Tudo Meretriz

Por João Picanço

A opinião é algo com uma magia muito distinta. Não tanto quanto o preconceito ou o arrendamento, mas já lá irei. O fascínio pelo lavrar livre de um pensamento, por muito absurdo que seja, leva-nos a atracar a nossa lorcha de emoções em praias onde, vejam lá, também há outras lorchas atracadas. E hoje, eu navego ao leme da lorcha das meretrizes. Isto porque elas são o que para aí há mais.

Foi neste jornal que pude ler a opinião do Sr. André Namora, publicada na passada terça-feira, dia 10 de Maio de 2022.

No texto que nos foi apresentado, podemos aprender que o assédio é uma moda, como os sapatos de plataforma ou as calças de fazenda. São professores (homens) a serem vilipendiados com constantes queixas de abuso (de mulheres).

O Sr. Namora diz que “Ninguém nega que um ou outro professor passe das marcas”. Portanto, temos aqui uma espécie de mínimos olímpicos. Quantos abusos é que são o limite para não desconfiarmos da veracidade? Dez?

Mas atenção, porque “Vocês imaginam que catedráticos como Marcelo Rebelo de Sousa andem pelas universidades a tentar levar as alunas para a cama?”. Lógico que não. Todos sabemos que pessoas em posição de poder jamais abusam dos mais fracos. É uma verdade histórica.

E agora, chegamos à parte do “a mim não me enganas”. Vejamos: “Mas, as estudantes que têm apresentado “só agora” queixa dos seus professores, no caso de terem sido abusadas nunca foi com o seu consentimento?”. Regra primária: desconfie sempre de pessoas que não têm a sensatez de passar o vexame de admitirem que foram abusadas. Por que razão o fazem anos mais tarde? Onde já se viu uma pessoa abusada sexual e/ou psicologicamente não ir logo a correr, ainda com as saias arriadas, para a esquadra, fazer queixa do pobre professor? Não se entende.

E depois: Não terão estas pessoas sido abusadas com o seu consentimento? É algo que acontece todos os dias, uma mulher chega e diz “abuse de mim, sff”.

De seguida, chegamos ao “eu até sei que”. “Conversámos com um professor reformado da Universidade Católica de Lisboa (…)” que garante que havia professores em Lisboa que tinham residências para dar “explicações” (as aspas são para os mais espertos, claro. Não para mim).

Já agora, a dada altura o autor diz que estes docentes tinham “(…) um apartamento alugado”, mas em português correcto é “arrendado”, porque os imóveis não se alugam. Já não passava neste teste, Sr. Namora, tinha de ir “à oral” (afinal, também sei usar aspas).

No entanto, há a declarar que “(…) algumas das jovens que se têm queixado têm telhados de vidro.” E porquê? Porque, diz-nos o Sr. Namora, algumas andam na prostituição e chegam a cobrar “100 euros à hora” e têm “uma média de seis clientes por dia ou noite”.

E continua “Ora, se está mais que provado (ndr: onde?) que muitas universitárias ganham dinheiro na prostituição, temos que admitir que essas jovens têm de estar caladinhas e não apresentar queixa dos professores por abuso sexual só porque sim”. Toda a gente sabe isto. Então andam a prostituir-se e agora não querem ter sexo à força? Com franqueza!

“Só não entendemos é a razão de as queixas terem agora aparecido”. Pois, logo agora que já estão formadas e nem precisam da nota para coisa alguma. E todos nós sabemos que os danos psicológicos são uma mariquice desta nova agenda de género.

Ainda por cima porque atacam “tantos docentes dignos, bons chefes de família, mestres exemplares e que constatando esta moda ficam envergonhados e com vontade de abandonar a vida académica”. Bom, se eles são isso tudo, eu não sei, mas diria que, caso sejam abusadores, esse crédito não chega para pagar o suposto mal que tenham feito. Já viu alguém dizer “oh, coitado, abusou da rapariga, mas é tão bom chefe de família”?

Mas agora, chegamos à parte crucial deste texto. A parte em que se ilibam (porque somos todos inocentes até que o contrário seja provado) os eventuais abusadores e se culpa quem realmente merece ser culpado: a suposta vítima.

“Muitas culpas para as estudantes que se vestem de maneira provocante. Já nos dizia um sacerdote que abandonou a Igreja de “que um homem não é feito de pau…”. Ora bem. E se estivéssemos a falar de símios, que se comportam como paus, tudo bem. Mas como falamos de homens, temos de perceber que, bem, se são provocados, ai, ai, ai. Ainda por cima na coutada do macho ibérico, como tão bem disse o Sr. Dr. Juiz Neto de Moura.

Acho que nos devemos debruçar no mal que os homens estão a sofrer. A história diz-nos que a mulher é sempre um ser horroroso, que se aproveita da sua posição de privilégio para sugar a bondade dos homens, neste caso professores, bons chefes de família, que não se seguram perante um decote mais arrojado. É dos livros. Enfim, tudo meretriz.

A luta das mulheres existe e está para durar. Porque enquanto o cheiro a mofo pulverizar o espaço, quer seja em casa, quer seja num local como a fonte de sabedoria que são as universidades, ela tem de ser travada. E não são, nem devem ser, as mentes bafientas das turvas manhãs de outrora, que teimam em poluir o céu, a fazê-las recuar.

Eu pouco posso fazer. Afinal, também sou um homem privilegiado. Mas se as mulheres que me estão a ler se sentem abusadas, por favor, denunciem. Com ou sem decote. Um abuso é um abuso.

11 Mai 2022

Hong Kong | Interferência externa fadada a ser auto-destrutiva, diz Comissário do MNE

O Comissário do MNE criticou ferozmente os comentários do G7 e do chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, a propósito da eleição de John Lee como novo Chefe do Executivo de Hong Kong

 

O Gabinete do Comissário do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China na Região Administrativa Especial de Hong Kong (RAEHK) rejeitou firmemente e condenou veementemente na segunda-feira os comentários enganosos dos ministros dos Negócios Estrangeiros do G7 e o Alto Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Josep Borrell.

Os comentários mancharam a eleição do Chefe do Executivo do sexto mandato da RAEHK, as políticas do governo central chinês em relação a Hong Kong e o novo sistema eleitoral de Hong Kong, disse um porta-voz do gabinete, citado pelo Diário do Povo.

O porta-voz salientou que a vitória de John Lee nas eleições para Chefe do Executivo da RAEHK por uma esmagadora maioria de votos reflectiu plenamente o grande apoio dado a Lee pela sociedade de Hong Kong.

Esta eleição bem-sucedida mostrou a nova atmosfera sob o novo sistema eleitoral, exibiu um clima optimista de Hong Kong procurando unidade e progresso e mais uma vez demonstrou a superioridade do novo sistema eleitoral, assinalou o porta-voz.

Observando que mais de 1.400 representantes, eleitos por vários sectores, votaram na eleição, e representaram amplamente diferentes indústrias e grupos de interesse, o porta-voz disse que a eleição é uma prática democrática de todo o processo que se encaixa na realidade de Hong Kong e apresenta as características de Hong Kong.

O porta-voz disse também que o novo sistema eleitoral da RAEHK implementa plena e fielmente a política de “um país, dois sistemas” e a Lei Básica da RAEHK, reforça o princípio de “patriotas administrando Hong Kong” e desenvolve uma democracia de qualidade com características de Hong Kong.

Sociedade espectáculo

O porta-voz destacou que as chamadas “eleições democráticas” em alguns países ocidentais são essencialmente eleições de “elite” e shows políticos em que o dinheiro fala.

Esses países preocupam-se apenas com o ciclo eleitoral, os interesses dos partidos políticos e os interesses dos grupos, disse o porta-voz.

“Eles sabem como ficar bem durante a campanha, mas não governam efectivamente depois de eleitos”, disse o porta-voz. “Eles não têm em mente os interesses fundamentais e de longo prazo de seu povo, que geralmente resultam em políticas míopes e governação ineficiente.”

Ignorando as deficiências estruturais de seu próprio sistema democrático e alegando ser “modelos de democracia”, esses países pretensiosos estão obcecados em apontar o dedo para a situação da democracia e dos direitos humanos de outros e envolver-se em “tácticas de matilha de lobos” para interferir nos assuntos internos de outros, de acordo com o porta-voz.

“Acreditamos plenamente que a equipa de governação patriótica eleita sob o novo sistema eleitoral unirá e liderará todos os sectores da sociedade de Hong Kong para abrir um novo capítulo para a cidade, e Hong Kong certamente abraçará uma nova glória em um novo ponto de partida”, disse o porta-voz.

“Qualquer tentativa de prejudicar a prosperidade e a estabilidade de Hong Kong será em vão”, enfatizou o porta-voz.
O gabinete instou os políticos do G7 a respeitarem a tendência histórica, aderir aos princípios do direito internacional, como não interferência nos assuntos internos dos outros e as normas básicas que regem as relações internacionais, descartar preconceitos ideológicos e hipocrisia, parar de interferir nos assuntos internos da China, incluindo os assuntos de Hong Kong de qualquer forma, e não prejudiquem mais a prosperidade e a estabilidade de Hong Kong.

11 Mai 2022

Supermercados admitem falta de produtos e aumento de preços devido à guerra

A presidente da Associação dos Merceeiros e Quinquilheiros de Macau, Leong Weng Sao, admitiu haver escassez de fornecimento de alguns produtos nos supermercados de Macau e que, em cima da mesa, está a possibilidade de os preços dos bens continuarem a aumentar até ao final do ano, devido à pandemia e à guerra entre a Rússia e a Ucrânia.

Isto, tendo em conta que devido ao conflito e aos constrangimentos gerados pela pandemia de covid-19, os fornecedores continuam a aumentar os preços das mercadorias, sobretudo devido aos custos associados às operações logísticas, que podem subir entre 15 e 20 por cento a cada trimestre.

Ao jornal Ou Mun, Leong Weng Sao mostrou-se pouco optimista em relação ao futuro a curto prazo, apontando não ser possível excluir a possibilidade de os preços continuarem a aumentar até ao final de 2022, caso os efeitos do conflito e da pandemia continuem a ser sentidos.

“É impossível vendermos produtos a preços inferiores aos custos. Não há alternativa ao aumento dos preços”, explicou.

Com o aproximar de uma nova ronda de cartões de consumo, e a possibilidade de alguns supermercados e outros estabelecimentos aproveitarem a ocasião para aumentarem intencionalmente os preços de venda ao público, Leong Weng Sao admitiu o problema, mas garantiu que a associação tudo fará para “estabilizar os preços” dos bens essenciais.

Além disso, a responsável alertou ainda que o facto de muitos supermercados serem inconstantes no que toca ao lançamento de promoções, poder induzir os clientes a pensar que os preços dos bens essenciais aumentaram, após deixarem de estar sujeitos a qualquer desconto.

Caso suspeitem de práticas abusivas por parte dos supermercados, Leong Weng Sao sugere que os residentes verifiquem os preços dos bens através da aplicação do Conselho dos Consumidores (CC), denominada por “Posto de Informações de Preços de Macau”.

Perdas e desafios

Falando de forma abrangente sobre os efeitos da pandemia, a presidente da Associação dos Merceeiros e Quinquilheiros de Macau vincou que o sector continuou a operar sem que houvesse necessidade de despedir funcionários ou reduzir salários.

No entanto, aponta, para além de o negócio ter caído 10 por cento em termos anuais no primeiro trimestre de 2022 e 30 por cento nos meses de Março e Abril, o sector tem estado debaixo de “stress” durante a pandemia.

Sobretudo, tendo em conta que, a tempos, os supermercados têm vindo a suportar custos associados à desinfecção de mercadorias provenientes de Hong Kong e ao pagamento dos testes de ácido nucleico dos seus funcionários.

11 Mai 2022

Investimento | Song Pek Kei quer medidas inovadoras para atrair empresas

De forma a atrair a instalação de empresas em Macau, que contribuam para a diversificação económica e o empreendedorismo jovem, a deputada Song Pek Kei quer que o Governo implemente incentivos “inovadores” e “competitivos” em comparação com as práticas do internacionais e do Interior da China.

“Face à concorrência, como é que o Governo vai rever as actuais políticas de atracção de investimento? Vai tomar por referência as políticas dos outros locais e reforçar a captação de investimentos em Macau?”, começou por questionar a deputada através de uma interpelação oral.

Nesse sentido, apontou Song Pek Kei, o Governo deve continuar a “melhorar o ambiente de investimento e ser inovador”, para tirar proveito dos recursos de Macau, a fim de “criar um ambiente de negócios de qualidade” e reforçar a confiança dos investidores.

Além disso, a deputada considera que, pelo facto de Macau ter “liberdade de informação” e não praticar restrições cambiais, possui vantagens, que devem ser promovidas em toda a sua plenitude na Zona de Cooperação em Hengqin.

“A Zona de cooperação em Hengqin constitui uma saída e espaço de desenvolvimento, portanto, o Governo deve considerar reforçar os serviços urbanos, e transformar Macau e Hengqin num espaço de intercâmbio, para tirar proveito das vantagens dos dois locais, elevar a eficiência da afectação de recursos e criar novas forças motrizes de desenvolvimento”, referiu.

11 Mai 2022

Empregadas domésticas | Agências pedem mais detalhes sobre entradas 

Ao Ieong Kuong, presidente da Associação das Agências de Emprego dos Trabalhadores Estrangeiros, exige mais detalhes do Governo quanto ao programa piloto de isenção de entrada no território para empregadas domésticas oriundas das Filipinas.

O responsável, segundo o jornal Ou Mun, entende serem necessárias mais informações relativamente aos voos, marcação de quartos para a realização da quarentena obrigatória e os custos, a fim de garantir que os empregadores não terão preocupações acrescidas na hora de contratar as empregadas.

Ao Ieong Kuong lembrou que a primeira fase do programa conta apenas com seis pedidos de contratação, tendo sido aprovados unicamente três, pelo que o programa piloto parece não dar resposta às necessidades do mercado.

Além disso, Ao Ieong Kuong acredita que as autoridades não devem permitir que as empregadas domésticas mudem de sector, pois caso o autorizem, estas regressam à sua terra natal, levando a que os residentes percam a iniciativa de contratar trabalhadoras não residentes. Como alternativa, Ao Ieong Kuong pede que seja permitida a entrada a empregadas domésticas do Vietname ou do Interior da China, pois assim podem existir mais pedidos de contratação.

11 Mai 2022

Comércio externo | Abrandamento em Abril face a medidas antiepidémicas

Os recentes surtos pandémicos e as medidas de restrição impostas em várias cidades do país, com destaque para Xangai, continuam a ter um impacto negativo nos índices do crescimento económico

 

O crescimento das exportações da China abrandou, em Abril, reflectindo o impacto das medidas de confinamento, impostas em Xangai e em outras importantes cidades industriais do país, visando conter surtos de covid-19.

As exportações subiram 3,7 por cento, em relação ao mesmo mês do ano anterior, para 273,6 mil milhões de dólares, um abrandamento acentuado, em relação ao crescimento de 15,7 por cento, de Março, de acordo com os dados publicados pelas alfândegas chinesas.

Reflectindo a queda na procura interna, as importações subiram apenas 0,7 por cento, para 222,5 mil milhões de dólares, em linha com o crescimento inferior a 1 por cento, alcançado no mês anterior.

Os dados reflectem o impacto da estratégia de ‘tolerância zero’ à covid-19, decretada pelo Partido Comunista Chinês, e que inclui o encerramento de fábricas, portos e serviços logísticos, deprimindo a actividade manufactureira e o consumo.

Os analistas esperam que a actividade económica melhore este mês, com a diminuição do número de novos casos, mas o Presidente chinês, Xi Jinping, reafirmou, na semana passada, o compromisso de Pequim com a política de ‘zero covid’.

As exportações para os Estados Unidos aumentaram 9,5 por cento, para 46 mil milhões de dólares, apesar da prolongada guerra comercial entre os dois países, que resultou na imposição de taxas alfandegárias punitivas de ambos os lados.

As importações de produtos norte-americanos avançaram 0,9 por cento, para 13,8 mil milhões de dólares.
O excedente comercial global da China aumentou 19,4 por cento, para 51,1 mil milhões de dólares, enquanto o ‘superavit’ politicamente volátil com os Estados Unidos diminuiu 65 por cento, para 9,8 mil milhões de dólares.

Previsões em baixa

O número de casos da China é relativamente baixo, mas a política de zero casos resultou no confinamento da população de Xangai e suspendeu o acesso aos centros industriais de Cantão (sul) e Changchun (nordeste).

Nos últimos dias, as autoridades relaxaram as medidas em Xangai, permitindo que milhões de pessoas saíssem das suas casas, mas as restrições aumentaram em Pequim e outras cidades.

Fábricas de automóveis e outros fabricantes que tentaram continuar a operar com os funcionários em circuito fechado, a morar dentro das instalações, foram forçados a reduzir ou suspender a produção, porque o fornecimento de componentes foi interrompido.

A economia da China cresceu 4,8 por cento, no primeiro trimestre do ano, em relação ao mesmo período no ano anterior. Economistas alertaram, no entanto, para um abrandamento no trimestre entre Abril e Junho, face às medidas antiepidémicas.

O consumo interno foi também afectado por uma campanha oficial para reduzir o nível de endividamento no vasto sector imobiliário da China, que sustenta milhões de empregos. Isso desencadeou uma desaceleração económica no segundo semestre de 2021.

10 Mai 2022

Surdolímpicos | Atleta de Macau falha competição no Brasil devido a restrições

Atletas e associações consideram que a falta de contacto internacional está a atrasar o desenvolvimento do desporto local. Sobre as restrições pandémicas, o Instituto do Desporto diz colaborar e estar atento

 

A triatleta Hoi Long vai falhar os Surdolímpicos no Brasil devido às medidas anti-pandémicas impostas no regresso a Macau. Especialistas avisam que a falta de contacto internacional dos atletas está a contribuir ainda mais para o atraso do desporto no território.

Por estes dias, a triatleta Hoi Long deveria estar a representar Macau nos Jogos Surdolímpicos, em Caxias do Sul, no Brasil. Mas “devido à política de quarentena de Macau”, a desportista de 37 anos acabou por não avançar com a inscrição.

Além do “risco muito elevado” de infecção no Brasil, o que “afectaria a preparação” para os Jogos Asiáticos em Setembro – entretanto soube-se que foram adiados – as restrições impostas no regresso a casa são, de acordo com Hoi Long, uma limitação.

Macau registou até ao momento 82 casos de covid-19 e tem mantido duras restrições fronteiriças desde o início de 2020.

Os residentes que regressam ao território de zonas consideradas de risco elevado são obrigados a cumprir, no mínimo, 14 dias de quarentena num hotel e mais sete dias em casa. Quem vem do Brasil, classificado pelas autoridades locais como um país de “risco extremamente alto”, tem ainda de apresentar três testes à covid-19, realizados nos cinco dias que antecedem a viagem.

Ao contrário de Macau, onde a esmagadora maioria dos desportistas são amadores, os atletas de outros países “não precisam de ter um trabalho”, notou Hoi Long, também funcionária do Instituto do Desporto (ID).

“Necessito de permissão do ID para ir ao Brasil, seja para me concederem licença de trabalho ou para participar na prova”, apontou a atleta, salientando que, desde 2020, riscou anualmente do calendário desportivo pessoal entre “quatro a seis” provas internacionais.

Macau dos pequeninos

À Lusa, o presidente da Associação de Desporto de Surdos de Macau lamentou a ausência de Hoi Long nos Surdolímpicos, até porque teria “boas probabilidades” de trazer medalhas para casa.

Questionado sobre as consequências que o afastamento das provas internacionais pode ter na carreira da atleta, Ao Chi San foi categórico: “Vai ter impacto nos seus objectivos e programa formativo”.

Já quanto ao encerramento das instalações desportivas em Macau, nos primeiros tempos da pandemia, Hoi Long avaliou que este prejudicou sobretudo os atletas mais jovens do território.

“Sem muita experiência em competição, perderam o foco e a motivação”, analisou a atleta, que está a fazer um doutoramento na Universidade de Desporto de Xangai.

Também as equipas de hóquei locais têm sido “bastante afectadas, sobretudo ao nível da competição” pela crise sanitária mundial, realçou o presidente da Associação de Patinagem de Macau (APM).

Durante estes anos, não tiveram “nenhum contacto internacional”, disse António Aguiar. E clarificou: “Se houver quarentena, o próprio governo não nos deixa participar”.

“O desenvolvimento do hóquei em patins e em linha assentam muito na competição e na possibilidade das nossas equipas poderem competir a nível internacional”, continuou o responsável, considerando que, hoje, as equipas da modalidade em Macau estão, “do ponto de vista competitivo, mais fracas do que estavam antes da pandemia”.

Se não houver um alívio das restrições de entrada e o contacto com o mundo permanecer estacionado, a progressão do desporto “vai atrasar-se ainda mais em relação a outros países”, prevê o líder da APM.

Campeã asiática por dez vezes, a selecção de hóquei em patins de Macau viu serem adiados os torneios asiáticos e mundiais da modalidade em 2020 e 2021, respectivamente. Aguiar espera que a equipa viaje no final de Outubro até Buenos Aires, na Argentina, para jogar no mundial, onde o responsável vai estar enquanto membro da direcção da Federação Internacional de Desportos sobre Patins (World Skate).

Muita colaboração

A Lusa contactou o ID para saber se estão a ser estudadas medidas para facilitar a deslocação dos atletas da região, como quarentenas mais curtas ou a flexibilização das licenças no local de trabalho, ao que o departamento do Governo respondeu que se mantém “atento à situação”.

Numa resposta por escrito, o ID refere que “tem prestado colaboração no regresso” de atletas a Macau, dando como exemplo o caso de Hoi Long, que participou nos Jogos Nacionais para portadores de deficiência, no ano passado, altura em que “lhe foi concedida dispensa de comparência ao serviço durante o período de observação médica”.

Hoi Long sublinhou, porém, que a aposta de Macau continua a estar focada no desporto regular.
Portadora de deficiência auditiva, a atleta compete em torneios de desporto adaptado, mas também regular, em provas de triatlo, atletismo e ciclismo.

“O meu objectivo não devem ser os Surdolímpicos, não foi por isso que eles [o Governo] me colocaram no programa de atletas de elite, […] foi para me preparar para os Jogos Asiáticos e, se os Jogos Surdolímpicos ou Paralímpicos da China afectarem qualquer plano para o triatlo [nos Asiáticos], tenho de pôr o triatlo em primeiro lugar”, disse.

A atleta lamentou o desconhecimento que persiste sobre a educação e formação desportiva de uma criança com deficiências e sublinhou a importância que pode representar uma medalha no desporto adaptado. “É assim que é a sociedade, que pensa que o desporto para deficientes não é tão competitivo quanto o desporto regular”, disse.

10 Mai 2022

Advogados de língua portuguesa criam observatório de Estado de Direito

A Federação dos Advogados de Língua Portuguesa (FALP) lançou um observatório que terá como missão monitorizar e tomar posição sobre eventuais violações do Estado de Direito em nove jurisdições de língua portuguesa, foi anunciado na semana passada. A federação conta com a participação da Associação dos Advogados de Macau.

O Observatório do Estado de Direito (OED) é “um órgão de natureza apolítica”, com representantes em Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Macau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste que irá analisar e alertar para “casos ou situações que possam consubstanciar ameaças ou violações aos princípios do Estado de Direito”, explica a FALP em comunicado.

Visa também “ser uma garantia da defesa dos direitos dos cidadãos, assim como do papel dos advogados na boa administração da justiça, nas jurisdições de língua oficial portuguesa”.

Em declarações à Lusa, o presidente da FALP, Pedro Pais de Almeida, explicou que os casos a analisar poderão ser denunciados na página electrónica da federação (www.fa-lp.org) ou chegar ao conhecimento dos representantes do observatório em cada uma das jurisdições, que são “advogados e pessoas interessadas neste domínio do respeito dos direitos humanos e dos princípios do Estado de Direito”.

Sempre atentos

O advogado explicou que, perante um caso que chegue ao conhecimento do Observatório, os seus membros vão investigar e, se chegarem à conclusão de que, de facto, estão em causa os princípios do Estado de Direito, tomarão “uma posição pública no sentido chamar a atenção da comunidade internacional”, mas também de fazer “alguma pedagogia no sentido que essas violações possam ser corrigidas, de forma voluntária, pelos Estados correspondentes”.

Pais de Almeida sublinhou, no entanto, que se trata de um grupo de advogados voluntários que não pretendem ser “polícias do mundo”.

Lembrou ainda que se trata de um grupo apolítico, pelo que os representantes terão “muito cuidado” porque “é ténue” a linha que separa aquilo que é político daquilo que é violação dos princípios do Estado de Direito.

“A vocação do observatório, sendo apolítico, não é meter-se em questões de política interna das jurisdições de língua oficial portuguesa”, assegurou.

10 Mai 2022

Pandemia deixa estudantes chineses sem contacto com falantes de português

As restrições impostas pela China à entrada de estrangeiros, devido à pandemia de covid-19, tem reduzido o contacto dos estudantes com falantes nativos de português, dificultando a aprendizagem, disseram à Lusa vários professores chineses.

Para a professora Sílvia Yan Qiaorong, “a incerteza nesta época de pandemia” tem sido um dos grandes desafios de ensinar português na Universidade de Comunicação da China, na capital, Pequim.

A China vive a pior onda de surtos de covid-19 desde o início de 2020, com confinamentos em várias cidades, incluindo no maior centro financeiro do país, Xangai. Também em Pequim as aulas presenciais foram suspensas indefinidamente.

“Fazemos muitos esforços no ensino à distância, ‘online’, mas isso não pode substituir a comunicação face a face, especialmente num curso que precisa de muita prática”, lamentou Sílvia Yan.

“Temos uma turma de alunos que entraram há dois anos. Nunca tiveram oportunidade de falar face a face com um falante nativo de português”, sublinhou a professora.

A Universidade de Comunicação da China tem duas professoras brasileiras, mas que não conseguem regressar a Pequim. “Ensinam aulas ‘online’, mas não é a mesma coisa”, admitiu Sílvia Yan.

Tanto a China continental como a região de Macau aplicam uma política rigorosa de ‘zero casos’, tendo mantido desde o início de 2020 fortes restrições à entrada, sobretudo de estrangeiros.

Tem havido um número significativo de portugueses, incluindo professores e advogados, a abandonar a região chinesa devido às restrições, sublinhou António Tam.

“Depois de mais de dois anos de pandemia, já chegou aquela altura em que não conseguem aguentar ficar só em Macau”, disse à Lusa o professor de língua portuguesa na Escola Secundária Pui Ching.

E para os alunos de português, “depois da motivação para aprender uma língua nova, é preciso um ambiente com pessoas com quem possam falar e praticar”, acrescentou António Tam.

As dificuldades das escolas de Macau em recrutar docentes de português já tinham levado o Governo a anunciar, em 14 de abril, um programa-piloto para levantar as restrições fronteiriças a alguns estrangeiros, incluindo professores portugueses.

Cerca de 50 instituições da China continental de ensino superior têm já cursos de língua portuguesa, mas Rodrigo Zhang Xiang acredita que Macau continua a ter “a sua própria vantagem”: a presença de professores portugueses e brasileiros.

A cidade “tem um ambiente em que os alunos têm maior oportunidade para falar e praticar português, maior contacto com professores nativos”, disse o docente da Universidade Politécnica de Macau.

“Isso cria mais oportunidades de sentir a cultura dos países de língua portuguesa e permite aos estudantes começar a ter uma visão mais ampla do que os alunos da China continental”, acrescentou Rodrigo Zhang.

9 Mai 2022

Fotografia | Pátio da Eterna Felicidade recebe exposição de Chan Hin Io

Foi inaugurada, na passada sexta-feira, a exposição “Vizinhança: Fotografia Documental por Chan Hin Io”, organizada pelo Instituto Cultural (IC). Até ao dia 24 de Julho podem ser vistas fotografias que retratam os modos de vida dos vários pátios antigos localizados na zona do Porto Interior, estando a exposição aberta ao público, de forma gratuita, no número 10 do Pátio da Eterna Felicidade.

O público poderá ver de perto 26 obras de fotografia documental da autoria do fotógrafo de Macau Chan Hin Io, que, entre 2004 e 2021, se dedicou a fotografar locais perto da Rua dos Ervanários, Rua das Estalagens e Rua de Cinco de Outubro. O destaque vai para o Pátio da Eterna Felicidade, onde Chan Hin Io reside e trabalha.

Estas fotografias, com o tema “Vizinhança” revelam “momentos amigáveis e harmoniosos no ambiente de convívio comunitário” tendo sido registadas, “de forma simples e natural, a vida quotidiana dos residentes das zonas antigas, o aspecto das ruas e travessas, os edifícios de habitação, lojas tradicionais e vendilhões”. Desta forma, esta mostra “demonstra a capacidade minuciosa de observação do autor”.

Um maior conhecimento

Com esta exposição, o IC pretende “estreitar os laços entre os moradores do Pátio da Eterna Felicidade com a sua comunidade”, além de “aprofundar o conhecimento do público sobre o Pátio da Eterna Felicidade e as zonas contíguas, no sentido de transmitir a história, a cultura e a memória colectiva de Macau”.

Residente em Macau desde 1999, o fotógrafo Chan Hin Io tem sempre a lente da sua câmara apontada para a paisagem cultural e urbanística de Macau. O IC descreve que os seus trabalhos são “dotados de interesse artístico, histórico e cultural significativos”, sendo também “sinónimos da memória colectiva de Macau” ao captarem “a fisionomia desta cidade e as vicissitudes de todos os sectores dos bairros antigos do território”.

9 Mai 2022

Hotel Timor é tema central de novo romance de Luís Cardoso

Luís Cardoso, escritor timorense radicado em Portugal, prepara um novo romance centrado no Hotel Timor, contou à agência Lusa. “Todo o enredo do livro tem a ver com a situação que se vive em Timor e como os escritores têm todos uma paixão ou fixação pelos hotéis. Em Timor-Leste, há um hotel muito importante que se chama Hotel Timor, daí ter como referência este meu novo trabalho”, explicou o autor de “O Plantador de Abóboras”, com o qual venceu a mais recente edição do prémio Oceanos.

O escritor disse que este trabalho ainda não tem data prevista para publicação, realçando que o seu novo romance “sai quando tiver de sair”. Luís Cardoso lembrou que todos os seus romances falam de Timor-Leste, “partindo sempre de um facto histórico”.

“Tento sempre desenvolver um enredo que tenha a ver com um acontecimento em Timor-Leste. A título de exemplo: falo sobre a Segunda Guerra Mundial, falo sobre actual situação em Timor e guerras que tiveram lugar em Timor”, disse.

O papel do português

Questionado sobre a importância da língua portuguesa no espaço lusófono e no mundo, Luís Cardoso disse que o português é um património comum, não é só de Portugal.

“Eu costumo dizer que a língua portuguesa é o oceano que nos une. Contudo, vamos falando a língua portuguesa de diferentes formas. Aqui fala-se o português de Portugal e nós falamos o português de Timor-Leste e ao apropriamo-nos desta língua fazemos a nossa união”, vincou o romancista, lembrando a prevalência do tétum em Timor-Leste.

Luís Cardoso vincou que a língua portuguesa tem grandes capacidades para se afirmar no mundo, salientando que há grandes escritores a trabalhar sobre este idioma.

“A língua portuguesa tem uma dimensão universal havendo muitas pessoas que através destes escritores e os que eles representam e vêm à procura deste país [Portugal]. Não nos podemos esquecer que temos um Prémio Nobel de Literatura [José Saramago]. Não só um prémio de Portugal, mas um prémio da língua portuguesa. Portanto, nós partilhamos esse prémio Nobel”, vincou.

Sobre a situação no seu país de origem, Luís Cardoso salientou que Timor-Leste “está pacífico”, mas que “algumas convulsões” se devem ao facto de ser uma democracia ainda jovem. “Em Portugal, o regime democrático está consolidado. E num país como o nosso, que só tem 20 anos, as convulsões têm outra dimensão. A democracia constrói-se e Portugal já está numa dimensão da democracia bem consolidada, nós ainda não, estamos a iniciar”, observou.

Da mesma maneira que a democracia timorense é um projecto a germinar, também a literatura do país se está a desenvolver, num país com uma vertente oral muito rica. “O que nós muitas vezes fazemos é ir buscar a tradição oral e trazê-la para a escrita”, enfatizou o romancista.

9 Mai 2022

Ucrânia | China refuta “falsas acusações” feitas por Washington

O departamento de Estado norte-americano disse que as autoridades chinesas “amplificam a propaganda do Kremlin” relativamente ao conflito ucraniano. Esta terça-feira a embaixada chinesa nos EUA refutou estas acusações e diz que a posição da China sobre esta matéria sempre foi de imparcialidade e “objectiva”

 

Há um novo confronto de palavras entre a China e os EUA no que à situação na Ucrânia diz respeito. Segundo a agência estatal chinesa Xinhua, a embaixada chinesa nos EUA criticou a posição defendida por Washington relativamente ao conflito. Isto porque o departamento de Estado norte-americano defendeu, em comunicado, que as autoridades e os media chineses “amplificam, de forma rotineira, a propaganda do Kremlin, teorias da conspiração e desinformação” sobre o conflito que opõe a Rússia e a Ucrânia.

O porta-voz da embaixada chinesa nos EUA garantiu que estas declarações são falsas e que “a posição da China sobre a Ucrânia é imparcial e objectiva”. “No que diz respeito a espalhar desinformação, os EUA deveriam seriamente reflectir sobre si próprios. Ao longo dos anos, os EUA travaram guerras no Iraque, Afeganistão e Síria, matando 335 mil civis. Isto não é desinformação”, acrescentou o porta-voz da embaixada.

A embaixada chinesa entende ainda que “a maior parte dos países do mundo pretendem resolver o conflito entre a Rússia e Ucrânia através do diálogo e da negociação, e nenhum deles quer ver a situação escalar ou ficar fora de controlo”. “Isto não é desinformação”, adiantou o mesmo porta-voz.

O mar do sul da China

Ainda sobre a questão da Ucrânia, o primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, recebeu ontem em Roma o seu homólogo japonês, Fumio Kishida, e ambos declararam determinação em defender a ordem internacional, tanto na Ucrânia após a invasão russa, como no mar do sul da China.

“Devemos continuar unidos e determinados a defender uma ordem internacional baseada em regras, incluindo nos mares do sul da China e do estreito [de Taiwan]”, afirmou Draghi numa declaração oficial à imprensa no Palazzo Chigi, em Roma.

Itália e Japão, unidos por um tratado de “paz perpétua e amizade constante” durante 156 anos e parceiros do Grupo dos Sete países mais industrializados (G7), reafirmaram também a sua condenação à invasão russa da Ucrânia, iniciada em 24 de Fevereiro, bem como a vontade em continuar a apoiar o governo de Kiev.

“Comprometemo-nos a que se chegue o mais rápido possível a tréguas, incluindo localizadas, que permitam a retirada de civis, e a favorecer as negociações de paz. Continuaremos a ajudar a Ucrânia e a pressionar a Rússia para uma cessação imediata das hostilidades”, prosseguiu Draghi.

Neste sentido, agradeceu a Kishida por aceitar com “extraordinária rapidez” o envio de gás natural liquefeito para países europeus que querem reduzir a sua dependência da Rússia, como a Itália, que importa 90% do gás que consome, e 40% de Moscovo.

O primeiro-ministro japonês subscreveu as palavras do homólogo italiano, salientando que “a agressão contra a Ucrânia mina os fundamentos não só da ordem europeia, mas também da ordem internacional, incluindo na área Indo-Pacífico” e no Extremo Oriente, onde “se vive uma situação geopolítica particularmente tensa”.
Isto deve-se, entre outras coisas, a testes de mísseis pelo regime norte-coreano, mas também a tensões no mar do sul da China.

Kishida denunciou a “tentativa de modificar unilateralmente, num contexto que envolve o uso da força, o ‘status quo’” nesses mares onde existe “um reforço súbito e não transparente das capacidades militares dos países costeiros”.

“Vamos aprofundar a colaboração com Itália para uma região do Indo-Pacífico livre e aberta”, afirmou o primeiro-ministro japonês, que também se reuniu com o Papa Francisco no Vaticano.

5 Mai 2022

Retirada mulher com vida dos escombros de prédio que desabou na China

Equipas de resgate no centro da China retiraram hoje uma mulher viva dos escombros de um prédio que desabou parcialmente há quase seis dias, noticiou a imprensa estatal chinesa.

A mulher é a décima sobrevivente do desastre, ocorrido em Changsha, capital da província de Hunan, e que causou pelo menos cinco mortos e dezenas de desaparecidos.

O resgate ocorreu pouco depois da meia-noite, cerca de 132 horas depois de a parte traseira do prédio de seis andares ter ruído, de repente, em 29 de Abril, indicou a agência de notícias oficial chinesa Xinhua.

A mulher estava consciente e aconselhou os socorristas sobre a melhor forma de a retirar dos escombros sem causar mais ferimentos, contou a Xinhua. As equipas usaram cães e ferramentas manuais, bem como aparelhos aéreos não tripulados (‘drones’) e detectores electrónicos, nas operações de resgate.

Todos os sobreviventes estão em boa condição, depois de terem recebido tratamento num hospital, de acordo com a Xinhua. Chuvas intermitentes nos últimos dias podem ter aumentado as hipóteses de sobrevivência dos desaparecidos, que estão sem comida ou água.

Nove detidos

Pelo menos nove pessoas foram detidas na sequência do desabamento do edifício, incluindo o proprietário, por suspeitas de ter ignorado as normas de segurança e ter cometido outras infracções graves, como a construção ilegal de pisos adicionais e a ausência de barras de ferro de reforço da estrutura.

Três pessoas encarregadas do projecto e construção foram detidas, bem como cinco outras, por terem alegadamente emitido um certificado falso de cumprimento das regras de segurança, para a abertura de uma residencial entre o quarto e o sexto andar do prédio. O edifício também abrigava residências, um café e lojas.

Um aumento no número de desabamentos de edifícios, ocorridos nos últimos anos, levou o Presidente chinês, Xi Jinping, a pedir que se façam averiguações adicionais para apurar a origem de falhas estruturais. Várias construções apresentam também infra-estruturas degradadas, como canalizações de gás, que resultaram, no passado, em explosões e desmoronamentos.

5 Mai 2022

Timor-leste | Xi Jinping felicita Presidente José Ramos-Horta 

Xi Jinping, Presidente chinês, felicitou ontem José Ramos-Horta pela sua vitória nas últimas presidenciais de Timor-leste, apelando a um novo rumo de cooperação bilateral. Entretanto, face à covid-19, as autoridades timorenses decidiram administrar a vacina Pfizer a todos os maiores de 18 anos

 

O Presidente da China, Xi Jinping, felicitou ontem José Ramos-Horta pela eleição, pela segunda vez, como chefe de Estado de Timor-Leste, indicou um comunicado difundido pela agência de notícias oficial chinesa Xinhua.

Na mensagem, Xi destacou que, nos últimos 20 anos, desde que a China e Timor-Leste estabeleceram relações diplomáticas, os dois países “aprofundaram continuamente” a “cooperação prática” e “desenvolveram bastante” as relações bilaterais.

Xi Jinping apontou que a cooperação produziu “benefícios tangíveis” para os dois povos, numa “demonstração viva” de um “relacionamento equitativo” entre um país grande e um país pequeno.

O Presidente chinês disse atribuir “grande importância” ao desenvolvimento das relações bilaterais, e que “está pronto” para trabalhar com o homólogo para transportar as relações para um “novo nível”.

Na segunda volta das presidenciais em Timor-Leste, realizadas a 19 de Abril, José Ramos-Horta foi eleito Presidente, com 62,09 por cento dos votos, derrotando o actual chefe de Estado timorense, Francisco Guterres Lú-Olo, de acordo com os resultados finais provisórios. José Ramos-Horta irá tomar posse, pela segunda vez, a 20 de Maio, data em que Timor-Leste celebra 20 anos da restauração da independência.

Pfizer para todos

Entretanto, e no que respeita à covid-19, as autoridades timorenses aprovaram ontem um conjunto de alterações ao plano de vacinação contra a covid-19, decidindo passar a administrar as vacinas da Pfizer a todos os maiores de 18 anos.

O novo plano foi apresentado pela vice-primeira-ministra e ministra da Solidariedade Social e Inclusão, Armanda Berta dos Santos, e pela ministra da Saúde, Odete Maria Freitas Belo, respetivamente, presidente e vice-presidente da Comissão Interministerial para a Elaboração e Coordenação da Execução do Plano de Vacinação.

O Executivo disse que a “Pfizer vai passar a ser administrada aos cidadãos com idade igual ou superior a 18 anos, também como primeira e segunda dose, além da dose de reforço que já abrangia esta faixa etária”, de acordo com um comunicado.

“Quem recebeu a primeira dose das vacinas Astrazeneca ou Sinovac vai poder receber a segunda dose da vacina Pfizer”, acrescentou.

Até 2 de Maio, 71,6 por cento dos jovens entre os 12 e os 17 anos já receberam pelo menos uma dose, sendo que 36,9 por cento dos jovens já recebeu as duas doses em todo o país. Em Díli, 74,4 por cento dos jovens entre os 12 e os 17 já tem as duas doses da vacina Pfizer.

No que se refere aos indivíduos com mais de 18 anos, 72,2 por cento já receberam pelo menos duas doses e 84,6% já receberam pelo menos uma dose da vacina. Actualmente, Timor-Leste tem 15 casos activos, acumulando 22.875 casos e 130 óbitos desde o início da pandemia.

5 Mai 2022

Consumo | Relatório da Ernst & Young dá conta de maior optimismo no país

Um relatório da consultora Ernst & Young, divulgado esta terça-feira, dá conta de que os consumidores chineses estão mais optimistas quanto ao futuro face à tendência mundial de quebra de confiança por parte dos consumidores.

Segundo a agência Xinhua, o relatório revela que cerca de 60 por cento dos inquiridos acredita que as suas finanças pessoais vão registar uma melhoria no próximo ano, acima da média global de 48 por cento.

Além disso, 43 por cento dos consumidores chineses afirmaram que a sua situação financeira melhorou devido a reduções “apropriadas” no consumo, algo que está nove pontos percentuais acima da média global. No que diz respeito ao impacto do consumo no meio ambiente, 32 por cento dos inquiridos disse priorizar cada vez mais a sustentabilidade e a protecção do meio ambiente na hora de adquirir novos produtos, um número acima da média global de 26 por cento.

“Com base nos objectivos traçados com a neutralidade de carbono em 2060, os consumidores revelaram uma maior consciência em relação a um desenvolvimento sustentável, começando a repensar a forma de consumo e a tentar atingir uma sustentabilidade”, disse Denis Cheng, líder da área do grande consumo para a Grande China da Ernst & Young. De frisar que o relatório EY Future Consumer Index retrata os sentimentos e comportamentos de 18 mil consumidores de vários mercados a nível mundial.

5 Mai 2022

Creative Macau | Mostra “Asas de Maio” abre portas na próxima semana 

Intitula-se “Asas de Maio” e é a nova exposição organizada pela Creative Macau com trabalhos artísticos em papel com assinatura de Bing Cheong e Elisa Vilaça, directora da Escola de Artes e Ofícios da Casa de Portugal em Macau. Esta promete ser uma mostra reveladora de memórias, criatividade e onde também se exprimem preocupações com um meio ambiente mais sustentável

 

O público poderá ver, a partir da próxima quinta-feira, 12, diversos trabalhos artísticos feitos em papel por duas artistas locais. Para a sua nova exposição, a Creative Macau convidou Bing Cheong e Elisa Vilaça, directora da Escola de Artes e Ofícios da Casa de Portugal em Macau, e reconhecida pelo seu trabalho com marionetas. “Asas de Maio” será inaugurada no dia 12, às 18h30, num evento que inclui uma actuação do músico Photon Lam.

Para a Creative Macau, estas duas artistas “têm feito o seu percurso criativo originando obras com materiais recicláveis”, sendo que esta mostra “oferece ao público aspectos poéticos tangíveis e intangíveis de ver e sentir o mundo das artistas convidadas, que certamente darão uma nova vida ao espaço, surpreendendo o imaginário dos visitantes”.

Enquanto que Bing Cheong está mais ligada ao mundo da moda, Elisa Vilaça destaca-se pelo trabalho na área das artes performativas. “Ambas estão acostumadas a dar forma às ideias num curtíssimo espaço de tempo para espectáculos e possuem uma vasta experiência profissional e diferentes expressões criativas. Têm ainda em comum tornar o mundo das ideias em realidade, em dimensão e exagero, algo que também é efémero”, descreve a Creative Macau.

Reciclar e criar

A mostra, que pode ser visitada até ao dia 11 de Junho, acaba por retratar as vivências pessoais de cada uma das artistas. Bing Cheong, fundadora da Circle I Studio Company Limited, pratica meditação e considera-se uma “principiante de arte”. “Com imperfeições na vida, aprendi a apreciar o que adquiri, a desfrutar dos momentos felizes, a sentir cada passo para realizar o que sou agora. É importante para mim viver despreocupada e contente”, descreve, na mesma nota de imprensa.

Já Elisa Vilaça, foi buscar inspiração para este trabalho às memórias de infância, quando a avó a “mimava com pequenos bonecos e brinquedos, feitos a partir dos materiais que a natureza lhe oferecia”.

“Essa é, para mim, uma recordação maravilhosa. Esse contacto com a natureza na infância foi sem dúvida marcante no meu crescimento e amadurecimento. Sendo hoje em dia, para mim, uma preocupação permanente a preservação ambiental, a melhor forma que encontrei para o manifestar foi a concepção desta exposição”, acrescenta a artista.

Elisa Vilaça descreve ainda que esta mostra “partindo precisamente do que a natureza nos oferece, pretende, de uma forma orgânica, criativa e plástica, cruzar as múltiplas possibilidades da exploração do papel, também ele com origem na natureza, com outros materiais naturais”.

Para a realização destes trabalhos, Elisa Vilaça foi buscar material recolhido das ruas de Macau após a ocorrência de dois tufões. “Posso afirmar que a sua exploração me permitiu criar além do real e concretizar o meu sonho de voar com Asas de Maio”, conclui.

5 Mai 2022

Violência doméstica | Registados mais 43 casos no espaço de um ano

O Instituto de Acção Social (IAS) registou mais 43 casos de violência doméstica ocorridos em Macau no espaço de um ano. Segundo o relatório anual relativo ao Sistema Central do Registo de Casos de Violência Doméstica de 2021, no ano passado houve 81 casos suspeitos de violência doméstica contra os 38 casos registados em 2020.

O IAS conclui, assim, que “se verificou um aumento do número de casos” devido “ao maior tempo passado entre os membros de família durante a pandemia, o aumento de pressão dos pais na educação dos filhos e o aumento da ocorrência de conflitos entre os cônjuges devido à educação dos filhos”. Além disso, houve uma maior consciência da sociedade na comunicação de casos de violência doméstica, que é crime público.

Face aos casos suspeitos, 38 dizem respeito a situações de violência conjugal, enquanto que 30 são de casos que vitimaram crianças. O IAS registou ainda seis casos de violência entre membros da família, seis de violência contra idosos e um caso de violência contra uma pessoa incapaz de resistência.

A maior parte dos casos, 65,4 por cento, ou seja, 53, dizem respeito ao uso de violência física, enquanto que oito casos, 9,9 por cento, são respeitantes a violência psíquica. Há ainda sete casos de abuso sexual, 8,6 por cento, e cinco casos de cuidados inadequados, que representam 6,2 por cento.

4 Mai 2022

Covid-19 | Parte da linha do metro encerrada para combater surto

Pequim encerrou hoje cerca de 10 por cento das estações do seu sistema de metropolitano como medida adicional contra a propagação do novo coronavírus. As autoridades do metro da cidade anunciaram numa breve mensagem o encerramento de 40 estações, quase todas no centro da cidade, como parte das medidas de controlo da epidemia. Não foi avançada uma data para retomar o serviço. Pequim está em alerta máximo face a um surto de covid-19 que provocou algumas dezenas de infectados.
Restaurantes e bares podem apenas fazer entregas ao domicílio; os ginásios foram encerrados e as aulas presenciais suspensas indefinidamente. Os principais pontos turísticos da cidade, incluindo a Cidade Proibida e o Zoológico de Pequim, encerraram os espaços fechados e estão a operar apenas com capacidade parcial.
Na quarta-feira, Pequim registou 51 novos casos, cinco deles assintomáticos.
O encerramento das estações de metro deve ter relativamente pouco impacto na vida da cidade, numa altura em que a China celebra as férias do Dia dos Trabalhadores.
Parte da população está já a trabalhar a partir de casa. Todos os negócios foram encerrados, excepto supermercados e lojas de fruta e vegetais.
As pessoas evitam áreas classificadas como sendo de alto risco para reduzir a possibilidade da sua presença ser registada nas aplicações de rastreamento, instaladas em praticamente todos os telemóveis, e que cria possíveis problemas para acesso futuro a áreas públicas.

4 Mai 2022

Aung San Suu Kyi julgada novamente por corrupção 

A antiga líder do Myanmar (antiga Birmânia) Aung San Suu Kyi foi ontem a julgamento devido a um novo caso de corrupção, no qual terá recebido 550.000 dólares em subornos de um magnata do sector da construção. Aung San Suu Kyi é incriminada em duas acusações, de acordo com a Lei Anticorrupção do país, cada uma punível com até 15 anos de prisão e multa.

A abertura do julgamento foi confirmada por um oficial à agência de notícias AP, que falou sob condição de anonimato, porque não estava autorizado a divulgar informações. A ex-primeira-ministra é acusada de receber dinheiro em 2019 e 2020 de Maung Weik, um magnata condenado por tráfico de droga.

A televisão estatal, sob controlo do Governo militar, mostrou no ano passado um vídeo, no qual Maung Weik afirmava ter realizado pagamentos a ministros para ajudarem nos seus negócios. Ontem, o funcionário da Comissão Anti-corrupção, Ye Htet, disse em tribunal que os pagamentos feitos pelo magnata estavam a ser tratados como acusações separadas.

O Global New Light of Myanmar, um jornal controlado pelo Estado, noticiou em Fevereiro as acusações oficiais de que Aung San Suu Kyi, no tempo em que ocupava o cargo de primeiro-ministro, recebeu 550.000 dólares em quatro parcelas em 2019/20 “para facilitar os negócios de um empresário privado”.

Em declarações realizadas em 2021, Maung Weik disse que deu o dinheiro entre 2018 e 2020, indicando que incluía 100.000 dólares em 2018 para uma fundação de caridade com o nome da mãe da ex-governante e 450.000 dólares, entre 2019 e 2020, para fins que não especificou.

Aposta em Mandalay

Sob o Governo de Aung San Suu Kyi, o empresário ganhou um grande projecto de desenvolvimento que abrangeu a construção de casas, restaurantes, hospitais, zonas económicas, zonas portuárias e hoteleiras na região central de Mandalay, no Myanmar.

A líder civil deposta e Prémio Nobel da Paz está detida após o Exército ter derrubado o seu Governo em Fevereiro de 2021. Não foi vista nem autorizada a falar em público desde então.

A ex-governante está a ser julgada em sessões de audiência à porta fechada e os seus advogados não podem falar publicamente em seu nome ou sobre o seu julgamento por causa da imposição de uma ordem de silêncio.

Aung San Suu Kyi já foi condenada a 11 anos de prisão depois de ter sido condenada por importar e possuir ilegalmente ‘walkie-talkies’, violar as restrições da pandemia da covid-19, rebelião e outra acusação de corrupção.

Apoiantes da antiga Conselheira de Estado (equivalente a primeiro-ministro) do Myanmar e grupos de direitos humanos disseram que os caso contra Aung San Suu Kyi eram uma tentativa de desacreditá-la e legitimar a tomada do poder dos militares, eliminando a possibilidade de participar nas eleições de 2023.

Na semana passada, um tribunal de justiça birmanês condenou Aung San Suu Kyi a mais cinco anos de prisão num dos casos de corrupção que a líder destituída e Prémio Nobel da Paz enfrenta, informaram fontes próximas do caso.
Suu Kyi, detida desde as primeiras horas do golpe de Estado realizado em Myanmar em Fevereiro de 2021, é acusada neste processo de aceitar subornos no valor de 600 mil dólares e 11,4 quilos de ouro do antigo governador de Rangun, Phyo Min Thein, que testemunhou em Outubro contra a líder eleita.

4 Mai 2022

Alibaba | Suposta detenção de Jack Ma faz afundar as acções do grupo 

As acções do grupo chinês Alibaba registaram ontem uma queda de nove por cento na bolsa de valores de Hong Kong, uma consequência das notícias sobre a alegada detenção de Jack Ma, fundador do grupo. Mas um desmentido fez com que a empresa recuperasse

 

As acções do Alibaba sofreram ontem uma queda superior a nove por cento nos primeiros minutos da sessão da bolsa de Hong Kong, devido à suposta detenção do fundador do gigante do comércio electrónico chinês, Jack Ma.

Na manhã de ontem a televisão estatal chinesa CCTV anunciou “restrições de liberdade” impostas em Hangzhou – cidade do leste da China onde fica a sede do Alibaba – a um homem de apelido Ma, em 25 de Abril. O homem é acusado de “conluio com forças hostis anti-chinesas no exterior” e de “actividades que colocam em risco a segurança nacional, como incitar a secessão ou subverter o poder do Estado”.

A notícia levou a que as ações do Alibaba caíssem 9,4 por cento nos primeiros 15 minutos da sessão da bolsa de valores de Hong Kong. Uma queda que só terminou quando o jornal estatal chinês Global Times esclareceu que o suspeito trabalha como director de pesquisa e desenvolvimento de ‘hardware’ numa empresa de computadores. Depois do desmentido, as acções do Alibaba recuperaram e estavam a perder 0,69 por cento a duas horas do fecho da sessão.

Maior regulação

O gigante do comércio electrónico foi uma das empresas privadas mais afectada por uma campanha do Governo chinês para apertar a regulação no sector digital, que atingiu também a Didi, conhecida como o ‘Uber chinês’.

Em Outubro de 2020, Jack Ma fez um discurso altamente crítico da estratégia de Pequim de minimizar os riscos no sistema financeiro e dos bancos tradicionais, que, segundo ele, ainda são geridos como “lojas de penhores”.

O ainda accionista maioritário do Alibaba esteve depois três meses sem aparecer em público, período em que as autoridades chinesas cancelaram a oferta pública inicial do Ant Group, a tecnológica financeira do grupo.

Desde então, o Alibaba perdeu cerca de 65 por cento da capitalização de mercado, tendo ainda recebido uma multa recorde de 2,8 mil milhões de dólares por abusar da posição de mercado, no ano passado.

4 Mai 2022

MGM China | Receitas registam quebra de quase 10 por cento

Em tempos de covid-19, a tendência negativa no sector do jogo continua a fazer sentir-se e a concessionária MGM China apresentou uma redução de quase 50 por cento dos lucros ilíquidos

 

As receitas da concessionária MGM China registaram uma quebra de 8,9 por cento nos primeiros três meses deste ano, de acordo com os resultados apresentados ontem. Segundo os dados revelados, entre Janeiro e Março deste mês, as receitas foram de 2,10 mil milhões de dólares de Hong Kong, quando no período homólogo tinham sido de 2,30 mil milhões de dólares.

Ainda em relação ao primeiro trimestre deste ano, a concessionária declarou um EBITDA ajustado (lucros antes de juros impostos, depreciação e amortização) de 45,75 milhões de dólares de Hong Kong. O registo representa uma redução dos lucros ilíquidos em comparação com o primeiro trimestre do ano passado, quando o montante tinha sido de 84,36 milhões de dólares de Hong Kong.

Os números revelados ontem, mostram também que enquanto o hotel-casino MGM Macau contribui para o grupo com um EBITDA ajustado positivo de 153,25 milhões de dólares de Hong Kong, o cenário no Cotai é muito diferente com o empreendimento MGM Cotai a gerar um EBITDA ajustado negativo de 103,50 milhões de dólares.

Apesar das reduções das receitas, em comunicado, a empresa destacou a performance do hotel MGM Macau, que afirma ser “de longe” o melhor resultado no segmento de massas de qualquer hotel na Península. A companhia sublinhou ainda ter atingido uma quota de mercado de 13,3 por cento no trimestre passado, um aumento face à quota de 11,5 por cento do período homólogo.

Desafios no curto prazo

Os dados sobre a MGM China foram apresentados com os resultados da empresa-mãe MGM Resorts, que declarou perdas de 18 milhões de dólares americanos, nos primeiros três meses do ano. No entanto, os números da empresa-mãe mostram uma melhoria face ao período homólogo, quando as perdas tinham sido de 331,8 milhões de dólares americanos.

Na apresentação dos resultados, Bill Hornbuckle, CEO e presidente da MGM Resorts, afirmou que o grupo acredita que vai continuar a enfrentar alguns desafios em Macau. “Continuamos a ver alguns desafios a curto prazo relacionados com as políticas de saúde pública, que têm impacto na capacidade de os clientes entrarem em Macau”, reconheceu Hornbuckle. “Apesar disso, a nossa quota de mercado é de 13 por cento, está mais alta do que em qualquer outro momento da história, pelo que acreditamos que os nossos hotéis estão bem posicionados para receber os clientes do segmento premium de massas, quando regressarem”, acrescentou.

O responsável pela empresa voltou ainda a mostrar confiança na atribuição de uma nova licença de jogo à MGM China, no âmbito do novo concurso público, que ainda não tem nada marcada. “O processo de renovação das licenças está a decorrer, e estamos confiantes que o Governo vai conduzir um processo justo e equilibrado. Macau é uma parte importante do nosso futuro”, afirmou.

4 Mai 2022

Casinos | SJM com prejuízos de 1,28 mil milhões de dólares de HK

A Sociedade de Jogos de Macau (SJM) teve um prejuízo de 1,28 mil milhões de dólares de Hong Kong no primeiro trimestre do ano, anunciou ontem a empresa.

A operadora quase duplicou as perdas, em comparação com o mesmo período de 2021, apesar de as receitas do jogo terem caído apenas 2,6 por cento. A SJM já contabilizara um prejuízo de 4,1 milhões de dólares de Hong Kong em 2021 e de três mil milhões de dólares de Hong Kong em 2020.

Balanços que contrastam com os ganhos registados no ano pré-pandémico de 2019, quando a operadora apresentou lucros de 3,2 mil milhões de dólares de Hong Kong.

3 Mai 2022

“Alabardas”, de José Saramago, pode interpelar sobre conflito na Ucrânia

As ideias e disposição intelectual de José Saramago “mantêm uma vigorosa capacidade de interpelação e diálogo com o nosso tempo”, ao ponto de o romance “Alabardas” poder dialogar com a “abominável” guerra na Ucrânia, segundo o escritor Fernando Gómez Aguilera.

O ensaísta espanhol, director da Fundação César Manrique e especialista na obra de José Saramago, acaba de publicar o livro “José Saramago. El pájaro que pía posado en el rinoceronte” (“José Saramago. O pássaro que chilreia empoleirado no rinoceronte”), no âmbito da comemoração do centenário do nascimento do Prémio Nobel da Literatura, português.

Fernando Gómez Aguilera assinalou, em entrevista à Efe, que o estudo da obra literária de José Saramago mostra que “as suas ideias e a sua disposição intelectual mantêm uma vigorosa capacidade de questionamento e de diálogo com o nosso tempo”.

Neste sentido, cita o caso do romance inacabado “Alabardas, alabardas…” que, na sua opinião, “dialoga com a abominável guerra na Ucrânia promovida pela Rússia e a corrida aos armamentos em curso”. Além disso, “a sua grande convicção de que prioridade nenhuma está acima do ser humano é mais actual do que nunca”.

Um alerta sobre o sistema

Fernando Gómez Aguilera alude à capacidade de Saramago, como intelectual e contador de histórias, de “nos alertar para os desvios do sistema e questioná-lo”, algo que considera ocorrer tanto na sua literatura como no seu activismo público, enquanto cidadão e intelectual comprometido com o seu tempo, que “implantou uma vigilância crítica muito dinâmica, característica da sua personalidade, longe da indiferença e do isolamento estético”.

O poeta e ensaísta espanhol, que é também curador da Fundação José Saramago, foi um grande amigo do Prémio Nobel da Literatura e é um dos principais estudiosos da sua obra, tendo publicado os livros “José Saramago en sus palabras” (2010) e “José Saramago. La consistencia de los sueños” (2008 e 2010, edição ampliada), e uma cronobiografia com o mesmo nome da exposição de grande escala que comissariou sobre o escritor em 2008, que foi exibida em Lanzarote, Lisboa, Cidade do México e São Paulo.

De acordo com o autor, o título escolhido para “José Saramago. O pássaro que chilreia empoleirado no rinoceronte” vem de uma expressão do conhecido professor, filósofo, ensaísta e crítico literário franco-americano George Steiner, em referência a uma experiência que teve durante uma viagem a África numa reserva onde observou “aqueles preciosos passarinhos amarelos que se empoleiram no rinoceronte e chilreiam como loucos para avisar que o rinoceronte se está a aproximar”.

O livro, com prefácio de Pilar del Río, presidente da Fundação Saramago, foi publicado pela Editorial La Umbría y la Solana, Madrid, e inclui estudos literários dedicados à maioria dos livros de Saramago escritos em Lanzarote desde 1992, quando estabeleceu a sua residência nas Ilhas Canárias acompanhado pela sua mulher, Pilar del Río.

Também trata dos títulos publicados após a sua morte e, especificamente, das leituras interpretativas dos livros “Ensaio sobre a Cegueira”, “Cadernos de Lanzarote”, “Todos os Nomes”, “Ensaio sobre a Lucidez”, “As Intermitências da Morte”, “As Pequenas Memórias”, “A Viagem do Elefante”, “Caim”, “A Estátua e a Pedra”, “Claraboia”, “Alabardas” e “Último Caderno de Lanzarote: o diário do ano do Nobel”.

Segundo Fernando Gómez Aguilera, os livros abordados foram publicados durante o seu período de residência em Lanzarote ou surgiram após a sua morte, ou seja, no período entre 1992 e 2010, um período na vida de José Saramago “em que imprimiu um sinal diferente no seu estilo, influenciado talvez pela paisagem de Lanzarote e pelo novo tema que abordou, ligado aos conflitos dos seres humanos contemporâneos e à análise da realidade”.

3 Mai 2022

FRC | Colóquio celebra as “Cartas Portuguesas”, de Mariana Alcoforado

A Fundação Rui Cunha acolhe esta quinta-feira, a propósito da celebração do Dia Mundial da Língua Portuguesa, uma palestra de análise às “Cartas Portuguesas”, escritas por Mariana Alcoforado a um militar francês em 1664. Vários académicos, incluindo Leonor Diaz de Seabra, da Universidade de Macau, participam no evento

 

É já esta quinta-feira, às 18h30, que o romantismo e o amor no feminino serão analisados e debatidos na Fundação Rui Cunha (FRC). A palestra “Cartas Portuguesas: Amar no Feminino”, onde se explora o universo dos escritos de Mariana Alcoforado, uma freira do Convento de Beja, em Portugal. Esta enviou cartas, em 1664, a De Chamilly, um militar francês que lutou por Portugal na Guerra da Restauração. A FRC associa-se, assim, à Associação dos Amigos do Livro em Macau, ao Instituto Português do Oriente, Fundação Oriente e Consulado-geral de Portugal em Macau e Hong Kong para a realização desta iniciativa.

As “Cartas Portuguesas” são “um documento de um romantismo exacerbado, fruto de uma paixão e entrega absolutas que mereceu comentários de Stendhal e Rousseau”.

“Talvez por isso se tenha tornado numa obra – prima da literatura universal e consagrado como um testemunho de amor total. Apesar do seu classicismo, tem despertado grande interesse no campo das artes – teatro, cinema e opera”, acrescenta a FRC em nota de imprensa.

Esta será uma sessão híbrida, com participantes em formato presencial e zoom. Leonor Diaz de Seabra, da Universidade de Macau, estará presente a falar de “Mariana Alcoforado e a sua época”, enquanto que Shee Vá fala de “Carta a uma Alma Gémea”. Por sua vez, Lawrence Lei, também de forma presencial, abordará o tema “Um Sonho Perfumado”.

Via zoom, de Lisboa, estará presente Victor Correia a falar de “As Cartas Portuguesas – Amar em português e no feminino”. Do Brasil estará Luciana Barboza, a abordar o tema “Cartas portuguesas em cena – a emoção no palco”, bem como João Guilherme Ripper, que protagonizará a conversa “Procedimentos composicionais na ópera Cartas Portuguesas”.

Myriam Cyr participa do Canadá discutindo o tema “Letters of a Portuguese Nun – Uncovering the Mystery behind a 17th Century Forbidden Love” [Cartas de uma Freira Portuguesa – Descobrindo o mistério por detrás de um amor proibido do século XVII].

Devoção questionada

Soror Mariana Alcoforado nasceu na cidade alentejana de Beja, Portugal, no ano de 1640, tendo ingressado, com apenas 12 anos, no Convento de Nossa Senhora da Conceição. No entanto, a ideia de dedicar toda uma vida a Deus foi posta à prova quando esta conheceu o cavaleiro francês Noel Bouton, marquês de Chamilly, que estava em Portugal com as suas tropas, a propósito da Guerra da Restauração.

As “Cartas Portuguesas” são, assim, testemunho de um amor impossível entre uma freira e um militar, tendo sido publicadas, pela primeira vez, em 1669 pelo escritor Lavergne de Guilleraggues.

3 Mai 2022