Tenor português Luís Gomes vence dois prémios no concurso Operalia

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] tenor português Luís Gomes venceu na categoria de zarzuela e recebeu o prémio do público para melhor voz masculina, no concurso internacional de canto lírico Operalia, que decorreu no Teatro Nacional de São Carlos, em Lisboa.

“Luís Gomes vence o Prémio zarzuela (‘ex-aequo’ com Pavel Petrov) e o prémio do público para melhor voz masculina”, anunciou a organização, em comunicado.

Emily D’Angelo, representante do Canadá/Itália, e o bielorrusso Pavel Petrov são os vencedores do prémio do Operalia 2018, concurso internacional de canto lírico fundado por Plácido Domingo, que se realizou este ano pela primeira vez em Portugal. D’Angelo venceu ainda o prémio do público para melhor voz feminina, o prémio zarzuela e o prémio Birgit Nilsson.

O tenor português Luís Gomes estudou no Conservatório Nacional de Lisboa, na Escola Superior de Música de Lisboa e na Guildhall School of Music and Drama em Londres, onde se licenciou em Canto e fez mestrado em Ópera.

Passou pela Royal Opera House e, em junho, estreou-se no palco do Teatro Nacional de São Carlos, em “La Traviata”, com um papel que vai voltar a interpretar em outubro no Coliseu do Porto.

Além de Luís Gomes, na final de Ópera estavam qualificados Migran Agadzhanyan (Rússia), Rihab Chaieb (Canadá), Emily D’Angelo (Canadá/Itália), Samantha Hankey (EUA), Johannes Kammler (Alemanha), Long Long (China), Pavel Petrov (Bielorússia), Sean Michael Plumb (EUA), Simon Shibambu (África do Sul), Marina Viotti (Suíça/França) e Arseny Yakovlev (Rússia).

Na final de Zarzuela estiveram Emily D’Angelo, Luís Gomes, Pavel Petrov, Josy Santos (Brasil) e Vanessa Vasquez (Colômbia/EUA).

O Concurso Mundial de Ópera Operalia, que já vai na 26.ª edição, é uma iniciativa criada pelo tenor e maestro espanhol Plácido Domingo, atual diretor-geral da Ópera de Los Angeles (Califórnia).

O júri do concurso integra, sobretudo, diretores-gerais de teatros de ópera internacionais, entre os quais Patrick Dickie (diretor artístico do S. Carlos), Anthony Freud (da Ópera Lírica de Chicago), Joan Marabosch (do Teatro Real de Madrid) e a soprano Marta Domingo, mulher de Plácido Domingo.

A primeira edição do Operalia realizou-se em 1993, em Paris, tendo já acontecido em cidades como Tóquio, Hamburgo, Budapeste, Milão, Moscovo, Pequim, Verona, Los Angeles, Cidade do México, Londres, Madrid e Guadalajara.

3 Set 2018

Economia | Comércio externo subiu 21,7 por cento até Julho

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]comércio externo de Macau subiu 21,7 por cento entre Janeiro e Julho, totalizando 58,01 mil milhões de patacas. Segundo dados divulgados pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), Macau exportou bens avaliados em 7,11 mil milhões de patacas (+5,6 por cento) e importou mercadorias avaliadas em 50,90 mil milhões de patacas (+24,4 por cento) nos primeiros sete meses do ano. Por conseguinte, o défice da balança comercial atingiu 43,79 mil milhões de patacas, traduzindo um agravamento de 28,1 por cento.

As exportações de Macau para a China (1,18 mil milhões de patacas) diminuíram 3,9 por cento, devido à forte queda (82,6 por cento) das vendas a Xangai, à semelhança do que sucedeu com as destinadas aos Estados Unidos (86 milhões de patacas) que sofreram uma queda de 16,8 por cento. Em contrapartida, as vendas para Hong Kong (4,43 mil milhões de patacas) e União Europeia (120 milhões patacas) aumentaram 8,3 e 4,2 por cento, respectivamente, em comparação com os primeiros sete meses do ano passado.

Já as importações de Macau de produtos da China (17,45 mil milhões de patacas) subiram 29,4 por cento, em linha com as compras à União Europeia (12,81 mil milhões de patacas) que cresceram 21,2 por cento entre Janeiro e Julho, indica a DSEC.

As trocas comerciais entre Macau e os países de língua portuguesa atingiram 482 milhões de patacas nos primeiros sete meses do ano – contra 356,7 milhões em igual período do ano passado. As exportações de Macau para o universo lusófono ascenderam a 24 milhões de patacas (contra 700 mil patacas), enquanto as importações sofreram um aumento de 28,5 por cento em termos anuais homólogos para 458 milhões de patacas.

3 Set 2018

Governo apoiado pela ONU declara estado de emergência em Trípoli, capital da Líbia

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] Governo de Acordo Nacional da Líbia, apoiado pela ONU em Tripoli, declarou hoje o estado de emergência na capital, após uma semana de intensos combates entre milícias rivais, os piores desde o início da guerra civil, em 2014.

“Exige-se a adoção de todas as medidas militares e civis para garantir a segurança da população e proteger tanto a propriedade privada como as instalações e instituições públicas vitais”, explicou o Governo de Acordo Nacional (GNA) em comunicado.

Na nota, o executivo dirigido por Fayez al-Serrakh anuncia a formação de um gabinete de crise para gerir o estado de emergência e adverte as partes em conflito de que terão de enfrentar as consequências se tentarem aproveitar a ocasião para avançar nos seus objetivos.

Os combates, que já fizeram 50 mortos, mantêm encurralados sem acesso a eletricidade e água corrente milhares de civis, entre os quais várias centenas de migrantes amontoados em centros de detenção.

Nos últimos dias, a violência intensificou-se, com a entrada no conflito de milícias procedentes de outras cidades, em particular das cidades-Estado de Misrata e Zintan e das localidades de Tarhouma e Zawia, esta última um dos núcleos das máfias que fazem tráfico de pessoas na Líbia.

Os últimos a juntar-se aos esforços em favor de um acordo foram os membros do Conselho de Anciãos da Líbia, que formaram uma célula de emergência para tentar fazer com que todas as partes concordem em negociar.

Os combates, que mataram 20 civis e fizeram mais de 200 feridos, começaram no passado domingo numa zona densamente povoada do bairro meridional de Salehdin, próxima do antigo aeroporto internacional de Tripoli, o ponto estratégico cobiçado pelas partes em conflito.

3 Set 2018

‘Storm Surge’ | Dados de vigilância em tempo real até ao final do ano

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]s Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) esperam receber, até ao final do ano, dados de vigilância em tempo real de estações marítimas flutuantes construídas pelo Instituto de Ciência do Rio das Pérolas, que irão permitir reforçar a capacidade de vigilância e de previsão do fenómeno de ‘storm surge’ (subida anormal do nível da água). Em comunicado, divulgado na sexta-feira, os SMG indicam que as informações a receber, no âmbito da cooperação com o instituto, vão proporcionar “referências importantes”, na medida em que incluem dados sobre a profundidade da água, as correntes marítimas, a altura das ondas, bem como a velocidade e direcção do vento e a pressão atmosférica, entre outros. No total, existem cinco estações marítimas flutuantes colocadas na zona marítima próxima de Macau. O Instituto de Ciência do Rio das Pérolas funciona sob alçada da Comissão de Recursos Hídricos do Rio das Pérolas do Ministério de Recursos Hídricos da China.

3 Set 2018

Presidente das Filipinas inicia visita histórica a Israel

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, iniciou ontem uma visita histórica a Israel, que ilustra a sua disposição em reduzir a dependência militar do tradicional aliado norte-americano, noticia a agência France-Presse.

A visita de quatro dias é a primeira de um chefe de Estado filipino desde o estabelecimento de relações diplomáticas entre os dois países, há 60 anos.

A chegada de Duterte foi seguida de perto em Israel, devido à forte personalidade e franqueza do líder populista que há dois anos chegou a comparar-se a Adolf Hitler.
Duterte tem agendado para hoje um encontro com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, onde será acompanhado por uma grande delegação.

“Esta visita é de grande importância para nós, pois simboliza as fortes e calorosas relações entre os nossos dois povos”, afirmou em comunicado o ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel.

A chegada ao poder de Duterte, em meados de 2016, resultou numa deterioração das relações com os Estados Unidos, país presidido então por Barack Obama, apesar do acordo de defesa que vinculava as duas nações.

Para o chefe de Estado filipino, a visita é “uma oportunidade de visitar outro mercado para (…) equipar as suas Forças Armadas”, disse à AFP Henelito Sevilla, especialista em relações internacionais.

Corrida às armas

Só no ano passado, a indústria de defesa e segurança de Israel exportou um total de 9.200 milhões de euros em armas. Cerca de 60 por cento das exportações de defesa vão para a região da Ásia-Pacífico, segundo dados oficiais. Nesse mesmo ano, Manila tornou-se grande cliente de Israel, ao comprar 21 milhões de dólares em equipamentos.

Em 2016, ano em que subiu ao poder, Duterte recebeu críticas de Israel por se comparar a Adolf Hitler. “Hitler abateu três milhões de judeus, bem, há três milhões de viciados em drogas (nas Filipinas), eu ficaria feliz em abatê-los”, disse à epoca.

O Presidente filipino, que pediu desculpas “ao povo judeu”, irá visitar o Yad Vashem, o memorial do Holocausto em Jerusalém.

3 Set 2018

Fogo de Artifício | Equipas do Japão e da Bélgica concorrem no sábado

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]26º Festival Internacional de Fogo de Artifício arrancou no passado dia 1 e continua no próximo sábado, dia 8, com a participação das equipas do Japão e da Bélgica. Para o dia 15 de Setembro está agendada a actuação da equipa portuguesa e francesa, sendo que as equipas da Alemanha e Áustria actuam no sábado seguinte, dia 24 e as equipas da China e Itália competem no dia 1 de Outubro. No largo da Torre de Macau decorrem duas actuações por noite, marcadas às 21h e 21h40, cada um com 18 minutos de duração.

De acordo com um comunicado oficial, “as cinco noites de espectáculo de fogo-de-artifício decorrem sob os temas ‘Harmonia das Cores Mágicas’, ‘A Fantasia do Fogo-de-Artifício’, ‘Sonoridades do Céu’, ‘Uma Noite Cintilante de Luar de Outono’ e ‘Celebração do Dia Nacional com Fogo-de-Artifício’”. Este ano, as dez equipas que participam no festival “possuem uma rica experiência na realização de grandes exibições pirotécnicas multimédia, algumas produziram espectáculos pirotécnicos para grandes celebrações nacionais de diferentes países, e foram premiadas em vários concursos internacionais de fogo-de-artifício, prometendo espectáculos memoráveis para os residentes e visitantes”.

De Portugal chega o Grupo Luso Pirotecnia, que venceu concursos de fogo-de-artifício no Canadá, República Checa, Estados Unidos, França e Alemanha, e que produziu o espectáculo pirotécnico do Campeonato do Mundo da FIFA de Sub-20 de 2011, em Bogotá, na Colômbia.

À margem do festival, decorre, em parceria com a União Geral das Associações dos Moradores de Macau, o arraial do fogo de artifício, “com gastronomia, espectáculos e jogos, enriquecendo a atmosfera das noites de exibições pirotécnicas”. O arraial está aberto ao público desde o dia 1 de Setembro.

3 Set 2018

Ano Novo Chinês | Instituto Cultural publica livro de António Pedro Pires

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Instituto Cultural (IC) anunciou a publicação de um livro de António Pedro Pires sobre as festividades Ano Novo Chinês, festividade chinesa responsável pela maior movimentação de pessoas todos os anos para o encontro com as suas famílias. De acordo com o IC, o ‘Livro Festividade do Ano Novo Lunar em Macau’ foca-se em três temas principais: calendário lunar, celebração do Ano Novo Lunar e culinária. “O autor analisa a marcha da humanidade desde a tomada de consciência do tempo e da sua medição até à invenção do calendário e ao aparecimento dos relógios”, pode ler-se num comunicado oficial. António Pedro Pires procura explicar o papel que as religiões chinesas (taoismo, budismo, confucionismo e culto dos antepassados) têm nos rituais que antecedem a festa. Por fim, “a veneração dos antepassados”, através da culinária e da “preparação do jantar-reunião de família” é também retratado nesta publicação.

 

 

3 Set 2018

Gastronomia | Henrique Sá Pessoa traz “Chiado” a Macau

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]restaurante Chiado de Macau, uma parceria entre a Sands Cotai Central e o ‘chef’ Henrique Sá Pessoa, deverá abrir até Outubro, disse à agência Lusa o português, que quer fazer do espaço a maior referência da cozinha lusa no território. “Se tudo correr bem deverá ser inaugurado em Setembro, Outubro”, adiantou à Lusa o proprietário do restaurante Alma, premiado com uma estrela Michelin, que se lança em Macau no seu primeiro projecto internacional.

A ideia passa por criar “um restaurante que consiga respeitar a herança” lusa no território e “afirmar-se em Macau como a maior referência da cozinha portuguesa”, que “às vezes é tão mal representada lá fora”, critica o ‘chef’.
Henrique Sá Pessoa explica que o conceito do novo espaço em Macau pretende“representar o moderno da cozinha portuguesa actual”. O restaurante, que terá sala com uma capacidade máxima de cerca de 100 lugares, “não será um restaurante demasiado elaborado, mas também não vai ser tradicional”, garantindo “um serviço elegante e cuidado”.

O ‘chef’ português, que abriu recentemente mais um espaço, o segundo Tapisco, agora no Porto, depois do Atelier, Alma e Cais da Pedra, todos em Lisboa, diz que um dos desafios passa agora por gerir todos os projectos. “É para isso que serve uma equipa, é por isso que está em Macau desde Abril uma pessoa de confiança a trabalhar no projecto”, argumenta.

O restaurante “pode ter ‘nuances’ que introduzam a cozinha asiática, como o gengibre, erva príncipe ou lima, mas será decididamente 100 por cento português”, assegura. O leitão, o bacalhau e o atum “são apenas alguns dos exemplos de alguns dos clássicos” que vão servir de inspiração ao novo restaurante: “na prática, vamos ter um ‘best of’ dos meus pratos”, revela o ‘chef’.

3 Set 2018

Futebol | Selecção de Macau goleada pela Mongólia

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]selecção principal de Macau foi goleada, ontem, por 4-1 diante da Mongólia, em encontro a contar para a primeira fase de apuramento para o Campeonato EAFF E-1. O golo da selecção da Flor do Lótus foi apontado por Carlos Leonel, aos 48 minutos, quando Macau já perdia por 2-0. Para os mongóis marcaram Gankhuyag Seo-Od-Yanjiv (39’), Janchiv Sundorj (45’), Batbold Baljinnyam (74’) e Naranbold Nyam-Osor (82’). “Não era o resultado que esperávamos, mas o futebol é assim”, afirmou, no final, Iong Cho Ieng, selecionador de Macau.

3 Set 2018

Jogos Asiáticos | Macau conquistou cinco medalhas

[dropcap style=’circle’]M[/dropcap]acau conquistou cinco medalhas nos Jogos Asiáticos, que terminaram ontem na Indonésia. Foi, sobretudo, nas artes marciais que os atletas de Macau tiveram melhor desempenho, arrecadando duas medalhas (uma de ouro e outra de prata) no wushu e outras tantas (uma de prata e outra de bronze) no karaté. A quinta medalha (de bronze) foi conquistada no triatlo. Macau esteve representada por 109 atletas em 16 modalidades na 18.ª edição dos Jogos Asiáticos.

3 Set 2018

Tecnologia | China vai limitar número de videojogos para “evitar miopia”

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]China vai limitar o número de videojogos disponíveis na Internet do país, “para evitar a miopia”, uma doença que afecta muitas crianças e adolescentes chineses, avançou o ministério chinês da Educação. O novo regulamento foi anunciado na quinta-feira, logo após uma “importante directriz” do Presidente chinês, Xi Jinping, que apelou à protecção da visão das crianças.

As autoridades limitarão o número de videojogos na Internet, mas também o lançamento de novos produtos no mercado, segundo o comunicado do ministério da Educação. Outras medidas poderão incluir limitar o número de horas que as crianças passam a jogar, lê-se na mesma nota, coassinada por outras sete administrações do país.

As acções de várias empresas do sector nas praças financeiras chinesas afundaram no final da semana passada. A cotação do gigante chinês da internet Tencent desvalorizou mais de 5 por cento, em Hong Kong. A Perfect World caiu 9 por cento, na bolsa de Shenzhen.

Os estudantes chineses sofrem de uma alta taxa de miopia, que é cada vez mais precoce, alertou Xi Jinping, citado pela agência noticiosa oficial Xinhua. O distúrbio ocular tem um impacto negativo significativo na saúde física e mental das crianças e representa um grande problema para o futuro da nação, acrescentou.

A medida anunciada na quinta-feira surge depois de Pequim ter suspendido a emissão de licenças para comercializar novos videojogos. Segundo a lista da Agência Nacional para a Rádio e Televisão, nenhuma empresa obteve novas licenças desde maio passado.

3 Set 2018

UE | Pequim saúda fim das restrições sobre a venda de painéis solares

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]China saudou ontem a decisão da Comissão Europeia (CE) de eliminar as taxas de importação dos painéis solares chineses a partir do próximo dia 3 de Setembro, ao final de quase cinco anos em vigor. Em comunicado, o ministério do Comércio chinês afirmou que a medida vai “restaurar o comércio de painéis solares entre a China e a União Europeia de acordo com as “condições normais do mercado”. Além disso, vai gerar um “ambiente de negócios mais estável e previsível” de modo a que as indústrias de ambas as partes possam obter “resultados vantajosos”, considerou. Segundo a agência de notícias estatal Xinhua, o gigante asiático quer continuar a cooperar com a UE e a promover “o livre comércio global” e um “sistema multilateral de comércio baseado em regras”. A Comissão Europeia impôs as taxas em Dezembro de 2013, depois de meses de uma investigação que revelou que empresas chinesas vendiam painéis solares na Europa muito abaixo dos preços normais de mercado.

3 Set 2018

China/África | Teoria da armadilha do endividamento é “fantasia infundada”

Um conhecido analista chinês classificou ontem de “fantasia” a teoria da armadilha do endividamento nos países incluídos no projecto de infra-estruturas internacional da China, nas vésperas de Pequim anunciar milhares de milhões de dólares em empréstimos a África

[dropcap style=’circle’]N[/dropcap]ão há motivos para que a China queira levar a situações de incumprimento para poder então pressionar estes países”, disse Gao Zhikai, um dos mais conhecidos comentadores da televisão chinesa, à agência Lusa, em Pequim.
A capital chinesa recebe, hoje e amanhã, o Fórum de Cooperação China/África, que reúne dezenas de chefes de Estado e de Governo dos países africanos, e deve anunciar a inclusão do continente na Nova Rota da Seda.

Bancos estatais e outras instituições da China estão a conceder enormes empréstimos para projectos lançados no âmbito daquele gigantesco plano de infra-estruturas, que inclui a construção de portos, aeroportos, autoestradas ou malhas ferroviárias ao longo da Europa, Ásia Central, África e sudeste Asiático.

Críticos da iniciativa apontam para um aumento problemático do endividamento, que em alguns casos coloca os países numa situação financeira insustentável.

No Sri Lanka, um porto de águas profundas construído por uma empresa estatal chinesa, numa localização estratégica no Índico, revelou-se um gasto incomportável para o país, que teve de entregar a concessão da infraestrutura e dos terrenos próximos à China, por um período de 99 anos.

Na sequência do episódio, o primeiro-ministro da Malásia, Mahathir Mohamad, cancelou projectos apoiados pela liderança chinesa no seu país e avaliados em mais de 22.000 milhões de dólares. “Nós não queremos uma nova versão do colonialismo porque os países pobres não conseguem competir com os países ricos”, afirmou Mahathir sobre a sua decisão.

“Passivo Político”

Também a directora-geral do Fundo Monetário Internacional, Christine Lagarde, alertou já para os riscos de derrapagem financeira e armadilha do endividamento. “Nos países onde a dívida pública é alta, uma gestão cuidadosa dos termos financeiros é crucial”, disse.
Antigo intérprete de Deng Xiaoping, formado em língua inglesa e com um mestrado em Ciências Políticas na Universidade de Yale, Gao Zhikai considera aquelas acusações uma “fantasia completamente infundada” e lembra que o “endividamento é necessário” para arrancar com os projectos em países com pouco capital.

“Condenar a iniciativa pelos termos do financiamento é simplesmente bater à porta errada”, defende o analista chinês, que ilustra o significado da Nova Rota da Seda com o caso de África, “provavelmente” o continente “mais fragmentado”, “devido ao colonialismo europeu”. “Estes países focaram-se em conectar as suas colónias, em vez de conectar os países tendo em conta a sua localização na respectiva região ou no continente” lembra.

Segundo a unidade de investigação China AidData, desde 2000, Pequim concedeu mais de 110.000 milhões de dólares em financiamento aos países africanos. Aquele valor coloca o país asiático lado a lado com os Estados Unidos como o maior credor do continente, mas Gao Zhikai recorda que, ao contrário de Washington, Pequim não tem um “passivo político” para com África. “Enquanto os EUA têm uma longa história de esclavagismo, a China nunca teve um racismo institucionalizado contra os africanos”, recorda.

Durante os anos 1960 e 1970, a então pobre e isolada China apoiou dezenas de países africanos “na luta contra o imperialismo” e na “defesa do internacionalismo proletário”. “As relações entre China/África começaram num nível mais elevado”, conclui Gao.

3 Set 2018

Defesa | Taiwan fabrica 66 aviões de treino avançado até 2026

[dropcap style=’circle’]T[/dropcap]aiwan vai fabricar 66 aviões de treino avançado até 2026, desenvolver novos motores de aeronaves e componentes-chave de aviões de combate de última geração, anunciou no fim-de-semana o Ministério da Defesa. Segundo a agência Efe, Taiwan contratou a Corporação de Desenvolvimento Industrial Aeroespacial (AIDC, na sigla em inglês) para o desenvolvimento e fabrico dos aviões, um plano de fortalecimento das forças armadas para os próximos cinco anos, e que visa fazer frente ao avanço militar chinês. Em comunicado, o Ministério indica que a empresa já iniciou a montagem do primeiro dos 66 aviões e que pretende realizar testes no solo em Setembro de 2019.

O Ministério da Defesa de Taiwan acrescenta que o primeiro voo está planeado para Junho de 2020.

Os novos aviões vão substituir as actuais aeronaves de treino AT-3 e também os F-5E e F, de fabrico norte-americano.

A Presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, lançou um programa de modernização militar, que inclui o aumento dos gastos da defesa até 3 por cento do Produto Interno Bruto, a aquisição de equipamento tecnológico norte-americano e a produção de submarinos, aviões, navios e mísseis em Taiwan.

3 Set 2018

Diplomacia | Presidente da África do Sul inicia visita de Estado à China

 

O Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, iniciou ontem uma visita de Estado à China onde vai copresidir à cimeira China-África, que decorre até amanhã, em Pequim

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]visita de Ramaphosa à China, a convite de Xi Jinping, “é um gesto de retribuição” por parte do chefe de Estado que foi anfitrião de uma visita de Estado do seu homólogo chinês em 24 de Julho, véspera da cimeira BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul (Brics) em Joanesburgo, disse a presidência em comunicado.

A visita do chefe de Estado sul-africano começará com a colocação de uma coroa de flores no “Monumento dos Heróis do Povo” na praça de Tiananmen, em homenagem aos que perderam a vida “nas guerras do povo chinês pela libertação, independência e liberdade”.
De acordo com a presidência, Ramaphosa vai reunir-se depois com o primeiro-ministro Li Keqiang na residência oficial ‘Diaoyutai State Guest House’ antes de participar na cerimónia de boas-vindas oferecida por Xi Jinping no Grande Salão do Povo.

Durante a sua estada na China, Cyril Ramaphosa participará ainda na cimeira do Fórum de Cooperação China-África (FOCAC), a ter lugar em Pequim de 3 a 4 de Setembro sob o tema: “China e África: rumo a uma comunidade ainda mais forte, com um futuro compartilhado através da cooperação mutualmente benéfica”.

O Fórum, criado em 2000 como plataforma multilateral de cooperação entre a República Popular da China (PRC, na sigla em inglês) e os países africanos com relações diplomáticas oficiais com a PRC, será copresidido por Cyril Ramaphosa e Xi Jinping.
A África do Sul, que acolheu a última cimeira do Fórum China-África em 2015, entregará a presidência do FOCAC a um novo país africano, após seis anos no cargo (2012 a 2018).
Segundo a presidência, a África do Sul, como presidente cessante, “irá centrar os seus esforços em assegurar um papel mais importante para a Comissão da União Africana no FOCAC, bem estreitar relações com as comunidades económicas regionais e a Nova Parceria para o Desenvolvimento da África (NEPAD)”, o programa de desenvolvimento socioeconómico da União Africana.

Ligação a Pretória

A nível bilateral, a China tem sido o principal parceiro comercial da África do Sul por nove anos consecutivos, segundo dados divulgados ontem pela ministra das Relações Internacionais e Cooperação, Lindiwe Sisulu.

Em 2017, o comércio bilateral entre os dois países cresceu 11.7 por cento para 39.17 biliões de dólares, vinte vezes maior do que no arranque das relações diplomáticas entre Pretória e Pequim.

A África do Sul é o principal destino do investimento chinês em África, com investimentos acumulados de mais de 25 biliões de dólares em Junho de 2017. A governante sublinha ainda que “mais de 180 grandes empresas chinesas e milhares de pequenas e médias empresas estabeleceram-se no país”, acrescentando que, “além disso, a África do Sul recebe o maior número de turistas chineses em África, tendo 100.000 cidadãos visitado o país em 2017”.

Na opinião de Lindiwe Sisulu, a China tornou-se um importante parceiro de investimento para a África do Sul, “estimulando a transformação e o desenvolvimento económico e social do país”. “Em muitas áreas, a parceria China-África proporcionou resultados concretos que são benéficos para África”, escreve Lindiwe Sisulu, num artigo publicado na edição de ontem do semanário sul-africano City Press.

“África está empenhada em utilizar ao máximo esta parceria em termos de acesso de mercado e oportunidades de negócio. Existe também a necessidade de alinhar a parceria com os objectivos estratégicos da UA (União Africana). Neste sentido, esperamos consolidar uma parceria China-África ainda mais forte através da cooperação mutualmente benéfica na Cimeira do FOCAC 2018”, diz Sisulu.

Na visita à China, o Presidente Ramaphosa é acompanhado pela sua esposa Tshepo Motsepe, e os ministros Lindiwe Sisulu (Relações Internacionais e Cooperação), Naledi Pandor (Ensino Superior), Rob Davies (Comércio e Indústria), Pravin Gordhan (Empresas Públicas), Edna Molewa (Assuntos Ambientais), Gugile Nkwinti (Água e Saneamento), Blade Nzimande (Transportes), Derek Hanekom (Turismo), Nhlanhla Nene (Finanças) e Senzeni Zokwana (Agricultura, Silvicultura e Pescas), disse a presidência sul-africana.

3 Set 2018

Hotelaria | “The 13” aberto, mas só para reservas especiais

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]Hotel “The 13”, localizado às portas de Coloane, abriu portas na sexta-feira, mas apenas para “reservas privadas”, afirmou um porta-voz da South Shore Holdings, a empresa proprietária da unidade hoteleira, ao GGRAsia. Segundo o portal especializado em jogo, pelo menos durante o dia de sexta-feira não só não era permitida entrada a transeuntes como não era possível reservar um quarto nem através do ‘site’ oficial do hotel nem via telefone. A inauguração do luxuoso hotel sofreu uma série de adiamentos, atribuídos a atrasos nas obras e dificuldades de financiamento. A empresa proprietária também já expressou a vontade de abrir um casino no “The 13”, algo que, de acordo com o que adiantou no início do ano, estima vir a acontecer somente a 31 de Março de 2019. Porém, a data pode estar dependente de outros factores, como a assinatura de um acordo formal com uma das seis operadoras de jogo e, claro, do aval do Executivo.

3 Set 2018

Dengue | Serviços de Saúde advertem para risco elevado

[dropcap style=’circle’]N[/dropcap]a sequência das chuvas dos últimos dias e dos surtos em Hong Kong, Cantão e Taiwan, os Serviços de Saúde advertem para o risco elevado de propagação da febre de dengue. Os serviços não descartam a possibilidade de ocorrência de casos locais e apelam aos residentes para não descurarem as medidas de prevenção. Em comunicado, divulgado na noite de quinta-feira, os Serviços de Saúde indicam que, até Julho, foram realizadas mais de cinco mil inspecções a fontes de proliferação de mosquitos, incluindo zonas de alto risco, como terrenos abandonados.

3 Set 2018

Habitação | Sin Fong Garden pode ir abaixo dentro de 30 dias

[dropcap style=’circle’]W[/dropcap]ong Man Sang, presidente da comissão de gestão do condomínio do edifício Sin Fong Garden, anunciou que a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) emitiu no passado dia 24 de Agosto uma autorização para a demolição do prédio. O trabalho poderá começar dentro de 30 dias.

Lo Chi Cheong, director-geral da Tat Cheong – Companhia de Construção e Engenharia, Limitada, referiu em conferência de imprensa organizada na passada sexta-feira que será a primeira vez que, em Macau, se realiza a demolição de um edifício com 30 andares. O responsável avançou que as obras de reconstrução podem demorar cerca de dois anos e meio até ficarem concluídas, com um orçamento estimado em 200 milhões de patacas.
De acordo com o jornal online All About Macau, Loi Chi Cheong adiantou que a mesma empresa que irá demolir a central eléctrica da CEM, localizada na zona da Areia Preta, será a responsável pela demolição do edifício habitacional. A empresa garantiu à publicação a segurança dos edifícios adjacentes ao Sin Fong Garden.

O responsável pela gestão de condomínio do edifício lembrou os problemas que os donos das casas têm tido nos últimos seis anos, desde que se verificou que o Sin Fong Garden corria o risco de cair, dadas as deficiências detectadas na estrutura. Quem continua a estar contra a demolição pode manifestar a sua oposição antes do dia 20 de Setembro. Caso contrário, a demolição arranca no prazo previsto, explicou.

3 Set 2018

Terrorismo | Polícia Judiciária cria divisão própria

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]Polícia Judiciária (PJ) anunciou que vai criar uma divisão especial para investigar casos suspeitos de terrorismo, uma vez que, com a revisão da lei da PJ, em 2006, o combate a este tipo de crimes passou a fazer parte das suas competências. De acordo com o Jornal do Cidadão, o director da PJ, Sit Chong Meng, o pessoal da nova divisão será mobilizado para diferentes serviços, prevendo-se que, até finais deste ano, ou até 2019, se possam proceder aos trabalhos de criação da nova secção da PJ.

3 Set 2018

Cooperação | Associações tradicionais abrem escritórios na China

[dropcap style=’circle’]D[/dropcap]uas associações tradicionais com representação política no hemiciclo, a Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) e a União Geral das Associações de Moradores de Macau (Kaifong), têm planos para expandir a sua representação no interior da China. A FAOM já tem um escritório em Zhuhai e, de acordo com a imprensa chinesa, Leong Sun Iok, deputado ligado a esta associação, justifica a presença na cidade vizinha com os oito mil residentes da RAEM que lá vivem. Também os Kaifong planeiam abrir um gabinete na cidade de Zhongshan, noticiou ontem o jornal Ou Mun.

3 Set 2018

AL | Ho Ion Sang defende melhorias no processo de consultas públicas

[dropcap style=’circle’]O[/dropcap]deputado Ho Ion Sang traçou o balanço da primeira legislatura do hemiciclo e apontou falhas no processo de realização de consultas públicas. De acordo com um comunicado, Ho Ion Sang lembrou que, nos últimos meses, têm ocorrido várias polémicas, tais como a suspensão das consultas públicas sobre a revisão da lei do trânsito, do projecto do crematório e os atrasos nas obras do Metro Ligeiro. Para o deputado, estes casos mostram que há falta de transparência na forma como se governa e ineficácia no aproveitamento dos cofres públicos. Ho Ion Sang considera que os cidadãos poderiam concordar com muitos desses projectos que foram suspensos se tivesse sido devidamente informados. Dessa forma, o deputado defende que os membros do Governo devem aprender a lição com estas experiências, sem ignorar o desenvolvimento social e as opiniões dos residentes.

3 Set 2018

Cimeira China-África | Fórum Macau defende relações bilaterais

 

Glória Batalha Ung, secretária-geral adjunta, defendeu que o sucesso do Fórum China-África, que se realiza hoje e amanhã em Pequim, passa pelo fomento de relações bilaterais

 

[dropcap style=’circle’]A[/dropcap]importância da participação dos países africanos de língua portuguesa no Fórum China-África “deve ser avaliada no contexto das relações bilaterais” que estes mantêm com Pequim, disse à agência Lusa a secretária-geral adjunta do Fórum de Macau.

Em causa, enuncia Glória Batalha Ung, está a participação de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe, os cinco países africanos entre o oito que fazem parte do Fórum de Macau, uma plataforma de cooperação multilateral entre a China e os países de língua portuguesa.

A terceira edição do Fórum de Cooperação China-África (FOCAC) deverá juntar em Pequim, entre hoje e amanhã, dezenas de chefes de Estado e de Governo do continente africano.

A cimeira contará com três novos países: São Tomé e Príncipe, Burkina Faso e a Gâmbia, que elevam assim para 53 o número de nações africanas com relações com a China. Desde 2015, a média anual do investimento directo da China no continente fixou-se em 3 mil milhões dólares, com destaque para novos sectores como indústria, finanças, turismo e aviação. O primeiro Fórum de Cooperação China-África aconteceu em Pequim, em 2006, e a segunda edição decorreu na África do Sul, em 2015.

Intenções africanas

São Tomé e Príncipe estreia-se hoje numa cimeira ao mais alto nível com a China, para onde viajou o primeiro-ministro, Patrice Trovoada, com investimento chinês para a construção de 300 apartamentos para funcionários públicos na mira do Governo.

“Durante a minha estadia, um dos ministros que me acompanha irá assinar alguns acordos, um dos quais tem a ver com o projecto de construção de blocos de apartamentos para os funcionários públicos”, explicou. Patrice Trovoada diz-se satisfeito com o reatamento da cooperação entre os dois países, após uma suspensão de cerca de 20 anos, quando estabeleceu a cooperação com o Taiwan.

Também Angola vai estar representada ao mais alto nível neste fórum, tendo na agenda as negociações para uma nova linha de crédito chinês de 11.000 milhões de euros, para financiar vários projectos.

A comitiva é liderada pelo Presidente de Angola, João Lourenço, que terá encontro bilateral com o homólogo chinês, Xi Jinping, tal como anunciou, em comunicado, o ministro das Relações Exteriores angolano, Manuel Augusto.

Em quase duas décadas, as relações comerciais dos países de língua portuguesa com a China registaram um aumento significativo. Se em 2002, antes do estabelecimento do Fórum Macau, o valor global das trocas comerciais era de cerca de 6.000 milhões de dólares, em 2017 foi de 117,6 mil milhões de dólares.

Já o investimento directo da China nos países lusófonos passou de 56 milhões de dólares em 2003, para cerca de 5.700 milhões de dólares em 2016, sendo que o investimento total da China nestes países é de 50 mil milhões de dólares.

3 Set 2018

Sporting | Candidato João Benedito vai até ao limite na defesa do clube contra rescisões

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] candidato à presidência do Sporting João Benedito admitiu ir até às últimas consequências para defender os interesses do clube nos processos de rescisões dos futebolistas que deixaram o plantel neste verão, após o ataque à Academia, em Alcochete.

Sem esconder a tristeza por este processo ter sido maioritariamente liderado por jogadores provenientes dos escalões de formação, na sequência dos graves incidentes de 15 de maio, o antigo guarda-redes de futsal do Sporting reconheceu, em entrevista à Lusa, que há casos distintos entre os elementos que saíram, mas que o clube não pode sair prejudicado.

“É lógico que me preocupa e gostava que não tivesse acontecido. As pessoas terão as suas razões, mas cabe-me olhar para o problema de uma forma defensora – única e exclusivamente – do que são os direitos do Sporting. Nenhum clube ou atleta vai conseguir levar vantagem em relação ao Sporting por aproveitamento desta situação”, avisou, comprometendo-se ainda a “tornar público o protocolo com os grupos organizados de adeptos”.

Outro tema a agitar o universo sportinguista ao longo dos últimos anos foram as relações tensas com os rivais, nomeadamente em relação ao Benfica. Confrontado com a possibilidade de um reatamento, João Benedito condicionou uma decisão nesta matéria às consequências de vários processos que envolvem os ‘encarnados’ e que estão na justiça.

“Há situações que têm de ser respondidas e há informações que têm de ser dadas aos sócios do Sporting. Quando chegarmos, iremos pegar nos processos e queremos ser institucionais com todos aqueles que são os parceiros no negócio do futebol. É aqui que nos queremos focar, mas há situações que não podem ser esquecidas e há respostas que têm de ser dadas”, referiu.

Apesar desse posicionamento, o candidato à presidência ‘leonina’, de 39 anos, admitiu convergir com os rivais na questão dos direitos televisivos, tema sobre o qual conversou recentemente com o presidente da Liga de clubes, Pedro Proença. No entanto, só aceita um cenário em que os leões não saiam prejudicados financeiramente em relação ao contrato de longa duração assinado com a operadora NOS em 2015.

“A minha posição em relação a este tema é: primeiro, defender os interesses do Sporting, e, segundo, poder congregar esses interesses do Sporting com aquilo que são os interesses do mercado e do negócio do futebol. A minha preocupação – e foi demonstrada – foi garantir que havendo essa centralização o Sporting, pelo menos, consegue garantir aquilo que já garantiu com o contrato de patrocínio que foi assinado”, referiu.

“Estamos afastados da Liga dos Campeões. Por consequência, estamos com receitas inferiores aos nossos rivais. Se nos for reduzida a vertente dos direitos televisivos, vamos ficar ainda mais fragilizados. Sou de acordo que possa haver essa centralização, mas que o Sporting receba, pelo menos, aquilo que são os valores que já tem orçamentados”, frisou.

Já sobre as modalidades e a alegada falta de retorno financeiro para o investimento que tiveram na última época, da qual resultaram as conquistas dos títulos de andebol, futsal, hóquei em patins e voleibol, João Benedito deixou uma garantia de competitividade.

“Todas as modalidades do Sporting têm de lutar para serem campeãs nacionais, pelo menos. É este o nosso posicionamento. Depois, temos de ver a nossa elasticidade de custos e condições para podermos lutar pelos títulos europeus. O valor dos títulos das modalidades é muito superior ao preço que elas custam”, sentencia.

Candidato recusa situação financeira “calamitosa”

O candidato à presidência do Sporting João Benedito assegurou que não vê uma situação “calamitosa” nas contas da SAD dos ‘leões’ e que a sua estratégia, caso seja eleito, no sábado, passa pelo recurso ao financiamento na banca.

O rosto da lista A considerou que o tema das finanças ‘leoninas’ tem sido empolado por outras candidaturas e lembra exemplos dos rivais Benfica e FC Porto para fazer a defesa da aposta em novos empréstimos obrigacionistas.

“O Sporting, juntamente com as vendas que fez de William e Piccini, precisará em novembro de mais 60 milhões de euros (ME) para cumprir com o empréstimo obrigacionista anterior e mais 30 ME para questões de tesouraria. Até final do ano, com estes 85 ME, a situação está regularizada. Daqui para a frente iremos avaliar o que mais é necessário. Em termos de estratégia, iremos aos mercados para arranjar investidores”, explicou.

O antigo guarda-redes do futsal do Sporting apontou como crucial aproveitar “o que foi bem feito” na anterior direção, liderada por Bruno de Carvalho, e deu o exemplo da reestruturação financeira, que tenciona prosseguir e “tentar melhorar”, prometendo que o Sporting vai continuar sempre a manter a maioria do capital da SAD.

“Temos de nos sentar para negociar, para tentar que o Sporting tenha mais capital dentro da SAD e que seja sempre – e assim o será connosco – o acionista maioritário da SAD. Porque o clube é um só”, frisou, complementando: “Aqueles que vão representar o Sporting vão ver na sua cúpula diretiva um exemplo daquilo que foi a conquista de títulos.”

Uma das apostas de João Benedito para o futuro passa pela entrada em cena de um CEO. Porém, o candidato à presidência leonina esclarece que o poder vai continuar nas suas mãos e que este executivo – cujo nome não vai divulgar se não vencer – terá a seu cargo “áreas não desportivas” do clube.

“Queremos alguém que seja transversal ao clube e à SAD para conhecer e ter a análise das áreas não desportivas. Queremos que seja alguém que possa gerir esta parte do clube, mas aplicando aquilo que nós definimos. Reporta sempre a mim e à Comissão Executiva, nós é que definiremos a estratégia”, referiu.

Paralelamente, o líder da lista A alertou para a necessidade de mudar o paradigma das últimas duas décadas no Sporting, no qual o plano desportivo foi menorizado sob a vertente financeira.

“Há um pensamento estratégico isolado e não congregador destas duas áreas. É aqui que reside a estratégia de intervenção, porque aquilo que é a independência de um clube é suportado pelos resultados desportivos. Tem de ser o pensamento desportivo a definir a estratégia”, vincou.

“O futebol do Sporting tem de ser integrado naquilo que é a cultura de vitória do clube. Reparámos que desde que houve a separação entre o clube e a SAD começámos a ver um clube separado, dividido entre as partes. E de que lado ficou a cultura de vitória? Do lado das modalidades. Infelizmente, temos de assumir isto”, conclui.u

As eleições no Sporting estão marcadas para sábado. Além de João Benedito, concorrem ao ato eleitoral José Maria Ricciardi (lista B), Pedro Madeira Rodrigues (C), Frederico Varandas (D), Rui Jorge Rego (E), José Dias Ferreira (F) e Fernando Tavares Pereira (G).

3 Set 2018

Sporting | Ricciardi diz que nunca foi “presidente sombra” e alerta para situação financeira do clube

[dropcap style≠’circle’]O[/dropcap] candidato à presidência do Sporting José Maria Ricciardi desmente que tenha sido “um presidente sombra” nos últimos anos e alertou para as dificuldades de tesouraria que o clube pode enfrentar esta época.

“Nunca fui presidente sombra nem andei a dar ordens dentro do Sporting. São mitos que se criam. Resolvi avançar [com a candidatura], porque o Sporting está numa situação muito difícil. É resolúvel, mas está a subestimar-se a situação”, frisou Ricciardi, em entrevista à agência Lusa.

O banqueiro, de 63 anos, considera que os opositores nas eleições de sábado “ainda não se aperceberam da situação em que o clube se encontra”, apontando-lhes “inconsciência e imaturidade, que nada tem a ver com idade”.

“Estávamos à espera que aparecesse uma candidatura que desse garantias de experiência, de conhecimento, de saber lidar com investidores, maturidade e experiência de gestão, porque, hoje em dia, o Sporting é uma realidade empresarial. Achámos que as outras candidaturas não nos ofereciam isso”, referiu à Lusa.

Ricciardi rejeitou que tivesse contribuído para os problemas que afetaram o BESI e lembrou que continuou a ser “presidente do banco de investimentos mais importante do país durante quase mais três anos”, e que foi distinguido com o “prémio de melhor banqueiro da Europa”.

O presidente a ser eleito no sábado vai suceder a Bruno de Carvalho, ex-líder dos ‘leões’, que foi destituído pelos sócios em 23 de junho e o qual foi apoiado, durante muito tempo, pelo próprio José Maria Ricciardi. O volte-face, segundo Ricciardi, aconteceu com a reeleição de Bruno de Carvalho, no ato eleitoral de 2017.

“É alguém que destruiu o trabalho positivo que estava a fazer, em certos aspetos bastante positivo mesmo. A partir da reeleição, quando teve quase 90%, começou-se a degradar com toda a gente. Foi piorando até ao jogo com o Atlético de Madrid. Nunca tinha visto na vida um presidente desvalorizar a sua própria equipa de futebol. Arruinou o trabalho positivo que tinha feito”, reconheceu.

A situação financeira do clube e da SAD merece a preocupação do candidato, que começou por lembrar a ‘herança’ deixada por Bruno de Carvalho. De acordo com Ricciardi, “só uma equipa de gente experimentadíssima e com capacidade para se relacionar rapidamente com investidores” poderá fazer face a um “défice de tesouraria para a época toda que pode atingir os “122 milhões de euros (ME)”.

A ausência da fase de grupos da Liga dos Campeões de futebol também merece a atenção do candidato, numa altura em que as verbas pagas pela UEFA aos clubes que nela participam são cada vez maiores.

“Estamos a caminhar para uma primeira divisão europeia em que as diferenças entre os clubes que lá estão e os que não estão são cada vez mais profundas. Se nós falharmos agora, o que, se certas candidaturas ganharem, tem probabilidade alta, nunca mais lá vamos”, sublinhou.

Contudo, José Maria Ricciardi acredita que o primeiro grande desafio do próximo presidente do Sporting passa pelo reembolso do empréstimo obrigacionista de 30 ME, que deveria ter sido efetuado em maio e acabou adiado para novembro.

“É a primeira vez que o Sporting ou qualquer clube de futebol não honra o compromisso na data do empréstimo. Se falhar este pagamento, vai ser catastrófico. Será que os sócios têm consciência da dificuldade que isto representa, da credibilidade que se tem de ter, do conhecimento dos mercados de capitais? Sei que há muitos que não valorizam isso, mas é altura de começarem a pensar nisso, porque, depois, não há futebol”, vincou.

Por outro lado, Ricciardi reforçou a intenção de presidir ao conselho da administração da SAD, caso seja eleito presidente do clube: “Não quero que se passe o que se passou no Belenenses. O presidente do clube deve ser o presidente do conselho de administração da SAD, mas isso não significa que não possa haver um presidente executivo na SAD, no dia a dia.”

Aposta no título e gestão “racional” das modalidades

José Maria Ricciardi pretende também trabalhar para o título de campeão nacional de futebol logo no dia seguinte às eleições no Sporting, está confiante no trabalho desenvolvido na Academia e quer inverter a gestão financeira nas modalidades. O candidato pela lista B assegurou que, em caso de triunfo no ato eleitoral de sábado, começará imediatamente a trabalhar para recuperar um título que escapa aos ‘leões’ desde 2002.

“Em 2002, estive no autocarro da equipa e vi mais de 500 mil sportinguistas na rua, a celebrar. Não se via um centímetro quadrado de chão. Depois, nesta última final da Taça de Portugal, vi centenas de crianças e adolescentes a chorar e disse a mim mesmo que o Sporting é um clube extraordinário. Ao fim de tantos anos sem ganhar, ainda tem toda esta gente nova e que sofre desta maneira pelo clube. A minha primeira grande medida é dar uma grande alegria a toda esta gente, que é sermos campeões outra vez”, afirmou à Lusa.

Ricciardi admitiu que o Sporting parte em desvantagem perante os rivais Benfica e FC Porto na luta pelo cetro, mas recorreu ao exemplo dos portistas na última temporada.

“Quando se diz no início que vamos ser campeões nacionais, isso coloca logo uma pressão tremenda na equipa. O FC Porto, no ano passado, dizia-se que era a equipa mais fraca, não tinha condições de comprar jogadores por causa do ‘fair play’ financeiro, tinha um novo treinador e acabou por ser campeão. Portanto, acho que está tudo em aberto”, referiu.

O banqueiro, de 63 anos, reforçou a confiança em José Peseiro e lembrou que o técnico não ganhou o campeonato e a Taça UEFA em 2005 “por uma unha negra”: “É preciso apoiar quem lá está. Gostava muito de ter o Mourinho ou o Guardiola como treinador, mas isso não é possível. Para mim, neste momento, o melhor treinador do mundo é o José Peseiro.”

Apesar das reservas de outros candidatos para com a aposta em José Eduardo para o cargo de diretor para o futebol, Ricciardi manifesta total confiança no antigo futebolista dos ‘verde e brancos’: “O José Eduardo foi campeão duas vezes pelo Sporting. A maioria destes senhores que criticam o José Eduardo não faz ideia do que é ser campeão nacional, nunca esteve lá dentro.”

De resto, deixou algumas críticas aos opositores: “O Dr. [Frederico] Varandas deu um ‘tetra’ ao Benfica, um campeonato ao FC Porto e um sétimo lugar ao Sporting. O [João] Benedito nunca esteve no futebol na vida. Essa história de o José Eduardo estar fora do futebol é um argumento infundado. Está mais dentro do que qualquer um deles, porque foi profissional de futebol toda a vida e ganhou campeonatos, coisa que eles não sabem o que é, não fazem ideia.”

Por outro lado, Ricciardi considerou que o Sporting “tem uma das melhores academias do mundo”, onde se formaram “dois dos melhores jogadores do mundo”, e que deve voltar “a apostar tudo na formação”.

“Nestes últimos anos, deixou-se de apostar tanto na academia, para se comprar cerca de 150 jogadores, alguns dos quais nem se percebe como foi possível contratar. Houve esta interrupção, mas vem aí uma nova linha de jogadores excecionalmente bons entre os 13 e 15 anos. Daqui a dois ou três anos, vamos começar a ter uma quantidade maior de jogadores da formação”, transmitiu.

Já no que diz respeito às modalidades, o candidato pela lista B acredita que é possível continuar a ter sucesso sem ser necessário gastar cerca de 20 milhões de euros todas as épocas, bastando, para isso, “uma gestão e um controlo orçamental mais racionais”.

“Não podemos ter modalidades sem orçamento e, como não há orçamento, não há responsabilização de quem lá está, nem a monitorização dos desvios. O Sporting é gerido como não se gere uma empresa há 50 anos. Isso faz com que se gaste mais dinheiro do que o necessário, caso houvesse um rigor e um controlo muito apertado. E isto não põe em causa as vitórias nas modalidades”, apontou.

As eleições no Sporting estão marcadas para sábado. Além de José Maria Ricciardi, concorrem ao ato eleitoral João Benedito (lista A), Pedro Madeira Rodrigues (C), Frederico Varandas (D), Rui Jorge Rego (E), José Dias Ferreira (F) e Fernando Tavares Pereira (G).

3 Set 2018