Diplomacia | Wang Yi vai ao Reino Unido e Alemanha antes de reunião na ONU

O ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, deslocar-se-á ao Reino Unido, Irlanda, Alemanha e África do Sul, entre os dias 12 e 21 de Fevereiro, anunciou ontem o seu ministério. Wang vai também participar numa reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas em Nova Iorque, a 18 de Fevereiro, informou a mesma fonte, em comunicado.

Durante a sua estadia no Reino Unido, o chefe da diplomacia chinesa vai participar na décima ronda do Diálogo Estratégico China – Reino Unido, com o seu homólogo britânico, David Lammy. Em seguida, deslocar-se-á à Irlanda, onde se encontrará com o vice-primeiro-ministro e ministro dos Negócios Estrangeiros e do Comércio, Simon Harris.

Na Alemanha, Wang Yi vai participar na 61.ª Conferência de Segurança de Munique, onde intervirá num fórum dedicado à China, para apresentar a posição de Pequim sobre questões internacionais. A China assume a presidência rotativa do Conselho de Segurança das Nações Unidas em Fevereiro. Neste contexto, no dia 18, Wang vai a Nova Iorque para participar num debate aberto do órgão.

O país asiático, na qualidade de presidente rotativo do Conselho, também convidou o chefe da diplomacia norte-americana, Marco Rubio, para o evento, com quem Wang deve manter um encontro, num contexto de fricções comerciais entre as duas potências.

O ministro vai ainda participar na reunião entre os chefes da diplomacia dos países do G20, que se realizará a 20 e 21 de Fevereiro em Joanesburgo, a convite do seu homólogo sul-africano, Naledi Pandor.

11 Fev 2025

Casamentos | Número na China caiu para valor mais baixo desde 1980

A China registou 6,1 milhões de casamentos em 2024, o número mais baixo desde que se iniciaram os registos, em 1980, de acordo com dados divulgados ontem pelo Ministério dos Assuntos Civis. O número representa um novo declínio, após uma recuperação em 2023, depois de anos consecutivos de contracção, de acordo com o relatório estatístico do quarto trimestre de 2024, difundido pelo ministério.

Em 2023, foram registados 7,68 milhões de casamentos no país asiático, em comparação com 6,83 milhões em 2022, um número que já era um mínimo histórico.

Especialistas chineses explicaram que o pico de 2023 poderá dever-se a factores como a pandemia da covid-19, que levou a uma redução da interação pessoal entre homens e mulheres, resultando num efeito de adiamento das núpcias para depois do período pandémico.

De acordo com os especialistas, as razões para o declínio no número de registos de casamento desde 2014 incluem uma redução da população jovem, o desequilíbrio de género na China, com mais homens do que mulheres entre a população jovem, o adiamento da idade do casamento, os custos elevados para casar e uma mudança de atitudes em relação ao casamento.

No 20.º Congresso do Partido Comunista Chinês, em 2022, o partido no poder sublinhou que o país precisa de um sistema que “aumente as taxas de natalidade e reduza os custos da gravidez, do parto, da escolaridade e da educação dos filhos”. A China registou um declínio da população em 2022, 2023 e 2024, as primeiras contracções desde 1961.

11 Fev 2025

Ano Novo Lunar | Aumento dos gastos afastam deflação

O aumento do consumo durante as festividades do Ano Novo Chinês aliviou a pressão deflacionista. O índice de preços no consumidor subiu 0,5% em Janeiro

 

A inflação na China acelerou em Janeiro, pela primeira vez desde Agosto, devido ao forte aumento dos gastos das famílias, por altura dos feriados do Ano Novo Lunar, contrariando persistentes pressões deflacionistas.

O índice de preços no consumidor (IPC) subiu 0,5 por cento, em Janeiro, em relação ao período homólogo, informou no domingo o Gabinete Nacional de Estatística (NBS) do país asiático. Em Dezembro, a inflação fixou-se em 0,1 por cento.

O aumento temporário do consumo durante a pausa de oito dias mascarou brevemente a dimensão do desafio deflacionista que a segunda maior economia do mundo enfrenta. O preço dos serviços aumentou 0,9 por cento, representando mais de 50 por cento do aumento total do IPC, de acordo com o NBS.

A deflação nas fábricas da China prolongou-se pelo 28.º mês consecutivo, com um declínio de 2,3 por cento, mantendo-se estável, face à contracção do índice em Dezembro.

A data dos feriados do Ano Novo Lunar – entre 28 de Janeiro e 4 de Fevereiro pode ter distorcido a comparação homóloga. Este período festivo, que segue o calendário lunar, calha em períodos diferentes todos os anos. No ano passado foi celebrado na totalidade em Fevereiro.

Foco no interior

O consumo doméstico é cada vez mais crucial para a China, numa altura em que se intensifica a guerra comercial com os EUA. Os gastos das famílias chinesas poderiam compensar os efeitos do aumento das taxas alfandegárias impostas pelo novo Presidente norte-americano, Donald Trump, sobre bens oriundos do país asiático.

O Governo chinês avançou já com planos para aumentar a despesa pública e reduzir as taxas de juro. Com a riqueza das famílias sob pressão devido a uma prolongada crise no sector imobiliário, o aumento do consumo foi elevado a principal prioridade dos esforços económicos deste ano.

A persistência de pressões deflacionistas na China contrasta fortemente com outras grandes economias. O receio de Pequim é que um ciclo enraizado de descida dos preços possa refrear as despesas das famílias durante mais tempo e prejudicar de tal forma as receitas das empresas que asfixie o investimento e conduza a novos cortes salariais e despedimentos.

11 Fev 2025

Concerto | Burlado em 8.900 yuan na compra de bilhetes

Um homem foi burlado em 8.900 yuan quando tentava comprar, através da Internet, bilhetes para um concerto no Interior. O caso foi divulgado ontem pela Polícia Judiciária (PJ), que recebeu a queixa.

De acordo com os contornos apresentados pela PJ, a vítima foi adicionada na plataforma WeChat, em Maio do ano passado, por um contacto que não conhecia.

No entanto, verificou que esse contacto vendia bilhetes para diferentes concertos no mercado negro. Assim, em Junho do ano passado, o homem decidiu comprar dois bilhetes para um concerto, fazendo um pagamento de 8.900 yuan. O concerto estava previsto para Julho, mas acabou adiado para Janeiro deste ano.
Face ao agendamento, o homem voltou a contactar o alegado vendedor, que lhe garantiu que lhe enviaria os novos bilhetes a tempo do novo espectáculo. Contudo, tal nunca aconteceu, e a vítima acabou por apresentar queixa junto das autoridades de Macau.

11 Fev 2025

FDCT | lançado programa de financiamento com países lusófonos

O Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia (FDCT) de Macau lançou este ano um novo programa para financiar investigação científica e tecnológica com o exterior, incluindo países lusófonos. “O financiamento está disponível para projectos de investigação em cooperação com qualquer país de língua portuguesa; não é dada preferência a nenhum país em particular”, explicou o FDCT à Lusa.

Cada um dos projectos aprovados no âmbito do Programa de Financiamento para Cooperação Externa em Ciência e Tecnologia poderá receber até cinco milhões de patacas, acrescentou o fundo. “Tendo em conta que este é o ano inaugural deste programa, o número exacto de projectos a financiar será decidido com base na qualidade e quantidade de candidaturas recebidas”, sublinhou o FDCT.

O fundo organizou a 20 de Janeiro uma sessão de esclarecimento sobre este e outros programas de financiamento de projectos, que contou com cerca de 300 representantes de instituições de ensino superior, associações científicas e empresas tecnológicas de Macau.

No entanto, de acordo com o portal do FDCT na Internet, ainda não há data para a abertura das candidaturas para o Programa de Financiamento para Cooperação Externa em Ciência e Tecnologia. Ainda assim, o fundo referiu que as candidaturas ao novo programa estarão abertas durante um máximo de dois meses. “Para incentivar mais colaborações, não haverá áreas prioritárias específicas em termos de tecnologia”, acrescentou o FDCT.

“Qualquer projecto que possa ajudar a melhorar as capacidades de investigação de Macau e que cumpra os critérios de elegibilidade terá a hipótese de receber financiamento”, referiu o fundo.

11 Fev 2025

AL | Chan Iek Lap admite deixar hemiciclo

Eleito pela via indirecta, o deputado Chan Iek Lap admitiu ontem aos jornalistas que está a cumprir aquele que será o seu último mandato no hemiciclo. O médico entrou no hemiciclo pela primeira vez em 2013, mantendo-se até este ano.

Aos jornalistas, o médico de 68 anos explicou que com o final do mandato, vai dedicar mais tempo para as suas actividades. Em 2021, na última vez que foi eleito pela via indirecta, Chan Iek Lap integrou, no terceiro lugar, a lista “União dos Interesses Profissionais de Macau”, que contava também com os deputados e empresários Chui Sai Cheong e Vong Hin Fai.

Eleições | Wong Kit Cheng quer mais mulheres na AL

Wong Kit Cheng espera que a composição da próxima legislatura traga mais deputadas para a Assembleia Legislativa para defender os direitos das mulheres e trabalhar para o desenvolvimento da RAEM, chamando para a discussão política mais jovens e mulheres.

A deputada que representa a Associação Geral das Mulheres de Macau, em conjunto com o deputado Ma Io Fong, voltou a referir a baixa taxa de natalidade como um problema a resolver, nomeadamente através do aumento da licença de maternidade e do subsídio de nascimento. Porém, para alterar a licença de maternidade será preciso mexer na lei das relações de trabalho, rumo que a deputada lamenta não conhece avanços, nem sequer ao nível de consultas públicas.

11 Fev 2025

Imprensa | Kou Hoi In não prestou declarações no almoço da AL

Enquanto presidente da Assembleia Legislativa, Kou Hoi In rompeu com a tradição do almoço com os órgãos de comunicação social de responder às perguntas dos jornalistas. Ontem, o também empresário voltou a manter a postura adoptada, e apesar de ter feito o tradicional discurso não se mostrou disponível para ser questionado.

Esta é uma postura que contrasta em muito com a adoptada por Ho Iat Seng, enquanto presidente da Assembleia Legislativa, que chegava a reservar quase meia hora para responder às questões levantadas pelos órgãos de comunicação social.

All About Macau | Jornal barrado à entrada

À imagem da postura adoptada pela Administração Pública e órgãos do Executivo, o jornal em língua chinesa All About Macau voltou a ser impedido de participar nos eventos para os órgãos de comunicação social, desta feita pela Assembleia Legislativa. De acordo com o relato feito pela publicação, ao contrário do que aconteceu nos anos anteriores, a publicação não foi convidada para o evento, apesar de ter realizado pelo menos dois contactos junto dos organizadores. Ontem, durante o evento, os jornalistas pediram acesso à sala, mas foi-lhes dito que não havia lugares disponíveis.

Contudo, no interior havia pelo menos 30 lugares por ocupar. Tal como aconteceu em outros eventos oficiais, as autoridades impedem o acesso dos jornalistas do All About Macau alegando que são um órgão de comunicação social mensal, ao mesmo tempo que permitem o acesso de outros órgãos de comunicação social, em línguas que não as oficiais, com a mesma periodicidade. Kou Hoi In foi abordado sobre o assunto à saída do evento, mas ficou em silêncio, ao mesmo tempo que acelerou o passo para deixar o local.

11 Fev 2025

OMC | Hong Kong apresenta queixa contra tarifas dos EUA

Hong Kong vai apresentar queixa na Organização Mundial do Comércio (OMC) face à imposição de novas tarifas por parte dos Estados Unidos aos produtos e serviços daquela região semiautónoma chinesa.

“As medidas dos EUA são absolutamente inconsistentes com as regras relevantes da OMC e ignoram o nosso estatuto de território aduaneiro separado”, disse, num comunicado, um porta-voz do Governo de Hong Kong. O executivo do território “irá iniciar formalmente procedimentos de acordo com o Mecanismo de Resolução de Litígios da OMC contra as medidas irracionais dos EUA para defender os nossos direitos legítimos”, acrescentou.

Na passada quinta-feira, o secretário para o Comércio e Desenvolvimento Económico de Hong Kong, Algernon Yau Ying-wah, já tinha dito que a cidade estava a considerar recorrer à OMC. Algernon Yau condenou num programa de rádio a imposição de uma tarifa adicional de 10 por cento sobre as importações do território, classificando a medida de irracional.

“É um desrespeito pelo estatuto da região enquanto membro da OMC e território aduaneiro autónomo”, afirmou. “Washington cometeu um erro significativo ao impor estas tarifas”, advertiu, instando a Casa Branca a “abordar a decisão com prudência”. O secretário referiu que, durante a última década, os Estados Unidos registaram um excedente comercial de mais de 270 mil milhões de dólares com Hong Kong, sublinhando os benefícios do comércio bilateral.

Além disso, referiu que as exportações da antiga colónia britânica para o país representam apenas 0,1 por cento do total, o que sugere um impacto limitado dos novos direitos aduaneiros. Yau notou que, nos últimos anos, Hong Kong diversificou os seus mercados, como Médio Oriente, Sudeste Asiático e Europa Central, para mitigar “as repercussões da geopolítica”, permitindo que as empresas locais ajustem as estratégias de exportação.

10 Fev 2025

Hamas | Cinco reféns tailandeses libertados regressam a casa

Cinco reféns tailandeses libertados pelo Hamas chegaram ontem a Banguecoque, 16 meses depois de terem sido raptados pelo grupo islamita palestiniano em Israel, noticiaram agências internacionais. Os trabalhadores agrícolas foram libertados no dia 30 de Janeiro, no âmbito da primeira fase do cessar-fogo entre Israel e o Hamas, um acordo que tem como objectivo final pôr termo à guerra desencadeada a 7 de Outubro de 2023 pelo ataque do Hamas em solo israelita.

Watchara Sriaoun, Pongsak Tanna, Sathan Suwannakham, Surasak Lamnau e Bannawat Saethao aterraram no aeroporto Suvarnabhumi de Banguecoque às 07:30 locais, de acordo a agência de notícias France-Presse. O grupo foi recebido por familiares e pelo ministro dos Negócios Estrangeiros tailandês, Maris Sangiampongsa, escreveu a agência de notícias Efe.

Em declarações à imprensa, Sangiampongsa disse que os cinco estão em boas condições físicas, embora continuem a ser avaliados. “A saúde mental é a próxima questão importante”, sublinhou o responsável, deixando um agradecimento aos países que contribuíram para o cessar-fogo em Gaza.

Somboon Saethao, pai de Bannawat Saethao, disse estar “muito feliz” por se poder reencontrar com o filho, a quem vai dedicar uma cerimónia tradicional tailandesa. “Acho que não quero que ele volte a estar longe de casa”, acrescentou. A 7 de Outubro de 2023, o Hamas raptou 31 tailandeses, 23 dos quais foram libertados antes do final desse ano e dois declarados mortos em Maio de 2024. Acredita-se que um último refém da Tailândia, detido em Gaza, ainda esteja vivo.

10 Fev 2025

Gaza | Egipto organiza cimeira árabe urgente

O Egipto vai organizar uma “cimeira árabe de emergência” a 27 de Fevereiro, para debater “os últimos desenvolvimentos graves” na questão palestiniana com o plano norte-americano para controlar Gaza, anunciou ontem o governo egípcio.

A cimeira ocorre numa altura em que o Cairo reuniu apoio regional contra o plano do Presidente Donald Trump de transferir os habitantes de Gaza para o Egipto e Jordânia, e colocar o território palestiniano sob controlo dos Estados Unidos. O anúncio da cimeira coincidiu com a partida do ministro dos Negócios Estrangeiros do Egipto, Badr Abdelatty, para Washington, onde deverá encontrar-se com altos funcionários da administração Trump e membros do Congresso.

O objectivo da visita é “reforçar as relações bilaterais e a parceria estratégica entre o Egipto e os Estados Unidos” e realizar “consultas sobre a situação regional”, segundo o ministério, citado pela agência francesa AFP. Trump lançou na semana passada a ideia de os Estados Unidos reconstruírem a Faixa de Gaza, devastada por 15 meses de bombardeamentos israelitas, e fazerem do território uma “Riviera do Médio Oriente”.

O plano, aplaudido pelo Governo de Israel, implicaria a deslocação dos mais de dois milhões de habitantes da Faixa de Gaza para o Egipto e a Jordânia. A proposta de Trump suscitou um coro de protestos em todo o mundo, particularmente dos países árabes, que insistiram na necessidade de uma solução de dois Estados, israelita e palestiniano, para resolver o conflito israelo-palestiniano.

Planos rejeitados

A diplomacia egípcia disse que a cimeira foi convocada a pedido dos palestinianos após consultas “ao mais alto nível com os países árabes nos últimos dias”. Os contactos foram estabelecidos em particular com o Bahrein, que detém actualmente a presidência da Liga Árabe, acrescentou o ministério.

O chefe da diplomacia egípcia tinha mantido conversações na sexta-feira com os parceiros da Jordânia, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos para adoptar uma posição unida, rejeitando qualquer deslocação forçada de palestinianos. A guerra entre Israel e o Hamas foi desencadeada por um ataque do grupo extremista palestiniano em solo israelita a 7 de Outubro de 2023. O conflito foi interrompido por um acordo de cessar-fogo que entrou em vigor a 19 de Janeiro, que prevê a troca de reféns israelitas por prisioneiros palestinianos.

10 Fev 2025

Sichuan | Equipas de socorro procuram desaparecidos em deslizamento de terras

Equipas de salvamento chinesas estiveram no sábado à procura de cerca de 30 pessoas na província de Sichuan, no sudoeste do país, depois de um deslizamento de terras ter soterrado 10 casas. O Ministério da Gestão de Emergências enviou centenas de equipas de salvamento, incluindo bombeiros, na sequência do deslizamento de terras numa aldeia do condado de Junlian.

Duas pessoas foram retiradas com vida e cerca de 200 foram realojadas, informou a televisão estatal CCTV, citada pela agência norte-americana AP. Um habitante da aldeia disse ao jornal Beijing News que, desde o segundo semestre de 2024, se viam frequentemente pedras a rolar montanha abaixo.

O aldeão disse que os geólogos inspeccionaram a área no final de 2024, informou o jornal do Partido Comunista Chinês. O Presidente Xi Jinping instruiu as autoridades para envidarem todos os esforços para procurar as pessoas desaparecidas e minimizar o número de vítimas, informou a agência noticiosa oficial Xinhua.

O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, pediu uma investigação e inspecção dos potenciais riscos geológicos nas áreas próximas. Li também disse que os residentes que estavam sob ameaça deveriam ser retirados do local para evitar outro desastre, segundo a Xinhua. A Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma atribuiu 50 milhões de yuans do orçamento central para apoiar a restauração de emergência de infra-estruturas e instalações de serviços públicos.

10 Fev 2025

Aero Dili começa ano com rota que vai ligar capital timorense a Xiamen

A companhia aérea timorense Aero Dili inaugura na próxima sexta-feira a rota aérea de ligação da capital de Timor-Leste à cidade chinesa de Xiamen, disse ontem Lourenço de Oliveira, director executivo daquela empresa privada. Em declarações à Lusa, na sede da empresa em Díli, Lourenço de Oliveira explicou que decidiu abrir a rota porque esta “representa um grande mercado”, tendo em conta os milhares de chineses que vivem no território timorense.

Mas, salientou, também porque quando começou há dois anos a voar para Bali, na Indonésia, e depois para Singapura, a comunidade chinesa lhe pediu para fazer uma rota directa. “O processo não foi fácil”, disse o empresário timorense, mas o dia 14 de Fevereiro marca o início do voo para Xiamen, cidade da província de Fujian, no sul da China.

A ligação entre as duas cidades demora cerca de 05:20 horas e a viagem de ida e volta vai custar cerca de 1.060 dólares. Questionado pela Lusa sobre se a expansão da empresa inclui ligações aéreas para a Austrália, Lourenço de Oliveira disse que já está a “submeter os documentos”.

“Se aprovarem, tenho planos para fazer a rota Díli/Darwin e Díli/Melbourne”, afirmou. Lourenço de Oliveira disse também que o futuro da companhia é de sucesso, principalmente se Timor-Leste for admitido como membro pleno na Associação das Nações do Sudeste Asiático, processo que as autoridades esperam concluir ainda no decorrer deste ano.

Condições limitadas

Criada em 2023, a Aero Dili fez o seu voo inaugural para Denpasar, Bali, em Março do mesmo ano, e actualmente voa todos os dias para a capital daquela ilha indonésia. No ano passado iniciou a ligação a Singapura com um voo semanal e também tem várias ligações semanais a Oecussi, enclave timorense situado no lado indonésio da ilha.

O único apoio financeiro que a Aero Dili recebe do Governo timorense é uma compensação de 50.000 dólares mensais para voar para Oecussi. “Ainda assim, tenho de dar também um subsídio de 7.500 dólares” para manter os preços dos bilhetes acessíveis, disse Lourenço de Oliveira. Questionado pela Lusa sobre se já pediu um aumento da compensação ao Governo, Lourenço de Oliveira explicou que nunca pediu, mas salientou a rota para a Oecussi está a correr “muito bem”.

“Mas de qualquer maneira é bom e tem um bom aeroporto, podia era ser em Díli. Se eu pudesse mudar o aeroporto”, disse, salientando que as obras no aeroporto internacional Nicolau Lobato são “muito importantes”, principalmente o aumento da pista, que é pequena. O director executivo da Aero Dili explicou que fica com as operações condicionadas, porque não pode utilizar aviões maiores. A Aero Dili tem dois aviões, o segundo tem chegada prevista em Março.

“Estou a precisar de um outro avião para cumprir os critérios”, disse o empresário, salientando que para Singapura está prevista a realização de dois voos semanais e que aguarda a assinatura de um acordo aéreo entre Timor-Leste e a Tailândia para começar também a voar para aquele país.

O empresário timorense afirmou que decidiu formar a Aero Dili, porque passados mais de 20 anos o país não tinha uma empresa aérea de bandeira nacional, apesar de antes operar as ligações aéreas entre a capital timorense e Bali com voos ‘charter’. “Comecei a formar recursos humanos e agora já temos 22 duas aeromoças, três pilotos, mais três por causa da Airbus, que estão agora também a pilotar, e formei o pessoal do Governo na Aviação Civil, porque se não temos inspector, não podemos colaborar”, disse Lourenço de Oliveira.

10 Fev 2025

Panamá | Pequim apresenta protesto por saída da Iniciativa Faixa e Rota

A pressão da administração Trump obrigou o governo do Panamá a abandonar o projecto chinês de infra-estruturas globais. Pequim diz “lamentar profundamente” a decisão

 

A China apresentou um protesto formal ao embaixador do Panamá no país asiático, Miguel Lecaro Bárcenas, pela decisão panamiana de não renovar a cooperação com Pequim no projecto de infra-estruturas Faixa e Rota, declararam no sábado as autoridades chinesas. O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Zhao Zhiyuan, disse a Lecaro Bárcenas, na sexta-feira, que Pequim “lamenta profundamente” a decisão da nação centro-americana, de acordo com uma declaração divulgada no portal do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.

No âmbito da Iniciativa Faixa e Rota, observou o responsável, “a cooperação prática entre a China e o Panamá em vários domínios desenvolveu-se rapidamente, alcançou uma série de resultados frutíferos e trouxe benefícios tangíveis para a nação e o povo panamianos”.

“Retroceder (…) vai contra as expectativas dos povos chinês e panamiano e não favorece os interesses vitais do Panamá”, disse Zhao. O dirigente enfatizou que a China “respeita a soberania e a integridade territorial do Panamá e defende que todos os países, grandes ou pequenos, sejam iguais, se respeitem mutuamente e cumpram as suas promessas”.

“A China opõe-se firmemente aos esforços dos Estados Unidos para minar deliberadamente as relações entre a China e o Panamá”, acrescentou Zhao, manifestando esperança de que “o Panamá tome a decisão correcta com base na situação geral das relações bilaterais e nos interesses a longo prazo dos dois povos, eliminando a interferência externa”. Miguel Lecaro Bárcenas afirmou, por sua vez, que o Panamá “atribui grande importância às relações com a China”, ainda de acordo com a nota da diplomacia chinesa.

Pressão exterior

O Presidente do Panamá, José Raul Mulino, anunciou oficialmente a retirada do país da Iniciativa Faixa e Rota na passada quinta-feira. O anúncio foi feito pouco depois da visita ao país da América Central do chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Marco Rubio.

Mulino disse que a embaixada do Panamá em Pequim “apresentou o documento” para “anunciar a retirada com um pré-aviso de 90 dias”, tal como acordado entre as partes. Marco Rubio descreveu a decisão do Panamá como um “passo importante” para o reforço das relações com Washington. Em causa, estão as preocupações norte-americanas com a influência da China sobre o Canal do Panamá.

As empresas de Hong Kong Landbridge Group e a CK Hutchison Holdings operam actualmente portos em ambas as extremidades do canal. Esta presença suscita preocupações quanto à possibilidade de dupla utilização civil e militar e manobras estratégicas, face à presença cada vez mais profunda do país asiático na América Latina.

A Iniciativa Faixa e Rota inclui a construção de portos, linhas ferroviárias ou auto-estradas, criando novas rotas comerciais entre o leste da Ásia e Europa, África ou América Latina. Designado pelo Presidente chinês, Xi Jinping, como o “projecto do século”, em 2013, a iniciativa foi inicialmente apresentada no Cazaquistão como um novo corredor económico para a Eurásia, inspirado na antiga Rota da Seda.

O projecto tornou-se, entretanto, no principal programa da política externa de Xi. Na última década, mais de 150 países em todo o mundo aderiram à Faixa e Rota.

10 Fev 2025

Turismo | Despesa per capita de visitantes caiu 14,6% em 2024

Ao longo do ano passado, a despesa per capita dos visitantes foi de 2.157 patacas, menos 14,6 por cento, em relação a 2023, revelou na sexta-feira a Direcção dos Serviços de Estatística e Censos. Se analisarmos a diferença entre turistas e excursionistas, as despesas per capita caíram 8,2 e 12,7 por cento, para 3.884 e 691 patacas, respectivamente.

Porém, face ao aumento de anual de entradas de visitantes em Macau em 2024 (23,8 por cento), a despesa total fora do jogo cresceu 5,8 por cento para cerca de 75,4 mil milhões de patacas.

A DSEC indica que os visitantes fizeram despesas principalmente em compras (45,4 por cento), alojamento (25,5 por cento) e em alimentação (20,9 por cento). Os visitantes que gastaram mais per capital vieram a Macau assistir a espectáculos e competições (5.076 patacas) e convenções e exposições (4.323 patacas).

Quanto aos padrões de consumo consoante a origem dos turistas, destaque para a quebra das despesas per capita dos visitantes do Interior da China, que caíram 18,1 por cento em relação a 2023, de Hong Kong (que uma diminuição de 13 por cento), da Coreia do Sul e da Tailândia, com quebras de 33,8 e 22,7 por cento, respectivamente. A única excepção assinalada pela DSEC foi a despesa per capita dos visitantes de Singapura (2.834 patacas) que cresceu 6,6 por cento.

10 Fev 2025

Eléctricos | Joe Chan diz ser impossível atingir metas do Interior

Apesar de no ano passado 31,4 por cento dos novos veículos registados no território serem eléctricos, o presidente da Macau Green Student Union não acredita que a renovação do parque automóvel em Macau consiga atingir os objectivos propostos pelo Interior

 

O ambientalista Joe Chan Chon Meng disse à Lusa que é “absolutamente impossível” Macau atingir a meta para os veículos eléctricos na China continental, de 45 por cento das novas vendas até 2027. No início de Janeiro, o Governo chinês divulgou uma lista de objectivos ambientais, que inclui uma revisão em alta da anterior meta para os veículos eléctricos, que era de 20 por cento até 2025.

Na segunda metade do ano passado, os eléctricos representaram mais de metade das vendas de novos veículos, segundo dados da Associação de Automóveis de Passageiros da China. Em Macau, 31,4 por cento dos novos veículos registados em 2024 eram eléctricos, de acordo com dados oficiais. Mas o presidente da Macau Green Student Union sublinhou que os veículos movidos a combustíveis fósseis “continuam a representar uma grande proporção” do parque automóvel do território.

No final de Dezembro, Macau tinha um total de 253.182 veículos, dos quais 12.302 veículos (4,8 por cento) eram eléctricos existentes, de acordo com a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT). Ainda assim, Joe Chan sublinhou que, nos últimos anos, o governo implementou várias medidas para promover o transporte menos poluente, incluindo a criação de mais espaços de carregamento para veículos eléctricos.

Mais atrás

No final de 2023, Macau dispunha de 2.100 lugares de carregamento eléctricos para automóveis ligeiros e 500 para motociclos, indicou a Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) no seu portal.

As autoridades lançaram em 2023 um plano de apoio financeiro ao abate de motociclos obsoletos e substituição por motociclos eléctricos novos, no valor máximo de oito mil patacas. De acordo com a DSAT, em 2024 Macau tinha 128.542 motociclos, sendo que apenas 3,5 por cento eram eléctricos, um aumento de 1,4 pontos percentuais em relação ao ano anterior.

Joe Chan sugeriu que as autoridades comecem por restringir os veículos pesados de mercadorias, nomeadamente os usados na construção civil, e os transportes públicos, “uma vez que Zhuhai [a cidade vizinha a Macau] e as zonas limítrofes utilizam gás natural e electricidade”. Na quarta-feira, responsáveis da DSAT disseram ao canal chinês da Rádio Macau que existem 929 autocarros de nova energia em operação, representando mais de 92 por cento do total, enquanto a proporção de autocarros mais poluentes desceu para cerca de 3 por cento.

Quanto aos táxis, existem 210 unicamente eléctricos em circulação, representando cerca de 11,9 por cento do número total, enquanto os táxis híbridos representam cerca de 86,2 por cento do total. “No entanto, no que se refere aos veículos altamente poluentes, como os camiões e os motociclos pesados, as autoridades ainda não definiram um calendário e um prazo muito claros para a sua eliminação progressiva, pelo que a poluição [que causam] é elevada”, lamentou o ambientalista.

10 Fev 2025

Habitação | Média de preços caiu 11,7% em 2024

Em 2024, o índice médio global de preços da habitação desceu 11,7 por cento, face a 2023, segundo dados divulgados na sexta-feira pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). As quebras nos índices de preços foram mais acentuadas para habitações já construídas (-11,3 por cento) do que para edifícios em construção (-6,1 por cento).

Em termos trimestrais, entre Outubro e Dezembro, o índice global de preços da habitação no último trimestre do ano passado cresceu 0,1 por cento, face Setembro a Novembro do ano passado. Refira-se que o índice de preços de habitações da península de Macau subiu 0,2 por cento e na Taipa e Coloane foi idêntico ao do período precedente.

Entre Outubro e Dezembro, o índice de preços de habitações do escalão igual ou superior a 100 metros quadrados de área útil ascendeu 3,1 por cento, em relação ao período anterior, contudo, no escalão dos 75 aos 99,9 metros quadrados e inferior a 50 metros quadrado houve descidas de 3,9 e 1 por cento, respectivamente.

10 Fev 2025

Gripe | Mais de 5.400 tomaram vacina no fim-de-semana

No sábado e domingo, mais de 5.400 residentes receberam a vacina contra a gripe, 60 por cento dos quais não fizeram marcação, informaram ontem os Serviços de Saúde. No total, nove centros de saúde e um posto de saúde, disponibilizaram vacinas à população.

Os residentes não pagam as vacinas, enquanto os não-residentes têm de pagar para ser inoculados no Hospital Kiang Wu e no Hospital da MUST. No fim da semana passado, duas residentes faleceram na sequência de complicações depois de infectadas com gripe A.

10 Fev 2025

Lusofonia | Exportações para a China caíram 5,3% em 2024

As exportações dos países de língua portuguesa para a China caíram 5,3 por cento em 2024, para 139,7 mil milhões de dólares, de acordo com dados oficiais. Segundo informação do Serviços de Alfândega da China, a descida deveu-se sobretudo ao maior fornecedor lusófono do mercado chinês, o Brasil, cujas vendas caíram 5,2 por cento para 116,1 mil milhões de dólares.

Além disso, também o segundo maior parceiro comercial chinês no bloco lusófono, Angola, viu as exportações decrescerem 6,7 por cento para 17,6 mil milhões de dólares em 2024.

Pelo contrário, as vendas de mercadorias de Portugal para a China aumentaram 8,9 por cento para 3,17 mil milhões de dólares, enquanto as exportações de Moçambique subiram 1 por cento para 1,81 mil milhões de dólares. Já as exportações da Guiné Equatorial para o mercado chinês desceram 28 por cento, para 981,7 milhões de dólares, enquanto as vendas de Timor-Leste (menos 98,8 por cento), Cabo Verde (menos 80,9 por cento) e São Tomé e Príncipe (menos 74,8 por cento) também caíram em comparação com 2023.

As exportações da Guiné-Bissau para a China caíram 43,4 por cento em 2024, embora o país não tenha vendido mais de mil dólares em mercadorias. Na direcção oposta, as exportações chinesas para os países de língua portuguesa aumentaram 16,5 por cento no ano passado e atingiram um novo recorde, 85,5 mil milhões de dólares.

Os dados revelam que o Brasil foi o maior comprador no bloco lusófono, com importações vindas da China a atingirem 72,1 mil milhões de dólares, uma subida de 21,9 por cento em termos anuais. Em segundo na lista vem Portugal, que comprou à China mercadorias no valor de 6,11 mil milhões de dólares, mais 5,5 por cento do que em 2023.

10 Fev 2025

Desporto | Sam Hou Fai visitou selecção de hóquei no gelo

O Chefe do Executivo, Sam Hou Fai, esteve em Harbin, na província de Heilongjiang, onde decorrem os Jogos Asiáticos de Inverno, e encontrou-se com a equipa de hóquei no gelo, os únicos participantes de Macau no evento. Nos primeiros dois jogos do torneio a equipa de Macau perdeu por 26-1 contra a selecção de Hong Kong e por 26-0 contra o Turquemenistão. No entanto, ontem a selecção de Macau teve um jogo mais equilibrado, mas perdeu por 4-2, diante da Índia.

De acordo com uma nota de imprensa do Gabinete de Comunicação Social, depois de aterrar em Harbin, Sam Hou Fai deslocou-se à arena de hóquei e “deixou o seu incentivo aos atletas para envidarem todos os esforços a fim de demonstrar a sua capacidade, e tirar proveito das competições, reforçando o intercâmbio com atletas de outros países e regiões, e assim contribuírem igualmente para a promoção de Macau”.

Ainda nesse encontro, o presidente do Comité Olímpico e Desportivo de Macau e deputado da Assembleia Legislativa, Chan Chak Mo, e o chefe da delegação, Pun Weng Kun, coordenador do gabinete de preparação dos futuros Jogos Nacionais, fizeram uma apresentação sobre a situação da equipa, a preparação dos atletas e o desempenho no evento.

10 Fev 2025

Lusofonia | Sam Hou Fai quer ajudar a promover Heilongjiang

O Chefe do Executivo afirmou estar disponível para promover a província de Heilongjiang entre os países de língua portuguesa. As declarações foram prestadas por Sam Hou Fai durante uma visita a Heilongjiang, para participar na cerimónia de abertura dos Jogos Asiáticos de Inverno, que estão a decorrer na cidade de Harbin, onde foi recebido pelo secretário do comité provincial de Heilongjiang do Partido Comunista Chinês, Xu Qiz.

De acordo com o comunicado oficial de Macau, no encontro, Sam Hou Fai “destacou a grandiosidade da cerimónia de abertura” dos Jogos Asiáticos de Inverno, que considerou terem demonstrado ao mundo, “uma vez mais”, “a capacidade de organização” da China a nível de grandes eventos desportivos internacionais.

O Chefe do Executivo também indicou que o Governo da RAEM está determinado em aproveitar o “papel de plataforma entre a China e os países de língua portuguesa para ajudar a província de Heilongjiang a reforçar a cooperação com os países lusófonos, a fim de servir da melhor forma o desenvolvimento nacional”. Sam Hou Fai deixou ainda o desejo que Macau e Heilongjiang “reforcem ainda mais a colaboração nas áreas de educação, turismo, formação desportiva e indústria de medicina tradicional chinesa, com a finalidade de criar um espaço mais amplo de cooperação”.

10 Fev 2025

Fotografia | Religião e crenças são tema de novo concurso

Arranca hoje a sexta edição do concurso de fotografia promovido pela Somos – Associação de Comunicação em Língua Portuguesa, e que desta vez tem como tema principal as religiões e crenças que existem no mundo de falantes de português. “O Homem e o Divino” é o tema que os fotógrafos candidatos devem seguir em nome de uma “maior compreensão de diferentes ideologias”

Imagem de António Mil-Homens 

 

A sexta edição do concurso fotográfico da associação de Macau Somos! – Associação de Comunicação de Língua Portuguesa (ACLP) quer contribuir para uma “maior compreensão das diferentes ideologias e credos” entre as regiões onde se fala português, disse à Lusa a organização.

“A questão da compreensão está intimamente relacionada com o desconhecimento que persiste entre as diversas ideologias e credos nos países e regiões da Lusofonia. Através da fotografia, pretendemos explorar essa diversidade cultural e religiosa”, indicou a presidente da Somos! – ACLP, Marta Pereira. Sob o tema “O Homem e o Divino”, o concurso, que arranca hoje e decorre até 10 de Março, quer “promover o diálogo coexistente entre religiões ou crenças tradicionais locais”, notou.

“As imagens devem capturar a essência da devoção, da contemplação e da profunda conexão entre a humanidade e o divino ou o transcendente”, referiu a responsável, acrescentando que “é fundamental” que os trabalhos “permitam uma contextualização histórica, refletindo as diversas influências culturais e religiosas que moldam as experiências espirituais nas diferentes regiões”.

Marta Pereira lembrou que, em Macau, “a ‘religião’ mais praticada é o budismo, frequentemente associado a elementos de outras crenças e filosofias tradicionais chinesas, como o confucionismo e o taoismo”. Também há uma forte presença do “cristianismo, trazido para Macau por missionários católicos e protestantes”.

“Se olharmos para o Brasil, o candomblé, uma religião de origem africana, baseia-se na adoração da natureza e da sua alma, sendo, por isso, considerada anímica. Em Timor-Leste, a população ainda se mantém enraizada no culto dos antepassados e na crença em espíritos”, exemplificou.

A quem se destina

O concurso, define o regulamento, destina-se “a todos os cidadãos dos países e regiões da Lusofonia ou residentes de Macau” com trabalhos realizados em Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Macau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste e Goa, Damão e Diu.

A avaliação das obras candidatas cabe a um júri presidido pelo fotojornalista português radicado em Macau Gonçalo Lobo Pinheiro e que conta ainda com António Leong (Macau), Samba M. Baldé (Guiné-Bissau) e José Sena Goulão, Reinaldo Rodrigues e Alexandre Coelho Lima (Portugal).

Às três imagens vencedoras vão ser atribuídos prémios no valor de dez mil patacas, sete mil patacas e cinco mil patacas, podendo ainda ser conferidas menções honrosas. Além do prémio pecuniário, o primeiro lugar vai ser contemplado com a viagem e estadia em Macau – caso não resida no território -, para participar na cerimónia de inauguração da habitual exposição da Somos – ACLP, a ser organizada ainda este ano, e em ‘workshops’ organizados localmente.

Além das imagens vencedoras, completam a exposição outras fotografias selecionadas pelo júri “pela sua relevância ou valor” para o tema do concurso e para “o propósito da associação de projetar a dimensão cultural da Lusofonia, assim como o papel de Macau enquanto plataforma que une a China e os países/regiões de língua portuguesa”, lê-se num comunicado da associação.

9 Fev 2025

“Ainda estou aqui” destacado nos Prémios Goya

“Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles, venceu este sábado a categoria de melhor filme ibero-americano nos Prémios Goya, numa cerimónia que atribuiu a “Emília Perez”, obra de Jacques Audiard envolta em polémica, o título de melhor filme europeu.

Trata-se da primeira vez que uma longa-metragem brasileira é reconhecida nos Goya, e o realizador Walter Salles, através de uma mensagem lida pelo músico uruguaio Jorge Drexler, manifestou gratidão por este prémio “muito especial”. Lembrou, além disso, que a obra é sobre a memória de uma família “durante a longa noite da ditadura militar no Brasil”.

O filme relembra a história do ex-deputado Rubens Paiva, que foi preso, torturado e morto pela ditadura brasileira em 1971, e da mulher, a ativista e advogada Eunice Paiva, que teve de retomar sozinha a vida familiar, com os filhos, e que tentou reclamar justiça pela morte do marido, cujo corpo nunca foi encontrado. Os papéis principais são interpretados por Fernanda Torres e Selton Mello.

Prémio para Audiard

Também este sábado, “Emilia Perez”, do realizador francês Jacques Audiard, venceu o prémio de melhor filme europeu. O filme musical conta a história de um líder de um cartel de droga que cumpriu o desejo de fazer a transição para mulher.

A vitória de “Emilia Perez”, foi anunciada durante a cerimónia em Granada, mas a votação terminou a 24 de janeiro, poucos dias antes do início da polémica gerada por ‘tweets’ da protagonista, Karla Sofía Gascón, publicados há anos, alguns com conteúdo racista.

Nessas publicações, divulgadas no final de Janeiro por uma jornalista norte-americana, Gascón descreveu o Islão como um “foco de infeção para a humanidade” e ironizou sobre o movimento antirracista após a morte de George Floyd, afro-americano morto pela polícia em 2020.

A imprensa espanhola especulava há algum tempo sobre a possibilidade de Gascón, que teve de cancelar a presença em vários eventos nos Estados Unidos, comparecer na cerimónia dos Goya. Mas a actriz, que vive perto de Madrid, acabou por não se deslocar a Granada.

“Emilia Pérez” bateu o recorde para o filme em língua não inglesa mais nomeado para os Óscares, com 13 indicações, entre as quais para melhor filme, filme internacional, realização, direção de fotografia, actriz principal e actriz secundária. A longa-metragem, que tem sido um sucesso desde a apresentação na primavera no Festival de Cannes, foi alvo de outra polémica nas últimas semanas, desta vez no México, onde foi criticada por se apropriar de forma ligeira de tragédias ligadas ao tráfico de droga.

Ainda em Granada, “El 47”, do espanhol Marcel Barrena, foi o filme que arrecadou o maior número de prémios, num total de cinco Goyas (filme, actor secundário, actriz secundária, direção de produção e efeitos especiais). Partilhou o prémio de melhor filme com “La infiltrada”, de Arantxa Echevarría, que valeu ainda a Carolina Yuste o título de melhor actriz.
Eduard Fernández, protagonista de ‘Marco’, realizado por Aitor Arregi e Jon Garaño, levou para casa o prémio de melhor actor.

“La estralla azul”, coprodução espanhola e argentina, com direção de Javier Macipe, venceu as categorias melhor direção estreante e actor revelação. Já a comédia dramática “Casa en llamas”, de Dani de la Orden, venceu o melhor argumento original. “Segundo Premio”, de Isaki Lacuesta e Pol Rodríguez, conquistou três Goyas (realização, som e edição).

9 Fev 2025

Hong Kong pondera recorrer à OMC contra “tarifas excessivas”

O Governo de Hong Kong anunciou ontem que está a considerar apresentar um recurso à Organização Mundial do Comércio (OMC) em resposta às “tarifas excessivas” impostas pelos Estados Unidos aos produtos da região semiautónoma chinesa.

O secretário para o Comércio e Desenvolvimento Económico, Algernon Yau, condenou num programa de rádio a imposição de uma tarifa adicional de 10 por cento sobre as importações do território, classificando a medida de irracional.

“É um desrespeito pelo estatuto da região enquanto membro da OMC e território aduaneiro autónomo”, afirmou. “Washington cometeu um erro significativo ao impor estas tarifas”, advertiu, instando a Casa Branca a “abordar a decisão com prudência”.

O secretário referiu que, durante a última década, os Estados Unidos registaram um excedente comercial de mais de 270 mil milhões de dólares com Hong Kong, sublinhando os benefícios do comércio bilateral. Além disso, referiu que as exportações da antiga colónia britânica para o país representam apenas 0,1 por cento do total, o que sugere um impacto limitado dos novos direitos aduaneiros.

Yau notou que, nos últimos anos, Hong Kong diversificou os seus mercados, como Médio Oriente, Sudeste Asiático e Europa Central, para mitigar “as repercussões da geopolítica”, permitindo que as empresas locais ajustem as estratégias de exportação. Por último, destacou a resiliência do sector empresarial da região administrativa especial, que dispõe de câmaras de comércio preparadas para enfrentar os desafios que surgem neste contexto.

Contra-ofensiva

A China levou os direitos aduaneiros dos Estados Unidos à OMC e ambas as partes têm agora a possibilidade de resolver o litígio através de negociações bilaterais nos próximos 60 dias.

Após este período, as partes têm o direito de solicitar à OMC a formação de um painel para resolver o litígio comercial. No entanto, a decisão desse comité pode demorar meses ou mesmo anos, caso uma das partes venha a recorrer da mesma.

Na terça-feira, Pequim anunciou a aplicação de direitos aduaneiros de 10 a 15 por cento sobre determinados produtos norte-americanos, em retaliação aos direitos aduaneiros impostos pelos Estados Unidos à importação de produtos chineses. A China anunciou ainda novos controlos de exportação de minerais essenciais e lançou uma investigação por práticas de monopólio contra o gigante tecnológico norte-americano Google.

7 Fev 2025

Índia | Parlamento suspenso por protestos contra maus-tratos dos EUA a deportados

A sessão de ontem do parlamento indiano foi suspensa por protestos dos deputados contra os alegados maus-tratos infligidos a 104 migrantes deportados pelos Estados Unidos e que chegaram na quarta-feira ao país.

Os migrantes foram levados dos Estados Unidos para uma cidade do norte da Índia num avião militar, no âmbito de uma vaga de deportações decidida pelo novo Presidente, Donald Trump, mas o tratamento a que foram sujeitos indignou de tal forma os deputados indianos que ontem, muitos gritaram protestos em pleno parlamento e exigiram um debate sobre as deportações.

De acordo com deputados e meios de comunicação social, os braços e as pernas dos deportados foram algemados enquanto estavam no avião, apesar de a viagem ter demorado mais de oito horas, e só foram libertados no aeroporto de Amritsar, na Índia.

Um tratamento que os deputados consideraram degradante, lembrando que “algemados e com as pernas acorrentadas [os migrantes] tinham até dificuldade em usar a casa de banho”.

O presidente do parlamento, Om Birla, tentou acalmar os deputados, dizendo que o transporte dos deportados era uma questão de política externa dos EUA e que os Estados Unidos “também têm as suas próprias regras e regulamentos”, mas não impediu as manifestações dentro e fora do hemiciclo a exigir uma resposta do Governo.

Alguns dos deputados que protestaram na rua usaram algemas e empunharam cartazes que diziam: “Humanos, não prisioneiros”, enquanto o líder do Congresso, Rahul Gandhi, escreveu na rede social X que “os indianos merecem dignidade e humanidade, NÃO algemas”.

A sua mensagem foi acompanhada de um vídeo que mostra um dos deportados, Harvinder Singh, a dizer que todos foram algemados e tiveram os pés acorrentados durante 40 horas. “Não nos deixaram sair um centímetro dos nossos lugares. Foi pior do que o inferno”, contou.

Novos métodos

Os EUA geralmente realizam deportações em voos comerciais e fretados, mas a utilização do exército para devolver pessoas ao seu país de origem é um método novo, iniciado na administração Trump.

O ministro dos Negócios Estrangeiros indiano, Subrahmanyam Jaishankar, avançou ontem à câmara alta do parlamento que os regulamentos dos EUA permitem o uso de restrições desde 2012, tanto em voos militares como civis e garantiu que as autoridades norte-americanas os informaram que as mulheres e as crianças não são algemadas.

Jaishankar defendeu que, embora o Governo esteja a falar com as autoridades norte-americanas para “garantir que os deportados que regressam não são maltratados”, o foco da Índia deve estar na repressão da migração ilegal.

O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, visitará Washington na próxima semana, mas o tema já foi abordado numa conversa telefónica entre Trump e Modi realizada na semana passada. Durante a conversa sobre migrantes e deportações, Donald Trump sublinhou a importância de a Índia comprar mais equipamento de segurança fabricado nos Estados Unidos e haver um comércio bilateral justo.

A patrulha de fronteiras dos EUA deteve mais de 14.000 indianos na fronteira canadiana entre o final de Setembro de 2023 e o final do mesmo mês do ano passado, o que representou 60 por cento de todas as detenções ao longo da fronteira e um número 10 vezes maior do que o registado há dois anos.

Segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros da Índia, 15.668 cidadãos indianos foram deportados dos EUA desde 2009. Um relatório do Pew Research Center dizia que, em 2022, a Índia estava em terceiro lugar — depois do México e de El Salvador — na lista dos países com o maior número de imigrantes não autorizados — 725 mil — a viver nos EUA.

7 Fev 2025