crítico do regime.

O memorial de Li Rui realizou-se no Cemitério Revolucionário de Babaoshan, em Pequim, onde muitos antigos altos quadros do PCC estão enterrados. Mas Li Nanyang afirma que o seu pai expressou claramente três desejos antes de morrer: não ter um memorial, não ser enterrado em Babaoshan e não ser coberto pela bandeira do PCC.

Li Rui ingressou no partido mais de uma década antes da fundação da República Popular da China, em 1949.
Tendo desempenhado funções como secretário de Mao Zedong, tornou-se mais tarde crítico das políticas do partido e, nos últimos anos, opôs-se à centralização de poderes pelo actual Presidente, Xi Jinping, que aboliu da Constituição o limite de mandatos para o seu cargo.

Li Rui tinha 101 anos quando morreu devido à falência de órgãos, em Pequim, no sábado passado.

Ele “desiludiu-se completamente” com o partido, afirmou a filha, que está radicada nos Estados Unidos, num comunicado. O antigo secretário de Mao considerava não existir liberdade de expressão na China e que a corrupção se tornou endémica, num sistema que permite às autoridades comunistas enriquecerem, enquanto a vida das pessoas comuns estagnou.

“Acredito que, se a alma do meu pai estiver no céu, ele está a chorar ao ver” o seu corpo coberto por uma bandeira do partido, escreveu Li Nanyang. Li afirmou que não compareceu no funeral, de forma a reafirmar a postura do pai.

Li Nanyang disse que Xi Jinping e o primeiro-ministro, Li Keqiang, enviaram flores para o memorial. “Quão hipócritas podem ser?”, comentou, considerando “muito irónico” que os líderes prestem homenagem ao seu pai, quando os seus livros estão proibidos na China continental.

“Ele deve ser comemorado e lembrado porque era Li Rui, não por ter sido um alto quadro do Partido Comunista”, afirmou.

Li Rui serviu durante alguns anos como secretário pessoal de Mao, mas foi afastado do PCC por expressar discordância com a sua liderança. Li foi condenado a oito anos de prisão e recuperou a sua filiação partidária apenas após a morte de Mao, em 1976.

Numa entrevista à BBC, em 2017, Li Rui disse que se recusou a escrever uma autocrítica, depois de defender a tolerância para com os estudantes que protestaram na Praça Tiananmen, em 1989. “Sempre que há um confronto entre o partido e a humanidade, eu insisto na humanidade”, disse então.

21 Fev 2019

Tibete | Visitas de estrangeiros interditas durante aniversários sensíveis

A China está a proibir o acesso de estrangeiros ao Tibete, durante o mês de Março, quando se celebra um par de aniversários sensíveis que questionam a legitimidade da soberania chinesa naquela região dos Himalaias

 

[dropcap]S[/dropcap]egundo confirmou a Lusa, as agências de viagens estão a recusar turistas estrangeiros em visitas ao Tibete, durante o próximo mês.

Em 10 de Março celebra-se o 60.º aniversário desde uma frustrada rebelião contra a administração chinesa, que terminou com o exílio na vizinha Índia do líder político e espiritual dos tibetanos, o Dalai Lama, que Pequim acusa de ter “uma postura separatista”.

Em 14 de Março de 2008, a capital da região autónoma do Tibete, Lhasa, foi palco de violentos ataques contra a presença chinesa, que resultaram em 18 mortos, segundo dados do Governo chinês. Um número desconhecido de tibetanos foi morto pelas tropas chinesas na sequência daquele incidente.

Além do visto chinês, os estrangeiros precisam da uma autorização especial para visitar o Tibete, uma exigência que as autoridades justificam com as “tradições únicas da etnia tibetana, o património cultural, a capacidade de receber turistas e as necessidades de proteção ambiental”.

No ano passado, o número de turistas que visitou a região registou um crescimento homólogo de 31,5 por cento, para 33,68 milhões de pessoas, mas apenas 270.000 dos visitantes foram estrangeiros, segundo dados oficiais.

Controlo e zen

A região é mantida sob rigoroso controlo pelo Governo central e as autoridades locais, enquanto Pequim proíbe diplomatas e jornalistas estrangeiros de entrarem na região, excepto em visitas organizadas pelas autoridades ou pelo departamento de propaganda do Partido Comunista.

Os turistas estrangeiros que querem visitar o Tibete, incluindo a capital Lhasa, têm de fazê-lo em grupo e acompanhados de um guia.

Pequim considera que a região é desde há séculos parte do território chinês. Mas seguidores do Dalai Lama, que em 1989 foi galardoado com o Prémio Nobel da Paz, acusam Pequim de tentar destruir a identidade religiosa e cultural do Tibete.

Segundo a organização com sede em Washington International Campaign for Tibet, mais de 150 tibetanos imolaram-se pelo fogo, desde Fevereiro de 2009, em protestos contra o que classificam de opressão do Governo Chinês. Mas apesar do apertado controlo, o Tibete é um destino cada vez mais popular para os turistas que procuram aventura de montanha e monumentos únicos da cultura budista tibetana.

21 Fev 2019

Cinemateca Paixão | Abertas candidaturas para exibição de filmes locais

[dropcap]E[/dropcap]stão abertas as candidaturas a cineastas locais para apresentação de trabalhos produzidos desde 2017, na Cinemateca Paixão nas rúbricas “Poder do Cinema Independente Local” e “Panorama do Cinema de Macau 2019”. De acordo com um comunicado, as candidaturas estão abertas, até 8 de Março, a longas metragens, documentários e cinema de animação. A exibição dos filmes vencedores vai abrilhantar o cartaz de um festival que vai decorrer entre 18 Maio e 1 de Junho.

As últimas duas edições de “Panorama do Cinema de Macau” contaram com “numerosas e notáveis produções locais, de longas a curtas metragens, que assim foram trazidas ao público de Macau”, refere a organização.

Albert Chu, Director Artístico da Cinemateca, salienta, que “este ano será a terceira edição do ‘Panorama do Cinema de Macau’”, o que representa um sucesso, e que “graças à sessão ‘Poder do Cinema Independente Local’, o público poderá ter um conhecimento mais profundo” do que se faz em cinema em Macau.

O objectivo da iniciativa é “encorajar os cineastas independentes locais a apresentar os seus trabalhos”.

21 Fev 2019

SSM acusam Agnes Lam de mentir e a deputada responde

[dropcap]D[/dropcap]epois da deputada Agnes Lam ter acusado os Serviços de Saúde de Macau (SSM) de má actuação no caso da mulher que foi queimada pelo marido, a entidade emitiu ontem um comunicado a acusar a também professora universitária de mentir na Assembleia Legislativa (AL).

“Os SSM lamentam profundamente a existência de alguns discursos falsos. De forma a salvaguardar a verdade, os SSM esclarecem que antes de ter sido convocada uma conferência de imprensa pela família da vítima de violência doméstica, que visou anunciar a recolha de fundos para tratamento no Reino Unido, os serviços governamentais informaram a deputada relevante da existência de uma instituição de caridade disponível para subsidiar a paciente de modo a que esta pudesse receber tratamento cirúrgico.”

Neste sentido, os serviços de saúde declaram que “não é verdade que só tenha sido emitido um comunicado de imprensa devido à conferência de imprensa de angariação de fundos promovida pela vítima e a sua família, existiram outras diligências.”

“Os SSM não estão preocupados nem pretendem proteger exclusivamente a imagem pública. Os SSM reiteram que estão e continuam a fazer da melhor forma o trabalho de ligação, coordenação, acompanhamento entre a paciente e a instituição médica da Singapura. Reitera-se que dentro possibilidades existentes tudo será feito para tratar e reabilitar a paciente.”

Os SSM afirmam que em Agosto do ano passado a paciente foi encaminhada para o hospital Prince Wales em Hong Kong e que “as feridas resultantes das queimaduras que a paciente sofreu estão tratadas e curadas”. A vítima também foi submetida a outras cirurgias oftalmológicas no mesmo hospital, onde está ainda a receber acompanhamento.

Quanto ao pedido feito pela paciente para ser operada no Reino Unido, de forma a recuperar a visão na totalidade, os SSM voltam a esclarecer que não têm condições para aprovar o financiamento.

“O risco desta cirurgia é elevado e o efeito do tratamento não está provado por experiências clínicas em número elevado, o mesmo pode causar várias complicações que são difíceis de curar, a Junta para Serviços Médicos no Exterior não tem condições para aprovar o pedido.”

Os SSM acrescentam que “entendem e respeitam a dor e a pressão psicológica que esta situação provoca na paciente e na sua família”.

Três meses de espera

Agnes Lam reagiu ontem à tarde a estas declarações, alegando que a família esteve três meses à espera de resposta relativamente à operação no Reino Unido. “A família esteve à espera mais de três meses e não recebeu uma resposta positiva por parte do Governo. Entretanto, já tinha dado assistência à família nos pedidos de ajuda, o que significava que não tinham recebido a assistência adequada.”

A deputada rejeitou, assim, todas as acusações. “Os SSM voltaram a emitir um comunicado que só deixou o público mais confuso”, concluiu.

21 Fev 2019

Contas públicas | Saldo subiu 33 por cento no ano passado

[dropcap]A[/dropcap] Administração fechou o ano de 2018 com saldo positivo de 53,87 mil milhões de patacas, o que equivale a um aumento de 33 por cento face aos valores registados em 2017, que se fixaram nos 40,38 mil milhões.

As receitas registaram um aumento de 13,7 por cento alcançando 134,2 mil milhões de patacas, com os impostos directos sobre o jogo a representaram 106,79 mil milhões de patacas.

Já as despesas cifraram-se em 80,33 mil milhões, traduzindo um aumento de 3,4 por cento face a 2017, impulsionados pelo crescimento dos gastos com pessoal que ascenderam a 43,42 mil milhões de patacas.

21 Fev 2019

Portas do Cerco | GDI abre concurso para obras no posto fronteiriço

[dropcap]O[/dropcap] concurso público para a empreitada de melhoramento do Posto Fronteiriço das Portas do Cerco está aberto, segundo o anúncio publicado ontem em Boletim Oficial.

O objectivo que o Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas (GDI) tem para esta obra é instalar elevadores e gabinetes da Polícia Judiciária no local. As propostas podem ser submetidas até ao próximo dia 13 de Março e a obra tem um prazo de empreitada de 290 dias.

Os critérios de avaliação são o preço da empreitada que ocupa 50 por cento da ponderação, seguido da experiência e qualidade em obras com 20 por cento. Por último, prazo de execução e plano de trabalhos pesam, cada um, 15 por cento na decisão.

21 Fev 2019

Jogo | Melco Resorts com lucros acima dos 350 milhões de dólares em 2018

[dropcap]A[/dropcap] operadora de jogo Melco Resorts & Entertainment apresentou no ano passado lucros líquidos de 351,5 milhões de dólares, um aumento de 1,3 por cento em relação ao período homólogo de 2017.

O grupo liderado por Lawrence Ho, filho de Stanley Ho, anunciou, em comunicado, que as receitas globais da Melco em 2018 chegaram aos 5,2 mil milhões de dólares, menos 100 milhões de dólares que no ano anterior.
De acordo com o comunicado do grupo, a operadora com casinos em Macau e nas Filipinas apresentou 1.477 milhões de dólares de EBITDA ajustado (resultados antes de impostos, juros, depreciações e amortizações), uma queda de mais de cem milhões de dólares em relação ao período homólogo de 2017.

A grande fatia das receitas do grupo veio através do jogo (4.463 milhões de dólares), que diminuíram quase 500 milhões de dólares face a 2017. No ano passado, a operadora de jogo tinha registado receitas de jogo na ordem dos 4.937 milhões de dólares.

A Melco anunciou ainda lucros, no quarto trimestre de 2018, de 128 milhões de dólares, em comparação com os 81,2 milhões de dólares no mesmo período em análise de 2017.

No último trimestre do ano, o grupo apresentou 1.396 milhões de dólares de receitas, mais 5 por cento que nos últimos três meses de 2017.

21 Fev 2019