Pelo menos 4 mil pessoas detidas em Caxemira em duas semanas

[dropcap]P[/dropcap]elo menos 4.000 pessoas foram detidas em Caxemira sob controle indiano desde a revogação da autonomia do território por Nova Deli, há duas semanas, para evitar manifestações, disseram fontes do governo citadas pela AFP.

Estas pessoas foram detidas de acordo com a lei de segurança pública, explicou um magistrado citado pela agência de notícias francesa AFP, acrescentando que esta lei permite que as autoridades prendam uma pessoa até dois anos sem acusação ou julgamento.

A imprensa indiana contabilizava na quarta-feira 500 pessoas detidas na semana passada em Jammu-Caxemira, o lado indiano do território.

Na sexta-feira, as autoridades paquistanesas afirmaram que pelo menos seis paquistaneses foram mortos em menos de 24 horas por disparos de tropas indianas feitos a partir da Linha de Controlo na região da Caxemira.

Neste território, reivindicado pela Índia e pelo Paquistão, as tensões têm estado a crescer desde 5 de Agosto, quando o Governo indiano anunciou a revogação da autonomia constitucional do estado de Jammu-Caxemira, medida explosiva que visa colocar a região sob uma tutela mais direta de Nova Deli e que o Paquistão considerou “ilegal”.

As duas potências nucleares do sul da Ásia já travaram duas guerras pelo controlo de Caxemira.
Desde 1948, uma resolução da ONU prevê a organização de um referendo de autodeterminação em Caxemira, que se mantêm letra morta face à oposição de Nova Deli.

Diferentes grupos separatistas combatem, há décadas, a presença de cerca de 500 mil soldados indianos na região de Jammu-Caxemira, para exigir a independência do território ou a integração no Paquistão. Dezenas de milhares de pessoas, na grande maioria civis, já morreram no conflito.

À mesa das nações
Desde que a revogação do estatuto foi anunciada, a Caxemira indiana vive num “colete de forças”, com a proibição de concentrações, o corte de comunicações e o reforço das forças de segurança indianas.
Na quarta-feira, o Governo do Paquistão pediu uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU sobre a decisão da Índia de revogar o estatuto de autonomia de Caxemira.
O tema, que há décadas não era debatido no Conselho de Segurança das Nações Unidas, foi debatido na sexta-feira pelo órgão, à porta fechada.
Em declarações à imprensa no final dos trabalhos, a embaixadora do Paquistão na ONU, Maleeha Lodhi, disse que a sessão permitiu demonstrar que naquela região, alvo de disputa entre Islamabad e Nova Deli, as pessoas “podem estar enclausuradas, mas as suas vozes foram ouvidas nas Nações Unidas”.
Maleeha Lodhi acrescentou que as consultas no Conselho de Segurança da ONU, centradas na recente decisão indiana de condicionar a autonomia administrativa de Caxemira, “são o primeiro e não o último passo”, e terminará somente “quando for feita justiça ao povo de Jammu e Caxemira”.
O Conselho de Segurança não aprovou qualquer declaração no final da sessão à porta fechada, que foi pedida pela China e pelo Paquistão.

19 Ago 2019

Filme de Pedro Costa conquista Locarno

[dropcap]O[/dropcap] filme “Vitalina Varela”, do realizador português Pedro Costa, conquistou no sábado, o Leopardo de Ouro, prémio máximo do Festival Internacional de Cinema de Locarno, na Suíça, anunciou a organização.

Depois de ter sido distinguido em Locarno, em 2014, com o prémio de melhor realização por “Cavalo Dinheiro”, Pedro Costa regressou este ano ao festival estreando o filme sobre uma mulher cabo-verdiana que chega a Portugal três dias após a morte do marido, depois de ter estado 25 anos à espera de um bilhete de avião.

Pedro Costa conheceu Vitalina Varela quando rodava “Cavalo Dinheiro”, acabando por incluir parte da sua história na narrativa, mas o novo filme é totalmente dedicado a esta cabo-verdiana de 55 anos.

A actriz cabo-verdiana também foi distinguida na sexta-feira com o Prémio Boccalino d’Oro para melhor actriz, disse à agência Lusa a produtora Optec Filmes.

O Boccalino d’Oro é um prémio paralelo ao Festival Internacional de Cinema de Locarno, entregue por um júri independente, tendo sido criado por um grupo de programadores e cineastas no ano 2000.

Só um realizador português conquistou antes o Leopardo de Ouro do Festival de Locarno: José Álvaro Morais, em 1987, pelo filme “O Bobo”.

Realizador independente

Nascido em Lisboa, em 1959, Pedro Costa é um cineasta independente, herdeiro das experiências feitas em 16mm no documentário pelos seus pares do chamado Novo Cinema, tendo-se formado na Escola Superior de Teatro e Cinema do Instituto Politécnico de Lisboa.

Iniciou a actividade nos anos 1990, tendo sido assistente de realização de Jorge Silva Melo e de João Botelho, criando, até hoje, 15 longas e curtas-metragens como “Ne Change Rien” (2009), “Juventude em Marcha” (2006), “Ossos” (1997), “Casa de Lava” (1994) e “O Sangue” (1989).

O filme “No Quarto da Vanda” deu-lhe o Prémio France Culture para o Cineasta Estrangeiro do Ano, no Festival de Cannes de 2002.

O novo filme de Pedro Costa estará ainda em competição, em Setembro, no Festival de Cinema de Toronto, no Canadá, e no 57.º Festival de Cinema de Nova Iorque, nos Estados Unidos, onde tem garantida distribuição em 2020.

No Festival de Cinema de Locarno foram também exibidos filmes dos realizadores portugueses Basil da Cunha e João Nicolau, na competição internacional.

Felicitações presidenciais

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, felicitou o cineasta português Pedro Costa por ter conquistado o Leopardo de Ouro, prémio máximo do Festival Internacional de Cinema de Locarno, na Suíça. “Felicito o cineasta Pedro Costa pelo Leopardo de Ouro que o Festival de Locarno atribuiu a ‘Vitalina Varela’”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa numa mensagem publicada na página oficial da Presidência da República. O Presidente português considera ainda que, “se o reconhecimento internacional de um cineasta luso é sempre motivo de regozijo, é-o ainda mais quando demonstra que o cinema pode ser empatia intransigente e rigor fulgurante”.

19 Ago 2019

Saúde | Casos de gripe com aumento enorme em Julho

[dropcap]D[/dropcap]ados estatísticos dos Serviços de Saúde de Macau (SSM) revelam que, no mês passado, foram registados 939 casos de influenza, o que representa um enorme aumento face a igual período de 2018, quando houve apenas 63 casos. De acordo com um comunicado, o aumento foi na ordem dos 1.390,5 por cento e, pelo contrário, de uma diminuição de 63 por cento relativo ao mês anterior, uma vez que foram registados 2535 casos em Junho.

Foram também registados, em Julho, 39 casos de tuberculose pulmonar, o que representa uma subida de mais três casos face a igual período homólogo do ano passado. Além disso, o mesmo comunicado aponta que foram registados sete casos de febre de dengue e diagnosticados oito de VIH sem manifestação dos sintomas da doença, e apenas um caso de SIDA.

O mesmo comunicado dá conta do registo de 662 casos de infecção por enterovírus, número que representa um aumento de casos quando comparados com o período homólogo do ano anterior, uma vez que em 2018 houve 500 casos, ou seja, 32,4 por cento, e uma diminuição quando comparados com o mês passado, 1.160 casos, ou seja, menos 42,9 por cento. Os SSM dão ainda conta de menos casos de varicela e de escarlatina.

19 Ago 2019

IPIM | Indústria financeira lidera pedidos de residência

[dropcap]A[/dropcap] maioria dos pedidos aprovados de fixação de residência temporária em Macau, durante o primeiro semestre de 2019, foram para trabalhadores da indústria financeira e da educação, com 50 e 33 por cento de casos respectivamente, segundo divulgou o Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM) na sexta-feira.

Neste mesmo período, foi registado apenas 1 novo pedido de residência por “investimentos relevantes” e 61 novos pedidos por “quadros dirigentes e técnicos especializados”. Entre os casos tratados pelo IPIM, que incluem também os apresentados anteriormente, nenhum pedido relativo a “investimentos relevantes” chegou a ser aprovado, havendo 3 nessa categoria que foram indeferidos ou cancelados. Quanto aos “quadros dirigentes e técnicos especializados”, 6 pedidos de residência temporária foram aprovados e 1 acabou por ser indeferido.

19 Ago 2019

Milhares no parque Vitória para novo protesto em Hong Kong

Por João Carreira, enviado da agência Lusa

 

[dropcap]M[/dropcap]ilhares de pessoas estão a juntar-se no parque Vitória, no centro de Hong Kong, para mais uma manifestação convocada pelo movimento pró-democracia que tem liderado os protestos maciços que abalam o território há nove semanas.

Depois das manifestações de Junho, que juntaram milhões nas ruas, depois de uma greve geral que paralisou a cidade, de contestações marcadas por violentos confrontos e de dias de caos vividos no aeroporto internacional do território, a Frente Cívica de Direitos Humanos (FCDH) volta a promover um protesto pacífico para aumentar a pressão sobre o Governo de Hong Kong.

O objectivo da manifestação e da marcha de hoje passa por exigir que o Governo responda a cinco reivindicações: retirada definitiva das emendas à lei da extradição, a libertação dos manifestantes detidos, que as acções dos protestos não sejam identificadas como motins, um inquérito independente à violência policial e a demissão da chefe do Executivo, Carrie Lam.

Num momento em que Pequim mobilizou milhares de tropas na cidade vizinha de Shenzen, fazendo crescer os receios de uma intervenção em Hong Kong, a porta voz e vice-coordenadora da FCDH, Bonnie Leung, disse à Lusa que é necessário voltar a focar a luta nas exigências iniciais e em promover protestos pacíficos maciços como aquele que, em 16 de Junho, juntou cerca de dois milhões de pessoas, um número que representa quase um terço da população da ex-colónia britânica, administrada desde 1997 pela China.

Sufrágio universal é objectivo

A porta-voz do movimento que lidera os protestos pró-democracia em Hong Kong disse hoje à Lusa que o derradeiro objectivo dos manifestantes é garantir o sufrágio universal em Hong Kong.

Bonnie Leung, também vice-coordenadora da Frente Cívica de Direitos Humanos (FCDH), explicou que os protestos que duram há nove semanas focaram-se inicialmente na rejeição das emendas propostas pelo governo local à lei da extradição, mas que as reivindicações dos manifestantes contemplam hoje a exigência do sufrágio universal, tanto para a eleição do chefe do Governo, como para o Conselho Legislativo.

Com o som de fundo de palavras de ordem como “Hong Kong livre” e “democracia agora” entoadas por manifestantes concentrados no parque Vitória, a activista sublinhou que os problemas em Hong Kong não se resolverão enquanto não existir sufrágio universal na antiga colónia britânica que regressou à soberania chinesa em 1997 com o estatuto de Região Administrativa Especial, que formalmente garante um elevado grau de autonomia.

Desde 9 de Junho que a lista de reivindicações tem sido alvo de ajustes. Primeiro somaram-se exigências, mas o habitual pedido de demissão da chefe do Governo, Carrie Lam, foi agora aparentemente substituído pela reivindicação do sufrágio universal.

Os manifestantes exigem a retirada definitiva das emendas à lei da extradição, a libertação dos manifestantes detidos, que as acções dos protestos não sejam identificadas como motins, um inquérito independente à violência policial e sufrágio universal nas eleições para chefe do Executivo e para o Conselho Legislativo, o parlamento de Hong Kong.

18 Ago 2019

Professores protestam em Hong Kong em solidariedade aos jovens manifestantes

[dropcap]M[/dropcap]ilhares de professores vestidos de preto, a assinatura do movimento pró-democracia, estão a participar hoje em Hong Kong numa marcha pacífica em solidariedade aos jovens manifestantes.

Organizada pelo Sindicato de Professores Profissionais de Hong Kong, os manifestantes deverão marchar até à residência da chefe do executivo, Carrie Lam.

Segundo a agência noticiosa AP e o jornal South China Morning Post, muitos dos professores transportam cartazes com uma mensagem em comum: “Protejam a próxima geração”.

De acordo com o sindicato, os professores que se manifestam hoje concordam com as cinco reivindicações dos manifestantes: retirada definitiva da lei da extradição, a libertação dos manifestantes detidos, que as ações dos protestos não sejam identificadas como motins, um inquérito independente à violência policial e a demissão da chefe do Executivo, Carrie Lam.

Para hoje está programada uma grande manifestação que a polícia autorizou, mas proibiu a marcha de protesto, disse na sexta-feira à agência Lusa a porta-voz de um dos movimentos que organiza a iniciativa.

Há mais de dois meses que Hong Kong é palco de protestos maciços, marcados por violentos confrontos entre manifestantes e a polícia, que tem usado balas de borracha, gás pimenta e gás lacrimogéneo. A 1 de Julho, alguns manifestantes invadiram mesmo o parlamento de Hong Kong.

Mais recentemente, o aeroporto de Hong Kong foi palco de manifestações, com as autoridades a serem obrigadas a cancelar centenas de voos na segunda e na terça-feira naquela que é uma das infraestruturas aeroportuária mais movimentada do mundo.

17 Ago 2019

Polícia de Hong Kong autoriza manifestação este domingo, mas proíbe marcha de protesto

[dropcap]A[/dropcap] Polícia de Hong Kong autorizou a grande manifestação marcada para domingo, mas proibiu a marcha de protesto, disse esta sexta-feira à agência Lusa a porta-voz de um dos movimentos que organiza a iniciativa.

A vice-coordenadora da Frente Civil de Direitos Humanos, Bonnie Leung, adiantou que a decisão vai ser alvo de um recurso ainda hoje por parte daquela organização que junta várias organizações não-governamentais e partidos políticos.

A proibição levanta sérias dúvidas sobre a forma pacífica como pode decorrer a concentração, explicou a activista, já que, ainda que se perca o recurso, “muitos manifestantes vão quer fazer a marcha e não se sabe como pode reagir a polícia”, sublinhou.

O objectivo da manifestação e da marcha passa por exigir que o Governo responda a cinco reivindicações: retirada definitiva da lei da extradição, a libertação dos manifestantes detidos, que as acções dos protestos não sejam identificadas como motins, um inquérito independente à violência policial e a demissão da chefe do Executivo, Carrie Lam.

Na quinta-feira, a PSP de Macau proibiu a realização de um protesto no território contra a violência policial em Hong Kong. Numa resposta enviada à Lusa, a PSP alegou que não podia autorizar uma iniciativa de apoio ao que considerou serem “actos ilegais” como os ocorridos em Hong Kong.

Autorizar a realização de uma manifestação desta natureza, sublinhou a PSP, “poderia enviar uma mensagem errada à sociedade de Macau”, com as pessoas a poderem vir a expressar as suas reivindicações em oposição à lei do território, com previsível impacto na segurança pública e no Estado de Direito.

A PSP referiu-se aos confrontos ocorridos em Hong Kong, entre manifestantes anti-governamentais e as forças de segurança, como “actos de alguns manifestantes radicais” que afectaram a ordem social e o Estado de direito na região administrativa especial chinesa. A manifestação estava agendada para segunda-feira a partir das 20:00.

16 Ago 2019

“Mafiosos e inacção policial” podem dar desculpas a Pequim para Exército entrar em Hong Kong, diz Bonnie Leung

[dropcap]A[/dropcap] porta-voz do movimento que tem liderado protestos maciços em Hong Kong disse hoje à agência Lusa recear que Pequim possa justificar a entrada do Exército chinês no território com a “ajuda de mafiosos e a inacção da polícia”.

A vice-coordenadora da Frente Cívica de Direitos Humanos (FCDH), Bonnie Leung, lembrou que “existem leis que determinam quando o Exército Popular de Libertação chinês deve ser mobilizado”, sob o princípio “Um País, Dois Sistemas”, mas que tal só pode acontecer a pedido do Governo de Hong Kong, se este alegar que não consegue controlar a situação.

A activista defendeu, por um lado, que “os manifestantes não deram desculpas para o Governo de Hong Kong ou de Pequim usarem esta medida”. “Contudo, receio que posam criar essas desculpas”, alertou, recordando os ataques a manifestantes ocorridos a 21 de Julho, supostamente cometidos por elementos das tríades, após os quais a polícia foi acusada de inacção.

“Tememos que, com a ajuda de mafiosos e a inacção da polícia, possam arranjar desculpas para mobilizar o Exército”, frisou. Contudo, a coordenadora da FCDH admitiu que é necessário voltar a focar a luta nas exigências iniciais e em promover protestos pacíficos maciços como aquele que a 16 de Junho juntou cerca de dois milhões de pessoas, um número que representa quase um terço da população de Hong Kong.

Por isso, este domingo a FCDH “decidiu organizar mais uma manifestação maciça para colocar o foco de novo nas nossas cinco reivindicações e com um largo número de participantes nas ruas”, declarou.

“Queremos mesmo deixar de ter o foco (…) nos confrontos, na violência” e “acreditamos que com as imagens de centenas de milhar de pessoas ou mesmo de milhões nas ruas pode criar-se uma outra onda de pressão sobre o Governo e mostrar de novo ao mundo que os manifestantes de Hong Kong podem ser pacíficos”, acrescentou.

“Este é um movimento sem liderança”, destacou, ressalvando que “alguns manifestantes podem ter outras abordagens mais radicais”.

Algo que o movimento não recomenda, até porque, explicou, teme pela segurança dos jovens e das consequências legais.

Contudo, sustentou, os comportamentos mais radicais de alguns manifestantes explicam-se pelo facto de o Governo ter ignorado todos os protestos pacíficos.

Por isso, defendeu, “o diálogo deve começar”, com o movimento, com os deputados pró-democracia e grupos de advogados, exemplificou, frisando que existe essa vontade para se sentarem à mesma mesa com a chefe do Governo de Hong Kong.

O objectivo da manifestação e da marcha de domingo passa por exigir que o Governo responda a cinco reivindicações: retirada definitiva da lei da extradição, a libertação dos manifestantes detidos, que as acções dos protestos não sejam identificadas como motins, um inquérito independente à violência policial e a demissão da chefe do Executivo, Carrie Lam.

Há mais de dois meses que Hong Kong é palco de protestos maciços, marcados por violentos confrontos entre manifestantes e a polícia, que tem usado balas de borracha, gás pimenta e gás lacrimogéneo.

16 Ago 2019

Protestos em Hong Kong | Director-geral da Cathay Pacific demitiu-se

[dropcap]O[/dropcap] director-geral da Cathay Pacific, companhia aérea de bandeira de Hong Kong, Rupert Hogg, demitiu-se, anunciou hoje a empresa através de um comunicado, dois dias depois de ter confirmado o despedimento de pilotos que participaram nas manifestações.

“Foram semanas complicadas para a companhia e o mais correto é que Paul (Loo, chefe de vendas) e eu assumamos a responsabilidade como dirigentes da empresa”, diz Rupert Hogg no comunicado que foi divulgado através da página da Cathay Pacific, na internet.

O presidente da empresa, John Slosar, elogiou o trabalho de Hogg mas sublinhou que “os recentes acontecimentos puseram em causa o compromisso da Cathay Pacific em relação a questões de segurança” tendo posto à prova, disse, a reputação da companhia.

“Por isso, acreditamos que é tempo de colocar uma nova equipa de gestão que possa relançar a confiança e liderar a empresa no sentido de novas metas. A Cathay Pacific está totalmente comprometida com o princípio ‘um país, dois sistemas’”, acrescenta referindo-se à histórica frase do líder Deng Xiaoping sobre a postura da República Popular da China face ao capitalismo.

Anteriormente a companhia confirmou que dois pilotos foram despedidos especificando que um deles está a ser processado judicialmente e o outro “abusou da informação da empresa” num voo efectuado no passado dia 12 de Agosto.

Segundo a imprensa estatal da República Popular da China, uma mensagem anónima divulgada através das redes sociais urgia os manifestantes a continuar a ocupar o aeroporto de Hong Kong – onde centenas de voos foram cancelados. A mensagem tinha em anexo uma fotografia da cabine do avião pilotado por um dos dois profissionais despedidos.

O outro piloto que foi afastado da empresa está em regime de liberdade sob fiança e tem de comparecer em tribunal até Setembro devido à acusação de “delito de revolta”, incorrendo a uma pena de 10 anos de prisão em Hong Kong, por ter participado nas manifestações.

Os protestos na Região Administrativa Especial de Hong Kong duram há meses contra a decisão do governo local de promulgar uma lei da extradição, que segundo a oposição, poderia servir para levar a julgamento na China dissidentes políticos e críticos do regime comunista de Pequim.

As manifestações mobilizaram centenas de milhares de pessoas desde Junho e têm sido reprimidas pela polícia. Os manifestantes têm-se concentrado em edifícios governamentais, esquadras de polícia, estações de metropolitano e no aeroporto.
Apesar da polémica proposta de lei de extradição ter sido declarada “morta” pelas autoridades de Hong Kong no início de Julho, os manifestantes exigem novas medidas ao governo local no sentido de melhores mecanismos democráticos no território.

16 Ago 2019

Mercadorias | Paragem de aeroporto de Hong Kong não afectou Macau

[dropcap]A[/dropcap] interrupção do funcionamento do Aeroporto Internacional de Hong Kong nos últimos dias não interferiu no fornecimento de mercadorias em Macau. A informação o foi dada pela Presidente da Direcção da Associação da União dos Fornecedores de Macau, Lei Kit Heng ao Jornal do Cidadão.

“A maioria das mercadorias que sofreram atrasos de entrega por cancelamento de voos eram essencialmente alimentos frescos e nem todos os voos foram cancelados, o que afectou apenas uma ou duas empresas no território”, disse. Por outro lado, os produtos importados pelos dos fornecedores locais são essencialmente transportados via marítima pelo que o encerramento do aeroporto não afectou este mercado.

Lei Kit Heng acredita ainda que o Governo de Hong Kong tem a capacidade de controlar os tumultos sociais que tem vivido nos últimos meses, antevendo no entanto que em caso de deterioração da situação, as mercadorias possam ser transportadas para Macau através de outras regiões como Shenzhen ou Zhuhai

Já o presidente do Conselho de Administração do supermercado Dah Chong Hong, Herly Lei Kit Chi, apontou alguns atrasos pontuais em algumas mercadorias despachadas de Hong Kong por via terrestre para Macau, que não tem ultrapassado os três dias. Apesar de temer que a influencia no abastecimento local possa vir a aumentar, caso a situação na região vizinha não melhore, o responsável acredita que a repercussão nunca será muito elevada neste sector, até porque a maioria dos armazéns está localizada em Kwai Chung, numa zona que não é atingida por protestos.

16 Ago 2019

Ho Iat Seng | Idosos não vão ser enviados para instituições da Grande Baía

[dropcap]O[/dropcap]s idosos de Macau não vão ser enviados para a zona da Grande Baía depois da aposentação”, apontou ontem o único candidato ao cargo de Chefe do Executivo para esclarecer os receios da população de que os mais velhos pudessem ser colocados em instituições situadas nas cidades que integram o projecto de cooperação inter-regional.

De acordo com Ho, a questão não se coloca, no entanto, “se na Ilha da Montanha existirem Serviços de Saúde e condições sociais adequadas, tanto os idosos como os jovens de Macau podem considerar deslocar-se para aquela região de modo a aumentar a sua qualidade de vida”, disse, na visita que efectuou ontem ao Centro de Cuidados Especiais Rejuvenescer da união Geral da Associação de Moradores de Macau.

O candidato também se deslocou na manhã de ontem ao Mercado do Patane onde ouviu as opiniões dos comerciantes que se queixavam do falta de espaço para colocarem os seus produtos à venda, num negócio que “já não é como antes”.

A tarde de ontem foi preenchida com a passagem no Centro de Incubação de Negócios para os Jovens onde Ho Iat Seng defendeu que os mais novos devem apostar no empreendedorismo de forma a contribuírem para a diversificação da economia local.

16 Ago 2019

Hong Kong | Governo espera entrada em recessão técnica ainda este ano

[dropcap]O[/dropcap] Governo de Hong Kong reviu hoje em baixa as suas estimativas de crescimento económico, prevendo que o Produto Interno Bruto (PIB) cresça entre 0% e 1% este ano, o que provocará a sua entrada em recessão técnica.

“Se a economia de Hong Kong crescer, no terceiro trimestre, a um ritmo semelhante ao do segundo trimestre, a cidade entrará em recessão técnica”, disse o secretário das Finanças de Hong Kong, Paul Chan Mo-po, em conferência de imprensa.

Chan Mo-po não se referiu diretamente aos protestos que têm acontecido em Honk Kong nas últimas semanas como causa desta revisão em baixa.

A recessão técnica significaria que o PIB local teria baixado em dois trimestres consecutivos: os dados conhecidos até agora mostram que, durante os primeiros três meses, a economia de Hong Kong cresceu 1,3%, enquanto no período de Abril a Junho contraiu 0,3%.

O secretário das Finanças também anunciou hoje um pacote de medidas que não são oficialmente destinadas a resolver a crise política enfrentada pela administração de Hong Kong, mas visam “tomar precauções” face ao “mau momento económico que está a chegar”.

As medidas incluem especificamente um “mini-orçamento” avaliado em 19.100 milhões de dólares de Hong Kong. O pacote de medidas inclui um aumento das garantias de empréstimos a pequenas e médias empresas, a redução dos custos de licenças de negócios de alojamento local, isenções de impostos para arrendamentos e custos de electricidade, de acordo com o jornal local South China Morning Post.

Segundo avançou hoje a consultoria britânica Capital Economics, o impacto económico dos protestos poderá causar uma queda de 1% no terceiro trimestre, acabando o ano com um crescimento anual de 0,5%. Segundo a consultora, o sector mais afectado será o turismo, que contribui com cerca de 4% para o PIB total.

Se os protestos continuarem, ou no caso extremo de intervenção do Exército chinês, a economia de Hong Kong poderá enfrentar uma “profunda contracção” que ameaçará a força do dólar de Hong Kong e poderá causar um efeito em cadeia em vários indicadores macroeconómicos, referiu a consultora.
As manifestações e a ocupação do aeroporto também afectam o mercado imobiliário porque “os promotores estão a adiar o lançamento de novos projectos”.

Os protestos em Hong Kong começaram em Março contra a iniciativa das autoridades locais de promulgar uma lei de extradição que, segundo os seus críticos, poderia levar dissidentes políticos a serem julgados sem garantias na China.

Sob a fórmula “Um país, dois sistemas”, Pequim comprometeu-se a manter a autonomia de Hong Kong e respeitar uma série de liberdades – inimagináveis na China continental – até 2047, depois de reconquistar a soberania do território das mãos britânicas, em 1997. As manifestações têm mobilizado centenas de milhares de pessoas desde Junho, apesar da repressão policial.

15 Ago 2019

Polícia de Hong Kong confirma cinco detenções após confrontos no aeroporto

[dropcap]A[/dropcap] polícia de Hong Kong confirmou ontem a detenção de cinco pessoas na sequência dos confrontos registados entre as forças policiais e manifestantes pró-democracia no aeroporto internacional de Hong Kong.

O porta-voz da polícia local, Mak Chin-ho, precisou que os cinco homens detidos, com idades compreendidas entre os 17 e os 28 anos, são acusados de promover uma manifestação ilegal.

Dois dos detidos são igualmente acusados de agredir um elemento das forças policiais e de possuir armas ofensivas, segundo a mesma fonte.

O porta-voz admitiu a possível detenção de mais suspeitos, incluindo activistas que agrediram um polícia da unidade anti-motim durante incidentes registados terça-feira à noite no aeroporto de Hong Kong.

A lei do território prevê sentenças de prisão perpétua para as pessoas que cometam actos violentos ou actos que possam interferir na segurança do tráfego aeroportuário e do aeroporto.

“A polícia promete a todos os cidadãos de Hong Kong que tomaremos as medidas para levar todos os culpados à justiça”, concluiu o porta-voz, em declarações à comunicação social.

A grande maioria dos manifestantes pró-democracia são estudantes universitários, cerca de metade são homens e está na faixa etária dos 20 anos e quase todos admitem que odeiam a polícia, segundo um estudo hoje divulgado pelas agências internacionais que traça o perfil dos activistas que têm estado envolvidos nestas últimas 10 semanas de protestos em Hong Kong.

O estudo, desenvolvido por investigadores de quatro universidades daquele território, envolveu entrevistas a mais de 6.680 pessoas ao longo de 12 acções de protesto de diferentes tipos, de grandes manifestações a iniciativas de menor dimensão.

Quando questionados sobre as razões que motivaram o seu envolvimento no movimento pró-democracia, 87% falaram da anulação da lei de extradição, 95% apontaram o seu desagrado com a actuação da polícia nas manifestações e 92% pediram a criação de uma comissão independente de inquérito sobre a violência policial.

Hong Kong, antiga colónia britânica, está a atravessar a sua pior crise política desde a sua transferência para as autoridades chinesas em 1997. Nos últimos dois meses, o território tem sido palco de manifestações quase diárias que muitas vezes têm degenerado em confrontos entre as forças policiais e activistas mais radicais.

Iniciada em Junho contra um projecto-lei de alteração, entretanto suspenso, à lei da extradição (que visava permitir extradições para Pequim), a contestação nas ruas generalizou-se e ampliou as suas reivindicações, denunciando agora o que os manifestantes afirmam ser uma “erosão das liberdades” e uma ingerência da China nos assuntos internos daquele território.

15 Ago 2019

MNE com nota apenas de “casos pontuais” de portugueses afectados em Hong Kong

[dropcap]O[/dropcap] movimento de contestação em Hong Kong não causou até ao momento grandes perturbações a cidadãos portugueses, registando-se apenas “casos pontuais” de problemas com viagens, disse ontem à Lusa o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva.

“Salvo casos muito pontuais não temos notícia de portugueses que estejam a ver as suas viagens ou a sua vida muito perturbada por estes acontecimentos”, disse o ministro.

“Os poucos casos de que temos conhecimento, e estamos a acompanhar, são algumas pessoas e um grupo, uma tuna universitária, que esteve em Macau, ia agora de Hong Kong para Tóquio, e uma parte ainda não conseguiu partir”, precisou.

No contexto das manifestações pró-democracia que desde Junho se realizam em Hong Kong, milhares de manifestantes invadiram na sexta-feira o aeroporto local, um dos mais movimentados do mundo, num protesto que aumentou e levou, na segunda e na terça-feira, à suspensão de serviços e ao cancelamento de centenas de voos com partida de Hong Kong.

“Mantemos as nossas recomendações […] que as pessoas tenham os cuidados de segurança habituais nestas circunstâncias, designadamente evitando os locais ou as áreas em que ocorrem confrontos, em que haja distúrbios ou em que haja repressão”, disse Santos Silva, que falava à Lusa à margem de uma entrevista sobre outro tema a divulgar em data futura.
Santos Silva disse ainda que apesar da proximidade com Hong Kong, “a situação em Macau é muito tranquila”.

O ministro evocou por outro lado a posição da diplomacia da União Europeia (UE), reiterando o apelo “a todas as partes” para que “não agravem a tensão e se abstenham de acções violentas”, “sejam eles as forças policiais ou os manifestantes”.

“É muito importante que a violência não progrida e é muito importante que a questão politica e legal que está em causa em Hong Kong neste momento seja resolvida por vias políticas e legais e não pela violência”, afirmou.

Hong Kong vive um clima de contestação social desencadeado pela apresentação de uma proposta de alteração à lei da extradição, que permitiria ao Governo e aos tribunais da região administrativa especial a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental.

A proposta foi, entretanto, suspensa, mas as manifestações generalizaram-se e denunciam agora aquilo que os manifestantes afirmam ser uma “erosão das liberdades” na antiga colónia britânica, enquanto pedem a demissão da chefe do executivo local, Carrie Lam, e a eleição de um sucessor por sufrágio universal directo, e não nomeado pelo Governo central.

15 Ago 2019

Hong Kong: Manifestantes pediram desculpa em dia sem manifestações ou incidentes

[dropcap]M[/dropcap]anifestantes em Hong Kong pediram ontem desculpa pela perturbação causada no aeroporto da cidade na segunda e terça-feira, num dia sem registo de manifestações ou incidentes, noticiou a imprensa local.

Até às 20:00 de quarta-feira não se registavam protestos ou actos de violência na região administrativa especial chinesa, como tem sido frequente nos últimos dias, apesar de alguns manifestantes terem permanecido no aeroporto, em zonas específicas, tal como determinado pela justiça local, que proibiu manifestações ilegais no interior das instalações.

Na declaração, assinada e emitida por “um grupo de cidadãos de Hong Kong que quer liberdade e democracia”, sem qualquer outra identificação, os manifestantes lamentaram a reação que consideraram excessiva de alguns indivíduos, na terça-feira, sem referirem incidentes específicos, de acordo com o jornal South China Morning Post (SCMP).

“Pedimos a vossa compreensão e o vosso perdão enquanto jovens de Hong Kong que continuam a lutar em defesa da liberdade e da democracia”, podia ler-se num correio electrónico citado pela imprensa local.

O mesmo “grupo de cidadãos” indicou que ia suspender, por agora, os protestos no aeroporto.
Na terça-feira à noite, dois homens da China continental foram atacados e manietados por manifestantes, que suspeitaram tratarem-se de dois agentes policiais infiltrados. Mais tarde, foi confirmado que um deles era jornalista do Global Times, publicação do Partido Comunista Chinês, indicou o SCMP.

Os incidentes aconteceram no quarto dia consecutivo de concentrações no aeroporto, para explicar aos visitantes a crise desencadeada, no início de Junho, pela apresentação pelo Governo de Hong Kong de uma proposta de alteração à lei de extradição.

A proposta foi, entretanto, suspensa, mas as manifestações generalizaram-se e denunciam agora uma “erosão das liberdades” na antiga colónia britânica. A transferência de Hong Kong e Macau para a República Popular da China, em 1997 e 1999, respectivamente, decorreu sob o princípio de “um país, dois sistemas”, precisamente o que os opositores às alterações da lei garantem estar agora em causa.

15 Ago 2019

Macaenses | Encontro anual inclui apresentação da Grande Baía

[dropcap]O[/dropcap] Encontro das Comunidades Macaenses deste ano vai incluir uma apresentação do Plano de Desenvolvimento da Grande Baía, um concurso de culinária e uma visita a uma cidade chinesa, apontou ontem Leonel Alves durante o encontro entre a Comissão Organizadora do Encontro das Comunidades Macaenses e o secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, refere um comunicado.

O programa está a ser preparado para o evento em que se espera um número recorde de participantes de “fora de Macau”. A organização estima uma participação de mais de mil pessoas representantes de 13 Casas de Macau espalhadas pelo Mundo.

Alexis Tam não deixou de referir a importância do Encontro das Comunidades Macaenses para o desenvolvimento local. “O secretário para os Assuntos Sociais e Cultura reconheceu a importância deste reencontro de filhos da terra e da oportunidade de dar a conhecer a realidade e o enorme desenvolvimento de Macau”, refere a nota enviada à comunicação social. O secretário sublinhou que “o progresso que certamente Macau continuará a alcançar contará, por certo, com o contributo e o empenho dos macaenses que cá estão e dos que quiserem regressar”.

15 Ago 2019

DSAL | Revistas instruções para patrões e empregados durante tufões

[dropcap]E[/dropcap]m resposta a uma interpelação escrita por Ella Lei, a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) refere que iniciou uma revisão às instruções sobre “aspectos a ter em conta pelas partes laboral e patronal em situações de tufão, chuvas intensas, trovoadas e storm surge”.

Este conjunto de sugestões foi elaborado para alertar empregadores e trabalhadores que “devem acordar previamente e estabelecer por iniciativa própria a organização adequada e viável do trabalho quando se verificam condições atmosféricas adversas”. Na realidade, o Governo deixa para as partes da relação laboral as decisões quanto à forma como o trabalho decorre na circunstância de tufão. Como medida de salvaguarda, a DSAL refere que “antes e depois da passagem de tempestades tropicais, divulga atempadamente informações para relembrar aos empregadores que devem ter em atenção os direitos e interesses laborais.

Apesar da relativa discricionariedade neste aspecto, a DSAL recordou à deputada Ella Lei, ligada aos Operários, que quando estiver hasteado o sinal 8 de tempestade tropical ou superior, o empregador está obrigado por lei a adquirir uma apólice de seguro de acidente de trabalho a favor do trabalhador, além de organizar o transporte do funcionário de forma a garantir a sua segurança. Se não for possível assegurar transporte, ou “devido a dificuldades reais”, o empregador deve ser “compreensivo para com as dificuldades reais ocorridas, considerando neste caso a ausência do trabalhador como falta justificado”.

15 Ago 2019

Hong Kong | Cathay Pacific despede dois pilotos por ligação aos protestos

[dropcap]O[/dropcap] website informativo Hong Kong Free Press noticiou hoje o despedimento de dois pilotos por parte da companhia área de bandeira de Hong Kong, a Cathay Pacific, por terem ligações aos recentes protestos que invadiram o aeroporto do território.

“A Cathay Pacific deseja tornar claro que não expressa quaisquer posições no tema de qualquer processo em curso. A Cathay Pacific reitera que cumpre as regras e regulamentos de todas as jurisdições às quais estamos sujeitos”, lê-se.

Um dos pilotos foi preso e multado por ter participado nos protestos na zona de Sheung Wan, no passado dia 28 de Julho, enquanto que outro foi saqueado pelo uso indevido da informação do voo CX216 na segunda-feira. Nesse mesmo dia, o aeroporto anunciou o cancelamento de todos os voos depois das 18h00.

14 Ago 2019

China descreve manifestações no aeroporto de Hong Kong como “quase terroristas”

[dropcap]O[/dropcap] Governo chinês descreveu hoje as agressões a dois homens no aeroporto de Hong Kong por manifestantes anti-governamentais como actos “quase terroristas”, numa subida de tom de Pequim, que está a reunir soldados na fronteira.

“Condenamos veementemente esses actos quase terroristas”, afirmou Xu Luying, porta-voz do Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e de Macau do Governo chinês, em comunicado.

Na terça-feira, o quinto dia de uma mobilização sem precedentes no aeroporto de Hong Kong, os manifestantes obstruíram a passagem que leva às áreas de embarque.

À noite, um homem suspeito de ser um espião chinês infiltrado, foi amarrado a um carrinho de bagagem, por um grupo de manifestantes e, mais tarde, levado pela ambulância.

O Global Times, o jornal oficial do Partido Comunista Chinês, disse ser um dos seus jornalistas.
Num outro incidente, um homem denunciado por um grupo de manifestantes como um polícia infiltrado foi atacado. As forças de segurança tiveram que usar gás pimenta para dispersar os manifestantes.

O aeroporto de Hong Kong reabriu hoje depois de ter cancelado centenas de voos, na segunda e terça-feira, enquanto Pequim reforçou as suas ameaças de intervenção. Imagens de satélite difundidas hoje mostram veículos do exército e da polícia chinesa reunidos em Shenzhen, cidade que faz fronteira com Hong Kong.

Um comunicado da polícia chinesa, difundido pela imprensa, informou que mais de 12 mil policias estão reunidos em Shenzhen, para exercícios anti-motim.

“O exercício será realizado para aumentar o moral das tropas, praticar e preparar a segurança das celebrações e manter a segurança política nacional e a estabilidade social”, disse a polícia.

Hong Kong vive um clima de contestação social desencadeado pela apresentação de uma proposta de alteração à lei da extradição, que permitiria ao Governo e aos tribunais da região administrativa especial a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental.

14 Ago 2019

Imagens de satélite mostram polícia e militares chineses próximos de Hong Kong

[dropcap]I[/dropcap]magens de satélite hoje difundidas mostram veículos do exército e da polícia chineses reunidos em Shenzhen, cidade que faz fronteira com Hong Kong, palco há dois meses de protestos anti-governamentais.

De acordo com as imagens, difundidas pela Maxar Technologies, veículos militares e de segurança estão estacionados no Centro de Desportos da Marinha de Shenzhen, na fronteira com Hong Kong.

Um comunicado da polícia chinesa, difundido pela imprensa, informou que mais de 12 mil policias estão reunidos em Shenzhen, para exercícios anti-motim. Os exercícios são parte dos preparativos de segurança para o 70.º aniversário da República Popular da China, em 1 de Outubro.

“O exercício será realizado para aumentar o moral das tropas, praticar e preparar a segurança das celebrações e manter a segurança política nacional e a estabilidade social”, disse a polícia.

Também a imprensa oficial chinesa advertiu que os manifestantes em Hong Kong caminham para “a autodestruição”, ao mesmo tempo que são divulgados vídeos com veículos militares a aproximarem-se da fronteira da cidade.

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, escreveu na rede social Twitter que foi informado pelos serviços secretos norte-americanos de que tropas chinesas estão a ser transferidas para a fronteira com Hong Kong.

Na terça-feira, a chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, disse à imprensa que “actividades ilegais em nome da liberdade” estão a prejudicar o Estado de Direito na região administrativa especial chinesa, e que a recuperação do centro financeiro asiático pode demorar muito tempo.

O Governo chinês afirmou esta semana que há “sinais de terrorismo” nos protestos anti-governamentais em Hong Kong, agravando assim o tom sobre as manifestações.
Entre a opinião pública chinesa, exposta nos últimos dias a uma intensa campanha mediática sobre os manifestantes em Hong Kong, repetem-se os apelos, através das redes sociais, para uma intervenção das forças armadas chinesas no território.

Inicialmente, as autoridades chinesas optaram por censurar qualquer informação sobre os protestos, que decorrem há dez semanas, mas, nos últimos dias, optaram por caracterizá-los como tumultos violentos, perpetuados por mercenários pagos por forças externas.

Críticas aos manifestantes e demonstrações de apoio a uma intervenção do exército são hoje quase o único tópico partilhado por utilizadores do Wechat, a principal rede social da China. Facebook, Twitter ou Instagram estão banidos da rede chinesa, a maior do mundo, com cerca de 710 milhões de utilizadores.

14 Ago 2019

China vai investir 24,8 mil milhões de dólares no Estado brasileiro de São Paulo

[dropcap]S[/dropcap]ão Paulo vai receber investimentos de empresas e instituições financeiras chinesas no valor de 24,8 mil milhões de dólares em 10 anos, disse ontem o governador deste estado brasileiro.

Os acordos foram formalizados numa missão comercial que o governador de São Paulo, João Dória, fez, juntamente com uma comitiva de empresários brasileiros, à China no início de Agosto, quando este estado também inaugurou um escritório para captação de recursos e novas parcerias na cidade chinesa de Xangai.

“Fechámos 24,8 mil milhões de dólares em compromissos de investimentos [da China] nos próximos 10 anos (…). Deste total, 10 mil milhões de dólares (8,9 mil milhões de euros) vem de um compromisso com o China Development Bank e outros 10 mil milhões de dólares com o banco dos Brics [banco de desenvolvimento criado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul]”, explicou Dória numa conferência de imprensa com jornalistas estrangeiros.

“Outros 4,8 mil milhões de dólares (4,2 mil milhões de euros) são investimentos programados do sector privado que devem acontecer nos próximos cinco anos. Individualmente, o maior investimento será da Huawei, que investirá 800 mil milhões de dólares numa nova fábrica de tecnologia no interior do Estado de São Paulo”, acrescentou.

Questionado sobre a guerra comercial travada entre os Estados Unidos e a China, João Dória disse acreditar que o Brasil manterá uma posição de neutralidade, embora o Presidente do país, Jair Bolsonaro, demonstre publicamente que tem um alinhamento maior com o Governo norte-americano.

“Não me preocupa a política [de alinhamento de] Bolsonaro com [Donald] Trump, porque Bolsonaro deve visitar a China em Outubro próximo e se ele tivesse alguma resistência à China, certamente, não faria esta visita”, avaliou.

“A meu ver, o melhor para o Brasil é aproveitar a boa oportunidade que a China oferece dadas as medidas restritivas que o Governo Trump impôs aos chineses. É muito claro que a China hoje é um país que procura novos parceiros comerciais no mundo e que a América Latina é prioridade. Na América Latina, a grande prioridade é o Brasil, o maior mercado”, acrescentou.

João Dória, que muitos analistas políticos colocam como possível candidato às eleições presidenciais de 2022, governa desde 1 de Janeiro o Estado de São Paulo, o mais industrializado e populoso do Brasil, que é responsável por um terço da riqueza total gerada no país.

14 Ago 2019

Wall Street fecha em alta graças a desanuviamento comercial EUA-China

[dropcap]A[/dropcap] bolsa nova-iorquina encerrou ontem em alta acentuada, com os investidores entusiasmados com o adiamento da aplicação de tarifas alfandegárias suplementares pelos EUA a importações oriundas da China.

Os resultados definitivos da sessão indicam que o índice selectivo Dow Jones Industrial Average avançou 1,48%, para os 26.279,91 pontos, depois de ter chegado a valorizar mais de 2% durante o período de transacções. O tecnológico Nasdaq ganhou 1,95%, para as 8.016,36 unidades, e o alargado S&P500 progrediu 1,50%, para as 2.926,32.

A praça nova-iorquina tinha começado a sessão no vermelho, devido à preocupação com o agravamento da crise política em Hong Kong e a ameaça de uma intervenção da China.

Mas os índices passaram bruscamente para terreno positivo, depois de um comunicado do representante norte-americano para o Comércio Externo, que indicava que as taxas suplementares de 10% anunciadas pelo Presidente dos EUA, Donald Trump, a aplicar às importações de bens chineses, como telemóveis, computadores portáteis e consolas de jogos, tinham sido adiadas de 1 de Setembro para meados de Dezembro. Outros produtos, como os ligados à saúde ou à segurança, serão totalmente isentos desta taxa.

“O adiamento das tarifas é muito positivo. É interpretado como um degelo, uma vez que a situação (entre os EUA e a China) era glacial”, disse Alan Skrainka, da Cornerstone Wealth Management.

“Isto mostra a que ponto os investidores estão sensíveis a cada notícia sobre o assunto, quando o comércio mundial está em vias de perder vigor”, continuou Skrainka.

A praça nova-iorquina tem evoluído nas últimas semanas em função dos desenvolvimentos na frente comercial sino-norte-americana, alternando entre baixas repentinas e subidas brutais.

“Um tuíte (mensagem na rede social Twitter) do Presidente Trump pode fazer os investidores cederem ao pânico ou então provocar um entusiasmo desmedido. Isto indica, na minha perspectiva, uma falta de confiança”, sublinhou Sam Stovall, da CFRA.

No mercado obrigacionista, a taxa de juro sobre a dívida norte-americana a 10 anos evoluía em 1,69%, cerca das 21:20 de Lisboa. Manteve-se assim acima da taxa de juro paga pela dívida a dois anos, que estava em 1,67%.

A chamada inversão da curva das taxas, quando a primeira fica abaixo da de prazo mais curto, é geralmente considerada como um sinal antecipador de uma recessão.

14 Ago 2019

Caxemira | MNE da Índia reúne com líderes chineses em Pequim

[dropcap]O[/dropcap]s representantes máximos diplomáticos da Índia e da China reuniram ontem, em Pequim, depois de Nova Deli ter revogado o estatuto especial da região da Caxemira, parte da qual a China reivindica como sua.

A agência noticiosa oficial Xinhua informou ontem que o ministro indiano dos Negócios Estrangeiros, Subrahmanyam Jaishankar, disse que Pequim espera que a Índia “desempenhe um papel construtivo na paz e estabilidade regional”.

A Xinhua citou Jaishankar a afirmar que a Índia “respeitará o consenso alcançado com a China sobre a manutenção da paz na fronteira e continuará a trabalhar com a China para resolver adequadamente a questão das fronteiras por meio de consultas”.

China e Índia, ambas potências nucleares, partilham uma fronteira com 3.500 quilómetros de extensão, a maioria contestada. Diferendos territoriais levaram a um conflito, em 1962, que causou milhares de mortos.

Em 2017, as forças armadas de ambos entraram num impasse de 10 semanas, no estado vizinho do Butão. A China reivindica cerca de 90.000 quilómetros quadrados de território no nordeste da Índia, enquanto Nova Deli acusa a China de ocupar 38.000 quilómetros quadrados do seu território no planalto de Aksai Chin, no oeste dos Himalaias, incluindo a região de Ladakh, que Nova Deli tornou, este mês, num território separado do resto da Caxemira.

A visita à China do ministro indiano ocorre pouco depois do homólogo do Paquistão -principal rival da Índia e um aliado próximo da China -, ter também visitado Pequim.

O Paquistão procura apoio chinês na abertura de um inquérito das Nações Unidas sobre a revogação pela Índia da autonomia da Caxemira e a sua divisão em dois territórios federais: Jammu e Caxemira e Ladakh.

As autoridades indianas argumentam que o estatuto especial da Caxemira cultivou um sentimento separatista, susceptível de ser explorado pelo Paquistão, e que estava a atrasar o desenvolvimento económico da região.

A agência noticiosa indiana Press Trust of India informou que Jaishankar disse ao homólogo chinês, Wang Yi, que as medidas legais em relação à Caxemira são questões “internas” da Índia, que não dizem respeito à China.

O ministro também reuniu com o vice-presidente chinês, Wang Qishan, um dos principais assessores do Presidente da China, Xi Jinping, para questões económicas e de política externa.

Dividir por dois

A Caxemira indiana está sob um bloqueio de segurança sem precedentes, para evitar a agitação social, após o anúncio das decisões.

A região dos Himalaias é reivindicada na íntegra pelo Paquistão e pela Índia e dividida entre ambas as nações.

O Paquistão revelou que está a considerar uma proposta para abrir processo no Tribunal Internacional de Justiça contra a decisão da Índia.

Islamabad, que já travou três guerras contra a Índia, duas das quais por causa de Caxemira, considerou ilegal a decisão e, na quarta-feira, expulsou o embaixador indiano e pôs fim ao comércio bilateral.

Na quinta-feira, a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, esteve em contacto, via telefone, com os seus homólogos da Índia e do Paquistão, defendendo “uma solução política bilateral”.

Caxemira é dividida entre a Índia e o Paquistão, duas potências nucleares que já travaram duas guerras pelo domínio daquele estado.

Os dois países disputam a região montanhosa na totalidade, desde a partição subcontinente, em 1947, no final da época colonial britânica.

Diferentes grupos separatistas combatem, há várias décadas, a presença de cerca de 500 mil soldados indianos na região, para exigir a independência do território ou a integração no Paquistão. Dezenas de milhares de pessoas, na grande maioria civis, morreram no conflito.

14 Ago 2019

Polícia abandona aeroporto de Hong Kong, voos restabelecidos e manifestantes dispersam

João Carreira, enviado da agência Lusa

 

[dropcap]A[/dropcap] polícia anti-motim abandonou as suas posições no exterior do aeroporto de Hong Kong num momento em que os manifestantes começam a dispersar e os primeiros voos a serem restabelecidos.

Este é o retrato actual num dos mais movimentados aeroportos do mundo após um protesto que obrigou pelo segundo dia consecutivo a cancelar todos os voos, deixando milhares de passageiros em terra.

A calma que se vivia às 01:00 de hoje no aeroporto internacional de Hong Kong contrasta com os momentos de tensão vividos quando um contingente da polícia entrou pelas 22:45 locais no terminal 1.

A polícia anti-motim posicionou-se no exterior, onde foi efectuada pelo menos uma detenção e um ferido entre as forças de segurança, que chegaram a usar gás pimenta sobre os manifestantes, constatou a agência Lusa no local.

Centenas de jovens rodearam os primeiros agentes no Terminal 1 e tentaram bloquear o acesso à zona onde se efectua o ‘check-in’, recorrendo aos carros de transporte de bagagem do aeroporto e a algumas grades, que limitam habitualmente os balcões das companhias aéreas.

À chegada das carrinhas que transportavam os polícias, os manifestantes dirigiram-se aos balcões de ‘check-in’ onde se encontram muitos passageiros retidos, aconselhando-os a deslocarem-se para alguns locais que consideravam serem mais seguros.

Cerca de 20 minutos depois da primeira entrada do contingente policial, as forças de segurança, aparentemente bloqueadas por centenas de manifestantes, abandonaram o terminal, para logo depois se posicionar no exterior a polícia anti-motim, onde estacionaram também viaturas de emergência médica.

Ontem à tarde, e pelo segundo dia consecutivo, as autoridades aeroportuárias de Hong Kong cancelaram a saída de todos os voos devido a mais um dia de protesto, o quarto consecutivo, que ocupou os terminais do aeroporto internacional e aconselharam o público em geral a não se deslocar para o local.

14 Ago 2019