Hoje Macau China / ÁsiaTaiwan | Tsai Ing-wen deixa comando do partido após derrota eleitoral A líder de Taiwan, Tsai Ing-wen, demitiu-se este sábado do cargo de chefe do Partido Progressista Democrático, no poder, na sequência das perdas nas eleições locais sofridas pelo seu partido. Tsai apresentou a sua demissão num curto discurso em que também agradeceu aos apoiantes, pouco depois de conhecidos os resultados eleitorais, dos quais, disse, assumirá a responsabilidade. Os eleitores em Taiwan escolheram esmagadoramente o Partido Nacionalista, na oposição, em várias grandes cidades da ilha numa eleição, no sábado, em que as preocupações persistentes sobre as ameaças de integração pela China deram lugar a questões mais locais. Chiang Wan-an, candidato a presidente da câmara pelo Partido Nacionalista, conquistou o lugar na capital, Taipei. “Vou deixar o mundo ver a grandeza de Taipei”, disse no seu discurso de vitória. Outros candidatos do Partido Nacionalista também ganharam em Taoyuan, Taichung e na cidade de New Taipei.Os habitantes de Taiwan escolheram os seus autarcas e outros líderes locais em todos os 13 condados e em nove cidades. Houve também um referendo para baixar a idade de voto de 20 para 18 anos. Má gestão Embora observadores internacionais e o partido no poder tenham tentado ligar as eleições à sobrevivência de Taiwan, muitos especialistas locais não acham que a China tenha desempenhado um grande papel desta vez. Durante a campanha, foram poucas as menções aos exercícios militares em larga escala que a China realizou em Agosto em reacção à visita da presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos da América (EUA), Nancy Pelosi. Em vez disso, a campanha focou questões locais como a poluição atmosférica, o tráfego e as estratégias de compra de vacinas da covid-19, que deixaram a ilha em escassez durante um surto no ano passado. A derrota do Partido Progressista Democrático pode dever-se, em parte, à forma como lidou com a pandemia, consideram analistas.
Hoje Macau SociedadeArquitectura | UNESCO distingue Rui Leão e Carlotta Bruni com prémio de inovação Os dois arquitectos foram distinguidos com um prémio de inovação em construção, por um projecto na zona antiga da cidade que junta um depósito de lixo e um posto de transformadores A UNESCO atribuiu na sexta-feira um prémio de inovação em construção aos arquitectos Rui Leão e Carlotta Bruni por um edifício de serviços construído na zona antiga de Macau. O edifício, que junta um depósito de lixo e um posto de transformadores, é um exemplo de “um novo design inovador num contexto de património mundial”, de acordo com uma declaração publicada no ‘site’ da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), que atribui os prémios “Conservação do Património Cultural na Ásia-Pacífico”, em Banguecoque. O projecto “integra-se habilmente num cenário desafiante, num lote urbano apertado, na zona tampão do Centro Histórico do Património Mundial de Macau”, em que a nova estrutura “cria uma interacção com as casas vizinhas e o espaço público”, acrescentou o júri dos prémios, que analisou um total de 50 entradas de 11 países e regiões da região da Ásia-Pacífico. Rui Leão, também presidente do Conselho Internacional dos Arquitectos de Língua Portuguesa (CIALP), sublinhou que este prémio da UNESCO veio mostrar a importância “de intervir de forma exemplar numa cidade com património mundial”, distinguido “por ser notável e excepcional”. “Se temos este património e capacidade no passado, também temos que ter essa capacidade actualmente”, considerou, em declarações à Lusa. Leão radiante Afirmando “estar radiante com este prémio”, o arquitecto considerou que a distinção “é a confirmação de que Macau consegue produzir arquitectura de excepção em ambiente de património e [este projecto] é um exemplo para demonstrar que é possível inserir novas infra-estruturas num contexto histórico sem o desqualificar e, além disso, torná-lo mais interessante e rico”. O arquitecto sublinhou que “é preciso observar, perceber, interpretar e transformar”, sendo “também isso que este prémio reconhece”. Trata-se de um sítio “muito qualificado, muito especial [junto do Pátio da Eterna Felicidade], onde se encontram um urbanismo português e um urbanismo chinês”, explicou. “Urbanismos completamente diferentes que colidem um com o outro em diferentes pontos da cidade, por isso fizemos neste projecto um exercício de encontro que mantém a continuidade e o torna extraordinário”, disse Rui Leão. Desde 2000, o programa de Prémios Ásia-Pacífico da UNESCO para a Conservação do Património Cultural tem vindo a reconhecer os esforços de indivíduos e organizações privadas na restauração, conservação e transformação de estruturas e edifícios de valor patrimonial na região. Os projectos premiados têm demonstrado, até agora, vários critérios de conservação, tais como a articulação do espírito do lugar, realização técnica, utilização ou adaptação adequada, o envolvimento do projecto com a comunidade local, e a contribuição do projecto para melhorar a sustentabilidade do ambiente circundante e não só.
Hoje Macau SociedadeInformática | Universidade Politécnica e Universidade de Coimbra com protocolo A Universidade de Coimbra (UPM) e a Universidade Politécnica de Macau (UPM) estabeleceram um acordo de cooperação para o estabelecimento de um laboratório conjunto em Informática. Numa nota de imprensa enviada na sexta-feira à agência Lusa, dia da assinatura do acordo, a Universidade de Coimbra (UC) revelou que a parceria define os termos para o estabelecimento do “UPM-UC Joint Research Laboratory in Advanced Technologies for Smart Cities”, na Faculdade de Ciências Aplicadas da UPM, em Macau. O protocolo foi assinado pelo reitor da UC, Amílcar Falcão, e pelo reitor da UPM, Im Sio Kei, numa cerimónia realizada em formato híbrido, a partir da Sala do Senado. “O objectivo do laboratório é realizar projectos conjuntos de investigação nas áreas da computação, inteligência artificial e tecnologias de informação e comunicação, com impacto no desenvolvimento de cidades inteligentes – promovendo também parcerias académicas internacionais entre a UC e a MPU e apoiando a formação de jovens investigadores de ambas as partes”, sintetizou a organização portuguesa. De acordo com a informação disponibilizada, destaca-se que “este protocolo vem reforçar o carácter estratégico da crescente colaboração entre a Universidade de Coimbra e a Universidade Politécnica de Macau na área de Informática”. “Para além do duplo grau de reconhecimento dos cursos de doutoramento em Informática das duas instituições, os docentes e investigadores da Departamento de Engenharia Informática da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC têm colaborado na formação e orientação dos estudantes do programa de doutoramento da MPU e desenvolvido projectos de investigação conjunta”.
Hoje Macau PolíticaNacionalismo | Alunos estrangeiros vão ser “alvo de sensibilização” “Os alunos estrangeiros vão ser o nosso alvo de sensibilização e divulgação [da educação da segurança nacional]”, assumiu o secretário Wong Sio Chak. O responsável pela tutela da Segurança respondia a uma pergunta do deputado Pang Chuan sobre os planos do Governo relativamente à “educação do patriotismo”. Pang Chuan referiu que, no território, existem escolas “cujas aulas são leccionadas em língua portuguesa e chinesa” e que “essa razão não pode impedir a promoção do amor à pátria”. “Independentemente da língua adoptada nas escolas e os recursos humanos e docentes, qual o plano do Governo em relação a esta matéria?”, questionou. Wong Sio Chak notou que a introdução de matéria relativa à segurança nacional nestas escolas “tem de ser feita através da legislação”. E concretizou: “Há que ter em conta o pessoal docente, [que deve] conhecer bem a nossa pátria. Se os professores não conhecerem e ensinarem segurança nacional, provavelmente os efeitos não serão satisfatórios nem notórios”.
Hoje Macau Via do MeioSonho do Pavilhão Vermelho – Capítulo 27 Autores: Cao Xueqin & Gao E Tradução Nuno Peres Baochai persegue borboletas até à Pavilhão de Esmeralda Gotejante Daiyu chora por pétalas caídas ao lado do Túmulo das Flores Daiyu chorava desconsolada. Nisto, o portão range e ao abrir saem Baochai, acompanhada por Baoyu, Xinren e as outras criadas. Daiyu tenta aproximar-se de Baoyu para o interpelar, mas acaba por recuar com receio de o embaraçar em frente a tantas pessoas. Então, afasta-se até Baochai sair. Apenas depois de Baoyu e o restante grupo entrarem no pátio e fecharem o portão é que ela decide regressar. Derrama algumas lágrimas enquanto os seus olhos fitam o portão fechado. De imediato, apercebe-se da futilidade do seu comportamento e regressa ao seu quarto preparando-se apaticamente para dormir. Zijuan e Xueyan conheciam bem a têmpera de Daiyu: Ela costumava ficar sentada melancolicamente, franzindo a testa ou suspirando por tudo e por nada; ou simplesmente derramava lágrimas sem nenhuma razão aparente. A princípio, elas haviam tentado confortá-la, julgando que ela tinha saudades dos pais ou de casa, ou que talvez tivesse sido maltratada por alguém. No entanto, com o passar do tempo, ela continuava a comportar-se assim. Então, habituaram-se e passaram a não lhe prestar mais atenção. Por este motivo, nessa noite, foram-se deitar, deixando-a só na sua melancolia. Daiyu encostou-se ao balaústre da sua cama e apertou os joelhos nos seus braços. Com os olhos carregados de lágrimas ficou imóvel como uma estátua de madeira ou de argila e não se deitou antes de serem dois geng. O próximo dia seria o vigésimo sexto do quarto mês do calendário chinês, o Festival de Grão na Espiga. Era costume desde tempos antigos oferecerem-se diversos tipos de presentes e fazer-se uma despedida ao Deus das Flores. Diziam que o Festival de Grão na Espiga marcava o início do verão, quando murchavam todas as flores e o Deus das Flores deveria abdicar do seu trono e ser deposto. Como o costume era mais popular entre as mulheres, todas as internas do Jardim da Grande Visão levantaram-se cedo naquele dia. As raparigas utilizaram flores e vimes para tecer cadeirinhas e cavalos de palha, fizeram galhardetes e bandeiras de seda e gaze. A seguir, amarraram os enfeites que fizeram em todas as árvores e ataram as flores com fitas coloridas, tornando todo o jardim numa chama de cores. Além disso, enfeitaram-se de forma tão graciosa que fizeram corar os pessegueiros e as amendoeiras, inveja às andorinhas e acanhar os rouxinóis. Mas o tempo impede-nos de descrever aquela esplêndida cena com mais detalhe. Agora Baochai, Yingchun, Tanchun, Xichun, Li Wan e Xifeng divertiam-se no jardim com a filha de Xifeng, Xiangling e as outras criadas. A única pessoa que não aparecia era Daiyu. – Porque é que a prima Lin não está aqui? – perguntou Yingchun. – Que rapariga indolente! Ainda estará a dormir? – Esperem aqui. Vou acordá-la. – disse Baochai quando deixou as suas companheiras e se dirigiu para o Pavilhão de Bambu. A caminho do Pavilhão, encontrou doze raparigas entre as quais Wenguan. Elas cumprimentaram-na e conversaram durante algum tempo. Apontando para a multidão, Baochai disse: – Elas estão todas ali. Vocês podem-se juntar a elas. Vou chamar a Menina Lin e já volto. Então, dirigiu-se para o quarto de Daiyu seguindo por um caminho sinuoso. Quando se aproximou do Pavilhão, viu Baoyu entrar no pátio, o que a fez deter-se. De cabeça baixa, pensou: Baoyu e Daiyu cresceram juntos desde a infância e não se importam de escarnecer mutuamente ou de mostrar os seus sentimentos um ao outro. Além disso, Daiyu é bastante ciumenta e mesquinha. Se eu entrar no quarto agora, Baoyu pode sentir-se constrangido e Daiyu pode ficar com ciúmes. É melhor que eu saia. Voltou a procurar as outras raparigas quando um par de borboletas, cor-de-jade e do tamanho de um leque apareceram à sua frente. As borboletas flutuavam para cima e para baixo, enfeitiçadamente na brisa, o que era muito interessante. Baochai sentiu vontade de capturá-las. Então, tirou o leque da manga para acertar nas borboletas e seguiu-as até a um ervaçal. Voando para cima e para baixo, às vezes avançando, às vezes recuando, as duas borboletas levaram Baochai a atravessar as flores e os salgueiros até à beira do lago. Quando se aproximava do Pavilhão da Esmeralda Gotejante, ofegante e suada, Baochai decide desistir e regressar. Só então sente que havia pessoas que conversavam dentro do Pavilhão. O Pavilhão, no meio do lago, cercado dos quatro lados por corredores cobertos de balaustradas, estava ligado às margens por pontes em zigue-zague. Baochai deteve-se à entrada do Pavilhão e tentou ouvir o que se dizia. – Veja este lenço. Se for aquele que você perdeu, guarde-o. Se não for, devolvo-o ao Mestre Yun.” – É mesmo o meu! Dê-mo. – Como é que pensa agradecer-me? Você não esperava que fizesse isso em troca de nada, pois não? – Não se preocupe. Já lhe prometi uma recompensa, não a enganarei. – Trouxe-lhe o lenço, é natural que você me recompense; mas como é que vai agradecer à pessoa que encontrou o lenço? – Não diga isso. Ele é um cavalheiro. É natural que devolva as coisas que encontra. Porque terei eu de o recompensar? – Se não o recompensar, como lhe vou responder? Ele disse-me repetidas vezes que eu não lhe poderia dar o lenço a menos que você lhe oferecesse alguma recompensa. Houve um curto silêncio e depois uma voz respondeu: – Está bem. Dê-lhe este objeto meu como recompensa. E se você disser a outros? Tem que fazer um juramento. – Se eu revelar algo do que se passou a outra pessoa, então que me apareça um furúnculo e morra na miséria. – Ah! Temo-nos ocupado a conversar. E se alguém nos está a escutar lá fora do Pavilhão? É melhor abrirmos as janelas. Se alguém nos vir, pensará apenas que estamos a cavaquear. Se alguém se aproximar, podemos vê-la e mudar de tema. Ao ouvir estas palavras, Baochai, pensou surpreendida: – Não é de admirar o que se diz das pessoas más e desonestas, que são sempre astutas. Quando abrirem as janelas e me virem, decerto ficarão envergonhadas. Além disso, uma das vozes é bastante parecida com a de Honger que trabalha para Baoyu. Ela é presunçosa e uma das criaturas mais estranhas e astutas que conheço. ‘O desespero leva as pessoas a rebelar-se e os cães a saltar um muro.’ Se ela souber que eu descobri o seu segredo, pode-me causar problemas e causar-me algum embaraço. É tarde demais para me esconder. Tenho de pensar numa maneira para evitar que suspeitem de mim, como uma cigarra que se desfaz da sua exúvia. Ainda não tinha acabado de pensar quando ouviu o ruído de janelas a abrir. Começou imediatamente a correr fazendo os seus passos os mais pesados possíveis. – Daiyu, onde está escondida? – disse com um sorriso quando se apressou para a frente, de propósito. Hongyu e Zuier, que tinham acabado de abrir a janela, ficaram pasmadas quando viram Baochai. Mas Baochai pergunta-lhes alegremente: – Onde é que vocês esconderam a Menina Lin? – Menina Lin? Não a vimos. – respondeu Zhuier. – Vi-a agora mesmo desde o outro lado do lago. Ela estava aqui agachada, a brincar com a água. Tinha pensado em pregar-lhe um susto, mas ela viu-me antes de eu me conseguir aproximar. Correu para o lado leste e desapareceu. Talvez ela esteja escondida dentro do Pavilhão? – disse Baochai quando entrou propositadamente no Pavilhão à procura de Daiyu. A seguir, saiu do Pavilhão e afastou-se delas, mas antes disse: – Com certeza que ela está escondida numa gruta entre as rochas. Se uma cobra a morder, ela bem o merece. Saiu e pensou satisfeita: Consegui livrar-me desta maçada. Não sei o que elas irão pensar. Hongyu, de facto, acreditou nas suas palavras. Quando Baochai já estava bastante longe, pegou em Zhuier pelo braço e murmurou: – Que horror! Se a Menina Lin estivesse aqui, com certeza que tinha ouvido a nossa conversa! Zhuier ficou silenciosa e nada disse. – O que devemos fazer? – perguntou Hongyu. – Mesmo que ela tivesse ouvido alguma coisa, isso não é da conta dela. – respondeu Zhuier. – Cada uma cuida dos seus próprios assuntos. – Se estivéssemos a falar da Menina Xue, a situação não seria assim tão má. – disse Hongyu. – Mas a Senhorita Lin é mesquinha e gosta de dizer mal das pessoas. Se ela tivesse ouvido a nossa conversa e denunciasse o nosso segredo, o que seria de nós? A conversa delas acabou por causa da chegada de Wenguan, Xiangling, Siqi e Daishu. Então, começaram a conversar entre elas como se nada tivesse acontecido. Hongyu viu que Xifeng a chamava desde a encosta. Então, despediu-se das outras raparigas e correu para Xifeng. – O que posso fazer pela Senhora? – perguntou Hongyu com um sorriso doce. Xifeng examinou-a minuciosamente e ficou contente pela sua boa aparência e pela sua maneira cordial e agradável de falar. – Hoje a minha criada não me acompanha. – disse Xifeng com um sorriso. – Mas lembrei-me agora de uma coisa e tenho de mandar alguém fazê-la. Acha que pode transmitir um recado meu de forma correta? Hongyu sorriu e disse: – A Senhora pode dizer-me o seu recado. Se eu não conseguir transmitir de forma correta e comprometer esta tarefa a Senhora pode punir-me como desejar. – Para qual das meninas é que você trabalha? – perguntou Xifeng com um sorriso. Se ela a procurar, poderei explicar-lhe por si. – Trabalho para o Mestre Bao. – respondeu Hongyu. Xifeng riu e disse: – Ah! Trabalha para Baoyu! Então é fácil de explicar. Deixe lá, se ele perguntar, explico-lhe por si. Agora vá à minha casa e diga à sua irmã Ping que ela pode encontrar um pacote com cento e sessenta taéis de prata debaixo da prateleira do prato de porcelana ju que está na mesa da sala exterior. É o pagamento dos bordadores. Quando a esposa de Zhangcai chegar, ela tem que pesar a prata na sua frente antes de você lha dar. Também quero que você faça uma outra coisa. Traga-me a bolsa que está debaixo da almofada na cama do quarto interior. Despois de receber as ordens, Hongyu dirige-se para a casa de Xifeng. Quando regressa, Xifeng já não estava naquela encosta. Mas viu que Siqi saia de uma caverna e que parou para apertar o seu vestido. Então, Hongyu aproxima-se dela e pergunta: – Sabe aonde foi a nossa Segunda Senhora? – Não faço ideia. – respondeu Siqi. Hongyu olhou em volta e reparou que Tanchun e Baochai estavam à beira do lago a observar os peixes. Então foi lhes perguntar: – As Meninas sabem aonde foi a nossa Segunda Senhora?” – Vá procurar no pátio da sua Primeira Senhora. – disse Tanchun. Então, Hongyu dirigiu-se para o Pátio do Arroz Fragrante. A meio do caminho encontra Qingwen, Qixian, Bihen, Zixiao, Sheyue, Daishu, Juhua e Yinger. Ao ver Hongyu, Qingwen ralha-lhe: – Continue a deambular! Não regou as flores do nosso pátio, nem alimentou os pássaros ou acedeu a caldeira do chá. Só sabe deambular e divertir-se por aí fora! – O nosso Mestre Bao disse ontem que não é preciso regar as flores hoje. Basta regá-las de dois em dois dias. – replicou Hongyu. – Alimentei os pássaros quando a irmã ainda estava a dormir. “E a caldeira do chá? – perguntou Bihen. – Hoje não é a minha vez. Então, não perguntem se há chá ou não. – respondeu Hongyu. – Ouçam o que ela está a dizer! – mofou Yixian. – É melhor que não digamos mais nada e a deixemos continuar a deambular. – Quem é que disse que eu estou a deambular? A Segunda Senhora mandou-me transmitir um recado e buscar uma bolsa. – replicou Hongyu, quando lhes mostrou a bolsa. Então, as raparigas deixaram de a repreender e afastaram-se. – Não é de admirar! – escarneceu Qingwen. – Ela subiu ao ramo mais alto da árvore e agora já não nos dá atenção. A nossa Segunda Senhora apenas lhe dirigiu uma ou duas palavras, não sabia sequer o seu nome e ela já ficou toda cheia de altivez! Olhem a vaidade dela! Transmitir um recado não tem nenhuma importância. Vamos esperar para ver o que vai sair dali! Se ela for assim tão esperta, é melhor que saia deste pátio e fique para sempre naquele ramo alto. Hongyu não conseguiu encontrar uma maneira adequada para lhe responder. Engolindo o ressentimento, ela continuou a procurar Xifeng. Quando chegou ao quarto de Li Wan, viu que Xifeng e Li Wan estavam a conversar. Hongyu deu um passo em frente e relatou a Xifeng: – A irmã Ping disse que ela recolheu a prata logo que a Senhora saiu. Quando a esposa de Zhangcai lha foi pedir, ela pesou a prata à sua frente e entregou-lha.- Entregou a bolsa a Xifeng e continuou – A irmã Ping pediu-me para dizer à Senhora que Lai Wang foi há pouco à sua casa pedir as suas instruções antes de partir para a mansão para onde a Senhora o mandou. Ela deu-lhe as instruções conforme as intenções da Senhora. – Como é que ela transmitiu as minhas intenções? – riu Xifeng. Hongyu respondeu: – A irmã Ping disse: A nossa Senhora apresenta os seus melhores cumprimentos à vossa Senhora. O nosso Segundo Mestre não está em casa, por isso, a vossa Senhora não precisa de se preocupar com a demora de alguns dias. Quando a Quinta Senhora melhorar, a nossa Senhora vai visitar a vossa Senhora juntamente com ela. A Quinta Senhora mandou um recado à nossa Senhora, dizendo que a cunhada da nossa Senhora lhe enviou uma carta em que ela apresenta os seus melhores cumprimentos à vossa Senhora e manifestou o seu desejo de pedir duas pílulas de longevidade à cunhada da vossa Senhora. Se a sua cunhada tiver dessas pílulas, a vossa Senhora pode mandá-las para a nossa Senhora. Se alguém for à mansão da cunhada da nossa Senhora, trar-lhas-á. – Poupe-me! – Li Wan cortou o discurso de Hongyu. – Estou confusa com tantos Senhores e Senhoras. Xifeng riu e disse: – É normal que você fique confusa. Existem cinco famílias envolvidas. Voltou-se para Hongyu e disse: – Você fez um bom trabalho e transmitiu todas as mensagens de forma correta e clara, não como as outras pessoas que zumbem como mosquitos. Virou-se para Li Wan e continuou: – Você sabe, tenho medo de falar com a maioria das criadas, exceto as poucas que ficam sempre ao meu lado. Elas vão prolongar uma frase e cortá-la aos pedaços. Vão falar devagar, balbuciar até e não conseguem transmitir claramente as informações, o que me deixa ansiosa. Antigamente, a minha Pinger também se costumava comportar assim. Perguntei-lhe: Para ser uma beldade, é necessário zumbir como um mosquito? Melhorou o seu comportamento depois de eu ralhar com ela algumas vezes. Li Wan riu e disse: – Nem todas as pessoas são mordazes como você. – Mas gosto desta rapariga. – disse Xifeng. – Embora não tenha falado muito, transmitiu bem as mensagens. – Sorriu para Hongyu e continuou: – Vai começar a trabalhar para mim a partir de amanhã. Vou reconhecê-la como minha filha adotiva. Você vai fazer bons progressos sob a minha orientação. Ao ouvir as palavras de Xifeng, Hongyu soltou uma gargalhada. -Porque está a rir? – perguntou Xifeng. – Pensa que não sou muitos anos mais velha do que você e que ainda sou tão jovem que não possa ser sua mãe? Se pensa assim, é porque está muito iludida! Pergunte às outras criadas. Há muitas pessoas cuja idade é muito maior do que a sua que desejam chamar-me de mãe e não as reconheço. Estou a dar-lhe essa honra! – Não estou a rir por causa disso. – respondeu Hongyu sorrindo. – Estou a rir porque a Senhora se enganou na minha procedência. A minha mãe é sua filha adotiva e agora a Senhora também me pretende reconhecer-me como sua filha adotiva. – Quem é a sua mãe? – perguntou Xifeng. – Não sabe quem é esta rapariga? – disse Li Wan com um sorriso. – Ela é a filha de Lin Zhixiao. – Ah! É a filha dela! – Xifeng ficou bastante surpreendida, então sorriu e continuou: – Não se consegue fazer com que Lin Zhixiao e a sua esposa abram a boca mesmo que os espetem com uma agulha. Tenho dito que eles formam o casal perfeito. Um é surdo e o outro mudo é. Quem imaginaria que iriam criar uma filha tão esperta! Quantos anos tem? – Dezassete. – respondeu Hongyu. A seguir, Xifeng perguntou o nome dela. – Inicialmente, eu chamava-me Hongyu. – respondeu ela. – Agora chamam-me Honger porque o nome do Mestre Bao também tem o caráter ‘yu’ de jade. Xifeng franziu a testa e abanou cabeça: – Que desagradável! Todas as pessoas agora querem chamar-se ‘yu’ como se pudessem colher benefícios desse carácter. Xifeng disse a Li Wan: – Agora ela pode ficar comigo. Você sabe? Já disse uma vez à sua mãe que a esposa de Lai Da está muito ocupada e não conhece bem as criadas desta mansão. Pedi-lhe que escolhesse um par de raparigas capazes para mim. Ela não escolheu a sua própria filha para ficar comigo e enviou-a para um outro lugar. Será que ela pensou que a rapariga iria sofrer muito se trabalhasse para mim? – Você é demasiado desconfiada! – Li Wan riu e disse. – Ela já estava a trabalhar aqui quando você lhe fez esse pedido. Como é que pode culpar a mãe dela? Xifeng disse: – Amanhã vou falar com Baoyu e pedir que ele procure uma outra criada e que me mande esta rapariga. Não sei se ela mesma quererá trabalhar para mim ou não. – Não podemos dizer se queremos ou não. – disse Hongyu com um sorriso. – Mas se for trabalhar para a Senhora, posso aprender mais sobre etiqueta e adquirir mais experiência. Foi naquele momento que uma criada da Senhora Wang veio chamar Xifeng. Então, despediu-se de Li Wan e saiu. E Hongyu regressou ao Pátio do Vermelho Radiante. Voltamos a Daiyu, que se levantou tarde nesse dia por causa da insónia sofrida na noite passada. Quando ouviu que todas as outras raparigas estavam no jardim a despedir-se do Deus das Flores, apressou-se a lavar-se e pentear-se e saiu do quarto, com receio de ser ridicularizada por causa da sua preguiça. Mal saiu do quarto, viu que Baoyu entrou pelo portão. – Querida prima, denunciou-me ontem? – perguntou ele com um sorriso. – O meu coração ficou em suspenso durante toda a noite. Daiyu voltou-se para Zijuan e ordenou: – Limpe o quarto e depois feche as cortinas de gaze. Se alguma andorinha grande tentar entrar, baixe as cortinas e prenda-as com os leões. E não se esqueça de cobrir o incensório depois de acender o incenso. – disse enquanto ia saindo. Baoyu pensou que a sua atitude fria se devia às palavras usadas ontem ao meio-dia. Sem saber o que tinha acontecido na noite anterior, ele curvou-se e apertou as duas mãos junto ao peito para manifestar o seu arrependimento. Ainda assim, Daiyu não olhou sequer para ele. Saiu do pátio e foi procurar as outras raparigas. Baoyu ficou perplexo: De certeza que não é por causa do que aconteceu ontem. Mas regressei tarde ontem à noite e não a encontrei. Por isso, não há mais nada com que eu a pudesse ter ofendido. – pensava para si enquanto a seguia. Baochai e Tanchun estavam a apreciar a dança das cegonhas. Quando viram Daiyu, começaram a conversar com ela. Ao ver Baoyu, Tanchun disse com um sorriso: – Está tudo bem consigo, irmão Bao? Já não o vejo há três dias. – Está tudo bem, irmã. – respondeu Baoyu com sorriso. – Perguntei anteontem à nossa cunhada mais velha por si. – Irmão Bao, venha cá. – disse Tanchun. – Quero conversar consigo. Baoyu despediu-se de Baichai e Daiyu e acompanhou Tanchun até ao pé de uma romãzeira. – O nosso pai chamou-o nestes últimos dias? – perguntou Tanchun. – Não, ele não me tem chamado. – respondeu Baoyu com um sorriso. – Alguém me disse ontem que ele o chamou. – Essa pessoa deve ter ouvido mal. Ele não me chamou. Tanchun sorriu e continuou: – Consegui poupar uma dúzia de cordões de moedas nestes últimos meses. Quero que os aceite e me compre algumas boas peças de caligrafia e pinturas ou alguns objetos interessantes que conseguir descobrir na próxima vez que sair da mansão. – Não tenho encontrado nada de interessante nem de refinado durante os meus passeios pela cidade e pelos mercados dos templos. – disse Baoyu. – Nada mais tenho visto do que antiqualhas de ouro, prata, bronze e porcelana, ou coisas como sedas e cetins, guloseimas ou vestimentas. – Não quero nada dessas coisas! – disse Tanchun. – O que eu quero são coisas como pequenas cestas de vime, ou caixas de incenso de bambu esculpido ou os pequenos fornos de argila que você me comprou na última vez. Adoro esse tipo de coisas delicadas, mas as outras raparigas também gostam muito. Atiram-se a essas coisas como se fossem tesouros. – Você quer essas coisas. – gargalhou Baoyu. – São baratas. Dê aí umas quinhentas moedas aos criados que eles lhe enchem duas carruagens com esse tipo de coisas. – Os criados não têm gosto para apreciar essas coisas. – respondeu Tanchun. – Você compre-me coisas simples, mas que não sejam banais, originais, mas que não sejam grosseiras. Vou fazer-lhe um outro par de sapatos. Vou fazê-los com mais primor do que da última vez. Pode ser? Baoyu riu e disse: – Por falar em sapatos, lembro-me de que encontrei o nosso pai enquanto usava os sapatos que você me fez. Ele perguntou desgostoso quem os tinha feito. Tive medo de dizer que tinha sido você. Então, disse-lhe que foram um presente da Tia Wang pelo meu aniversário. Ao ouvir isso, ele não pôde fazer mais comentários. Mas depois de um silêncio, ele disse: “Não valia a pena! Que desperdício de tempo, energia e seda!” Quando regressei ao quarto, falei com a Xiren e ela disse-me: “Isso não é nada. Mas a concubina Zhao tem-se queixado irritada: O próprio irmão mais velho dela usa sapatos e meias furadas e ela nem quer saber. Mas faz sapatos para o Baoyu.” Tanchun ficou arreliada e disse: – Que absurda que ela é! Ela acha que o meu trabalho é fazer sapatos? Huan não tem roupas, sapatos e meias que cheguem? Além disso, ele também tem muitas criadas que lhe podem fazer sapatos. Do que é que ela se pode queixar? A quem é que ela se tem queixado? Se eu fizer um par de sapatos no meu tempo livre, posso dá-los a quem quiser. Ninguém tem o direito de interferir nas minhas escolhas! Ela irritou-se por isso? É louca! Baoyu acenou com a cabeça e disse com um sorriso: – Você não sabe já? É natural que ela pense de uma maneira diferente. Ao ouvir isso, Tanchun ficou ainda mais abespinhada. Virou de repente a cabeça e disse: – Você ficou louco também? Decerto que ela pensa nas coisas de uma maneira diferente, de uma maneira dissimulada e insidiosa. Ela pode continuar a pensar dessa forma que eu não me importo. Só ouço as palavras do nosso pai e da sua esposa e não me preocupo com o que os outros dizem sobre mim. Se os irmãos e as irmãs me tratarem bem, vou tratá-los bem sem pensar se ele ou ela é filho de uma esposa ou de uma concubina. Na verdade, eu não devia estar com esta conversa, mas ela é demasiado absurda! Vou contar-lhe uma outra história ridícula. Dois dias depois de eu lhe dar o dinheiro para que você me comprasse coisas para me distrair, fui cumprimentá-la e ela queixou-se da sua falta de dinheiro e das suas dificuldades. Não lhe prestei atenção. No entanto, quando todas as criadas saíram do quarto, ela começou a criticar-me e perguntou-me porque é que lhe dei o dinheiro que eu tinha poupado em vez de o dar a Huan. Ao ouvir isso, não sabia se havia de rir ou de chorar. Então, despedi-me dela e fui até ao quarto da nossa Senhora. Tanchun ainda estava a falar quando Baochai a interrompeu de longe com as suas palavras sorridentes: – Ainda não acabaram a vossa conversa? Venham cá. Vê-se mesmo que vocês são irmãos. Deixaram os outros e foram falar sobre os vossos assuntos privados. Não conseguimos ouvir nem perceber uma única palavra da vossa conversa! Tanchun e Baoyu sorriram e foram-se juntar a ela. Daiyu tinha saído e Baoyu soube que ela se estava a esconder dele. Ele decidiu esperar alguns dias e aproximar-se dela depois de a sua disposição ter melhorado. Quando baixou a cabeça, viu que o chão estava coberto de flores caídas incluindo pétalas de beijo-de-frade e de flores de romãzeira. – Ela está tão zangada que nem sequer recolhe as flores caídas no chão. – suspirou Baoyu. – Vou trazer estas flores comigo e tentar falar com ela amanhã. Baochai convida-os para darem um passeio. – Vou-me juntar a vocês depois. – disse Baoyu. Quando Baochai e Tanchun se afastaram, ele recolheu as flores nas suas vestes. Atravessou uma pequena colina, depois um riacho, passou por entre árvores e flores e dirigiu-se para o sítio onde havia enterrado com Daiyu as flores de pessegueiro caídas. Quando chegou ao túmulo das flores e antes de cortar rumo à colina, ouviu o som de soluços que vinham do outro lado da encosta. Era alguém que se lamentava e soluçava, como se tivesse o coração despedaçado. Deve ser alguma criada que foi maltratada e veio para aqui chorar. – pensou Baoyu. Para quem é que ela trabalhará? Parou para ouvir a rapariga que murmurejava em gemidos: Caindo e voando, as flores enchem o céu, Quem lamentará as cores que desbotam e o perfume que se esvai? Suavemente, teias de aranha flutuam entre pavilhões primaveris, Gentis penugens de salgueiro colam-se às cortinas bordejadas. Suspira a rapariga na sua câmara pelo fim da primavera, A melancolia enche-lhe o coração. Sai da alcova de enxada na mão, Contendo-se em pisar as flores caídas no chão. Salgueiros e olmos viçosos, verdejantes Ignoram se são flores de ameixeira ou de pessegueiro que o vento carrega. As ameixeiras e os pessegueiros voltarão a florescer, Mas quem restará no quarto na próxima primavera? No terceiro mês tecem-se ninhos perfumados, Mas as andorinhas no telhado são cruéis. Na próxima florescência, voltarão a bicar pétalas, Os ninhos cairão do telhado e o quarto estará vazio. Trezentos e sessenta dias por ano, Ameaçada sem clemência por sabres de vento e adagas de gelo. Quanto tempo se manterá esta flor fresca e bela? Soprada pelo vento, irá tombar e desmanchar-se sem encontrar o seu destino. Caídas, as flores mais viçosas são difíceis de encontrar, Tristonha, a coveira das flores de pé junto aos degraus. Sozinha, de enxada na mão, disfarça as suas lágrimas, Que resvalam pelos galhos vazios como um orvalho de sangue. Cucos em silêncio ao anoitecer. Regressa com a enxada e cerra as portas. Uma candeia a óleo alumia a parede, ainda mal adormeceu, A chuva fria começa a bater na janela, o cobertor está ainda frio. O que causou esta minha dupla angústia? O amor e o despeito à primavera Porque num repente vem e de repente se vai, Chega sem aviso e parte sem rumor. Ontem à noite, do pátio surgia uma canção triste, Foi o espírito das flores, ou o espírito dos pássaros? Difícil é conter o espírito das flores ou dos pássaros, Porque os pássaros não falam e as flores acanham-se. Anseio por ter asas e flutuar Com as flores até ao fim do mundo. Mas mesmo no fim do mundo, Encontrarei eu uma encosta para sepultar as flores perfumadas? Melhor será recolher as formosas pétalas numa bolsa de seda, E enterrar a sua beleza com terra limpa. Vieste pura e pura partirás, Sem cair em valas ou suja de lama. Agora finadas, irei enterrá-las, Não se sabe o dia em que partirei. Riem da minha loucura por enterrar flores caídas, Mas quem me irá sepultar quando morrer? Vejam, a primavera que finda com as flores que caem, A beleza que desbota e se desvanece. Quando a primavera acaba e a beleza murcha, Quem saberá das flores caídas e da rapariga morta? Ao ouvir o lamento triste da rapariga, Baoyu desaba numa enorme comoção. Se o nosso leitor quiser saber mais pormenores sobre esta estória, leia por favor o próximo capítulo.
Hoje Macau China / ÁsiaCharles Michel vai a Pequim encontrar-se com Xi Jinping O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, vai deslocar-se a Pequim no dia 1 de Dezembro para um encontro com o Presidente chinês, Xi Jinping, disse uma autoridade europeia à Agência France Presse (AFP). Esta reunião ocorre num contexto de intensas discussões entre os europeus sobre como se devem posicionar em relação à China, além das crescentes tensões entre Washington e Pequim. Charles Michel tem de lidar, por um lado, com um país como a Alemanha, que tem importantes interesses económicos na China, e outros Estados-Membros como a Lituânia, que atraiu a ira de Pequim ao estabelecer ligações com Taiwan, considerado pela China como parte integrante do seu território. A 12 de Novembro, em Phnom Penh, poucos dias antes da cimeira do G20, durante a qual Xi Jinping se encontrou com o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, Charles Michel pediu a Pequim que convencesse a Rússia a respeitar o direito internacional na Ucrânia. “Encorajamos as autoridades chinesas a usar todos os meios à sua disposição para convencer a Rússia a respeitar as fronteiras internacionalmente reconhecidas, a respeitar a soberania da Ucrânia”, disse o líder, em declarações à AFP. Intervenção preventiva Também neste mês, num incidente que ilustra as tensões entre Bruxelas e Pequim, a transmissão de um discurso de Charles Michel, agendado para a inauguração de uma feira em Xangai, foi cancelado. Um diplomata especificou que as autoridades chinesas queriam evitar no discurso todas as referências à guerra na Ucrânia. Um assunto delicado na China, que quer ser oficialmente neutra, mas continua a ser um aliado estratégico de peso da Rússia. A União Europeia considera a China um “parceiro, concorrente económico e rival sistémico”, segundo a formulação adoptada em 2019. Os laços comerciais continuam fortes entre os dois. Um dos exemplos é a Alemanha, cujo chanceler Olaf Scholz foi o primeiro líder do G7 a visitar a China – no final de Outubro – desde o início da pandemia.
Hoje Macau EventosCCCM | Oficina “Histórias Chinesas com Pensamento” destinada a jovens O Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM), em Lisboa, promove, nos dias 20 e 21 de Dezembro, uma oficina destinada a crianças e jovens dos oito aos 16 anos, intitulada “Histórias Chinesas com Pensamento”. As sessões abordam temáticas como “mitos cosmológicos chineses – Pangu, Nuwa e a tradição da corte celeste”, “As três tradições filosóficas através dos textos de quatro amigos-guias – Mêncio, Zhuangzi, Huainanzi, Hanfeizi e a estrutura do mundo” ou “Filosofia proverbial chinesa”, entre outros. Com esta iniciativa, o CCCM pretende promover “a descoberta da tradição cultural chinesa através dos mitos e seus ideogramas”, “proporcionando um primeiro contacto com filosofias chinesas para crianças e jovens, centrando na narrativa de fábulas, parábolas e pequenas histórias que os filósofos chineses têm contado aos jovens ao longo da sua tradição filosófica, ilustradas por material audiovisual”. Desta forma, “as teorias são apresentadas de uma forma acessível e espontânea, com uma forte componente prática e criativa, dando a conhecer as histórias através da caligrafia chinesa, que os participantes serão convidados a executar, absorvendo-as por meio da comparação de mitos chineses com os da sua própria tradição cultural”. A oficina será ministrada por Ana Cristina Alves, doutora em Filosofia da História, Cultura e Religião pela Universidade de Lisboa desde 2005, com especialização na China, e coordenadora do sector educativo e da área de tradução chinês-português do CCCM. Colabora ainda neste projecto Lisa Spinelli, bolseira de doutoramento na área da antropologia, sendo a sua área de especialização a diversidade da espiritualidade e cultura popular chinesa, expressas através de mitos, contos e formas artísticas, com maior enfoque nos grupos étnicos chineses.
Hoje Macau China / ÁsiaFoxconn | Fábrica palco de protestos oferece 1.340 euros aos operários A maior fábrica de iPhone do mundo, situada no centro da China, ofereceu ontem 10.000 yuans aos funcionários recém-contratados que optem por deixar as instalações, após protestos que resultaram em confrontos violentos com a polícia. A administração do grupo Foxconn, que monta produtos electrónicos para muitas marcas internacionais, incluindo a norte-americana Apple, propôs o plano de pagamento aos operários, pedindo-lhes que voltem para os dormitórios, de acordo com o jornal britânico Financial Times. A medida visa pôr fim aos protestos que culminaram em confrontos violentos com agentes de segurança. Os trabalhadores arremessaram barras de metal contra agentes da polícia e envolveram-se em cenas de pancadaria, depois de a empresa ter imposto um regime de trabalho em ‘circuito fechado’, proibindo-os de abandonar as instalações, e revisto as condições salariais. O pagamento visa compensar os trabalhadores recém-contratados pela despesa com a deslocação até à fábrica e as horas trabalhadas. Aqueles que aceitarem o acordo vão receber 8.000 yuans após apresentarem demissão. Os restantes 2.000 yuans vão ser pagos após partirem nos autocarros para casa. A Foxconn ofereceu salários mais altos para atrair trabalhadores, depois de um êxodo de operários, no último do mês, provocado pelo bloqueio das instalações, na sequência de um surto de covid-19. Os funcionários, que viajaram longas distâncias para trabalhar na fábrica, reclamaram que a empresa mudou posteriormente os termos de pagamento. O anúncio original prometia 25.000 yuans por dois meses de trabalho, mas, após chegarem à empresa, os funcionários foram informados que teriam que trabalhar dois meses extras com salários mais baixos para receber aquele montante. A Foxconn pediu desculpas pela “falta de comunicação”, prometendo que vai honrar os seus compromissos.
Hoje Macau China / ÁsiaChina | Anunciadas linhas de crédito de milhares de milhões para construtoras Vários bancos estatais chineses anunciaram ontem acordos para oferecer linhas de crédito a algumas das maiores construtoras do país, num montante de pelo menos 220.000 milhões de yuans, informou a imprensa local. Os anúncios surgem poucos dias depois de o Governo chinês ter divulgado um plano com 16 medidas de apoio ao fragilizado sector imobiliário e de o banco central e o regulador bancário da China terem reunido com as principais entidades do país para discutir mecanismos de financiamento para as construtoras em dificuldade. O Banco de Comunicações (Bocom) anunciou uma linha de crédito no valor de 100.000 milhões de yuans, para o segundo maior grupo de imobiliário da China, a Vanke, e outra de 20.000 milhões de yuans para a Midea Real Estate. A Vanke assinou ainda um acordo com o Banco da China, que também lhe concederá 100.000 milhões de yuans. O Banco Agrícola da China (ABC) anunciou outro acordo de cooperação com várias construtoras (China Overseas, China Resources Land, Longfor Group, Gemdale e, novamente, Vanke), embora não tenha especificado os montantes que vai disponibilizar. Segundo a agência noticiosa Bloomberg, o maior banco do país, o Banco Industrial e Comercial da China (ICBC), vai disponibilizar um plano de crédito de “dezenas de milhares de milhões”, antes do fim de semana, para os grupos Country Garden e Longfor. A mesma fonte informou que o último dos cinco grandes bancos estatais chineses, o Banco de Construção da China (CCB), ainda não anunciou qualquer acordo, mas já em Setembro criou um fundo de 30 mil milhões de yuans, para comprar propriedades às construtoras. Muda de rumo Devido à falta de liquidez, alguns grupos suspenderam os trabalhos de construção de milhares de condomínios em todo o país. Em protesto, um número crescente de proprietários que adquiriu os imóveis em regime pré-venda recusou pagar as prestações mensais, ameaçando agravar a crise de liquidez. As medidas divulgadas por Pequim “garantem” a conclusão dos imóveis e direccionam os bancos a conceder “empréstimos especiais” para atingir esse fim, segundo a directiva. Essa decisão reflecte uma “viragem” na postura das autoridades, desde que em 2020 decidiram restringir o acesso das construtoras ao crédito.
Hoje Macau China / ÁsiaChina| Número recorde de casos e mais confinamentos decretados O número de casos diários de covid-19 atingiu ontem um novo recorde na China, informaram as autoridades, numa altura em que voltam a impor rígidas medidas de prevenção, no âmbito da estratégia ‘zero casos’. A China registou 31.444 novos casos entre terça e quarta-feira, entre os quais 27.517 são assintomáticos, informou o Ministério da Saúde. Estes números são maiores do que as 29.317 infecções registadas em meados de Abril, quando Xangai – a terceira cidade mais populosa do mundo – impôs um confinamento. Esta semana, as autoridades relataram também as primeiras mortes por covid-19 na China em seis meses, elevando o total para 5.232. A estratégia de ‘zero casos’ inclui o confinamento de cidades inteiras, obrigatoriedade de apresentar um teste negativo para o novo coronavírus para aceder a espaços públicos e o isolamento de todos os casos positivos e respectivos contactos directos em instalações designadas. A China mantém, também, as fronteiras praticamente encerradas desde Março de 2020. Restrição máxima Pequim enfrenta o pior surto desde o início da pandemia. Dezenas de edifícios residenciais foram confinados, as escolas encerradas e as empresas pediram aos funcionários que trabalhem a partir de casa. A capital chinesa anunciou cerca de 1.500 novos casos positivos (a grande maioria assintomática), entre os seus 22 milhões de habitantes. A cidade abriu, esta semana, um hospital improvisado, num centro de exposições, e suspendeu o acesso à Universidade de Estudos Internacionais de Pequim, depois de ter detectado um caso no ‘campus’. Na cidade de Zhengzhou, província de Henan, um total de 6,6 milhões de residentes foram instruídos a ficar em casa nos próximos cinco dias, podendo sair apenas para comprar comida ou receber tratamento médico. Testes diários em massa foram ordenados, como parte do que o governo da cidade designou de “guerra de aniquilação” do vírus. Empresas e comunidades residenciais em Cantão, um importante centro industrial situado na província de Guangdong, foram também colocadas sob várias formas de bloqueio, medidas que afectam particularmente os trabalhadores migrantes. Em muitos casos, os moradores dizem que as restrições vão além do permitido pelas directrizes nacionais. Cantão suspendeu na segunda-feira o acesso ao distrito de Baiyun, de 3,7 milhões de habitantes, enquanto residentes de algumas áreas de Shijiazhuang, uma cidade com 11 milhões de pessoas a sudoeste de Pequim, foram instruídos a ficar em casa enquanto são realizados testes em massa.
Hoje Macau SociedadeDSAT | Espera reduzida para inspecção de veículos A Direcção de Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) anunciou ter tomado medidas, com recursos a equipamentos electrónicos, para reduzir a espera nos centros de inspecção. Segundo a DSAT, no Centro de Inspecções de Veículos, no Cotai, o tempo médio de espera por veículo foi reduzido de 51 minutos, registado entre Janeiro e Outubro do ano passado, para 21 minutos, entre Janeiro e Outubro deste ano. Em relação ao Centro de Inspecção de Automóveis, em Macau, a espera média é agora de 19 minutos, quando no ano passado era de 21 minutos. No Centro de Inspecção de Automóveis, em Macau não houve qualquer veículo a ter de esperar mais de duas horas para ser inspeccionado, quando no ano passado tinha havido um. O cenário mais preocupante acontece assim no Centro de Inspecções de Veículos no Cotai em que mais de 17 veículos aguardaram mais de duas horas. No ano passado, 1.707 veículos demoraram mais de duas horas até serem inspeccionados.
Hoje Macau SociedadeCrime | Detidos por posse de 60 gramas de canábis Dois residentes de Macau, com 23 anos, foram detidos numa operação da Polícia Judiciária em que foram apreendidas 60,3 gramas de erva (canábis). Segundo o jornal Ou Mun, os indivíduos eram suspeitos de traficar a droga do Interior da China para a RAEM há cerca de um mês e terão lucrado perto de 10 mil patacas. Durante o interrogatório, os suspeitos terão admitido vender e fumar canábis. Alegadamente, a droga seria comprada no Interior por 100 yuans a grama e depois vendida em Macau a 700 patacas por grama. Após receber uma denúncia, as autoridades policiais investigaram os suspeitos que alegadamente vendiam erva na Taipa. Um dos suspeitos tinha em sua posse dois pacotes com cerca de 12,2 gramas de erva quando foi detido, e em sua casa foram encontrados quatro pacotes com um total de 41,8 gramas. As autoridades encontraram também uma balança electrónica, mortalhas e um moedor. Os suspeitos foram transferidos para o Ministério Público e podem ser acusados de consumo e tráfico de estupefacientes.
Hoje Macau SociedadeWynn | Seminário empresarial e festa de cerveja em Dezembro Um seminário para empresas da cidade chinesa de Qingdao, nordeste, de Macau e dos países lusófonos vai decorrer durante a “primeira semana Macau-Qingdao”, em 7 de Dezembro, anunciou ontem a organização. “Envolvemos empresas nos dois locais [Qingdao e Macau] para explorar oportunidades de produtos e parcerias comerciais em Qingdao e nos países de língua portuguesa, promovendo Macau como a plataforma de serviços para a cooperação económica e comercial entre a China” e o bloco lusófono, afirmou a directora executiva da Wynn Macau, Linda Chen, em conferência de imprensa. A iniciativa pretende também desenvolver o turismo cultural e o comércio entre as duas cidades, indicou. Ao mesmo tempo, e até final de Dezembro, vai realizar-se a segunda festa da cerveja e da cultura Macau-Qingdao, com destaque para as cervejas Tsingtao e Macau Beer, e também com a presença das marcas portuguesas Sagres e Superbock. A festa da cerveja e semana cultural, que contou com o apoio de cerca de 20 departamentos governamentais e mais de 20 empresas de Qingdao, decorre no Wynn Palace, e vai apresentar produtos agrícolas, iguarias culinárias, produtos criativos e culturais, indicou. A Tsingtao é a segunda maior cervejeira da China, detendo 15 por cento da quota do mercado doméstico. Foi fundada em 1903 por colonos alemães em Qingdao, cidade no nordeste do país. A Macau Beer foi lançada em 1996 e expandiu-se agora para a China e mercados estrangeiros.
Hoje Macau SociedadeRetalho | Quebra de 30% no volume de negócios No terceiro trimestre deste ano o volume de negócios dos estabelecimentos de comércio a retalho cifrou-se em 11,13 mil milhões de patacas, uma quebra em termos anuais de 30,3 por cento. Os dados foram revelados pelos Serviços de Estatística e Censos que justificam a descida do volume de vendas com o “impacto gerado pela pandemia”. Entre os principais tipos de comércio a retalho, os negócios de mercadorias de armazéns e quinquilharias (redução de 53,6 por cento) e de artigos de couro (redução de 43,8 por cento), desceram substancialmente face ao terceiro trimestre de 2021. Contudo, o volumesde negócios de automóveis (aumento de 8,4 por cento) e de supermercados (aumento de 5,1 por cento) registou um crescimento. Quanto ao índice do volume de vendas, o de mercadorias de armazéns e quinquilharias (redução de 53,8 por cento), o de vestuário para adultos (redução de 40,6 por cento) e o de artigos de couro (redução de 40,2 por cento) registaram decréscimos significativos. Porém, os índices do volume de vendas de automóveis (aumento de 5,7 por cento) e de supermercados (aumento de 2,0 por cento) registaram subidas. Quanto ao período entre Janeiro e Setembro, o volume de negócios dos estabelecimentos do comércio a retalho totalizou 42,83 mil milhões de patacas, ou seja, menos 22,8 por cento, face ao mesmo período de 2021 e o índice médio do volume de vendas desceu 22,2 por cento.
Hoje Macau China / ÁsiaMundial 2022 leva chineses a questionar se estão no mesmo planeta O Mundial de futebol do Catar, seguido por milhões de chineses, evidenciou o contraste entre a China, que mantém a estratégia ‘zero casos’, e o resto do mundo, com internautas a questionarem, sarcasticamente, se estarão a viver noutro planeta. “O Mundial arrancou e Pequim está em silêncio absoluto”, descreveu Jessica, uma hospedeira de bordo chinesa a residir na capital da China, num comentário difundido na rede social WeChat, durante a cerimónia de abertura do Mundial. “Sinto-me como se estivesse no fundo de um poço, a contemplar um mundo maravilhoso, com o qual não posso interagir”, acrescentou. “Qual é então o propósito de viver?”, questionou. Nas últimas semanas, surtos de covid-19 obrigaram à imposição de novos bloqueios restritivos em Pequim, Cantão e dezenas de outras cidades menores da China. A estratégia de ‘zero casos’ de covid-19 da China inclui o bloqueio de cidades inteiras, a obrigatoriedade de apresentar um teste negativo para o novo coronavírus para aceder a espaços públicos e o isolamento de todos os casos positivos e respectivos contactos directos em instalações designadas. A China mantém, também, as fronteiras praticamente encerradas desde Março de 2020. Isto coincide com a realização do Mundial. O evento desportivo, acompanhado por dezenas de milhões de chineses, evidenciou para muitos o contraste entre o país e o resto do mundo, dando origem ao tema #SeráQueEstamosNoMesmoPlaneta nas redes sociais chinesas. Mundo Ideal Muitos chineses revelaram-se perplexos com a ausência de regras de distanciamento social e adeptos sem máscaras. Uma mensagem a questionar a estratégia de ‘zero casos’ de covid-19 da China foi, entretanto, removida ontem da Internet chinesa e o seu autor bloqueado, após se tornar viral. A mensagem foi removida depois de ter recebido 100.000 visualizações, o número máximo revelado publicamente pela rede social WeChat. O autor, não identificado, levantou várias questões dirigidas à Comissão Nacional de Saúde do país, incluindo por que a China continua a impor restrições tão rígidas, quando no resto do mundo a vida retornou à normalidade. “Observamos que o público no Mundial do Catar não usa máscaras ou é obrigado a apresentar testes com resultado negativo. Será que estas pessoas estão no mesmo planeta em que nós vivemos”, questionou a mensagem. A mesma nota pediu às autoridades que tornem pública a taxa de mortalidade da variante Ómicron da covid-19, avaliem o custo de manter a estratégia actual ou expliquem claramente qual é a eficácia das vacinas chinesas. A estratégia chinesa tem altos custos económicos e sociais e gera forte descontentamento social. Um surto do novo coronavírus pode resultar em bloqueios altamente restritivos, que por vezes se prolongam durante meses. Segundo dados oficiais, desde o início da pandemia morreram 5.231 pessoas na China devido ao novo coronavírus. João Pimenta, Lusa
Hoje Macau PolíticaGrande Baía | Macau vai criar dois centros tecnológicos para apoiar projectos lusófonos O Governo de Macau anunciou ontem a criação de dois centros sino-lusófonos para apoiar a fixação de “projectos de tecnologia avançada” da lusofonia na região chinesa da Grande Baía, com a atribuição de bolsas e colaborações com universidades e empresas. O Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, tinha anunciado, na semana passada, durante a apresentação das Linhas de Acção Governativa (LAG) para 2023, o estabelecimento de um Centro de Ciência e Tecnologia Sino-Lusófono, mas ontem, durante o debate sectorial para a área da Economia e Finanças, o Governo esclareceu que, afinal, são dois espaços. “Um centro na Zona de Cooperação Aprofundada e outro a ser criado em Macau”, notou o director dos Serviços de Economia, Anton Tai Kin Ip, referindo-se à área de cooperação entre a província de Guangdong e Macau, em Hengqin (ilha da Montanha). Na sessão de perguntas dos deputados, o parlamentar Kou Kam Fai questionou os membros do Governo sobre o funcionamento e as perspectivas para esses centros, até porque, disse, “muitas vezes os resultados não mostram grande eficácia, mas são sempre grandes investimentos”. Tai Kin Ip referiu que o objetcivo final é permitir que “projectos de tecnologia avançada dos PLP [países de língua portuguesa] possam entrar para o mercado da Grande Baía”. Além disso, acrescentou o responsável, serão concedidas “bolsas e [serão feitas] articulações entre universidades e também empresas”. Novas metas Ainda no âmbito da cooperação sino-lusófona, o secretário para a Economia e Finanças de Macau, Lei Wai Nong, sublinhou ontem que, em 2023, ano em que se celebra o 20.º aniversário do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Fórum Macau), “o intercâmbio e a cooperação entre o Interior da China, Macau e os países de língua portuguesa, em termos de comércio, cultura, convenções e exposições, formação, entre outras áreas, serão elevados para um novo patamar”. Para o ano, a administração de Macau espera também dar início aos trabalhos preparativos para a realização da 6.ª Conferência Ministerial do Fórum Macau, que não se realizou em 2019 devido à pandemia da covid-19. Além do reforço das trocas económicas e comerciais entre a China e os parceiros lusófonos, Macau planeia “promover a construção da plataforma de prestação de serviços financeiros” entre os dois lados e de um “centro de regulação das transações em RMB [renminbi, moeda chinesa] para os países de língua portuguesa”, disse Lei Wai Fong. Ainda segundo o secretário, a região administrativa especial chinesa quer “incentivar bancos de Macau a providenciarem incessantemente serviços de financiamento transfronteiriço aos países lusófonos, alargando as acções promocionais sobre os produtos e serviços denominados em RMB”. Após um ano de “provações redobradas”, na sequência da pandemia de covid-19, Lei Wai Nong notou que “o eixo principal” da acção governativa para a pasta que lidera consiste em acelerar a recuperação económica e promover a “diversificação adequada” do território.
Hoje Macau EventosFRC | “Equinox Jam + Jazz Young Good Men” ao vivo no sábado A Fundação Rui Cunha (FRC) apresenta no sábado, a partir das 21h, a tradicional noite de jazz com a actuação dos Equinox Jam e Jazz Young Good Men. Em comunicado, a fundação indica que esta será a última sessão do ano da “Saturday Night Jazz” na Galeria da FRC. Os Equinox Jam vão apresentar um repertório repleto de sonoridades que vão variar entre o blues e a música latina. A recém-formada banda é composta pelo saxofonista Ricardo Porto, o guitarrista Adonis K Lee, o pianista Joviz Lee, o baixista Mars Lei e o baterista Roy Tai. Para fechar as noites de jazz de 2022 na FRC, o público será prendado com a actuação da banda Jazz Young Good Men, liderada por Ao Fai no trompete, com Chio Song Meng na guitarra, Joviz Lee no baixo e Meng Fai Che na bateria. A banda juntou-se recentemente ao jovem e talentoso pianista Thomas Catalão, com quem irá interpretar influências japonesas de bebop e músicas de Miles Davis. A Associação de Promoção de Jazz de Macau (MJPA), co-organizadora do evento desde 2014, orienta e ensaia regularmente grupos formados por amantes do jazz, que exploram diversos estilos dentro deste género musical, no âmbito de projectos vocacionados para a juventude local e para o intercâmbio regional de talentos. A entrada é livre, mas sujeita às recomendações de saúde implementadas pelas autoridades locais.
Hoje Macau China / ÁsiaZhengzhou | Confrontos violentos irrompem em fábrica de iPhones Protestos violentos irromperam ontem na maior fábrica de iPhone do mundo, situada no centro da China, numa altura em que as autoridades tentam conter um surto de covid-19 e manter a produção, antes do período natalício. Vídeos difundidos pelos trabalhadores da fábrica, situada na cidade de Zhengzhou, província de Henan, mostram funcionários em confrontos com agentes da polícia armados com cassetetes e vestidos com fatos de protecção brancos. As imagens mostram polícias a espancar trabalhadores, entre os quais alguns surgem a sangrar da cabeça e outros a coxear. A política de tolerância zero à covid-19 da China constitui um desafio para a administração da fábrica detida pelo grupo taiwanês Foxconn, que emprega, num período normal, mais de 200.000 trabalhadores nos subúrbios de Zhengzhou. A empresa confirmou, em comunicado, que ocorreram confrontos violentos nas instalações. O grupo, que monta produtos electrónicos para muitas marcas internacionais, incluindo a norte-americana Apple, referiu que os trabalhadores reclamaram devido a questões salariais e más condições de trabalho. A fábrica registou um aumento de casos de covid-19, nas últimas semanas, impondo um sistema de trabalho em ‘circuito fechado’. Isto significa que os trabalhadores estão proibidos de sair das instalações. Problemas ocorridos na fábrica, no início deste mês, levaram a Apple a rever as datas para a entrega do iPhone 14 de última geração e a emitir um raro aviso aos investidores sobre os atrasos. Trabalhadores da fábrica da Foxconn disseram que os protestos começaram depois de a empresa ter negado o pagamento de bónus prometidos. Os vídeos mostram trabalhadores a virar carretas, a entrar nos escritórios da fábrica e a destruir uma cabine onde se fazem testes de detecção da covid-19.
Hoje Macau China / ÁsiaUE | Borrell defende relações com Pequim sem dependência excessiva O chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, defendeu ontem a necessidade de falar com a China para acautelar os interesses europeus, mas alertou para os perigos de uma excessiva dependência do país asiático. “Precisamos de falar, precisamos de trabalhar, precisamos de comerciar e negociar com a China”, disse Borrell na sessão plenária do Parlamento Europeu (PE), que decorreu na cidade francesa de Estrasburgo até ontem. Num debate sobre as relações UE-China, Borrell lembrou que os líderes europeus confirmaram, em Outubro, a política face a Pequim e concordaram na necessidade de haver unidade “em todos os aspectos” do relacionamento com o país asiático. “Sem unidade, perderemos tanto a credibilidade como a influência, tanto em relação à China como a nível global”, disse. O também vice-presidente da Comissão Europeia alertou, no entanto, que a dependência da UE da China não se pode tornar uma vulnerabilidade, como aconteceu com a Rússia no campo energético. Borrell disse que oito em cada dez painéis solares importados pela Europa são de fabrico chinês e que a UE troca diariamente bens no valor de 2.000 milhões de dólares com a China. “A nossa dependência da China em relação à transição verde pode ser tão importante no futuro como tem sido hoje a nossa dependência dos combustíveis fósseis da Rússia”, disse. Borrell reconheceu que a China é um país que gera opiniões divergentes, como no PE, sobretudo em matéria de direitos humanos. Defendeu, por isso, ser necessário “obter uma síntese de diferentes pontos de vista e manter uma forte unidade”. O líder da diplomacia europeia disse ainda que a atenção da UE em relação à China não diminuiu com a guerra na Ucrânia, que a Rússia iniciou há nove meses. Apesar de a China ainda não ter condenado a guerra, Borrell disse que o país asiático “estabeleceu linhas vermelhas claras” sobre o uso de armas nucleares e está “cada vez mais preocupado com as consequências globais” do conflito.
Hoje Macau China / ÁsiaCovid-19 | Menos de 30% dos idosos em Pequim com dose de reforço A relutância dos mais velhos em se vacinarem justifica, segundo as autoridades, a manutenção da estratégia de zero casos. Os idosos, por sua vez, não sentem necessidade de se vacinarem devido ao baixo número de casos Menos de 30 por cento das pessoas com mais de 80 anos em Pequim receberam uma dose de reforço da vacina contra a covid-19, afirmaram ontem as autoridades locais, numa altura em que a capital chinesa enfrenta novo surto. Dois pacientes internados em estado grave, de 52 e 89 anos, estão entre os que não receberam a terceira dose, explicou o vice-director do Centro de Controlo de Doenças da cidade, Liu Xiaofeng, citado pela imprensa local. Liu observou a proporção baixa de pessoas com mais de 60 anos que receberam uma dose de reforço e instou os residentes idosos a vacinarem-se o “mais rápido possível”. Pequim tem mais de 21 milhões de habitantes, cerca de 600.000 dos quais têm idade superior a 80 anos, considerada a faixa etária com mais risco de sofrer doença grave ou morte pelo coronavírus SARS-CoV-2. O actual surto na capital da China fez mais de 3.000 infectados e três mortos. Foram os primeiros óbitos por covid-19 registados no país em seis meses. Os habitantes de Pequim têm de fazer testes PCR a cada 48 horas, já que a entrada em locais públicos exige a apresentação de um resultado negativo. A baixa taxa de vacinação entre os idosos, um dos grupos mais vulneráveis, mas também um dos mais relutantes em se vacinar, é apontada pelas autoridades como um dos motivos para manter a actual estratégia, que contrasta com o resto do mundo. Em expansão O país asiático enfrenta actualmente um dos maiores surtos de covid-19 desde o início da pandemia, com surtos activos em quase todas as províncias. Segundo dados oficiais difundidos este mês, 86 por cento dos chineses com mais de 60 anos receberam o esquema vacinal completo, embora a percentagem diminua no grupo com mais de 80 anos (65,7 por cento). A proporção de idosos com mais de 80 anos que recebeu a dose de reforço, a nível nacional, é de 40 por cento. Os idosos chineses não sentem urgência em vacinar-se, já que o número de casos permanece relativamente baixo devido às restritivas medidas de prevenção epidémica vigentes no país. A estratégia chinesa inclui o bloqueio de cidades inteiras, a obrigatoriedade de apresentar um teste negativo para o novo coronavírus para aceder a espaços públicos e o isolamento de todos os casos positivos e respectivos contactos directos em instalações designadas. A China mantém, também, as fronteiras praticamente encerradas desde Março de 2020. Estas medidas têm um alto custo económico e social e são fonte de forte descontentamento popular, gerando por vezes confrontos violentos entre moradores e funcionários de saúde. O país asiático relatou quase 30.000 novos casos, entre terça e quarta-feira. Segundo dados oficiais, desde o início da pandemia morreram 5.231 pessoas na China devido ao novo coronavírus.
Hoje Macau PolíticaTrânsito | Coutinho quer semáforos inteligentes O deputado José Pereira Coutinho considera necessário instalar semáforos inteligentes nas estradas de Macau, para ajudar o a descongestionar o trânsito. O tema foi assunto de uma interpelação escrita divulgada ontem pelo legislador, que entende que este tipo de equipamentos pode contribuir para a segurança nas estradas do território. Por outro lado, o deputado ligado à Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau está preocupado com as pessoas que andam nas vias públicas distraídas, prestando atenção apenas ao telemóvel e quer saber se o Executivo vai instalar nas passadeiras sistemas de alerta sonoros. “Irá ser a equacionada a instalação de um tipo de semáforos no chão para os utilizadores que andam agarrados aos telemóveis enquanto transitam nas estradas?”, questionou.
Hoje Macau Grande PlanoAs poderosas mergulhadoras de Ataúro, vencedoras em corrida de barcos tradicionais Reportagem de António Sampaio, da Agência Lusa O suor escorre pelo rosto de Prisca de Araújo, 52 anos, pescadora em apneia de Bikele, em Ataúro, enquanto ergue os remos com que acaba de vencer a pequena corrida de ‘beiros’, os barcos tradicionais timorenses. A seu lado, também com os rostos ofegantes e suados, remos de madeira toscos erguidos nas mãos, estão as duas companheiras de equipa, Querima Soares, 37, e Mariana de Araújo, 48 anos, esta última a única a quem não se vê o sorriso triunfante, eventualmente escondido atrás da máscara. “Somos todas família, pescadoras de Bikele”, explica a ‘chefe de equipa’, vencedora entre seis grupos de mulheres na primeira prova das “Corridas de Barcos”, primeiro evento desportivo do Festival de Música e Cultura em Ataúro que decorre esta semana na ilha a norte de Díli. Na costa os principais líderes do país, incluindo o Presidente da República, José Ramos-Horta – que deu a ‘largada’ acenando uma bandeira preta e branca – aplaudem a vitória da curta regata, uma viagem rápida de ida e volta, da praia até ao início da barreira de coral. Praticamente ninguém prestou atenção à corrida dos homens, logo a seguir, preferindo – atletas e VIP – vir para a sombra do tosco mercado ao lado do cais de Beloi, para beber uns cocos abertos na hora. “Hoje foi a primeira vez que algumas delas remaram, por isso andavam aos ziguezagues. Normalmente são mergulhadoras. Juntaram-se hoje para esta corrida”, explica à Lusa José Ramos-Horta, a quem coube a iniciativa do festival, evento a que se juntou depois o Governo. Quatro dias com competições, concursos e várias atividades, que começou na segunda-feira de uma forma inovadora, com embaixadores acreditados em Díli, em trajes tradicionais, a liderar delegações de todos os municípios e da Região Administrativa Especial de Oecusse-Ambeno (RAEOA). “É uma forma de trazer entretenimento para esta ilha que está perto de Díli, mas está muito isolada. Vem pouca gente cá e até vem mais estrangeiros residentes em Díli que dão alguma animação e animação económica à ilha”, nota o chefe de Estado. “Pretende-se que haja mais turismo doméstico, que os timorenses venham a Ataúro e a outros locais. Novembro não é o mês ideal, é época das chuvas, mas para o ano vamos fazer em julho ou agosto. Se calhar até conseguiremos reanimar a corrida de iates entre Darwin e Díli, que existiu no tempo português”, disse. Normalmente, em Ataúro, a divisão de tarefas no mar não é como foi hoje, para esta pequena corrida no mar cristalino da maior atração turística de Timor-Leste. Normalmente, nos ‘beiros’, quem rema são os homens, deixando às mulheres, as poderosas ‘wawata topu’ de Ataúro a outra tarefa: a de mergulhar em apneia, arpão na mão, para pescar. Wawata Topu é o termo no dialeto rasua que descreve mulheres mergulhadoras, as sereias de Ataúro, que se lançam dos pequenos beiros, a vários metros de profundidade, para pescar. Nas mãos levam um arpão tosco, de madeira, ferro e borracha e na face os óculos de mergulho tradicionais, feitos de madeira ou bambu esculpido e duas lentes de plástico ou, tradicionalmente, de vidro de garrafa. Mergulham vestidas e descem tranquilamente vários metros, flutuando junto a corais que são considerados dos mais biodiversos do mundo e que, claramente, são o principal atrativo turístico de Timor-Leste. A corrida de hoje de manhã – sob o sol forte e perante dezenas de personalidades que viajaram de Díli especialmente para o Festival – é um dos vários eventos programados para estes dias. Fora do programa oficial, mas eventualmente mais importante para o futuro mais imediato da ilha, está a decisão do Governo realizar um Conselho de Ministros em Ataúro, que se transformou este ano em município. “É a primeira e provavelmente a última vez. O programa do festival inclui uma quarta-feira e optámos por reunir o Governo, como normalmente, aqui”, explica o primeiro-ministro, Taur Matan Ruak, à Lusa. José Ramos-Horta espera que seja um encontro que possa começar a fazer nascer alguns projetos cruciais para a ilha. “Tem que haver mais investimento na água potável, um porto pequeno de atracagem, incluindo para iates. Depois uma clínica mais profissional e até com uma câmara hiperbárica, para os mergulhadores”, refere, entre outros projetos essenciais. Taur Matan Ruak concorda com essas questões, avança ainda aspetos como a eletricidade e nota que a transformação da região em município e a criação de um fundo especial de investimento demonstra a aposta nas melhorias. “A comissão do fundo está agora a analisar o que há para fazer. Só o orçamento para Ataúro em 2022 são cerca de 15 milhões, ultrapassa duas vezes os orçamentos de Díli, Baucau e Ermera”, notou. “A questão da água é um problema sério. E na eletricidade estamos a pensar avançar para energias renováveis. Temos que melhorar as estradas também”, referiu. Entre várias questões, disse, é importante também enquadrar o desenvolvimento que algum setor privado tem feito, especialmente no turismo, no plano de ordenamento para Ataúro. Temas complicados para resolver que as gentes de Ataúro esperam não fiquem esquecidos nas ‘espumas’ de uma maré de líderes timorenses que estão esta semana na ilha.
Hoje Macau PolíticaMacau vai trocar informação com Malta para prevenir branqueamento de capitais Macau vai começar a trocar informação financeira com Malta para prevenir o branqueamento de capitais e o financiamento ao terrorismo, anunciaram hoje as autoridades. Segundo o Boletim Oficial da região administrativa especial chinesa, o Gabinete de Informação Financeira (GIF) vai assinar um acordo com a Unidade de Análise de Inteligência Financeira de Malta. Num despacho datado de 16 de novembro, o secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, autoriza a coordenadora do GIF, Chu Un I, a assinar o memorando de entendimento. Macau e Malta assinaram em 2013 um acordo para a troca de informações em matéria fiscal. O GIF recebeu este ano, até ao final de setembro, 1.677 relatórios sobre transações suspeitas, menos 13,4% do que em igual período de 2021. Mais de metade dos relatórios vieram das operadoras de casinos. Ao contrário de Macau, os jogos de fortuna e azar através da Internet são legais em Malta, de acordo com a Autoridade do Jogo do arquipélago europeu. Em outubro, o Parlamento Europeu criticou a falta de progresso em Malta “na repressão de atos de corrupção e de branqueamento de capitais”, questões que a jornalista maltesa Daphne Caruana Galizia estava a investigar quando foi assassinada, há cinco anos. Em junho, o Grupo de Ação Financeira, um órgão de vigilância internacional contra atividades ilegais e criminosas, retirou Malta da “lista cinzenta” de vigilância reforçada no combate ao branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo. Segundo o relatório anual do GIF, divulgado no final de agosto, Macau era o único membro do Grupo Ásia-Pacífico Contra o Branqueamento de Capitais “que logrou obter a aprovação em todos os 40 padrões internacionais” sobre a prevenção da lavagem de dinheiro, do financiamento do terrorismo e da proliferação de armas de destruição maciça. No entanto, o relatório anual do Departamento de Estado dos EUA, divulgado em março, designou Macau como um dos principais pontos de branqueamento de capitais a nível mundial. Ainda assim, o documento admite que a detenção, em novembro de 2021, do antigo diretor executivo do maior angariador de apostas VIP do mundo, a Suncity, Alvin Chau Cheok Wa, “põe em dúvida o futuro do negócio dos ‘junkets’ e das atividade ilícitas que eles muitas vezes facilitam”. Alvin Chau e mais 20 arguidos estão a ser julgados em Macau por associação criminosa e branqueamento de capitais, com o início das alegações finais marcado para 29 de novembro. O GIF de Macau assinou memorandos sobre a troca de informação para prevenir o branqueamento de capitais e o financiamento ao terrorismo com 29 países e territórios. A lista de acordos inclui a Unidade de Informação Financeira da Polícia Judiciária de Portugal, em 2008, a Unidade de Informação Financeira do Banco Central de Timor-Leste, em 2018, e, em 2019, o Conselho de Controlo de Atividades Financeiras do Brasil e a Unidade de Informação Financeira de Cabo Verde.
Hoje Macau EventosFestival das Luzes | Portugal representado com grupo “Ocubo Criativo” A nova edição do Festival de Luz de Macau acontece entre os dias 3 de Dezembro e 1 de Janeiro e promete trazer muitos espectáculos de vídeo mapping à cidade. Este ano, Portugal faz-se representar com o grupo “Ocubo Criativo – Actividades Artísticas e Literárias” Uma equipa de Portugal vai participar na oitava edição do Festival de Luz de Macau, que irá decorrer entre 3 de Dezembro e 1 de Janeiro, anunciou ontem o Governo. Segundo a Direcção dos Serviços de Turismo (DST), o grupo português Ocubo Criativo – Actividades Artísticas e Literárias criou uma das quatro obras de ‘vídeo mapping’ em três dimensões que farão parte do festival. Numa apresentação à imprensa, a DST disse que a obra da equipa portuguesa, chamada “Ponto de partida da integração”, irá ser exibida na fachada da Igreja de São Francisco, na ilha de Coloane, e “irá apresentar a história de Macau”. A Ocubo Criativo já participou em outras edições do festival e foi convidada a desenhar uma obra alinhada com o tema principal deste ano, “Inverno Deslumbrante”, disse à Lusa a directora da DST. A empresa, com sede em Agualva-Cacém, “tem experiência em eventos em Portugal e não só” e “sempre que participa trazem ideias muito inovadoras”, disse Maria Helena de Senna Fernandes. A Ocubo Criativo já apresentou trabalhos em França e na Finlândia e foi responsável pela cerimónia de inauguração em 2019 do Al Janoub, o primeiro estádio construído de raiz para o Mundial de futebol de 2022, a decorrer no Qatar. O grupo português não estará presente em Macau “por causa da situação epidémica”, pelo que a obra será entregue pela Internet, com a DST a fornecer “equipamento e pessoal técnico para ajudar na projecção”. “Esperemos que no futuro possamos convidá-los a vir presencialmente em Macau”, disse Senna Fernandes. Para todos os gostos O festival, que este ano tem um novo nome, “Iluminar Macau 2022”, irá estender-se a oito zonas do território, incluindo a hotéis-casinos na península de Macau e no Cotai, uma vez que as seis operadoras de jogo foram “convidadas, pela primeira vez, para colaborarem”, disse a DST. A cooperação com as empresas permite ao governo “controlar o orçamento” do festival, que este ano é de 17,4 milhões de patacas, menos 8,4 por cento do que em 2021, disse a directora da DST. “Temos que ver a realidade”, sublinhou Senna Fernandes. Na conferência de imprensa a directora da DST disse, citada por um comunicado, que o festival tem, nos últimos anos, mostrado “empenho na inovação e no aumento da eficácia do evento”. Este ano, e pela primeira vez, foram convidadas seis empresas de Macau ligadas às áreas do turismo e do lazer, tendo sido seleccionados “novos pontos nas zonas comunitárias”, a fim de expandir ainda mais o festival pela cidade. Desta forma, o evento cobre este ano oito zonas do território, nomeadamente a zona Norte, zona Centro, zona da Praia do Manduco, zona de Nam Van, zona Nova dos Aterros do Porto Exterior (NAPE), Taipa, Cotai e Coloane, num total de 28 locais. “Percorrendo ruas e ruelas da cidade, o evento adiciona um programa de entretenimento nocturno, com o objectivo de atrair os residentes e visitantes a visitarem e consumirem nos diferentes bairros comunitários, beneficiando as pequenas e médias empresas, promovendo a economia nocturna e dinamizando a economia comunitária”, aponta o mesmo comunicado. O evento integra exposições de vídeo mapping com temas como “Imersão · Metaverso”, “Património Mundial · Estética” ou “Percorrer · Natureza”, entre outras, além de que o público poderá ver de perto diversas instalações de luz e participar em jogos interactivos. Destaque para a exibição de “A Porta dos Píxeis” e “Universo dos Píxeis” nas zonas históricas como a Calçada do Amparo, o Pátio de Chôn Sau ou a Rua dos Ervanário, entre outros bairros antigos.