Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaGrande Baía | Pandemia atrasa abertura de segunda clínica da Globallmed Era para abrir no primeiro semestre do ano passado, mas não há ainda data para a abertura de uma segunda clínica gerida pela Globallmed em Macau. José Quinteiro, director do Centro Médico Globallmed, diz que o projecto está em suspenso devido à pandemia O facto de Macau ter praticamente as fronteiras fechadas ao exterior e a obrigatoriedade de cumprimento de longas quarentenas obrigou a Globallmed a adiar os planos de abrir uma segunda clínica na avenida Coronel Mesquita, confirmou ao HM o empresário José Quinteiro, director do Centro Médico Globallmed. “Esse projecto foi congelado devido à situação que se vive em Macau e a gestão que está a ser feita da pandemia, que nos limita imenso o desenvolvimento dos negócios. Não vamos estar a alocar um conjunto de recursos humanos que poderia não vingar.” Foi em 2018 que a Globallmed, marca do grupo IGHS – Global Healthcare Services, chegou a Macau, passando a gerir, no ano seguinte, uma clínica na Taipa, na avenida de Guimarães, que já funcionava há dez anos. Com as oportunidades trazidas pelo projecto da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau, a Globallmed promete continuar a investir no território, num projecto que envolve “medicamentos inovadores e uma profunda ligação aos cuidados de saúde”. “Temos alguns contactos já estabelecidos para algo maior em matéria de cuidados de saúde, que teria um cariz hospitalar. Estamos focados em algo novo na área do medicamento. Queremos integrar um parceiro europeu, que será português, do Médio Oriente e da Ásia, quer seja China, Hong Kong ou Macau”, frisou José Quinteiro. Este responsável defende, no entanto, uma modernização da legislação de Macau nesta área. “Parece-me importante a harmonização legal. Em Macau temos uma excelente legislação que está desfasada no tempo. Não se evoluiu em relação às leis que existiam em Portugal nos anos 80 na área da saúde e do medicamento. O facto de não haver uma modernização face às regras de mercado acaba por desviar algum interesse. Mas apostamos que, com o dinamismo que se prevê para essa área, que esta modernização venha a acontecer.” José Quinteiro foi um dos oradores da palestra que decorreu ontem na Fundação Rui Cunha (FRC) e que abordou a presença do tecido empresarial português na Grande Baía. O empresário destacou que esta zona constitui “uma grande importância ao nível do turismo de saúde, algo que ainda não está explorado”. Aposta no imobiliário Nuno Batista, do grupo Soulfato, foi outro dos oradores do evento na FRC. Esta empresa está presente há 15 anos na China, operando actualmente em Shenzhen, por ser “a grande cidade das startups”, além de possuir escritórios em Macau e Portugal. A Soulfato trabalha essencialmente no mercado imobiliário, com recurso aos vistos gold, e na captação de empresas internacionais para o mercado chinês. O empresário considera que a Grande Baía é, neste momento, “a região da China com maior impulso económico e mais oportunidades”, além de ter trazido a oportunidade para a criação de mais plataformas que permitem a partilha de informações entre empresas portuguesas e chinesas, como é o caso das câmaras de comércio. Para Nuno Batista, a Grande Baía é também um balão de ensaio para “que as empresas portuguesas aprendam como entrar no mercado chinês de forma eficiente”, uma vez que em Portugal “há muitas empresas com capacidade económica” para investir neste campo. Tiago Pereira, representante em Macau da Associação para a Cooperação e Desenvolvimento Portugal-Grande Baía, que organiza este evento, destacou ao HM que “já existe alguma presença empresarial portuguesa nesta zona, mas haverá potencial para uma presença bem maior”, sobretudo em áreas como inovação tecnológica, investigação e startups. “O projecto da Grande Baía abre um leque de oportunidades e de atracção de investimento estrangeiro. É um projecto de integração que pretende atrair empresas e talento da China e do exterior, criando-se um centro de inovação que traduz a transformação económica da China para sectores de maior valor acrescentado. Deste ponto de vista haverá possibilidades a explorar pelas empresas portuguesas”, rematou. O debate contou ainda com a participação de outras personalidades, como é o caso de Carlos Álvares, CEO do Banco Nacional Ultramarino, Carolina Lousinha, da AICEP, ou o economista José Sales Marques. A moderação esteve a cargo do jornalista José Carlos Matias.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteUcrânia | China olha para tensão na Europa com prudência e expectativa A escalada da Rússia em direcção à Ucrânia deixa, para já, a China “expectante” e “cautelosa”, tendo em conta as relações de proximidade com o país presidido por Vladimir Putin. Analistas acreditam que a tensão que se vive na Europa pode constituir um teste em relação à situação de Taiwan Declarada a independência, por Vladimir Putin, dos territórios separatistas da Ucrânia, Lugansk e Donetsk, pró-Rússia, teme-se a escalada ofensiva até Kiev, capital do país. Vladimir Putin, Presidente russo, parece querer retirar das cinzas pedaços do que foi a URSS, expandindo a sua estratégia para os países vizinhos e violando para isso, aos olhos do Ocidente, as leis internacionais. A China, que mantém uma relação amigável com Moscovo, está para já “expectante” e “cautelosa”, apontam analistas ouvidos pelo HM. “A posição do Xi Jinping, neste momento, é expectante. A Europa deveria fazer uma cintura de protecção, os EUA deveriam reforçar o contingente militar que têm na Polónia e nos países de leste da UE para travar qualquer tentativa golpista por parte da Rússia. Não é fácil, e penso que antes da Primavera não vai haver grandes movimentações. Putin é um homem muito inteligente e calculista”, explicou o académico Arnaldo Gonçalves, especialista em relações internacionais e ex-residente no território. Já Jorge Tavares da Silva, académico da Universidade de Aveiro e especialista nas relações China-Taiwan, defende que está em causa uma “posição sensível”, pois “a relação entre a China e a Rússia não é uma aliança formal mas tem um eixo de conveniência”. “Há um alinhamento diplomático entre os dois países que foi reforçado com os Jogos Olímpicos de Inverno. A situação actual coloca a China uma posição difícil, em que o país tenta não se comprometer demasiado com a Rússia, porque isso pode, de alguma forma, trazer-lhe uma reacção negativa a nível internacional.” Jorge Tavares da Silva acredita mesmo que poderá haver uma consequência para os chineses das sanções que a comunidade internacional está a aplicar à Rússia pelo seu posicionamento face à Ucrânia. “Imaginemos que as sanções que são aplicadas à Rússia se alargam à China. E se isto vier a acontecer será trágico para a relação bilateral Moscovo-Pequim. Será complicado, uma vez que a China está a tentar recuperar a sua economia face ao contexto da covid-19 e não quer ver a sua situação mais debilitada. A China está muito cautelosa e não quer ingerências do ponto de vista militar”, acrescentou o académico. Teste para Taiwan A tensão que se vive na Ucrânia pode também servir de balão de ensaio para a questão de Taiwan. “É evidente que a China faz um teste”, declarou Jorge Tavares da Silva. “Há um apoio informal de Pequim a estas intervenções militares [da Rússia]. Se, eventualmente, Pequim decidir fazer uma intervenção militar em Taiwan, sabe que pode contar com o apoio de Moscovo. Há esta cumplicidade entre as duas nações.” Para Arnaldo Gonçalves, “a China, por causa do problema de Hong Kong e de Taiwan, está a tentar ler a realidade da Ucrânia, para ver como se pode posicionar”. “O problema é que Taiwan é uma peça central da política de defesa externa dos EUA”, frisou. Ontem, a líder de Taiwan, Tsai Ing-wen, condenou as acções da Rússia. “O nosso governo condena a violação da soberania da Ucrânia pela Rússia (…) e apela a todas as partes para continuarem a resolver os conflitos por meios pacíficos e racionais”, afirmou Tsai. A governante descreveu Taiwan e a Ucrânia como sendo “fundamentalmente diferentes em termos de geoestratégia, ambiente geográfico e importância das cadeias de abastecimento internacionais”, numa referência ao estatuto da ilha como um dos principais pilares da economia mundial, sobretudo devido à indústria de semicondutores. Ainda assim, Tsai ordenou que os militares intensifiquem as defesas contra o aumento das tensões com a China. “Diante de forças externas que tentam manipular a situação na Ucrânia e afectar o moral da sociedade taiwanesa, todas as unidades do governo devem estar mais vigilantes”, avisou Tsai. Já Pequim, através do Ministério dos Negócios Estrangeiros, acusa os Estados Unidos de lançarem gasolina para a fogueira e recusa qualquer comparação entre a crise da Ucrânia e a questão de Taiwan. “Os Estados Unidos estão a vender armas à Ucrânia, a aumentar as tensões, a criar pânico e até a exagerar o cronograma para uma guerra”, disse a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Hua Chunying. “A questão-chave é, qual o papel dos Estados Unidos nas actuais tensões na Ucrânia”, questionou, adiantando: “Alguém que atira gasolina para cima do fogo, enquanto acusa os outros, é alguém imoral e irresponsável”. Quanto à questão de Taiwan, o MNE é categórico. “O facto de as autoridades taiwanesas estarem a escalar a questão ucraniana” e a fingir estarem alarmadas com a situação é “insano”, reagiu Hua Chunying. “Taiwan não é, definitivamente, a Ucrânia. Taiwan sempre foi uma parte inalienável do território chinês. Este é um facto histórico e legal irrefutável”, apontou. Outras condenações Também ontem, o Japão e a Austrália anunciaram sanções contra a Rússia e os territórios separatistas pró-russos de Lugansk e Donetsk. O primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, disse que o governo vai proibir nova emissões e distribuição de títulos de dívida soberana russa no Japão, em resposta às “acções da Rússia na Ucrânia”. Kishida disse que o país vai também proibir o comércio com Lugansk e Donetsk, suspender a emissão de vistos para as pessoas ligadas às duas zonas do leste da Ucrânia e congelar os bens desses indivíduos no Japão. O primeiro-ministro nipónico adiantou que as sanções vão entrar em vigor “o mais depressa possível”. O primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, anunciou sanções contra instituições bancárias como o VEB, um dos maiores bancos de investimento e desenvolvimento da Rússia, e o banco militar russo, entre outros. A Austrália vai também impor sanções contra indústrias de diversos sectores, como a energia, mineração e hidrocarbonetos, das regiões de Donestsk e Lugansk, que passam ainda a ser abrangidas por sanções impostas em 2011 à Crimeia e a Sebastopol, então ocupadas pela Rússia. Morrison disse que a Austrália vai também proibir a entrada e aplicar sanções financeiras a oito membros do conselho de segurança da Rússia, órgão que reúne os principais decisores russos, em particular os líderes do Exército e dos serviços secretos. O Canadá, o Reino Unido e os Estado Unidos já tinham também anunciado sanções contra a Rússia e os territórios separatistas pró-russos de Lugansk e Donetsk. Na terça-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, expressou preocupação com a evolução da crise na Ucrânia, mas absteve-se de tomar uma posição. No início de Fevereiro, a China e a Rússia assinaram uma declaração conjunta na qual anunciavam uma “nova era” nas relações internacionais, afirmando-se “contra qualquer alargamento futuro da NATO”. Na segunda-feira, o Presidente russo reconheceu Lugansk e Donetsk, no leste da Ucrânia, como independentes. Putin anunciou ainda que as forças armadas russas poderão deslocar-se para os territórios ucranianos em missão de “manutenção da paz”, decisão que já foi autorizada pelo Senado russo.
Andreia Sofia Silva EntrevistaÁlvaro Laborinho Lúcio, autor de “As sombras de uma azinheira”: “A vida é ainda um deslumbramento” Álvaro Laborinho Lúcio, autor, jurista e ex-ministro da Justiça em Portugal, está de regresso à escrita com “As sombras de uma azinheira”. Um romance que conta as mudanças profundas que Portugal viveu com o 25 de Abril de 1974 a partir de duas personagens centrais – João Aurélio, o pai ausente, e Catarina, a filha cheia de dúvidas. Escrever é um acto de prazer para Laborinho Lúcio, que recorda a imensa alegria que sentiu com a Revolução de Abril O seu novo romance parte de um acontecimento histórico em Portugal – o 25 de Abril – para uma história ficcionada. Como foi este processo? Todos concordamos que esse foi um período de grande transição no país. O que me estimulou a escrever este livro foi a aproximação do aniversário dos primeiros 50 anos do 25 de Abril. A ideia era tentarmo-nos aproximar desta data e começarmos, como cidadãos, a ter algum contributo para essas celebrações, para que não sejam apenas uma festa mas também uma reflexão sobre o que aconteceu, o que está a acontecer e o que pode acontecer nos próximos anos. Porquê o formato romance, e não outro? Poderia ter escrito um ensaio. Mas entendi que a ficção era, talvez, a forma mais indicada de poder ter algum contributo para essa aproximação dos 50 anos. Este é um romance que não incorpora o debate político, e passa-se entre os 45 anos que antecederam o 25 Abril de 1974 e os 45 anos que lhe sucederam. [A história] acontece no seio de uma família cujo núcleo central era composto por um marido e mulher que há muito tempo ambicionavam uma mudança política em Portugal e que, ao mesmo tempo, desejavam ter um filho. Acontece que, por mero acaso, na noite de 24 para 25 de Abril, a mulher dá à luz o seu primeiro bebé, ao mesmo tempo que o país viu ser dada à luz a mudança que esse casal ambicionava. Nasce então Catarina. Sim. Com esse nascimento morre a sua mãe no parto. Temos então ao longo do romance um pai que renuncia a tudo, ao desígnio da mudança, à sua militância política ligada ao Partido Comunista Português e resolve abandonar tudo, inclusivamente a sua filha, e passar a vida na aldeia, que também vai definhando aos poucos. Ele fica virado para o passado e torna-se um desistente, porque, no fundo, naquele momento percebeu que não iria ver nada realizar-se na sua vida. Por sua vez, o bebé fica entregue aos cuidados dos tios, que vai fazer a sua vida nos 45 anos que sucedem ao 25 de Abril. Ao longo dessa vida Catarina vive sempre uma grande incerteza, que é saber se para ela é apenas a data de uma revolução, ou se tem direito a uma identidade. O 25 de Abril é a data da revolução ou é a data do seu nascimento? É esta a questão que ela interioriza ao longo da vida que nos dá um Portugal novo, também à procura da sua identidade. Isso permite ao leitor uma espécie de exercício de reflexão. Permite que o leitor olhe para as lutas de uma classe média comum envolvida numa luta contra a ditadura, que levou ao 25 de Abril. É como se essa luta se cruzasse com a redefinição da identidade de um país e com as pessoas que se tentam definir nesse Portugal novo. Espero, como escritor, que os leitores se encontrem nestas mudanças radicais e, ao mesmo tempo, nas várias contradições que essas mudanças foram propondo a cada um de nós, como desafios para a nossa própria identidade. O livro apresenta então duas personagens centrais, Catarina e o pai, que possuem um forte simbolismo. Sim. Estas personagens diferem um pouco das outras porque o autor não se preocupou com a sua consistência. Estas duas personagens são os olhos que o autor coloca no rosto dos leitores para que eles vejam, através delas, a proposta que ele lhes faz de avaliação do que foi o país antes do 25 de Abril e do que é o país depois. Daí que haja nelas uma personagem muito construída, fechada sobre si própria, que é o João Aurélio, e a parte relativa à Catarina, que é uma personagem em construção, feita por ela e pelo autor. Ao longo da narrativa há como que um diálogo entre os dois. Este romance, não incorporando o debate político puro e duro, tem sempre esta perspectiva política. Este é um livro em que somos chamados pelo exterior e olhamos para as coisas com uma perspectiva política de aproximação ou distanciamento consoante o ponto de vista. Os três primeiros livros que escrevi são romances mais intimistas. Este é uma leitura crítica face ao exterior e ao posicionamento que esse exterior deve ter e que nos desafia. Quando nos aproximamos dos 50 anos do 25 de Abril é premente pensar a sociedade, o sistema político e a democracia que existe hoje em Portugal? Este livro é um exercício de reflexão sobre tudo isso, ainda que de forma metaforizada? Sim, é sempre dessa forma. Estamos a falar de um romance, uma obra de ficção. Há um momento em que João Aurélio, no fim da vida, e passeando no cemitério, falando com os mortos, acaba por falar com um velho padre da região onde vivia, que lhe vem dizer para ter cuidado com a história da revolução, pois todas as revoluções acabam por caminhar para sentidos que não lhe estavam destinados no início, e que haveria o risco de acabar numa nova ditadura. Mas há questões relacionadas com a profissão da personagem Catarina e os lamentos que ela tem por não conseguir, na sua actividade, colocar a Academia a discutir a essência da política. A ideia é que no quotidiano das nossas famílias é que devemos ser celebrantes do 25 de Abril, temos de estar vivos, activos e responsáveis pelo que for o destino do nosso dia-a-dia e a definição do nosso futuro. Espera que o livro lance este debate? Que espera dos leitores com esta obra? Agora estou na fase da angústia, porque acabei o que tinha para fazer, o livro já está nas livrarias e deixou de ser meu, passou a ser dos leitores. Agora é a minha vez de esperar o que os leitores me dizem do livro que eles entendem que é. Ficaria muito feliz se me dissessem que se identificam com ele, sendo um livro que coloca os leitores perante as suas escolhas, que é identificar-se com as várias personagens e as questões que estas colocam. Neste ponto há uma aproximação deste livro com os anteriores, porque nenhum dos livros que publiquei até agora são romances fechados. Diria que são romances que terminam com a parte da própria escrita do leitor, que acaba por escrever um novo romance a partir daquele que eu lhes forneço. Ficarei agora expectante. Escrever romances é um exercício de liberdade nesta fase da sua vida? Em parte é. Tenho sempre muita dificuldade em responder porque razão eu escrevo romances. Eu próprio também não sei muito bem. Simplesmente escreve. Tenho imenso prazer em fazê-lo e em construir uma relação com a escrita. Não venho do mundo literário e tenho uma escrita conservadora ou tradicional. Mas depois na construção do romance diria que é uma escrita com muita influência da modernidade. Dá-me um gosto imenso de poder participar na vida pública através da escrita, criar, e para mim a vida é ainda um deslumbramento e está carregada de futuro, e é nesse futuro que gosto de intervir. Guardo do passado boas memórias mas não cultivo a ideia de saudade. Esta [a escrita de romances] é uma boa forma de intervir no futuro. Como viveu o 25 de Abril? Achou que era um Portugal novo que se iniciava? Senti uma grande alegria, mas foi difundida no tempo porque aconteceu uma circunstância curiosa. Eu era juiz na comarca de Oliveira do Hospital, tinha sabido da decisão de me colocarem em Coimbra e fisicamente eu mudar-me-ia para a cidade no dia 25 de Abril de 1974. De 24 para 25 comecei a arrumar caixotes e tinha marcado a transferência de mobiliário para a tarde do dia 25, e quando acordei e todos me falavam de uma revolução. Não sabia onde era, precisava era de ir para Coimbra. Mas depois percebi que havia uma revolução em Portugal, mas não se sabia muito bem qual era o seu sinal. Havia o risco de se fazer uma viragem ainda mais à direita e fiquei um pouco sem saber o que fazer. Entretanto o senhor que ia fazer o transporte das minhas coisas não aparecia, e ele disse-me que havia uma revolução e não podíamos ir para Coimbra. Depois, já em casa, vi televisão e percebi que a revolução era aquela que eu sempre tinha querido. Foi uma emoção muito grande. Com o 25 de Abril as mudanças na sua profissão foram muito acentuadas? O livro que escrevi em 2012 é exactamente sobre isso, é uma narrativa crítica da justiça. É um livro quase auto-biográfico, sobre um magistrado que começou a trabalhar em 1968, e que sou eu. Nunca senti, mesmo antes do 25 de Abril, que não tivesse independência para o exercício da função. Algumas vezes houve uma maneira mais insidiosa de procurar condicionar uma tomada de decisão, mas eu não me deixei influenciar por isso. Mas não era fácil, não nos sentíamos libertos como nos sentimos a seguir ao 25 de Abril. Antes do 25 de Abril havia uma grande dependência face ao Executivo para nomeações. Poderia haver quem se deixasse influenciar mais, mas eu nunca senti que fosse influenciado por isso. Depois do 25 de Abril as mudanças foram tantas que acabámos, nós magistrados, por incluir questões novas que a realidade nos colocava.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaLei do jogo | Au Kam San pede esclarecimentos sobre segurança nacional A associação Iniciativa de Desenvolvimento Comunitário entregou ontem uma carta à comissão da Assembleia Legislativa que está a analisar na especialidade a lei do jogo. Au Kam San, ex-deputado e vice-presidente da associação, defende que é preciso clarificar os motivos ligados à segurança nacional que podem determinar o fim das concessões Os deputados da segunda comissão permanente da Assembleia Legislativa (AL) receberam ontem uma carta da associação Iniciativa de Desenvolvimento Comunitário com críticas e sugestões sobre a proposta de lei do jogo, actualmente em discussão na especialidade. Segundo Au Kam San, ex-deputado e vice-presidente da associação, o Governo tem de clarificar a relação entre segurança nacional e o sector do jogo. “Caso as concessionárias de jogo tenham práticas que vão contra a segurança do Estado ou da RAEM, é razoável a extinção da concessão. No entanto, a proposta fala apenas de ‘prejudicar a segurança do Estado ou da RAEM’ e não há mais definições. Este termo vazio pode ser aplicado em todos os cenários e isso traz um enorme risco para as empresas de jogo”, explicou. Na óptica de Au Kam San, não é justo que as concessionárias investam quantias milionárias para depois serem acusadas de violar a segurança do Estado a qualquer momento, perdendo a concessão. Em termos gerais, a proposta da Iniciativa de Desenvolvimento Comunitário defende o aumento da fatia das receitas do jogo para fins sociais a alterações legislativas que promovam a diversificação das operações das concessionárias. Menos para a FM O ex-deputado, afastado das últimas eleições, acusa a proposta de lei de ter “várias falhas”, defendendo uma maior alocação das receitas do jogo para o sector da segurança social. “O artigo 22º da proposta de lei determina que entre dois a três por cento das receitas brutas do jogo devem destinar-se a uma entidade pública ou para o desenvolvimento urbanístico. O sistema de segurança social está numa situação de défice, o Governo assume isso, mas não quer alterar a contribuição”, disse. Neste sentido, defende que a Fundação Macau deve receber menos fundos das receitas do jogo em prol do sistema de segurança social. Além disso, o responsável acredita que a proposta de lei do jogo deveria ir mais além nas medidas destinadas a diversificar as operações das concessionárias. Isto porque a actual legislação determina que apenas podem ser admitidas a concurso público “sociedades anónimas constituídas na região e cujo objecto social seja, exclusivamente, a exploração de jogos de fortuna ou azar ou outros jogos em casino”. “Esta é uma lei antiga não sei porque foi regulada desta forma no passado. Mas o problema é que, actualmente, pedimos que as empresas tenham mais elementos não jogo para que possam impulsionar a diversificação da economia. Achamos que este ponto não é apropriado, é contraditório e deve ser omitido”, apontou Au Kam San.
Andreia Sofia Silva EventosLivros | Wang Suoying diz ter aprendido com tradução de relatos de missionários Wang Suoying traduziu, há 23 anos, os primeiros relatos de missionários portugueses na China sobre a dinastia Ming. A obra “Antologia dos Viajantes Portugueses” volta agora a ser reeditada, com correcções, e a reputada académica confessa que aprendeu coisas sobre o período da dinastia Ming que desconhecia Uma das grandes responsáveis pela dinamização do ensino do chinês em Portugal, incluindo a elaboração de manuais, foi convidada pelo Instituto Cultural (IC) para rever, 23 anos depois, a sua tradução dos primeiros relatos feitos por missionários portugueses dos hábitos e costumes da China no período da dinastia Ming. Ao HM, Wang Suoying considera que esta reedição “é importante para a compreensão mútua entre os povos chinês e português, que se relacionam há cinco séculos com Macau a servir como ponto de partida e motivo de contacto permanente”. A “Antologia dos Viajantes Portugueses na China” inclui textos de autores bem conhecidos como São Francisco Xavier, Melchior Carneiro Leitão ou Gaspar da Cruz, incluindo excertos da “Peregrinação”, de Fernão Mendes Pinto. Para Wang Suoying, este foi o texto mais desafiante em termos de tradução. “Os textos incluídos no livro descrevem o que os viajantes portugueses viram, sentiram e experimentaram na China. A versão chinesa é importante pois ajuda os leitores chineses a perceber qual era a imagem da dinastia Ming aos olhos dos portugueses e qual era a imagem da dinastia Ming na altura, uma vez que a descrição pormenorizada dos viajantes portugueses revela muitas novidades sobre a sociedade e os hábitos [da sociedade à época] que os chineses contemporâneos desconhecem”, contou a tradutora. Nesta antologia há também relatos da imagem da sociedade portuguesa na altura em comparação com a sociedade chinesa. De frisar que foi durante a dinastia Ming, que governou a China de 1368 a 1644, que Portugal obteve o reconhecimento formal, em 1557, da base comercial portuguesa estabelecida em Macau. Nova edição Wang Suoying relata que “aos olhos dos viajantes portugueses esta dinastia era o mundo ideal”. “Os autores falam muito bem dela, de como eram ajudados os pobres, como as pessoas trabalhavam, como funcionava o sistema de justiça, sem corrupção. E também descreveram alguns pormenores que eu própria não conhecia”, acrescentou. A académica descreve um deles, sobre quando as pessoas avisavam na rua que iam mudar de casa, batendo numa espécie de bacia e avisando os outros para pagarem as suas dívidas antes da mudança. “Achei isso muito engraçado, não conhecia. Mas há hábitos descritos que são iguais aos de hoje, como celebrar os aniversários, convidar as pessoas, comer em conjunto. Acho que o livro é muito interessante.” A tradutora confessa ter “aprendido muito” com este trabalho. “Há 23 anos a minha competência como tradutora era diferente, e alguns termos foram corrigidos. Foram dois meses de um trabalho muito intenso, de comparação entre o português e o chinês. A tradução, quando tem erros, só podem ser corrigidos aquando de uma nova edição. Se tiver tempo gostaria de fazer uma nova edição, mais pormenorizada”, frisou. Wang Suoying foi ontem jubilada numa cerimónia da Universidade de Aveiro. Apesar de reformada oficialmente desde o dia 28 de Dezembro, a académica diz-se disponível para continuar a trabalhar.
Andreia Sofia Silva Entrevista MancheteFrancisco José Leandro, académico: “O Irão é muito importante para a China” “A Geopolítica do Irão” é o mais recente livro do académico Francisco José Leandro, da Universidade Cidade de Macau, editado em parceria com Carlos Branco e Flavius Caba-Maria. A obra aborda as diferenças na sociedade iraniana antes e depois da queda do Xá, Mohammad Rezā Shāh Pahlavi, sem esquecer o actual posicionamento do país no mundo A que questões este livro pretende responder sobre o papel geopolítico do Irão? Uma delas passa por contribuir para a mudança da narrativa da discussão sobre os assuntos do Irão, que infelizmente são dominados pela retórica política e não pelo estudo académico. Queremos também demonstrar que o Irão é um actor racional e contribuir para desvendar as razões que estão por detrás dessa racionalidade, bem como abrir uma oportunidade para uma escrita inclusiva e plural sobre o Irão como um actor geopoliticamente incontornável naquela zona do globo. Pretendemos também explorar o contexto geopolítico do Irão nas perspectivas da sua vizinhança, do vis-à-vis nas relações regionais e inter-religiosas e na relação com as designadas grandes potências, como a Rússia e a China. O capítulo da sua autoria é dedicado à história do sistema político iraniano e ao seu modelo híbrido, fortemente marcado pelo Islamismo. Acredita que, à luz deste sistema, poderá algum dia haver uma abertura do país ao Ocidente? Um dos aspectos que procurei demonstrar no meu capítulo foi precisamente o facto de o Irão ser politicamente diferente, por razões históricas, sociais e pelo seu contexto geopolítico. O sistema político do Irão resulta de um número dificilmente quantificável de factos, mas certamente directamente associado ao regime dos Pahlavi e da relação que este estabeleceu com a administração americana. Para além deste facto, tal como todos os regimes teocráticos, fundamenta-se numa verdade absoluta, a de que é possível uma interpretação humana do conceito divino de bem-comum, facto que, do ponto de vista do ocidente, se revela muito difícil de aceitar. Temos, todavia, o dever de entender a realidade, de que o Irão é uma potência regional decisiva para a estabilidade da região. Os sistemas políticos nascem por razões bem determinadas, desenvolvem-se no contexto das suas idiossincrasias domésticas e nos seus contextos regionais e, naturalmente transformam-se. Não conhecemos, no momento presente, sociedades capazes de implementar sistemas políticos absolutos e perpétuos… este ou qualquer outro. Todavia, não antevejo uma substancial transformação política do Irão, no curto prazo, no que respeita ao Ocidente. O livro traça uma diferença na evolução do sistema geopolítico do país a partir dos acontecimentos da Primavera Árabe. Muitas destas revoluções foram fracassando nos seus pressupostos iniciais. Dez anos depois, de que forma o país foi mudando com estes acontecimentos? O livro não pretendia fazer o estudo das questões internas do regime iraquiano. O que posso observar é a existência de uma certa estabilidade interna, cujo sistema político foi concebido para a proporcionar. O Irão debate-se com problemas estruturais de desenvolvimento e uma diversidade étnico-cultural complexa, bem como um conjunto de fronteiras com vizinhos em situação complicada – factos que dominam a agenda política interna, sempre no respaldo da procura de autonomia e livre de interferências externas. Esta narrativa continua muito presente na sociedade Iraniana, no sentido em que um dos autores usa a expressão “antifragility” [anti-fragilidade]. Bem sabemos que não há revoluções imaculadas. Mas o peso do passado anterior a 1979, e o legado do conflito armado com o Iraque (2003) em que o Irão apoiou os EUA, estão ainda na memória colectiva dos iranianos, ou pelo menos tem vindo a ser um argumento de peso na preservação do sistema político-social em vigor. Os recentes protestos políticos no Irão, têm em regra um contorno socioeconómico e/ou de natureza social-cultural, frequentemente com demonstrações de ambos os lados na abordagem aos problemas. Recentemente Joe Biden lamentou os poucos progressos feitos com o país ao nível do Acordo Nuclear assinado em 2015. Acredita na evolução diplomática a curto prazo com Washington? O Acordo nuclear sobre o Irão é um dos exemplos da irresponsabilidade dos EUA, no contexto de potência global. A retirada dos EUA dos acordos estabelecidos em 2015 não só colocou a comunidade internacional, designadamente a União Europeia (UE) e a Rússia, numa posição muito difícil, como as perspectivas da reeleição de Trump em 2024, fazem com que o regime Iraniano exija novas garantias de que as sanções não se vão repetir, pelas razões já observadas. Neste contexto, devo lembrar que o programa nuclear iraniano foi lançado na década de 1950, com a ajuda dos EUA, como parte do programa Átomos para a Paz e que o Irão é signatário do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), que proíbe o desenvolvimento dessas armas, garantindo, porém, o direito de dominar a tecnologia nuclear para fins pacíficos. Em 2022, iniciaram-se negociações entre o Irão e a Rússia no sentido de aumentar a capacidade nuclear iraniana. Como um dos autores [deste livro] refere, o acordo nuclear de 2015 foi uma vitória do multilateralismo, que a administração Trump usou para objectivos domésticos, com manifesto desprezo pelos seus aliados internacionais. Relembro que não existiam motivos objectivos que indicassem o incumprimento irreconciliável da parte do Irão. A questão nuclear funciona também como um factor que complica outras áreas de cooperação, designadamente das questões associadas ao desenvolvimento e aos direitos humanos. Os EUA colocaram o Irão numa posição com alternativas escassas, perante a comunidade internacional ainda dominada, pelos menos em parte, pelos próprios EUA. A evolução deste acordo depende da capacidade normativa de UE (dissociada dos EUA, actor que, para o Irão, não é confiável) e do papel construtivo da Rússia e da China. Um dos países envolvidos nestas negociações é a China. Quais os interesses mais prementes que Pequim procura ao negociar com o Irão, sobretudo tendo em conta o projecto “Uma Faixa, Uma Rota”? Geopoliticamente o Irão é muito importante para a China e para a iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, e também como parceiro na região do Médio Oriente. Um dos elementos demonstrativos desta importância foi precisamente o facto de que, muito recentemente, a Organização de Cooperação de Xangai (SCO) ter iniciado um processo formal para conceder a adesão plena ao Irão. Esta vai ser a segunda vez que a organização se expande depois de incluir a Índia e o Paquistão (2017), estendendo seu alcance da Ásia Central-Sul e ao Médio Oriente. Desde 2016 que o Irão tem uma parceria especial abrangente com a China e faz parte da lista de Estados que assinaram o memorando de cooperação para a implementação da iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”. O desapontamento com comportamento dos EUA e indirectamente com a UE, associado ao pragmatismo chinês, às suas (da China) necessidades de energia, ao seu projecto de transformação do sistema financeiro internacional e, finalmente, considerando as necessidades de defesa do Irão, creio que a cooperação China-Irão se vai intensificar nos anos mais próximos. Um dos autores do livro acrescenta ainda uma razão ideológica que une a China e o Irão é a aversão partilhada a todas as formas de colonialismo, designadamente o neocolonialismo americano.
Andreia Sofia Silva China / ÁsiaCovid-19 | Hong Kong ultrapassa os sete mil casos. China envia reforços O número de casos de covid-19 em Hong Kong não pára de subir e hoje atingiu um total de 7.533 novas infecções. Uma bebé de 11 meses faleceu no domingo. Nesta fase, a China tem enviado reforços e profissionais para acompanhar os trabalhos de controlo da pandemia, pautada pela variante Ómicron O panorama da pandemia em Hong Kong está longe de mostrar sinais de melhoria. Dados oficiais, noticiados pelo canal de rádio e televisão RTHK, mostram que o número de novos casos atingiu os 7.533 esta segunda-feira, além de que se registou a morte de uma bebé de 11 meses este domingo. Lau Ka-hin, responsável pela Autoridade Hospitalar da região vizinha, explicou em conferência de imprensa que a bebé teve febre e convulsões quando foi levada ao hospital Tseung Kwan O. A menina foi entubada e internada na unidade dos cuidados intensivos no hospital Queen Elizabeth, tendo sido medicada com retrovirais. No entanto, a sua condição de saúde deteriorou-se, tendo sofrido uma paragem cardiorespiratória. O mesmo responsável explicou que a bebé foi infectada pelos seus familiares. Albert Au, do Centro para a Protecção de Saúde, disse estimar que o número de casos de covid-19 continue a aumentar, registando-se também uma crescente transmissão comunitária do novo coronavírus. China envia ajuda Entretanto, a agência Xinhua noticiou hoje que duas delegações de médicos da China continuaram a inspecção aos tratamentos e trabalho de prevenção da pandemia realizados pelos profissionais de Hong Kong. A equipa, composta por epidemiologistas, trocou informações com os representantes de entidades como o Departamento de Saúde de Hong Kong, entre outras. Nesta reunião entre profissionais foram discutidas medidas sobre a realização de quarentenas e a operacionalização da linha de apoio 24 horas para garantir a funcionalidade do esquema “StayHomeSafe”. Sophia Chan, secretária para a Segurança Alimentar e Saúde do Governo de Hong Kong adiantou que as autoridades vão estudar e implementar as recomendações feitas pelos peritos chineses. “O Governo de Hong Kong vai realizar todos os esforços para implementar estratégias de controlo da pandemia que sejam efectivas, com focos específicos e as mais adequadas à situação de Hong Kong com o objectivo de cortar as cadeias de transmissão o mais rapidamente possível e colocar sob controlo a quinta vaga da pandemia”, frisou. Outra das delegações reuniu ainda com profissionais da Autoridade Hospitalar de Hong Kong, tendo sido trocadas informações sobre a quinta vaga da pandemia. Foram também realizadas visitas a alguns hospitais. Estes especialistas, vindos da província de Guangdong, estiveram em Hong Kong entre quinta e sexta-feira.
Andreia Sofia Silva EventosIFT promove semana da gastronomia macaense até sexta-feira Decorre esta semana, até sexta-feira, uma semana dedicada à gastronomia macaense no restaurante Pousada, do Instituto de Formação Turística (IFT), em parceria com a Associação dos Macaenses (ADM). Os pratos podem ser degustados nos horários 12h30-14h30 e 19h-22h. Marina de Senna Fernandes, membro da direcção da ADM e chefe de cozinha, deu formação aos cozinheiros do IFT em Dezembro e destas acções nasceu a vontade de mostrar a comida macaense ao público. “No total ensinei 20 pratos. É algo desafiante para todos porque a maior parte dos pratos já são feitos por poucas famílias. Há receitas que não são feitas há mais de 50 anos e há muitas pessoas que nem sequer ouviram falar delas”, disse Marina de Senna Fernandes ao HM. Miguel de Senna Fernandes, presidente da ADM, congratula esta iniciativa do IFT que, pela primeira vez, explora pratos macaenses menos conhecidos do grande público. “O IFT é a entidade que salvaguarda a gastronomia macaense e por isso mesmo quis fazer uma abordagem mais densa à nossa cozinha. Desta vez não são apenas aqueles pratos mais recorrentes, como o minchi. A Marina [de Senna Fernandes] tem feito uma pesquisa extensa sobre as receitas antigas e isso envolve muita interpretação e o uso de muitas técnicas”, explicou. “Uma novidade” Ao longo desta semana poderão, assim, ser experimentadas receitas do tempo das avós macaenses, escritas à mão ou guardadas a sete chaves, cheias de segredos. “Temos receitas muito antigas com métodos de medição também antigos. É preciso interpretar o sabor que se pretende. Fui várias vezes uma cobaia na casa da Marina, por exemplo”, contou Miguel de Senna Fernandes, que espera que o IFT continue a promover esta gastronomia. “É muito importante que o IFT esteja aberto a todas as possibilidades gastronómicas. A comida macaense continua a implicar muita investigação e todas as receitas estão sujeitas a uma constante interpretação. Mas se [esta iniciativa] vai ou não corresponder ao sabor que se tinha em mente quando se registou a receita há décadas atrás, essa é outra história”, rematou o presidente da ADM.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaLei do jogo | Au Kam San preocupado com subsistência de casinos-satélite Au Kam San questionou, nas redes sociais, a continuação dos casinos-satélite, após a implementação da nova lei do jogo. Para o ex-deputado, o contexto de redução do jogo VIP e dos promotores de jogo deixa pouca margem de manobra para as operações destes espaços São muitas as críticas que o ex-deputado à Assembleia Legislativa (AL), Au Kam San, deixa à proposta de lei do jogo, actualmente em discussão na especialidade, sobretudo no que diz respeito ao espaço destinado aos casinos-satélite. Na sua visão, estes espaços de jogo “podem ou não continuar a funcionar pois não dependem de uma lei rigorosa, nem da Administração”. Tendo em conta que as alterações legislativas na China “estrangularam o funcionamento das salas VIP, qual o espaço de subsistência que os casinos-satélite vão ter? Isto é essencial”, questionou. A actual proposta de lei determina que os casinos-satélite só poderão funcionar nas instalações das concessionárias de jogo às quais estão ligados, sendo que esta medida deverá afectar, em grande parte, a Sociedade de Jogos de Macau. Esta tem sido, aliás, uma das principais matérias debatidas pelos deputados nas reuniões da comissão permanente encarregue de analisar este diploma. Para Au Kam San, caso a concessionária coloque estes espaços de jogo em hotéis integrados nas suas propriedades, pode contratar junkets para a operacionalização das mesas de jogo, evitando pagar comissões ou ter lucros partilhados na sua gestão. Demasiado rápido O antigo deputado, ligado ao campo pró-democracia, entende que as alterações previstas na proposta de lei foram apresentadas sem cuidado e que o Governo já tinha um plano prévio antes de apresentar esta proposta aos deputados. “O relatório relativo à consulta pública foi publicado em pouco tempo e a proposta de lei foi tornada pública imediatamente depois disso. Isso significa que a consulta pública não passou de uma formalidade e que o seu resultado não importa, pois o Governo já teria um plano determinado antes de lançar as alterações”, defendeu Au Kam San. O antigo deputado lembrou que a proposta de alteração à lei do jogo deveria ter sido tornada pública em 2020 ou mesmo antes, a fim de se concluírem os trabalhos de apreciação antes do final da VI Legislatura da AL. No entanto, o Executivo acabou por adiar o lançamento da consulta pública e esta só aconteceu em Setembro do ano passado. A entrega do diploma para a análise em sede de Conselho Executivo e a sua apresentação ao hemiciclo ocorreria em pouco tempo, apontou. “A apresentação tão rápida da proposta de lei do jogo significa que esta pode não ter sido elaborada de forma cuidada, por isso espera-se que venha a ser melhorada. Na verdade, tendo em conta a minha experiência como deputado ao longo de tantos anos, as propostas de lei apresentadas pelo Governo têm sempre pouco qualidade e, quando analisadas pelos assessores jurídicos, são sempre detectadas muitas falhas.” Para Au Kam San, a proposta de lei do jogo não será, por isso, uma excepção.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaAL | Coutinho quer que idosos possam manter postos de trabalho O deputado José Pereira Coutinho quer debater no hemiciclo o direito de permanência dos idosos nos postos de trabalho, mesmo que atinjam a idade da reforma, tendo em conta a lei em vigor. O deputado denuncia a existência de discriminação no mercado laboral face à saída destas pessoas José Pereira Coutinho vai apresentar na Assembleia Legislativa (AL) uma proposta de debate sobre o direito de escolha dos idosos em permanecerem nos seus postos de trabalho, quer seja na Função Pública ou no sector privado. Na nota justificativa, o deputado considera existirem cenários de discriminação e pede ao Governo que seja reforçado, neste aspecto, o regime jurídico de garantias dos direitos e interesses dos idosos. No âmbito desta lei, “os idosos com idade igual e superior a 65 anos de idade, e que possuam capacidade de trabalho, devem ter o direito fundamental e legal de escolha de continuarem a trabalhar”. Desta forma, deve “clarificar-se o actual regime jurídico dos direitos e interesses dos idosos quanto ao seu direito fundamental de escolha de permanência no seu posto de trabalho”, defende o deputado. Para Pereira Coutinho, a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) deu “um passo tímido” ao criar um balcão de atendimento destinado a proporcionar serviços de emprego aos mais velhos. No entanto, o deputado entende que devem ser “eliminadas todas as práticas discriminatórias, como a ‘forçada’ desvinculação do trabalho na Função Pública e no sector privado pelo facto de se atingir a idade de 65 ou 60 anos de idade. [Há também discriminação] na nova contratação desses idosos”. Exemplos de fora José Pereira Coutinho apresenta ainda o exemplo do que se passa em vários países europeus e asiáticos, incluindo Japão e Singapura, onde “idosos mais experientes” continuam a assumir cargos de liderança. “A troca de experiências entre gerações é muito importante, mas também requer uma boa coordenação por parte do empregador.” No caso de Macau, existe “um crescente envelhecimento da população e a esperança média de vida é cada vez mais elevada, o que faz com que muitos idosos com idade igual ou superior a 65 anos pretendam, de livre vontade, continuar a trabalhar, e muitas vezes são cargos exercidos ao longo da vida”. Ainda em matéria de actuação governativa, o autor desta proposta de debate recorda a colaboração da DSAL com o Instituto de Acção Social e com o Fundo de Segurança Social “no sentido de incentivar as entidades empregadoras para manterem os trabalhadores idosos, através da atribuição de prémios aos melhores trabalhadores séniores”. Neste contexto, “foram também feitos vários vídeos promocionais de empregabilidade da população idosa sob o lema ‘Força da terceira idade’, com o intuito de fomentar a ideia de que os idosos podem continuar a ser úteis à sociedade”.
Andreia Sofia Silva Entrevista MancheteCarmen Amado Mendes, presidente do CCCM: “Queremos congregar a comunidade científica” Tomou posse há dois anos e desde então que tem procurado re-organizar as instalações do Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM) e reunir académicos, empresários, diplomatas e o público em geral. Com um novo plano estratégico em vigor para um período de dez anos, Carmen Amado Mendes fala de falta de recursos humanos e das dificuldades financeiras colmatadas com o apoio de instituições Que balanço faz destes dois anos à frente do CCCM? Penso que a análise que fiz no plano estratégico foi muito realista e não tive surpresas face aos problemas que identifiquei e aos desafios que me esperavam. Estes dois anos têm sido uma tentativa de dar resposta a isso e desenvolver projectos que posicionem o CCCM no lugar de promoção do conhecimento na área dos estudos asiáticos, e não apenas junto de um público especializado, como os académicos, mas do público em geral. Queremos também abranger essa função de think-thank, incluindo os diplomatas e os empresários. Mas as dificuldades que identifiquei no início mantiveram-se ao longo destes dois anos. E quais foram, concretamente? A maioria delas esteve ligada com a falta de recursos humanos e financeiros. Sem o apoio da Fundação Jorge Álvares teria sido impossível concretizar muitas das obras de transformação do Centro, ou coisas básicas como a instalação do sistema Zoom no auditório. E o apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) também facilitou, pois ao atribuirmos bolsas de doutoramento FCT a estudantes que ficam envolvidos na nossa actividade científica, ganhámos muito em recursos humanos qualificados. Temos dificuldades financeiras, acentuadas pelo atraso na aprovação do Orçamento de Estado. Temos ainda a questão das instalações provisórias, pois durante todos estes anos de vida do CCCM temos pago renda pelo espaço onde tínhamos a biblioteca e o arquivo, e isso não fazia qualquer sentido. Finalmente conseguimos concluir as obras no nosso edifício onde fica o museu, o que nos permitiu mudar a biblioteca, e deixar de pagar renda. Com isso promovemos o uso de salas de aula para as formações que disponibilizamos e gabinetes para investigadores. Estou contente por estarmos já numa fase final. O CCCM estava subaproveitado nas suas funções? Não faço essa afirmação. Acho que é difícil alguém estar na presidência do Centro, e tendo em conta a limitação dos recursos humanos e financeiros, concentrar-se em muitas coisas ao mesmo tempo. A presidência anterior teve a grande visão de apostar em projectos científicos que posicionaram o CCCM no mapa numa área de investigação específica, inclusivamente de muitas instituições europeias, que eu tenho vindo a aprofundar e a tornar mais abrangente. No entanto, tenho dado prioridade à requalificação das instalações, e também à resolução de uma série de problemas burocráticos, como a legalização de espaços. Foi opção minha apostar em juntar os académicos e criar condições para que as pessoas viessem ao Centro, criar bolsas de doutoramento para trazer jovens investigadores e publicar dissertações de mestrado e teses de doutoramento de valor. Temos como áreas privilegiados de investigação as relações internacionais, a História, filosofia, línguas e tradução chinês-português, incluindo línguas minoritárias, como é o caso do crioulo macaense. Mas isso não significa que não nos possamos abrir a outros campos de investigação, como o científico e, por exemplo, promover o diálogo entre a medicinal ocidental e a chinesa, bem como outro tipo de ciências. Relativamente ao projecto do think-thank. Quais as grandes questões às quais o CCCM pretende dar resposta? Ainda não podemos falar em órgão, nem em grupo de pessoas, é apenas uma ideia que sempre me acompanhou ao longo da minha vida académica. Sempre mantive esta preocupação com a aplicabilidade prática da investigação, numa ligação com diplomatas e com empresários interessados nas áreas desenvolvidas no Centro. À medida que vamos juntando académicos de várias áreas de trabalho, empresários e diplomatas, conseguimos organizar eventos dos quais estes grupos profissionais retirem alguma vantagem e utilidade para a tomada de decisões. Quis dar a conhecer o Centro aos diplomatas da Ásia que estão em Lisboa, porque muitos deles achavam que o facto de o Centro ter Macau no nome que a sua missão se restringia ao território, e tenho dito que a sua missão é a promoção das relações Europa-Ásia. Os diplomatas têm mostrado interesse e temos desenvolvido acções de cooperação concretas. Pretendem reforçar as parcerias com Macau, por exemplo? Temos com a Universidade de Macau (UM) um protocolo com resultados concretos e evidentes de colaboração profícua. Um desses resultados é o envolvimento da UM na criação de publicações conjuntas do CCCM, bem como a criação de uma rede de arquivos digitais de todas as bibliotecas e arquivos que, em Lisboa, têm documentação sobre a Ásia [Portuguese Asian Digital Archives Network]. A UM tem sido o nosso parceiro privilegiado entre as instituições de ensino superior em Macau, disso não há dúvidas. Estabelecemos também protocolos com a Universidade de São José e com a Universidade Cidade de Macau, que tem tido um envolvimento muito activo nestas conferências que estamos a organizar. O CCCM manteve o acordo com o Instituto Politécnico de Macau. Estamos a negociar um protocolo com a Universidade de Ciências e Tecnologia, e com o Instituto de Estudos Europeus assinámos um acordo em Junho do ano passado. Fora do meio académico, gostaria de destacar a cooperação com o IPOR, que contamos que tenha resultados concretos a curto prazo. Que outros projectos relevantes vão desenvolver nos próximos tempos? Vamos aumentar a oferta formativa, por exemplo na área da história da arte e da caligrafia chinesa, em cooperação com o Center for Language Education and Cooperation (CLEC). Em breve vamos fazer uma Oficina de Patuá e manter a colaboração com a Universidade Alcântara Sénior no ensino da disciplina de cultura chinesa e História de Macau. Estamos em conversações com uma rádio local para a criação de visitas de estudo online ao nosso museu, bem como de um programa do ensino da cultura chinesa em mandarim, patuá e cantonense. A nível dos museus estamos a criar o circuito asiático, que será um roteiro para quem tem interesse em ver arte relacionada com a Ásia em Lisboa. Contactámos todos os museus que têm colecções ou peças relevantes sobre este continente. Estamos também a concluir a edição de um Catálogo do Museu, que conta com o apoio de instituições de Macau. Mas os projectos mais próximos são mesmo as três conferências da Primavera, dedicadas a Macau, China e restante Ásia. Tive a preocupação, quando cheguei, de considerar o Centro como uma plataforma de ligação dos académicos e estrangeiros, com ligação a Portugal, que trabalham sobre a Ásia. Não temos recursos fixos, com um grande número de investigadores, mas temos uma grande capacidade para atracção e junção desses académicos. Em Portugal não somos tão poucos a trabalhar sobre a Ásia, mas somos poucos por instituição. Se não trabalharmos em conjunto, dificilmente teremos visibilidade internacional. A prioridade é congregar a comunidade científica; quero que estas conferências sejam de toda a comunidade.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeHong Kong | Situação pandémica obriga a reforço de medidas em Macau A partir de segunda-feira, quem vier de Hong Kong e Taiwan terá de cumprir um período de auto-gestão de saúde de sete dias, que se soma aos 14 dias de quarentena, não podendo viajar para o Interior da China. Funcionários públicos devem vacinar-se com as duas doses até segunda-feira O Centro de Coordenação e de Contingência do novo tipo de coronavírus decidiu reforçar algumas medidas de combate à covid-19, tendo em conta a situação epidémica em Hong Kong, que ontem registou mais de seis mil novos casos de contágio. Desta forma, a partir da próxima segunda-feira, dia 21, será obrigatória a realização de uma auto-gestão de saúde de sete dias para quem viaja de Hong Kong e Taiwan para Macau, somando-se a quarentena obrigatória de 14 dias. Segundo Leong Iek Hou, médica e coordenadora do Centro, “neste período [de auto-gestão de saúde] não é permitida a deslocação para o Interior da China via Macau, devendo estas pessoas submeterem-se a testes de ácido nucleico”. “Se estes testes não forem efectuados nas datas indicadas o código de saúde destas pessoas fica amarelo até se obter um resultado negativo”, acrescentou. Desde as seis da manhã de ontem, quem viaja de Hong Kong deve ainda esperar pelo resultado do seu teste de ácido nucleico no posto fronteiriço, sendo que este período de espera pode ser de seis horas. As autoridades pedem ainda à população para ter cuidado ao manusear encomendas, jornais e revistas vindas de Hong Kong. “Apelamos às empresas de diferentes níveis de comércio e à população para adoptar medidas preventivas, prestando atenção aos jornais e revistas provenientes de Hong Kong. Embora o risco seja relativamente baixo, estes jornais não devem ser deixados em qualquer lado e devem lavar as mãos.” Sim à vacinação Outra das medidas anunciadas ontem pelo Centro de Coordenação prende-se com a obrigatoriedade de os funcionários públicos terem de se vacinar até segunda-feira. “Exigimos que todos os trabalhadores completem as duas doses da vacina até ao dia 21. A taxa de vacinação dos funcionários públicos, com duas ou três doses da vacina, é de 83,6 por cento. Há ainda espaço para um aumento. Quanto aos testes, temos a capacidade para realizar 72 mil”, disse Leong Iek Hou. Quanto aos estudantes de Macau que se encontram retidos em Hong Kong por não conseguirem encontrar um quarto para a quarentena, as autoridades adiantaram que entre ontem e hoje vão chegar 50 alunos, que ficarão alojados no hotel Tesouro. Lau Fong Chi, chefe do departamento de comunicação e relações externas da Direcção dos Serviços de Turismo, disse que têm sido estabelecidos contactos para encontrar mais quartos de hotéis para quarentena, mas que nesta fase existem dificuldades no processo. Desta forma, foi aconselhado a que os estudantes contactem directamente as unidades hoteleiras e aguardem por um quarto em lista de espera.
Andreia Sofia Silva China / Ásia MancheteCovid-19 | HK com mais de seis mil casos. Sete hospitais públicos acima da capacidade A quinta vaga da pandemia parece não dar tréguas em Hong Kong. Hoje a região atingiu a fasquia dos 6.116 novos casos, numa altura em que sete hospitais públicos já atingiram ou excederam a sua capacidade. Nesta fase há 20 doentes para cada profissional de saúde, quando a média habitual é de quatro para um As autoridades de Hong Kong registaram hoje 6.116 novos casos diários de covid-19, uma situação que levou a que sete hospitais públicos do território tenham atingido ou mesmo ultrapassado a sua capacidade de resposta. Segundo o jornal South China Morning Post, David Chan Kwok-shing, presidente do sindicato Hospital Authority Employees Alliance, descreveu que o rácio actual é de 20 doentes para cada profissional de saúde, quando a média normal é de quatro doentes para um. O mesmo responsável frisou que alguns profissionais médicos “nunca enfrentaram uma situação tão má”, sendo que o Corpo de Bombeiros também enfrenta uma “severa falta de recursos humanos”. Neste sentido, David Chan Kwok-shing apela ao Governo para dar resposta face à enorme falta de profissionais para dar resposta ao aumento de doentes com covid-19. Dados da Autoridade Hospitalar, citados pelo canal de rádio e televisão RTHK, revelam que esta quarta-feira um total de 4.142 pessoas foram às urgências, sendo que 17 por cento desses pacientes foram admitidos. Os 17 hospitais públicos do território têm habitualmente uma taxa de ocupação na ordem dos 95 por cento, mas ontem unidades como o Hospital Príncipe de Gales, Tin Shui Wai e Tseung Kwan O excederam a sua capacidade, com taxas de ocupação de 108, 107 e 106 por cento, respectivamente. Outras unidades de saúde também operaram com todas as vagas ocupadas. A agência Xinhua noticiou ontem que as autoridades de Guangdong vão enviar para Hong Kong epidemiologistas e equipamentos de testagem da covid-19, mediante instruções do director da Comissão Nacional de Saúde da China, Wang Hesheng. E as eleições? Carrie Lam, Chefe do Executivo de Hong Kong, garantiu esta semana que não vai decretar um confinamento geral no território, mas já há quem defenda que as eleições para este cargo, que estão marcadas para o dia 27 de Março, devem ser adiadas. É o caso de Tam Yiu-chung, único delegado de Hong Kong à Assembleia Popular Nacional, que apontou, a um programa de rádio, que outras matérias deveriam ser adiadas para que o foco político seja apenas a luta contra a pandemia. “É muito importante controlar os surtos o mais cedo possível, porque é uma questão de vida ou morte. O Presidente Xi Jinping disse que esta deveria ser a nossa prioridade. Tudo o que nos possa distrair, devemos colocar em suspenso”, disse, segundo o canal RTHK. No entanto, o conselheiro do Executivo Ronny Tong disse que é preciso olhar para o que consta na Lei Básica do território, que determina mandatos de cinco anos para o cargo do Chefe do Executivo. “Segundo a nossa lei eleitoral, podemos adiar as eleições até um máximo de 42 dias. Mas penso que temos de ser muito cuidados, porque adiar a eleição significa que estamos a restringir o período disponível para que a próxima Administração forme um novo Governo”, explicou.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeImobiliário | Projecto de Kevin Ho no Porto em desenvolvimento Chama-se “Torre Miramar” e é o primeiro projecto imobiliário desenvolvido em Portugal pelo grupo KNJ Investment Limited, do empresário Kevin Ho. Anunciado em 2019 na cidade do Porto, por ocasião da visita do então Chefe do Executivo, Chui Sai On, ao país, o projecto deu finalmente os primeiros passos ao ser adjudicado a um gabinete de arquitectura sediado no Porto, o OODA, após aprovação pela Câmara Municipal do Porto. Segundo um comunicado, a “Torre Miramar” apresenta-se como uma “escultura habitável” da cidade situada no norte de Portugal, pretendendo ser um “novo marco” e um “projecto arrojado e dinâmico” que tem constituído um desafio para a equipa composta por arquitectos, promotores, empreiteiros e engenheiros. Serão construídas tipologias habitacionais com mais de 200 metros quadrados de varanda, num edifício que promete fazer parte da “skyline” da cidade. Citado por um comunicado, Diogo Brito, sócio do OODA, adiantou o projecto imobiliário de Kevin Ho não é mais do que uma “tempestade perfeita”. “Numa torre de forte vocação estética, são estas varandas panorâmicas e dinâmicas que criam tanto o tema de conceito como a oportunidade do exercício plástico e escultórico que se concebeu integralmente em betão. (…) Desejámos algo potencialmente irrepetível…uma escultura habitável.” Luxo na Foz Situado numa das zonas nobres da cidade do Porto, a Foz, o edifício “Torre Miramar” destaca-se pela sua “singularidade na paisagem que se prolonga até ao mar, beneficiando de um quadro visual e sensorial único”. O OODA explica ainda que a composição volumétrica do edifício revela “uma arquitectura integrada com a ambição de desenvolver tipologias de habitação com mais de 200 metros quadrados de varanda”. Além disso, “no topo do pódio, surge um volume vertical com 15 andares, paralelo à estrada e com aproximadamente a mesma altura das torres naquela zona”. No piso térreo será construído um átrio com ginásio e outros espaços comuns que “estabelecem continuidades com o solo vegetal e natural”, além de se criar “um microclima com biodiversidade que está presente na vegetalização desejada”. Além da “Torre Miramar”, o empresário Kevin Ho vai também renovar o edifício onde actualmente se localiza a sede e redacção do Jornal de Notícias, transformando-o num hotel. “Temos projectos que não exigem muito dinheiro, embora a renovação do edifício do JN seja o projecto mais pesado em termos de orçamento”, disse Kevin Ho em 2019.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeAmbiente | EPM na Associação Nacional de Coberturas Verdes A Escola Portuguesa de Macau tornou-se membro da Associação Nacional de Coberturas Verdes, que trabalha em prol de infra-estruturas mais amigas do ambiente. Desta ligação, irão nascer mais acções de formação para pais e alunos e projectos sustentáveis, como é o caso da criação de jardins verticais, com financiamento do FDCT Está formalizada a ligação da Escola Portuguesa de Macau (EPM) à Associação Nacional de Coberturas Verdes (ANCV), que trabalha em prol da criação de infra-estruturas e edifícios mais sustentáveis do ponto de vista ambiental. A ANCV é, por exemplo, responsável pelo primeiro guia de coberturas verdes lançado em Portugal, seguido pelo Governo. Ao HM, a investigadora Cristina Calheiros, vice-presidente da ANCV e investigadora na Universidade de São José, disse que desta ligação poderão nascer acções de formação para professores e alunos, além de estar previsto um levantamento das mudanças necessárias no edifício da EPM a favor de uma maior sustentabilidade. “Trabalhamos [a ANCV] com municípios, empresas e instituições de ensino. A ligação à EPM permite uma maior proximidade a Macau. Eles têm planeadas estas soluções de base, como coberturas verdes ou jardins verticais, e esperamos que, no futuro, possamos participar activamente em vários projectos”, disse Cristina Calheiros. Andreia Ramos, docente da EPM, foi uma das impulsionadoras desta ligação à ANCV. “Queremos continuar a desenvolver projectos na escola, contando com o importante contributo do conhecimento especializado que a ANCV nos pode fornecer, e queremos também contar com colaborações locais.” Um dos planos, financiados pelo Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e Tecnologia (FDCT), passa pela construção de mais jardins verticais na escola. “O projecto está em andamento e contamos ter, em breve, mais espaços verdes. Este projecto conta com a colaboração da arquitecta paisagista Isabel Lúcio, que nos apoia no terreno, e de Cristina Calheiros que, através da plataforma Zoom, transmite o seu vasto conhecimento em soluções baseadas na natureza aos alunos”, frisou Andreia Ramos. Nicho de mercado Para Cristina Calheiros, Macau é o território ideal para apostar em infra-estruturas mais verdes, pois está em causa um nicho de negócio por explorar que pode gerar empregos. “Existe uma pressão muito grande em termos de urbanização e de edificado, que tem de se transformar para fazer face a esses desafios [ambientais]. Não é uma questão de estética, mas de emergência”, apontou. Para a investigadora, o território tem de ter uma zona costeira mais resiliente e há que olhar para questões como o nível térmico ou gestão da água nos edifícios. Cristina Calheiros aponta que já existem parcerias entre o ensino superior e os casinos para a edificação destas infra-estruturas mais sustentáveis, mas que falta iniciativa por parte do sector público. “Em cidades como Singapura, no Vietname ou na China, estão a ser incorporadas estas soluções baseadas na natureza. Se tivermos em Macau um tecido empresarial para dar resposta, temos uma enorme gama de oportunidades”, concluiu. Manuel Machado, presidente da direcção da EPM, disse ao HM que é “essencial a colaboração da escola com este tipo de associações”. O objectivo é “aumentar a literacia ambiental junto dos nossos alunos e a abordagem destas questões ligadas ao ambiente e à sustentabilidade”. Para o responsável, são matérias “importantes nos dias de hoje e sobretudo em Macau, onde os alunos vivem num ambiente citadino”. Com o projecto de uma horta pedagógica a decorrer, está nos planos da escola desenvolver uma outra, “em moldes diferentes, aproveitando o pouco espaço que temos aqui”, frisou Manuel Machado.
Andreia Sofia Silva China / ÁsiaCovid-19 | Xi Jinping pede ao Governo de HK para assumir responsabilidades O Presidente chinês defende que as autoridades da região vizinha devem assumir “a principal responsabilidade” quanto à explosão de casos de covid-19 no território. Xi Jinping assume estar muito preocupado com a situação e diz que o Executivo deve fazer do combate à pandemia a sua máxima prioridade Numa altura em que os casos locais de covid-19 em Hong Kong não dão sinais de abrandar, os sinais de alerta voltam a chegar de Pequim. Segundo o canal de rádio e televisão RTHK e jornal South China Morning Post, que citam os jornais chineses Ta Kung Pai e Wen Wei Po, o Presidente Xi Jinping está muito preocupado sobre a situação da pandemia em Hong Kong e pede que o combate aos contágios seja a máxima prioridade das autoridades locais para que a normalidade regresse à região vizinha. Segundo a imprensa chinesa, o Presidente chinês frisou que “as autoridades devem mobilizar todas as forças e recursos que podem ser mobilizados, adoptar todas as medidas necessárias e proteger a vida e a saúde das pessoas de Hong Kong”. Xi Jinping terá mesmo pedido a Han Zheng, vice-primeiro-ministro e responsável pelos assuntos de Hong Kong, para falar com Carrie Lam, Chefe do Executivo de Hong Kong, para lhe transmitir “a preocupação sobre a situação pandémica na cidade e o seu cuidado para com os residentes de Hong Kong”. A ideia é que o Governo Central, juntamente com as autoridades da província de Guangdong, possam trabalhar em conjunto com Hong Kong para travar a escalada de casos. Carrie Lam agradece Numa nota difundida ontem, a Chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, disse estar determinada a recorrer ao apoio de Pequim e unir vários sectores da sociedade para travar a quinta vaga da pandemia, numa altura em que a variante Ómicron do novo coronavírus domina a maior parte dos casos. “O Governo Central sempre disponibilizou o seu maior apoio a Hong Kong. O Governo da RAEHK vai suportar a grande responsabilidade de gerir os surtos de acordo com as instruções do Presidente Xi Jinping”, lê-se no comunicado citado pelo canal RTHK. A governante adiantou que o Governo local irá “mobilizar todos os recursos e adoptar todas as medidas necessárias para garantir a saúde pública e a estabilidade social”. A ideia é trabalhar de perto com as autoridades chinesas, reforçar locais de testagem e de vacinação e criar mais locais para o isolamento de doentes ou de pessoas com contacto próximo. Uma das primeiras medidas prende-se com a abertura, ontem, de sete clínicas públicas que irão apenas tratar doentes covid-19, dada a sobrecarga que já se faz sentir nos hospitais da cidade. O deputado Peter Koon defendeu mesmo que deveria ser dada a oportunidade de tratamento de doentes na China. “Sugiro enviar os doentes de covid-19, com sintomas ligeiros, para serem tratados na China de uma forma voluntário. Os hospitais temporários podem ser construídos rapidamente em Shenzhen ou em outras zonas de Guangdong, a fim de aliviar a pressão das quarentenas em Hong Kong.”
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadePlano Director | Parcelas no COTAI deixam de estar na zona turística O Plano Director de Macau prevê que as parcelas de terreno 7 e 8, no Cotai, anteriormente concessionadas à Venetian, passem a estar na zona comercial e não na zona turística e de diversões, associada ao jogo. Para o advogado Carlos Lobo, esta é uma “decisão política” que pode colocar um impasse no futuro concurso público para operadoras de fora Publicado esta segunda-feira em Boletim Oficial (BO), o tão esperado Plano Director de Macau não integra as parcelas 7 e 8, anteriormente concessionadas à Venetian SA, na zona turística e de diversões, mas sim na zona comercial. Na visão do advogado Carlos Lobo, esta é uma “decisão política” que reduz o espaço para a abertura de mais casinos. “Estes terrenos sempre foram pensados para um projecto ligado a jogo, e sempre presumi que o Governo, quando fizesse um concurso público internacional e concorrencial, libertaria, pelo menos, um terreno para uma possível concessão ou para uma operadora estrangeira que ainda não estivesse presente em Macau, para esta poder concorrer.” Os terrenos situam-se junto aos empreendimentos The Londoner e Macau Studio City, e foram posteriormente revertidos para a Administração. “Num futuro concurso público, como é que uma operadora de fora pode fazer propostas ao Governo quando não há terrenos disponíveis dedicados ao jogo?”, questionou Carlos Lobo. O analista defende mesmo que tal situação pode gerar um impasse aquando da realização do concurso público para a atribuição de novas licenças de jogo. “Não estou a ver o Governo voltar atrás e classificar um novo terreno [para a finalidade de jogo]. Houve aqui uma clara decisão no sentido de não permitir que haja mais terrenos para casinos. Acho que estamos a fechar a porta a projectos do exterior”, entendeu Carlos Lobo. Abre-se uma janela Na visão do advogado, e também especialista em jogo, Óscar Madureira, esta decisão não surpreende, tendo em conta os sinais claros de que as autoridades pretendem reduzir o peso dos casinos na economia local. “Se o Governo quer apostar na diversificação da economia e reduzir a exposição da economia a esta indústria, faz sentido esta alteração e disponibilizar uma menor área de jogo. Na verdade, Macau já tem muitas propriedades ligadas ao jogo e não fazia sentido continuar a expandir-se.” O causídico entende que, mesmo sem novos casinos, poderão existir novos interessados no concurso público, pois “será aumentada a área comercial e de retalho, e pode haver mais oferta dentro desse modelo”. “Na verdade, aqueles terrenos nunca foram aproveitados e não houve uma alteração efectiva”, lembrou. Segundo o Plano Director, as zonas comerciais “destinam-se essencialmente ao acolhimento de actividades de comércio e serviços e visam criar condições para a diversificação adequada da economia”. Nestes locais, pretende-se também “oferecer condições e um ambiente para a criação de indústrias emergentes e de ponta e articular a criação das zonas habitacionais, de modo a melhorar as condições para os residentes trabalharem nas zonas onde habitam”. Por sua vez, relativamente à zona turística e de diversões, não existe uma referência explícita aos casinos. O Plano Director determina que estas áreas “destinam-se essencialmente à instalação de empreendimentos turísticos e serviços complementares e visam articular a distribuição dos demais usos dos solos, de modo a atingir um desenvolvimento conjunto, oferecendo aos turistas uma experiência de viagem abrangente, bem como optimizar a capacidade das instalações turísticas e de diversões”. Urbanismo | Pedidos mais detalhes sobre distribuição populacional A União Geral das Associações dos Moradores de Macau (UGAMM) espera que o Governo possa fazer bem o planeamento da cidade com base no Plano Director e revele em detalhe a distribuição da população pelas diferentes zonas. De acordo com o jornal Ou Mun, a presidente da UGAMM, Ng Sio Lai, considera que apesar de o Plano Director dividir Macau em 18 zonas tal não significa que as zonas são separadas, porque face à falta de terrenos deve haver uma lógica de complementaridade. Ng Sio Lai sublinhou a necessidade de as zonas se complementarem e partilharem os equipamentos, como centros recreativos ou parques, em vez de adoptarem uma postura individual, ou seja, em que cada zona olha só para os seus interesses, o que pode levar a um duplicação de recursos desnecessária.
Andreia Sofia Silva China / ÁsiaHong Kong | Secretário para a Administração isolado após contacto próximo John Lee, secretário para a Administração de Hong Kong, está isolado em casa depois da sua empregada doméstica ter testado positivo para a covid-19. Ontem a Chefe do Executivo, Carrie Lam, garantiu que não será decretado um confinamento geral na região Um dia depois de Hong Kong ter registado mais de dois mil casos diários de covid-19, o pior panorama desde o início da pandemia, foi hoje divulgada a informação de que o secretário para a Administração, John Lee, está isolado em casa depois da sua empregada doméstica ter testado positivo para a covid-19. Segundo o canal de rádio e televisão RTHK, o próprio secretário e os seus familiares realizaram testes de despistagem à covid-19, com resultados negativos. Um porta-voz declarou que serão enviadas amostras de saliva para o Departamento de Saúde de Hong Kong para testagem. Entretanto, John Lee deveria ter estado presente na sessão de hoje no Conselho Legislativo (LegCo) onde se discutiu um plano de injecção de 27 mil milhões de dólares de Hong Kong no Fundo Anti-Epidémico, mas foi substituído pelo secretário para o Comércio e Desenvolvimento Económico, Edward Yau. Hong Kong registou hoje 1619 novos casos de covid-19, tendo sido anunciada a abertura de clínicas comunitárias para o tratamento destes doentes, em zonas como Shau Kei Dan, Kennedy Town e Kowloon Bay, entre outras. Neste momento mais de quatro mil pacientes com covid-19 estão em hospitais públicos ou locais de isolamento, noticiou o canal RTHK. Sem confinamento Entretanto, Carrie Lam disse hoje, em conferência de imprensa, que as autoridades não deverão decretar um novo confinamento geral da cidade, apostando nas medidas preventivas. “Até este momento as nossas medidas para conter o aumento de contágios mantém-se legítimas e válidas”, disse, citada num comunicado oficial. “O problema que estamos a enfrentar deve-se à magnitude, velocidade e severidade da quinta vaga da pandemia em Hong Kong, o que ultrapassou as nossas capacidades. A capacidade imediata do Governo de Hong Kong, agora com o apoio do Governo Central, é reforçar a nossa capacidade [de resposta] em várias áreas neste esforço contra a pandemia. E estamos a fazer isto”, acrescentou a governante. Carrie Lam considerou que têm sido eficazes medidas como as restrições e declarações de testes aplicadas a cada distrito da cidade. “Desde a última vaga, em finais de Dezembro do ano passado, que o Governo levou a cabo 100 operações desse género. Estas operações provaram ser eficazes, em termos da identificação de um grande número de infecções”, acrescentou. A Chefe do Executivo garantiu que vai converter apartamentos de habitação pública para isolamento de pessoas, além de procurar mais quartos de hotel para este fim, reforçando a resposta das autoridades nesta matéria. Amanhã Carrie Lam deverá reunir com representantes do sector hoteleiro para encontrar um consenso. “Sabemos que temos mais de 80 mil quartos de hotel em Hong Kong mas nem todos se ajustam. Procuramos um complexo inteiro – um hotel que ocupe todo um edifício com um certo número de quartos, porque se for demasiado pequeno as operações tornam-se muito difíceis”, explicou. Entretanto, o canal RTHK noticiou também que os pais têm feito uma corrida à vacina Sinovac para que as suas crianças sejam vacinadas contra a covid-19. Os agenciamentos começaram hoje às 8h.
Andreia Sofia Silva SociedadeAcidentes de trânsito aumentaram 25,3 por cento no ano passado Em 2021 registaram-se 12.776 acidentes de viação, um crescimento de 25,3 por cento relativamente a 2020, havendo a lamentar, no total, cinco vítimas mortais e 4.374 feridos. De acordo com dados divulgados na sexta-feira pelos os Serviços de Estatística e Censos (DSEC), só em Dezembro ocorreram 1.076 acidentes de viação, mais 5,9 por cento em termos anuais, tendo-se registado duas vítimas mortais e 338 feridos. Quanto ao número de veículos matriculados, no final de 2021 havia em Macau um total de 247.603, ou seja, mais 1,4 por cento face a 2020. O número de veículos com matrículas novas fixou-se em 12.489, mais 0,9 por cento em relação a 2020. Relativamente aos estacionamentos ilegais, os dados, contabilizados pelo Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP), revelam que houve um aumento de 21,7 por cento nos estacionamentos ilegais nas vias públicas, enquanto que em zonas com parquímetro deu-se uma quebra de 18,79 por cento entre 2020 e Dezembro de 2021. Em termos anuais houve uma redução de 12,61 por cento no total das multas cobradas, de cerca de 118 mil para 133 mil patacas. O bom taxista Os números avançados pelo CPSP mostram ainda que o serviço de táxis melhorou durante a pandemia, uma vez que os casos relativos à cobrança abusiva de tarifas baixaram para metade, de oito para quatro casos entre 2020 e 2021, enquanto que os casos de recusa de transporte baixaram 25 por cento. As estatísticas da DSEC revelam ainda que em 2021, o peso bruto da carga contentorizada que entrou e saiu pelos portos de Macau totalizou 158.696 toneladas, mais 30,9 por cento, em relação a 2020. Em relação ao transporte aéreo, efectuaram-se, no total, 13.966 voos comerciais, ou seja mais 2,1 por cento, relativamente a 2020. Já o peso bruto da carga aérea movimentada, situou-se em 48.542 toneladas, mais 45,8 por cento, face ao ano anterior. Ao nível das comunicações, destaque para existência de 99.989 utentes de telefone fixo (menos 6,8 por cento) e 1,27 milhões de utentes de telemóvel (menos 21,4 por cento). Quanto aos serviços de internet, existiam no mês passado 671.805 assinantes registados, tendo sido utilizadas, no total de 2021, 66 mil milhões de horas de serviços, um ligeiro aumento de 0,4 por cento em relação a 2020.
Andreia Sofia Silva EventosPoesia | uTUDOpias, primeiro livro de psicólogo Nuno Gomes, apresentado hoje Chama-se “uTUDOpias” e é o primeiro livro de poesia do psicólogo Nuno Gomes. A obra, editada pela COD, é hoje apresentada na Livraria Portuguesa às 19h e contém poemas escritos entre 2019 e o ano passado, divididos em cinco capítulos. O autor, para quem escrever funciona como uma catarse, aponta que esta obra “toca em vários pontos que caracterizam a vida humana” São estrofes pessoais ou sobre a vida de todos nós. “uTUDOpias”, primeiro livro de poesia do psicólogo e músico Nuno Gomes, é um exercício constante de palavras sobre os dias de todos nós. E não falta inclusivamente alguns apontamentos autobiográficos: “O que somos? / Perco um braço / Continuo eu / Dou mais um passo, / Só um braço se perdeu”, estrofes do poema que abre o livro, são disso exemplo. A apresentação de “uTUDOpias”, na Livraria Portuguesa, a partir das 19h, terá música a acompanhar uma sessão de declamação de poesia, com Kelsey Wilhem e Pedro Lagartinho. Este é, sobretudo, “um livro que procura tocar em vários pontos que caracterizam a vida humana”, contou ao HM Nuno Gomes, que reside no território desde 2010. O autor confessa que escreve desde criança, mas que nunca ponderou, até agora, publicar os seus escritos. Um reencontro ocasional com uma amiga de longa data, Cláudia Tomé e Silva, que assina o prefácio desta obra, e a partilha de poemas que ambos iam escrevendo foi o mote para esta publicação. “Encontrámo-nos no Facebook e nunca mais parámos de falar sobre poesia. Partilhamos poemas acerca do mundo e sobre diversas situações, ajudámo-nos mutuamente. Ela lançou o livro ‘Emoções Bárbaras’ no ano passado e eu reparei que tinha uma boa colectânea de poemas e resolvi organizá-los por capítulos.” Desta forma, as estrofes de “uTUDOpias” organizam-se no capítulo intitulado “No Café”, onde se espelham poemas “com conversas mais banais, onde existe sempre o sentimento”. Segue-se “Justiça”, onde se incluem “poemas sobre situações onde vejo que há alguma injustiça no mundo e na sociedade”. O terceiro capítulo, “ENTREmitente”, contém escritos sobre “emoções de vários tipos”, enquanto que em “Utopias” se incluem temáticas como o tempo, espaço e viagens. Em “Resoluções”, quinto e último capítulo, Nuno Gomes decidiu depositar “o seu lado de psicólogo”, com “poemas de auto-ajuda e palavras mais bonitas, ou decisões humanas”. Catarse interior Nuno Gomes, que já traduziu poesia de Fernando Pessoa para inglês, mostrou ter dificuldade em escolher um único poema desta obra. Mas “Sonhos Bisontes” acabou por surgir no discurso, por ser um poema “com ritmo e que funciona bem com a música” que será apresentada no evento. A exercer psicologia clínica, mas com diversas actividades, Nuno Gomes encontra na poesia uma espécie de “catarse” para as suas emoções e vivências do dia-a-dia. “Acredito vivamente que a arte é uma ferramenta que os humanos podem usar para ultrapassar diversas situações. O mundo está complicado e todos nós temos os nossos problemas. O simples facto de conseguir expressar algo cá para fora dá-nos alguma liberdade. Eu uso esta ferramenta na música e na escrita”, concluiu.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaMedia | Ho Iat Seng destaca patriotismo dos jornalistas de língua chinesa No encontro com profissionais dos meios de comunicação social em língua chinesa, o Chefe do Executivo garantiu que o Governo vai continuar a defender a liberdade de imprensa. Os jornalistas foram elogiados. “Preservam a boa tradição do ‘amor pela Pátria e por Macau’”, afirmou Ho Iat Seng A preservação da liberdade de imprensa no território foi a principal ideia deixada por Ho Iat Seng num encontro com profissionais dos meios de comunicação chineses a propósito das celebrações do ano novo chinês. No seu discurso, o Chefe do Executivo disse que o Governo “continuará a garantir a liberdade de imprensa”, tendo em conta que considera que este sector “é um apoio importante para o consenso social e para a promoção do desenvolvimento e progresso da sociedade”. Ho Iat Seng deu também destaque ao patriotismo, frisando que “os profissionais da comunicação social de língua chinesa em Macau preservam a boa tradição do ‘amor pela Pátria e por Macau’”. “Espero que todos continuem a desempenhar o seu papel de ponte entre o Governo da RAEM e o público e a potenciar a energia positiva; e que, ao contarem bem a história de Macau e transmitirem a voz da RAEM, ajudem os diversos serviços na implementação da acção governativa, contribuindo para a implementação estável e duradoura do princípio ‘um país, dois sistemas’ e para a prosperidade de Macau”, disse ainda Ho Iat Seng. Papel na pandemia Falando da pandemia, Ho Iat Seng não deixou de destacar o papel dos media na cobertura noticiosa, considerando que “os profissionais da comunicação social local desempenharam o seu papel de forma profissional e com espírito de missão”. Além disso, os jornalistas “transmitiram a situação social e a opinião pública, e reforçaram a comunicação entre o Governo e a população, para que os trabalhos das diversas tutelas do Governo pudessem ser implementados de forma mais eficaz”. Relativamente às políticas para este ano, Ho Iat Seng garantiu que será dada continuação à implementação do 2.º Plano Quinquenal da RAEM, além de apostar nos planos de integração regional do território, nomeadamente na Grande Baía e na Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin, sem esquecer a política nacional “Uma Faixa, Uma Rota”.
Andreia Sofia Silva China / ÁsiaCovid-19 | HK com mais de dois mil contágios, o pior dia desde o inicio da pandemia Hong Kong registou ontem um total de 2.071 novos casos de covid-19, o pior dia desde o início da pandemia, sendo que 4.500 pessoas tiveram um resultado preliminar positivo. O Governo de Carrie Lam nomeou responsáveis que vão actuar, em cinco task-forces, com as autoridades de Pequim e Guangdong A pandemia da covid-19 em Hong Kong está longe de estar controlada, depois do território vizinho ter registado ontem um total de 2.071 novos casos confirmados de covid-19 e 4.500 resultados preliminares positivos, escreveu o South China Morning Post. Este é o pior dia, desde o início da pandemia, em matéria de novos casos de infecção pelo vírus Sars-Cov-2, sendo a primeira vez que se registam mais de dois mil casos na região. As autoridades suspenderam, entretanto, as aulas presenciais até ao dia 6 de Março, prolongando por duas semanas uma medida que já se encontrava em vigor. Entretanto, este domingo, a Chefe do Executivo da região, Carrie Lam, disse esperar o apoio do Governo Central no combate à pandemia em Hong Kong e que “não serão desperdiçados esforços” nesta acção. Num comunicado, citado pela Xinhua, a governante disse que assume as principais responsabilidades nesta luta e que o Governo vai implementar a estratégia da “prevenção de importação de casos e o contágio do vírus na comunidade”, em busca de uma “dinâmica de zero casos” no território. Desta forma, é objectivo das autoridades da região vizinha em seguir as linhas orientadoras levadas a cabo por Pequim “tendo em conta a sua experiência” no combate à pandemia, incluido formas de gestão de recursos humanos. Tudo para que Hong Kong seja capaz de “uma identificação e isolamento prévios, e um tratamento precoce” dos infectados. As autoridades reuniram no sábado e destacaram membros do Governo para cinco tas-forces, que vão “coordenar-se com os representantes de ministérios ou comissões do Governo Central, bem como do Governo da província de Guangdong” a fim de tomar acções que travem a escalada de casos. Mais testes e medidas Uma das medidas que o Governo de Hong Kong pretende implementar é o reforço dos testes na comunidade e uma vigilância do sistema de esgotos, incluindo uma maior atenção sobre o percurso dos contactos de risco. Na tarde de domingo mais de quatro mil pessoas foram sujeitas a uma quarentena domiciliária ao abrigo do novo esquema “StayHomeSafe”, lançado dia 8, que visa melhor coordenar os contactos próximos ou de risco. Carrie Lam disse “compreender as ansiedades do público” tendo em conta a quinta vaga da pandemia, onde a variante Ómicron do novo coronavírus é mais dominante. A Chefe do Executivo adiantou que o enorme aumento do número de casos nos últimos dias trouxe dificuldades na gestão de isolamentos e quarentenas, tendo pedido desculpa pela falta de resposta. “Com o apoio total das autoridades do Governo Central, Hong Kong, juntamente com as províncias de Guangdong e Shenzhen, e com as task-forces, iremos garantir uma plena implementação destas medidas para travar a pandemia.” Sobre a vacinação, as autoridades planeiam aumentar os centros, recrutar mais pessoal médico para administrar vacinas em lares de idosos e reduzir a idade mínima para receber a vacina Sinovac para os três anos. Entretanto, o Conselho Legislativo (LegCo) de Hong Kong vai analisar a proposta, do Governo, para a injecção de 27 mil milhões de dólares de Hong Kong para o Fundo Anti-Pandemia, para que venham a ser implementadas várias medidas de apoio.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeNova City | Shun Tak acusada de não entregar direito de administração Fong Ka Leong, ex-secretário geral da associação de condóminos do edifício Nova City, na Taipa, acusa a empresa proprietária, a Shun Tak Holdings, de, em dez anos, nunca ter transferido o direito de administração para os moradores, o que faz com que estes não consigam resolver os problemas inerentes ao complexo habitacional A Shun Tak Holdings, empresa promotora dos blocos de apartamentos Nova City, na Taipa, é acusada pelos condóminos de, ao fim de dez anos, ainda não ter transferido os direitos de administração do prédio, o que tem causado dificuldades aos moradores na resolução dos problemas do condomínio. Em comunicado, Fong Ka Leong, ex-secretário geral da associação de condóminos Administração Integral da Nova City, disse que em 2010 foram eleitos os membros desta entidade, mas a Shun Tak continuava a exercer os direitos de administração, não tendo assinado o contrato com os moradores. Mesmo com uma acção em tribunal ganha em 2014, a empresa continuou a “ignorar” esta decisão judicial e não contactou os moradores no tempo previsto, acusou o responsável. O facto de este direito de administração não ter sido transferido tem causado problemas financeiros na gestão do condomínio. “Em 2006, no início da ocupação das casas, a Shun Tak atribuiu à empresa Watt Hung Chow a auditoria das contas. No entanto, dois anos depois, os condóminos sabiam que a pessoa responsável pela auditoria das contas eram alguém ligado ao grupo [Shun Tak], pelo que foi pedido um auditor independente, a fim de garantir a equidade”, pode ler-se no comunicado. Em 2010, ambas as partes concordaram que a empresa HMV & Associates – Certified Public Accountants ficaria responsável pela auditoria. No entanto, os condóminos tiveram conhecimento, apenas em 2013, que esta empresa já não exercia estas funções e que, neste período de tempo, não havia qualquer fiscalização das contas do complexo habitacional Nova City. “Fomos recebendo os relatórios de auditoria nos primeiros dois anos, mas depois a Shun Tak Holdings foi adiando a sua entrega por diversos motivos. Só então é que um membro da associação de condóminos soube que a auditora deixou de exercer funções em 2013 porque não conseguiu obter os cadernos de contabilidade junto da Shun Tak Holdings”, explicou Fong Ka Leong no mesmo comunicado. Governo ao barulho O responsável adiantou que já apresentou queixa da situação, por diversas vezes, nos serviços públicos, mas o problema continua sem solução. Fong Ka Leong apela, por isso, ao Governo para que reveja a legislação em vigor no sentido de reforçar a regulação das empresas de administração. Isto porque responsáveis do Instituto da Habitação já declararam que os direitos dos condóminos previstos na lei são limitados e que o regime das empresas de administração de condomínios não é perfeito. Fong Ka Leong acredita que a arbitragem poderia ser um meio eficaz para a resolução deste tipo de problemas, defendendo que a lei da protecção dos direitos e interesses do consumidor também poderia abranger estes casos.
Andreia Sofia Silva EventosDança | Associação Ieng Chi celebra 25 anos e apresenta novas actividades Fundada em 1998 por Lilian Ieng Chi Kuok, a Associação de Dança Ieng Chi celebra no próximo ano 25 anos de existência, mas já este ano existe um programa cheio de actividades com início marcado para o mês de Março. Chloe Lau, membro da direcção, assegura que o movimento da dança em Macau é cada vez mais profissional e capta a atenção de miúdos e graúdos Antes da transferência de soberania de Macau para a China aprender dança era uma coisa algo rara e, sobretudo, quase exclusiva à dança chinesa. Mas anos depois, não só há cada vez mais coreógrafos e bailarinos a dedicarem-se totalmente a esta arte, como os jovens e as suas famílias fomentam a aprendizagem. Em 2023, a Associação de Dança Ieng Chi, situada na avenida da Praia Grande, celebra os seus 25 anos de existência. Com mais de 800 alunos e membros, esta entidade foi fundada por Lilian Ieng Chi Kuok, também directora artística da associação. Ao HM, Chloe Lau, antiga aluna de Lilian e hoje membro da direcção, conta que o movimento da dança tem evoluído de forma positiva. “Vemos claramente que o movimento da dança em Macau mudou muito nos últimos anos. Quando andava na escola primária a maior parte dos bailarinos começava com a dança chinesa, porque era a mais popular. As associações tinham menos oportunidade de apresentar outro tipo de espectáculos. Mas agora, sobretudo nos últimos cinco anos e antes da pandemia, surgiram muitos festivais e paradas com performances locais que revelaram esta energia para o público.” Para Chloe, este ambiente “apelou à participação de muitas pessoas e surgiram cada vez mais associações de dança”. Além disso, “os jovens desenvolvem hoje, desde muito cedo, o seu interesse pela dança e os pais também dão muito apoio”. “O ambiente da dança é hoje mais vivo”, assegura. Chloe Lau destaca também uma maior interacção com os ambientes da dança de cidades do exterior, sobretudo da China. “No caso da nossa associação, todos os anos convidamos estudantes de Pequim e de outras cidades para realizarem workshops. Há uma maior oportunidade de explorar novas coreografias.” Quatro direcções Para manter o espírito vivo dos seus 25 anos de existência, a Associação de Dança Ieng Chi pretende desenvolver metas de trabalho com base em quatro direcções, baseadas na vertente educacional e na criação experimental, pois “todos os anos temos as nossas produções com espectáculos no Centro Cultural de Macau ou actividades ao ar livre”, sendo esta “uma forma de a comunidade poder desfrutar destes eventos criados por nós”. Além disso, a associação pretende fomentar ainda mais os programas de intercâmbio que já possui com países como Coreia do Sul ou Malásia. “Queremos partilhar a nossa cultura e a vida de Macau com outras cidades, mas estamos ainda à procura de fomentar este plano mesmo com a pandemia”. Chloe Lau fala ainda de uma quarta direcção, focada no desenvolvimento de uma plataforma de criação com outros bailarinos e coreógrafos locais. “Existimos em Macau há 25 anos e não queremos apenas produzir espectáculos mas também criar uma plataforma de ligação com jovens coreógrafos, para que estes possam desenvolver as suas ideias e criações. Todos os anos temos um projecto para o qual convidamos quatro ou cinco bailarinos para apresentar as suas coreografias, para que estes tenham a possibilidade de contactar o público.” Agenda cheia Depois de dois eventos em Janeiro, a Associação de Dança Ieng Chi prepara-se para apresentar, entre 5 e 20 de Março, o festival “Zito Heritage Stroll”, que irá decorrer na Casa Garden e que terá a apresentação de performances de rua e exposições. Entre os dias 23 e 24 de Abril, irá acontecer um espectáculo de dança multimédia intitulado “Falling, Falling, Marine Snow”, onde a importância da protecção dos oceanos será o tema principal. Em Julho, como é habitual, a associação irá ainda co-organizar, em parceria com a Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude, uma competição entre as escolas de dança do território.