Inundações | Seis mortos em vila do sul da China

Pelo menos seis pessoas morreram em Rongjiang, na província chinesa de Guizhou (sul), em consequência das graves inundações que assolam a região desde segunda-feira, consideradas as piores em mais de meio século, informaram ontem as autoridades locais.

De acordo com o Centro de Controlo de Inundações local, as chuvas intensas dos últimos dias provocaram o rápido transbordo de vários rios, incluindo o Duliu, o Pingyong e o Zhaihao, com picos de caudal que atingiram os 11.360 metros cúbicos por segundo.

Várias áreas baixas da vila de Rongjiang, uma das mais vulneráveis da região montanhosa de Guizhou, ficaram completamente inundadas. Os danos nas infraestruturas são graves, com interrupções no tráfego, cortes nas comunicações e moradores presos em algumas áreas.

A situação começou a estabilizar-se ontem, após a descida das águas abaixo do nível de alerta, embora persistam os cortes de água e electricidade e os trabalhos de limpeza e reconstrução continuem. As ruas e lojas continuam cobertas de lama, enquanto equipas de resgate de outras províncias trabalham para remover os escombros e procurar possíveis desaparecidos, indicaram as autoridades.

Rongjiang, conhecida nos últimos anos por sediar a popular “Superliga das Aldeias”, viu o emblemático campo de futebol, símbolo do auge desportivo local, ficar submerso em lama e água, e a sua limpeza continua.

As inundações em Guizhou somam-se aos estragos que as fortes chuvas estão a causar em várias províncias do centro e sul da China desde a semana passada, num contexto de alerta pelo aumento de fenómenos meteorológicos extremos associados às alterações climáticas, segundo afirmam vários especialistas locais.

27 Jun 2025

Defesa | China acusa NATO de ser “um produto da Guerra Fria” e de “provocar guerras”

O Ministério da Defesa chinês acusou ontem a NATO de ser um “produto da Guerra Fria” que “provoca guerras em todo o lado”, depois de países da aliança terem criticado as “actividades desestabilizadoras” da China.

“A NATO é um produto da Guerra Fria e a maior aliança militar do mundo”, afirmou o porta-voz do ministério Zhang Xiaogang, em conferência de imprensa. Segundo o porta-voz chinês, a Aliança Transatlântica é “uma verdadeira máquina de guerra que semeia conflitos e provoca guerras em todo o lado”.

Afirmando que a organização “excedeu o âmbito geográfico estipulado no seu próprio tratado”, o porta-voz transmitiu a oposição de Pequim a que a NATO “use a China como desculpa para avançar para leste na Ásia-Pacífico”.

“O desenvolvimento do poder militar [da China] centra-se exclusivamente em proteger a sua soberania nacional, a sua segurança e os seus interesses de desenvolvimento”, acrescentou Zhang, que indicou que a política nacional de defesa de Pequim é de “natureza defensiva”.

Os ministros dos Negócios Estrangeiros do G7 sublinharam nesta quarta-feira, no âmbito da cimeira da NATO realizada em Haia, a importância de “manter a paz e a estabilidade no estreito de Taiwan”, bem como de aprofundar a cooperação “face às ações desestabilizadoras da China no mar do Sul da China”.

27 Jun 2025

Cimeira | China recebe ministros do Irão e da Rússia

A reunião da Organização de Cooperação de Xangai, em Qingdao, recebeu representantes da da Rússia, Irão, Paquistão, Bielorrússia e outros países

 

A China recebeu ontem os ministros da Defesa do Irão e da Rússia, numa reunião da Organização de Cooperação de Xangai (OCS), que ocorre após a cimeira da NATO, que ditou o aumento dos gastos militares europeus. Este encontro em Qingdao, cidade costeira no leste da China, acontece após a entrada em vigor, na terça-feira, de um cessar-fogo entre Israel e o Irão – um país membro da OCS.

O evento também ocorre um dia após uma cimeira dos líderes da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) em Haia, onde os membros concordaram em aumentar os seus gastos com defesa, de acordo com as exigências do Presidente norte-americano, Donald Trump.

O ministro da Defesa chinês, Dong Jun, apresentou ontem a reunião em Qingdao, que abriga uma importante base naval chinesa, como um contrapeso num mundo que sofre de crescente “caos e instabilidade”.

“As mudanças mais cruciais no espaço de um século estão a acelerar, o unilateralismo e o proteccionismo estão a aumentar”, disse Dong Jun na quarta-feira, na presença dos ministros da Defesa da Rússia, Irão, Paquistão, Bielorrússia e outros países, de acordo com a agência de notícias oficial Xinhua.

“Os actos hegemónicos, dominadores e intimidadores prejudicam gravemente a ordem internacional», afirmou, apelando aos seus homólogos para “agirem com mais vigor para salvaguardar colectivamente o ambiente propício ao desenvolvimento pacífico”.

Bloco de peso

Pequim procura há muito tempo apresentar a OCS, que conta com dez membros, como um contrapeso aos blocos de poder aliados dos Estados Unidos, incentivando, nomeadamente, a colaboração política, de segurança, comercial e científica.

O ministro da Defesa indiano, Rajnath Singh, também presente em Qingdao, afirmou que os membros da OCS devem “aspirar colectivamente a realizar os desejos e as expectativas” dos povos e “enfrentar os desafios actuais”.

“O mundo em que vivemos está a sofrer uma transformação drástica. A globalização, que outrora nos aproximou, está a perder o seu ímpeto”, afirmou através do seu gabinete na rede social X. À margem de um encontro com o seu homólogo chinês, o ministro da Defesa russo, Andreï Belooussov, saudou as relações com a China, que atingiram um “nível sem precedentes”.

“As relações amigáveis entre os nossos países mantêm uma dinâmica de desenvolvimento ascendente em todas as direcções”, afirmou. A China apresenta-se oficialmente como neutra face à invasão russa da Ucrânia, mas vários governos aliados de Kiev consideram que Pequim presta a Moscovo um apoio económico e diplomático crucial.

27 Jun 2025

Conferências das Comunidades Luso-Asiáticas arranca hoje em Díli

Decorre entre hoje e domingo a quarta Conferência das Comunidades Luso-Asiáticas (APPC) em Díli, Timor-Leste, com Miguel de Senna Fernandes, presidente da Associação dos Macaenses, como um dos convidados a participar amanhã numa mesa redonda ao lado de Joseph de Santa Maria, representante da comunidade lusodescendente de Malaca e Hugo Cardoso, linguista e docente da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

Antes da mesa redonda, o académico irá falar do tema “A Ásia absorve a língua portuguesa”, tendo em conta a sua experiência como investigador das línguas crioulas do Sul da Ásia.
O programa conta ainda com a participação de outros académicos e figuras sonantes de territórios como Goa, Malaca, Timor ou Sri Lanka, onde os portugueses deixaram várias pegadas no contexto das viagens da Expansão Portuguesa, pegadas essas que se revelam em alguns costumes culturais e crioulos em vias de extinção.

Outro dos docentes convidados, é João Paulo Oliveira e Costa, professor catedrático na área da História Moderna da Universidade Nova de Lisboa, que irá falar da “Mestiçagem e Interculturalidade na Expansão Portuguesa”.

Criar redes

Segundo uma nota oficial sobre o evento, a APCC “tem como principais objectivos o reconhecimento das comunidades luso-asiáticas e do seu legado histórico e cultural”, bem como “a promoção da sua identidade através de acções de visibilidade e valorização”.

O evento tem também como objectivo “a inclusão destas comunidades nos contextos regionais e internacionais, com destaque para o papel de Timor-Leste na CPLP [Comunidade dos Países de Língua Portuguesa] e na ASEAN [Associação de Nações do Sudeste Asiático], e a criação de bases institucionais que assegurem a sustentabilidade da rede”.

Além disso, “pretende-se reforçar a articulação entre investigadores, comunidades e decisores, de modo a consolidar a APCC como uma plataforma de diálogo e cooperação para a preservação e projecção do património imaterial de origem portuguesa na Ásia”.

Em termos de representações institucionais, estarão presentes Xanana Gusmão, primeiro-ministro de Timor-Leste, Carolina Fernandes e Pé, ex-presidente do munícipio de Pangim, em Goa; ou Fernando Nobre, presidente da AMI – Assistência Médica Internacional. Não faltará também um discurso de José Ramos Horta, Presidente da República de Timor Leste.

Ainda com ligação a Macau marcará presença o escritor e investigador Joaquim Magalhães de Castro, que tem escrito sobre a comunidade de Tugu, na Indonésia.

27 Jun 2025

A delicada arte de traduzir o invisível: entre Confúcio, Heráclito e a poesia das lacunas

Por Fernando Santoro, Caroline Pires Ting, Verônica Filippovna e Jean-Yves Beziau*

Existe uma diferença invisível entre o que vemos e o que dizemos. Entre o que está inscrito na matéria e o que escorrega em palavras. Quem se debruça sobre a filosofia da linguagem – ou quem já se aventurou a traduzir um poema chinês de dois milênios atrás – percebe bem disso. Muitas vezes, a tarefa do intérprete é encontrar essa diferença invisível e mostrá-la com novas palavras. Muitas vezes, a tarefa é deixar o invisível e o inaudível preservado nas lacunas.

O caso da escrita clássica chinesa (文言文, wényánwén) é emblemático. Mais do que um código de comunicação, trata-se de um modo de pensar visualmente. Uma lógica de composição de sentidos que se dá pela disposição espacial, pela densidade gráfica e por uma economia de linguagem que desafia os hábitos frasais das línguas ocidentais. Traduzir versos de sabedoria escritos em wényánwén é como tentar decantar o silêncio de uma pintura caligráfica para dentro de uma sentença de sintaxe definida. É um sonho que sempre ultrapassa a realidade; mas ainda cabe ao intérprete sonhar que são reais os sonhos do sábio e poeta.

Tomemos a inscrição ritual da dinastia Shang, gravada em bronze, na banheira do imperador Tang, que proclama:

「苟日新,日日新,又日新」

Em leitura aproximada: “Se renovar num dia, renovar-se todos os dias, e novamente renovar-se.”

Note-se a ausência de sujeito, de artigos, de tempos verbais definidos. Tudo é sugerido por contexto e ritmo interno. O contexto é o que serve aos olhos e ouvidos do intérprete – seja a banheira do imperador, seja o campo de semear do lavrador, seja o papel em branco do poeta. O ritmo interno do poema inspira-lhe o ritmo da sua respiração, até que o tempo das palavras se torne o tempo da sua vida junto à vida ao redor.

No original, a inscrição se apresenta de forma vertical, como segue (reconstituída em arranjo tipográfico para ilustração):

Três blocos verticais. Três gestos de escrita que ecoam no espaço como um mantra ético-visual. Não há sujeito, não há tempo verbal definido. Apenas um convite à renovação, repetido como quem inscreve o tempo na matéria. Um tempo ternário: inspira, retém, expira. Movimento do exterior para o interior. Ponto de inflexão. Movimento do interior para o exterior.

A semântica dos ideogramas insere-se no movimento: 日 sol/dia 新 novo/renovar/inovar. Movimento da manhã, quando nasce o sol novo – o sol levanta o novo dia (acima). Movimento do amanhã, quando de novo nasce o dia – o dia, sol de novo. No ponto de inflexão, renova-se o dia, dia após dia, de sol a sol.

Do bronze à vanguarda: Pound e Augusto de Campos como tradutores de lacunas

A primeira operação de tradução para o Ocidente moderno veio com Ezra Pound, que, inspirado pelas anotações de Ernest Fenollosa, traduziu o aforismo confuciano para o inglês com ecos de entusiasmo modernista:

“As the sun makes it new / Day by day make it new / Yet again make it new.”

Pound não apenas traduziu: transmutou. Fez do conselho ético uma bandeira estética: Make it new, lema da poética modernista do século XX. Lema de inspiração ao mesmo tempo tradicional e inovadora, à medida que Pound compunha sua própria poesia a partir de traduções livres de poemas clássicos – intraduções. Inspira-se a tradição. Reflete-se sobre o fulcro expressivo e vital do poema. Expira-se um poema novo e inovador.

Décadas depois, Augusto de Campos, movido pela poética concretista brasileira, ao traduzir a tradução de Ezra Pound com experimentos gráficos de letraset, recriou o aforismo em português:

“RENOVAR DIA SOL A SOL DIA RENOVAR.”

A geometria sonora e rítmica, aqui, reencena o jogo de repetição e cadência que a inscrição de bronze já sugeria. Na intradução de Campos, ressoa o lema do paideuma poundiano e retorna a sintaxe da diagramação dos caracteres visíveis no verso de Confúcio. A equivocidade semântica do ideograma 日 retorna no cruzamento da lavra poética: dia a dia, sol a sol.

Ambos os poetas compreenderam que traduzir o chinês clássico não é apenas tarefa lexical. É um ato estético, quase ritual, de reencenar o gesto original por outros meios. Recuperar a forma e o movimento que perfazem os contornos do que precisa ser captado pelo leitor, pelo intérprete, daquilo que deve por sua vez instigá-lo a mover-se à medida que é tocado pelo efeito do sentido.

O desafio filosófico: como traduzir o que resiste à tradução?

A questão vai além da poética. Traduzir o chinês clássico é um problema filosófico que requisita um pensamento hermenêutico sensível e uma ousadia para construir a ideia em outra forma. Porque a ideia, para uma tradução entre culturas tão diversas, não pode ter uma forma definida, mas é o que permite transitar entre as formas dos signos e das palavras de uma língua às formas que podem ser assumidas em outra. Estamos diante de um desafio de transposição estrutural: a passagem de uma lógica de relações espaciais dos ideogramas para uma lógica de conexões lineares entre sujeitos e predicados; de uma sintaxe diagramática visual para uma linearidade ditada pela sequência fonética; de uma composição escrita sem norma sintática para uma gramática de palavras com funções sintáticas definidas. Um desafio de traduzir em diversos níveis de encontros e desencontros intraduzíveis.

Como bem aponta o conceito chinês de 本末 (běnmò), há sempre uma raiz (本) e suas ramificações (末). Na tradução, não buscamos repetir o original como cópia, mas enraizar em outro solo e fazer florescer os ramos de sentido brotados da raiz anterior.

E não se trata apenas de dilemas orientais. O mesmo impasse aparece na tradução de conceitos gregos clássicos como aretê (ἀρετή). Virtude? Excelência? Potência? O termo, como mostra Kinnucan (2014) ao comentar o Dicionário dos Intraduzíveis, recusa-se a ser fixado em um único significado. Traduzir aretê ou wényánwén é sempre um ato de decisão hermenêutica, de escolha de mundos: aquele mundo em que acreditamos que o autor viveu, este mundo em que vivemos, o outro mundo em que desejamos nos encontrar.

Traduzir é criar: entre fidelidade e invenção

Contemporâneo de Confúcio, mas vivendo no extremo ocidental do continente asiático, Heráclito expressou, com versos semelhantes, uma ideia sobre a natureza do sol e sobre o primeiro grande enigma astronômico: por que o sol sempre nasce do lado oposto ao lado do céu em que se põe?

καὶ ὁ ἥλιος οὐ μόνον e o sol não somente

νέος ἐφ᾿ ἡμέρῃ ἐστίν, é novo a cada dia

ἀλλ᾿ ἀεὶ νέος mas sempre novo

(Fragmento B6, Diels & Kranz, Aristóteles, Meteorológica II, 2, 355a 14)

Heráclito e Confúcio, cada um a seu modo, fizeram da concisão uma arte filosófica. Ambos escreveram para sugerir mais do que explicar. Para apontar caminhos ao leitor, sem entregar o mapa. O sol da natureza e o dia de lavrar a própria vida reúnem, no arco de uma distensão espaço-temporal, a física de Heráclito e a ética de Confúcio. Neste arco de várias pontas couberam os poetas do século XX, Ezra e Augusto, para inspirar uma nova estética e, quem sabe, ainda cabemos nós para aprender com todos eles. Tensionados neste arco do sol, os raios nos alcançam, nos ferem e iluminam.

Talvez, no fundo, a tarefa do tradutor seja essa: não decifrar o enigma, mas recriar um novo, que vai nos devorar e regurgitar em palavras. Preservar o mistério, enquanto se nos transforma.

Na delicada passagem da sintaxe espacial do sol que nasce e se eleva, para a linearidade sonora da voz que inspira e expira, aprendemos algo essencial: toda tradução é também uma forma de visão e de escuta. Uma visão do que se oculta em tudo que se mostra e uma escuta atenta ao ritmo, ao silêncio que distingue os sons. A tradução se faz possível à medida que preserva a poética das lacunas.

Via do Meio seria, afinal, o nome apropriado para esse exercício? Entre o dito e o não-dito. Entre a raiz e os ramos. Entre Confúcio, Heráclito, Pound, Campos… e nós.

Referências Bibliográficas

Campos, Augusto de. Poesia da Recusa. São Paulo: Perspectiva, 1993.
(Coletânea que inclui a tradução de Confúcio e reflexões sobre a tradução como criação.)

Cassin, Barbara (Org.); SANTORO, Fernando; BUARQUE, Luisa (Comp.). Dicionário dos intraduzíveis – Vol. 1 (Línguas): Um vocabulário das filosofias. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2018.

Kinnucan, Michael. 2014. “Review of Dictionary of Untranslatables: A Philosophical Lexicon, edited by B. Cassin.” Asymptote Journal, julho. Acesso em junho de 2025. https://www.asymptotejournal.com/criticism/barbara-cassin-dictionary-of-untranslatables-a-philosophical-lexicon/

Pound, Ezra. The Confucian Odes. London: Faber and Faber, 1954.
(Edição em que Pound sintetiza seu trabalho de recriação poética a partir do chinês, incluindo o célebre lema Make it new.)

*Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

27 Jun 2025

DSAMA | Afastado perigo da água do rio Liujiang

As autoridades chinesas detectaram uma elevada concentração de antimónio na água do rio Liujiang da província de Guangxi, mas segundo uma nota ontem divulgada pela Direcção dos Serviços para os Assuntos Marítimos e da Água (DSAMA) não há perigos para Macau.

Isto porque “após comunicação com os serviços de recursos hídricos e as entidades abastecedoras de água do Interior da China, verificou-se que a distância entre o canal de Modaomen, a principal captação de água de Macau, e o rio Liujiang é de cerca de 700 quilómetros”.

Além disso, descreve a mesma nota, “o volume de água do rio Xijiang é suficiente, podendo desempenhar eficazmente o papel purificador em relação aos poluentes de antimónio”.

Foi feita uma avaliação preliminar ao caso, concluindo que “não há impacto no abastecimento de água de Macau”, além de que “os reservatórios de Zhuhai Zhuyin e Zhuxiandong, que abastecem actualmente a Macau, possuem capacidade de armazenamento suficiente, garantindo a segurança no abastecimento de água a Macau nos próximos tempos”.

27 Jun 2025

Investimentos | Residentes apostam na Ásia e América

Na hora de investir as suas poupanças, os residentes de Macau procuraram sobretudo fundos e entidades sediados na Ásia, em primeiro lugar, e depois nos Estados Unidos ou Canadá.

É o que revelam as mais recentes estatísticas da Autoridade Monetária e Cambial de Macau (AMCM) sobre a Carteira de Investimentos relativas ao fim do ano passado.

Assim, e em termos de distribuição geográfica, “a região asiática deteve a maior fatia da carteira de investimentos externos de residentes de Macau, com 44 por cento do total, sendo a restante aplicada principalmente na América do Norte”, com 22,9 por cento. A Europa surge em terceiro lugar com 17,6 por cento dos investimentos feitos, seguindo-se o Atlântico Norte e Caraíbas e a Oceânia.

Estes investimentos dizem respeito a pessoas, Governo e entidades colectivas, excluindo-se as reservas cambiais. Segundo os cálculos feitos a preços de mercado de 31 de Dezembro de 2024, os investimentos tiveram um valor global de 1.204,3 mil milhões de patacas, mais 2,7 por cento em relação a Junho de 2024, e mais 14,3 por cento face a finais de 2023.

A AMCM descreve que o “investimento em títulos emitidos por entidades no Interior da China continuou a ser predominante, representando 28,4 por cento do total da carteira de investimentos externos aplicados pelos residentes de Macau”.

Além disso, o investimento dos residentes em títulos emitidos por entidades americanas foi de 250,6 mil milhões de patacas, uma subida de 33,6 por cento face ao final de 2023, tendo o respectivo peso na carteira de investimentos no exterior crescido de 17,8 para 20,8 por cento.

26 Jun 2025

“929 Challenge” cria prémio para ‘startups’ de PALOP e Timor-Leste

A quinta edição da competição “929 Challenge” em Macau vai incluir um prémio para a melhor ‘startup’ dos Países Africanos de Língua Portuguesa (PALOP) e de Timor-Leste, anunciou ontem a organização.

Marco Duarte Rizzolio, co-fundador da 929 Challenge, disse à Lusa que o prémio ‘Future Builders’ (Criadores do Futuro) foi criado para encorajar os participantes dos países lusófonos menos desenvolvidos. “Temos uma língua em comum, mas o patamar de desenvolvimento económico de cada um dos países é completamente diferente”, explicou Rizzolio, à margem de uma conferência de imprensa.

A última edição da competição para ’startups’ chinesas e dos países de língua portuguesa registou um novo máximo, com mais de 1.600 participantes em mais de 320 equipas.

No entanto, em 2024, a 929 Challenge não recebeu quaisquer projectos de Timor-Leste ou de São Tomé e Príncipe. Com o novo prémio, Rizzolio disse esperar que na edição deste ano haja ‘startups’ de todos os nove países lusófonos. “O objectivo é isso, incentivar, mas também é ajudar (…). Se eles conseguem ganhar aquele prémio, já é algo de motivador para eles, para poderem desenvolver o projecto”, explicou.

A ‘startup’ portuguesa Iplexmed, que desenvolve dispositivos de diagnóstico genético rápido, venceu a edição do ano passado, enquanto a também portuguesa NS2, que fornece soluções inteligentes para monitorizar a qualidade da água para uma aquicultura sustentável, ficou em terceiro.

A primeira vez

A única vez que uma equipa dos PALOP e de Timor-Leste chegou aos finalistas foi logo na primeira edição, lançada em 2021, então apenas direccionada a estudantes universitários.

Um projecto da Universidade Lusófona da Guiné-Bissau para instalar painéis solares na região de Gabu, no leste do país, ficou em segundo lugar. “No final, quem ganha muitas vezes são equipas que têm já produtos maduros, serviços maduros”, explicou Rizzolio.

As inscrições estão abertas até 30 de Setembro, tanto para empresas como para equipas de alunos universitários. Rizzolio, também professor da Universidade Cidade de Macau, recordou que a competição tem novos parceiros, incluindo a StartupPorto, a Cabo Verde Digital e a Universidade Eduardo Mondlane, em Moçambique.

Os melhores 16 planos – oito de empresas e oito de universitários – terão 10 minutos para convencer o júri da 929 Challenge e potenciais investidores na final, em Novembro. O outro cofundador da competição, José Alves, sublinhou que a competição “ainda não é um sucesso” porque até agora não conseguiu atrair projectos para abrir portas em Macau.

“Precisamos de identificar as melhores ‘startups’, investir nelas e trazê-las para o mercado da China continental, ou levá-las da China para os países lusófonos”, explicou o docente. O concurso é coorganizado pelo Fórum Macau e por várias instituições da região, incluindo todas as universidades.

O secretário-geral adjunto do Fórum de Macau, Danilo Afonso Henriques, reiterou na conferência de imprensa que “estabelecer ‘startups’ em Macau requer apoio continuado”. “Sem esforços colectivos e sustentados, esta visão corre o risco de permanecer por realizar, tornando redundante os esforços e trabalho árduo de tantos”, alertou o timorense.

26 Jun 2025

Irão | Aprovada suspensão da cooperação com a AIEA

O Parlamento iraniano votou ontem a suspensão da cooperação com a Agência Internacional de Energia Atómica na sequência de 12 dias de guerra marcados por ataques israelitas e norte-americanos contra instalações nucleares do Irão.

O presidente do Parlamento iraniano, Mohammad Bagher Ghalibaf, disse que a Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA) recusou-se a condenar o ataque contra as instalações nucleares iranianas, comprometendo a credibilidade internacional do organismo das Nações Unidas.

As declarações de Ghalibaf ocorreram após os deputados terem votado a favor da suspensão da cooperação com AIEA. “A Organização Iraniana de Energia Atómica vai suspender a cooperação com a AIEA enquanto a segurança das instalações nucleares não for garantida”, acrescentou o Presidente do Parlamento de Teerão.

No dia 13 de Junho, Israel, com o apoio dos Estados Unidos, atacou instalações militares e nucleares iranianas. O Irão retaliou disparando mísseis e lançando aparelhos aéreos não tripulados contra Israel. O cessar-fogo foi acordado na terça-feira, após intervenção da Administração norte-americana.

26 Jun 2025

Coutinho quer voos directos entre Macau e Portugal

O deputado José Pereira Coutinho defendeu ontem voos directos para Portugal e avisou que as restrições à ajuda financeira anual dada aos residentes da região chinesa vai afectar reformados em Portugal.

“Temos de transformar o Aeroporto Internacional de Macau, de facto com rotas aéreas directas para a Europa, nomeadamente para Portugal”, disse Coutinho, após a apresentação do programa político da lista Nova Esperança ao parlamento local.

O jurista disse que os maiores aviões de longo curso do mundo já conseguem aterrar em Macau, mas que falta no aeroporto espaço para estacionar as aeronaves, um problema que disse esperar ser resolvido com a ampliação da infraestrutura.

A expansão do aeroporto, lançada em Novembro, envolve a construção de um aterro com mais de 129 hectares e deverá estar terminada em 2030, aumentando a capacidade de 9,6 milhões para 13 milhões de passageiros por ano.

“Esperamos que no futuro não seja necessário deslocarmo-nos a Hong Kong para apanhar um voo internacional para a Europa ou para a América e possamos começar a viagem em Macau que é aqui que é a nossa casa”, disse Coutinho. O aeroporto de Macau tem actualmente voos regulares de passageiros operados por 27 companhias aéreas para 41 destinos na China continental, Taiwan, Sudeste Asiático, Japão e Coreia do Sul.

Cortes criticados

Por outro lado, Coutinho criticou a decisão do Governo local de restringir as ajudas financeiras dadas anualmente às pessoas com estatuto de residente, àqueles que em 2024 tenham residido na região, pelo menos, 183 dias.

A medida prevê excepções, incluindo para os que vivem nas nove cidades da China continental integradas no projecto da Grande Baía Guandong-Hong Kong-Macau e para os que estejam a estudar em universidades no exterior. Mas Coutinho alertou que as excepções não eliminaram todas as injustiças, nomeadamente casos de reformados que vivem em Portugal.

O deputado deu o exemplo de um antigo soldado português, “com quase 90 anos”, que trabalhou durante 40 anos como polícia em Macau, mas que não tem direito à ajuda financeira por ter ido viver com a filha em Portugal, após ter ficado viúvo. “Acha justo?” perguntou Coutinho aos jornalistas.

O programa político da Nova Esperança defende ainda “uma concretização mais aprofundada” do papel de Macau como plataforma de cooperação com os países de língua portuguesa, “com a maior participação da população e dos empresários”.

A Nova Esperança foi uma das oito candidaturas validadas pela Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL). Há quatro anos, houve 19 listas de candidatos à Assembleia Legislativa, embora cinco listas e 21 candidatos – 15 dos quais pró-democracia -, tenham depois sido excluídos por “não defenderem a Lei Básica” e não serem “fiéis à RAEM”.

26 Jun 2025

Rota da Seda | Programa de formação de talentos arrancou em Pequim

Foi oficialmente lançado, em Pequim, no passado dia 16, o programa de formação de talentos nas áreas do design cultural e criativo da Rota Marítima da Seda, apoiado pelo MGM e seleccionado para financiamento do Fundo Nacional de Artes da China (FNAC) este ano.

Num comunicado de imprensa, descreve-se como este programa será desenvolvido em colaboração com o Museu do Palácio e o Instituto de Tecnologia da Moda, ambos sediados em Pequim. A ideia é formar “uma equipa de ensino de elite” que, durante 60 dias de “cursos intensivos e estudos de campo”, irá explorar “vários pontos-chave ao longo da Rota Marítima da Seda”.

O programa, intitulado “Formação de Talentos em Design Cultural e Criativo para a Rota Marítima da Seda”, tem por objectivo a promoção da “investigação e a transformação inovadora do património cultural e histórico da Rota Marítima da Seda, formar talentos relacionados, destacando o papel fundamental de Macau como ponte entre as culturas chinesa e ocidental”.

O programa propõe uma “formação multifacetada que combina teoria, estudos de campo e prática, com o objectivo de transformar os participantes em profissionais, comunicadores e promotores da herança cultural e da criatividade”, visando “cultivar novos talentos para o desenvolvimento das indústrias do turismo criativo e cultural na Grande Baía de Guangdong-Hong Kong-Macau, contribuindo também para a continuidade do legado cultural da Rota da Seda”.

Foram escolhidos 30 participantes, “incluindo profissionais dos sectores do património cultural e das artes, investigadores académicos e doutorandos”, sendo que, depois de Pequim, o programa prossegue em Quanzhou, Guangzhou, Hengqin e Macau, “oferecendo experiências de aprendizagem distintas”.

Após estas sessões presenciais, os participantes entrarão numa fase criativa online para refinar o seu trabalho através de um diálogo contínuo com os instrutores. Os resultados finais serão revelados no primeiro trimestre de 2026, destaca o MGM numa nota de imprensa.

26 Jun 2025

Hold On to Hope | Pintura a óleo para ver em Julho

Julho marca a inauguração de uma nova mostra na ilha de Coloane, nomeadamente na galeria Hold On to Hope, gerida pela Associação de Reabilitação dos Toxicodependentes de Macau. Desta vez, o público poderá ver quadros pintados a óleo por seis artistas, numa mostra intitulada “Chasing Dreams Under the Stars”

 

O dia 6 de Julho marca a estreia de uma nova exposição com trabalhos dos alunos do curso de mestrado da Universidade de Huaqiao, na China. A mostra, intitulada “Chasing Dreams Under the Stars”, é acolhida pela galeria Hold On to Hope, localizada na vila de Ka-Hó, em Coloane. O espaço é gerido pela ARTM – Associação de Reabilitação dos Toxicodependentes de Macau, tratando-se de um projecto com um forte cariz de integração social, dando a conhecer à sociedade o trabalho desenvolvido por esta entidade. A mostra pode ser visitada até ao dia 27 de Julho.

Os seis artistas, estudantes de mestrado, que apresentam os seus dotes artísticos são Maruko, John U, Fong Hio Wa, Rosa, Madonna, Ho Cheng Wa. Estes apresentam, segundo uma nota de imprensa, mais 30 obras de arte, que reflectem “experiências e perspectivas individuais”, bem como “pensamentos e sentimentos sobre o mundo em redor”, onde não faltam sequer retratos de Macau e do seu património.

Desta forma, a nova mostra da galeria Hold On to Hope conta com “uma diversidade de estilos e temas”, reflectindo “técnicas e inspirações criativas variadas, contando histórias de esperança, sonhos e a busca pela paixão através das obras”. A organização da mostra espera que o público “fique cativado pelas cores e técnicas de cada pintura”.

Sonhos e estrelas

Para a organização, “Chasing Dreams Under the Stars” é “mais do que uma exposição de arte”, sendo também a “celebração da criatividade e do poder da autoexpressão”, permitindo que “a arte e as emoções se encontrem, transformando sonhos em realidade”.

A última exposição realizada na histórica vila de Ka-Hó aconteceu em Maio e visou, precisamente, celebrar os 25 anos de existência da ARTM enquanto entidade que ajuda pessoas com o vício da droga, álcool ou jogo a curarem-se e voltarem a ter uma vida em sociedade.

Com o nome “Ageing Gracefully”, esta mostra contou com pinturas e peças de artesanato produzidas pelos utentes da ARTM, sendo consideradas “elementos vitais da vida quotidiana na comunidade terapêutica da ARTM”.

26 Jun 2025

Hong Kong | Justiça avalia recurso de jornalista condenado por sedição

A justiça de Hong Kong vai analisar em setembro um recurso do primeiro jornalista condenado a pena de prisão ao abrigo de uma lei de sedição, avançou ontem a imprensa da região.

De acordo com o portal de notícias Hong Kong Free Press, o Tribunal de Recurso marcou para 22 de Setembro a audiência pedida por Patrick Lam Shiu-tung, antigo chefe de redação interino do Stand News. O portal de notícias Stand News fechou portas em Dezembro de 2021, após uma operação policial que envolveu 200 polícias, o congelamento de bens da empresa e a detenção da direcção, incluindo Patrick Lam.

Em Outubro passado, Lam apresentou um recurso da condenação, um mês antes, a 14 meses de prisão, a primeira sentença contra um jornalista ao abrigo de uma lei de sedição estabelecida quando Hong Kong era uma antiga colónia britânica.

Apesar da primeira instância ter considerado Lam culpado, o chefe de redação saiu em liberdade devido a questões de saúde e por já ter cumprido 10 meses de prisão preventiva. Também em Setembro, o mesmo tribunal condenou o antigo chefe de redação do Stand News, Chung Pui-kuen, a 21 meses de prisão por sedição.

O juiz Kwok Wai-kin considerou Chung e Lam culpados de conspiração por publicarem e reproduzirem materiais sediciosos, juntamente com a Best Pencil (Hong Kong) Ltd, a companhia que era proprietária do Stand News. O julgamento, que teve início em Outubro de 2022, durou cerca de 50 dias, tendo o veredicto sido adiado várias vezes.

26 Jun 2025

Pequim pede que se evite “lei da selva” comercial e defende cooperação global

O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, advertiu ontem contra os riscos de uma crescente fragmentação económica e comercial, defendendo a cooperação e o multilateralismo face às políticas de contenção e de redução de riscos promovidas pelas potências ocidentais.

“Aquilo de que o mundo precisa não é da lei da selva, mas do sucesso mútuo através da cooperação”, afirmou Li, numa referência implícita às tensões proteccionistas e às medidas lideradas pelos Estados Unidos para reduzir a dependência da China em sectores estratégicos.

Li discursava na sessão inaugural da Reunião Anual dos Novos Campeões, conhecida como o “Davos de Verão” e promovida pelo Fórum Económico Mundial, que decorre esta semana em Tianjin, no nordeste da China, e reúne líderes políticos e empresariais de mais de 90 países e regiões.

Em transformação

No seu discurso, o primeiro-ministro chinês alertou para “mudanças profundas” na economia internacional, impulsionadas por tensões geopolíticas, transformação tecnológica e reconfiguração das cadeias de abastecimento globais. “O mundo não pode voltar a ser um conjunto de ilhas isoladas. Precisamos de mais pontes de cooperação em que todos ganhemos”, defendeu.

Num contexto marcado pelo aumento de taxas alfandegárias, restrições ao investimento estrangeiro e apelos à ‘dissociação’ económica com a China, Li reiterou que o comércio e o investimento globais “não devem ser politizados nem transformados em instrumentos de confronto”.

Sublinhou ainda que a China continua comprometida com o diálogo, a integração económica e a promoção de um sistema multilateral aberto. “A globalização económica não vai parar. Pode passar por altos e baixos, mas continuará a avançar”, declarou.

Li destacou também o papel crescente das economias emergentes como “novos motores” do comércio internacional, recordando que representam cerca de 70 por cento da população mundial.

A edição deste ano do “Davos de Verão” decorre sob o signo da incerteza geoeconómica e do aumento do protecionismo, colocando a tónica nas oportunidades oferecidas pelo empreendedorismo e pelas novas tecnologias para impulsionar o crescimento e a resiliência económica. Entre os participantes contam-se os chefes de Governo de países como Equador, Singapura e Vietname.

26 Jun 2025

Qingdao | Reunião da Organização de Cooperação de Xangai arranca

O encontro dos ministros da Defesa de países asiáticos representativos de 40% da população mundial acontece ao mesmo tempo que em Haia decorre a cimeira da Nato

 

A reunião de ministros da Defesa da Organização de Cooperação de Xangai, por vezes apelidada de “NATO asiática”, arrancou ontem na cidade de Qingdao, nordeste da China, decorrendo em paralelo à cimeira da aliança transatlântica, em Haia, que se prevê dará luz verde ao pedido de Trump para que os países europeus aumentem para 5 por cento a sua contribuição financeira para a aliança militar.

O evento visa “consolidar e aprofundar a confiança mútua em matéria militar” e promover “a cooperação prática entre os Estados-membros”, afirmou o Ministério da Defesa da China, num comunicado.

Segundo a mesma nota, a reunião, que termina hoje, contribuirá para “a manutenção da paz e estabilidade mundiais e regionais” e para “o desenvolvimento e prosperidade comuns”. Entre os objectivos destacados está também o “reforço da capacidade da organização para combater o terrorismo regional”.

Está prevista uma intervenção do ministro da Defesa chinês, Dong Jun, dado que a China exerce actualmente a presidência rotativa da organização. A atenção estará também virada para a eventual participação do ministro da Defesa iraniano, Hosein Dehgán, depois de o Irão ter aceitado um cessar-fogo com Israel nas últimas horas. A reunião em Qingdao ocorre num contexto de agravamento das tensões no Médio Oriente nas últimas semanas.

Após o ataque dos Estados Unidos a instalações nucleares iranianas, no fim de semana, a Organização de Cooperação de Xangai condenou a operação e manifestou “grave preocupação”, considerando que esta representou “uma violação grave do Direito internacional” e teve “um impacto negativo na paz e segurança globais”.

Russos à mesa

Está também prevista a presença do ministro da Defesa da Rússia, Andréi Beloussov. Moscovo e Pequim têm aprofundado os seus laços na área da Defesa nos últimos anos, ao mesmo tempo que a China mantém uma posição ambígua face à guerra na Ucrânia. Dehgán e Beloussov reuniram-se na segunda-feira, tendo ambos condenado os ataques dos EUA e de Israel contra o Irão.

O ministro russo expressou ainda o seu apoio a Teerão e classificou as exigências ocidentais no domínio nuclear como um “pretexto” para enfraquecer o país.

Cobertura gigantesca

A organização inclui como membros a China, Rússia, Índia, Irão, Cazaquistão, Quirguistão, Paquistão, Tajiquistão, Bielorrússia e Usbequistão, sendo considerada a maior organização regional do mundo em termos de cobertura geográfica e população, abrangendo cerca de 40 por cento da população mundial.

Apesar de os seus membros afirmarem que não se trata de uma aliança militar e que o objectivo principal é proteger os Estados-membros de ameaças como o terrorismo, separatismo e extremismo, analistas consideram que o bloco visa sobretudo contrariar a influência da NATO.

26 Jun 2025

SMG | Sinal 1 de tempestade içado

Os Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) emitiram ontem às 16h30 o sinal 1 de tempestade tropical devido a uma área de baixa pressão na parte norte do Mar do Sul da China que se intensificou para uma depressão tropical, mas apontaram que a possibilidade de elevar o alerta para sinal 3 era “relativamente baixa”.

As autoridades estimavam ontem que a tempestade, que estava a cerca de 800 quilómetros de Macau, se iria deslocar para as áreas entre a costa oeste de Guangdong e a ilha de Hainan, nos próximos dias.

Como tal, será de esperar a partir de hoje e nos próximos dias céu gradualmente nublado, a intensificação do vento, assim como aguaceiros e trovoadas ocasionais. Como é normal nestas circunstâncias, os SMG aconselham a população a manter-se actualizada sobre as últimas informações meteorológicas.

Porto Interior | Apelos à protecção de barcos e ponte-cais

Após a emissão do sinal 1 de tempestade tropical, ontem à tarde, a Direcção dos Serviços de Assuntos Marítimos e de Água (DSAMA) apelou a embarcações de pesca, pontes-cais do Porto Interior e ao público para estarem atentos às alterações climatéricas e tomarem medidas de protecção com antecedência.

As autoridades acrescentam que “os itinerários do transporte marítimo de passageiros serão suspensos tendo em conta a deterioração das condições no mar”, e que cidadãos e turistas devem fazer planos cuidados para que as suas viagens não sejam afectadas.

“Com a aproximação da tempestade tropical, as condições meteorológicas de Macau vão piorar faseadamente, pelo que as embarcações de obras devem tomar as medidas de protecção o mais cedo possível, sendo necessário retirar-se da zona de obras quando estiver içado o sinal 3 de tempestade tropical. As embarcações de pesca devem regressar a Macau o mais rápido possível para se abrigarem.

26 Jun 2025

Metro Ligeiro | Divulgados planos para casos de sinal 8 de tufão

A Sociedade do Metro Ligeiro de Macau e a Direcção dos Serviço para os Assuntos de Tráfego divulgaram ontem os planos de operação do transporte quando estiverem içados sinais de tempestade tropical. Se os Serviços Meteorológicos e Geofísicos não emitirem o sinal 8 de tufão, o serviço de Metro Ligeiro mantém-se em funcionamento normal em todas as linhas.

Se as autoridades emitirem o sinal 8, ou superior, o serviço é suspenso em todas as linhas. A última composição a circular na Linha de Hengqin terá partida da Estação de Lótus, em direcção à Ilha da Montanha, com a circulação cerca de 10 minutos antes da emissão do sinal.

Na linha de Seac Pai Van, com partida da estação do Hospital das Ilhas, a última carruagem saírá 15 minutos antes da emissão do sinal 8, “enquanto os últimos comboios das restantes estações de partida partirão cerca de 40 minutos antes da emissão do sinal 8 de tufão”

Após a descida do sinal 8, e em condições normais, a Linha de Hengqin retomará o serviço imediatamente, enquanto a Linha Seac Pai Van reiniciará as suas operações cerca de 20 minutos mais tarde.

26 Jun 2025

Arbitragem | Assinado novo acordo sino-lusófono

Foi assinado esta terça-feira um novo acordo de cooperação na área da arbitragem jurídica, nomeadamente entre o Centro de Arbitragem do Centro de Comércio Mundial Macau, a funcionar no World Trade Center, e o Instituto de Certificação e Formação de Mediadores Lusófonos.

Segundo um comunicado do WTC, trata-se de um acordo que visa “aprimorar o profissionalismo dos serviços de mediação e optimizar a eficiência na resolução de conflitos transfronteiriços”.

O memorando foi assinado por Jackson Tui, presidente do centro de arbitragem do WTC, e por Ana Coimbra Trigo, presidente do Instituto de Certificação em Macau. No seu discurso, Jackson Tsui referiu que este acordo reforça “ainda mais o papel de Macau como ponte de ligação na cooperação jurídica sino-lusófona”.

Já Ana Coimbra Trigo, afirmou que esta parceria pretende “promover o reconhecimento mútuo e a interoperabilidade dos padrões de mediação sino-lusófonos, consolidando a função de Macau como ‘centro de resolução de conflitos entre a China e os países lusófonos'”.

26 Jun 2025

Canídromo | Deputado Leong Hong Sai sugere alargamento de passeios

Tendo em conta o previsível aumento de fluxo de pessoas nas imediações do Parque Desportivo para os Cidadãos no Canídromo Yat Yuen, o deputado Leong Hong Sai defende que os passeios devem ser alargados, assim como as ruas com mais faixas de rodagem.

Em declarações ao jornal do Cidadão, o legislador dos Kaifong reforçou que a zona, já por si com elevada densidade populacional, terá ainda maior fluxo de pessoas se avançar a ideia do Governo de estender a linha leste do Metro Ligeiro do Posto Fronteiriço de Qingmao ao Fai Chi Kei, com uma estação adjacente ao Parque Desportivo. O deputado e engenheiro salientou que mesmo nos dias de hoje, a zona está mal servida em termos de transportes e passagens superiores para peões.

Outra oportunidade nascida da eventual chegada do Metro Ligeiro a Qingmao, será a possibilidade de desviar os turistas que entram em Macau por aquela fronteira para as zonas do Fai Chi Kei e Patane.

Durante a construção, o deputado recomenda ao Governo que garanta as condições de habitabilidade para os residentes das imediações do Canídromo Yat Yuen, face às obras de grandes dimensões. Tanto o ruído, como o pó produzido devem ter o mínimo impacto possível na vida dos residentes.

26 Jun 2025

Reserva financeira | Registado valor mais alto desde 2021

Os activos da reserva financeira de Macau atingiram no final de Abril 632,6 mil milhões de patacas, o valor mais elevado desde o final de 2021. Nos primeiros quatro meses de 2025, a reserva cresceu 16,3 mil milhões de patacas, mais de metade desse valor foi acrescentado em Abril

 

De acordo com um balanço publicado ontem no Boletim Oficial pela Autoridade Monetária de Macau (AMCM), a reserva está no nível mais alto desde o registado em Dezembro de 2021: 643,2 mil milhões de patacas.

Ainda assim, permanece longe do recorde histórico de 663,6 mil milhões de patacas, atingido no final de Fevereiro de 2021, apesar de o território estar em plena pandemia de covid-19. A reserva começou 2025 em alta, com o valor dos activos a subir 16,3 mil milhões de patacas nos primeiros quatro meses. Mais de metade deste valor (8,99 mil milhões de patacas) foi ganho só no mês de Abril.

Os dados oficiais mostram que é o melhor arranque de ano desde os primeiros quatro meses de 2021, período em que a reserva se valorizou em 42,7 mil milhões de patacas. De acordo com a AMCM, a reserva tinha registado em 2024 o melhor ano desde a pandemia, ao ganhar 35,7 mil milhões de patacas. Este foi o aumento anual mais elevado desde 2019, quando o valor da reserva aumentou em 70,6 mil milhões de patacas.

O valor da reserva extraordinária no final de Abril deste ano era de 459,7 mil milhões de patacas e a reserva básica, equivalente a 150 por cento do orçamento público de Macau, era de 164,2 mil milhões de patacas.

Pano de fundo

O orçamento inicial do território para 2025 prevê uma subida de 7 por cento nas despesas totais, para 109,4 mil milhões de patacas. A Assembleia Legislativa está actualmente a discutir uma proposta apresentada pelo Governo para um novo orçamento, que inclui um aumento extra de 2,86 mil milhões de patacas nas despesas.

A reserva financeira de Macau é maioritariamente composta por 257,8 mil milhões de patacas em investimentos subcontratados, depósitos e contas correntes no valor de 252,9 mil milhões de patacas e até títulos de crédito no montante de 116,6 mil milhões de patacas.

Em 2024, os investimentos renderam à reserva financeira quase 31 mil milhões de patacas, correspondendo a uma taxa de rentabilidade de 5,3 por cento, disse a AMCM no final de Fevereiro.

26 Jun 2025

Lisboa | Lúcia dos Santos com mandato renovado

A nomeação de Lúcia Abrantes dos Santos como chefe da Delegação Económica e Comercial de Macau, em Lisboa foi renovada pelo período de um ano, de acordo com um despacho publicado no Boletim Oficial.

A decisão de renovação foi tomada pelo Chefe do Executivo, Sam Hou Fai, e a posição é desempenhada em regime de acumulação com a posição de chefe da Delegação Económica e Comercial de Macau, junto da União Europeia, em Bruxelas, e com a posição de chefe da Delegação Económica e Comercial de Macau, junto da Organização Mundial do Comércio.

Como acontece nestas situações, a renovação da nomeação foi justificada com o facto de se considerar que Lúcia Abrantes dos Santos tem “experiência e competência profissionais adequadas para o exercício das suas funções”. A renovação vale pelo período de um ano.

26 Jun 2025

Seac Pai Van | Prédios para médicos especialistas suspensos

A zona de Seac Pai Van não vai acolher, para já, os edifícios habitacionais para médicos especialistas do hospital da Taipa no lote SQ2, o que representa menos 40 milhões de patacas em gastos no âmbito do PIDDA – Plano de Investimentos e Despesas da Administração (PIDDA).

A informação do adiamento das obras foi avançada pelo deputado Chan Chak Mo, presidente da comissão permanente da Assembleia Legislativa que está a analisar, na especialidade, a revisão do Orçamento da RAEM para este ano.

Segundo o jornal Ou Mun, o deputado terá mencionado que não se sabe ao certo quando é que a construção destes edifícios poderá começar. Relativamente a outros projectos com orçamentos reduzidos no contexto do PIDDA, estão em causa as melhorias à Universidade de Turismo de Macau, com uma redução de oito milhões de patacas; a construção das instalações de tratamento de águas residuais da Estação de Tratamento de Águas Residuais da Ilha Artificial de Macau, com menos 400 milhões de patacas; e ainda as obras de melhoria das barreiras de segurança da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, com menos 80 milhões.

Chan Chak Mo explicou que a despesa orçamentada sofreu uma redução de 19,75 mil milhões para 19,59 mil milhões de patacas.

26 Jun 2025

Diálogos sobre autismo e deficiência até sexta-feira

Decorre esta semana, e até sexta-feira, uma nova edição do festival “INCLUSION”, que pretende alertar os participantes para as necessidades de pessoas com espectro do autismo, portadoras de deficiência e necessidades educativas especiais.

O evento arrancou segunda-feira com uma série de palestras proferidas por académicos e especialistas, sendo que hoje e amanhã decorre, entre as 12h e as 18h, a competição “Macau Golf Masters”, considerado o “maior torneio de golfe do mundo para pessoas em cenários de neurodiversidade”, que se realiza desde 2017. Esta prova já contou com a participação de 400 atletas com necessidades educativas especiais de 36 países.

Por fim, na sexta-feira o festival “INCLUSION” traz o evento “Let’s Go for Another Movie Together”, no empreendimento Studio City, entre as 15h e as 17h, em que os participantes irão assistir a filmes que recentemente foram sucessos de bilheteira no Studio City, com condições especialmente concebidas para pessoas com autismo e outras “sensibilidades sensoriais”.

Minorias com direitos

O grande objectivo do festival “INCLUSION” é ajudar a compreender espectros de comportamento como o autismo ou vários tipos de deficiência ou de doença mental, a fim de melhor incluir estas minorias na sociedade. O evento é organizado pela Associação de Beneficência dos Leitores da Revista Macau Business, em parceria com diversas entidades locais, e inclui a realização de um concurso internacional no campo das artes intitulado “Creating Something Out of Nothing” [Criando Algo do Nada], que já vai na sua décima edição.

José Carlos Matias, jornalista, vice-presidente da associação e director da revista Macau Business, afirmou, citado por uma nota oficial, que sente “orgulho” por “poderem criar plataformas que dão voz à criatividade e destacam os talentos extraordinários de indivíduos neurodiversos”.

25 Jun 2025

Médio Oriente | Factos demonstram que via militar não traz paz

O Governo chinês afirmou ONTEM que “os factos demonstram que a via militar não traz a paz” ao Médio Oriente, depois de o Presidente norte-americano, Donald Trump, ter anunciado um cessar-fogo e pedido às partes que o respeitem.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Guo Jiakun transmitiu ontem em conferência de imprensa a sua esperança de que “a paz seja alcançada o mais rápido possível” e afirmou que “o diálogo pacífico é o caminho correcto para resolver os problemas”.

“Exortamos as partes envolvidas a retomarem o caminho certo para uma solução política o mais rápido possível”, acrescentou o porta-voz, assegurando que a China “está disposta a colaborar com a comunidade internacional para envidar esforços para manter a paz e a estabilidade no Médio Oriente” e “não deseja que as tensões se intensifiquem”.

O Governo israelita, liderado pelo primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, afirmou ontem num comunicado ter aceitado a proposta de Trump para um “cessar-fogo bilateral” com o Irão após alcançar os seus objectivos em 12 dias de guerra, mas alertou que Israel responderá “com firmeza” a qualquer violação deste acordo.

“Israel agradece ao Presidente Trump e aos Estados Unidos pelo seu apoio na defesa e pela sua participação na eliminação da ameaça nuclear iraniana”, lê-se no comunicado, em referência aos bombardeamentos norte-americanos perpetrados no domingo contra três instalações nucleares iranianas em Fordo, Natanz e Isfahan.

Ainda não está claro se a operação, criticada por Pequim, frustrou o programa de enriquecimento de urânio do Irão e a sua capacidade de construir armas nucleares.

25 Jun 2025