Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeGoverno exige testes regulares à covid-19 a trabalhadores de risco O Centro de Coordenação de Contingência do novo tipo de coronavírus anunciou ontem que trabalhadores de quatro grupos considerados de risco, que incluem pessoal de saúde, funcionários de hotéis e dos postos fronteiriços, trabalhadores da área dos congelados e empregados de limpeza no aeroporto terão de fazer testes regulares à covid-19, incluindo testes diários. A medida surge na sequência da visita de especialistas da Comissão Nacional de Saúde da China ao território. “A comissão propôs a realização de testes a determinados grupos de pessoas. Tendo em conta a recente evolução epidémica em Cantão, iniciámos testes a quatro grupos chave que no seu trabalho diário possam estar expostos a infectados ou pessoas de contacto próximo”, referiu Tai Wa Hou, coordenador do programa de vacinação. Estes trabalhadores terão de realizar um teste de ácido nucleico a cada sete dias, mas “quem tem um maior risco de exposição [ao vírus] terá de fazer um teste por dia”, incluindo os trabalhadores de limpeza que fazem a desinfecção de espaços por onde passaram pessoas infectadas, ou quem tenha contacto com essas pessoas, até mesmo funcionários de limpeza do aeroporto, adiantou Tai Wa Hou. Os testes serão gratuitos e essenciais para passagem transfronteiriça e para apresentação ao serviço. Mais de dez mil trabalhadores serão abrangidos por esta medida, embora as autoridades “ponderem incluir funcionários dos serviços sociais e motoristas de transportes públicos”. A Comissão Nacional de Saúde da China deixou ainda indicações sobre o plano de vacinação, mas o Governo ainda está a estudar medidas sobre esta matéria. “Quanto à vacinação, há medidas que ainda temos de estudar. Pela análise a esses grupos chave, quem não recebeu a vacina tem de fazer um teste. Dependendo do grau de exposição [do trabalhador], poderemos ter prazos diferentes. Um maior risco de exposição implica a realização de um teste de sete em sete dias, e com menor risco de 14 em 14 dias. Os dados concretos serão depois divulgados”, referiu Tai Wa Hou. De frisar que a definição destes grupos chave surge depois de ter sido detectado um novo caso de infecção numa funcionária de um hotel em Cantão. Irmão teve alta O Centro de Coordenação adiantou ontem que um dos membros da família de quatro pessoas infectadas com covid-19 teve alta, o segundo depois da irmã ter deixado o hospital nos últimos dias de Agosto. Trata-se do irmão mais velho, com 15 anos, que não apresenta sintomas e testou negativo em todos os testes. Em relação ao pai e à mãe, estão sem febre e sem problemas respiratórios. Relativamente ao plano de vacinação, o Executivo pretende encomendar mais 30 mil vacinas da Sinopharm, embora ainda tenha 170 mil doses deste laboratório e 50 mil doses da mRNA/BioNTech. “Tendo em conta os números da vacinação penso que o nosso stock dura mais 100 dias”, referiu Tai Wa Hou.
Andreia Sofia Silva EventosMúsica | Thetiredeyes, a banda que mistura diversos contextos musicais Chamam-se Thetiredeyes [Os olhos cansados] e contam com oito músicos que trouxeram consigo a paixão por vários géneros musicais. Desta forma, nasceu um projecto de uma banda eclética, que tem agora como objectivo actuar nas próximas edições dos festivais de música de Beishan, em Zhuhai, e Hush! em Macau Há um novo grupo musical no território onde a fusão de géneros musicais é palavra de ordem. Os Thetiredeyes [Os olhos cansados] formaram-se o ano passado depois de uma série de encontros improváveis mas, sobretudo, de uma enorme vontade de pessoas diferentes se juntarem a criar música. A história é contada ao HM por Monic Kei, pianista e directora musical. “Thetiredeyes é uma banda de fusão composta por oito elementos que são músicos entusiastas e com diferentes contextos que não se fartam de géneros musicais como o R&B, Neo Soul, Hip Hop e Pop”, começou por dizer. Monic vivia em Boston, nos EUA, na mesma altura de Amanda, uma das vocalistas do grupo formada no Berkeley College of Music, mas só se conheceram em Macau em Agosto do ano passado quando actuavam em bares do território. Mais tarde, iriam juntar-se a Kabi [baixista], para formarem um trio de jazz. “Além de tocarmos como duo queríamos tocar juntas com mais pessoas, mas não queríamos traçar um género musical específico. Como ambas tínhamos formação musical clássica, queríamos encontrar músicos que estivessem habilitados a ler notações, possuíssem bons tons e técnicas, ao mesmo tempo que trouxessem uma amplitude de géneros musicais e uma mentalidade aberta.” Além da ligação a Amanda e Kabi, Monic conhecia Matthew, um brasileiro baterista há 15 anos. “Ele foi o primeiro baixista que conheci quando era jovem e fiquei feliz por nos reunirmos anos depois e podermos tocar música juntos. Depois o Matthew trouxe consigo o seu melhor amigo Lao Seng Fat para a banda.” Lao Seng Fat é formado pela Academia de Música Contemporânea de Pequim e toca essencialmente jazz e géneros musicais clássicos. Depois de actuarem no LMA, os projectos do grupo passam por subirem aos palcos dos festivais de música de Beishan, em Zhuhai, e Hush!, em Macau, ainda sem data marcada para acontecer. Base no improviso Monic Kei confessou também que as músicas dos Thetiredeyes têm como base principal o improviso “com arranjos de orquestra”. Do grupo, faz parte ainda o músico local Patrício Manhão, que toca Ewi. Formado no Conservatório de Macau, é uma músico multi-instrumentista que, além do Ewi, toca ainda clarinete, saxofone, bateria e piano. Patrício Manhão “trabalha de forma activa em teatro e produção artística”, contou Monic. A banda tem a portuguesa Rita Martins como vocalista, que também está ligada ao projecto musical Darkroom Perfume. Yaya, outra das vocalistas, canta também no grupo “A Little Salt”, sendo “uma vocalista de jazz muito experiente, tendo actuado mais de 500 vezes em toda a Ásia”, descreveu Monic Kei. Os Thetiredeyes são ainda compostos pela teclista Monic Chen, de Hong Kong, que teve uma vasta experiência como compositora e a fazer arranjos musicais na Ásia e América do Norte, além de participar em diversos projectos na mesma área. Monica Chen formou-se na Universidade de Boston, tendo estudado piano e improvisação no conservatório de New England. “O foco da sua música é uma obsessão e compromisso pela expansão das possibilidades musicais e expressivas do piano. Ela tem um estilo eclético que inclui o clássico, avant-garde, pop, free jazz e música de improvisação”, aponta a pianista e directora musical do grupo.
Andreia Sofia Silva PolíticaCovid-19 | Autoridades chinesas criticam baixa vacinação de Macau Macau recebeu uma visita de quatro dias da delegação da Comissão Nacional de Saúde da China, que deixou recomendações sobre a baixa taxa de vacinação no território, por comparação ao elevado número de doses administradas no Interior do país A baixa taxa de vacinação em Macau foi um dos pontos criticados pelas autoridades chinesas no final de uma visita de quatro dias, que começou a 28 de Agosto e terminou ontem. Na habitual conferência de imprensa do Centro de Coordenação e de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus, Tai Wa Hou, coordenador do programa de vacinação, explicou que, na opinião do grupo de oito especialistas, “Macau está ainda muito distante do [nível atingido] pelo Interior da China”, tendo em conta que, nesta região do país, já foram administradas 2.040 milhões de doses de vacinas. Além disso, os especialistas defenderam “medidas mais pró-activas para promover a vacinação”, e que passam por “conseguir a inoculação de um maior número possível de pessoas e procurar saber as razões pelas quais alguns grupos de pessoas não querem ser vacinados”. Tai Wa Hou adiantou apenas que “há experiências que podemos aproveitar”, sendo que agora será feito um relatório escrito e balanço sobre a visita. Uma volta por Macau A visita dos especialistas da Comissão Nacional de Saúde da China foi feita a convite da RAEM e incluiu também a passagem por vários locais onde se realizam testes e acções de monitorização da pandemia. “Falaram de assuntos como os testes de ácido nucleico e foram feitas sugestões ao pessoal dos postos fronteiriços, instituições médicas e todos os que asseguram a logística e a entrega de bens”, referiu o responsável. Na opinião dos especialistas, poder-se-ia equacionar a possibilidade de classificar as pessoas envolvidas nestes trabalhos para definir o número de testes de despistagem à covid-19 a realizar, “consoante se o nível de risco [de infecção] é alto ou baixo”. Relativamente ao início de um novo ano lectivo, foi adiantado que, até ontem, 11 mil alunos e docentes estavam inscrito para o teste de ácido nucleico antes do arranque das aulas. Em relação às eleições, foram anunciadas regras de votação para residentes que se encontram em quarentena. “Os eleitores devem fazer o teste antes da eleição e depois seguem do seu quarto, um a um, para votar, evitando o contacto próximo uns com os outros. Exige-se o uso de máscara quando saírem do quarto e devem usar luvas e álcool-gel. Os trabalhadores das assembleias de voto, incluindo os trabalhadores que vão contar os votos, devem vestir os fatos de protecção”, disse a médica Leong Iek Hou.
Andreia Sofia Silva SociedadeRanking Universitário | UM sobe e está à frente da MUST A Universidade de Macau (UM) subiu algumas posições no ranking da Times Higher Education 2022 e está à frente da Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau (MUST). Segundo os dados divulgados ontem, a UM deixou o grupo das 301-350 melhores universidades do mundo para ocupar o das 201 a 250 melhores instituições para estudar. Além disso, a UM ocupa o 37º lugar no Asia University Ranking. Enquanto isso, a MUST mantém-se no grupo das 251 a 300 melhores universidades do mundo para realizar estudos superiores, posição obtida o ano passado. O ranking destaca ainda o facto de a UM possuir “um dos maiores e mais complexos sistemas colegiais com dez colégios residenciais geridos pelos mais distintos académicos”. É também referido que a UM disponibiliza mais de 130 programas para mais de dez mil alunos, alguns reconhecidos internacionalmente. Os três laboratórios chave de referência são também referidos pelo ranking. O Times Higher Education 2022 é liderado pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, seguindo-se o California Institute of Technology, a Universidade de Harvard e a Universidade de Stanford, ambas nos EUA.
Andreia Sofia Silva PolíticaDeputado Sulu Sou pede alívio do excesso de trabalho dos alunos O deputado Sulu Sou quer mais medidas para aliviar a pressão que recai sobre os alunos do ensino não superior, como a redução dos trabalhos de casa e testes, após um caso de suicídio de uma aluna A elevada carga horária de aulas e de trabalhos de casa de que são alvo os alunos do ensino não superior levaram o deputado Sulu Sou a questionar o Governo sobre a necessidade de implementar novas medidas que reduzam a pressão sentida pelos alunos. A interpelação escrita, surge depois de um caso de suicídio de uma aluna de 16 anos, divulgado pelas autoridades esta quarta-feira. Sulu Sou lembrou que, recentemente, a China lançou uma política para aliviar o volume de trabalho dos alunos, como a redução de trabalhos de casa e testes, questionando a posição do Governo sobre este assunto. O deputado recordou que já havia uma proposta para reduzir o número de trabalhos de casa e de testes consoante o nível de ensino. O legislador pretende saber como é que a Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) vai supervisionar a forma como cada escola implementa estas novas medidas, bem como o novo sistema de avaliação dos alunos que entrou em vigor este ano lectivo. Que felicidade? Na mesma interpelação escrita, Sulu Sou questionou quais as medidas concretas adoptadas pelos grupos de trabalho da DSEDJ focadas nas questões da saúde mental e física dos jovens, a fim de reduzir a ansiedade dos estudantes sobre o número de trabalhos a realizar fora da sala de aula. Em relação ao novo regime do ensino especial, que entrou em vigor este ano lectivo, o deputado pretende saber como é que o Governo vai acompanhar a implementação desta nova legislação e se será criado um regime de avaliação apropriado para as necessidades de cada aluno. As autoridades informaram que a estudante de 16 anos cometeu suicídio naquele que seria o seu primeiro dia de aulas de um novo ano lectivo. Inicialmente, as autoridades pensaram tratar-se de uma queda. Uma investigação preliminar por parte da Polícia Judiciária afastou quaisquer indícios de crime, tendo sido encontrada uma nota no apartamento da família da jovem.
Andreia Sofia Silva EventosMúsica | Festa no LMA presta homenagem a Lee ‘Scratch’ Perry A carreira do músico e produtor jamaicano Lee ‘Scratch’ Perry, que trabalhou com artistas incontornáveis como Bob Marley e The Clash, será passada em revista amanhã no LMA. É esperada uma noite de ritmos quentes, com uma sessão de DJ apropriada para amantes de reggae e dub Falecido no passado domingo, o influente músico e produtor jamaicano Lee ‘Scratch’ Perry será recordado amanhã no LMA com um DJ Set, a partir das 22h. Esta será uma homenagem a um nome fundamental da cultura jamaicana, conforme disse ao HM Rui Simões, ligado à organização do evento. “Era um personagem engraçado e curioso e achei que se poderia fazer alguma coisa. Ele abriu um estúdio e todos os artistas jamaicanos passaram pelas mãos dele, como o Bob Marley.” Lee ‘Scratch’ Perry era alguém “meio excêntrico”, um artista que aliava as peculiaridades da sua personalidade à música. Perry foi também um dos artistas responsáveis pela invenção do dub, daí a sua enorme influência em criadores ligados a outros estilos musicais, como o Pop Rock, Ska e Punk. “Tem uma obra gigante, com centenas de discos gravados. Tornou-se um personagem de culto”, frisou Rui Simões. O nome histórico do reggae e dub faleceu com 85 anos no hospital, tendo a sua morte sido destacada por vários meios de comunicação social e inclusivamente por governantes da Jamaica. “Será sempre lembrado pelo seu contributo exemplar para a fraternidade da música. Que a sua alma descanse em paz”, afirmou o chefe do Governo jamaicano, Andrew Holness, numa mensagem publicada na rede social Twitter. O jornal Jamaican Observer noticiou que Perry morreu no hospital Noel Holmes, na localidade de Lucea, perto do local onde nasceu. A causa da morte não foi adiantada. O primeiro-ministro jamaicano citou o trabalho do artista, nascido Rainford Hugh Perry, com bandas incontornáveis como Bob Marley and the Wailers, The Congos, Adrian Sherwood e os norte-americanos Beastie Boys. O “Salvador Dalí” da música Ao longo de mais de sessenta anos de carreira, o artista nascido Rainford Hugh Perry ajudou a criar o reggae como estilo musical e produziu centenas de discos de artistas como Max Romeo, Junior Murvin, Bob Marley and the Wailers ou The Congos. Colaborou com muitos outros grupos e músicos não jamaicanos, como os norte-americanos Beastie Boys, os seminais The Clash, o produtor britânico Adrian Sherwood ou o grupo de electrónica inglês The Orb. Em nome próprio ou com a sua banda, The Upsetters, lançou dezenas de discos marcados pelo seu estilo de produção, com técnicas de estúdio que criou e que deram o seu cunho a todo um subgénero do reggae conhecido como dub, assente em remisturas ou releituras instrumentais de temas existentes. O guitarrista dos Rolling Stones, Keith Richards, declarou à revista Rolling Stone em 2010 que Perry era “o Salvador Dalí da música”. “Ele é um mistério. O mundo inteiro é o seu instrumento. Tem mesmo que se ouvir”, afirmou o músico britânico. O pioneiro do hip-hop Afrika Bambaataa também declarou que foi o som de Perry que inspirou os criadores do género. Nascido numa zona rural da Jamaica, Lee ‘Scratch’ Perry relevou as suas humildes origens, nascido numa família pobre, numa entrevista em 1984 ao semanário musical britânico New Musical Express. O músico recordou que quando saiu da escola “não havia mais nada para fazer senão trabalhar no campo”. “Era um trabalho muito, muito duro. Eu não gostava daquilo. E comecei a jogar dominó. Com isso, treinei a minha mente e aprendi a ler as mentes dos outros, o que se revelou eternamente útil para mim”, afirmou o músico. A festa no LMA começa às 22h e a entrada é grátis. Com Lusa
Andreia Sofia Silva SociedadeMantém-se número de alunos no Costa Nunes, procura continua grande O regresso de algumas famílias a Portugal não teve qualquer impacto no número de alunos que vão frequentar o Jardim de Infância D. José da Costa Nunes no ano lectivo que arranca na segunda-feira. A escola vai continuar com quatro turmas, mantendo-se um total de 287 alunos. Os números foram adiantados ao HM por Marisa Peixoto, directora da instituição de ensino infantil. Como não poderia deixar de ser, a pandemia continua a ser uma preocupação, mas a responsável encara o arranque do ano lectivo com tranquilidade, destacando que “a maioria” dos professores estão vacinados, e que alguns alunos vão entrar mais tarde. Numa lógica de equipa que ganha não mexe, o novo ano lectivo do jardim de infância reflecte a continuidade do trabalho feito antes. “Vamos manter as mesmas actividades. Estamos a pensar num ou outro projecto novo, mas não posso adiantar mais”, disse apenas Marisa Peixoto. Miguel de Senna Fernandes, presidente da Associação Promotora da Instrução dos Macaenses (APIM), entidade gestora do jardim de infância, adiantou que o Costa Nunes “continua a ser um jardim de infância muito solicitado”. Critérios são precisos Tendo em conta a grande procura, Miguel de Senna Fernandes adiantou que, nos próximos anos, haverá necessidade de criar critérios de admissão para os alunos. “Continuamos a ter problemas de espaço, e este é também um problema da Escola Portuguesa de Macau (EPM). Normalmente, os alunos do Costa Nunes vão para a EPM e temos de colmatar esse problema.” “A tendência é sempre para aumentar o número de alunos”, referiu o responsável, antevendo a necessidade de criar critérios de admissão, que darão sempre prioridade à comunidade portuguesa. “É sempre mau [termos estes critérios], mas o jardim de infância não tem espaço para todos. Os critérios serão sempre discutíveis, mas é de facto um problema que se coloca”, acrescentou Miguel de Senna Fernandes. O edifício do jardim de infância terá obras de reparação este ano para restauro de espaços degradados e corrigir problemas de infiltrações.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeOntem foi o derradeiro dia do Caravela, um marco da comunidade portuguesa No dia 29 de Junho de 1995, com a transferência de soberania no horizonte e numa Macau bem mais turbulenta em comparação com os dias de hoje, abria a Pastelaria Caravela, no Pátio do Comandante Mata e Oliveira, bem no coração de Macau. Ontem, mais de um quarto de século depois, o espaço que se tornou num local de culto para as comunidades portuguesa e macaense abriu pela última vez. Segundo apurou o HM, a renda elevada, um trespasse fracassado e crise a que a pandemia votou Macau estiveram na origem do naufrágio. Nem a bóia de salvação atirada pelo Governo, na forma de apoios às Pequenas e Médias Empresas, chegou para manter o Caravela à tona. O último dia decorreu com a languidez e calmaria que viria a ditar o encerramento. Sentado na esplanada, o advogado António Lobo Vilela, em Macau há 25 anos, é apanhado de surpresa pelo encerramento da Pastelaria Caravela. “A sério, vai fechar? Não fazia ideia”, comenta surpreendido. “É passagem obrigatória, faz parte do percurso normal de um português em Macau”, comenta o cliente que todos os dias não dispensa uma bica. A partir de agora, António Lobo Vilela não tem dúvidas de que a comunidade portuguesa ficará órfã do local no centro da cidade. Mas, sem dramas, antevê que a adaptação será rápida. “As pessoas vão lembrar-se do Caravela, mas haverá outro poiso”, projecta o jurista. Amélia António, presidente da Casa de Portugal em Macau, encara o fim do Caravela com emotividade. “Impressiona-me ver fechar este café, faz-me confusão. Tenho pena de ver fechar estes espaços, porque fazem parte da história da cidade e da sua diferença. Cada espaço destes que desaparece é um bocadinho da história e da identidade de Macau que se vai apagando”, reflecte Amélia António. Cenas de filme e teatro Em mais de 26 anos, o Caravela coleccionou histórias, dramas, celebrações e tudo o que se possa imaginar num lugar habitado por pessoas em transição. No Pátio do Comandante Mata e Oliveira nasceram histórias dos Dóci Papiaçam di Macau, “em ambiente de plena cavaqueira”. Miguel de Senna Fernandes recorda “as belas tardes que ali se passaram” e garante que irá guardar boas memórias do Caravela. “Tenho muita pena que feche, porque as pessoas reuniam-se ali, conversavam, era um espaço de cavaqueira. Em Macau, são fundamentais espaços deste género, onde não é apenas a cusquice, mas sobretudo o convívio que marcam. As comunidades precisam sempre de espaços de referência onde possam conviver, e o Caravela era um desses espaços”, comenta o advogado e director do grupo de teatro que mantém vivo o patuá. Face aos factos consumados do encerramento, Miguel de Senna Fernandes remata que “é mais um espaço que se perde, mais um que diz muito respeito às comunidades portuguesa e macaense”. Porém, nem sempre de felizes cenas se fez o espaço. Albano Martins, que foi contabilista da sociedade que fundou o Caravela, com Francisco Cordeiro, Francisco Gonçalves e Adriano das Neves ao leme, recorda como um dia ficou cravada uma bala na coluna de entrada da pastelaria. Um guarda prisional acabaria por perder a vida no Caravela, na sequência do tiroteio. Albano Martins estava em Pequim, quando foi informado do pânico que se instalara no pátio, em especial entre os empregados da pastelaria. O economista lembra, inclusive, que o Caravela era bastante frequentado por agentes da Polícia Judiciária durante a violenta época de guerra de seitas, facto que terá mesmo afectado o negócio porque alguma clientela receava ser apanhada por uma bala perdida de um ajuste de contas que não eram as suas. Na larga maioria dos dias dos primeiros anos do Caravela, o maior rebuliço era comercial, chávenas a tilintar e a máquina registadora a facturar, numa época em que “só o dinheiro das bicas dava para pagar todos os custos”, lembra o economista. Cenário que contrasta com a tarde de ontem. Com a esplanada a meio gás, conversas cruzadas entre bicas, super bocks e tostas mistas. Como quem não quer a coisa, o assunto do fim passa ao de leve entre a freguesia, cristalizado na frase uma cliente que exclama “acabou-se a esplanada!”. Com a chegada das 18h, a clientela habitual chega para beber um último copo, o da inadvertida despedida a um lugar que ficará para sempre ligado a tempos de mudança, a chegadas e partidas. Esta é só mais uma.
Andreia Sofia Silva PolíticaSegundo Plano de Desenvolvimento Quinquenal está a ser elaborado Ho Iat Seng, Chefe do Executivo, garantiu, em resposta a interpelações, que o Governo está a elaborar o segundo Plano Quinquenal de Desenvolvimento da RAEM, pensado para o período de 2021 a 2025. Recorde-se que o plano foi lançado por Chui Sai On, anterior Chefe do Executivo, em 2016. “O Governo da RAEM está a elaborar o ‘2º Plano Quinquenal (2021-2025) do Desenvolvimento Económico e Social da RAEM’, em articulação com o 14º Plano Quinquenal do país”, disse Ho Iat Seng em resposta ao deputado Joey Lao. O projecto para cinco anos deverá garantir uma participação de Macau, “de forma pró-activa” na “construção da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau e na promoção da construção da zona de cooperação aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin”. Face à estratégia em construção, o Governo diz-se “empenhado no desenvolvimento de diversas indústrias”, tais como “a saúde vocacionada para a investigação, desenvolvimento e produção de medicamentos tradicionais chineses, da indústria financeira moderna e tecnologia de ponta, bem como indústrias de convenções, exposições e comercial”. Toca a aprender Em resposta a interpelação escrita da deputada Chan Hong, o governante máximo da RAEM frisou também que o segundo Plano Quinquenal de Desenvolvimento da RAEM “irá garantir maior estabilidade dos recursos de educação pública, visando apoiar as condições do funcionamento escolar”. Ho Iat Seng adiantou que existem 11 escolas localizadas em pódios de edifícios habitacionais cujos processos de transferência de instalações “estão a ser objecto de tratamento”. “Em um deles estão a ser realizadas obras de ampliação, cuja conclusão está prevista para o final de 2021. Num terreno concedido a uma escola está a ser construído um novo edifício escolar”, respondeu Ho Iat Seng. Ho Iat Seng não esteve presente na sessão plenária da Assembleia Legislativa, no passado dia 10, para responder presencialmente às interpelações dos deputados. As respostas escritas foram posteriormente divulgadas.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteTurismo de Macau | Livraria fecha portas em Lisboa. RAEM fora da Feira do Livro O fim da representação do Turismo de Macau em Lisboa levou à ausência na Feira do Livro de Lisboa deste ano. A Delegação Económica e Comercial de Macau não deixa de lado a hipótese de voltar a participar no evento. A livraria fechou portas e, para já, não há planos de reabertura, estando “em análise” a continuação do projecto. Editores receberam cartas para levantar livros no prazo de um ano Os livros que se editam em Macau, ou que versam sobre Macau, deixaram de ter o seu principal ponto de venda em Portugal desde o dia 16 de Junho. Isto, porque o fecho da representação do Turismo de Macau em Lisboa levou ao encerramento da livraria que funcionava nas instalações da Delegação Económica e Comercial de Macau (DECM) em Lisboa, na avenida 5 de Outubro. A decisão do Governo de Macau fez também com que as obras editadas na RAEM não estejam representadas na edição deste ano da Feira do Livro de Lisboa. A DECM não está inscrita na APEL – Associação Portuguesa de Editores e Livreiros, entidade responsável pela organização do evento. Na lista de associados da APEL não consta nenhuma outra entidade ou editora ligada a Macau. Em resposta ao HM, a DECM garante estar “a equacionar a futura participação no evento”, enquanto que a reabertura da livraria parece estar fora da equação, uma vez que os editores foram notificados para levantar as suas obras no prazo de um ano. “Foi dado início ao processo de transferência e liquidação do espólio da livraria da Representação do Turismo de Macau em Lisboa”, assegurou a DECM, sendo que “os livros consignados já se encontram em levantamento”. Este procedimento “tem vindo a desenvolver-se de forma muito positiva”, acrescentou a DECM. O HM fez ainda uma pergunta adicional sobre as razões que levaram ao encerramento da livraria e se há possibilidade de esta vir a abrir portas noutro local, tendo a DECM dito apenas que “está em aberto e em análise a possível continuidade da mesma”. O HM sabe ainda que a presença na Feira do Livro chegou a render receitas na ordem dos 10 mil euros (cerca de 100 mil patacas). Além do conjunto de obras que estava disponível para venda ao público, resta ainda um espólio de 25 mil livros que são propriedade do Governo da RAEM, mas que não estavam disponíveis para venda ao público. Questionada sobre como será feita a promoção das obras de Macau em Portugal, a DECM apenas disse que o Governo da RAEM “continuará a promover os produtos e serviços turísticos e culturais de Macau no exterior, tendo em vista o reforço da imagem de Macau enquanto destino de qualidade”. Sem acerto de contas Rogério Beltrão Coelho foi um dos editores contactado para levantar o que resta em Lisboa das obras editadas pela Livros do Oriente que não foram vendidas. No entanto, este lamenta que o processo não tenha tido uma discussão prévia. “A DECM tem todo o direito de tomar as decisões que julgue mais convenientes, mas este processo foi feito de forma estranha e sem qualquer diálogo prévio com os editores de Macau, que se limitaram a receber uma carta solicitando que os livros fossem levantados. Em circunstância alguma foi colocada a hipótese de uma alternativa em prol da continuidade da livraria.” O editor refere ainda que “não houve acerto de contas”, além de que “não se sabe em que estado estarão os livros”. O transporte e levantamento das obras também irá obrigar a uma “despesa inesperada, avultada e sem qualquer compensação”, lamentou. No caso da Livros do Oriente, há mais de mil obras por levantar, o que implica “contratar uma empresa para o efeito e transportá-los para fora de Lisboa para o armazém” da própria editora. Uma livraria diferente Na visão de Rogério Beltrão Coelho, a livraria que funcionava nas instalações da DECM nunca funcionou na perfeição, pois cada cliente ou visitante tinha de se apresentar primeiro a um recepcionista. “Verificaram-se sempre vários factores que impediram que exercesse a sua função como qualquer outra livraria. A grande fragilidade foi a falta de promoção das edições de Macau.” No entanto, o editor destaca o facto de a livraria ter tido “o mérito de encaminhar para ela qualquer leitor de Portugal que contactasse as editoras interessado nos seus livros”. Além disso, “muitas vezes era a única oportunidade para dar a conhecer os livros de Macau e servir de ponto de encontro para quem, estando em Portugal, vive ou passou por Macau”. Tendo sido “o único posto de venda organizado dos livros de Macau em Portugal”, é agora difícil integrar estas edições em outras livrarias. “A intensa actividade editorial em Portugal, mesmo com pandemia, não permite às livrarias do país ter disponíveis todos os títulos editados, optando [estas] pelos mais comercializáveis, designadamente os dos autores mais conhecidos. Portanto, não dá para encaixar os livros de Macau neste circuito comercial”, frisou. Que solução? Na opinião do editor da Livros do Oriente, “Macau precisará sempre de uma livraria em Lisboa, no Porto ou em Coimbra”, mas num espaço que seja “de fácil e atraente acesso”, e onde o leitor possa encontrar “os livros que quer”. Beltrão Coelho diz ainda que a aposta deveria passar também por um serviço de vendas online e por “muitas acções de promoção”. Só assim, e também com a presença na Feira do Livro de Lisboa, “se conseguirá manter e divulgar a presença lusófona de Macau e as edições chinesas produzidas” no território, apontou. João Botas, jornalista e um dos autores de obras sobre a história de Macau, diz ter ficado surpreendido com o encerramento da representação dos Serviços de Turismo de Macau em Lisboa e, por consequência, da livraria. “Respeito a decisão, mas não posso concordar [com ela], tendo em conta o elo especial que Portugal sempre teve e terá com Macau”, começou por dizer. Com livros publicados com a chancela do Instituto Cultural e do Instituto Internacional de Macau, incluindo edições de autor, João Botas destaca o facto de, para alguém que escreve livros, ser sempre difícil o encerramento de uma livraria, tendo em conta “a especificidade” do mercado editorial de Macau. João Botas frisou também “as múltiplas manifestações culturais sobre Macau que esta delegação fez ao longo das últimas décadas e que muito serviram para levar mais longe, de forma honrosa, o nome de Macau”. Alterações espaciais Numa entrevista concedida ao HM em Maio do ano passado, Paula Machado, então coordenadora da representação do Turismo de Macau em Lisboa, disse ter novos planos para dinamizar a livraria. “Acaba por ser um importante complemento às nossas actividades promocionais, pois participamos na Feira do Livro de Lisboa e na Festa do Livro de Belém. Nestas feiras acabamos por vender mais livros do que em nos outros meses do ano. Ainda assim, penso que ainda há muito a fazer para atrair mais pessoas às nossas instalações”, defendeu. Muito recentemente a livraria foi alvo de uma reestruturação, pedida por Paula Machado, tendo sido realizado um novo inventário, que implicou “a implementação de um novo sistema informático e o abate de livros antigos e desactualizados”. Além disso, “foram feitas obras no armazém para podermos organizar os livros por ordem alfabética e por autor”. Na mesma entrevista, Paula Machado revelava a vontade de criar “um novo sistema de gestão das consignações em conformidade com o que se faz nas outras livrarias em Portugal”, bem como um site reestruturado para a venda de obras. Paula Machado não quis prestar novas declarações sobre o encerramento da livraria, por não se encontrar em funções. O presidente da Casa de Macau em Portugal, Rodolfo Faustino, também se recusou a prestar comentários sobre o encerramento deste espaço. O HM tentou ainda chegar à fala com outras entidades ligadas a Macau, no sentido de perceber se uma nova livraria poderá abrir portas, mas até ao fecho desta edição não foram obtidas respostas.
Andreia Sofia Silva SociedadeProfessor da UM colabora em livro de homenagem a Gomes Canotilho Joaquim Gomes Canotilho, considerado um dos grandes especialistas na Constituição portuguesa, celebrou 80 anos recentemente e, para marcar a efeméride, a editora Fórum vai editar o livro “Direito Constitucional – Diálogos em homenagem ao 80º aniversário de J. J. Gomes Canotilho”, que inclui a colaboração de Paulo Canelas de Castro, professor da Faculdade de Direito da Universidade de Macau (UM). Ao HM, Canelas de Castro adiantou que escreveu sobre “as novas tendências de desenvolvimento na área do Direito internacional à luz da globalização, questionando se esta ainda é um paradigma dominante das relações internacionais”. Paulo Canelas de Castro destaca ainda a importância que o trabalho de Gomes Canotilho teve na elaboração do Direito de Macau. O constitucionalista “contribuiu muito através da participação em conferências internacionais, quer antes ou depois da transição, que ajudaram a conceptualizar e ordenar a prática do Direito em Macau”. Gomes Canotilho “influenciava as pessoas porque tem um pensamento muito organizado e rico do ponto de vista da doutrina, conceitos, e da melhor forma de organizar a prática do Direito. Sempre colhi testemunhos de admiração sobre a sua vinda ao território”, acrescentou o professor da UM. Parceiros na sala de aula Paulo Canelas de Castro cruzou-se com Gomes Canotilho ainda na faculdade, onde foi seu aluno. Mais tarde seria assistente do constitucionalista, que foi também seu orientador de doutoramento. “Foi sempre uma pessoa com quem mantive uma relação amiga de grande admiração pessoal. Entendi que a melhor forma de o homenagear era mostrar como ele ajudou a formar modos de pensar na área do Direito internacional. É um contributo modesto, porque o importante é a celebração de uma obra notável.” Para o docente da UM, Gomes Canotilho é “um jurista com uma capacidade polivalente, que abarca todas as áreas do Direito público e administrativo”. Além disso, “é também um finíssimo cultor do direito internacional e tem um grande mérito de trazer para Portugal o Direito do ambiente”.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeCovid-19 | Jovem que originou surto teve alta A jovem de 12 anos, infectada com covid-19 depois de uma visita de estudo à China já teve alta, após ter testado negativo por duas vezes. O resto da família continua internada. Com as eleições à porta, continua a não se saber como vão votar os residentes em quarentena Já teve alta a rapariga da família de quatro pessoas infectadas com covid-19. A jovem, de 12 anos, ficou infectada com o novo coronavírus depois de uma visita de estudo à China. Os familiares continuam internados. “Temos ainda três pacientes [no Centro Clínico de Saúde Pública do Alto de Coloane], mas esta paciente fez três testes de ácido nucleico, dois com resultado negativo, e teve agora alta hospitalar, estando a cumprir o período de isolamento”, adiantou Leong Iek Hou, médica e coordenadora do Centro de Coordenação e de Contingência do novo tipo de coronavírus. Os responsáveis do centro foram ainda questionados sobre a ausência de informações a duas semanas das eleições legislativas, nomeadamente sobre se será usado o carimbo nas mesas de voto, tocado por muitas pessoas, e como será garantida a votação aos residentes que se encontram a cumprir o período de quarentena obrigatório. “A Comissão para os Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) manteve sempre contacto com os Serviços de Saúde e já realizamos várias reuniões sobre esta questão, mas há ainda muitos pormenores a discutir. Quando tivermos informações definidas vamos divulgá-las. Temos tempo para discutir medidas concretas. Os pormenores devem ser avançados pela CAEAL”, disse Leong Iek Hou. 70% vacinado Tai Wa Hou, coordenador do programa de vacinação, mostrou-se satisfeito com o facto de cerca de 70 por cento dos profissionais de saúde já estar vacinado contra a covid-19. “Houve um avanço, porque antes a taxa rondava os 40 por cento. Falámos que estas pessoas devem ter sentido de responsabilidade”, frisou. Relativamente ao regresso às aulas, e à necessidade de realização de testes, um total de 11 mil pessoas já submeteram o pedido, sendo que 80 por cento já foi testada. O Centro de Coordenação continua a reunir com as escolas para promover a vacinação no âmbito do serviço de proximidade. “O regresso às aulas irá fazer-se no tempo previsto”, foi referido na conferência de imprensa de ontem.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeCasa de Vidro | Amélia António chega a acordo com o Governo A Casa de Portugal em Macau chegou a acordo com o Instituto Cultural para operar o restaurante na Casa de Vidro, estando previsto o desconto faseado do dinheiro já pago em rendas sem usufruto do espaço. As obras necessárias na cozinha também estão em andamento Está resolvido o impasse que impedia a Casa de Portugal em Macau (CPM) de operar um restaurante na Casa de Vidro, na praça do Tap Seac. Com o concurso público ganho em Novembro de 2019, questões contratuais e a necessidade de obras impediam a CPM de avançar com o projecto. Ao HM, Amélia António explicou que foi firmado um acordo com o Instituto Cultural (IC), que incluiu um aditamento ao contrato já celebrado. As mais de 200 mil patacas que a CPM já pagou em rendas, sem poder usufruir do espaço, vão ser descontadas de forma faseada. “Esta foi a solução possível para podermos avançar, pois contaram o tempo de contrato a partir de uma data que não foi a data da escritura. Conseguiu-se recuperar esse tempo.” No entanto, segundo o contrato, a CPM tinha direito a nove meses sem pagamento para preparar as instalações. “Estamos a tratar da instalação ao mesmo tempo que já estamos a pagar [renda]”, lamenta. Obras avançam Outro ponto que a CPM pretendia discutir com o Executivo era a construção de uma segunda porta, sem a qual o restaurante não poderia abrir ao público. Obra que segundo o acordado será da responsabilidade do Governo. “Recusámos fazer obras naquele edifício, numa fachada de vidro. O IC acabou por concordar serem eles a fazer a porta. Só se conseguiu a licença para essas obras no final de Junho. E só a partir daí é que pudemos contactar empresas especializadas em equipamentos de cozinha.” Amélia António espera que tudo fique pronto “ainda este mês ou no início do próximo” para que o restaurante comece a operar. Isto porque “não é possível aguentar estas despesas sem funcionar”. “O que estava em discussão foi resolvido, mas a situação é complicada, porque perdemos muito tempo com obras e instalações. O que havia a resolver com o IC está resolvido, não direi que é da forma ideal, mas foi a forma possível. Perdeu-se mais de um ano e o tempo de contrato acaba por ser menor”, concluiu.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaEleições | Campanha eleitoral arrancou oficialmente no sábado Nos próximos 14 dias, as listas candidatas às eleições legislativas vão dar tudo por tudo para apresentar as suas ideias ao eleitorado. Temas sociais, como a habitação, são os mais prementes. Coutinho apelou ao voto para manter a única voz em língua portuguesa no hemiciclo O período de campanha eleitoral arrancou oficialmente às 00h de sábado e estende-se até 10 de Setembro, antes das eleições marcadas para 12 de Setembro. Na sexta-feira a Comissão para os Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) e elementos do Corpo de Polícia de Segurança Pública visitaram os locais públicos onde serão feitas as actividades de campanha. Tong Hio Fong, presidente da CAEAL, referiu que, durante a campanha, as listas “devem proceder de acordo com a lei” e “realizar as suas actividades nos locais públicos designados”, além de seguirem as recomendações de prevenção da pandemia. A lista Ou Mun Kong I, liderada por Lee Sio Kuan, é aquela que promete o maior número de actividades, 64 no total, enquanto que a lista da União Promotora para o Progresso, dos candidatos e deputados Ella Lei e Leong Sun Iok, deverá realizar apenas cinco acções de campanha. No total, estão programadas 241 acções das listas candidatas pelo sufrágio directo e indirecto nos 18 lugares elegíveis pela CAEAL. No sábado, a lista ligada à Associação Geral dos Operários de Macau apresentou o programa político, cujas principais bandeiras vão da aposta em mais medidas de apoio à economia, prioridade de locais no acesso a emprego e aumento da oferta de casas públicas. Segundo o jornal Ou Mun, Ella Lei e Leong Sun Iok pedem também a preservação dos direitos laborais. No caso da lista da Associação dos Cidadãos Unidos de Macau, de Song Pek Kei e Si Ka Lon, o programa foi apresentado no centro de actividades da Aliança do Povo de Instituição de Macau. Os candidatos defendem a criação de um projecto piloto para o seguro universal destinado a pessoas entre os 50 e 60 aos, bem como o regresso da distribuição de sete mil patacas nas contas de previdência. Sobre a pandemia, Song Pek Kei defendeu uma nova ronda de apoios para residentes e empresas. Coutinho “conservador” Com um programa político com nove capítulos, a lista Ou Mun Kong I contém ideias como o aumento dos impostos sobre o jogo em dez por cento, para construir mais habitação e providenciar assistência médica universal. É também pedida uma nova ronda do cheque pecuniário e o aumento dos subsídios para portadores de deficiência e idosos. A lista Nova Esperança, liderada por Pereira Coutinho, renovou o pedido de aumento do valor do cheque pecuniário para 12 mil patacas, bem como a restituição das sete mil patacas nas contas do fundo de previdência central dos idosos. É ainda defendida a instituição de um “sistema de cuidados de saúde gratuitos” para “elevar a qualidade de vida da população”. Coutinho parte para a campanha com uma “atitude conservadora” em relação aos resultados das eleições, pois espera “uma forte concorrência devido à diminuição das listas” e necessidade de somar mais de 14 mil votos para ser eleito. Ontem, numa acção de campanha no jardim do Iao Hon, Pereira Coutinho apelou ao voto. “Temos de votar em força para garantir que a nossa voz é ouvida. Caso contrário não há língua portuguesa na AL, não há pensamento democrático e não há a diferença na coragem de dizer coisas que, para os outros, são muito incómodas”, disse, segundo a TDM – Rádio Macau. Observatório Cívico | Agnes Lam quer mais transparência Caso seja reeleita, Agnes Lam, cabeça de lista do Observatório Cívico, prometeu lutar para que o Governo seja mais transparente. Segundo a TDM – Rádio Macau, a deputada deu como exemplo a atribuição da gestão do Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas à “Peking Union Medical College Hospital”, empresa privada do Interior da China. Apesar da boa reputação da empresa, Agnes Lam considera que a forma como o processo de selecção está a ser tratado pelo Executivo não é ideal. Outra das frentes de batalha referidas por Agnes Lam numa acção de campanha realizada ontem no Jardim Cidade das Flores, na Taipa, prende-se com o apoio às pequenas e médias empresas (PME). Para a candidata, os apoios que têm sido dados à população através de cartão de consumo devem ser revistos, com o objectivo de alocar mais ajuda às PME que estão a sofrer as consequências económicas da pandemia. Sufrágio indirecto | Angela Leong acredita ter o “apoio de todos” A concorrer pela primeira vez às eleições pela via indirecta, Angela Leong considera ter “o apoio de todos”, inclusivamente das associações da cultura e do desporto, Colégio Eleitoral pelo qual concorre juntamente com Chan Chak Mo. “Já fui deputada eleita pelo sufrágio directo durante quatro mandatos e, em relação ao desporto e à cultura, sabem que eu fui bailarina”, começou por dizer, segundo a TDM-Rádio Macau. “Acredito ter o apoio de todos, incluindo das associações do sector de cultura e desporto. É por isso que me candidato ao sufrágio indirecto”, justificou.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeTestes covid-19 | Governo anuncia plano melhorado com mais postos e novas regras O Centro de Coordenação e de Contingência do novo tipo de coronavírus anunciou ontem um plano de melhoria do sistema de testagem em massa da população, com três categorias distintas, a fim de evitar a concentração de pessoas e as longas filas de espera que se verificaram na primeira ronda de testes. Haverá postos destinados à população, sujeitos a marcação prévia, postos para testes pagos e ainda para idosos e pessoas com necessidades especiais, num total de 52 locais. Além disso, foi estabelecido um grupo de trabalho apenas para este fim, dividido em cinco subgrupos. A fim de evitar falhas no sistema informático de marcação, como as que ocorreram na primeira testagem, foi criado um sistema de base de dados. “Construímos uma base de dados sobre marcação e registo [para os testes], em conjunto com os Serviços de Administração e Função Pública e com a CTM. Em caso de falhas conseguiremos, em 15 minutos, mudar para esse sistema”, explicou Alvis Lo, director dos Serviços de Saúde de Macau (SSM). Este plano garante “uma optimização do fluxo de pessoas”, ao serem divulgadas informações sobre filas de espera nos locais de testagem quatro vezes por hora. Será criado um website para esse efeito. Em relação ao tempo de espera, as autoridades vão criar ainda três categorias. A verde corresponde a um tempo de espera inferior a 30 minutos, amarelo de 59 minutos e vermelho superior a uma hora. Divulgação atempada Alvis Lo garantiu ainda que, com este plano, o anúncio de uma nova ronda de testes em massa poderá ser feito com dez horas de antecedência, e os resultados divulgados no prazo de três dias. “Estamos confiantes de que teremos uma melhor preparação se, no futuro, tivermos uma nova ronda de testes”, frisou. Outra das mudanças, prende-se com o facto de os resultados dos testes feitos nos postos destinados à população deixarem de ser carregados para os códigos de saúde. “Na primeira testagem em massa havia pessoas que tinham de passar a fronteira e que se concentraram no primeiro dia [para fazer os testes]. Mas agora teremos postos de testes pagos para estas pessoas.” Tai Wa Hou, responsável pelo programa de vacinação, adiantou ainda que a partir do dia 1 de Setembro arranca um serviço de proximidade com as escolas a fim de aumentar a taxa de vacinação dos jovens. Também neste dia, a validade do teste de ácido nucleico para quem viaja para Macau de avião passa das actuais 48 horas para sete dias.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteObras | Construção pré-fabricada promove rapidez e menos necessidade de TNR A construção pré-fabricada tem potencial para ser o próximo capítulo em termos habitacionais em Macau, reduzindo custos e necessidade de mão-de-obra importada. Arquitectos defendem que a solução pode transformar o sector, mas duvidam da viabilidade para a renovação urbana O futuro da construção civil em Macau pode passar pela aposta em modelos pré-fabricados, uma solução com menores custos e exigência de recursos humanos do exterior, e que poderá mudar por completo o sector da construção civil local. Recentemente, os responsáveis da Macau Renovação Urbana SA anunciaram que as casas pré-fabricadas serão usadas nos novos projectos, e mesmo no hemiciclo alguns deputados, como Wu Chou Kit, engenheiro civil de profissão, argumentaram a favor deste método. Profissionais ouvidos pelo HM defendem que a construção pré-fabricada é, de facto, mais indicada para novos projectos. Além da zona A dos Novos Aterros, que terá casas pré-fabricadas, também o “Novo Bairro de Macau”, na Ilha de Hengqin, será edificado desta forma. A empresa Macau Renovação Urbana anunciou esta semana a criação de dois centros de formação sobre casas pré-fabricadas em Hengqin, destinados a estudantes de engenharia da Universidade de Macau. A arquitecta Maria José de Freitas é uma das vozes que defende casas pré-fabricadas para novos projectos habitacionais. “O parque [habitacional] construído em Macau é bastante grande e há muitos edifícios industriais que estão desocupados e que precisam de reabilitação. Nesse caso, não me parece que a construção com painéis pré-fabricados seja a mais indicada, porque é preciso aproveitar a estrutura dos edifícios pré-existentes. Mas para construção nova, sim. Temos os novos aterros, onde essa situação poderá ser encarada.” No entanto, Maria José de Freitas defende a necessidade de se fixar critérios ambientais através de leis. “Mais do que a construção com painéis pré-fabricados, que permite alguma rapidez, o que me parece importante é que exista em Macau um código de protecção ambiental. Refiro-me a fichas de protecção térmica relativamente ao interior do edifício que demonstrem que a construção permite economizar energia.” Mais uma vez, Macau revela algum atraso na adopção de novos conceitos. “Em Hong Kong esses requisitos já existem, tal como em Zhuhai e Shenzhen, mas em Macau ainda se espera por um estudo. Esta opção tem de estar válida para a nova construção e para a já existente”, defendeu Maria José de Freitas. Em 2012, a arquitecta participou em grupos de discussão sobre a possibilidade de fazer construção pré-fabricada nos países de língua portuguesa, numa acção conjunta com o Instituto de Promoção do Comércio e Investimento de Macau (IPIM). No entanto, essas iniciativas não deram frutos. “Não houve muita viabilidade, os painéis tinham garantias, mas desenvolver as acções no terreno revelou-se um pouco mais complicado, talvez porque na altura fosse muito pioneiro. Mas agora, passados muitos anos, talvez faça sentido avançar em Macau.” A arquitecta não tem dúvidas de que a construção pré-fabricada “é um futuro a explorar, mas em conjugação com outras metodologias”, algo que pode “produzir um maior resultado”. “Cada vez mais se percebe que a construção tradicional contém virtualidades que hoje em dia estão a ser descobertas. Há cada vez mais que aperfeiçoar códigos de conduta e ter a legislação térmica.” Também o arquitecto Mário Duque considera que o método de construção deve ser usado em novas edificações. “Nas novas zonas previstas, e que podem ser planeadas de raiz, pode ser uma solução. [Para a parte da cidade já construída] têm de ser situações ajustadas caso a caso. A pré-fabricação serve uma realização nova, mas dificilmente serve uma recuperação”, apontou. Um novo sistema Outro alerta dado por Mário Duque é o facto de, caso se aposte na construção pré-fabricada, isso alterar por completo o sector, levando à necessidade de “formação local para que os profissionais de projecto passem a trabalhar tendo em vista a pré-fabricação”. “A mão-de-obra de estaleiro passa a ser exclusivamente de montagem [e não de construção]. O acompanhamento técnico será depois uma área de especialização, e também na definição e construção das peças e na sua planificação em projecto. Essa tradição não existe em Macau, pelo que se isso acontecer, à margem de formação específica para técnicos locais, acaba por ser um sector que se extingue, porque a concepção é toda feita fora”, acrescentou o arquitecto. Com peças produzidas em fábrica e montadas no local da obra, “a parte ligada à mão-de-obra deixa de ser tão necessária e passam a ser necessárias pessoas que saibam projectar dentro do tema.” “Há o risco de o sector da construção se reduzir. É um sector da economia que se extingue, em termos de projecto e mão-de-obra”, frisou Mário Duque. Um dos exemplos de construção pré-fabricada em Macau é o edifício do Hotel Regency, na Taipa, ou os antigos projectos residenciais no Iao Hon. Neste sentido, Mário Duque considera que “a pré-fabricação não está associada à má qualidade, porque a qualidade é colocada logo na concepção e nas peças”. Menos TNR Ouvido esta semana pelo portal Macau News Agency, Ao Peng Kong, presidente da direcção do Laboratório de Engenharia Civil de Macau (LECM), defendeu que a aposta em casas pré-fabricadas vai reduzir a necessidade de contratar trabalhadores não-residentes (TNR), além de tornar os projectos de construção pública mais eficientes, sustentáveis e rápidos na execução. “Quanto queremos construir um edifício há um trabalho de reforço, fixação e de fundações. É um trabalho muito duro que exige muita mão-de-obra. Hoje em dia há poucos residentes dispostos a fazê-lo, então este tipo de trabalho exige muita mão-de-obra não-residente, a maior parte da China”, explicou. Lee Hay Ip, presidente da Associação das Empresas Consultoras de Engenharia de Macau, defendeu em declarações ao HM que este tipo de construção “oferece mais vantagens tal como um melhor controlo de qualidade, maior rapidez na construção e, o mais importante, menores impactos ambientais” em relação ao modelo tradicional de construção. Na visão do profissional, a tendência geral deverá levar ao “desenvolvimento dos padrões de construção para coincidirem com os padrões da China e das zonas da Grande Baía”. “O Governo está a ir na direcção certa ao promover esta tendência”, referiu Lee Hay Ip, que acredita que a construção pré-fabricada pode ser aplicada também em projectos como estradas ou pavimentos no aeroporto, entre outros. Tendência de crescimento, apesar da pandemia O mercado da construção pré-fabricada poderá crescer seis por cento até 2026. É o que aponta o estudo “O mercado global de habitação pré-fabricada – crescimento, tendências, o impacto da covid-19 e previsões (2021-2026)” [Global prefabricated housing market – growth, trends, covid-19 impact and forecasts (2021-2026)], publicado pelo portal Mordor Intelligence. “O mercado está a ser conduzido pelo aumento da consciência face à alta customização e períodos curtos de construção que as casas pré-fabricadas oferecem”, pode ler-se. Da parte das empresas de construção a procura também é elevada, refere o estudo, uma vez que pretendem “aumentar a segurança, produtividade, qualidade, custo e sustentabilidade”. Em todo o mundo estas companhias “enfrentam desafios em termos de recursos humanos e incertezas de custos”. Dados citados no documento revelam que “o custo relacionado com os trabalhadores das casas pré-fabricadas é menor”, uma vez que as habitações “custam 20 a 25 por cento menos” do que as construídas de forma tradicional. O estudo aponta também que devido à “elevada popularidade na América do Norte e Ásia”, a tendência de crescimento da procura por este modelo de construção nos últimos anos pode alavancar este mercado alternativo. O mercado norte-americano é apontado como o maior do mundo neste segmento, enquanto que a Europa é tido como o mercado com maiores possibilidades de crescimento, sem esquecer o Brasil e Japão.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaCAEAL | Ho Iat Seng define o que é ser patriota e garante independência Em resposta a duas interpelações de Chan Wa Keong e Ng Kuok Cheong, o Chefe do Executivo definiu três critérios que compõem o conceito de “patriota”. Além disso, Ho Iat Seng garantiu que nenhuma entidade, nem ele próprio, pode interferir nas decisões da Comissão para os Assuntos Eleitorais Para o Chefe do Executivo, existem três critérios que definem o que é um patriota. A defesa dos “interesses nacionais em matéria de segurança e de desenvolvimento”, não “praticar actos que prejudiquem a segurança nacionais” e “respeitar e defender o regime do país e os procedimentos constitucionais de Macau”. Neste último critério, Ho Iat Seng destaca o artigo 1º da Constituição chinesa que estipula que a liderança do Partido Comunista Chinês é fundamental para o socialismo com características chinesas. Além destes, o governante entende que um patriota deve também “defender a estabilidade e a prosperidade de Macau”. Estas noções constam nas respostas a duas interpelações escritas de Chan Wa Keong e Ng Kuok Cheong apresentadas no passado dia 10 e que não foram respondidas de forma presencial, pelo Chefe do Executivo, na Assembleia Legislativa (AL). Ho Iat Seng respondeu ainda que o princípio de “Macau governado por patriotas” já consta na lei dos juramentos por ocasião do acto de posse, mas o Governo está a estudar possíveis mudanças neste âmbito para “aperfeiçoar o regime da garantia do princípio”. O governante defendeu que o hemiciclo “usa da sua competência, definida pela Lei Básica, para garantir que a AL é constituída por patriotas, sendo esta uma condição essencial para implementar correctamente o princípio ‘Um País, Dois Sistemas’”. Total independência Em relação à desqualificação de candidatos às eleições legislativas, Ho Iat Seng frisou que nenhuma entidade interfere nas decisões da Comissão para os Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL), nem tem competência para o fazer, nem o próprio Chefe do Executivo. “A CAEAL recusou a candidatura das listas segundo a lei, defendendo os princípios constitucionais estabelecidos pela Constituição e pela Lei Básica. A decisão foi confirmada pelo Tribunal de Última Instância (TUI).” Na mesma resposta a Ng Kuok Cheong, um dos candidatos desqualificados, Ho Iat Seng adiantou que o Governo sempre apoiou as decisões do TUI e da CAEAL, prometendo continuar a cooperar com a comissão, para que a realização das eleições seja bem-sucedida.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteJogo | Novas restrições na China podem trazer mais dificuldades ao sector VIP Os deputados da Assembleia Legislativa deixaram o alerta num relatório: as medidas do Governo Central para evitar a fuga de capitais do país podem trazer ainda mais dificuldades às operações das salas VIP dos casinos. Em tempo de crise económica ditada pela pandemia, analistas são unânimes: será impossível voltar aos ganhos de 2014, mesmo com bons resultados nas apostas de massas Mais de um ano após o início da pandemia que mudou o mundo, as salas de jogo em Macau continuam a meio gás. O impacto da pandemia na economia local e na redução dos jogadores e visitantes continua a sentir-se, mas na verdade há outro elemento que traz um grande desafio para o sector económico mais importante de Macau: as restrições impostas pelo Governo Central para evitar a saída de capitais para o estrangeiro. Um dos alertas para o caso foi dado no último relatório da Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Terras e de Concessões Públicas da Assembleia Legislativa (AL), que fez o acompanhamento dos contratos de concessão de exploração de jogos. “Com a entrada em vigor, a 1 de Março de 2021, da proposta de revisão da lei penal da República Popular da China, foram reforçados o controlo da saída de fundos para o exterior e o combate à organização da participação em actividades de jogo no exterior, o que constitui um grande alarme para o sector do jogo do sudeste asiático e até de todo o mundo. O Governo precisa de assegurar a articulação entre a referida proposta de revisão e a alteração da lei do jogo.” O documento aponta ainda que um dos deputados da comissão sugeriu ao Governo a análise do “impacto da alteração do artigo 303 da lei penal, introduzida por essa proposta de revisão, para o sector do jogo local, nomeadamente para as salas VIP, por entender que as salas VIP dificilmente vão manter o seu modo de funcionamento”. Numa altura em que o número de junkets a operar em Macau é cada vez menor, analistas ouvidos pelo HM não têm dúvidas: comprova-se cada vez mais que as salas VIP jamais vão atingir os valores recorde de receitas obtidos entre 2013 e 2014, altura em que Xi Jinping assumiu o cargo de Presidente da China. Jorge Godinho, académico e especialista em legislação sobre jogo, recorda que já em 2014 participou numa conferência que ditou o futuro. “Toda a gente saiu de lá com a sensação de que as coisas estariam para mudar.” “Não é uma coincidência o facto de o recorde das receitas tenha sido atingido no ano de 2013. Tudo indica que as modificações que estavam em curso antes da pandemia irão continuar. Não lhe quero chamar de combate, mas esta não apetência pelo mercado VIP estava em curso desde 2014 e tem-se intensificado através de uma série de medidas implementadas pela China”, frisou. Para Jorge Godinho, será muito difícil as apostas de massas cobrirem a ausência dos recordes das salas VIP. “Vão passar muitos anos até que Macau consiga ter um novo recorde de receitas que foi fixado em 2013. Era preciso que o mercado de massas tivesse um crescimento muito sustentado e grande ao longo dos anos para superar esse recorde. Isso não vai acontecer nos próximos anos.” Igual posição tem o advogado Óscar Madureira, também especialista na área do jogo. Os jogadores chineses “já não vão gastar aquilo que querem, mas o que o Estado autoriza”, aponta. “A tendência de queda das receitas do jogo VIP é uma realidade que se verifica há vários anos e começou a afirmar-se com a chegada ao poder desta presidência [de Xi Jinping], e também com a luta anti-corrupção, que teve um impacto muito significativo na saída de capitais para fora do continente chinês. Isso afectou a indústria do jogo e o sector VIP, particularmente os junkets.” A pandemia “veio agravar esse cenário e reduzir ainda mais o número de jogadores que apostam nessas salas”. “Dificilmente voltaremos aos valores que Macau conheceu em 2013 e até 2014. Mesmo que as medidas de controlo da pandemia sejam aligeiradas, os valores não vão ser como foram. As notícias dizem que a China está comprometida em controlar a saída de capitais e não há muito que Macau possa fazer”, frisou o causídico. Além disso, “o jogo de massas jamais conseguirá atingir os valores que foram conseguidos nesse período”. Que alternativas? O relatório da comissão de acompanhamento da AL serviu para os deputados deixarem algumas sugestões ao Executivo numa altura de renovação de licenças. “Em relação aos elementos extra jogo, a comissão defende que, com a sucessiva inauguração de resorts de grande envergadura, aumentam os elementos extra jogo, daí a existência de efeitos sinergéticos entre os elementos jogo e extra jogo. A sociedade deposita grande esperança na possibilidade de o sector do jogo contribuir para o desenvolvimento de outros sectores.” Óscar Madureira é, no entanto, mais pessimista, por considerar que, nos últimos anos, o sector das actividades para famílias e do entretenimento não alcançou a preponderância que se esperava. “Para que Macau seja diferente e ofereça um produto para as massas continuarem a vir jogar, convém que as operadoras apostem numa oferta diversa. Não sei até que ponto Macau tem capacidade para oferecer isso, porque tem dimensões reduzidas. Há muitas limitações em oferecer produtos de qualidade distintos aos clientes, e esse é um problema.” Na visão do advogado, como “os clientes são, na sua maioria, da China, e vão tendo um grau de preferência e de sofisticação bastante acima da média, não se contentam com qualquer coisa”, frisou. Um incómodo? O economista Albano Martins defende que “o jogo incomoda Pequim”, daí que a diversificação económica faça parte do discurso político há muito. “O sector VIP vai reduzir-se ainda mais, Pequim vai controlar o dinheiro que sai da China e dos circuitos do mundo subterrâneo. Por alguma razão o Governo leva tanto tempo a falar do novo concurso [para a renovação das licenças].” Na visão do economista, será sempre complicado as receitas do sector de massas substituírem as obtidas nas salas VIP. Além disso, “as estruturas físicas de Macau continuam pouco flexíveis para tanta gente. O ponto fulcral é: a China vai continuar a autorizar o jogo em Macau? Se sim, até quando? Ou com que dimensão? As pessoas ficam incomodadas, mas penso que a China vai querer ser coerente com os princípios do primeiro sistema.” A alternativa ao brutal impacto económico dessa possibilidade será a integração no projecto na Grande Baía. “O que se está a fazer é acelerar essa integração, porque o jogo incomoda. Muita gente não acredita que será esse o destino final. Será feita a integração para que a população [local] possa mover-se e trabalhar na Grande Baía.” Se Albano Martins acredita que o jogo pode mesmo chegar ao fim depois de 2049, Óscar Madureira não faz a mesma previsão. “Tenho algumas dúvidas de que isso possa acontecer. Pode-se falar da limitação de grandes transferências, mas daí até acabar com a indústria do jogo em Macau é um passo muito grande. Não é possível nem razoável, pois sabemos o quão importante é para os cidadãos chineses. Macau será sempre o local onde poderão jogar, mas com gastos mais limitados.”
Andreia Sofia Silva EventosBienal de Macau | “Botânica”, a obra de Vasco Araújo que olha para o passado colonial Vasco Araújo, artista plástico português, participa na “Arte Macau – Bienal Internacional de Arte de Macau” com a peça “Botânica”, que mais não é do que uma ironia ao antigo passado colonial do Ocidente e aos chamados “zoos humanos”, quando nacionais dos países colonizados eram expostos como se de espécies exóticas se tratassem Realizada entre os anos de 2012 e 2014, “Botânica” é uma série de obras realizada pelo artista plástico português Vasco Araújo que mais não é do que uma representação irónica daquilo que o homem branco fez aos naturais dos países colonizados. Três das doze peças que compõem “Botânica”, que usa materiais como a fotografia e madeira, podem agora ser vistas na “Arte Macau – Bienal Internacional de Arte de Macau”, inserida na secção “Labirinto da Memória de Matteo Ricci”. Esta, descreve “o olhar do Ocidente sobre a China, reescrito e subvertido ao longo de 500 anos”. Ao HM, Vasco Araújo, natural de Lisboa, cidade onde ainda vive e trabalha, diz ter ficado “surpreendido” com o convite do curador da bienal, Qiu Zhijie. “Botânica” não é mais do que “umas mesas atravessadas por fotografias dos jardins botânicos de Portugal”, bem como por imagens de arquivo “relacionadas com todas as exposições que se chamavam ‘Zoos Humanos’, feitas pela Europa fora e EUA, que traziam pessoas das ex-colónias, de vários países, e as expunham como se fossem animais”. O título desta peça é irónico porque “tal como foram construídos os jardins botânicos com espécies exóticas e vindas de todas as antigas colónias, faziam-se estas exposições para mostrar [as pessoas] e para exercer o poder em termos de dominação”. Vasco Araújo afirma fazer sempre uma crítica “a essa situação que, na realidade, tem repercussões até hoje, de racismo e por aí fora…”. Uma vez que o tema principal da bienal é a globalização, o artista plástico português considera que “faz todo o sentido” expor “Botânica” em Macau. “[O curador] falou da questão da globalização e de como este assunto ainda hoje nos afecta a nível positivo e negativo. Estas peças falam sobre isso. [A ideia] de império e das colónias era replicar o que se fazia na Europa, em África, América do Sul e Ásia, pelo que faz todo o sentido [expor esta obra].” O artista recorda que, apesar de Macau ter feito parte do império colonial português, “se calhar na China não há tanto a noção do que foram os impérios coloniais europeus”. Questão de poder “Botânica” já esteve exposta em lugares como Lisboa e Londres, e é muito mais do que uma obra que olhe exclusivamente para o império colonial português. Temas como o colonialismo e história são, aliás, temas muito presentes na obra de Vasco Araújo. “O que me interessa aqui é o jogo de poder, como construímos a nossa identidade não só enquanto nação, país ou continente, mas também como pessoas. Como exercemos o poder e como é desenvolvida essa relação de superioridade – inferioridade?” Terão sido estes os elementos que, na visão do artista, despertaram o olhar do curador. “As peças não são especificamente sobre Portugal nem sobre o colonialismo português. Os ‘Zoos Humanos’ foram um movimento internacional do final do século XIX, princípio do século XX, que durou até aos anos 60 desse século. O que dizemos hoje sobre a globalização, o facto de perdermos a identidade, já vinha desde o passado, são repercussões de coisas que [aconteceram]”, apontou o autor. Vasco Araújo confessa que expor numa mostra desta natureza constitui sempre um desafio por comparação a uma mostra individual, pois numa bienal “são as minhas peças em confronto com as peças de outros artistas, há um diálogo maior”. O artista é licenciado em escultura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa e tem ainda um curso avançado em artes plásticas. Esta é a primeira vez que expõe em Macau, depois de ter exposto, há dois anos, em Xangai.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaFAOM | Pandemia fez disparar pedidos sobre processos laborais No rescaldo de mais uma sessão legislativa, Ella Lei e Leong Sun Iok dizem ter registado, devido à pandemia, um aumento do número de pedidos de apoio sobre questões laborais. Os deputados defendem que a renovação dos contratos de jogo deve servir de pretexto para lutar por mais direitos do trabalho A pandemia fez disparar o número de empregados em situação de desemprego, licenças sem vencimento ou lay-off, e a prova disso é que, na sessão legislativa que agora chegou ao fim, os casos laborais lideraram o número de pedidos de ajuda ou de aconselhamento recebidos pelos deputados Leong Sun Iok e Ella Lei, ligados à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM). “Recebemos casos de vários sectores [laborais] relacionados com despedimentos, salários em atraso ou encerramento de lojas. Com a pandemia estas situações relacionadas com trabalho tornaram-se mais frequentes”, disse Ella Lei. Leong Sun Iok lembrou que taxa de desemprego atingiu o maior nível dos últimos dez anos. Mesmo que o alívio das restrições transfronteiriças com a China tenha ajudado, os recentes casos locais de covid-19 vieram piorar a situação. “Recebemos queixas de trabalhadores de diversos sectores, particularmente dos serviços, restauração e salas VIP, que relataram o fecho de empresas e situações de licença sem vencimento”, adiantou o deputado. Leong Sun Iok defende que a renovação das licenças de jogo deve dar o mote para a luta por direitos laborais, frisando que as operadoras devem contribuir para o Fundo de Segurança Social. Além disso, o deputado voltou a referir a necessidade de o Governo garantir a priorização das vagas de emprego a trabalhadores locais. A título de exemplo, foi referido que o sector das obras públicas deve ter uma maior regularização. O deputado criticou também o desempenho da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), por considerar o programa de emprego pouco eficaz. O almejado tecto A habitação também gerou muitos pedidos de ajuda, nomeadamente sobre o processo de candidatura às habitações económicas. “Os vencedores dos concursos para a atribuição de casas económicas nos edifícios do Bairro da Ilha Verde, Cheng Tou e Fai Ieng não foram morar para as fracções dentro do prazo previsto. Por isso, pedimos ao Governo que entregue as fracções por vários meios”, explicou Leong Sun Iok. O deputado exige que o Executivo divulgue os critérios de candidatura à habitação para idosos e para o projecto do “Novo Bairro de Macau” em Hengqin. Ella Lei elogiou o facto de estes projectos terem registado um avanço e de se de ter acelerado o processo de recuperação de terrenos não desenvolvidos. No entanto, a deputada pede a elaboração de critérios e legislação sobre o Plano Director do território, projectos de renovação urbana a habitação para idosos. Quanto ao projecto de lei sindical, Ella Lei prometeu que a FAOM vai continuar a promover o seu debate. “A sociedade pode ter várias opiniões. Vamos ouvir empregados e associações para que o regime possa ser mais preciso.” Ella Lei acredita que o diálogo entre patrões e empregados pode resolver a maior parte das disputas laborais.
Andreia Sofia Silva EventosCreative Macau | Espaço celebra 18 anos com exposição sobre a pandemia Fundado há 18 anos como um projecto “pioneiro”, o espaço Creative Macau inaugura no próximo sábado uma exposição que marca o seu percurso, mas que também olha para o presente. “Open – Close – Open” reúne trabalhos de 33 artistas com as emoções em torno da pandemia a constituírem o tema principal Quando, há 18 anos, o tema indústrias criativas era praticamente inexistente em Macau, abrir o Creative Macau – Centro para as Indústrias Criativas constituiu, sobretudo, um projecto “pioneiro”. Lúcia Lemos é, desde o primeiro dia, directora de um espaço que já organizou 226 exposições individuais e colectivas, com mais de seis mil trabalhos expostos, e que juntou mais de 70 mil pessoas. Além disso, o Creative Macau tem organizado, nos últimos anos, o festival de curtas-metragens Sound and Image Challenge – Festival Internacional de Curtas-Metragens de Macau, que recebe películas do todo o mundo. A 12.ª edição, agendada para Dezembro deste ano, acontece desta vez no Teatro Capitol. Para marcar o seu aniversário, o espaço Creative Macau inaugura, no próximo sábado, 28 de Agosto, a exposição “Open – Close – Open”, que se dedica, sobretudo, a olhar para os tempos actuais de pandemia. Um total de 33 artistas locais responderam ao desafio colocado por Lúcia Lemos, com alguns deles a apresentarem obras inéditas. “Os trabalhos são bastante variados e vão desde a joalharia, instalação, ou pintura, ao design gráfico e desenho”, contou ao HM. A directora do Creative Macau escolheu o tema que remete para o abrir e fechar de espaços e actividades por se estar a viver um período de “incertezas” em virtude da pandemia da covid-19. Um olhar pelas obras vai permitir observar estes altos e baixos emocionais que todos vivemos. “São estas incertezas que provocam um certo desequilíbrio em todas as áreas da sociedade. Assistimos ao facto de as pessoas sentirem altos e baixos de uma crise provocada pela pandemia. Nem todos os trabalhos são novos, há uns que foram desenvolvidos sem este propósito [da pandemia], mas que vão de encontro a ele. Há uma ou outra obra que visualmente tem uma mensagem muito directa, enquanto que existem outras obras com mensagens mais abstractas”, acrescentou. Espírito de sempre Com a pandemia, o espaço Creative Macau deixou de poder apostar tanto na vertente de formação, com a realização de seminários e workshops, para se focar apenas nas exposições. Mas o objectivo inicial mantém-se, assegura Lúcia Lemos. “Quando abrimos foi uma coisa pioneira, completamente diferente, mas o espírito continua a ser o mesmo, o de existir liberdade para as pessoas trazerem trabalhos, e de convidar novos artistas e profissionais.” No entanto, “as pretensões que tínhamos de levar os bons trabalhos para fora de Macau não é mais possível, pois o orçamento é agora ainda mais pequeno, há limitações”. Já o panorama das indústrias criativas, “mudou mesmo muito” 18 anos depois. “Os criativos locais continuam a ter muito apoio do Governo, mas agora as ajudas são mais a título colectivo e menos a título individual, porque provavelmente assim será mais produtivo e rentável. Por isso é que há a bienal, o festival das artes. Há mais projectos governamentais que depois chamam as pessoas e os grupos, mas sempre numa base de projectos. Isso também é interessante, embora para nós seja uma novidade.” Directora do Creative Macau há 18 anos, Lúcia Lemos confessa que já tem nomes pensados para a substituir. Mas primeiro pretende fechar ciclos pessoais. “É evidente que não vou ficar para sempre [como directora]. Tenho alguns nomes pensados para me substituir, mas não os posso revelar porque nem sequer apresentei a minha carta de demissão, digamos assim. Vou fazer isso a breve prazo, mas ainda tenho coisas a concluir, para fechar um certo ciclo”, concluiu. A inauguração de “Open – Close – Open” acontece no sábado às 17h30. A mostra está patente até ao dia 30 de Setembro.
Andreia Sofia Silva SociedadeCroupiers | Salários crescem, funcionários diminuem Dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) revelam que a remuneração média dos croupiers registou, no segundo trimestre deste ano, um aumento de 3,5 por cento, situando-se actualmente nas 19.950 patacas. No entanto, esta área perdeu 701 trabalhadores em relação ao trimestre anterior, estando actualmente a trabalhar um total de 24.643 croupiers. Ainda na área do jogo, os dados mostram que o sector tem actualmente 55.768 trabalhadores a tempo inteiro, o que representa uma quebra de 1691 pessoas em termos anuais. Quanto à remuneração média, é de 23.690 patacas, um aumento de 2,1 por cento em termos anuais. No segundo trimestre deste ano, foram recrutados 466 trabalhadores, enquanto que 1016 pessoas deixaram o emprego nesta área. A taxa de recrutamento foi de apenas 0,8 por cento, enquanto que a taxa de rotatividade dos trabalhadores foi de 1,8 por cento, um aumento de 0,6 e 1,2 por cento, respectivamente. Já a taxa de vagas foi de apenas 0,1 por cento. Segundo a DSEC, estes dados “reflectem que a procura de mão-de-obra no sector das lotarias e outros jogos de aposta permaneceu num nível relativamente baixo”.
Andreia Sofia Silva EventosCartoon | Rodrigo de Matos semi-finalista em concurso organizado em Itália O cartoonista Rodrigo de Matos, colaborador dos jornais Ponto Final e Expresso, em Portugal, é um dos 56 semi-finalistas do concurso “Libex 2021”, organizado em Itália. O cartoon, inédito, mostra um olhar sobre a questão do politicamente correcto e da “cultura do cancelamento” A caneta usada pelo jornalista é a aquela que, ao mesmo tempo, corta a sua mão. Foi esta a metáfora usada por Rodrigo de Matos, cartoonista dos jornais Ponto Final e Expresso, para participar na terceira edição do concurso internacional “Libex 2021”, organizado em Itália e dedicado exclusivamente a cartoonistas profissionais. Rodrigo de Matos, que foi convidado a concorrer, está entre os 56 semi-finalistas, sendo que os dez finalistas do concurso só serão conhecidos no início do próximo mês. Este ano o tema da iniciativa é a “cultura do cancelamento e o politicamente correcto”, tendo o cartoonista optado por um inédito para chamar a atenção para o que se passa em todo o mundo. “Esta questão do politicamente correcto, da limitação da linguagem e das visões políticas é um problema mundial. Há uma bifurcação muito grande na sociedade. Esta é uma tendência que se observa em que tudo o que nos cerca acaba por levar a um duelo que é de extremismo político”, aponta. Rodrigo de Matos considera que a pandemia da covid-19 só veio tornar mais evidente esse cenário. “Na situação actual da covid-19, que é uma questão essencialmente científica, em que as decisões deveriam ser tomadas sempre com critérios científicos, vemos que a actuação das pessoas tem sido muito política.” Sem saber o que os outros concorrentes apresentaram a concurso, Rodrigo de Matos diz não pensar muito em ganhar. “É bom [estar entre os semi-finalistas] sobretudo num concurso que não é aberto a cartoonistas amadores. A maior parte dos participantes são nomes conhecidos nos seus países, e só estar entre esses convidados já diz alguma coisa.” Chamas de criatividade O ano passado Rodrigo de Matos também chegou ao grupo dos 55 semi-finalistas com um cartoon publicado no Ponto Final que versava sobre as celebrações de Tiananmen em Macau. Este ano a opção de levar um cartoon inédito a concurso foi algo natural. “Normalmente concorro com coisas já publicadas, mas estive a verificar os meus desenhos e, com este tema, e eram todos muito presos a um tema muito específico e à notícia em si. Não tinham uma leitura tão abrangente sobre este assunto.” Rodrigo de Matos confessa que a pandemia da covid-19 lhe trouxe uma nova visão criativa. “Sempre que ocorrem coisas assim no mundo, fora do normal, são pequenas centelhas que acendem a chama da criatividade. São coisas que despertam sempre o nosso olhar crítico para o que se passa à nossa volta, e de facto tem sido um período [produtivo]. Há muita coisa para fazer cartoons e situações que merecem a nossa veia crítica”, referiu. Para o concurso “Libex 2021” foram convidados 160 cartoonistas de um total de 55 países.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeCarlos Marreiros e Costa Antunes deixam conselho de Arquitectura, Engenharia e Urbanismo O arquitecto Carlos Marreiros e o engenheiro João Costa Antunes deixaram de integrar o Conselho de Arquitectura, Engenharia e Urbanismo. A informação foi revelada ontem em Boletim Oficial, com Carlos Marreiros a ser substituído pela arquitecta Joy Choi Tin Tin e Costa Antunes, que representava a administração pública e se reformou, pelo engenheiro Ip Chong Wa. Ao HM, Carlos Marreiros confirmou a saída do órgão, que justificou com compromissos pessoais e a necessidade de dar oportunidade às gerações mais novas, e afirmou ter aprendido muito ao longo dos seis anos em que desempenhou estas funções. “Aprendi muito nestes seis anos. Os primeiros dois anos foram muito intensos porque tínhamos um regime de acreditação inexistente. Desde os anos 90 que lutávamos por um processo de acreditação profissional de arquitectos, engenheiro, urbanistas e outros técnicos que laboram na arquitectura, construção civil, urbanismo, entre outros, e isso foi conseguido”, realçou. “Tivemos de analisar as qualificações dos profissionais do sector, e foi um processo inédito, difícil, moroso, que fez com que todos tivéssemos aprendido”, acrescentou. Carlos Marreiros confessou ainda que já tinha ponderado sair em 2017, no final do segundo mandato, mas voltou atrás. “Depois do segundo mandato pedi escusa, só por razões estritamente pessoais, por falta de tempo, por não conseguir por tudo isso na agenda diária. Na altura, o secretário disse-me que a carga seria menos intensa, porque muito do trabalho estava feito, e continuei no terceiro mandato”, admitiu. Passar a pasta O Conselho de Arquitectura, Engenharia e Urbanismo é composto por representantes da administração pública e membros do sector privado. Na despedida, Carlos Marreiros diz ter sido sempre muito bem tratado, admite contribuir para o Conselho sempre que for necessário, e elogia a escolha pelo Chefe do Executivo de Joy Choi Tin Tin. “Só tenho de aplaudir porque precisamos muito também da sensibilidade e saber feminino nesta área”, apontou. “Senti que era altura de dar o meu lugar a uma geração mais nova e forte”, sublinhou. O HM contactou igualmente o engenheiro João Costa Antunes, que optou por não fazer comentários. Segundo a informação disponibilizada no Boletim Oficial, Rui Martins, que representa a administração pública, vai continuar como presidente. Por sua vez, Eddie Wong, do sector privado, mantém-se como vice-presidente.