TNR | Cidadãos vietnamitas querem apoios para sair de Macau

[dropcap]M[/dropcap]eng Ping, presidente da Associação dos Conterrâneos do Vietname de Macau, afirmou que há vários vietnamitas que estão em Macau por ainda não haver voos para voltar ao país de origem, noticiou o jornal Cidadão. A responsável apelou às autoridades para apoiarem estes cidadãos e providenciarem cuidados de saúde urgentes, indicando que com o impacto da pandemia, vários sócios da associação estão desempregados e doentes, e com falta recursos económicos. Mostrou-se ainda preocupada com potenciais riscos para a segurança de Macau.

A presidente indicou que há mais de 20 mil trabalhadores não residentes (TNR) vietnamitas em Macau, e uma lista de 400 pessoas que se registaram como casos especiais junto do Consulado do Vietname em Hong Kong. Têm como objectivo voltar para o país mais cedo.

Na primeira metade do ano a associação recebeu mais de 50 pedidos de ajuda, a maioria sobre conflitos com empregadores. Meng Ping mencionou que alguns empregadores não conseguem dar alojamento aos trabalhadores, pelo que estes TNR moram em locais com renda barata, mas mau ambiente. A presidente associativa indica que já pediu várias vezes ao Governo e às agências de emprego para terem em conta as condições de habitualidade em locais com grande densidade. Em resposta, foi-lhe dada a indicação de que a legislação não abrange condições para cuidar TNR com dificuldades.

21 Jul 2020

Ponderado adiamento de eleições em Hong Kong devido à covid-19, mas alguns candidatos estão contra

[dropcap]O[/dropcap]s candidatos pró-democracia de Hong Kong e o movimento responsável pelos maiores protestos em 2019 opuseram-se hoje a um adiamento das eleições parlamentares e definiram como objectivo comum garantir mais de metade dos votos.

As eleições estão agendadas para 6 de Setembro, mas responsáveis pró-Pequim estão a levantar a hipótese de a votação para o Conselho Legislativo ser adiada no território devido ao ressurgimento de casos associados ao novo coronavírus.

“Opomo-nos ao adiamento das eleições para o Conselho Legislativo. O Governo deve é reflectir no falhanço dos trabalhos de prevenção da pandemia”, pode ler-se numa declaração conjunta dos candidatos e da Frente Cívica de Direitos Humanos (FCDH).

O documento surge uma semana após os partidos pró-democracia terem realizado primárias, algo que a China considerou como “uma provocação séria”, alertando que algumas das campanhas podem ter violado a nova lei de segurança nacional imposta ao território.

“Esta é uma provocação séria contra o sistema eleitoral corrente”, segundo um comunicado do Gabinete de Ligação do Governo Central em Hong Kong.

Na declaração de hoje, os subscritores manifestam a sua oposição ao Governo local e ao gabinete de ligação do Governo central em Macau e Hong Kong que procuram “reprimir as primárias”, “mostrando-se “solidários com os promotores das primárias ameaçadas”.

Por outro lado, lembram que mais de 600 mil cidadãos participaram numa votação não oficial que consideram “legal e constitucional”. “Nas primárias, cada candidato é um concorrente, mas com a confiança dos 610.000 eleitores, todos são aliados e irmãos neste momento, lutando por mais de 35 anos do Conselho Legislativo, contra a tirania”, salienta-se na mesma nota.

Os candidatos e o movimento lançam ainda “um aviso” ao Partido Comunista Chinês: “um regime que atropela os direitos humanos provocará certamente a condenação de todo o mundo”. “Sem medo da repressão, unidos, a lutar por mais de metade do parlamento!”, concluiu-se na declaração conjunta.

No mesmo dia, o activista Joshua Wong e um dos rostos mais conhecidos do campo pró-democracia de Hong Kong anunciou oficialmente a sua candidatura, ele que foi um actor proeminente nos protestos de 2014, acabando mesmo por ser detido e condenado.

“Após a lei de segurança nacional, o risco para os candidatos eleitorais não é apenas de serem desqualificados, mas de serem expostos diretamente a ameaças físicas e enviados para cumprir sentença numa prisão chinesa”, disse Wong em comunicado, sublinhando a responsabilidade de ter sido um dos candidatos mais votados nas primárias.

20 Jul 2020

Japão regista défice comercial de 268,8 milhões de ienes em Junho

[dropcap]O[/dropcap] Japão registou em junho um défice comercial de 268,8 milhões de ienes, informou hoje o Governo. O saldo negativo é inferior ao défice de Maio, mas contrasta com o excedente de 588,1 mil milhões de ienes contabilizado em Junho de 2019, de acordo com dados publicados pelo Ministério das Finanças.

Com a União Europeia, o seu terceiro parceiro comercial, o Japão registou um défice de 178,1 mil milhões de ienes, mais 153,5% do que o saldo negativo observado em Junho de 2019. Com o Brasil, o país asiático também viu o défice crescer 52,3%, para 31,3 mil milhões de ienes.

Com a China, o seu maior parceiro comercial, os números indicam um défice de 146,2 mil milhões de ienes (mais 10,3% do que o saldo negativo obtido em Junho de 2019).

Finalmente, com a primeira economia do mundo e seu segundo parceiro comercial, os Estados Unidos, o Japão obteve um excedente comercial de 124,6 mil milhões de ienes, menos 81,4% do que aquele verificado no mesmo período do ano anterior.

20 Jul 2020

Turismo com menos de 90 por cento de visitantes em Junho

[dropcap]O[/dropcap] número de visitantes em Macau caiu mais de 90 por cento em Junho e 83,9 por cento no primeiro semestre em relação a iguais períodos de 2019, anunciaram hoje as autoridades.

Se em Junho de 2019 a capital mundial dos casinos tinha recebido mais de três milhões de visitantes, agora, passado um ano, recebeu apenas 22.556 visitantes, indicaram os Serviços de Estatística e Censos de Macau (DSEC). Também em relação ao primeiro semestre a disparidade foi significativa: nos primeiros seis meses do ano visitaram o território 3.268.900 pessoas, quando no mesmo período de 2019 Macau tinha sido visitado por mais de 16,5 milhões.

Nos primeiros seis meses do ano, entraram em Macau 2.339.589 visitantes oriundos da China continental, de Hong Kong (652.522) e de Taiwan (81.628), uma diminuição de mais de 80%, face ao mesmo semestre do ano anterior.

O período médio de permanência dos visitantes situou-se em 2,7 dias, um aumento de 0,5 em relação o período homólogo de 2018, indicou a DSEC.

No ano passado, quase 40 milhões de visitantes entraram em Macau, que este ano determinou fortes restrições nas fronteiras para conter a covid-19.

20 Jul 2020

Covid-19 | Surto no noroeste da China alastra para a segunda maior cidade de Xinjiang

[dropcap]O[/dropcap] mais recente surto do novo coronavírus na China alastrou para a segunda maior cidade da região autónoma de Xinjiang, no extremo noroeste do país, revelaram hoje as autoridades. Um dos 17 novos casos anunciados hoje foi diagnosticado na cidade histórica de Kashgar, detalhou o governo regional.

Os restantes casos foram diagnosticados em Urumqi, a capital da região, onde todos as outras infeções foram contabilizadas desde o início do surto, na semana passada. As autoridades de Urumqi aprovaram medidas de prevenção, como suspender o metropolitano local e cancelamento de centenas de voos.

Xinjiang é uma região vasta, de montanhas e desertos, com baixa densidade populacional. A região não foi afectada durante o pico do surto na China, nos meses de fevereiro e março.

A China também revelou hoje que 5.370 pessoas foram presas por crimes relacionados com o surto, entre Janeiro e Junho. Mais de 40% foram acusadas de fraude, anunciaram as autoridades. Outros 15% foram acusados de obstrução na aplicação da lei e outros de produzir e vender mercadorias falsas e de má qualidade, perturbar a ordem pública e transportar e vender espécies ameaçadas de extinção.

A China aprovou nova legislação para proteger animais selvagens após o surto, que pode ter tido origem em morcegos antes de contagiar seres humanos, por meio de uma espécie intermediária, possivelmente o pangolim.

De acordo com os dados oficiais, desde o início da epidemia, a China registou 83.682 infectados e 4.634 mortos devido à covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2).

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 601 mil mortos e infetou mais de 14,3 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência de notícias France-Presse (AFP).

20 Jul 2020

Reino Unido admite suspender acordo de extradição com Hong Kong

[dropcap]O[/dropcap] Reino Unido admitiu ontem suspender o acordo de extradição com Hong Kong, na sequência da aprovação das novas leis de segurança impostas pela China. O chefe da diplomacia britânica, Dominic Raab, adiantou que o Governo reviu o acordo de extradição com Hong Kong, sobre o qual falará hoje ao parlamento.

No início do mês, a Austrália suspendeu o acordo de extradição com Hong Kong, em resposta às novas leis de segurança impostas pela China, que os críticos veem como a erosão do estado de Direito e das liberdades naquele território.

O ministro britânico acusou também o regime de Pequim de “graves e flagrantes” violações de direitos humanos contra os uigures, minoria muçulmana de origem chinesa, na província de Xinjiang (na ponta ocidental da China). “Estamos a analisar isto com os nossos parceiros internacionais. É muito, muito preocupante”, admitiu, em entrevista à cadeia BBC.

Além das questões relacionadas com Hong Kong e a minoria uigure, a tensão entre o Reino Unido e a China aumentou também porque Londres decidiu, esta semana, proibir o gigante de telecomunicações Huawei de se envolver na rede móvel 5G britânica.

Resposta firme

Em resposta, o embaixador chinês em Londres, Liu Xiaoming, avisou que Pequim dará “uma resposta firme” se o Reino Unido sancionar as autoridades chinesas sobre as alegadas violações de direitos humanos contra a minoria uigure, que classificou como “acusações falsas”.

O embaixador realçou que não gostaria de ver acontecer o mesmo com o Reino Unido do que aconteceu com os Estados Unidos, que impuseram sanções a altos quadros do regime chinês acusados de violações dos direitos humanos contra a população uigure, às quais Pequim prometeu retaliar.

Pequim nega e garante que os muçulmanos estão em centros de treino vocacional, destinados a ajudar os uigures a encontrarem emprego e a manterem-se longe do extremismo islâmico.

Uma investigação da Associated Press, divulgada em final de Junho, indica que o Governo chinês está a adoptar medidas de controlo da natalidade das mulheres uigures, enquanto incentiva os casais da maioria han a terem mais filhos.

20 Jul 2020

Segurança | Ho Iat Seng reforça importância do policiamento inteligente

[dropcap]N[/dropcap]um encontro com os membros do Conselho Geral da Escola Superior das Forças de Segurança de Macau (ESFSM), o Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, reforçou a importância do “policiamento inteligente” como directiva das Linhas de Acção Governativa, na área de segurança.

Ho Iat Seng frisou ainda que o conceito de reforço policial com recurso à tecnologia, está de acordo com os planos de desenvolvimento da “cidade inteligente” e “cidade segura”. Ao mesmo tempo, segundo uma nota oficial divulgada ontem, o Chefe do Executivo frisou a importância da ética dos agentes policiais e que, por isso, se deve apostar na “sensibilização”, no cumprimento da lei durante a formação e na “auto-disciplina rigorosa”.

No encontro que aconteceu na sexta-feira e contou com a presença do secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, o líder do Governo reconheceu ainda a importância da escola na manutenção da estabilidade do território e espera que “a gestão dos recursos humanos seja articulada de acordo com o desenvolvimento social, na formação e reserva de mais quadros qualificados”.

Por seu turno, Wong Sio Chak sublinhou que “a segurança nacional e a educação dos jovens são trabalhos essenciais da ESFSM”, lembrando que é a única instituição de formação de oficiais da área da segurança.

20 Jul 2020

Hong Kong regista mais de 100 casos de covid-19 nas últimas 24 horas

[dropcap]H[/dropcap]ong Kong registou mais de 100 casos de covid-19 nas últimas 24 horas, um número diário sem precedentes na região especial chinesa, disserem hoje fontes médicas citadas pela imprensa local. De acordo com o diário South China Morning Post, no sábado, as autoridades tinham identificado 64 casos confirmados da doença e outros 60 a aguardar confirmação.

Com este surto, detectado há duas semanas na região, o número total de infecções causadas pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) sobe para 1.777, ultrapassando os 1.755 casos registados durante a epidemia da Síndroma Respiratória Aguda Grave (SARS) em 2003, referiu o jornal. Na sexta-feira, as autoridades sanitárias de Hong Kong contabilizaram 58 infeções, depois de na quinta-feira terem identificado 67, indicou a agência de notícias EFE.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 596 mil mortos e infectou mais de 14 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

19 Jul 2020

UE | Líderes partem para terceiro dia de Conselho Europeu ainda longe de acordo

[dropcap]O[/dropcap]s chefes de Estado e de Governo da União Europeia partem hoje para o terceiro dia de cimeira em Bruxelas ainda longe de um compromisso sobre o plano de relançamento europeu, em boa parte devido às resistências dos chamados países ‘frugais’.

Ao cabo de dois dias intensos de negociações, o Conselho Europeu iniciado na sexta-feira de manhã na capital belga ainda não permitiu que os 27 se aproximassem o suficiente para a necessária unanimidade em torno das propostas sobre a mesa, de um orçamento da União para 2021-2027 na ordem dos 1,07 biliões de euros e de um Fundo de Recuperação de 750 mil milhões para ajudar os Estados-membros a superar a crise provocada pela pandemia da covid-19.

De acordo com diversas fontes europeias, o principal obstáculo a um compromisso continua a ser as exigências dos autodenominados países ‘frugais’, Holanda, Áustria, Suécia e Dinamarca – nalguns casos acompanhados da Finlândia -, pois a esmagadora maioria dos Estados-membros manifestou-se desde o início receptiva à proposta apresentada pelo presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, muito semelhante àquela avançada pela Comissão Europeia em finais de Maio.

Embora uma das questões delicadas das negociações pareça bem encaminhada, a da governação do Fundo de Resolução – a Holanda, que era o único país a fazer desta matéria uma ‘bandeira’, já aceita à partida a proposta de um “mecanismo travão” à autorização de pagamentos para casos extraordinários em que haja dúvidas sobre se determinado Estado-membro está a proceder às reformas necessárias -, são ainda muitas as diferenças que subsistem a impedir um acordo a 27.

Sendo que a questão da condicionalidade das ajudas ao respeito do Estado de direito ainda não está resolvida – Hungria e Polónia continuam desagradadas com o texto proposto, e as discussões prosseguem com vista a encontrar uma formulação que agrade a todas as partes -, o grande obstáculo a um entendimento é os montantes em jogo.

Este parece ser um obstáculo muito difícil de transpor, porque as diferenças sobre os valores estendem-se do montante global do Quadro Financeiro Plurianual 2021-2027 ao do Fundo de Recuperação, passando pelos valores dos apoios que devem ser prestados através de subvenções (subsídios a fundo perdido) e empréstimos, e ainda pelos ‘rebates’, os descontos de que alguns dos grandes contribuintes líquidos beneficiam.

Sobretudo os países do sul têm lamentado que, apesar de todos os esforços para se ir ao encontro das reivindicações dos ‘frugais’, estes continuam a exigir um orçamento plurianual menos ambicioso, um Fundo de Recuperação mais modesto, e sobretudo com menos subsídios a fundo perdido, reclamando por outro lado um aumento dos seus ‘descontos’ nas contribuições para os cofres europeus. Posições que não mudaram ao cabo de dois dias de intensas negociações.

É neste cenário de divisão que os líderes europeus partem então hoje para o terceiro dia de Conselho Europeu, com arranque formal previsto para as 11:00 de Lisboa, mas que deverá uma vez mais ser antecedido de diversos encontros à margem, em diversos formatos, numa derradeira tentativa de se alcançar um acordo considerado urgente pela esmagadora maioria dos responsáveis, entre os quais o primeiro-ministro António Costa.

Caso os 27 não aprovem hoje a proposta de plano de relançamento da economia europeia, é altamente improvável que o Conselho Europeu se estenda por mais um dia, subsistindo a dúvida se ainda haverá margem para nova cimeira em Julho, de modo a tentar fechar um acordo antes das férias de verão, o objetivo declarado dos dirigentes das instituições europeias.

19 Jul 2020

Segurança nacional | Leonel Alves diz que soberania chinesa pode justificar mexidas na lei

O Governo de Macau já deu a entender que está a caminho uma alteração da lei da segurança nacional e Leonel Alves, deputado e conselheiro do Governo, defende que a revisão se justifica mediante “as novas necessidades de protecção da soberania nacional”

 

[dropcap]I[/dropcap]mplementada a lei da segurança nacional em Hong Kong, pensa-se agora em qual será o caminho a tomar por Macau, que tem o artigo 23 da Lei Básica legislado desde 2009. O Governo já deu a entender que há conteúdos do diploma que precisam ser reforçados e Leonel Alves, advogado e conselheiro do Governo, disse à Lusa que “as novas necessidades de protecção da soberania nacional” chinesa podem justificar alterações à lei da segurança no território.

As declarações do ex-deputado da Assembleia Legislativa (AL) e actual presidente do Conselho Geral do Conselho das Comunidades Macaenses surgem após o Governo de Macau, o antigo chefe do Executivo e vice-presidente da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, Edmund Ho, e o diretor do Gabinete de Estudos Políticos do Comissariado dos Negócios Estrangeiros chinês no território defenderem que é preciso melhorar a legislação sobre a matéria.

“A lei de Macau foi muito inspirada da matriz portuguesa, tendo em conta as balizas do actual Código Penal. Como nada é imutável, e tendo em conta as novas necessidades de protecção da soberania nacional, não vejo que não possa haver iniciativas visando a actualização da lei”.

“Afigura-se-me que, após cerca de dez anos de vigência da lei e apesar dela não ter tido aplicação contra nenhuma pessoa em concreto, não seria de todo despiciendo um esforço de análise comparativa de vários textos legais sobre a matéria de segurança nacional”, explicou o advogado, que esteve na Assembleia Legislativa de Macau entre 1996 e 2009 e que em 2008 se tornou membro do Comité Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês.

Com ou sem revisão, a lei que vigora em Hong Kong não deve ser replicada em Macau, defenderam à Lusa os deputados José Pereira Coutinho e Sulu Sou. Ambos admitiram que a obediência e lealdade política em Macau, bem como o facto de as acções de Pequim terem a tendência de se refletirem no antigo território administrado por Portugal podem ter como resultado a adopção do mesmo texto da polémica legislação que prevê a prisão perpétua e a punição para quatro tipos de crimes: actividades subversivas, secessão, terrorismo e conluio com forças estrangeiras que ponham em risco a segurança nacional.

As diferenças

Tanto José Pereira Coutinho como Sulu Sou salientaram a diferença entre as regiões administrativas especiais chinesas, com um histórico nesta matéria que nunca trouxe inquietações de maior no território ou ao regime em Pequim. “As duas [regiões] são muito diferentes. A mesma realidade não ocorre em Macau, que adoptou sem quaisquer sobressaltos e sem qualquer problema essa legislação [em 2009]”, apontou José Pereira Coutinho.

“O bom senso vai imperar. Adoptar essa lei [imposta a Hong Kong] para uma realidade distinta é pouco provável e não há necessidade”, salientou. A acontecer, “será mais amena e não será uma cópia fiel”, mostrou-se convicto.

“De acordo com a ideia de segurança nacional de Pequim, é possível que Macau siga Hong Kong, especialmente se algumas pessoas advogam cegamente fazê-lo para expressarem lealdade política”, admitiu Sulu Sou.

“Mas enfatizei muitas vezes que isso não é necessário, porque Hong Kong e Macau são duas cidades completamente diferentes, caso contrário não haveria necessidade de estabelecer duas regiões administrativas especiais chinesas”, sublinhou o deputado.

Por outro lado, o deputado frisou o facto de “a versão da lei em Macau, desde o processo legislativo até à sua implementação, ter tido lugar sempre dentro da região administrativa especial”.

O que não aconteceu com Hong Kong e que resultou “num processo misterioso, mais estrito do que era imaginável”, com “alguns casos a poderem ser julgados na China continental” e no estabelecimento no território vizinho de um Gabinete de Salvaguarda da Segurança Nacional, concluiu.

19 Jul 2020

Joshua Wong: “Voz da sociedade civil [de Macau] foi silenciada”

[dropcap]O[/dropcap] activista Joshua Wong disse à Lusa que a ex-colónia britânica é “um estado policial” e considerou “terrível” o “silenciamento” da população de Macau. “A situação em Macau é terrível, porque a voz da sociedade civil foi silenciada”, frisou Joshua, acrescentando que a República Popular da China é hoje um país que se rege pelo princípio “um país, um sistema”, ao contrário da política de “um país, dois sistemas” proposta por Deng Xiaoping, em 1984.

Questionado sobre a criação de um espaço dedicado à promoção do patriotismo junto dos jovens de Macau, até ao final do ano, Joshua Wong mostrou-se preocupado. “Portugal devia fazer valer o tratado firmado com a República Popular da China”, disse Joshua Wong, que frisa os receios sobre a “supressão da liberdade de opinião” junto da população de Macau.

A informação sobre a “promoção do patriotismo” foi dada a conhecer, na quarta-feira, durante uma reunião plenária do Conselho da Juventude, na qual se adiantou que o espaço intitulado de “Base da Educação do Amor pela Pátria e por Macau” irá ocupar uma parte do Museu das Ofertas sobre a Transferência de Soberania de Macau.

“Eu penso que os europeus, sobretudo os britânicos e os portugueses, devem fazer com que Pequim cumpra as respectivas declarações conjuntas, porque os tratados foram quebrados”, afirmou criticando a falta de intervenção de organismos internacionais como a ONU sobre a situação em Hong Kong. “As Nações Unidas não devem ser uma plataforma que serve os interesses de Pequim reconhecendo apenas a importância da China”, criticou.

19 Jul 2020

Covid-19 | China detecta 16 novos casos, 13 de contágio local e três importados

[dropcap]A[/dropcap] China diagnosticou 16 novos casos de covid-19, 13 dos quais de contágio local detectados na região de Xinjiang, no extremo noroeste do país, indicaram hoje as autoridades chinesas. A Comissão de Saúde da China disse que foram também identificados três casos importados, detetados em viajantes oriundos do exterior.

Urumqi, a capital de Xinjiang, com 3,5 milhões de habitantes, e onde os primeiros casos foram detetados esta semana, implementou medidas de confinamento e anunciou na sexta-feira a suspensão do metropolitano local e o cancelamento de centenas de voos.

Xinjiang iniciou ainda uma campanha maciça de testes para tentar conter o surto o mais rapidamente possível. Pequim, onde um novo surto detectado no início de Junho levou a medidas parciais de confinamento, está há 13 dias sem novas infecções.

As autoridades de saúde acrescentaram que, até à meia-noite, 17 pacientes tiveram alta, fixando o número total de casos ativos no país asiático em 251, três dos quais em estado grave. De acordo com os dados oficiais, desde o início da epidemia, a China registou 83.660 infectados e 4.634 mortos devido à covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2).

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 596 mil mortos e infectou mais de 14 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

19 Jul 2020

Bernard-Henry Levy, filósofo: “Uma pandemia é uma pandemia. Não é uma guerra e não há mais guerra biológica”

[dropcap]O[/dropcap] filósofo francês Bernard-Henri Lévy questiona-se se a covid-19 fará com que as pessoas pensem nos outros além de si mesmas, e lembrou que há pessoas a morrer aos “portões da Europa”. Bernard-Henri Lévy falava à agência Lusa a propósito do seu novo livro, “Este vírus que nos enlouquece”, publicado com tradução de João Luís Zamith e André Tavares Marçal, pela Guerra & Paz.

“É possível que a covid-19 nos faça pensar em todos nós, principalmente além dos seres humanos que têm necessidades terríveis?”, pergunta o filósofo.

Questionado sobre se a situação de pandemia pode ser entendida como uma possibilidade para rever os moldes do comportamento humano, como o disseram vários responsáveis políticos, Lévy questionou: “Qual renovação?”.

“Por enquanto, vejo o retorno das fronteiras. A cacofonia na Europa. A ascensão do egoísmo. Uma retirada generalizada, e assim por diante… A contenção, em outras palavras, provavelmente era necessária. Mas como um mal necessário. Como uma medida essencial, mas ruinosa para a economia, angustiante para os indivíduos e criando muito desastre nas sociedades”, argumentou.

Levy salientou a questão da fome no mundo, cujas vítimas “foram multiplicadas por dois, ou até três”. O autor francês referiu os “sem -abrigo”, “pessoas a quem lhes é dito ‘fiquem em casa’, quando não têm ‘casa’, os refugiados da [ilha grega] de Lesbos, que nunca foram tão numerosos, e são completamente ignorados”.

“Há países, em África, por exemplo, onde quase não há covid, mas onde essa fixação obsessiva obscurece completamente pragas, a cólera, a varíola, o dengue e outras febres amarelas que não são testadas ou tratadas, sem mencionar, que, na Nigéria, por exemplo, onde há menos vítimas da covid do que pessoas baleadas pela polícia por terem rompido o confinamento, ou em Moçambique, onde o auto-proclamado Estado Islâmico está ganhando terreno com indiferença quase geral”, sentenciou.

O autor de “Este vírus que nos enlouquece” referiu à Lusa que a pandemia reforçou o sentimento de medo no ser humano: “O medo é um problema, sim. Primeiro, porque é absurdo: esta pandemia tem precedentes, um vírus como este, houve e ainda haverá muitos, e este vírus, além disso, é menos letal que outros, mas acima de tudo o medo é um sentimento negativo que nos faz perder a cabeça”.

No prólogo da sua obra, Lévy refere que este tipo de desastre “sempre existiu” e recorda a gripe espanhola que causou 50 milhões de mortes, “sem dúvida mais pessoas do que a covid alguma vez vitimará”. Levy recorda ainda a gripe de Hong Kong, depois de 1968, que causou a morte a um milhão de pessoas, “com lábios cianóticos, hemorragia pulmonar ou asfixia” ou ainda, a gripe asiática que surgiu na China, passou pelo Irão, Itália, leste da França e América.

“O mais impressionante é a forma, muito estranha como estamos a reagir”, escreve o autor, realçando “o medo que se abate pelo mundo” que paralisa os mais ousados. O autor francês refere no livro como cidades se esvaziaram e se tornaram cidades-fantasma, bem como a “retórica do inimigo invisível”. À Lusa afirmou: “Uma pandemia é uma pandemia. Não é uma guerra e não há mais guerra biológica”.

A obra, na qual contesta a ideia de que depois da covid-19 “nada vai ser como antes”, divide-se em cinco partes: “Volta, Michel Foucault”, “Surpresa Divina”, “O Delicioso Confinamento”, “A Vida Dizem Eles”, e “O Adeus ao Mundo?”.

Bernard-Henri Lévy completa 72 anos em Novembro próximo, tem formação como epistemólogo e faz parte da denominada “Nova Corrente Filosófica” surgida no final da década de 1970. Assina, semanalmente, uma crónica na revista Le Point. Nascido em Argel, Lévy foi discípulo do físico e filósofo Georges Canguilhem (1904-1995).

17 Jul 2020

Covid-19 | China torna-se na primeira economia a crescer

As intensas medidas restritivas, impostas pelas autoridades chinesas, parecem ter dado resultado. O país, apesar do ritmo lento, registou, entre Abril e Junho, um crescimento económico de 3,2 por cento

 

[dropcap]A[/dropcap] China tornou-se o primeiro grande país a retomar o crescimento económico, desde o início da pandemia da covid-19, alcançando uma expansão inesperada de 3,2 por cento, no segundo trimestre, foi ontem anunciado.

De acordo com o Gabinete Nacional de Estatísticas chinês, os dados mostraram uma melhoria dramática, depois de ter sido retomada a actividade económica, em relação à contracção de 6,8 por cento registada no trimestre anterior, o pior desempenho da economia do país desde 1970.

No entanto, o crescimento alcançado entre Abril e Junho foi, ainda assim, no ritmo mais lento desde que a China começou a divulgar dados trimestralmente, no início dos anos 1990.

“Esperamos ver uma melhoria contínua nos próximos trimestres “, apontou Marcella Chow, do banco de investimento JP Morgan Asset Management, num relatório.

A China, onde a pandemia do novo coronavírus começou em Dezembro passado, foi o primeiro país a tomar medidas de confinamento altamente restritivas, mas também o primeiro a reabrir, em Março, depois de o Partido Comunista ter declarado vitória no combate contra a doença.

“A economia nacional foi de uma contracção para se expandir”, disse o GNE, em comunicado.
Economistas consideraram que a China vai recuperar provavelmente com mais rapidez do que outras grandes economias, devido à decisão do Governo chinês de ter imposto medidas de prevenção mais restritivas.

As autoridades isolaram cidades com um total de 60 milhões de pessoas e suspenderam o comércio e viagens após terem reconhecido a gravidade da epidemia, no final de Janeiro.

O sector manufactureiro e outras indústrias estão a regressar aos níveis normais de actividade, mas os gastos dos consumidores permanecem fracos, devido à insegurança laboral.
Cinemas e alguns negócios permanecem encerrados ou com limitações no número de pessoas que podem atender.

“A pandemia está a criar vencedores e perdedores”, disse Bill Adams, da consultora PNC Financial Services Group, num relatório. “A manufactura está a liderar a recuperação da China”, apontou.

Analistas do sector privado afirmaram que até 30 por cento da força de trabalho urbana, ou até 130 milhões de pessoas, podem ter perdido o emprego, pelo menos temporariamente. Cerca de 25 milhões de empregos podem ter desaparecido para sempre este ano.

O melhor e o pior

Em Maio, o Partido Comunista prometeu gastar 280 mil milhões de dólares para estimular a economia, incluindo a criação de nove milhões de novos empregos, mas evitou juntar-se aos Estados Unidos, Japão e Europa no lançamento de pacotes de estímulo no valor de biliões de dólares, devido ao receio de aumentar o endividamento público.

No segundo trimestre do ano, a produção industrial subiu 4 por cento, recuperando-se de uma contracção de 8,4 por cento no trimestre anterior, após a reabertura das fábricas que fornecem telemóveis, sapatos, brinquedos e outros bens para todo o mundo.

As vendas do retalho caíram 3,9% por cento, em termos homólogos, uma melhoria em relação à contracção de 19 por cento, no trimestre anterior, quando milhões de famílias permaneceram confinadas em casa. As vendas do comércio electrónico cresceram 14,3 por cento, acima dos 5,9 por cento registados no trimestre anterior.

As medidas para combater a pandemia paralisaram sectores inteiros da economia mundial e levaram o Fundo monetário Internacional (FMI) a fazer previsões sem precedentes nos seus quase 75 anos: a economia mundial poderá cair 3 por cento em 2020, arrastada por uma contracção de 5,9 por cento nos Estados Unidos, de 7,5 por cento na zona euro e de 5,2 por cento no Japão.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 579 mil mortos e infectou mais de 13,4 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

17 Jul 2020

Hong Kong| China responde às pressões de Trump e ameaça EUA com sanções

[dropcap]A[/dropcap] China ameaçou hoje os Estados Unidos de represálias após o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter aprovado uma lei que prevê sanções contra a “repressão” de Pequim no seu território semiautónomo de Hong Kong.

A ameaça consta de um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, divulgado após ter convocado o embaixador norte-americano em Pequim para protestar contras as medidas sancionatórias de Washington.

“[A lei norte-americana é] uma ingerência flagrante nos assuntos de Hong Kong e nos assuntos internos da China. Com o objetivo de salvaguardar os seus interesses legítimos, a China dará a resposta necessária e imporá sanções às pessoas e entidades norte-americanas que estão envolvidas”, advertiu Pequim.

“A China continuará firme na sua determinação e na sua vontade de salvaguardar a sua soberania”, sublinha-se ainda no comunicado do Ministério dos Negócios estrangeiros chinês.

A imposição por Pequim, em fins de Junho, de uma lei sobre a segurança nacional na antiga colónia britânica (até 1997) fez crer um recuo das liberdades, tendo Washington, Londres e outras capitais ocidentais expressaram oposição.

Terça-feira, Trump acentuou a pressão ao anunciar o fim do regime económico preferencial atribuído pelos Estados Unidos a Hong Kong, um importante centro financeiro internacional, depois de aprovar uma lei que prevê a imposição de sanções contra responsáveis de Hong Kong e da China.

“Hong Kong será tratado como a China. Não haverá qualquer privilégio especial, nem um tratamento económico especial e não haverá exportações de tecnologias sensíveis”, disse Trump terça-feira, acrescentando que não tem também qualquer intenção de se encontrar com o homólogo chinês Xi Jinping para atenuar as tensões.

A lei, aprovada por unanimidade no início deste mês pelo Congresso norte-americano, visa não só responsáveis chineses, mas também a polícia de Hong Kong. Por seu lado, a lei sobre a segurança em Hong Kong, visa reprimir actividades subversivas e o conluio com forças estrangeiras que ponham em causa a segurança nacional.

16 Jul 2020

Hong Kong | Trump assina decreto que põe fim a tratamento especial

[dropcap]O[/dropcap] Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que assinou um decreto que põe fim ao tratamento económico e comercial especial que o seu Governo dava a Hong Kong. Em causa está também uma lei que impõe novas sanções à China, por ter “extinguido a liberdade” do território.

“Assinei um decreto que põe fim ao trato preferencial dos Estados Unidos a Hong Kong. Agora trataremos da mesma forma que a China continental”, incluindo a imposição de tarifas, disse Trump em conferência de imprensa na Casa Branca.

A medida faz parte das represálias de Washington pela aprovação da controversa lei de segurança nacional sobre Hong Kong e Trump prognosticou que dará origem a que “muita gente abandone” a antiga colónia britânica e que os Estados Unidos “tenham mais volume de negócios”, porque “acaba a perder um grande concorrente”.

A lei sobre a segurança nacional imposta a Hong Kong pelo regime comunista de Pequim visa reprimir a subversão, a secessão, o terrorismo e o conluio com forças estrangeiras.

16 Jul 2020

Jornal New York Times transfere parte da sede asiática de Hong Kong para Seul

[dropcap]O[/dropcap] jornal norte-americano New York Times anunciou a decisão de transferir parte das operações de Hong Kong para Seul, após a aprovação da Lei de Segurança Nacional imposta ao território por Pequim.

“A radical lei de segurança nacional em Hong Kong criou muita incerteza sobre as consequências que as novas regras terão na nossa actividade jornalística”, escreveu a direcção do jornal num e-mail ao pessoal, de acordo com informação divulgada no ‘site’ do New York Times (NYT). “Pensamos ser mais prudente fazer planos de contingência e começar a diversificar a nossa equipa editorial na região”, acrescentou.

O New York Times tem a sede regional há décadas em Hong Kong, de onde tem vindo a cobrir notícias na Ásia e, mais recentemente, a ajudar a produzir o conteúdo digital de ‘streaming’ do jornal.

O jornal lembrou ter escolhido a antiga colónia britânica como sede asiática, tal como muitos outros meios de comunicação social de língua inglesa, devido à proximidade com o continente e à “rica tradição de uma imprensa livre”.

“Mas uma lei geral de segurança nacional aprovada pela China em junho, destinada a travar a oposição e as forças pró-democracia em Hong Kong, perturbou as organizações noticiosas e criou incerteza sobre as perspectivas da cidade como centro de jornalismo na Ásia”, salientou o jornal.

O NYT indicou que “alguns funcionários” do jornal tiveram dificuldades na obtenção de autorizações de trabalho, “obstáculos que são comuns na China, mas que raramente foram um problema na antiga colónia”. O jornal concluiu que “com a cidade a enfrentar uma nova era sob o apertado domínio chinês, os editores do Times determinaram que precisavam de uma base adicional de operações na região”.

O diário adiantou que vai transferir a equipa digital, cerca de um terço dos funcionários de Hong Kong, para Seul, no próximo ano.

Este é o primeiro grande passo anunciado por um meio de comunicação social internacional desde que a Lei de Segurança Nacional foi aprovada por Pequim no mês passado.

Promulgada em 30 de Junho pelo Presidente da China, Xi Jinping, a nova lei permite punir quatro tipos de crimes contra a segurança do Estado: atividades subversivas, secessão, terrorismo e conluio com forças estrangeiras que ponham em risco a segurança nacional em Hong Kong.

Os crimes contra a segurança nacional passam a ser passíveis de prisão perpétua na região administrativa especial chinesa.

A comunidade internacional, com os Estados Unidos e a UE em destaque, além de diversas organizações não-governamentais (ONG), expressaram mais de uma vez o receio de que a lei sirva para silenciar vozes críticas em Hong Kong, após um ano de protestos que levaram a nove mil detenções no território.

16 Jul 2020

TSI | Rejeitado acesso a videovigilância para ver resultado de jogo

[dropcap]O[/dropcap] Tribunal de Segunda Instância (TSI) rejeitou o recurso de um jogador que pretendia aceder a imagens gravadas pelo sistema de videovigilância de um casino. O requerente apresentou queixas à Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos por entender que o resultado de um jogo numa mesa de baccarat tinha sido diferente do previsto no próximo jogo de “derived roads”, mostrado no ecrã.

No entanto, o gabinete do presidente do Tribunal de Última Instância comunicou que o jogador não apresentou provas para confirmar que apostou no jogo segundo informações mostradas no ecrã, ou de forma as informações erradas aí exibidas lhe causaram danos. Algo necessário para estabelecer a legitimidade do seu interesse.

“Ademais, o jogo, envolvido nesta causa, é baccarat. Esta forma de jogo, tal como os demais jogos proporcionados nos casinos aprovados pelo Governo da RAEM, é jogo de fortuna ou azar, em que a esperança de ganho reside somente na sorte do jogador e não no cálculo, com base no resultado do jogo anterior que é sustentado pela teoria científica”, diz a nota.

Assim, a justiça refere que tomar como referência o resultado de outros jogos para fazer uma aposta é apenas um hábito de alguns jogadores. E deixa uma mensagem: “se não há lei que preveja a publicação do resultado do jogo anterior, o hábito ou a mania de alguns jogadores não é considerado como um bem jurídico protegido por lei”.

16 Jul 2020

Farol da Guia | Grupo para a Salvaguarda encontrou-se com o Instituto Cultural

[dropcap]O[/dropcap] Grupo para a Salvaguarda do Farol da Guia reuniu ontem com o Instituto Cultural (IC), tendo estado presente a presidente do IC, Mok Ian Ian. De acordo com um comunicado do IC, o organismo “tem-se dedicado à execução dos trabalhos de protecção do património cultural de modo prudente e cauteloso”.

Segundo uma publicação no facebook do Grupo para a Salvaguarda, foram apresentadas várias reivindicações, como a redução da altura dos edifícios que ainda não estão terminados, adjacentes ao farol da Guia. “O Grupo defende que o Governo “deve honrar os compromissos feitos à comunidade internacional e os cidadãos de Macau” e quer saber quando é que o Plano de Salvaguarda e Gestão do Centro Histórico de Macau vai ser terminado. Face à demora deste plano, o Grupo questionou ainda se algum funcionário deve ser responsabilizado “por séria negligência” nas suas funções.

De acordo com o All About Macau, o porta-voz do Grupo, Chan Tak Seng, disse que o IC mostrou abertura às opiniões apresentadas, e que Mok Ian Ian vai consultar a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura e o secretário para os Transportes e Obras Públicas, para discutirem com promotores de obras no sentido de proteger a integridade visual e a paisagem do farol.

16 Jul 2020

Pátio da Eterna Felicidade | Sulu Sou denuncia demolição de duas casas

[dropcap]C[/dropcap]om o foco de ontem no 15º aniversário da inscrição do Centro Histórico de Macau na Lista do Património Mundial da UNESCO, Sulu Sou denunciou na rede social facebook a situação em que se encontra o Pátio da Eterna Felicidade. De acordo com o deputado, duas das casas de tijolos foram demolidas no início do mês.

As 13 casas de tijolo existentes no Pátio da Eterna Felicidade e na Rua da Tercena foram doadas pela Associação de Beneficência do Hospital Kiang Wu há um ano ao Governo, mas não foram classificadas como herança cultural e património mundial, pelo que de acordo com o deputado, sofrem “um risco maior de destruição”.

Na publicação, o legislador explica que o pátio foi vedado com um aviso no exterior a alertar para a verificação de estrutura e obras de manutenção. Mas alerta que duas casas foram demolidas no dia 5 de Julho – e que sendo domingo era ilegal fazer obras – restando apenas ruínas. “Os trabalhadores foram ordenados a instalar telas para esconder [o cenário]”, descreve.

Em Junho do ano passado, a presidente do Instituto Cultural (IC), Mok Ian Ian, afirmou que estavam a ser feitos trabalhos de preservação dos edifícios no Pátio da Eterna Felicidade, e que seriam feitas reparações em termos de segurança e avaliada a situação dos edifícios. Depois disso, o plano passava por mostrar a história das propriedades e organizar no local eventos e actividades culturais. O espaço é descrito na página electrónica dos Serviços de Turismo como “rico no contexto histórico e cultural que forma um vibrante espaço urbano original, o qual reflecte a vida da comunidade chinesa nos tempos passados”.

Agora, Sulu Sou questiona como é que um trabalho de manutenção e inspecção estrutural se transformou em demolição, e o impacto desta acção no plano geral para o pátio. Além disso, equaciona a possibilidade de o Governo não ter iniciado a avaliação do património cultural para deixar tempo para demolição de casas.

16 Jul 2020

Fotografia | Gonçalo Lobo Pinheiro agraciado na Malásia

[dropcap]A[/dropcap] fotografia “Hope and belief” voltou a ser novamente agraciada num concurso internacional de fotografia. Desta vez conseguiu chegar a finalista do Kuala Lumpur International Photoawards, na Malásia, um concurso exclusivamente dedicado à fotografia de retrato. A imagem de Ratna Khaleesy, captada em 2018, ficou entre os 40 finalistas num total de 1220 fotografias a concurso. “Os padrões de escolha foram extremamente elevados e a sua participação inspirou todos os membros do júri, ronda após ronda”, discussão após discussão”, pode ler-se em nota escrita em inglês enviada ao autor pelo director dos prémios, Steven Lee.

Os juízes concederam o primeiro lugar a um retrato de Karoline Schneider, enquanto o segundo lugar foi para uma pose de perfil discreto em estilo clássico de Umaru Joji. O terceiro prémio foi concedido a um retrato captado por Natalia Ershova, da Rússia”, revelou ainda Steven Lee. As fotografias dos vencedores e 40 finalistas podem ser vistas neste link: https://www.klphotoawards.com/singles-finalists-2020

O júri desta edição foi composto pelo fotógrafo Kenny Loh, pela artista Haley Morris-Cafiero, pela editora de fotografia da Leica, Carol Körting, pela directora do Festival de Fotografia de Kuala Lumpur, Jessica Chan, e também pelo fotógrafo SC Shekar.

O Kuala Lumpur International Photoawards [KLPA] é um dos mais conceituados prémios anuais de fotografia do mundo, dedicado exclusivamente ao retrato. Gonçalo Lobo Pinheiro é um fotojornalista português com 20 anos de carreira. Nascido em 1979 em Alfama, Lisboa, Portugal, está radicado em Macau desde 2010, onde tem vindo a desenvolver trabalho fotográfico documental em áreas maioritariamente de índole social, mas também de fotografia de viagem.

15 Jul 2020

Galaxy | FAOM acompanha situação de residentes

[dropcap]O[/dropcap] caso dos trabalhadores locais que protestaram num estaleiro de obras do Galaxy está a ser seguido pelo vice-presidente da Direcção da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM). O Ou Mun noticiou que Choi Kam Fu está a acompanhar o caso junto da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais e da operadora de jogo, de forma a garantir os direitos laborais dos trabalhadores locais.

O responsável disse que soube do ocorrido na sexta-feira e que já enviou agentes ao local para se inteirar melhor da situação. No seguimento da conclusão de alguns trabalhos do estaleiro, o empreiteiro terminou contrato com mais de 320 trabalhos. Depois de discussões para chegar a um entendimento, a maioria aceitou a solução das autoridades e do empreiteiro. No entanto, dezenas de trabalhadores não ficaram satisfeitos e optaram por não participar na conjugação de emprego organizada pelas autoridades.

Choi Kam Fu frisou que a FAOM vai ajudar os residentes a terem prioridade no acesso ao emprego, caso tenham vontade de optar por trabalhos diferentes, sugerindo que as autoridades lhes ofereçam formação subsidiada para que os trabalhadores possam assumir outros cargos em breve.

15 Jul 2020

China considera primárias da oposição em Hong Kong uma “provocação séria”

[dropcap]A[/dropcap] China considerou as primárias realizadas em Hong Kong por partidos pró-democracia na segunda-feira como uma “provocação séria” e alertou que algumas das campanhas podem ter violado a nova lei de segurança nacional imposta ao território. “Esta é uma provocação séria contra o sistema eleitoral corrente”, apontou em comunicado o Gabinete de Ligação, que representa o Governo chinês na cidade semiautónoma.

Mais de 600.000 cidadãos de Hong Kong participaram no último fim de semana da votação não oficial, apesar das advertências das autoridades de que o processo poderia violar a nova lei de segurança imposta por Pequim. Os comícios foram organizados por partidos pró-democracia para definir os candidatos que se apresentarão em setembro às eleições para o Conselho Legislativo, o Parlamento de Hong Kong.

No comunicado, o Gabinete de Ligação alertou que a existência de uma campanha para assumir o controlo do Conselho Legislativo representa por si só uma violação da nova legislação. “Isto poderia violar o artigo 22.º da lei de segurança nacional, além de outros regulamentos eleitorais locais”, afirmou o Gabinete chinês.

O artigo em questão classifica como delito a “subversão do poder estatal”, proíbe qualquer “ingerência e obstrução grave” contra o Governo central chinês e o executivo de Hong Kong, além de qualquer ação que os deixe “incapacitados de exercerem as suas funções normalmente”.

O conteúdo do texto foi mantido em segredo até à sua promulgação, em 30 de junho, pela Assembleia Popular Nacional, e sem intervenção do Conselho Legislativo de Hong Kong.

A nova lei chinesa tem como objetivo reprimir qualquer subversão, secessão, terrorismo e conluio com forças estrangeiras, actos que podem ser punidos com prisão perpétua. O conteúdo da lei deixa muita margem para diferentes interpretações e gerou um clima de medo em todo o território, onde os habitantes gozam de liberdades inexistentes na China continental.

O aviso do Gabinete de Ligação, o órgão do Governo central da China na região semiautónoma, aumenta o risco de processos legais contra partidos da oposição e certas figuras do movimento pró-democracia. Os partidos pró-democracia esperam que a raiva da população de Hong Kong contra o regime chinês lhes permita obter uma maioria no parlamento, apesar de um sistema eleitoral favorável às forças pró-Pequim.

Em comunicado à imprensa, o Gabinete de Ligação apontou o dedo a Benny Tai, uma das figuras proeminentes do movimento pró-democracia, que desempenhou um papel importante na organização das primárias.

“O objectivo do gangue de Benny Tai e do campo da oposição é tomar o poder em Hong Kong, tentando em vão lançar uma versão de Hong Kong das revoluções coloridas”, apontou o Gabinete, numa referência às revoltas populares que libertaram várias antigas repúblicas soviéticas. Tai, professor de direito, foi detido pelo seu papel nos protestos de 2014.

14 Jul 2020

UE está “preocupada” e teme “riscos” da lei da segurança nacional em Hong Kong

[dropcap]O[/dropcap]s ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia (UE) reiteraram ontem a sua “preocupação” pela nova lei da segurança nacional imposta em Hong Kong pela China, admitindo recear os “riscos” na soberania da antiga colónia britânica.

A representar Portugal na ocasião, o chefe da diplomacia portuguesa, Augusto Santos Silva, explicou aos jornalistas em Bruxelas que, naquela que foi a primeira reunião presencial dos ministros dos Negócios Estrangeiros da UE em quatro meses, dada a pandemia de covid-19, a situação em Hong Kong esteve em cima da mesa.

“O tema foi abordado no sentido de expressar, mais uma vez, preocupação com o facto de a República Nacional da China ter adoptado uma lei de segurança nacional e ter imediatamente implementado essa lei que, do nosso ponto de vista, não é conforme nos termos nos quais foi negociada a passagem da soberania britânica para a soberania chinesa sobre Hong Kong […] nem é conforme com o princípio “Um país, dois sistemas” e, pelo contrário, põe seriamente em risco esse princípio”, precisou o governante.

Admitindo que “há várias sugestões de medidas que podem ser tomadas e que têm vindo a ser apresentadas”, Augusto Santos Silva não aprofundou, porém, tais opções, desde logo porque o debate dos chefes da diplomacia da UE se limitou “a confirmar a crítica” da União.

Pequim impôs uma lei da segurança nacional a Hong Kong, argumentando que a legislação “não coloca em causa” a máxima “Um país, dois sistemas” por ser “apenas uma forma de aumentar a segurança” daquela região administrativa especial com uma lei que “já devia ter sido aprovada”.

14 Jul 2020