Hoje Macau China / Ásia MancheteHong Kong | Carrie Lam diz que vai analisar com “humildade” resultados das eleições distritais [dropcap]A[/dropcap] líder de Hong Kong, Carrie Lam, disse hoje que vai ouvir com “humildade e seriedade” a sociedade depois da esmagadora vitória dos candidatos pró-democracia nas eleições de domingo sobre o campo pró-Pequim. “O Governo de Hong Kong vai ouvir as opiniões dos membros do público com humildade e seriedade”, apontou Carrie Lam em comunicado divulgado no ‘site’ do Governo, acrescentado que “respeita os resultados das eleições”. A líder de Hong Kong afirmou que podem existir “várias análises e interpretações na comunidade em relação aos resultados” e que muitas delas são da opinião que “os resultados refletem a insatisfação das pessoas com a situação atual e com os problemas profundos da sociedade”. Na mesma nota, a líder do executivo de Hong Kong enfatizou ainda o facto de a eleição ter sido realizada de “maneira pacífica segura e ordenada”. “Após a agitação social nos últimos cinco meses, acredito firmemente que a grande maioria do público compartilharia o meu desejo de que a situação pacífica, segura e ordenada continue”, frisou. Os candidatos pró-democracia nas eleições de domingo para os conselhos distritais obtiveram um resultado esmagador face ao campo pró-Pequim, conquistando quase 90% dos assentos do Conselho Distrital. Os candidatos pró-democratas, até às 09:00 alcançaram 388 assentos dos 452 em jogo, numa eleição com uma participação recorde de 71,2% que demonstrou o forte apoio para as organizações que mobilizaram os protestos que levaram à rua milhões de pessoas em Hong Kong desde junho. A massiva deslocação às urnas, “um total de cerca de 2,94 milhões de eleitores registados (…) mostra que os eleitores esperavam expressar os seus pontos de vista através desta eleição”, destacou Carrie Lam. Nas últimas eleições, em 2015, o campo pró-Pequim tinha obtido quase dois terços dos assentos nos conselhos distritais. Agora, os pró-Pequim perderam mais de 240 assentos, em comparação com 2015. Os pró-democratas passam a controlar os 18 conselhos distritais, todos anteriormente sob controlo das forças pró-governamentais. Foi a primeira vez que todos os assentos nas eleições do conselho distrital tiveram candidatos de pelo menos dois partidos opostos. Durante o último ciclo eleitoral, em 2015, 68 candidatos concorreram sem oposição. A Comissão dos Assuntos Eleitorais informou que 71,2% dos 4,1 milhões de eleitores recenseados na região administrativa especial votaram, superando em muito a participação de 47% verificada nas mesmas eleições há quatro anos. A participação normalmente baixa nas eleições para os conselhos distritais, tradicionalmente controlados por partidos pró-Pequim, ganhou uma nova importância no contexto dos protestos. Mesmo antes do escrutínio, vários analistas defendiam que um resultado forte da oposição seria lido como um apoio público aos manifestantes, ainda que o recurso à violência tivesse aumentado. Estas eleições são as únicas totalmente democráticas em Hong Kong. Os membros do Conselho Legislativo, o parlamento local, são escolhidos em parte pelo voto popular e em parte por grupos de interesses que representam diferentes setores da sociedade, e o chefe do executivo da região administrativa especial é escolhido por um colégio eleitoral de 1.200 membros, dominado por Pequim.
Hoje Macau China / ÁsiaEUA contra interferência da China nas próximas eleições de Taiwan [dropcap]O[/dropcap] principal representante dos Estados Unidos em Taiwan disse ontem que Washington está a trabalhar com Taipé para combater os esforços de Pequim para influenciar as próximas eleições na ilha. O actual director do Instituto Norte-Americano de Taiwan, que estabelece as relações diplomáticas entre os EUA e aquele território, Brent Christensen, disse que os EUA estão “conscientes de que a China está a tentar influenciar, através de vários meios, o processo democrático de Taiwan”. Christensen acredita que “actores mal intencionados estão a usar campanhas de desinformação para minar a confiança das pessoas nas instituições democráticas” da ilha, mas que Washington e Taipé “têm trabalhado juntos para combater esses esforços”, partilhando informações e experiências e mobilizando a sociedade civil. A Presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, eleita em 2016, é a primeira mulher a ocupar o cargo e procura um segundo mandato nas eleições de 11 de Janeiro para eleger o chefe de Estado e deputados. Alegadamente, a China favorece fortemente o principal oponente de Tsai, Han Kuo-yu, do Partido Nacionalista. Taiwan separou-se da China em 1949 mas a República Popular da China (RPC) reivindica a ilha como seu território, e ameaça anexar pela força militar, opondo-se ao contacto diplomático entre Taiwan e os EUA. Tentativas anteriores da RPC para influenciar a democracia de Taiwan proporcionaram resultados desiguais e podiam tornar-se um risco para Han Kuo-yu, que em março reuniu com as autoridades chinesas numa visita à China, Macau e Hong Kong, e teve dificuldades em desmentir acusações de conspiração com Pequim. Inicialmente, o principal oponente de Tsai liderava as sondagens de opinião pública, mas desde junho tem estado atrás da atual Presidente, frequentemente por vários pontos percentuais. Vários candidatos a deputados do Partido Nacionalista têm também fortes ligações com a China e falaram a favor da unificação com esse país. A interferência eleitoral seria uma continuação da campanha implacável de Pequim para minar o Governo do Partido Democrático Progressista de Tsai, que é a favor da independência de Taiwan, através do aumento da pressão diplomática, militar e económica. Apenas 15 países mantêm laços formais com Taiwan, após sete países trocarem o reconhecimento a favor da RPC nos últimos anos.
Hoje Macau China / ÁsiaFilipinas | Familiares das vítimas denunciam impunidade em massacre [dropcap]F[/dropcap]amiliares das vítimas do massacre que fez 58 mortos, incluindo 32 jornalistas, na ilha filipina de Midanau, denunciaram ontem a impunidade e a lentidão da justiça, numa cerimónia para assinalar a passagem de 10 anos sobre a data. Familiares e amigos das vítimas acenderam velas e largaram balões ontem próximo da localidade de Ampatuan, na ilha de Mindanau, no Sul, onde decorreu o massacre em 23 de Novembro de 2009. As 58 vítimas viajavam numa caravana na região quando foram alvo de uma emboscada, tendo sido mortas e enterradas no local. Jornalistas, na sua maioria, os passageiros da caravana acompanhavam o candidato a Governador e opositor do então titular do cargo e líder de um poderoso clã local. Governador de Maguindau durante quase 10 anos, o chefe Andal Ampatuan queria que o seu filho, Andal Ampatuan Júnior, considerado o principal suspeito do crime, lhe sucedesse. “Há muito que sabemos quem são os culpados. Agora deve ser tomada a decisão certa”, disse Jergin Malabananan, de 15 anos, filho de uma das jornalistas assassinadas. Um helicóptero deixou cair uma ‘chuva’ de flores quando mil familiares e amigos, jornalistas e políticos se reuniram em torno de um monumento com os nomes das 58 vítimas. Cerca de 100 pessoas, incluindo muitos membros do clã Ampatuan, foram acusados do crime, mas o processo arrastou-se nos tribunais durante anos, com os advogados de defesa a apresentarem sucessivos recursos. O julgamento terminou em Julho e o Supremo Tribunal deu à juíza responsável pelo processo até 20 de Dezembro para examinar todas as provas e proferir a sentença. “Esperemos que meu irmão e as outras vítimas finalmente tenham justiça”, disse Freddie Ridao, um político local.
Hoje Macau SociedadePansy Ho vende acções da MGM mas diz querer continuar ligada à empresa [dropcap]A[/dropcap] empresária Pansy Ho, directora-executiva da MGM China, vendeu acções da empresa no valor de cinco milhões de dólares americanos, mas afirmou não querer afastar-se da concessionária de jogo. “Essas acções fazem parte do meu investimento pessoal e por isso, como habitualmente, há timings em relação a oportunidades. Obviamente que é apenas uma reestruturação financeira do meu próprio portfolio financeiro. Mas isto é apenas uma proporção muito pequena dos investimentos que tenho num conjunto de acções. Por isso, vou continuar a esperar pelas que faltam, que fazem parte da maioria do portfolio”, começou por explicar. A empresária deixou claro que “é impossível não querer estar associada à MGM Resorts porque sou uma das parcerias e juntos temos activos em Macau”. A empresária frisou ainda que faz “novos investimentos periodicamente” e que a venda de acções “foi uma forma de obter liquidez financeira”, fazendo parte do seu “investimento pessoal”. Pansy Ho falou aos jornalistas à margem da cerimónia de atribuição de medalhas e títulos honoríficos por Chui Sai On, uma vez que lhe foi atribuída a “Medalha de Mérito – Turismo” pelos contributos que deu na área do jogo e entretenimento. “Estou muito feliz e entusiasmada porque este é um gesto importante, não só para mim, mas para toda a minha equipa. Estou hoje a receber um prémio provavelmente não só pelo meu trabalho, mas também pelo trabalho deles, e foi-nos dada a oportunidade de fazer muito mais em Macau na área do turismo”, acrescentou. Sobre Hong Kong Pansy Ho teceu também comentários sobre a aprovação, por parte do Congresso norte-americano, de uma resolução de apoio aos direitos humanos e democracia. “Os EUA podem determinar como querem interagir com lugares como Hong Kong e China. Queremos que Hong Kong seja bem sucedido e qualquer acção que não dê a Hong Kong a oportunidade de se desenvolver obviamente que é a decisão errada. Se percebi bem, a resolução de apoio, na verdade, repele as relações bilaterais muito especiais que existem entre Hong Kong e os EUA. Honestamente não consigo ver onde é que isto benéfico e positivo.” Relativamente à escalada de violência no território vizinho, Pansy Ho alertou que “a situação não se reflectiu devidamente”. “Não estamos num ponto onde o debate seja sobre se as pessoas de Hong Kong têm ou não democracia. As pessoas de Hong Kong têm, provavelmente, um dos melhores e mais seguros locais para viver e uma lei para os proteger. (Os protestos) Começaram obviamente por contestar especificamente uma lei, mas claro que se transformou em muitas exigências”, concluiu. A.S.S. / J.S.F. / P.A.
Hoje Macau h | Artes, Letras e IdeiasFortificações de Coloane A construção de linhas defensivas integradas no Plano de Defesa de Macau (península e ilhas) começou a ser feita a partir de 1950, depois da derrota dos nacionalistas e consequente implantação da República Popular da China, em 1 de Outubro de 1949. [dropcap]N[/dropcap]a ilha de Coloane, o abrigo para armas automáticas, que se encontra num terreno junto à povoação de Lai Chi Vun, data de 1956, tendo sido construído pela Companhia de Engenharia do Comando Militar de Macau. A sua construção era uma das exigências formuladas pelo denominado “Plano de Defesa da Ilha de Coloane”, posto em marcha em finais de 1955, embora aquela construção não tenha sido a única fortificação construída no âmbito daquele Plano de Defesa, pois outras obras foram realizadas naquela ilha. No entanto, para se entenderem as razões da existência de fortificações em Coloane, é necessário contextualizar a sua construção face aos acontecimentos políticos e à realidade da guarnição militar de Macau, na altura em que foram construídas. O início da década de 50 foi bastante conturbado para a situação geopolítica de Macau e da administração portuguesa no território. Em 1949, a evolução política e militar significou um aproximar vertiginoso a Macau da renascida guerra civil chinesa, que varria o país desde o final do conflito com o Império Japonês. A retirada desordenada do exército de Chiang Kai-shek causou muitos calafrios em Macau, à medida que as forças nacionalistas eram repelidas para sul e o conflito se aproximava de Macau. O território viveu momentos extremamente tensos, durante as primeiras semanas de Novembro de 1949, receando-se que os excitados e indisciplinados soldados nacionalistas fizessem pilhagens em Macau, tal como tinham feito nos arredores da cidade de Cantão, aquando da sua retirada, em direcção ao arquipélago dos Ladrões (também conhecido por Wanshan). Nos anos seguintes, registaram-se múltiplos incidentes e escaramuças entre as forças militares portuguesas e chinesas, quer nacionalistas, quer comunistas. Todavia, estes momentos tensos deviam-se, na sua maior parte, a precipitações associadas ao conflito interno chinês, raramente em confronto planeado com as forças militares portuguesas. É apropriado referir que os militares portugueses eram, inusitadamente, “caught in the middle” (apanhados no meio). Os apelos do Governador Albano de Oliveira para o reforço da guarnição militar de Macau surtiram efeitos, logo em inícios de 1949, tendo os efectivos do Comando Militar de Macau atingido números nunca antes vistos. Paralelamente, era formulado na Metrópole o “Plano de Defesa da Província de Macau”, de 26 de Maio de 1949, que seria posteriormente adaptado às capacidades reais da província e às suas necessidades defensivas. É sabido que, nessa altura, os efectivos colocados neste exíguo território atingiram quase 3.900 homens, mas é importante referir também o facto de o Comando Militar ter continuado a manter uma significativa guarnição, durante os anos 50 do século XX. O máximo de soldados estacionados em Macau foi registado entre Setembro de 1949 e Março de 1950, sendo reduzido depois para cerca de 3.200 e, finalmente, em Agosto de 1951, os quadros orgânicos do Comando Militar de Macau registavam um efectivo de 3.000 soldados. Este quadro orgânico manteve-se relativamente estável até 1957, tendo a guarnição permanecido com um efectivo reforçado, considerado necessário para cumprir as missões de “defender, aos olhos do País e em face da história, a Honra Nacional”. Os acontecimentos da década de 50 serviram de justificação para este estado de guarnição reforçada. Coloane também testemunhou momentos muito tensos, tendo a guarnição da ilha ocupado posições de combate múltiplas vezes, no início da década de 50. Ao contrário do que indicavam as bases do Plano de Defesa de Macau, em Coloane não estavam apenas forças policiais, já que, com aprovação da Metrópole, a ilha foi ocupada por uma força substancial de tropas. Em 1955, quando se formulou o Plano de Defesa da Ilha de Coloane, o efectivo de praças e oficiais colocados na ilha era de cerca de 400 elementos: o Comando do Batalhão de Caçadores, uma Companhia de Caçadores (em Ká-Hó) e uma Companhia Anti-Carro (na vila de Coloane). Quanto ao “Plano de Defesa da Província de Macau” de 1949, as suas bases apontavam para uma inequívoca necessidade de fortificar as posições das armas colectivas (metralhadoras ligeiras e pesadas, morteiros e artilharia), para ultrapassar as caraterísticas dos terrenos circundantes que se revelavam desvantajosos aos militares portugueses. A Companhia de Engenharia Expedicionária iria chegar em Setembro de 1949, no entanto, devido à falta de instalações e quartéis, os membros daquela unidade estiveram ocupados, durante quase dois anos, na montagem das conhecidas Barracas Metálicas (Mong-Há, Flora, Avenida do Coronel Mesquita). Em 1950, aquela companhia expedicionária apenas prestou auxílio nos trabalhos de fortificação efectuados em Coloane por uma das companhias destacadas de Angola que ali prestava serviço. Os trabalhos ao longo do litoral oeste de Coloane (sobretudo a meio da colina de Lai Chi Vun e no Monte de Artilharia) consistiram na extensão de trincheiras, alguns postos semi-permanentes para armas automáticas, feitos com sacos de areia e madeira, e espaldões camuflados para canhões anticarro de 57mm (nomenclatura, em inglês, Ordnance QF 6-pounder). Em Outubro de 1951, quando a Companhia de Engenharia Expedicionária foi rendida na sua totalidade pela Companhia de Engenharia, começaram então a ser feitos trabalhos de fortificação em larga escala, com diferentes fins e propósitos. Teve início aquilo a que se pode chamar a “fase de fortificação”. Ora, porque até 1955 maior atenção tinha sido dada à península de Macau e às suas necessidades defensivas, nesse mesmo ano as atenções começaram a virar-se para as ilhas da Taipa e Coloane. Foi assim dado corpo ao “Plano de Defesa da Ilha de Coloane”, partindo das necessidades consideradas prementes e indispensáveis para a devida defesa da ilha. Analisando a localização das unidades militares e das posições de combate chave, foram definidos naquele plano dois diferentes dispositivos de defesa. A primeira fase era entendida como uma “defesa periférica”, estando as unidades localizadas em posições junto à linha costeira e tendo como principal tarefa repelir qualquer tentativa de desembarque e evitar a transposição do canal entre Coloane e a ilha da Montanha. Para evitar a neutralização das posições ocupadas por metralhadoras pesadas, era necessário recorrer a uma fortificação permanente, capaz de resistir a projécteis de artilharia ligeira. Acrescia a isto a necessidade de construir três observatórios de betão armado para melhorar o sistema de vigilância e alerta, dando ao pessoal e ao material melhores condições para cumprirem esta missão. No total, foram construídos pela Companhia de Engenharia, na altura comandada pelo capitão de Engenharia, Manuel de Mesquita Borges, quatro abrigos para armas automáticas (metralhadoras ligeiras e pesadas) e dois postos de observação: A segunda fase do “Plano de Defesa da Ilha de Coloane” era denominada de “defesa concentrada”, isto é, em caso de acções exteriores que obrigassem à retirada das posições inicialmente ocupadas junto à linha costeira, a defesa de Coloane seria feita nas áreas montanhosas da ilha. Sendo assim, tendo as tropas que realizar a passagem de uma defesa periférica para concentrada sob pressão, devido à proximidade da ilha vizinha, apenas poderiam levar consigo equipamento e armamento portátil. É então considerada indispensável a existência de condições de vida no centro da ilha, de modo a que as unidades pudessem ter condições para aí se defenderem. A segunda fase do plano acarretaria, portanto, a construção de fortificações, postos de comando e de transmissões, paióis e depósitos para rações. Propunha-se no Plano, mais concretamente, o seguinte: “Assim, para que as tropas, primeiro empenhadas na defesa periférica, possam viver e combater no planalto central é preciso que quando nele entrarem já lá esteja tudo o que precisam e elas não podem transportar: os morteiros, as munições de todas as armas para um combate prolongado, víveres e água suficientes para alguns dias. A única forma de tal se conseguir é manter, permanentemente, tudo no planalto”. No entanto, nenhuma das estruturas consideradas na segunda fase do plano foi, na realidade, construída. Isto porque, em 1957, houve uma reorganização do Comando Militar de Macau, resultando numa redução de efectivos. Para além de serem mandados recolher um dos Batalhões de Caçadores e da Bateria Anti-Aérea 7,5cm, também a Companhia de Engenharia foi mandada regressar à Metrópole, apesar dos vários pedidos do Chefe do Estado-Maior, major António Lopes dos Santos, para adiar ou reformular tais recomendações. Argumentava Lopes dos Santos a imperiosa necessidade de deixar a Companhia de Engenharia prosseguir com os seus trabalhos de fortificação, acabando as ordens superiores por não o autorizar. Deste modo, a segunda fase do “Plano de Defesa da Ilha de Coloane” nunca foi uma realidade, apenas existindo no papel. A primeira fase também não ficou concluída a 100%, sendo de crer que, com mais tempo, a Companhia de Engenharia teria possibilidade de construir mais abrigos (eram considerados necessários, no mínimo, seis) na zona costeira da ilha e inclusive um observatório no Alto de Coloane, que ficou por construir. Em relação às estruturas que foram erigidas em 1956 e 1957, em Coloane, é de crer que todas ainda existam. Os dois observatórios permanecem em boas condições, estando agora envoltos por uma densa mata florestal, em locais de acesso algo difícil. Em relação aos abrigos, um deles é bem conhecido do público, tendo sido tema central de uma das investigações efectuadas pelo CCAC: o abrigo CA-195, junto da povoação de Lai Chi Vun. Mais a sul, junto ao Posto de Artilharia, o abrigo CA-197 apresenta intactas as características originais de parecença com uma moradia (inclusive numa das laterais do abrigo há equipamentos para cozinhar comida ao ar livre), pois foi construído de tal forma que a sua natureza militar pudesse ser dissimulada e iludir quem o visse. Os abrigos CA-196 e CA-198, devido à sua localização, colocam sérios entraves à sua análise: falta de manutenção de antigos caminhos de pé posto militares, a muito densa mata florestal e o desnível acentuado das encostas onde se encontram. É assim difícil determinar o seu exacto lugar, sendo dada uma sugestão da sua possível localização. No entanto, é necessário salientar, novamente, que carecem de devida análise, permanecendo incerto, por isso, o seu actual estado. * Ex-assistente de investigação, Instituto de Ciências e Ambiente, Universidade de S. José. Agradeço ao meu tio, Aníbal Mesquita Borges, as achegas dadas para publicação deste artigo
Hoje Macau China / ÁsiaEx-agente da CIA condenado a 19 anos de prisão por espionagem [dropcap]U[/dropcap]m antigo agente da CIA foi condenado na sexta-feira a 19 anos de prisão por espionagem a favor da China. Jerry Chun Shing Lee, um antigo militar naturalizado norte-americano, entrou em 1994 na Agência Central de Informações (CIA, na sigla em Inglês), de onde saiu em 2007, para se instalar em Hong Kong. Segundo um comunicado do Departamento de Justiça, agentes dos serviços de informações chineses abordaram-no três anos depois, quando propuseram dar-lhe uma importante soma de dinheiro e “cuidar dele para o resto da vida em troca da sua colaboração”. Os agentes da polícia federal (FBI, na sigla em inglês) descobriram, em 2012, na bagagem de Lee cadernos com nomes, contactos e outras informações sobre agentes e informadores da CIA, bem como moradas de casas de apoio clandestinas. Mas Lee só foi preso seis anos depois, em Janeiro de 2018, sem que as autoridades tenham explicado por que tinha sido preciso tanto tempo antes que o agente fosse acusado. “O senhor Lee traiu o seu país por cupidez e colocou os seus antigos colegas em perigo. A sua pena de hoje está à altura da gravidade da traição e do seu crime”, declarou na sexta-feira Timothy Slater, um dirigente do FBI. Este caso pode estar associado à destruição repentina da rede da CIA na China entre 2010 e 2012. O New York Times tinha informado em 2017 que os chineses tinham matado neste período “pelo menos uma dezena” de informadores da CIA na China e detido pelo menos outros seis. A pagar Lee é o terceiro norte-americano condenado este ano por espionagem em benefício de Pequim. Um outro antigo membro da CIA, Kevin Mallory, e um antigo membro da espionagem militar norte-americana, Ron Rockwell Hansen, tinham apanhado respectivamente, em Maio e Setembro, sentenças de 20 e 10 anos de prisão. Estes julgamentos, comentou o secretário adjunto da Justiça, que acompanha os casos de segurança nacional, John Demers, “devem enviar uma mensagem forte” aos agentes dos serviços de informações norte-americanos, actuais ou passados: “Estejam conscientes de que estão a ser visados pelo Governo chinês e se vocês nos traírem, a justiça vai fazer-vos pagar o preço”.
Hoje Macau China / ÁsiaSidney | Pequim refuta informações de alegado espião [dropcap]A[/dropcap] China afirmou ontem que o alegado espião chinês que pediu asilo na Austrália após ter revelado supostos detalhes de operações de espionagem já foi condenado por fraude e é actualmente procurado pela polícia de Xangai. No sábado, a imprensa australiana noticiou que um desertor chinês, identificado como Wang “William” Liqiang, forneceu às autoridades de Camberra detalhes sobre como Pequim financia e conduz actividades de interferência política. Wang, que está em Sydney com a mulher e o filho e já solicitou asilo na Austrália, disse ter participado em acções como o sequestro do livreiro Lee Bo, um dos cinco editores sequestrados em Hong Kong que foi levado para a China sem qualquer ordem de extradição. Wang também disse que se infiltrou na universidade e nos meios de comunicação de Hong Kong para combater o movimento pró-democracia, participou numa operação para interferir nas eleições em Taiwan, incluindo as eleições presidenciais do próximo ano, e denunciou que a sua organização tem acordos com vários doadores políticos na Austrália. A embaixada chinesa refutou ontem as informações e publicou uma declaração da polícia de Xangai que refere que Wang foi condenado por fraude, em Outubro de 2016, na província de Fujian, a uma pena suspensa de um ano e meio de prisão. A mesma nota policial refere que Wang é agora procurado pela polícia na sequência de uma fraude cometida no início deste ano. De acordo com as autoridades de Xangai, Wang é suspeito de ter enganado uma pessoa em 4,6 milhões de renminbis, com um falso projecto de investimento que envolvia a importação de carros. A embaixada disse que Wang partiu para Hong Kong em 10 de Abril com um passaporte chinês falso e um falso bilhete de identidade e residência de Hong Kong. Wang alertou a imprensa australiana que arrisca ser detido e executado se regressar à China.
Hoje Macau China / ÁsiaHong Kong | Eleições distritais duplicam participação dos eleitores face a 2015 [dropcap]Q[/dropcap]uase 37% dos eleitores já tinham votado nas eleições para o conselho distrital de Hong Kong às 13:30 de ontem, mais do dobro da votação registada à mesma hora nas eleições de 2015, situada em cerca de 18 por cento. Os dados divulgados pelo conselho eleitoral de Hong Kong indicavam que, a essa hora, 1,52 milhões dos 4,13 milhões de eleitores chamados às urnas já tinham exercido o seu direito de voto nas eleições para eleger 452 representantes nos 18 conselhos distritais da cidade, num escrutínio transformado em barómetro do apoio público aos protestos antigovernamentais que se arrastam há quase seis meses. Em 2015, tinham votado a esta hora 551.000 pessoas num universo de 3,12 milhões de eleitores. Nas últimas eleições, em 2015, o campo pró-Pequim obteve quase dois terços dos assentos. As semanas que antecederam as eleições deste domingo foram marcadas por episódios violentos, que levantaram dúvidas sobre se o escrutínio iria ou não avançar, sobretudo após o cerco policial à Universidade Politécnica. Já com um prometido reforço policial, estas eleições serão as primeiras desde que os protestos em massa irromperam na antiga colónia britânica, que vive agora a maior crise social e política desde a transferência de soberania para a China. Os conselhos distritais são organismos fundamentalmente consultivos, com pouco poder, mas a eleição adquiriu um forte simbolismo e as filas estendiam-se por muitos metros à entrada das estações de voto no território semi-autonómo chinês. Um resultado forte da oposição será lido como a manutenção do apoio público ao movimento pró-democracia, ainda que os protestos se tenham tornado cada vez mais violentos. O poder em Hong Kong e no Governo chinês em Pequim têm esperanças de que o arrastamento dos protestos e as perturbações do dia-a-dia na cidade tenham voltado os eleitores contra o movimento pró-democracia e que isso mesmo fique expresso nas urnas. Votos garantidos Os últimos dias ficaram marcados por uma interrupção da violência, explicada pela vontade dos manifestantes garantirem que as eleições não seriam adiadas. “Precisamos de mostrar ao mundo que a nossa causa é legítima. Não acredito que Pequim não responda à voz do povo de Hong Kong”, disse este sábado à agência Associated Press Alex Wong, um estudante mascarado e vestido de preto durante uma marcha pacífica. Matthew Cheung, líder do governo de Hong Kong, afirmou que que o voto é “um exercício democrático real”, e que uma forte presença policial junto às estações de voto garantirá que a eleição decorrerá sem problemas. Nas redes sociais, mensagens de grupos apoiantes dos protestos aconselharam as pessoas a não se vestirem de preto ou usarem máscaras na cara para não serem identificados pela polícia. Cerca de quatro milhões de eleitores, mais de metade da população, são chamados a votar nos 452 membros dos conselhos distritais, num escrutínio que geralmente passa despercebido, mas que este ano ganhou renovada importância no contexto do movimento pró-democracia. Este ano, apesar do proeminente activista Joshua Wong ter sido impedido de concorrer, uma decisão que o próprio descreveu como “censura política”, não faltam candidatos do campo pró-democracia. Citado pelo jornal South China Morning Post, Ma Ngok, professor de política da Universidade Chinesa de Hong Kong, afirmou que os protestos politizaram o sentimento dos eleitores. Hong Kong está dividida entre aqueles que apoiam os manifestantes pró-democracia e os apoiantes da polícia que tendem a apoiar os políticos pró-Pequim. As manifestações tiveram início em Junho, na sequência de uma controversa proposta de alterações à lei de extradição – já retirada pelo Governo local – mas transformaram-se num movimento que exige a melhoria dos mecanismos democráticos e que se opõe à crescente interferência de Pequim.
Hoje Macau China / ÁsiaHong Kong | Eleições distritais duplicam participação dos eleitores face a 2015 [dropcap]Q[/dropcap]uase 37% dos eleitores já tinham votado nas eleições para o conselho distrital de Hong Kong às 13:30 de ontem, mais do dobro da votação registada à mesma hora nas eleições de 2015, situada em cerca de 18 por cento. Os dados divulgados pelo conselho eleitoral de Hong Kong indicavam que, a essa hora, 1,52 milhões dos 4,13 milhões de eleitores chamados às urnas já tinham exercido o seu direito de voto nas eleições para eleger 452 representantes nos 18 conselhos distritais da cidade, num escrutínio transformado em barómetro do apoio público aos protestos antigovernamentais que se arrastam há quase seis meses. Em 2015, tinham votado a esta hora 551.000 pessoas num universo de 3,12 milhões de eleitores. Nas últimas eleições, em 2015, o campo pró-Pequim obteve quase dois terços dos assentos. As semanas que antecederam as eleições deste domingo foram marcadas por episódios violentos, que levantaram dúvidas sobre se o escrutínio iria ou não avançar, sobretudo após o cerco policial à Universidade Politécnica. Já com um prometido reforço policial, estas eleições serão as primeiras desde que os protestos em massa irromperam na antiga colónia britânica, que vive agora a maior crise social e política desde a transferência de soberania para a China. Os conselhos distritais são organismos fundamentalmente consultivos, com pouco poder, mas a eleição adquiriu um forte simbolismo e as filas estendiam-se por muitos metros à entrada das estações de voto no território semi-autonómo chinês. Um resultado forte da oposição será lido como a manutenção do apoio público ao movimento pró-democracia, ainda que os protestos se tenham tornado cada vez mais violentos. O poder em Hong Kong e no Governo chinês em Pequim têm esperanças de que o arrastamento dos protestos e as perturbações do dia-a-dia na cidade tenham voltado os eleitores contra o movimento pró-democracia e que isso mesmo fique expresso nas urnas. Votos garantidos Os últimos dias ficaram marcados por uma interrupção da violência, explicada pela vontade dos manifestantes garantirem que as eleições não seriam adiadas. “Precisamos de mostrar ao mundo que a nossa causa é legítima. Não acredito que Pequim não responda à voz do povo de Hong Kong”, disse este sábado à agência Associated Press Alex Wong, um estudante mascarado e vestido de preto durante uma marcha pacífica. Matthew Cheung, líder do governo de Hong Kong, afirmou que que o voto é “um exercício democrático real”, e que uma forte presença policial junto às estações de voto garantirá que a eleição decorrerá sem problemas. Nas redes sociais, mensagens de grupos apoiantes dos protestos aconselharam as pessoas a não se vestirem de preto ou usarem máscaras na cara para não serem identificados pela polícia. Cerca de quatro milhões de eleitores, mais de metade da população, são chamados a votar nos 452 membros dos conselhos distritais, num escrutínio que geralmente passa despercebido, mas que este ano ganhou renovada importância no contexto do movimento pró-democracia. Este ano, apesar do proeminente activista Joshua Wong ter sido impedido de concorrer, uma decisão que o próprio descreveu como “censura política”, não faltam candidatos do campo pró-democracia. Citado pelo jornal South China Morning Post, Ma Ngok, professor de política da Universidade Chinesa de Hong Kong, afirmou que os protestos politizaram o sentimento dos eleitores. Hong Kong está dividida entre aqueles que apoiam os manifestantes pró-democracia e os apoiantes da polícia que tendem a apoiar os políticos pró-Pequim. As manifestações tiveram início em Junho, na sequência de uma controversa proposta de alterações à lei de extradição – já retirada pelo Governo local – mas transformaram-se num movimento que exige a melhoria dos mecanismos democráticos e que se opõe à crescente interferência de Pequim.
Hoje Macau EventosIPM | Apresentado novo livro sobre Camilo Pessanha [dropcap]O[/dropcap] Instituto Politécnico de Macau (IPM) lançou um livro sobre o poeta português Camilo Pessanha intitulado “Camilo Pessanha: Novas Interrogações (150 anos do nascimento)”. O lançamento da obra decorreu no âmbito das comemorações do 20.º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas entre a China e Portugal e do 70.º aniversário da fundação da República Popular da China. “Camilo Pessanha é considerado um promotor do intercâmbio cultural entre o Oriente e o Ocidente e um dos seus testemunhos mais significativos, assim atravessando as fronteiras nacionais”, justificou o IPM numa nota oficial. A instituição sublinhou que Macau “tem uma responsabilidade acrescida enquanto plataforma de serviços para a cooperação comercial” entre a China e os países lusófonos”, até porque “desde o século XVI que (…) ocupa um lugar de destaque na Rota da Seda Marítima”. Por outro lado, estas iniciativas devem ser compreendidas a partir do papel de Macau “como base de formação de quadros qualificados bilingues em chinês e português”, acrescentou o politécnico, que destacou ainda Camilo Pessanha como “o grande escritor do simbolismo português (…) mantendo-se até hoje como referência na literatura portuguesa”.
Hoje Macau EventosIPM | Apresentado novo livro sobre Camilo Pessanha [dropcap]O[/dropcap] Instituto Politécnico de Macau (IPM) lançou um livro sobre o poeta português Camilo Pessanha intitulado “Camilo Pessanha: Novas Interrogações (150 anos do nascimento)”. O lançamento da obra decorreu no âmbito das comemorações do 20.º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas entre a China e Portugal e do 70.º aniversário da fundação da República Popular da China. “Camilo Pessanha é considerado um promotor do intercâmbio cultural entre o Oriente e o Ocidente e um dos seus testemunhos mais significativos, assim atravessando as fronteiras nacionais”, justificou o IPM numa nota oficial. A instituição sublinhou que Macau “tem uma responsabilidade acrescida enquanto plataforma de serviços para a cooperação comercial” entre a China e os países lusófonos”, até porque “desde o século XVI que (…) ocupa um lugar de destaque na Rota da Seda Marítima”. Por outro lado, estas iniciativas devem ser compreendidas a partir do papel de Macau “como base de formação de quadros qualificados bilingues em chinês e português”, acrescentou o politécnico, que destacou ainda Camilo Pessanha como “o grande escritor do simbolismo português (…) mantendo-se até hoje como referência na literatura portuguesa”.
Hoje Macau EventosMuseu Memorial de Xian Xinghai abriu portas este domingo [dropcap]F[/dropcap]oi oficialmente inaugurado este sábado o Museu Memorial de Xian Xinghai, dedicado à vida e obra do músico natural de Macau. O novo espaço museológico conta com um total de 36 peças ou conjuntos de manuscritos, bem como outros pertences de Xian Xinghai, oriundos das colecções da Biblioteca da Academia Nacional de Arte da China, e que estarão expostos pelo período de três meses. Estas obras consistem em “documentos de identidade, manuscritos, um violino, um diário, cartas, uma caneta-tinteiro, e um fato de concerto”, aponta um comunicado oficial. Os destaques da exposição incluem também o documento de identidade francês de Xian Xinghai, com a indicação do local de nascimento e dos nomes dos seus pais, bem como dois manuscritos autênticos da Cantata do Rio Amarelo, um escrito em Yan’an em 1939 e o outro revisto em Moscovo em 1941. O público poderá também conhecer o violino que o compositor usou durante as suas apresentações e as suas notas composicionais entre 1940 e 1945. Além da sala de exposições, o Museu Memorial “também oferece aos visitantes a oportunidade de experimentarem a diversão de dirigirem uma orquestra na Visita Virtual”, possuindo ainda “uma Zona de Conhecimento para as crianças aprenderem alguns factos divertidos sobre música e orquestra”. Obras a caminho O Museu Memorial de Xian Xinghai está situado numa das moradias verdes restauradas na avenida Coronel Mesquita, prometido pelo Governo como um núcleo museológico. De acordo com o mesmo comunicado, o IC “irá também restaurar a moradia adjacente onde o Museu Memorial de Xian Xinghai – Galeria 2 será estabelecido”, cujo espaço irá focar-se “na Guerra de Resistência contra a Agressão Japonesa e mostrar as contribuições da cidade para o país durante a guerra, promovendo ainda mais o patriotismo com efeitos sinérgicos”. Xian Xinghai é considerado como o “músico do povo”, sendo famoso pelas suas grandes realizações na história da música contemporânea da China. Nascido no seio de uma família de pescadores em Macau, procurou meticulosamente a excelência musical, integrando engenhosamente técnicas musicais chinesas e ocidentais e criando muitas obras conhecidas nos seus breves 40 anos de vida, todas exibindo a inclusão cultural de Macau. Uma das peças da sua autoria mais conhecidas, intitulada “Cantata do Rio Amarelo”, foi amplamente cantada durante a Guerra de Resistência Anti-Japonesa.
Hoje Macau EntrevistaRiqueza está mal distribuída em Macau, apesar do elevado PIB, diz Paul Pun Numa entrevista concedida à agência Lusa, a propósito dos 20 anos da RAEM, o secretário-geral da Cáritas lembrou as enormes desigualdades sócio-económicas que persistem apesar de Macau ter um dos maiores Produtos Internos Brutos do mundo. Paul Pun falou ainda das dificuldades para manter a Cáritas a funcionar [dropcap]O[/dropcap] secretário-geral da Cáritas Macau defende que o território possui um dos maiores Produto Interno Bruto (PIB) ‘per capita’ do mundo, mas que a riqueza está mal distribuída. “Somos muitos ricos ‘per capita’ mas a riqueza não está distribuída de acordo com o nosso desenvolvimento”, lamentou Paul Pun, responsável da instituição desde 1991, primeiro enquanto assistente do director, depois de 2000 na qualidade de secretário-geral. Para ilustrar a disparidade, Paul Pun deu o seguinte exemplo que respeita à evolução do território desde a passagem da administração para a China: “O Governo aumentou em 14 vezes, desde 1999, [a despesa] na área social, mas o preço da habitação cresceu 21 vezes”. Ou seja, concluiu, “não se conseguiu acompanhar a inflação, por isso não conseguimos alcançar o progresso”. Contudo, ressalvou, “hoje temos menos gente pobre porque com as políticas do Governo tem-se feito um esforço imenso para reduzir a pobreza e aqueles que têm menores rendimentos, e não apenas aqueles que mal podem sobreviver”. Isto porque “foram estendidos os limites a quem poderia beneficiar de apoio e hoje mais pessoas podem ser ajudadas”. O responsável da Cáritas Macau afirmou não defender um aumento dos impostos para garantir mais e melhor apoio social à população, especialmente um que incidisse sobre a exploração do jogo. “Aumentar os impostos podia ser uma forma, mas também poderia desencorajar o investimento. Acho que a situação actual está bem. Não estou a falar em nome da indústria do jogo”, ressalvou, com um sorriso. É que, frisou, “ao receber um terço do jogo, Macau já é o segundo território mais rico ‘per capita’ do mundo”. “Não devemos ser gananciosos”, disse, preferindo outra aposta: “Temos de saber como podemos usar melhor o dinheiro, isso é importante. Temos de planear como gastar dinheiro e construir infra-estruturas, estabelecer prioridades para não ter de suportar um fardo no futuro”. Dificuldades de gestão A Cáritas Macau providencia serviços sociais que abrangem os mais idosos e deficientes, passando pelo apoio dos mais jovens e menores, até às vítimas de violência doméstica. Com um orçamento anual na ordem dos 400 milhões de patacas, a instituição conta com 1.300 colaboradores. Destes, 90 são enfermeiros, 200 são assistentes sociais, sete são médicos e 20 têm funções como fisioterapeutas, terapeutas da fala e ocupacionais. Dos utentes, cerca de 800 são idosos que se encontram em lares e 500 pessoas portadoras de deficiência, sendo proporcionado cuidados ao domicílio a mais de 200 pessoas. Outros 600 idosos que vivem sozinhos, que mantêm alguma autonomia, são apoiados pela instituição, que providencia ainda um serviço de refeições ao domicílio a 500 pessoas na Taipa, Coloane e na zona norte da cidade. Perante estes números, Paul Pun disse faltar pessoal à instituição para enfrentar os futuros desafios e para garantir a expansão dos serviços de apoio social no território. O responsável sublinhou que a maior carência é ao nível do pessoal médico, nomeadamente de enfermeiras. “Não temos enfermeiras suficientes para enfrentarmos os desafios do futuro, pelo que não podemos expandir os nossos serviços. Precisamos de quem se dedique a servir as pessoas no âmbito da missão da Cáritas, seja remunerada [a prestação do serviço] ou em regime de voluntariado”, acrescentou. Paul Pun explicou que essa foi a razão pela qual a Cáritas já fez um apelo à comunidade das enfermeiras “para que se voluntariassem ou fizessem parte do pessoal em regime parcial”. O secretário-geral explicou que a expansão dos serviços passa não só pela admissão de mais utentes, mas em reforçar a resposta aos que já se encontram na instituição, com um foco, por exemplo, nos mais idosos e naqueles que apresentam constrangimentos ao nível da mobilidade. “O envelhecimento da população é uma realidade, mas não temos tempo para nos preocuparmos, temos que nos preparar e ensinar a nova geração a cuidar dos mais velhos, como o estamos a fazer”, frisou. Contudo, o maior desafio estrutural para o secretário-geral da Cáritas Macau passa pela capacidade de a instituição definir e reforçar a sua missão que integre “diferentes fés e etnicidades”. Se no passado a Cáritas era maioritariamente constituída por portugueses e chineses e respondia às suas necessidades, “agora há que contar com os migrantes, porque há cerca de 190 mil em Macau”, observou.
Hoje Macau Manchete PolíticaAL | Pereira Coutinho fala de alegada censura numa interpelação [dropcap]O[/dropcap] deputado José Pereira Coutinho disse, em entrevista à agência Lusa, que foi vítima de censura na Assembleia Legislativa relativamente ao conteúdo de uma interpelação oral. Pereira Coutinho diz que recebeu uma chamada telefónica onde lhe foi pedido para cortar um parágrafo onde abordava “escândalos de corrupção”. Em entrevista, o deputado diz que o Governo “tem medo” do que se passa em Hong Kong e denuncia discriminação em relação às associações africanas nos apoios financeiros concedidos José Pereira Coutinho denunciou, em entrevista à agência Lusa, actos de censura às suas intervenções no plenário da Assembleia Legislativa (AL), com a última tentativa a visar um parágrafo no qual abordava “escândalos de corrupção”. “Na semana passada, na intervenção antes da ordem do dia, quiseram censurar a minha intervenção na AL”, acusou José Pereira Coutinho. Em causa está o seguinte parágrafo: “Decorridos quase vinte anos após o estabelecimento da RAEM, não podemos deixar de lamentar a incapacidade e falta de coragem do Governo de apresentar propostas de leis relativas à aquisição de bens e serviços, concursos de empreitadas e construções que têm sido foco dos maiores escândalos de corrupção nos últimos tempos”. Tal como acontece com as perguntas que são dirigidas ao Chefe do Executivo, as intervenções em plenário têm de ser remetidas com antecedência. As primeiras uma semana antes, as segundas com um mínimo de 48 horas “com o argumento de que precisam de ser traduzidas”, explicou o deputado, na AL desde 2005. “O que acontece é que eles recebem as nossas intervenções antes da ordem do dia com 48 horas de antecedência, depois ligam-me, para pedir para cortar determinado parágrafo inteiro”, acusou aquele que é também conselheiro das comunidades portuguesas e presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau. O deputado afirmou que os pedidos são realizados pelos serviços da AL, sem que seja adiantada qualquer justificação. “Mas da minha parte sempre recusei”, salientou, destacando que “sempre que se toca em questões como a corrupção, como a situação do Chefe do Executivo ou qualquer outro assunto de melindre, é-lhes inconveniente e pedem”. Esta situação já foi vivida no passado com mais gravidade, nomeadamente em 2018, já que depois da recusa do deputado em eliminar o parágrafo, a versão chinesa do texto surgia sem conter a frase em questão, de acordo com Pereira Coutinho. “O que tem ocorrido no passado, uma ou outra vez, sem repetição, é que a versão chinesa está censurada, não obstante [manter-se] a minha versão portuguesa. Mas depois de eu ter chamado a atenção, deixaram de fazer isso”, ressalvou. “Nunca senti quaisquer constrangimentos ou pressões ou ameaças nos últimos 20 anos em Macau. Sempre tive margem de manobra para fazer tudo. Mas (…) por interpostas pessoas já me convenceram a refrear-me um bocadinho em determinados assuntos. Mas eu acho isso muito natural. Isto acontece também em Portugal, nos Estados Unidos, em qualquer país ocidental”, referiu Pereira Coutinho. A agência Lusa pediu na quinta-feira, por email, uma reacção ao presidente da AL de Macau, sem que tenha obtido resposta até ao momento. “O dado mais negativo” Nem de propósito, o deputado assegurou na mesma entrevista que, nos 20 anos de estabelecimento da RAEM, a corrupção tem sido o fenómeno mais negativo no território, enquanto que a segurança foi uma das conquistas mais importantes. “Nos últimos anos não houve um combate efectivo à corrupção em Macau”, afirmou, dando o exemplo da “falta de coragem para modernizar a legislação referente à aquisição de bens e serviços, empreitadas e construções por parte das entidades públicas”. “A corrupção vai ser o desafio de Macau. Macau é muito permeável à corrupção. E a AL é completamente ineficaz no combate à corrupção.” O deputado admitiu ainda que o hemiciclo não tem capacidade para contrariar o fenómeno: “Não temos poderes para fiscalizar o orçamento do Governo. Não temos. Aquilo é uma paródia. O plenário para o debate orçamental é uma paródia. Não dá para fazer nada. Não dá para fiscalizar”. Já o dado positivo desde 1999 é a segurança. “Nos últimos 20 anos acho que a cidade de Macau é das mais seguras de toda a República Popular da China.” Para isso contribuiu em muito o investimento que tem sido feito ao nível da videovigilância, sublinhou, ainda que se tenha de pagar um preço: “Diria que tem o seu custo, que é a privacidade. Nós somos visionados, escutados, em tudo. Já nem estamos seguros em casa”.
Hoje Macau Manchete PolíticaAL | Pereira Coutinho fala de alegada censura numa interpelação [dropcap]O[/dropcap] deputado José Pereira Coutinho disse, em entrevista à agência Lusa, que foi vítima de censura na Assembleia Legislativa relativamente ao conteúdo de uma interpelação oral. Pereira Coutinho diz que recebeu uma chamada telefónica onde lhe foi pedido para cortar um parágrafo onde abordava “escândalos de corrupção”. Em entrevista, o deputado diz que o Governo “tem medo” do que se passa em Hong Kong e denuncia discriminação em relação às associações africanas nos apoios financeiros concedidos José Pereira Coutinho denunciou, em entrevista à agência Lusa, actos de censura às suas intervenções no plenário da Assembleia Legislativa (AL), com a última tentativa a visar um parágrafo no qual abordava “escândalos de corrupção”. “Na semana passada, na intervenção antes da ordem do dia, quiseram censurar a minha intervenção na AL”, acusou José Pereira Coutinho. Em causa está o seguinte parágrafo: “Decorridos quase vinte anos após o estabelecimento da RAEM, não podemos deixar de lamentar a incapacidade e falta de coragem do Governo de apresentar propostas de leis relativas à aquisição de bens e serviços, concursos de empreitadas e construções que têm sido foco dos maiores escândalos de corrupção nos últimos tempos”. Tal como acontece com as perguntas que são dirigidas ao Chefe do Executivo, as intervenções em plenário têm de ser remetidas com antecedência. As primeiras uma semana antes, as segundas com um mínimo de 48 horas “com o argumento de que precisam de ser traduzidas”, explicou o deputado, na AL desde 2005. “O que acontece é que eles recebem as nossas intervenções antes da ordem do dia com 48 horas de antecedência, depois ligam-me, para pedir para cortar determinado parágrafo inteiro”, acusou aquele que é também conselheiro das comunidades portuguesas e presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau. O deputado afirmou que os pedidos são realizados pelos serviços da AL, sem que seja adiantada qualquer justificação. “Mas da minha parte sempre recusei”, salientou, destacando que “sempre que se toca em questões como a corrupção, como a situação do Chefe do Executivo ou qualquer outro assunto de melindre, é-lhes inconveniente e pedem”. Esta situação já foi vivida no passado com mais gravidade, nomeadamente em 2018, já que depois da recusa do deputado em eliminar o parágrafo, a versão chinesa do texto surgia sem conter a frase em questão, de acordo com Pereira Coutinho. “O que tem ocorrido no passado, uma ou outra vez, sem repetição, é que a versão chinesa está censurada, não obstante [manter-se] a minha versão portuguesa. Mas depois de eu ter chamado a atenção, deixaram de fazer isso”, ressalvou. “Nunca senti quaisquer constrangimentos ou pressões ou ameaças nos últimos 20 anos em Macau. Sempre tive margem de manobra para fazer tudo. Mas (…) por interpostas pessoas já me convenceram a refrear-me um bocadinho em determinados assuntos. Mas eu acho isso muito natural. Isto acontece também em Portugal, nos Estados Unidos, em qualquer país ocidental”, referiu Pereira Coutinho. A agência Lusa pediu na quinta-feira, por email, uma reacção ao presidente da AL de Macau, sem que tenha obtido resposta até ao momento. “O dado mais negativo” Nem de propósito, o deputado assegurou na mesma entrevista que, nos 20 anos de estabelecimento da RAEM, a corrupção tem sido o fenómeno mais negativo no território, enquanto que a segurança foi uma das conquistas mais importantes. “Nos últimos anos não houve um combate efectivo à corrupção em Macau”, afirmou, dando o exemplo da “falta de coragem para modernizar a legislação referente à aquisição de bens e serviços, empreitadas e construções por parte das entidades públicas”. “A corrupção vai ser o desafio de Macau. Macau é muito permeável à corrupção. E a AL é completamente ineficaz no combate à corrupção.” O deputado admitiu ainda que o hemiciclo não tem capacidade para contrariar o fenómeno: “Não temos poderes para fiscalizar o orçamento do Governo. Não temos. Aquilo é uma paródia. O plenário para o debate orçamental é uma paródia. Não dá para fazer nada. Não dá para fiscalizar”. Já o dado positivo desde 1999 é a segurança. “Nos últimos 20 anos acho que a cidade de Macau é das mais seguras de toda a República Popular da China.” Para isso contribuiu em muito o investimento que tem sido feito ao nível da videovigilância, sublinhou, ainda que se tenha de pagar um preço: “Diria que tem o seu custo, que é a privacidade. Nós somos visionados, escutados, em tudo. Já nem estamos seguros em casa”.
Hoje Macau PolíticaPereira Coutinho diz que governo tem medo que situação de Hong Kong alastre para Macau [dropcap]J[/dropcap]osé Pereira Coutinho disse, em entrevista à Lusa, que o Governo tem medo que a situação de Hong Kong alastre para o território, mas garantiu que não há ‘mercado’ para a mobilização. “O Governo tem muito medo daquilo que está a acontecer em Hong Kong (…) possa alastrar para Macau. [Mas] Macau não tem mercado para o que está a acontecer em Hong Kong. Em primeiro lugar porque os nossos jovens são diferentes, quer em termos de educação, quer em termos de conhecimentos políticos, quer em termos daquilo que está a acontecer de uma maneira geral na sociedade”, explicou. Em “segundo lugar, o Governo de Macau comporta-se de uma maneira diferente do Governo de Hong Kong em termos de concessão de subsídios. Nós temos subsídios de toda a espécie e para todos os efeitos”, acrescentou o deputado. Pereira Coutinho defendeu que os jovens de Macau e de Hong Kong partilham o mesmo problema da habitação, mas que, depois, há muitas diferenças que os separam. Enquanto em Hong Kong é visível ainda “a penetração e influência do modelo ocidental de democracia, de educação, de visão e de maior internacionalização, Macau nunca foi uma cidade internacional”, apontou. “Em Macau há antibióticos, há anestésicos que fazem com que eles esqueçam de uma forma curta o sofrimento que têm”, recordando que existem “28 fundos a conceder subsídios todos os anos para todas as associações e entidades particulares”, algo que, frisou, “Hong Kong não tem”. “Basta invocar um slogan da Grande Baía ou sessões de esclarecimento de como ser mais patriota para ter subsídios”, sustentou. Ruas difíceis O deputado lembrou também o facto de já ter organizado muitas manifestações e que “não é qualquer assunto que consegue convencer as pessoas a irem para a rua”. “Não é fácil pôr 100 pessoas na rua. Nós já conseguimos pôr 20 mil numa mega manifestação contra um projecto de lei que concedia imunidade aos governantes em processos criminais e que concedia pensões de aposentação para uma dúzia de elites de governantes. O projecto foi retirado”, recordou. Contudo, tendo em conta o tema sensível que é Hong Kong, o deputado da AL destacou o que considera ser uma evidência hoje: “As pessoas vão para a rua são identificadas, são referenciadas, [porque] nós temos câmaras em todos os lados. Pode não ter consequências imediatas, mas ah!, eu garanto que terão retaliações indirectas e directas no médio prazo”.
Hoje Macau SociedadeSubsídios | Associações africanas discriminadas face às portuguesas, diz Pereira Coutinho [dropcap]J[/dropcap]osé Pereira Coutinho alertou, em entrevista à agência Lusa, para o facto de as associações lusófonas africanas serem discriminadas nos subsídios concedidos pelas autoridades do território, ao contrário do que acontece com as portuguesas. “A comunidade portuguesa está bem porque o Governo de Macau tem olhado com carinho a comunidade, subsidiando a maior parte das actividades organizadas pelas associações”, começou por explicar. “Só que, aí, também tenho recebido queixas de que alguns são filhos e outros enteados”, ressalvou o deputado. “Há muitas associações de países de língua portuguesa que são tratadas de uma forma desigual porque eles são africanos e os outros são portugueses. Isso tem de ser dito cá fora. Tenho recebido queixas nesse sentido”, reforçou aquele que é também conselheiro das comunidades portuguesas. Para Pereira Coutinho, “faz falta em Macau o que existe em Hong Kong: por exemplo, um serviço independente que só aceite, por exemplo, queixas por discriminação”. “Como deputado, recebo queixas por discriminação étnica”, afirmou, enumerando casos em que macaenses e portugueses concorrem para a Função Pública, mas que se deparam com provas apenas em chinês. A entrada de portugueses na Função Pública é praticamente impossível após o estabelecimento da região Administrativa Especial de Macau, assinalou: “a comunidade portuguesa sabe que não tem lugar (…), só entram aqueles que têm relação de amizade ou que caem de pára-quedas e que vêm cá fazer serviços”. Isto porque, acusou o também presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau, “hoje em dia para trabalhar na Função Pública é preciso mostrar que se é patriota, caso contrário o cargo pode não estar garantido pelos anos fora”. Se no privado, esclareceu, o cenário é completamente diferente, na Função Pública há uma outra realidade: “Se [o português] tiver cunhas é evidente que toca guitarra. É evidente que continua a funcionar assim”.
Hoje Macau PolíticaAL | Deputados Sulu Sou e Pereira Coutinho apresentam proposta de audição sobre contratos dos autocarros [dropcap]O[/dropcap]s deputados Sulu Sou e José Pereira Coutinho entregaram na Assembleia Legislativa (AL) uma proposta conjunta de audição relativa à renovação, por apenas 14 meses, dos contratos com as concessionárias dos autocarros públicos. Os deputados pretendem que o Governo esclareça no hemiciclo o teor das negociações e os conteúdos discutidos, bem como quais as partes em que não se atingiu um consenso. O pedido de audição versa sobre o facto de os contratos terem sido prorrogados por um curto período de tempo. “Será difícil garantir a qualidade e a estabilidade do serviço de autocarros, sendo que as vítimas são os passageiros. Tanto cidadãos como deputados pediram a realização de um concurso público para a concessão do serviço de autocarros, então houve ou não um debate sobre essa questão? Quais são as opiniões apresentadas pelo Governo e pelas duas empresas de autocarros?”, questionam. José Pereira Coutinho e Sulu Sou pedem que a audição tenha presentes Chui Sai On, Chefe do Executivo, Raimundo do Rosário, secretário para os Transportes e Obras Públicas, e Lam Hin San, director dos Serviços para os Assuntos de Tráfego, bem como os responsáveis das empresas de autocarros, entre outros titulares de cargos públicos relacionados com esta matéria. Os dois deputados pediram também que sejam apresentados os documentos relativos às discussões sobre os contratos levadas a cabo nos últimos 15 meses, bem como a documentação relativa aos novos contratos celebrados.
Hoje Macau PolíticaAL | Deputados Sulu Sou e Pereira Coutinho apresentam proposta de audição sobre contratos dos autocarros [dropcap]O[/dropcap]s deputados Sulu Sou e José Pereira Coutinho entregaram na Assembleia Legislativa (AL) uma proposta conjunta de audição relativa à renovação, por apenas 14 meses, dos contratos com as concessionárias dos autocarros públicos. Os deputados pretendem que o Governo esclareça no hemiciclo o teor das negociações e os conteúdos discutidos, bem como quais as partes em que não se atingiu um consenso. O pedido de audição versa sobre o facto de os contratos terem sido prorrogados por um curto período de tempo. “Será difícil garantir a qualidade e a estabilidade do serviço de autocarros, sendo que as vítimas são os passageiros. Tanto cidadãos como deputados pediram a realização de um concurso público para a concessão do serviço de autocarros, então houve ou não um debate sobre essa questão? Quais são as opiniões apresentadas pelo Governo e pelas duas empresas de autocarros?”, questionam. José Pereira Coutinho e Sulu Sou pedem que a audição tenha presentes Chui Sai On, Chefe do Executivo, Raimundo do Rosário, secretário para os Transportes e Obras Públicas, e Lam Hin San, director dos Serviços para os Assuntos de Tráfego, bem como os responsáveis das empresas de autocarros, entre outros titulares de cargos públicos relacionados com esta matéria. Os dois deputados pediram também que sejam apresentados os documentos relativos às discussões sobre os contratos levadas a cabo nos últimos 15 meses, bem como a documentação relativa aos novos contratos celebrados.
Hoje Macau China / ÁsiaBolsa de Nova Iorque mista com Pequim a propor nova reunião com Washington [dropcap]A[/dropcap] bolsa de Nova Iorque esteve ontem a negociar mista, depois de a China ter dito que quer voltar a encontrar-se com os negociadores norte-americanos, em 28 de novembro, dia de Ação de Graças nos Estados Unidos. Pelas 14:50 em Lisboa, o índice Dow Jones Industrial recuava 0,17% para 27.776,22 pontos, enquanto o Standard & Poor’s subia 0,05% para 3.110,10 pontos. O índice tecnológico Nasdaq, por sua vez, caía 0,14% para 8.518,59 pontos. A China convidou os negociadores dos Estados Unidos para se reunirem em Pequim, visando ultrapassar o impasse nas negociações entre os dois gigantes económicos, segundo disseram à agência informação financeira Bloomberg fontes próximas do processo. As mesmas fontes referiram que o vice primeiro ministro da China, Liu He, e o responsável pelas negociações comerciais, alargou o convite ao representante do Comércio dos Estados Unidos, Robert Lighthizer, bem como ao secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, para que estejam nesta nova ronda de negociações. Os negociadores norte-americanos manifestaram disponibilidade para viajarem até Pequim, disseram as mesmas fontes, mas condicionaram a sua ida a uma declaração clara por parte da China que fará compromissos, nomeadamente, no domínio da proteção dos direitos de propriedade. Se Donald Trump assinar a legislação que passou no Congresso norte-americano, em que os Estados Unidos manifestam apoio aos protestos em Hong Kong, este ato poderá por em causa as negociações do acordo comercial entre os dois gigantes económicos mundiais. A influenciar a bolsa de Nova Iorque está hoje ainda, segundo os analistas, está também o facto de a OCDE ter descido ligeiramente a previsão de crescimento da economia mundial para 2,9% em 2020, mantendo, no entanto, a anterior previsão para o ritmo da expansão este ano, e ter alertado que a crise económica está a “entrincheirar-se”. No relatório com as previsões económicas mundiais divulgado hoje (‘Economic Outlook’), a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) antecipa que a economia mundial cresça 2,9% este ano, a mesma previsão constante nas Perspectivas Económicas Intercalares, divulgadas em setembro, e depois do crescimento de 3,5% registado em 2018. Para 2020, a entidade desceu em uma décima, para 2,9%, a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) global.
Hoje Macau EventosAssociação de jornalistas recebe prémio dos Macau Business Awards [dropcap]A[/dropcap] Associação de Imprensa em Português e Inglês de Macau (AIPIM) foi ontem distinguida com o prémio de ouro na categoria de organizações sem fins lucrativos da sétima edição dos Macau Business Awards. Para o presidente da AIPIM, José Carlos Matias, o prémio “surge numa altura de grandes desafios para o jornalismo a nível global e também aqui, na região” e “servirá como incentivo para os desafios futuros”. “Encaramos esta distinção com humildade e como um reconhecimento aos sócios presentes e passados da AIPIM e ao jornalismo em língua portuguesa e inglesa de Macau em geral”, disse. Por outro lado, “encoraja e estimula o comprometimento da associação com a defesa da liberdade de imprensa, acesso à informação, transparência, fortalecimento de uma cultura ética e deontológica e um maior envolvimento com a comunidade local”, acrescentou. Na cerimónia de entrega dos 48 prémios, de ouro e de excelência em 11 categorias, a presidente executiva da Sociedade de Jogos de Macau, Daisy Ho, destacou a importância do reconhecimento dado a “organizações e indivíduos que contribuíram de forma extraordinária para a economia e sociedade” do território. Este ano, o Grande Prémio de Macau, que cumpriu no passado fim de semana a 66.ª edição, recebeu o prémio de mérito como maior evento desportivo do território, que se disputou pela primeira vez no traçado citadino da Guia, em 1954. A operadora de casinos Melco Resorts, na categoria de Desempenho Social, o Banco Industrial e Comercial da China (Macau) e a operadora de casinos Galaxy Entertainment Grupo, ex-aequo, na categoria de Responabilidade Social, o Banco da China-Sucursal de Macau, na categoria Marca Mais Valiosa e a Pousada de Coloane Boutique Hotel & Restaurant, na categoria Pequena e Média Empresa foram alguns dos vencedores dos prémios de ouro da edição 2019. Os Macau Business Awards são organizados pela De Ficção Projetos Multimédia e Charity Association of Macau Business Readers, e atribuídos por um júri de 30 elementos.
Hoje Macau China / ÁsiaSeul| Kim Jong Un recusa convite para visitar Coreia do Sul [dropcap]O[/dropcap] líder da Coreia do Norte recusou ontem um convite de Seul para visitar a Coreia do Sul na próxima semana, noticia a agência de notícias norte-coreana. O convite a Kim Jong Un, feito pelo chefe de Estado da Coreia do Sul, Moon Jae-in, tinha como objectivo garantir a presença do líder norte-coreano na cimeira dos países do sudeste asiático, que se realiza na cidade portuária de Busan, Coreia do Sul. De acordo com fontes oficiais citadas pela KCNA, o líder da Coreia do Norte recebeu a carta pessoal do chefe de Estado sul-coreano no dia 5 de Novembro, mas acabou por rejeitar o convite. Na notícia sobre a rejeição do convite, a agência oficial da Coreia do Norte comenta as posições considerando que Seul não está a cumprir os acordos estabelecidos entre os dois Estados e que está a ceder às pressões norte-americanas. O Presidente da Coreia do Sul, que continua a tentar promover mais um encontro ao mais alto nível, já se reuniu três vezes com Kim Jong Un desde 2018, tendo conseguido abrir os canais que permitiram os contactos directos entre o líder norte coreano e o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Nos últimos meses, Pyongyang tem criticado Seul devido à realização de exercícios militares conjuntos entre a Coreia do Sul e os Estados Unidos.
Hoje Macau China / ÁsiaSeul| Kim Jong Un recusa convite para visitar Coreia do Sul [dropcap]O[/dropcap] líder da Coreia do Norte recusou ontem um convite de Seul para visitar a Coreia do Sul na próxima semana, noticia a agência de notícias norte-coreana. O convite a Kim Jong Un, feito pelo chefe de Estado da Coreia do Sul, Moon Jae-in, tinha como objectivo garantir a presença do líder norte-coreano na cimeira dos países do sudeste asiático, que se realiza na cidade portuária de Busan, Coreia do Sul. De acordo com fontes oficiais citadas pela KCNA, o líder da Coreia do Norte recebeu a carta pessoal do chefe de Estado sul-coreano no dia 5 de Novembro, mas acabou por rejeitar o convite. Na notícia sobre a rejeição do convite, a agência oficial da Coreia do Norte comenta as posições considerando que Seul não está a cumprir os acordos estabelecidos entre os dois Estados e que está a ceder às pressões norte-americanas. O Presidente da Coreia do Sul, que continua a tentar promover mais um encontro ao mais alto nível, já se reuniu três vezes com Kim Jong Un desde 2018, tendo conseguido abrir os canais que permitiram os contactos directos entre o líder norte coreano e o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Nos últimos meses, Pyongyang tem criticado Seul devido à realização de exercícios militares conjuntos entre a Coreia do Sul e os Estados Unidos.
Hoje Macau EventosFestival de Luz | Transferência celebrada com ‘vídeo mapping’ português [dropcap]O[/dropcap] Festival de Luz em Macau arranca em Dezembro com instalações luminosas, jogos interactivos e espectáculos de ‘vídeo mapping’, um deles criado por uma equipa portuguesa, para celebrar o 20.º aniversário do território. A quinta edição do festival, que decorre durante todo o mês de Dezembro, tem como tema “À Descoberta da Luz” e vai realizar-se um pouco por toda a cidade, em 15 locais, afirmou ontem em conferência de imprensa a directora dos Serviços de Turismo (DST), Maria Helena de Senna Fernandes. Além das instalações luminosas, que vão estar patentes em vários pontos da cidade até às 00:10 do dia 1 de janeiro de 2020, seis equipas de Portugal, Espanha, Japão, Shenzhen e ainda duas equipas locais, “vão realizar espetáculos de ‘vídeo mapping’, subordinados ao tema de celebração do 20.º aniversário da passagem da administração do território de Portugal para a China, nas Ruínas de São Paulo e na Igreja de Seminário de São José, explicou a responsável. A equipa portuguesa, Ocubo, vai apresentar o seu vídeo mapping “Jornada de Luz de Macau”, entre os dias 1 e 10 de Dezembro, no qual “transportará o público para momentos históricos de Macau, apresentando a cultura oriental e ocidental da cidade, o património mundial, a gastronomia, festividades e eventos diversificados, entre outros aspectos, através duma demonstração colorida e diversificada”, apontaram as autoridades em comunicado. O orçamento da quinta edição do Festival de Luz em Macau é de 18 milhões de patacas, disse Maria Helena de Senna Fernandes aos jornalistas.