PIB | Pequim revê em alta dimensão da sua economia em 2023

A China afirmou ontem que a sua economia cresceu um pouco mais em 2023 do que o indicado nas estimativas anteriores, ressalvando que a revisão não afectou as previsões de um aumento homólogo de “cerca de 5 por cento” este ano

 

A estimativa para a actividade económica total, ou produto interno bruto (PIB), em 2023, para a segunda maior economia do mundo, foi aumentada em cerca de 2,7 por cento, para 129,4 biliões de yuans, com base num censo económico realizado de cinco em cinco anos.

O impacto exacto no crescimento económico homólogo da China em 2023 não foi indicado. As autoridades afirmaram que seriam divulgados mais pormenores posteriormente.

A economia cresceu a um ritmo anual de 5,2 por cento, em 2023, de acordo com a estimativa anterior. O recenseamento económico incluiu anos em que a pandemia da covid-19 paralisou a actividade económica. A economia ainda está a recuperar desses choques e de uma grave recessão no mercado imobiliário.

O Governo chinês intensificou as medidas para estimular o consumo e o investimento empresarial, comprometendo-se novamente esta semana a aumentar as despesas e a emitir mais obrigações para financiar o apoio às administrações locais, que estão a sofrer em parte devido à crise imobiliária.

Estes esforços estão a ajudar, afirmou o Banco Mundial num relatório difundido ontem, tendo a instituição elevado a sua estimativa para o crescimento da China este ano para 4,9 por cento, em comparação com a previsão de Junho, de 4,8 por cento.

Pé atrás

A fraqueza do sector imobiliário continua a ser um entrave ao crescimento e as pessoas cujas casas perderam valor continuarão a mostrar-se relutantes em gastar muito. Segundo o relatório, a inflação manter-se-á baixa, situando-se em 0,4 por cento, este ano, e aumentando para 1,1 por cento, em 2025.

O relatório salientou que, embora as medidas destinadas a aumentar a procura através da redução dos pagamentos de hipotecas e das taxas de juro, do financiamento de projectos de habitação a preços acessíveis e da concessão de subsídios a programas de reciclagem de automóveis e electrodomésticos estejam a apoiar a procura, essas medidas não serão suficientes para restaurar o crescimento para níveis mais elevados.

O risco de taxas mais elevadas sobre as exportações chinesas para os EUA, quando o presidente eleito Donald Trump tomar posse, e outros limites ao comércio, são outras potenciais ameaças à economia, dada a crescente dependência da China das exportações para ajudar a impulsionar o crescimento.

O Banco Mundial reiterou os apelos para que a China melhore a sua rede de segurança social e ajude a corrigir a crescente desigualdade, a fim de proporcionar uma base económica mais sólida às centenas de milhões de pessoas com baixos rendimentos ou que fazem parte daquilo a que chama a “classe média vulnerável” e que correm o risco de voltar a cair na pobreza.

27 Dez 2024

Camões homenageado na Venezuela em encontro de escritores lusófonos

O V Encontro Virtual de Escritores Lusófonos vai realizar-se na Venezuela até segunda-feira, reunindo cinco figuras literárias lusófonas, e assinalar o quinto centenário do nascimento de Luís Vaz de Camões.

“Queremos mostrar mais uma vez ao público venezuelano que a lusofonia não é apenas uma questão portuguesa, é um elo muito importante que une Portugal a um conjunto de países e territórios que partilham a sua língua”, explica o coordenador do Ensino da Língua Portuguesa na Venezuela em um comunicado divulgado em Caracas.

Rainer Sousa salienta que “tanto se fala português num elegante café de Lisboa como nas profundezas da selva amazónica, como nas vastas savanas africanas ou nas movimentadas ruas de Macau, no sul da China”.
“A mesma língua pode exprimir realidades e ‘mundos’ diferentes, possibilitando aos escritores darem-se a conhecer na Venezuela, um país de língua espanhola”, refere.

O encontro encerra a agenda cultural de 2024 e proporciona ao público, segundo os organizadores, a oportunidade de participar em conversas e entrevistas com figuras literárias de relevo, reunindo não só a comunidade luso-venezuelana, mas também 13 mil alunos de português em mais de 50 instituições de ensino locais.

É organizado pela Coordenação do Ensino de Português na Venezuela e conta com o apoio da Embaixada de Portugal em Caracas, do Camões Instituto da Cooperação e da Língua, do Festival Literário Flipoços, no Brasil, do Hotel Montaña Suites e do jornal Correio de Venezuela.

Dias recheados

Depois da abertura, na quinta-feira, com uma homenagem ao poeta feita pela intervenção de Hélio Alves, professor na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, actual director do Centro de Estudos Comparatistas e destacado investigador das literaturas europeias do Renascimento e do início da Modernidade, sendo “uma das maiores autoridades em Portugal no estudo e investigação da obra de Camões”.

Hoje terá lugar um diálogo com a psicanalista, professora e escritora brasileira Samantha Buglione. A convidada do encontro de amanhã será a escritora portuguesa Cristina Drios e o escritor angolano João Melo, membro fundador da União dos Escritores Angolanos e da Academia Angolana de Letras e Ciências Sociais, será o escritor convidado do domingo, dia 29.

Na segunda-feira é a vez de Vera Duarte, escritora cabo-verdiana, licenciada em Direito pela Universidade Clássica de Lisboa e uma referência literária no seu país.

As palestras e entrevistas com cada escritor vão ser transmitidas nas datas indicadas, pelas 18h de Caracas, através dos canais de YouTube da Coordenação para o Ensino do Português na Venezuela (Cepe Vzla) e do semanário de expressão portuguesa Correio da Venezuela, bem como através das contas de Facebook e Instagram destas organizações.

O Encontro Virtual de Escritores Lusófonos, segundo o coordenador do Ensino de Língua Portuguesa, surgiu durante a pandemia da covid-19, mantendo-se no seu formato virtual para que pessoas de diferentes partes do mundo possam conhecer novos escritores lusófonos e, por sua vez, divulgar o que está a ser feito pela língua portuguesa na Venezuela.

27 Dez 2024

Venceslau de Morais | Incêndio leva a evacuação de 60 casas

Na passada terça-feira, deflagrou um incêndio num bloco residencial do edifício Tai Hon Lao, da Pat Tat Sun Chuen, na Avenida de Venceslau de Morais. Segundo o jornal Ou Mun, foram evacuados moradores de 60 apartamentos. As autoridades indicaram que o fogo teve início num apartamento do 13º andar do edifício, alastrando rapidamente a outras fracções.

A origem das chamas poderá ter estado numa extensão eléctrica que ardeu num quarto, enquanto a família que reside no apartamento se encontrava na sala. Desta forma, os bombeiros concluíram que o fogo se deveu a um curto-circuito provocado pela extensão. O incêndio não resultou em qualquer ferido, tendo apenas cinco pessoas ficado indispostas devido ao fumo.

Num comunicado, o Instituto de Acção Social disse estar a acompanhar o caso, tendo enviado psicólogos e assistentes sociais ao local para disponibilizar apoio em termos de alojamento e do foro psicológico. Actualmente, cinco pessoas, de dois apartamentos afectados, estão alojadas temporariamente em casas disponibilizadas pelo Governo.

27 Dez 2024

Tosse convulsa | Registado caso grave na segunda-feira

Os Serviços de Saúde (SS) foram avisados, na segunda-feira, da ocorrência de um caso de tosse convulsa tratado pelo hospital Kiang Wu, o sétimo caso registado em Macau este ano. O doente é um menino de 11 anos, residente, que começou a ter febre e tosse persistentes a partir do dia 17 deste mês.

A família foi com a criança à urgência pediátrica do Centro Hospitalar Conde de São Januário no dia 22, onde a criança fez um teste de ácido nucleico para patógenos respiratórios. O teste deu positivo à bactéria “Bordetella pertússis” e o doente sido diagnosticado com tosse convulsa.

Actualmente, o menino está ainda internado, encontrando-se em estado clínico estável. A criança recebeu apenas quatro doses da vacina contra a difteria, tétano e tosse convulsa, não tendo completado as cinco doses previstas no esquema de vacinação.

O menino foi à escola até ao dia 18, e não se ausentou do território nos últimos tempos. Um dos familiares começou a ter tosse persistente no dia 2 de Dezembro, enquanto outros três “manifestaram tosse ligeira nos últimos dias”. Os SS apontam ainda que nos “últimos 10 anos a incidência de tosse convulsa tem tido uma tendência de crescimento em todo o mundo”.

27 Dez 2024

Casa do Mandarim | IC irá responsabilizar condutor por danos

O Instituto Cultural (IC) diz estar a acompanhar o caso do muro da vedação da Casa do Mandarim, que está “ligeiramente danificado”, na Rua da Barra. Segundo uma nota do IC, o problema foi descoberto na terça-feira, por volta das 15h, tendo sido verificadas imagens de videovigilância e enviado pessoal para o local. Foi então que se verificou que “o muro de vedação apresenta uma ranhura de cerca de 30 por 35 centímetros”, suspeitando-se que esta “tenha sido causada pela raspagem de um veículo que passou” na Rua da Barra.

A polícia foi notificada, e só depois o IC “dará seguimento à reparação do muro”, com a devida reclamação dos custos de obra feita junto do responsável.

Segundo a mesma nota, “o IC tem vindo a colaborar com os serviços competentes nas medidas de melhoramento [das vias], tendo instalado tapetes redutores de velocidade, lancis ou sinais de limite de velocidade”. Além disso, foram feitos apelos aos condutores para a redução da velocidade nas zonas antigas do território, pois “existem muitos edifícios históricos e troços de estrada relativamente estreitos”.

27 Dez 2024

Reserva financeira perdeu dinheiro pela segunda vez este ano

A reserva financeira perdeu 3,61 mil milhões de patacas em Outubro, em comparação com Setembro, a segunda queda este ano, foi ontem anunciado.

A reserva cifrou-se em 613,3 mil milhões de patacas no final de Outubro, indicam dados publicados no Boletim Oficial pela Autoridade Monetária de Macau (AMCM).

Este valor representa uma queda mensal, a primeira desde Abril, em comparação com Setembro, quando a reserva atingiu o valor mais elevado dos últimos dois anos, de 616,9 mil milhões de patacas.
Apesar do recuo em Outubro, a reserva ganhou 32,9 mil milhões de patacas durante os primeiros 10 meses de 2024.

Ainda assim, o valor permanece longe do recorde de 663,7 mil milhões de patacas atingido em Fevereiro de 2021, em plena pandemia da covid-19.

O valor da reserva extraordinária no final de Outubro era de 431,9 mil milhões de patacas e a reserva básica, equivalente a 150 por cento do orçamento público de Macau para este ano, era de 153,4 mil milhões de patacas.

A Assembleia Legislativa de Macau aprovou em Novembro de 2023 o orçamento da região para este ano, que prevê uma subida de 1,4 por cento nas despesas totais, para 105,9 mil milhões de patacas.

Depósitos e contas

A reserva financeira é maioritariamente composta por depósitos e contas correntes no valor de 242,2 mil milhões de patacas, títulos de crédito no montante de 123,2 mil milhões de patacas e até 244,7 mil milhões de patacas em investimentos subcontratados.

A reserva financeira ganhou 22,2 mil milhões de patacas em 2023, depois de ter perdido quase quatro vezes mais no ano anterior. Isto apesar de, em 2023, as autoridades da região terem voltado a transferir quase 10,4 mil milhões de patacas da reserva financeira para o orçamento público.

No final de Janeiro, a AMCM sublinhou que os investimentos renderam à reserva financeira quase 29 mil milhões de patacas em 2023, correspondendo a uma taxa de rentabilidade de 5,2 por cento.

27 Dez 2024

DSEDT | Novo director promete apoio às PME

União entre a equipa de trabalho, promoção da economia nos bairros residenciais e desenvolvimento das pequenas e médias empresas (PME). Foram estas as prioridades deixadas por Tai Kin Ip, secretário para a Economia e Finanças, ao novo director dos Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico (DSEDT), Yau Yun Wah.

As tarefas foram entregues ontem, durante a cerimónia de tomada de posse do novo responsável pela DSEDT, de acordo com um comunicado do Governo. Tai Kin Ip pediu ainda ao seu sucessor o “reforço do apoio ao desenvolvimento sustentável das indústrias tradicionais” e a “injecção de nova dinâmica na indústria tecnológica de Macau”.

No discurso da cerimónia, Tai Kin Ip indicou ainda a Yau Yun Wah que devem implementar “as ideias governativas do Chefe do Executivo” e “desenvolver os trabalhos em conjunto com outros serviços” para aproveitar os “efeitos sinérgicos”.

Por sua vez, Yau Yun Wah afirmou ir “envidar esforços” para “apoiar as pequenas e médias empresas dos diversos sectores a dar resposta ao novo ambiente económico e aproveitar novas oportunidades.

Segundo o comunicado, novo director da DSEDT prometeu ainda fazer esforços para promover o “desenvolvimento da diversificação adequada da economia de Macau” e trabalhar em “conjunto para tornar mais brilhante o cartão de visita dourado da metrópole internacional de Macau”.

27 Dez 2024

Cooperação | Sam Hou Fai em Guangzhou para primeira reunião

Sam Hou Fai, que tomou posse como Chefe do Executivo da RAEM no passado dia 20, teve a sua primeira missão oficial na tarde de terça-feira, com a deslocação a Guangzhou para uma reunião com o secretário do comité provincial de Guangdong do Partido Comunista Chinês (PCC), Huang Kunming, e o vice-secretário do comité provincial do PCC e governador da província, Wang Weizhong.

Segundo um comunicado do Governo da RAEM, o diálogo centrou-se no dever de “implementação do espírito consagrado nos importantes discursos do Presidente Xi Jinping no âmbito da visita a Macau”, que decorreu na última semana. As partes notaram ainda que é importante “continuar a aprofundar a cooperação entre Guangdong e Macau”, a fim de acelerar o processo de diversificação económica do território.

Sam Hou Fai disse esperar que “Guangdong continue a apoiar fortemente o trabalho do novo Governo da RAEM”, sendo que as duas regiões devem “esforçar-se para pôr em prática o espírito consagrado nos discursos importantes e as instruções do Presidente Xi Jinping”.

Huang Kunming “congratulou Sam Hou Fai e equipa governativa pela tomada de posse, e expressou o seu agradecimento aos compatriotas de Macau pelos grandes contributos realizados ao longo do tempo para o crescimento socioeconómico de Guangdong”.

27 Dez 2024

Coreia do Sul | Presidente deposto volta a ser convocado por investigadores

O Presidente deposto da Coreia do Sul foi ontem novamente convocado pelos investigadores, depois de ter rejeitado um pedido anterior e no âmbito da tentativa falhada de impor lei marcial no início do mês.

Yoon Suk-yeol, de 63 anos, foi suspenso no passado fim-de-semana pelos deputados, no âmbito de um processo de destituição, na sequência da declaração de lei marcial na noite de 03 para 04 de Dezembro e pelo envio do exército para o parlamento.

Yoon e os aliados envolvidos no golpe de Estado podem ser condenados a prisão perpétua e, teoricamente, até à pena de morte, se forem considerados culpados de rebelião. Yoon está proibido de abandonar o país. O antigo procurador está a ser investigado pelo Ministério Público sul-coreano e por uma equipa conjunta da polícia, do Ministério da Defesa e de investigadores anticorrupção.

A audição na agência anticorrupção está marcada para as 10:00 horas de 25 de Dezembro. Se Yoon se apresentar, torna-se o primeiro Presidente sul-coreano em exercício a comparecer perante um órgão de investigação.

A antiga presidente Park Geun-hye foi destituída em circunstâncias semelhantes às de Yoon, mas só foi investigada depois de ter sido afastada do poder pelo Tribunal Constitucional. Yoon Suk-yeol não foi à audiência para a qual tinha sido convocado na quarta-feira, sem dar qualquer justificação para a ausência.

No início da semana, os procuradores ordenaram que se apresentasse para ser interrogado ou enfrentaria a prisão, mas, entretanto, entregaram o caso à agência anticorrupção. O chefe deste organismo, Oh Dong-woon, disse ao parlamento, na terça-feira, que a possibilidade de deter Yoon também estava a “ser examinada”.

O Tribunal Constitucional, que está a analisar o pedido de destituição, deve pronunciar-se sobre a validade deste num prazo de cerca de seis meses. Para o efeito, solicitou documentos relativos à declaração da lei marcial, mas o pedido foi devolvido ao remetente. “Estamos a examinar outras opções”, declarou um porta-voz do tribunal.

21 Dez 2024

Casa de Portugal | Optimismo quanto à língua apesar de “mau sinal”

A presidente da Casa de Portugal em Macau permanece optimista quanto ao papel da língua portuguesa, mas descreveu a ausência de tradução, ontem, do primeiro discurso do novo líder da região como “um mau sinal”.

Durante a cerimónia a celebrar o 25.º aniversário da RAEM, o novo Chefe do Executivo, Sam Hou Fai, discursou em cantonês, não tendo sido disponibilizada qualquer tradução para português. Sam, que tomou posse ontem de manhã, é o primeiro dirigente que domina a língua portuguesa a liderar a RAEM, criada na sequência da transição de administração de Portugal para a China.

“Fiquei desiludida e não fui a única. É de facto um mau sinal de início, não haver tradução, no primeiro discurso do chefe do Executivo”, disse à Lusa Maria Amélia António. Apesar de ser “profundamente lamentável”, a presidente da Casa de Portugal em Macau disse esperar “que tenha sido um acidente pontual” e que “não se repita”. Questionado pela Lusa, o Gabinete de Comunicação Social do Governo de Macau não fez qualquer comentário.

Horas antes, na tomada de posse do novo Governo local, Xi sublinhou que Macau, como “o único local do mundo que tem como línguas oficiais o português e o chinês”, tem de aproveitar “a sua singularidade” para servir de “plataforma entre a China” e os países lusófonos.

“Isto não tem discussão. Está ali dito, preto no branco e claro. E, portanto, como língua oficial [a língua portuguesa] tem de ser tratada de outra forma daquela que tem sido tratada até agora”, defendeu Maria Amélia António, antes do discurso de San Hou Fai.

Papel lusitano

A também advogada considerou que o papel da comunidade portuguesa vai depender “imenso daquilo que for capaz de fazer, da qualidade do trabalho que desenvolver”. Cerca de 155 mil pessoas têm nacionalidade portuguesa em Macau e Hong Kong, disse à Lusa na terça-feira o cônsul-geral de Portugal nas duas regiões semiautónomas chinesas, Alexandre Leitão.

De acordo com os últimos censos realizados no território de 2021, há mais de 2.200 pessoas nascidas em Portugal a viver em Macau. A comunidade portuguesa “tem um papel fundamental na manutenção de todas as características de Macau”, nomeadamente como uma ligação aos países lusófonos, sublinhou Maria Amélia António.

O território tem “desempenhado um papel muito importante ao longo da história” da China, como “uma janela para o exterior”, “aproveitando a sua vantagem única de ser a mistura de diferentes culturas”, disse Xi Jinping.

21 Dez 2024

Natal | IC e casinos promovem actividades culturais em zonas antigas

Além dos concertos já anunciados, o Instituto Cultural e as seis operadoras de jogo programaram uma agenda cheia de eventos culturais para os próximos dias. Algumas zonas antigas do território, como o Largo do Pagode do Bazar e os Estaleiros de Lai Chi Vun, vão acolher eventos regulares

 

O Natal aproxima-se e para captar toda a essência de uma quadra o Instituto Cultural (IC) preparou, em conjugação com as seis operadoras de jogo, uma série de eventos regulares culturais para juntar a população em algumas zonas antigas do território.

No caso dos Estaleiros Navais de Lai Chi Vun, restaurados parcialmente e que proporcionam uma zona de lazer, o IC, em parceria com a Galaxy, irá apresentar todos os sábados e domingos, das 13h às 19h, um mercado de natal, evento que se repete na véspera e dia de Natal. O mercado inclui tendas com jogos, espaços de gastronomia, uma feira cultural, espectáculos e jogos infantis.

Na Fortaleza do Monte irá acontecer, a partir do dia 24 e até ao final do mês, o “Inverno no Jardim da Fortaleza do Monte”, com “zonas para fotografias de grandes dimensões com temas festivos, iluminação concebida em colaboração com o Museu de Macau, stands de gastronomia e espectáculos de música ao vivo”, descreve o IC. Estes eventos acontecem entre as 14h e as 19h.

A antiga Fábrica de Panchões de Iec Long, na Taipa Velha, vai acolher o parque de diversões em formato pop-up intitulado “Colorful Spark”, que promete oferecer ao público “instalações artísticas de grandes dimensões”, com vários jogos à disposição. Destaque para a realização de pequenos espectáculos com os clássicos de Natal no auditório das Casas-museu da Taipa, a partir das 17h, entre os dias 24 e 26 de Dezembro.

Ainda no tocante a zonas antigas da cidade com eventos natalícios, haverá também a possibilidade de explorar a zona do Largo do Pagode do Bazar, no Porto Interior; a avenida Almeida Ribeiro e o Centro Comunitário Kam Pek, recentemente renovado graças ao investimento da Sociedade de Jogos de Macau.

Assim, a partir deste sábado e até final do mês, o Largo do Pagode do Bazar irá acolher espectáculos de rua, incluindo workshops de graffiti de Natal em colaboração com a Associação de Arte Juvenil de Macau.

Na Almeida Ribeiro nasceu o espaço de alimentação do Mercado Kam Pek, que proporciona experiências gastronómicas com pequenos restaurantes, trazendo “uma nova vitalidade e maior atractividade à zona”.

No caso das actividades apoiadas pelo MGM, elas concentram-se na zona da Barra, junto à Doca D. Carlos I, com a exposição “cAI: Soul Can”, dedicada à ligação da arte com inteligência artificial, a mostra “Zhang Yimou – Mestre por detrás de ‘Macau 2049′”, que conta os detalhes do espectáculo em cena no Teatro MGM, ou ainda o evento “ART ZOO: Salpicos de Alegria”.

Não faltam ainda eventos na Rua da Felicidade, que foi palco de um projecto experimental de zona pedonal. Desta vez, o IC, em parceria com a Wynn, apresenta uma série de “flash-mobs”, mercados de rua com a disponibilização de “bebidas festivas” e ainda a iniciativa “Snooker para Gente Comum”.

Música do povo

Além dos tradicionais mercados de Natal e espaços com eventos culturais, haverá música para celebrar a quadra. Todos os eventos se enquadram no “Programa de Inverno – Uma Base Cultural”.

A partir deste sábado, e nos dias 22, 24 e 25 de Dezembro, apresenta-se no Teatro D. Pedro V espectáculos de jazz com o músico português Zé Eduardo e a Jazz Mission Big Band, que se fazem acompanhar pelas cantoras Marta Garrett e Sofia Rodrigues. O concerto inclui “uma série de peças clássicas de jazz e canções de Natal”.

Para o dia de Natal, o IC propõe ainda o espectáculo “Melodias Inesquecíveis nas Ruínas de S. Paulo”, com os músicos da Orquestra de Macau, apresentando-se “um repertório de peças conhecidas cheias de vibrações natalícias” num lugar icónico em termos patrimoniais como é as Ruínas de São Paulo.

Espera-se, assim, criar “uma atmosfera única de integração das culturas chinesa e ocidental, combinando música e arquitectura histórica”. Este espectáculo faz-se acompanhar de um coro composto por alunos de várias escolas locais.

Depois do Natal, nomeadamente no dia 28, é a vez de ser inaugurada a “Zona de Espectáculos ao Ar Livre de Macau”, no Cotai. A partir das 19h, podem ser ouvidos cantores e artistas locais, de Hong Kong, do interior da China e Coreia do Sul, com nomes como Hins Cheung, Julian Cheung, Pakho Chau e Janice M. Vidal.

Também neste dia há outra opção de espectáculo. Trata-se do concerto “Fantasia de Inverno”, realizado a partir das 20h na Sé Catedral, e que traz a Macau o maestro principal da Orquestra Chinesa da Singapura, Quek Ling Kiong. Este irá estar em palco com a Orquestra Chinesa de Macau.

21 Dez 2024

Espionagem | Pequim acusa a Alemanha de difamação após detenção de cidadão chinês

A China instou ontem as autoridades alemãs a “deixarem de caluniar e manipular”, depois de a polícia alemã ter comunicado a detenção de um cidadão chinês por suspeita de ter fotografado instalações militares.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Lin Jian, disse em conferência de imprensa que “não tinha conhecimento” dos pormenores do incidente.

No entanto, Lin afirmou que o seu país “pede sempre aos seus cidadãos que respeitem as leis e regulamentos locais” e às autoridades estrangeiras que “protejam os direitos e interesses legítimos das empresas e indivíduos chineses”.

“Esperamos que a Alemanha se atenha aos factos”, acrescentou o porta-voz, apelando a Berlim para que “proteja efectivamente os direitos dos cidadãos chineses na Alemanha”.

De acordo com as autoridades alemãs, o homem está detido depois de ter sido preso a 09 de Dezembro e está a ser investigado por suspeita ao abrigo do artigo 109g do código penal, que se refere a tirar fotografias de instalações militares que ponham em risco a segurança.

Segundo a imprensa europeia, o suspeito teve acesso à parte militar do porto de Kiel e tirou fotografias, mas foi interceptado por guardas de segurança, que o entregaram à polícia. No final de Setembro, um cidadão chinês que trabalhava para uma empresa de logística no aeroporto de Leipzig/Halle foi detido por suspeita de espionagem.

O Ministério Público acusa-a de ter transmitido ao seu contacto informações sobre o transporte de material militar e sobre as viagens de representantes da empresa de armamento Rheinmetall.

A suspeita está alegadamente ligada a outra pessoa que está a ser investigada por alegada espionagem em nome da China, uma empregada do político de extrema-direita Maximilian Krah, que foi cabeça de lista da Alternativa para a Alemanha (AfD) nas últimas eleições para o Parlamento Europeu.

21 Dez 2024

Taiwan | Pelo menos nove mortos e oito feridos em incêndio num armazém

Pelo menos nove pessoas morreram e outras oito ficaram feridas na sequência de um incêndio que deflagrou num armazém em construção da cadeia PX Mart, na cidade de Taichung, no oeste de Taiwan. O incêndio, que ocorreu ontem, deflagrou numa zona de trabalho onde as condições dificultavam a retirada, informou a agência noticiosa CNA de Taiwan.

O fogo começou num complexo do armazém, propagando-se rapidamente à medida que os materiais de isolamento derretidos ajudavam a intensificar as chamas. As autoridades confirmaram que cinco das vítimas foram encontradas no mezanino do terceiro andar, uma área caracterizada por longos corredores e saídas de emergência distantes.

O director-geral adjunto da Administração da Segurança no Trabalho do Ministério do Trabalho, Wan Rongfu, afirmou ontem que a gestão dos vários subcontratantes envolvidos será fundamental para as investigações.

Adiantou que alguns dos responsáveis ainda não foram localizados e que a procuradoria de Taichung continua a interrogar as pessoas relevantes para esclarecer as causas do incêndio. Duas das vítimas eram trabalhadores migrantes vietnamitas em situação irregular, o que levou à aplicação de multas aos empregadores e empreiteiros responsáveis.

As famílias dos falecidos estão a receber assistência para se candidatarem a prestações do seguro de trabalho, incluindo uma compensação financeira do governo. O Presidente da Câmara de Taichung, Lu Shiow-yen, visitou os feridos e apelou ao PX Mart, a maior cadeia de supermercados de Taiwan, com mais de 1.200 sucursais, para que indemnizasse adequadamente as vítimas.

A empresa confirmou que vai cooperar plenamente com as investigações sobre o incêndio, cujas causas específicas ainda não foram determinadas, e reiterou o seu empenhamento na segurança das suas instalações.

21 Dez 2024

Síria | Wang Yi apela a “processo aberto e inclusivo” para solução política

O ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, apelou ontem às várias fações na Síria que “embarquem, no interesse a longo prazo do país e do seu povo, num processo aberto e inclusivo de resolução política”.

Durante uma reunião em Pequim com um grupo de diplomatas de países árabes, o ministro chinês sublinhou a importância de “evitar que o terrorismo se aproveite do caos para regressar” à Síria, após a recente queda do regime de Bashar al-Assad, de acordo com um comunicado difundido pela diplomacia chinesa.

Wang pediu recentemente que se “evite a fragmentação” e se “restaure a estabilidade” no país árabe. O ministro chinês apelou também a um “cessar-fogo imediato” e à “retirada permanente das tropas” em Gaza, bem como a uma “solução justa e duradoura para o conflito palestiniano com base na fórmula dos dois Estados”, ao mesmo tempo que apelou à “preservação da soberania do Líbano”.

No ano passado, o país asiático manifestou o apoio à solução de “dois Estados” para o conflito israelo-palestiniano e declarou “consternação” face aos ataques israelitas contra civis.

“A China continuará a apoiar os países árabes no reforço da sua autonomia estratégica”, afirmou Wang, acrescentando que o Médio Oriente “não pode continuar a ser um campo de batalha das grandes potências e uma vítima dos conflitos geopolíticos”.

De acordo com o comunicado, os representantes diplomáticos dos países árabes em Pequim “elogiaram a posição imparcial da China e o seu apoio à causa justa do povo palestiniano” e registaram as “contribuições positivas” do país asiático para a “paz e estabilidade” na região.

Os delegados árabes pediram à China que desempenhe “um papel mais importante” face às “mudanças abruptas” no Médio Oriente e ao “sofrimento dos povos da região”.

21 Dez 2024

Guantánamo | China considera prisão como “ferida aberta” pelos EUA em Cuba

A China considerou ontem a existência da prisão da Base Naval de Guantánamo como uma “ferida aberta” para Cuba e “prova irrefutável de mais de um século de ingerência ilegal” dos Estados Unidos na ilha.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Lin Jian, respondeu assim a perguntas sobre a recente libertação de dois prisioneiros malaios detidos nas instalações. Lin classificou a ocupação norte-americana da Baía de Guantánamo, na ponta leste de Cuba, como uma “grave violação do direito internacional e da soberania cubana”.

O responsável afirmou que “a detenção arbitrária e a tortura têm sido uma constante” na prisão, descrevendo-a como um “campo de concentração dos Estados Unidos” que não respeita as normas norte-americanas em matéria de direitos humanos.

“A comunidade internacional, incluindo as Nações Unidas, apelou repetidamente ao encerramento de Guantánamo e à justiça para os detidos, mas os EUA não cumpriram estas exigências nem as suas próprias promessas”, afirmou Lin.

O porta-voz também criticou a duplicidade de critérios de Washington ao manter Cuba na “Lista de Estados Patrocinadores do Terrorismo” enquanto perpetua estas práticas.

“A comunidade internacional vê claramente esta hipocrisia”, sublinhou. A China reafirmou o seu apoio à soberania de Cuba e condenou as “acções de intimidação” dos EUA, incluindo o embargo económico e financeiro.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros instou Washington a “devolver o território de Guantánamo ao povo cubano, encerrar o centro de detenção e retirar Cuba da lista de patrocinadores do terrorismo”.

Os Estados Unidos anunciaram na quarta-feira o repatriamento para a Malásia de dois reclusos da prisão de Guantánamo que cooperaram com as autoridades norte-americanas, Mohammed Farik bin Amin e Mohammed Nazir bin Lep, elevando para 27 o número de detidos na prisão, 15 dos quais são elegíveis para transferência, segundo o Departamento da Defesa.

Os primeiros prisioneiros chegaram a Guantánamo no âmbito da “guerra contra o terrorismo” lançada pelo então Presidente republicano George W. Bush (2001-2009) após os atentados de 11 de Setembro de 2001, em que morreram cerca de 3.000 pessoas.

A base chegou a albergar cerca de 780 prisioneiros e os que restam estão agora divididos em dois campos: o primeiro para os presos considerados de “alto perfil”, como os acusados dos atentados de 11 de Setembro de 2001, e o segundo para os presos de menor importância.

21 Dez 2024

Imprensa | Ron Lam defende papel de meios de comunicação

O deputado Ron Lam defende que a função supervisora dos meios de comunicação não deve ser enfraquecida, sob pena de resultar no afastamento entre a governação e a população, tornando cada vez mais difícil tomar o pulso ao “sentimento público” e responder “às queixas da sociedade”. A opinião foi expressa através de um texto no jornal Son Pou.

O também ex-jornalista destacou a importância da supervisão ao Governo pelos meios de comunicação e sociedade, porém, lamentou que o papel dos meios de comunicação tradicionais seja cada vez mais difícil, enquanto órgão de supervisão, porque os governantes tendem a evitar falar com a imprensa.

Ron Lam apontou igualmente que para implementar o princípio “Um País, Dois Sistemas” com características de Macau é importante melhorar a capacidade da governação e de resposta às opiniões e anseios da população, bem como não temer e respeitar a supervisão independente dos meios de comunicação.

21 Dez 2024

Comércio | China destaca relação forte com Macau

O Governo Central afirmou que as relações económicas e comerciais com Macau estão a fortalecer-se, num comunicado divulgado no dia do 25.º aniversário da transferência da administração.

O Ministério do Comércio informou que o comércio entre o Interior da China e a RAEM atingiu os 3,84 mil milhões de dólares em 2023, um aumento de mais de quatro vezes em relação a 1999.

O comércio de serviços também registou um crescimento, marcado pelo afluxo de turistas da China continental para a região administrativa especial, segundo os dados do ministério do Comércio. Entre 2004 e 2023, Macau recebeu cerca de 310 milhões de visitantes do continente, detalhou. “O aumento do turismo impulsionou os sectores locais do comércio a retalho, da hotelaria e da restauração”, destacou.

O Governo Central aumentou, em Julho, a isenção de taxas alfandegárias para os viajantes que entram na China oriundos de Macau, de 5.000 yuan para 12.000 yuan, visando aumentar as despesas na RAEM.

Entre Janeiro e Outubro, o Interior atraiu 23,93 mil milhões de dólares em investimento directo de Macau e investiu 14,19 mil milhões de dólares na região.

O ministério assegurou que vai continuar a promover a colaboração económica entre o Interior e Macau, a apoiar o rápido desenvolvimento económico da região e a contribuir para a modernização da China, no âmbito da construção da área da Grande Baía.

21 Dez 2024

Hong Kong | John Lee saúda novo Governo e promete desenvolver cooperação com Macau

O Chefe do Executivo de Hong Kong saudou ontem a tomada de posse do líder do Governo do Macau e prometeu continuar a trabalhar em conjunto com a região vizinha, “aproveitando os pontos fortes das duas cidades para servir as necessidades” da China.

“Desejo que Sam [Hou Fai] e o Governo da Região Administrativa Especial de Macau, no seu sexto mandato, levem Macau a atingir novos patamares de desenvolvimento”, assinalou John Lee, que chefiou uma delegação que se deslocou ao território para participar nas cerimónias do 25.º aniversário do estabelecimento da RAEM.

Para o líder de Hong Kong, as duas cidades “beneficiam das vantagens de ‘um país, dois sistemas’ (…) e partilham uma forte ligação, com intercâmbios frequentes e anos de cooperação contínua em domínios como economia, infra-estruturas transfronteiriças, turismo e cultura, criando uma base sólida”.

“Hong Kong vai continuar a trabalhar com Macau para alcançar a complementaridade, contribuindo conjuntamente para promover o desenvolvimento da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau e esforçando-se por construir uma baía de classe mundial”, indicou, numa declaração oficial divulgada no site do Governo de Hong Kong.

Lee acrescentou que vai trabalhar com Sam Hou Fai “para reforçar ainda mais os intercâmbios e a cooperação entre Hong Kong e Macau, aproveitando os pontos fortes das cidades para servir as necessidades do país, demonstrando a vitalidade e a superioridade de ‘um país, dois sistemas’ e dando novos e maiores contributos para a construção de um grande país e para o rejuvenescimento nacional através da modernização chinesa”.

21 Dez 2024

Transferência de Soberania | Marcelo diz que Portugal e China “concretizaram parceria estratégica”

Marcelo Rebelo de Sousa assinalou ontem os 25 anos da transferência de administração de Macau de Portugal para a China e considera que os dois países “concretizaram uma parceria estratégica”. O Presidente de Portugal publicou ontem uma mensagem escrita no sítio oficial da Presidência da República na Internet, no dia em que se cumprem “os 25 anos da transferência da soberania de Macau para a República Popular da China”.

“Baseada na Declaração Conjunta Luso-Chinesa sobre o Futuro de Macau, de 1987, que estabeleceu os termos desta transferência e constituiu o princípio da construção de uma relação sólida e profícua entre Portugal e a República Popular da China, abriu um novo ciclo nas relações diplomáticas entre os dois Estados”, refere-se na nota.

Segundo o chefe de Estado português, os dois países têm-se “empenhado em garantir as melhores condições para a transição em Macau e concretizaram uma parceria estratégica entre Portugal e a China, assente num passado histórico comum, em benefício dos dois povos e das suas relações no século XXI”.

Marcelo Rebelo de Sousa realizou uma visita de Estado à República Popular da China entre Abril e Maio de 2019, que começou em Pequim, onde foi recebido pelo Presidente Xi Jinping, passou por Xangai e terminou na RAEM

Durante essa visita, as autoridades de Portugal e da China assinaram um memorando de entendimento que previa um novo patamar nas relações bilaterais: a passagem da parceria estabelecida em 2005 para um “diálogo estratégico”, com contactos políticos mais regulares.

21 Dez 2024

Identidade, Periferia e Globalização: Duas Narrativas de Macau (continuação)

Por Fernanda Gil Costa, ex-directora do departamento de português da Universidade de Macau

Ao ler-se na “Advertência ao leitor” de Arquivo das Confissões – Bernardo Vasques e a Inveja (publicado em Macau em 2016) que: “A história que se segue não pretende rigor histórico ou justeza, na descrição dos factos, hábitos ou comportamentos de antanho. As datas referidas e os intervenientes querem-se, obviamente, tão ficcionais quanto a realidade” – é expectável entender-se, apesar de tudo, que a encenação histórica das figuras, dos discursos e dos acontecimentos mantêm uma indisfarçável ligação com o presente do leitor português contemporâneo que, por isso, tenderá a interrogar-se sobre as reais condições do alegado passado da efabulação e sobre o sentido do cenário montado sobre factos históricos conhecidos. Neste sentido o leitor modelo de Carlos Morais José é não só o que frequenta o espaço público da cidade de Macau mas também o leitor habitual da literatura portuguesa.

A viagem, o trânsito entre mundos é o espaço da narrativa dentro e fora do relato do narrador. Todas as personagens estão em viagem – viagem por mar, deambulação por impérios e cantos remotos do mundo de quinhentos. Por isso, encontrar a relação com e história e a memória de Macau desde o seu achamento e estabelecimento como feitoria entre ocidente e oriente até ao presente pós-colonial, depois das negociações que conduziram à actual administração chinesa do território, é uma necessidade da leitura.

A orientação do leitor é difícil, pois só a viagem que decorre no presente da narrativa (o enquadramento – a viagem do padre protestante inglês) está escorada por eventos com substância histórica; as outras duas, a do padre irlandês possuidor do documento que é foco do romance, a confissão de Bernardo Vasques em Macau e a leitura da mesma são relatos escritos/lidos por terceiros, pertencendo, portanto, ao tempo suposto-passado da intriga. A variedade e arbitrariedade das referências, citações e ecos da tradição literária filiam-se claramente numa tradição textual pós-moderna especialmente próxima de muita narrativa contemporânea, especialmente de carácter parodístico.

A viagem do padre protestante decorre entre Singapura e Macau (simbolicamente entre o império inglês e o império português); este aporta à chamada Cidade do Santo Nome de Deus em vésperas do incêndio do Colégio de S. Paulo, a primeira universidade católica da Ásia. Tal viagem está, por isso, carregada de sentido simbólico e iniciático já que o protestante vai encontrar em Macau os jesuítas acossados pelos ventos de fim de ciclo que o iminente desaparecimento do colégio vem sublinhar de forma inevitável.

Ainda mais importante é o facto de a viagem entre Singapura e Macau ver falhar a missão do protestante, já que apesar dos esforços que aí empreende não encontra prova que confirme a existência do Arquivo das Confissões dos Jesuítas devido quer ao silêncio das fontes contactadas quer ao incêndio do Colégio de S. Paulo, cujo desejado recheio (onde supostamente as provas se encontrariam) vê arder impotente diante dos olhos.

Voltando a Arquivo das Confissões, um romance histórico publicado em Macau em 2016, o inusitado assunto poderá não ser surpreendente se considerarmos que o território tem uma história razoavelmente desconhecida do grande público no que diz respeito a episódios, memórias e fontes (a par de lendas e mitos de raiz popular luso-chinesa). A isso acresce o facto de nos últimos anos algumas investigações históricas terem contribuído para reforçar a ideia (que se tornara lenda) de que Camões teria vivido e trabalhado em Macau, o que voltou a colocar o poeta e a sua rota do Oriente no centro de indagações e investigações.

Sendo o ponto de partida do romance um assumido desafio a todo o propósito ‘sensatamente’ realista, a sua organização retoma as melhores tradições do género da narrativa enquadrada – gavetas de histórias que se abrem e esvaziam a partir de outras, articuladas em móveis geometrias de eventos misteriosos, de segredos e tesouros perdidos, dando origem à variedade das vozes e ‘fantasmas’ que lenta e intencionalmente desenrolam um imbricado novelo de histórias apenas sustentado por uma teia onírica.

Como foi já referido, o narrador principal é um padre inglês protestante que recebe por mero acaso um segredo perdido e de origem desconhecida, cedendo a voz, na recepção do inesperado tesouro, a um padre católico irlandês, o depositário do tesouro, em trânsito entre mundos. Este possui o manuscrito da confissão feita a um jesuíta português, que a terá ouvido e registado em Macau, de um patético bandido e viajante /navegante português, de neopícaro recorte, o qual durante uma viagem ao oriente teve e gulosamente aproveitou a oportunidade de se apropriar, por roubo premeditado durante uma longa congeminação de inveja, de nem mais nem menos que uma obra desconhecida e autobiográfica (espécie de autografia de recorte epopeico) de Luís de Camões.

Dois registos estilísticos são, assim, fundamentais nesta obra: primeiro, o da literatura de viagem que colhe variações na tradição vastíssima do género (pícaro, aventura, viagem iniciática, literatura de desastre e naufrágio); segundo, o registo da reflexão filosófica que invade a perspectiva e a narrativa através da voz do narrador principal, um padre culto, devoto e inclinado para a dialéctica dos fenómenos humanos e mundanos. A pergunta que se impõe é – como é que esta estratégia literária se conjuga com o lugar e o tempo reais da obra questionada?

A viagem enquadrada que é a intriga central da narrativa e o seu mais remoto passado é a de Bernardo Vasques, narrada em confissão, na primeira pessoa, entre os capítulos sexto e vigésimo sexto. Nela se recupera a história e o ambiente de relatos vários das navegações portuguesas, retirados quer dos cronistas quer das ficções do tempo, como as de Peregrinação.

A história é a de um homem de estudos e esmerada educação humanística a quem a obsessão narcisista de ser o melhor poeta de sempre, desenvolvida durante os tempos de passagem pela universidade de Coimbra, onde se confronta com a já vasta sombra de Camões, exacerba o desejo neurótico e mitómano de o ultrapassar em fama e glória. É curioso notar que Bernardo compõe, com excelência, o perfil tradicional do português apanhado pelo fatal emaranhado de ressentimento, queixume e inveja que o filósofo José Gil descreveu em Portugal, Hoje. O Medo de Existir (2004). Ao comentar as emoções e sentimentos negativos presentes no perfil do “invejoso”, o filósofo destaca sobretudo o ressentimento e o queixume, a que chama um “processo de captura” da consciência em estado geral de vulnerabilidade. Ora, Bernardo Vasques lamenta a sua condição de irmão do meio, embora não deseje a sorte nem do primogénito nem do irmão mais novo e acaba por confessar o esmero da educação que lhe foi dada pelo pai, que o destinava ao estudo das leis. O ressentido e generalizado queixume perpassa as suas palavras desde o início da sua narrativa:

Calhava-me ser humilhado pelo mais velho, aturar-lhe as ordens e a arrogância, garantidas pela sua força física; e obrigado a proteger o mais novo, suportar-lhe as birras, satisfazer-lhe as manias e embarcar na adulação geral. (AC: 41)

Sobre a inveja escreve José Gil, como se descrevesse Bernardo Vasques:

É dentro de um banho de ressentimento que melhor se desenvolve a inveja. É no queixume implícito de se achar a si mesmo pequeno que se inveja alguém que pretende ser maior (SE: 93)

O empolamento mitómano dos sentimentos de Bernardo V. levam-no a aspirar à fama e glória de poeta maior, lugar ensombrado e ocupado pelo vulto gigante de Camões. Incapaz de obter o reconhecimento almejado e cada vez mais colhido pela humilhação e seu “processo de captura”, embarca para a Índia com o intuito de encontrar o poeta e roubar-lhe a obra que o elevou ao trono das letras que para si deseja.

Sabia muito bem o que fazer: ele sofreria. Não como eu. Mas por uma perda irreparável. Não o mataria, não lhe roubaria a vida, mas sim a obra, (AC: 86)

Tal projecto neurótico e alucinado será executado no capítulo décimo quarto, depois de encontrado e reconhecido o velho poeta com a involuntária (e irónica) ajuda de uma figura criada pelo próprio, n’ Os Lusíadas – o soldado que desceu o outeiro mais depressa do que subira (AC: 76-77); a esse episódio segue-se uma série atormentada e criminosa de episódios de bíblica maldade, a par de tragédias encadeadas na tradição tenebrosa dos relatos de naufrágios, que terminam com a perda do pretenso manuscrito por Bernardo, depois de o ter aprendido de cor, de tanto repetir a leitura. O pecador arrependido que em Macau se confessa no final da vida, ostenta igualmente sinais claros de desequilíbrio mental e paranóia esquizofrénica. O desaparecimento misterioso, terminada a confissão, empresta à figura de Bernardo traços alegóricos (a marca do procedimento alegórico está patente no facto de Bernardo não lograr que a mão lhe obedeça para escrever e assinar a obra como sua, apesar de a saber de cor), embora na narrativa arraste o humilhante destino de um ser capturado entre a mediocridade e o desejo de grandeza e vanglória.

Pode um homem transformar-se num livro? Assim parecia. (…) todas as minhas acções se enfeitavam dos seus versos, os pensamentos ferviam de rimas, nada de novo havia que não coubesse ou não estivesse previsto na grandeza desta obra. (AC: 134)

Em conclusão, o registo escrito do delírio paranóico sobre a viagem fracassada de Bernardo Vasques, o transe de recitação (do suposto poema camoniano) depois do qual a personagem desaparece como por osmose entre carne e verbo, ainda antes da absolvição, tal como um pesadelo que cede ao aparecimento da madrugada, levam-nos igualmente à sua pergunta (já citada) entre a retórica e a angústia: “pode um homem transformar-se num livro?” (AC: id.) e ao desespero do impreparado, estarrecido confessor, quanto à justiça da retribuição do perdão divino: “O espírito humano não é um tratado científico e eu sou um pobre leitor cheio de dúvidas e de mísero talento.” (AC: 158).

É também a altura de inquirir em que medida Bernardo Vasques se relaciona com o presente do leitor e a que presente pode de facto aludir. A sua história é alucinada e paranóica, projecção de uma mente configurada pela distorção dos mapas da realidade e da psicótica apreciação do lugar dos outros, aliados ou oponentes dos seus objectivos, a par dos obstáculos que enfrenta (seja a fome e a sede depois de um naufrágio, a solidão absoluta ou a inserção numa comunidade desconhecida e crescentemente hostil). A ausência de escrúpulos, o aventureirismo inócuo e sempre aguerrido, cruel, invejoso e oportunista de um português que demanda o mundo em busca do rasto de Camões para se apoderar da sua (pretensa) obra constitui o inverso da epopeia, o avesso do Gama de Os Lusíadas, a paródia do sujeito lírico de Sonetos e restante lírica amorosa. Bernardo Vasques parece expor, de facto, um presente alheio à memória de grandeza, universalidade e vocação descobridora e inspiradora da história portuguesa de quinhentos.

O leitor poderá ainda questionar-se sobre a verosimilhança do artificioso relato que reúne tanto o temeroso confessor como o penitente Bernardo Vasques. Poderá tratar-se de mais uma variação sobre o sonho obscuro e polémico de que encontramos testemunho nas letras e nas artes desde a Modernidade, pelo menos desde que Goethe (e antes dele Marlowe) criou um inesquecível Fausto, mundano e humano, que através de singular, simbólico pacto com o demónio, plasmou no ser humano o desejo indelével de mais-querer e ir-mais-além, a porfia e o esforço de conhecimento e acção (streben, diz-se em alemão), que é afinal a medida estética e ética em que a verdadeira, exigente dimensão humana modernamente se reconhece, pelo menos desde o Renascimento. O relato, porém, não cessa de empurrar o leitor para longe da rememoração dos tempos de anseios de valor e grandeza. Na moldura da história ressoa a sobriedade do padre protestante que vai a Macau assistir ao incêndio do mais elevado símbolo do império no oriente, o Colégio de São Paulo, a sua análise implacável da inveja, a mola impulsionadora da mediocridade.

Para Carlos Morais José, que afirma sentir-se em Macau um autor português no exílio e deixa voluntárias marcas dessa vivência em toda a sua obra em prosa e verso, onde a língua portuguesa, quase silenciosa nas ruas, é apesar de tudo ainda oficial, a odisseia inversa de Bernardo Vasques é apenas o último testemunho de uma condição de carência e alienação, de teor ontológico, que parece contagiar os poetas e intelectuais que a viagem real (e iniciática) levou para longe dos púlpitos e dos palcos da rotina estético-literária da chamada pátria.

Essa condição de carência (e consciência de ser e devir) pode talvez aproximar-se da recente noção de “Exiliance” criada por Alexis Nouss1 que a considera uma “condição de consciência” comum aos exilados e migrantes de todos os tempos e espaços.

Embora se deva assinalar a probabilidade de uma definição que se alheia voluntariamente dos traços materiais do tempo e do espaço poder aproximar-se de uma visão essencialista do exílio (aliás, sensível na formação do termo exil[iência]), a sua delimitação como “condição de consciência” parece reintroduzir o papel formador e reformulador do tempo e da circunstância. No caso de Carlos Morais José trata-se de uma condição de consciência (mas também de resistência e devir) que se evidenciará igualmente em outras das suas obras, fazendo parte da visão especial de Macau como singularidade radical na sua condição periférica.

Em As Alucinações de Ao Ge e Arquivo das Confissões, um conto e um romance histórico publicados no espaço público de língua portuguesa de Macau posterior à mudança de soberania e consequente emergência de um espaço pós-colonial, encontramos traços de resistência aos monopólios temáticos e discursivos das últimas décadas de narrativas premiadas internacionalmente, navegando os largos mares da chamada Literatura Mundo. Também o denominado grupo de Warwick (WReC), na esteira dos artigos publicados por Franco Moretti em 2000 e 2003 na New Left Review, desenvolve uma ideia de “Literatura Mundial”2 sobretudo entendida como relação dinâmica e dialéctica entre centro e periferia do sistema mundial da literatura, insistindo no valor de resistência atribuído à literatura de regiões periféricas face aos grandes centros de difusão de literatura, ideia que Paulo Medeiros designa também por “imaginação do centro”, sublinhando o interesse “… em obras que resistem, de variadas maneiras, à hegemonia vigente” (Dialética da Periferia: Formas de Resistência na Literatura Mundial: 2021, 221).

Posição semelhante é defendida por Cosima Bruno (Bruno: 2014), que propõe o abandono de uma epistemologia essencialista relacionada com nacionalidade e língua e com origem geográfica estrita (Bruno: 2014, 753). Em seu entender, o caso de Macau, apesar da exiguidade do território (que pode não ser sinónimo de insignificância) apresenta condições para alterar a tradicional divisão do mundo em três domínios conhecidos: centro, periferia e semi-periferia (divisões ligadas, por sua vez, à ideologia colonial e seus avatares no período da globalização). Em seu entender a cultura periférica de Macau pode vir a ser reconhecida como um caso específico de ponte natural entre global e local, permitindo viabilizar uma “candidatura” relevante à categoria de Literatura Mundo.

No final do seu artigo, C. Bruno faz um apelo à tradução da literatura de Macau e acrescenta que isso é essencial:

…not only to contribute to the postcolonial library and to broaden understanding of the ‘literary world’, but also to enable (..) the field of comparative literature together with other literatures (for example Spanish, Portuguese or French) that present global/local structure (Bruno, 2014: 67).

Tal interesse pela literatura de Macau, obviamente marginal no contexto actual da Literatura Mundo, é o que melhor pode dar testemunho do legado intranquilo patente na história e na memória da cidade e apelar à herança mal escrutinada do seu passado colonial e marginal.

O facto incontornável de esta literatura ter contornos e fronteiras incertas (expressão de várias línguas e pertenças) projeta e sublinha o papel intermediário da tradução e pode alterar, a mais curto ou longo prazo, o perfil e a representatividade cultural deste território simultaneamente indefinível, insular e plataforma de globalização.

Referências:

Alexis Nouss 2015.

A expressão “Literatura-Mundial” é utilizada por Paulo Medeiros em português (membro do grupo WReC) e é, em meu entender muito semelhante à “Literatura-Mundo” (semelhante à expressão francesa Littérature-Monde), utilizada pelo Centro de Estudos Comparatistas da Universidade de Lisboa.

20 Dez 2024

China opõe-se à inclusão de chineses nas sanções contra a Rússia

“A China lamenta e opõe-se firmemente à inclusão de indivíduos e entidades chinesas na ‘lista completa’ da União Europeia (UE) no seu 15º pacote de sanções contra a Rússia”, disse um porta-voz do Ministério do Comércio na quinta-feira.

O porta-voz afirmou que a UE fez orelhas moucas às repetidas representações e oposições da China e agiu deliberadamente, dizendo que a China sempre se opôs às sanções unilaterais que não têm base no direito internacional ou na autorização do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

O porta-voz referiu ainda que as acções da parte europeia são contrárias ao consenso alcançado pelos líderes chineses e europeus, tendo um impacto negativo nas relações económicas e comerciais entre a China e a UE.

A China insta a parte europeia a actuar em conformidade com a manutenção da parceria estratégica global China-UE e a salvaguardar a estabilidade das cadeias industriais e de abastecimento globais, a pôr imediatamente termo à sua prática errónea de inclusão de empresas chinesas na lista negra e a deixar de prejudicar os interesses legítimos das empresas chinesas.

“A China tomará as medidas necessárias para proteger resolutamente os direitos e interesses legítimos das empresas chinesas”, concluiu o porta-voz.

20 Dez 2024

EUA | Congresso vota lei que restringe investimento na China

A Reuters noticiou na terça-feira que o Congresso dos EUA deverá votar nos próximos dias uma legislação que restringe os investimentos dos EUA na China, como parte de um projecto de lei para financiar as operações do governo até meados de Março.

O projecto de lei alarga as restrições emitidas pelo Departamento do Tesouro dos EUA em Outubro sobre os investimentos dos EUA em inteligência artificial e outros sectores tecnológicos na China que considera uma ameaça à segurança nacional dos EUA. O projecto de lei também exige os chamados estudos de risco de segurança nacional sobre os routers e modems de consumo fabricados na China e análises das compras de bens imobiliários chineses, segundo a Reuters.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Lin Jian, afirmou na quarta-feira que a cooperação económica e comercial entre a China e os Estados Unidos beneficia os dois países e os seus cidadãos. “Exagerar o conceito de segurança nacional e obstruir deliberadamente o intercâmbio económico e comercial normal por razões políticas é contrário aos princípios da economia de mercado, da concorrência leal e do comércio livre, que os EUA afirmam defender. Tais acções também desestabilizam as cadeias industriais e de abastecimento mundiais e não servem os interesses de nenhuma das partes”, afirmou Lin.

“A China exorta os políticos norte-americanos relevantes a deixarem de politizar e de transformar em armas as questões económicas e comerciais e a promoverem as condições necessárias para a cooperação económica e comercial entre os dois países”, afirmou o porta-voz.

Espaço para a cooperação

Embora alguns políticos norte-americanos continuem provavelmente a insistir na adopção de mais medidas repressivas contra as empresas chinesas, existem também áreas em que a China e os EUA podem cooperar, de acordo com Chen Fengying, antigo director do Instituto de Estudos Económicos Mundiais do Instituto de Relações Internacionais Contemporâneas da China.

“Os EUA também se apercebem de que, sem a China, não podem resolver muitas questões globais. Por isso, mesmo que alguns políticos continuem a insistir em mais medidas de repressão contra a China, também haverá áreas em que os EUA querem cooperar com a China”, disse Chen na quarta-feira.

A China tem mantido uma abordagem coerente em relação aos EUA, em que o lado chinês permanece aberto ao diálogo e à cooperação, ao mesmo tempo que responde às medidas repressivas dos EUA. Reflectindo esta abordagem, na semana passada, os grupos de trabalho económicos e financeiros da China e dos EUA realizaram reuniões separadas, durante as quais as duas partes trocaram pontos de vista sobre uma vasta gama de questões, incluindo as políticas macroeconómicas. Mas a parte chinesa também manifestou a sua preocupação com as restrições económicas e comerciais impostas pelos EUA.

Chen afirmou que, embora seja improvável que a tentativa geral de Washington de conter a China mude em breve, as tácticas sob diferentes administrações dos EUA podem mudar e as áreas de foco para a cooperação podem ser diferentes. “A China irá provavelmente analisar a questão com base nos seus méritos e prosseguir o diálogo e a cooperação sempre que possível, ao mesmo tempo que responderá com firmeza às medidas de repressão dos EUA no domínio da alta tecnologia e noutros domínios”, afirmou.

AMEC retirada da lista negra do Pentágono

Entretanto, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos (DoD) retirou a empresa chinesa Advanced Micro-Fabrication Equipment Inc. (AMEC) de sua lista de empresas militares chinesas (EMC), depois que a empresa processou os EUA, informou a Bloomberg na quarta-feira.

A retirada da AMEC da lista negra fez com que o preço das acções da empresa no mercado chinês de acções A subisse 1,78% no fecho do mercado. “A medida não só retira a AMEC da designação incorrecta, como também constitui um sinal positivo para outras empresas chinesas que enfrentam as medidas de repressão dos EUA, que podem recorrer a meios legais para defender os seus direitos e interesses legítimos contra as alegações infundadas dos EUA”, afirmou um perito do sector.

“Sob o pretexto de proteger a segurança nacional, vários departamentos governamentais dos EUA criaram listas negras de empresas chinesas, embora as acusações contra as empresas chinesas sejam infundadas”, disse Ma Jihua, um veterano observador do sector das telecomunicações.

“Influenciados pelo sentimento político actual nos EUA, adicionam arbitrariamente empresas chinesas a várias listas negras, apesar de não poderem apresentar quaisquer provas concretas”, disse Ma na quarta-feira, acrescentando que as empresas chinesas podem tomar medidas legais para proteger os seus próprios direitos e interesses. “O caso da AMEC é um sinal positivo de que existem meios legais para as empresas chinesas defenderem os seus direitos e interesses contra alegações infundadas dos EUA”.

Em janeiro de 2024, o DoD dos EUA adicionou a empresa chinesa à sua lista de EMC. Depois de “extensos esforços para se envolver com o DoD a fim de esclarecer os factos e demonstrar que não cumpre nenhum dos critérios de EMC” não terem conseguido alterar a designação do DoD dos EUA, a AMEC anunciou a 16 de Agosto que tinha formalmente apresentado uma acção judicial contra o DoD dos EUA no Tribunal Distrital dos EUA para o Distrito de Columbia por designar “ilegalmente” a AMEC como uma EMC, disse a empresa num comunicado na altura.

Esta é a segunda vez que a AMEC foi adicionada à lista negra do DoD dos EUA e posteriormente removida. Em Janeiro de 2021, a empresa foi designada como EMC, mas após uma petição ao DoD dos EUA com fatos e evidências suficientes, a empresa foi removida com sucesso dessa lista em Junho de 2021, de acordo com a empresa.

Para além da AMEC, o Departamento de Defesa dos EUA também retirou outra empresa, a IDG Capital, da sua lista EMC. A inclusão na lista de EMC não implica sanções específicas ou penalidades directas, mas a inclusão na lista pode causar danos à reputação e desencorajar outras empresas a trabalhar com as empresas listadas, de acordo com a Bloomberg.

20 Dez 2024

Antigo líder de Taiwan pede oposição à “independência”

O antigo líder taiwanês Ma Ying-jeou pediu mais intercâmbio e cooperação entre os dois lados do estreito de Taiwan, durante uma reunião com o chefe do gabinete do Governo chinês para os assuntos de Taiwan. No início de uma visita à China, o antigo líder da ilha (2008-2016) sublinhou a importância da “oposição à independência de Taiwan” e da cooperação para “promover o desenvolvimento pacífico das relações entre os dois lados do estreito”.

Ma, do partido Kuomintang (KMT, na oposição), apelou também para a defesa do “Consenso de 1992”, um acordo tácito entre Taipé e Pequim que reconhece que “só existe uma China”, embora cada parte o interprete de maneira diferente. Aquele princípio é negado pelo atual partido no poder em Taiwan, o Partido Democrático Progressista.

Song Tao, responsável pelo gabinete do Governo chinês encarregue dos assuntos de Taiwan, transmitiu a Ma, e à delegação que lidera, “calorosas saudações” do Presidente chinês, Xi Jinping, apelando ao povo “de ambos os lados do estreito de Taiwan” para que dê “prioridade aos interesses da nação e ao futuro do país”, noticiou a televisão estatal chinesa CCTV.

Song Tao pediu à população para que “trabalhe em conjunto para melhorar as relações entre as duas margens do estreito, manter a paz e a estabilidade na região e prosseguir o rejuvenescimento nacional”.

Ma lidera uma delegação de estudantes numa viajem pelas províncias de Heilongjiang, no nordeste da China, e Sichuan, no centro, onde vão visitar locais históricos e participar em atividades culturais. A visita decorre até 26 de dezembro.

China e Taiwan viveram um grande momento de aproximação durante a presidência de Ma, a ponto de ter realizado uma reunião histórica em Singapura com Xi, no final de 2015, a primeira entre líderes de ambos os lados do estreito em mais de 60 anos.

Ma e Xi voltaram a encontrar-se em Abril deste ano, em Pequim, durante a anterior visita do antigo líder taiwanês à República Popular da China. Nessa ocasião, o Presidente chinês insistiu que “não há forças que possam separar Taiwan da China”.

20 Dez 2024

Primeiro navio do porto peruano de Chancay chega a Xangai

O “Xin Shanghai”, um navio operado pela China COSCO Shipping Corporation Limited, chegou ao porto de Yangshan, em Xangai, por volta das 15h30 de quarta-feira, após uma viagem de 23 dias do porto peruano de Chancay, tornando-se o primeiro navio a chegar a Xangai vindo de Chancay após a abertura oficial do porto peruano em novembro.

A viagem também marcou a abertura da ligação marítima operacional bidirecional entre Xangai e o Porto de Chancay, um projeto emblemático recém-inaugurado da cooperação da iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” entre a China e o Peru. A carga da viagem inclui uma variedade de produtos peruanos, como mirtilos, abacates e produtos minerais.

De acordo com Wu Jianzhong, gerente regional da Joy Wing Mau Fruit Technologies Corporation Limited (JWM), proprietária dos mirtilos peruanos no navio, metade dos mirtilos será distribuída em Xangai, visando mercados e supermercados no leste da China, enquanto o restante será enviado para o norte da China.

Antes da abertura do porto de Chancay, o comércio entre o Peru e a China era feito principalmente através do porto peruano de Callao. Com a entrada em funcionamento do porto de Chancay, foram introduzidos mais serviços de transporte de contentores ao longo da costa ocidental da América do Sul, reduzindo o tempo de transporte entre o Peru e a China para cerca de 23 dias – muito mais rápido do que a média atual do mercado.

Espera-se que o lançamento da nova rota aumente a entrada de frutas frescas e outros produtos do Peru nos mercados chinês e da Ásia-Pacífico. Para garantir a qualidade dos produtos perecíveis durante o transporte, a China COSCO Shipping Corporation Limited integrou tecnologia de ponta e soluções digitais. Estas inovações permitem a monitorização em tempo real da temperatura e da humidade, garantindo um processo seguro e eficiente da cadeia de frio.

Ponto de expansão

Olhando para o futuro, a empresa planeia expandir as suas rotas de transporte marítimo com base no desenvolvimento do Porto de Chancay e contribuir para o estabelecimento de um novo corredor de transporte marítimo-terrestre entre a América Latina e a Ásia. “Esta nova rota directa entre o Porto de Chancay e Xangai contribuirá para uma rede comercial mais eficiente e interligada que liga as regiões costeiras do Peru às zonas interiores, bem como a outros países da América Latina”, afirmou Chen Xiaochen, diretor comercial para a América Latina da COSCO Shipping Lines Co.

“A rota é um marco significativo na estratégia mais ampla da China de aumentar a conetividade marítima global, demonstrando o papel crescente do país na construção de uma rede de comércio internacional mais integrada e eficiente”, acrescentou Chen.

Sendo o primeiro porto inteligente e verde da América do Sul, o Porto de Chancay, inaugurado em Novembro, está localizado a cerca de 78 km a norte de Lima, a capital peruana. Com um comprimento total de 1.500 metros e quatro cais, o porto, alimentado pelas tecnologias inteligentes da China, pode lidar com navios com uma capacidade de 18.000 TEUs (unidades equivalentes a vinte pés) e está projectado para processar 1 milhão de TEUs anualmente, com capacidade para escalar até 1,5 milhão de TEUs a longo prazo.

20 Dez 2024