Andreia Sofia Silva Política60 mil pessoas assistiram em Macau à parada militar de Pequim Um total de 60 mil pessoas assistiu ontem à transmissão em directo da “Cerimónia Comemorativa do 80.º Aniversário da Vitória da Guerra de Resistência do Povo Chinês contra a Agressão Japonesa e da Guerra Mundial Antifascista”, que decorreu no Pavilhão Polidesportivo da Universidade Politécnica de Macau e no Complexo Desportivo da Universidade de Macau, bem como outros locais. Segundo um comunicado oficial, as 60 mil pessoas englobam estudantes e funcionários públicos. Várias ” instituições de ensino superior e não superior organizaram sessões para os estudantes assistirem à transmissão em directo nas instituições de ensino”. Além disso, “vários departamentos do Governo organizaram também sessões para os funcionários públicos assistirem à referida actividade”. A cerimónia em questão incluiu a parada militar que decorreu em Pequim, na Praça Tiananmen, e que juntou vários chefes de Estado. Desta forma, entende-se que os 60 mil participantes de Macau “uniram-se à pátria e ao povo para recordar a história, prestar homenagem aos mártires, valorizar a paz e criar um grande futuro”. Lembrar as lutas André Cheong, secretário para a Administração e Justiça, recordou que “há 80 anos o povo chinês alcançou vitórias significativas na guerra contra a agressão japonesa após a persistência e resiliência de 14 anos de lutas sangrentas”, sendo que as “vitórias foram um ponto de viragem histórico, em que a nação chinesa passou da humilhação para o renascimento”. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, Kong Chi Meng, director da Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ), a transmissão em directo da parada militar em Pequim constituiu uma espécie de “primeira aula do novo ano lectivo e uma prática viva de educação patriótica”. Por sua vez, também as concessionárias de jogo se uniram a este evento. Foi o caso da MGM China, que nos empreendimentos MGM Macau e MGM Cotai organizou a transmissão em directo da parada “nas salas de refeições dos membros da equipa e zonas de bastidores” de funcionários, dando às equipas “a oportunidade de testemunhar este momento memorável juntos e partilhar o orgulho pela prosperidade e força da nação”, refere a operadora em comunicado. Foi ainda acrescentada uma zona de visualização da parada no MGM Cotai Grande Salon. II Guerra | Sam Hou Fai destaca “compatriotas de Macau” O Chefe do Executivo, Sam Hou Fai, destacou ontem, a propósito da cerimónia de comemoração do 80.º Aniversário da Vitória da Guerra de Resistência do Povo Chinês contra a Agressão Japonesa e da Guerra Mundial Antifascista, que “todos os compatriotas de Macau irão recordar a história, prestar homenagem aos mártires e valorizar a estabilidade que não foi nada fácil de alcançar”. O evento, que se realizou na Praça Tiananmen e contou com a organização de uma parada militar que reuniu chefes de Estado de todo o mundo, teve tambem a presença do Chefe do Executivo da RAEM. Este lembrou ainda, citado por um comunicado oficial, que “durante os 14 anos de resistência contra a agressão japonesa, o Partido Comunista da China defendeu e persistiu sempre numa frente unida nacional contra a agressão japonesa, desempenhando um papel fundamental”.
Andreia Sofia Silva Entrevista MancheteJorge Figueira, arquitecto e académico da Universidade de Coimbra: “As relações heróicas” de Macau Há muito que escreve e pensa a arquitectura, e desde vez Jorge Figueira, arquitecto, académico da Universidade de Coimbra, fá-lo em Macau. Depois de uma sessão esta semana em que destacou o antigo complexo de habitação pública do Fai Chi Kei, de Manuel Vicente, Jorge Figueira aborda hoje na Fundação Rui Cunha o legado de Nuno Portas Participa hoje na conferência “Nuno Portas: da Arquitectura ao Urbanismo, do Homem à Cidade”. Que legado deixou este arquitecto português? Nuno Portas é alguém que já no final dos anos 50 tem uma actividade crítica que é totalmente inovadora e pioneira no contexto português. Depois, já nos anos 60, teve uma actividade mais internacional, tendo sido o primeiro a divulgar a obra de Siza Vieira. Foi aí que teve os primeiros contactos com arquitectos espanhóis e italianos, fundamentalmente. Também nesses anos escreveu dois livros que também eram invulgares, como “Arquitectura para Hoje”, em 1964, e “Cidade como Arquitectura”, de 1969. Foram também uma forma extraordinária de tentar apanhar o que se passava em termos de correntes internacionais na arquitectura. Mas depois teve também uma [importante] actividade como arquitecto ao lado de Nuno Teotónio Pereira, nomeadamente na obra da Igreja do Sagrado Coração de Jesus, em Lisboa, e numa casa em Vila Viçosa. Depois, com o 25 de Abril de 1974, foi nomeado secretário de Estado da Habitação e Urbanismo e lança o SAAL – Serviços de Ambulatório ao Apoio Local, um programa de habitação social completamente revolucionário, de acordo com o espírito da época. Depois Nuno Portas dedicou-se mais às questões do urbanismo e não tanto da arquitectura. Esteve ligado ao início da Expo 98. Acaba por ser alguém que nos últimos 20 anos do seu trabalho passa a ter preocupações mais científicas e sociológicas, e menos artísticas. É algo que teve desde o início, mas depois passa a ser o cento da sua actividade. Nuno Portas teve alguma relação com Macau? Penso que as relações não seriam tão intensas em comparação com outros arquitectos e contextos, mas sabemos que Nuno Portas esteve em Macau a convite do Governo para uma conferência, entre 2001 e 2002. É interessante porque dessa passagem temos ecos daquilo que aconteceu, como a surpresa dele ao descobrir o orfanato Ellen Liang de Manuel Vicente, que não conhecia. Foi a primeira obra de Manuel Vicente em Macau, dos anos 60, e sabemos que Nuno Portas ficou emocionado ao visitar essa obra, sobretudo a pequena capela que existe no orfanato. É interessante porque não havia uma relação directa entre Manuel Vicente e Nuno Portas, são figuras em pólos muito diferentes, e até opostos. Há também uma referência interessante e positiva ao plano do Siza [Vieira, Plano de Expansão da Cidade de Macau (Areia Preta e Porto Exterior, de 1982], e que quando Nuno Portas visita Macau está a ser construído. É interessante que tenha comentado esse plano porque nos anos 60 e 70 a relação entre Nuno Portas e Siza Vieira já não era a mesma, e o facto de ter feito referências elogiosas a Siza é muito interessante. Foi aluno de Nuno Portas. Que outros aspectos da sua carreira ou personalidade pode destacar? Também trabalhei com ele. Ele era um homem culto, muito inteligente e com uma memória avassaladora. Era alguém que gostava de provocar, mas no bom sentido, de discutir, de contrariar. Tive a sorte de manter um diálogo com ele de décadas, e será esse meu conhecimento pessoal que irei transmitir. Também reparo que era um homem muito próximo do poder de Lisboa, dos partidos, mas sempre muito independente. Era amigo pessoal de Jorge Sampaio, foi secretário de Estado, mas nunca teve grande protagonismo político. Por um lado, isso deve-se à sua independência, mas por outro ele era uma figura tão controversa e inteligentemente inquieto, que penso que o poder também se assustava com ele. Esta semana falou também na conferência “Lisbon, Porto, Macau, Maputo: Heroic Collective Housing from the 60s & 70s”. Como descreve os projectos de habitação pública de Macau nesses anos? Há muitos arquitectos sobre os quais poderia falar, mas concentrei-me na obra de Manuel Vicente em Macau, nomeadamente o complexo de habitação pública no Fai Chi Kei, que foi demolida e depois deu origem ao projecto de Rui Leão e Carlota Bruni. Não falei concretamente de arquitectos portugueses ou macaenses, também temos nomes como, por exemplo, José Maneiras. Até porque os arquitectos portugueses sempre foram poucos em Portugal, e a partir dos anos 50 existiam cerca de 150, aumentando depois muito em número. Mas fiz [na conferência], uma homenagem aos arquitectos portugueses que construíram nesse período, porque num território complexo e com as suas vicissitudes, diferentes das que existiam em Portugal, souberam fazer experiências arquitectónicas no campo da habitação pública extraordinárias. Tentei demonstrar o que estava a acontecer em Lisboa, Porto, Macau e Lourenço Marques, actual Maputo, de formas diferentes. Em Macau estabeleceram-se relações, que chamo de heróicas, no sentido em que foram relações de arquitectura experimental, em que as pessoas tiveram de se adaptar, ter um espírito próprio. Tratam-se de arquitecturas já com um pouco de história, pois passaram 50 ou 60 anos, mas continuam a ser marcantes os exemplos que encontramos nestas cidades. Que projectos destaca destes anos? Falei do empreendimento habitacional “Pantera Cor-de-Rosa”, de Gonçalo Byrne, em Chelas, Lisboa. Mostrei os “Cinco Dedos”, de Vítor Figueiredo, também de Lisboa, e o “Bairro da Bouça”, de Siza Vieira, no Porto. Mostrei o complexo do Fai Chi Kei, de Manuel Vicente, e um projecto de Pancho Guedes em Moçambique. Apesar de já serem longínquas no tempo, trata-se de arquitecturas que permanecem referências fundamentais dos pontos de vista cultural e arquitectónico. Há uma espécie de sorte narrativa de poder falar de sítios tão diferentes, e com arquitectos tão diferentes, e mostrar como tiveram esse lado heróico, experimental, comovente, até radical, que tinha a arquitectura desse período em particular. Macau teve uma evolução positiva no que diz respeito à oferta de habitação pública? Cheguei em Agosto e tenho visitado o território nos últimos anos, pelo que venho acompanhando um pouco esse processo. Macau é, obviamente, um território extraordinário e desde logo pela coexistência de culturas muito diferentes no que se refere à habitação, que aqui tem uma escala e expressão completamente distintas da portuguesa. Em Portugal há uma aversão às torres de habitação pública, sempre foi algo invulgar e os resultados que se conhecem não foram bem-sucedidos por razões diversas. Mas em Macau é exactamente isso que vemos, habitação pública em torres e com uma expressão muito forte. Isso tem a ver com as características do território e também com uma certa cultura da China e de Hong Kong. Isso não quer dizer que tudo o que está a ser construído em Macau seja bom, há torres e edifícios com soluções menos interessantes ou que decorrem de uma certa repetição. Mas não há nenhuma cidade que só tenha boa arquitectura ou boa habitação pública. O desafio está em resolver o problema da habitação em larga escala, algo que deve ser estudado e pensado. É bonito e avassalador ver que Macau é um território que cresce dia após dia e é excitante observar isso também do ponto de vista da arquitectura. É isso que estou a fazer, a trabalhar em projectos futuros. Projectos de análise, ou académicos? Sim, sou professor e investigador na Universidade de Coimbra e colunista do jornal Público, então o meu trabalho é muito analisar e investigar. Já publiquei muito sobre Macau e quero retomar algumas pontas que deixei para resolver, digamos assim. Estou muito estimulado com tudo o que tenho visto e as pessoas com que tenho falado, e se calhar vou aumentar o meu trabalho sobre o território do ponto de vista académico e no plano da investigação. Numa altura em que Portugal tem um problema crónico de habitação, com falta de habitação pública, Macau poderia ser um exemplo? De forma directa não, por causa da questão tipológica da torre habitacional. Poderia não ser um modelo bem-vindo no contexto português. Mas sem dúvida que Portugal precisa de aprender com outras experiências e outros territórios e precisa de encontrar soluções. Seguramente que o que se passa em Hong Kong e Macau são experiências que interessa muito conhecer, não para replicar, mas sim para perceber que se trata de um problema global [a falta de habitação]. Lembrar Nuno Portas A Fundação Rui Cunha (FRC) recebe hoje, a partir das 18h30, a conferência “Nuno Portas: da arquitetura ao urbanismo, do homem à cidade”, com Jorge Figueira. Será tempo de falar de um percurso que o recém-falecido arquitecto iniciou em 1959, com um texto sobre a nova geração do Movimento Moderno em Portugal. Seguiram-se textos nos anos 60 e 70 com “abordagens científicas”, com Nuno Portas a deambular por entre a arquitectura e o urbanismo, sempre de forma reflexiva. Nuno Portas foi uma “figura multifacetada, mais conhecida por ter lançado o programa de habitação social SAAL, que ainda hoje é alvo de investigação e um exemplo”, descreve Jorge Figueira numa nota. O orador está ligado ao Centro Estudos Sociais e Departamento de Arquitectura da Universidade de Coimbra.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaAL | Coutinho diz que eleições “são das mais difíceis de sempre” Pouco dinheiro para gastar e a esperança no “voto do coração” para eleger. Foi desta forma que a lista Nova Esperança, liderada por José Pereira Coutinho e candidata às eleições para a Assembleia Legislativa, apresentou ontem o seu programa político com foco no emprego e habitação. O grupo espera eleger, pelo menos, um deputado Assumem que estão numa posição desfavorável face a listas ligadas a associações tradicionais de Macau, como a Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), entre outras, por uma questão orçamental e de recursos. Por isso, a lista Nova Esperança, liderada pelo deputado José Pereira Coutinho, assume ter esperança no “voto do coração” para conseguir eleger para o hemiciclo, havendo confiança “na obtenção de um lugar”. As eleições do dia 14 de Setembro para a escolha dos deputados à Assembleia Legislativa (AL) serão, por isso, “uma das mais difíceis que temos”, referiu o número dois da lista, Chan Hao Weng. Ainda assim, os membros da Nova Esperança estão “confiantes em obter um lugar”, disse José Pereira Coutinho na conferência de imprensa de ontem para a apresentação do programa. “Nós falamos as verdades que os outros calam”, foi uma das mensagens deixadas por Coutinho ontem, que prometeu não esquecer o facto de muitos portugueses estarem a trabalhar em Macau com blue card. “Temos conhecimento pessoal de muitos portugueses que estão em áreas técnicas, nas concessionárias, em engenharia, arquitectura ou gestão, e não se importam de ter, por enquanto, esse documento, mas o essencial está no salário que ganham. Eles ganham bem e estão satisfeitos, mas esse assunto não vai ser deixado de parte por nós, porque vamos continuar a lutar para que seja reposta a situação do passado e possamos atrair mais portugueses a trabalhar em Macau”, referiu Coutinho. O deputado começou a conferência por responder aqueles que acusam a lista Nova Esperança de ser “uma lista de velhotes”. “Ora bem, o segundo candidato [Chan Hao Weng é um funcionário público activo. Chamam-lhe velho, mas ele tem cinquenta e tal anos, não tem idade para se aposentar. Vejamos o quarto candidato jovem, Chester Chen. Tem cara de velho?”, questionou. Relativamente à falta de emprego dos jovens, foi referido o exemplo de licenciados locais a fazer trabalho parcial em feiras, como foi o caso da “ZAPE com Sabores”. “Na actividade realizada na Rua de Pequim vimos jovens formados em medicina a dar bilhetes de descontos. É uma falta de respeito, e porque não se dá oportunidade a estes jovens para estagiarem no hospital? No nosso programa temos a secção ‘Emprego para Todos’ em que propomos formar jovens para depois terem estágios na Função Pública e poderem integrar rapidamente” a Administração, referiu Rita Santos. Casas para procriar Outro ponto referido no programa eleitoral da Nova Esperança, passa pela construção de habitação pública “com dimensões e dignidade para que [os candidatos] construam uma família”, tendo em conta a necessidade do aumento da taxa de natalidade. “Construir casas só com um quarto é o mesmo que dizerem aos jovens que têm essas casas para nunca procriar e que não vão constituir família ou casar. Por isso propomos casas para todos com dimensões que tragam dignidade, e isto não é nenhuma invenção nossa, trata-se de um sistema que tem sido utilizado pela Direcção dos Serviços de Finanças nos últimos 40 anos na atribuição de casas”, explicou Coutinho. A Nova Esperança olha também para a “capacidade financeira das famílias”, pelo que “elevar a comparticipação pecuniária é fundamental para elevar a qualidade de vida”, disse o deputado. “As pessoas vivem na China porque é tudo muito mais barato, e mesmo agora, com a queda brutal das rendas de casa, as pessoas não têm vontade de voltar a Macau, porque tudo o resto é mais caro. Por isso propomos um plano de comparticipação pecuniária permanente com o valor mínimo de 15 mil patacas e dar um cartão de consumo de 10 mil patacas para aumentar o consumo interno”, rematou.
Andreia Sofia Silva Grande Plano MancheteIlha Verde | Incertezas em torno da recuperação do convento jesuíta Escondido no meio da colina, o convento da Ilha Verde continua à espera de recuperação plena. O local foi recentemente palco de um festival de cinema experimental, demonstrando potencialidades para acrescentar um novo espaço cultural à cidade. Porém, o proprietário queixa-se de custos elevados e dificuldades financeiras Falar das paredes meio abandonadas e vazias do convento da Ilha Verde, situado na pequena colina na zona norte da península, implica recuarmos aos primórdios da presença portuguesa em Macau e dos jesuítas, nomeadamente a meados do século XVII. Nessa altura, Macau já era um território de trocas comerciais entre portugueses, estrangeiros e chineses, entrando na rota asiática do comércio de especiarias e outras matérias-primas. Só assim se pode compreender a importância deste edifício classificado que está num terreno com propriedade privada. O Instituto Cultural (IC) quer ver o edifício renovado em parceria com o dono, depois de anos e anos de um processo arrastado nos tribunais entre duas empresas para provar a verdadeira propriedade do terreno. Apesar do quase abandono, o convento da Ilha Verde acolheu este Verão um festival de cinema ao ar livre, mostrando as potencialidades do local enquanto novo espaço cultural. O evento em questão foi o Festival de Cinema Experimental de Macau, organizado pela Associação Audiovisual CUT. Ao HM, o curador do festival, Keng U Lao, explicou que o “espaço está actualmente a ser alvo de obras de renovação”, e que para o festival foi usada a zona do jardim e “algumas salas do edifício”. Para o responsável, o convento da Ilha Verde “é um local fantástico para eventos culturais, e tanto os proprietários como a equipa foram incrivelmente acolhedores e prestáveis”. Foto: Associação CUT O curador do festival de cinema entende que o convento é “uma joia que poucos locais visitaram”, tendo estado “encerrado por mais de uma década”. “Talvez essa seja a razão pela qual o nosso público esteve tão entusiasmado para assistir ao evento de encerramento e explorar o espaço, pois tivemos lotação esgotada”, descreveu. Segundo Keng U Lao, e tendo em conta a natureza experimental do festival, procurou-se “utilizar de forma criativa os espaços disponíveis para as projecções, performances e instalações audiovisuais, permitindo o cruzamento com a arquitectura única do local”. Para o curador, o convento da Ilha Verde poderá ser “um excelente local para eventos culturais, incluindo exposições de artes visuais, espectáculos, eventos musicais e sessões de cinema”. Conflito com mandarins Em 1618 teve início um conflito entre a Companhia de Jesus, que já então estava sediada na Ilha Verde neste convento, e as autoridades chinesas locais, devido à utilização do espaço pelos jesuítas portugueses. É um conflito que, segundo a obra “Macau: Poder e Saber – Séculos XVI e XVII”, só termina a 3 de Fevereiro de 1621 quando o Senado intervém, sanando-se por completo a 14 de Agosto do mesmo ano, continuando os jesuítas a viver na Ilha Verde sem, porém, se afirmarem como proprietários de alguma coisa. Descreve o historiador que os jesuítas ali puderam permanecer “com autorização dos mandarins e sem reclamarem a posse”, sendo que antes de Julho de 1621 ocorreu “a demolição de edifícios por ordem das autoridades distritais chinesas”. Mais do que um punhado de paredes antigas, no convento da Ilha Verde prova-se parte da actividade e presença dos jesuítas em Macau, bem como questões políticas que sempre marcaram o território, nomeadamente quem exercia a soberania de facto sobre Macau. “O episódio da Ilha Verde é exemplar a vários títulos, mas acima de tudo serve para mostrar até que ponto está sinizada a oligarquia de Macau e até que ponto o Senado consegue intermediar conflitos entre poderes oficiais chineses distritais e regionais (…)”, lê-se no livro de Luís Filipe Barreto. Ao longo dos anos, o convento e o terreno adjacente foram passando de mão em mão até virem parar às de Jack Fu, que conseguiu ver provada em tribunal, em 2022, a propriedade do convento por parte da sua Companhia de Desenvolvimento Wui San. Aquando da vitória judicial, Jack Fu lamentou que “o processo tenha decorrido de forma tão lenta”, tratando-se de uma “disputa que decorreu durante mais de dez anos”. Perante os jornalistas, Jack Fu prometeu encontrar “equilíbrio entre o desenvolvimento e a preservação do espaço”. Dificuldades financeiras O HM procurou saber o que tem sido feito desde então. Percebe-se que permanecem incertezas sobre o futuro do espaço, com muitas questões orçamentais à mistura. Já foram feitas algumas obras inteiramente suportadas pela Companhia de Desenvolvimento Wui San, mas falta uma estratégia de longo prazo. “O IC exige o restauro do convento no seu estado original”, disse Jack Fu. “Temos feito o nosso melhor e nestes anos [desde 2022] a empresa tem feito muitas coisas. Se o convento tiver de ser todo restaurado no seu estado original não consigo avaliar quanto dinheiro isso vai custar porque a capacidade [financeira] da nossa empresa é limitada. Penso que poderá custar entre dezenas e até 100 milhões [de patacas]”, apontou. Assim, as tarefas que a Companhia de Desenvolvimento Wui San tem feito desde 2022 passam pela remoção do lixo, recuperação de algumas infra-estruturas e destruição de construções ilegais ou que estavam em risco de queda. De frisar que o antigo convento, numa altura em que a sua propriedade estava por definir, chegou a servir de casa a trabalhadores da construção civil que ali alugavam quartos, vivendo em condições precárias. “Fomos fazendo a manutenção de vários espaços conforme a nossa capacidade, mas não conseguimos restaurar o convento por completo ao seu estado original”, declarou. Jack Fu diz ter gasto até à data “entre 10 a 20 milhões [de patacas]” na recuperação de algumas zonas do convento, não conseguindo avançar com uma data para o restauro completo. “Tudo depende da situação financeira e se houver capital suficiente. Pode ser dentro de dois ou três anos, mas se o Governo estiver dependente da reparação apenas pelos privados para que se assuma este grande valor é impossível”, avisou. O dono do terreno disse que o IC sugeriu à empresa concorrer ao Plano de Apoio Financeiro para a Beneficiação de Edifícios Históricos para a obtenção de “um subsídio de dois milhões de patacas, no máximo, em dois anos”. “Mas esse valor não vai aliviar o problema”, disse Jack Fu, que teme que o processo de renovação se arraste por anos. “Por isso propusemos um intercâmbio para que haja um plano ou uma resolução específica”, referindo que “o progresso da restauração é lento e as autoridades apenas pedem a recuperação, não se preocupando com os custos que vamos ter”, acrescenta. Jack Fu alerta ainda para o facto de a legislação e o Plano Director de Macau contribuírem para atrasar ainda mais a renovação. “O Governo está a trabalhar na Unidade Operativa de Planeamento e Gestão Norte – 1 e não sabemos mais informações. Como tudo tem de estar conforme esse plano apenas podemos apresentar opiniões. Temos proposto várias opiniões às autoridades que as podem aceitar ou ter em conta no futuro.” Obras terminadas em 2024 Da parte do IC foi referido, numa resposta enviada ao HM, que a colina da Ilha Verde onde está o convento “é um sítio classificado, sendo o terreno de propriedade privada”. “Ao longo dos anos, e nos termos da Lei de Salvaguarda do Património Cultural, o IC tem diligentemente fiscalizado, coordenado e promovido o cumprimento das responsabilidades inerentes aos proprietários no que toca à preservação e gestão, bem como à execução de reparações e manutenções necessárias”, é referido. Lembrando as “ocupações ilegais que a colina sofreu durante vários, que dificultaram o desenvolvimento das acções de protecção previstas”, o IC pediu “aos proprietários a realização de obras de reparação e reordenamento urgentes”, tendo estas sido “concluídas no início de 2024”. As obras de que fala Jack Fu foram feitas “segundo as exigências do IC” e passam pelo “restauro e renovação das paredes, janelas, cobertura e colunas da Casa de Retiros”. Quanto à futura utilização do espaço, como está no foro privado, caberá apenas ao IC solicitar pareceres, sendo que “o organismo pronunciar-se-á no âmbito da protecção do património cultural”. Para Jack Fu, o convento da Ilha Verde poderá ser “uma base de intercâmbio cultural sino-ocidental, conforme os requisitos do país para Macau e a actual situação” do território. “O que dissemos ao Governo é que Macau é um centro mundial de turismo e lazer, mas falta aqui [Ilha Verde] um complexo de turismo cultural onde os turistas possam passear e permanecer um ou dois dias, então este espaço pode ter esse papel, já que tem a vantagem de estar perto de três postos fronteiriços”, destacou. Para já, e aparte os elevados custos para reconstruir tudo isto, Jack Fu mostra-se confiante. “O desenvolvimento da zona [Ilha Verde] ainda não começou e só agora o depósito provisório de combustíveis vai mudar de localização. Se for incluindo o nosso terreno, há condições para um grande complexo de turismo cultural.”
Andreia Sofia Silva EventosConcerto | Rapper Travis Scott chega em finais de Outubro O rapper norte-americano Travis Scott traz a Macau a sua digressão “Circus Maximus World Tour 2025”, esperando-se um concerto agendado para o dia 29 de Outubro na zona de concertos do Cotai criada pelo Governo, “Local de Espectáculos ao Ar Livre de Macau”. Scott marcará também presença noutras cidades asiáticas Há mais de um ano que o rapper norte-americano Travis Scott anda pela estrada em digressão com a “Circus Maximus World Tour 2025” e, desta vez, a paragem marcada na agenda do letrista e músico é Macau. Há dois anos, o rapper levou aos palcos a tour “UTOPIA – Circus Maximus”, apenas na América do Norte, mas agora decidiu prosseguir com os espectáculos pelo mundo, incluindo na Europa e Ásia. O espectáculo do artista está agendado para o dia 29 de Outubro na zona do Cotai, no “Local de Espectáculos ao Ar Livre de Macau”, com os bilhetes postos à venda a partir do dia 5 de Setembro. O sucesso tem marcado a carreira de Travis, sendo que esta digressão promete agora trazer aos fãs do género musical rap e ao público em geral uma grande experiência audiovisual. A digressão arranca no Brasil, mais concretamente em São Paulo, a 6 de Setembro, fazendo depois um périplo pela África do Sul, Índia e Coreia do Sul, seguindo-se, depois da actuação em Macau, espectáculos em Sanya, China, Japão e Abu Dabi. Esta digressão nasce do lançamento, em 2023, do álbum “UTOPIA”, considerado o disco de hip-hop mais vendido desse ano, tendo estado no primeiro lugar da Billboard Top 200 durante quatro semanas consecutivas. Além disso, no que diz respeito às plataformas de streaming usadas para ouvir música, “UTOPIA” registou mais de 50 mil milhões de streams em todo o mundo, sendo que a plataforma Spotify considerou o álbum de Scott o mais ouvido na primeira semana de 2023. Também a Apple Music confirmou que este álbum bateu records como álbum mais ouvido no dia de lançamento em 2023. Sucesso desde 2013 “UTOPIA” conta com faixas como “Thank God”, “Hyaena”, “Modern Jam”, “My Eyes” ou “God’s Country”, tendo Travis Scott recebido uma nomeação para um Grammy, considerados os prémios mais importantes da indústria musical. Dentro do universo do hip-hop Travis Scott é um nome a reter. Nascido na zona de Houston com o nome de Jacques Berman Webster II, o rapper adoptou esse nome artístico e começou a explorar as mudanças do estilo trap com uma abordagem bem mais melódica e experimental. Desta forma, o artista, que também é produtor musical, conseguiu fundir diversas sonoridades como o rap, hip-hop ou R&B. Travis Scott é considerado um dos artistas mais influentes da nova geração do rap americano tendo em conta o uso do chamado auto-tone e uso de batudas densas, explorando também o lado de linguagem visual que a sua música pode apresentar. A nomeação para um Grammy com “UTOPIA”, o seu quarto álbum de estúdio, não foi, porém, a única. O artista já tinha sido nomeado oito vezes ao longo de uma carreira que começou a formar-se seriamente a partir do primeiro grande lançamento, em 2013. Primeiro, surgiu no mercado o projecto discográfico “Owl Pharaoh”, seguindo-se, em 2014, o “Days Before Rodeo”. Estes dois projectos dariam origem ao álbum de estreia produzido em estúdio, simplesmente intitulado “Rodeo”, lançado precisamente há dez anos. Aí, Travis Scott começou a conhecer algum sucesso em termos de vendas e reconhecimento da crítica. Mas o lançamento de “Birds in the Trap Sing McKight”, em 2016, começou a consagrá-lo como artista, que pela primeira vez teve um álbum seu a entrar para a lista Billboard 200. Além do seu trabalho na música, Travis Scott criou também a Cactus Jack Foundation. Trata-se de uma organização sem fins lucrativos que tem por missão apoiar os jovens da zona onde nasceu, Houston, com campanhas de recolha de brinquedos, programas de bolsas de estudo para estudantes universitários e apoio no pagamento de despesas relacionadas com educação e projectos criativos.
Andreia Sofia Silva SociedadeSands China | Atingida fasquia de 1,1 mil milhões de visitantes A operadora de jogo Sands China atingiu a fasquia de 1,1 mil milhões de visitantes desde a entrada no mercado de jogo em Macau, em 2004. Segundo um comunicado, este número constitui “um marco importante nos mais de vinte anos de desenvolvimento da empresa” no território. A cerimónia de celebração da chegada do visitante número 1,1 mil milhões decorreu ontem no Venetian Macao, que celebra 18 anos de existência no Cotai. “Ultrapassar 1,1 mil milhões de chegadas não é apenas um marco significativo para a empresa, mas também um testemunho da popularidade da oferta turística de Macau e da vitalidade e sustentabilidade do seu desenvolvimento económico”, disse Wilfred Wong, vice-presidente executivo da Sands China. Nestes anos, a Sands China diz ter feito em Macau um investimento acumulado acima das 134,5 mil milhões de patacas, tendo hoje uma oferta superior a 10 mil quartos de hotel, entre outras valências turísticas.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeRuínas de São Paulo | IC diz que pára-raios podem ser retirados Leong Wai Man, presidente do Instituto Cultural, referiu ontem que os pára-raios instalados nas Ruínas de São Paulo são reversíveis e não prejudicam a estrutura do monumento. As declarações foram proferidas à margem de uma reunião do Conselho do Património Cultural Afinal os pára-raios instalados junto às Ruínas de São Paulo poderão ser retirados caso haja outras alternativas, não prejudicando a estrutura de um dos monumentos mais icónicos de Macau. Esta confirmação surgiu da presidente do Instituto Cultural (IC), Leong Wai Man, que à margem de uma reunião do Conselho do Património Cultural explicou aos jornalistas que os pára-raios são reversíveis. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, a responsável explicou que a sua instalação teve lugar numa solução de compromisso após o IC ter pedido um parecer à Academia Chinesa de Património Cultural, entidade subordinada da Administração Nacional do Património Cultural. Leong Wai Man referiu que foram ponderadas questões como o melhor método de instalação dos pára-raios a fim de não prejudicar a paisagem proporcionada pelas Ruínas. Apesar de considerar que a sua instalação pode vir a prejudicar o lado visual do monumento, Leong Wai Man destacou que há necessidade de o proteger contra raios. Assim, o facto de os pára-raios serem reversíveis faz com que caso haja uma melhor solução em termos de protecção e segurança para que no futuro possam ser retirados, diminuindo-se o impacto visual na paisagem das Ruínas. Questiona Si Ka Lon Recorde-se que a ideia de colocar pára-raios junto às Ruínas de São Paulo surgiu no ano passado quando um raio atingiu o monumento, o que resultou na queda de uma pedra da fachada, sem que isso tenha resultado em feridos. Entretanto, o deputado Si Ka Lon interpelou o Governo, em Julho deste ano, sobre se essa seria, de facto, a melhor solução. “Tendo em conta a ocorrência frequente de trovoadas e a fragilidade dos edifícios históricos de Macau, o Governo vai proceder a uma avaliação global das instalações de pára-raios dos edifícios históricos que integram o património mundial de Macau, procedendo a um planeamento uniformizado, inspecção e manutenção do sistema, e à actualização dos respectivos equipamentos, para reduzir os riscos advindos de trovoadas e garantir a segurança das construções e dos residentes?”, questionou. Si Ka Lon destacou ainda o facto de o actual Regulamento técnico de segurança contra incêndios em edifícios e recintos, responsável pela regulação da instalação dos equipamentos pára-raios, ter algumas imperfeições, pedindo ao Executivo para “tomar como referência as práticas do Interior da China a fim de definir critérios mais rigorosos para a actualização e manutenção das instalações de protecção contra raios”. Em resposta ao deputado, a Direcção dos Serviços de Solos e Construção Urbana garantiu que estavam a ser instalados pára-raios “tendo em conta a altura, design exterior, materiais de construção, condições ambientais envolventes e a altura das estruturas adjacentes ao Património Mundial”. No caso concreto das Ruínas, e tendo em conta “tratar-se de um monumento histórico, foi necessário considerar as especificidades do aspecto e estrutura, bem como a localização e o ambiente circundante”, tendo sido recolhidas “informações sobre diferentes tecnologias de pára-raios”, a fim de se instalar um sistema adequado. No âmbito da reunião de ontem do Conselho do Património Cultural a presidente do IC disse ainda que foram recebidos 19 pedidos de associações, empresas de produção e comerciantes, das áreas dos costumes religiosos, técnicas culinárias e artesanato, para candidaturas ao título de Entidade de Salvaguarda do Património Cultural Intangível. Os nomes escolhidos serão depois divulgados através do Boletim Oficial.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaDesemprego | Coutinho alerta para problema premente Na sessão de balanço da última legislatura da Assembleia Legislativa, os deputados José Pereira Coutinho e Che Sai Wang alertaram para o crescente problema do desemprego em oposição à falta de habitação. Coutinho falou dos cursos superiores que não dão emprego e alertou para a situação de muitos trabalhadores dos casinos-satélite que desconhecem ainda o seu futuro O deputado José Pereira Coutinho considera que o grande problema social e político de Macau é o desemprego, sobretudo dos mais jovens, e que a falta de habitação já passou para segundo plano. “Já não há o problema da habitação, agora é o emprego”, disse na conferência de imprensa que serviu de balanço aos trabalhos do deputado e do seu parceiro, Che Sai Wang, na última legislatura da Assembleia Legislativa (AL). Sobre o encerramento dos casinos-satélite, Coutinho alertou para o facto de muitos trabalhadores a serem colocados nos casinos das operadoras de jogo não saberem ainda ao que vão. “Muitos trabalhadores não sabem ainda onde vão ser colocados nas concessionárias. E mesmo sendo alocados, pode ocorrer a situação de não poderem exercer as funções nas quais vinham trabalhando há anos, tendo de desempenhar outras. Isso significa que a médio e longo prazo podem surgir situações de pressão e, devido à idade, os trabalhadores serem obrigados a pedir a demissão, por não terem condições ou por não poderem trabalhar conforme os parâmetros exigidos pela nova empregadora”, explicou. “Continuo preocupado porque a médio e longo prazo vão surgir as consequências” do encerramento, pois “ou os trabalhadores são transferidos e conseguem dar conta do recado, ou caso contrário serão simplesmente obrigados a pedir a demissão dos cargos”, apontou. Coutinho destacou também o facto de algumas posições terem salários mais baixos nos casinos-satélite face aos novos cargos a ocupar nas concessionárias. “Este é um problema que temos de ver, não é? Quando os trabalhadores forem transferidos para exercer as mesmas funções nas mesas de jogo, será que vão receber em pé de igualdade como os colegas que já lá estão? Teremos de ver.” Cursos sem utilidade No que diz respeito ao desemprego, Coutinho alertou também para o facto de muitos jovens licenciados não conseguirem encontrar trabalho, ou ainda cursos superiores que não garantem acesso ao emprego. “Temos recebido muitos currículos de jovens que não conseguem o primeiro emprego. Isto é grave porque as empresas alegam a falta de experiência dos candidatos”, disse Coutinho. “Quem é que Macau vai contratar um licenciado em Administração Pública? Duvido, nem o Governo quer. Se forem cursos do privado, ainda pior. Há cursos, mas muitas vezes não são esses os cursos que queremos. E há um problema mais grave, que se passa por exemplo com os licenciados da Universidade de Turismo que também não conseguem emprego”, disse, tendo em conta a capacidade de absorção das operadoras de jogo e “o desaparecimento dos casinos-satélite em Macau no final do ano, que vai trazer uma nova onda de desemprego”. O deputado deu o exemplo de trabalhadores na última edição da feira “ZAPE com Sabores”. “Há dias estive na feira, na Rua de Pequim, e havia lá dezenas de jovens a trabalhar. Um vai fazer o internato em Medicina, e mais uns quatro licenciados em Turismo e Gestão de Empresas. Estavam ali a fazer biscates, porque não têm trabalho”, exemplificou. Porém, Coutinho voltou a salientar que uma das razões para o desemprego dos residentes é o facto de “os cargos serem ocupados por trabalhadores não residentes (TNR)”. O deputado congratulou o Governo pelo facto de o “número de autorizações [de TNR] ter diminuído drasticamente”, o que significa que o Executivo “está a prestar atenção” ao tema. Mil temas num ano Na legislatura agora terminada, a dupla de deputados apresentou 401 interpelações ao Governo, 371 delas escritas, bem como um total de 107 interpelações antes da ordem do dia, nas sessões parlamentares. Coutinho afirmou que “o encaminhamento dos doentes do Hospital Conde de São Januário para o Hospital das Ilhas é importante”, esperando que cresça “de forma gradual, para que as pessoas possam ser curadas em tempo útil”. O deputado falou também da intervenção em casos relacionados com bullying ou as dificuldades sentidas pelas empresas no pagamento dos empréstimos concedidos, pois “os negócios não estão bem devido ao facto de a estrutura do consumo dos habitantes de Macau estar a modificar-se”. No âmbito da Função Pública, Pereira Coutinho declarou que permanece “a questão da estagnação das carreiras e o problema da nomeação dos cargos de direcção e chefia”, sem esquecer os problemas com as fusões de carreiras, em que os nomes dos cargos e os salários são diferentes, mas as funções são semelhantes. O deputado pede também “a revisão das carreiras nos Serviços de Saúde”.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeFAOM | Revelada quebra de direitos em trabalhos administrativos Um inquérito realizado pela Federação das Associações dos Operários de Macau revela que 30 por cento dos funcionários administrativos inquiridos dizem ter sofrido quebras de direitos laborais, como a falha de pagamento de compensações por trabalho extra realizado. Mais de 80 por cento, diz desconhecer a lei laboral A Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) apresentou ontem os resultados de um inquérito que mostra a quebra de direitos laborais na área do trabalho administrativo e de escritório. Em conferência de imprensa, foi revelado que 30 por cento dos inquiridos dizem ter enfrentado uma quebra nos direitos laborais, nomeadamente por não terem recebido as devidas compensações por trabalho extra realizado. A deputada Ella Lei, ligada à FAOM, referiu ainda que apenas 27 por cento dos entrevistados está optimista em relação às perspectivas de carreira, referindo que existe uma ligação com a substituição dos trabalhadores locais por trabalhadores não residentes (TNR). A deputada citou dados do Governo relativos a Junho deste ano, quando existiam 900 TNR a desempenhar trabalhos de escritório na área financeira, sendo que mais de metade dessas vagas não eram qualificadas. Neste contexto, Ella Lei volta a pedir ao Governo que dê prioridade aos locais, devendo ser elaborados, na sua opinião, indicadores sobre a percentagem de residentes e TNR a preencherem o sector financeiro e também em posições administrativas e de escritório. Devem ainda ser disponibilizadas mais acções de formação e incentivos a empresas, aconselhou. “O Governo tem regulado que as operadoras de jogo têm de ter mais de 85 por cento dos cargos de chefia de médio e alto nível ocupados por residentes. Pensamos que também os empregos de escritório de todos os sectores devem ter definida uma proporção de residentes recrutados, bem como um sistema de promoção laboral para os empregados locais”, defendeu. Em consonância com a quebra de direitos, uma grande maioria dos entrevistados, 83 por cento, assume ter pouco ou nenhum conhecimento da lei laboral em vigor. Para Ella Lei, este resultado “mostra o quão é importante reforçar os direitos laborais e melhorar a consciencialização dos residentes quanto à legislação”. A deputada sugeriu que o Governo continue a melhorar uma série de políticas laborais como a revisão da lei das relações de trabalho, o aumento do número de dias de licença de maternidade, o aumento das férias anuais e a melhoria do sistema para pedir o pagamento de salários em atraso. Ella Lei sugeriu ainda o aperfeiçoamento de instruções para assegurar a segurança de empregados e a retomada de trabalho sob clima extremo. Pouco apoio mental Outro ponto abordado no inquérito, diz respeito à saúde mental. Segundo referiu o vice-presidente da FAOM, Leong Pou U, mais de 40 por cento dos entrevistados disseram sentir stress devido ao enorme volume de trabalho a realizar num calendário apertado, lamentando-se também da falta de oportunidades de progressão na carreira. Além disso, apenas 18 por cento dos inquiridos diz ter recebido apoio psicológico disponibilizado pela empresa, o que demonstra, na opinião deste responsável, que é urgente melhorar o sistema de apoio à saúde mental proporcionado pelas empresas. Ng Chi Peng, presidente da Associação Geral do Pessoal Administrativo de Macau, apontou que cabe ao Governo, empresas e associações resolverem, em conjunto, os problemas e desafios existentes nos empregos de escritório. O responsável apontou que cerca de um quarto dos entrevistados considerou que o salário não correspondente ao volume de trabalho desenvolvido, sendo que cerca de 19 por cento dos entrevistados disseram não estar satisfeitos com os benefícios recebidos. O inquérito foi realizado entre Janeiro e Agosto deste ano pela FAOM em parceria com a Associação Geral do Pessoal Administrativo de Macau, tendo sido recebidos 1510 inquéritos válidos.
Andreia Sofia Silva PolíticaCCAC | ID volta a contratar empresa que falhou na gestão de piscinas O Instituto do Desporto (ID) voltou a adjudicar contratos na área da gestão de piscinas públicas à empresa que anteriormente tinha causado problemas, e isto depois de ter promovido um novo concurso público devido a estas ocorrências. O caso foi denunciado ontem pelo Comissariado contra a Corrupção (CCAC) e noticiado pelo canal chinês da Rádio Macau. Segundo o CCAC, o ID “lançou novo concurso público devido à incapacidade da empresa adjudicatária em cumprir o contrato de gestão de piscinas e serviços de nadador-salvador”, sendo que “a mesma empresa conseguiu, em pouco tempo, voltar a obter contratos do mesmo tipo”. O CCAC entende que “esta prática é inaceitável e difícil de compreender, afectando a imparcialidade e a credibilidade da adjudicação”. Em causa, estão dois contratos ganhos pela empresa em Março do ano passado, sendo que no período contratual esta não conseguiu contratar “um número suficiente de nadadores-salvadores, o que levou à anulação da adjudicação”. Porém, em Agosto desse mesmo ano, o ID fez alterações e lançou quatro novos concursos para os mesmos serviços, tendo considerado que “a empresa não estava impedida de participar, aplicando os mesmos critérios de avaliação”, pelo que esta entidade voltou a ganhar a adjudicação. O ID diz ter “concordado com as recomendações”, afirmando que “irá melhorar os procedimentos de concursos públicos”, o que implica cortar qualificações das empresas na lista de critérios para a avaliação das propostas, analisando os históricos dos adjudicatários nos últimos 24 meses. As empresas podem, assim, ser penalizadas em caso de falhas, foi noticiado.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaPonte Macau obriga a rever concessão de terreno no Pac On O Governo reviu a concessão, por arrendamento, de um terreno concessionado desde os anos 90 à Companhia de Investimento Imobiliário San Fung Hong, Limitada, e que se situa junto ao aterro do Pac On, na Taipa. O terreno em questão tem um prédio construído, nos números 114 a 130 da Rua Wo Mok, e a alteração deveu-se à obra da quarta travessia entre a península de Macau e a Taipa, a Ponte Macau. Inicialmente, esta concessão foi atribuída para ali se construir uma fábrica de tijolos, “a explorar directamente pela concessionária”, mas depois “a concessão foi revista devido à alteração da finalidade para instalação de uma fábrica de tabaco, a explorar directamente pela concessionária no edifício construído no terreno”, lê-se no despacho publicado ontem em Boletim Oficial. A partir de 3 de Março de 1998, e devido a “vicissitudes várias”, foi autorizada pelo Governo a “utilização temporária do terreno, a título excepcional, para instalação de um complexo de armazenagem de mercadorias e serviços correlativos pela sociedade Centro de Carga Sino-Macau Limitada”. Uma vez que a referida empresa “pretende manter a actividade de armazenagem logística que tem vindo a ser desenvolvida no edifício construído no terreno, em 22 de Março de 2021 veio formalizar o pedido de alteração da finalidade do terreno e a consequente revisão do contrato de concessão”. Menos metros Porém, com o projecto de construção da Ponte Macau, a empresa desistiu da concessão de duas parcelas do terreno, tendo sido calculadas as devidas contrapartidas devido às alterações de dimensão do terreno. Assim, um terreno que inicialmente tinha 9.450 metros quadrados de área, passou a ter 8.157 metros quadrados concessionados. No passado dia 12 de Junho, a Comissão de Terras deu parecer favorável ao pedido de revisão de concessão. Johnson Choi Chun Sze é referido como o representante legal da Companhia de Investimento Imobiliário San Fung Hong, Limitada. Na nova concessão mantém-se a finalidade industrial, destinando-se o terreno a “manter o edifício nele construído afecto à finalidade de armazém”.
Andreia Sofia Silva EventosExposição | Susana Gaudêncio e Carla Castiajo no Albergue SCM “Aqueles que nos querem falar”, exposição patente no Albergue da Santa Casa da Misericórdia, junta trabalhos de duas artistas portuguesas que trabalham materiais distintos com mensagens muito próprias. Carla Castiajo tem formação em joalharia e faz peças com cabelo humano, enquanto Susana Gaudêncio opta por trabalhar questões políticas e da linguagem. Um casamento artístico bem-sucedido Na cabeça de Mafalda Santos, curadora da exposição “Aqueles que nos querem falar”, patente no Albergue da Santa Casa da Misericórdia (SCM) até ao dia 30 de Setembro, fez sentido casar as peças de Susana Gaudêncio com as de Carla Castiajo e formar uma espécie de unidade criativa pousada sobre algumas diferenças. O HM conversou com ambas as artistas no sentido de perceber diferenças e semelhanças entre Susana Gaudêncio, uma artista portuguesa contemporânea com formação feita em Lisboa e Nova Iorque, e Carla Castiajo, mais virada para a joalharia, e que um dia percebeu que podia fazer arte com fios de cabelo humano. “O que se estabelece desde logo é a ideia de que ambas fazemos objectos em que há sempre uma relação implícita com o corpo”, começa por dizer Carla Castiajo, que levou a Macau trabalhos que remetem para a ideia de uma conexão com o corpo. “Muitos dos objectos dá para colocar no corpo, e no fundo o cabelo é sempre algo retirado de um corpo, ou que sai do corpo, e a partir do momento em que é cortado pode-se transformar em material, que depois eu trabalho. Esse objecto que construo tem sempre o potencial de ser novamente colocado no corpo, criando-se novos diálogos”, explica a artista. Carla Castiajo apela a que o público veja de perto as peças patentes no Albergue para poder criar uma relação próxima com aquilo que é exposto, e que vai muito além das redes sociais e das fotografias desses mesmos objectos. “É muito importante ver a exposição pessoalmente porque as imagens nunca conseguem captar o cabelo como material. Cada vez há mais pessoas que vêem os objectos através das redes sociais e muitas vezes não se deslocam para ver os trabalhos, mas no caso específico do meu trabalho é importante observar aquilo que provoca.” E as reacções face a fios de cabelo que já tiveram vida podem ser muitas, desde surpresa até a medo. “É um trabalho com muitos contrastes e é um material que tanto é atractivo como repulsivo. É um material bastante íntimo, mas que está entre a vida e a morte, porque é considerado um material morto, mas também tem uma parte viva, porque está conectada com a cabeça, sendo o cabelo muito usado em rituais de purificação, por ser considerado um material sujo. Há pessoas que têm fobia do cabelo, que querem tocar, e outras que não o conseguem fazer. Mas nunca ficam indiferentes a algo que já não pertence ao corpo de origem”, explicou. Histórias do cabelo Carla Castiajo fez diversas formações em joalharia e seguiu a carreira académica, tendo um doutoramento feito na Estónia em que explora, precisamente, o uso do cabelo como material para fazer arte. A tese de doutoramento intitula-se “Purity or Promiscuity? Exploring Hair as a Raw Material in Jewellery and Art”. Tudo começou quando Carla procurava um tecido muito fino, acabando por perceber que era possível moldar o cabelo construindo outras formas. “Estava na minha mesa de trabalho, caiu-me um fio de cabelo e decidi experimentar. Percebi que o fio era bastante resistente e resultou bastante bem. Esse foi o primeiro impulso, o descobrir a potencialidade inerente ao material.” Carla Castiajo descreve “o simbolismo e potencial” ligados ao cabelo humano, algo que “foi bastante utilizado em joalharia no século XIX e como fio para bordar”. “Se virmos, o cabelo é um fio, mas está cheio de significados, e mesmo na ausência percebe-se que teve alguma existência. Há algo anterior que está implícito, é um cabelo que veio de alguém com a sua própria identidade e que tem memória”, acrescentou. Aliás, “no século XIX o cabelo era muito usado como forma de preservar a memória de alguém querido ou da pessoa amada”, frisou a artista. Simbologia do gesto No caso de Susana Gaudêncio, que levou duas peças para esta mostra, “Duelo-Dilema” e “Abracadabra”, houve a preocupação de “identificar gestos e formas que falem de questões políticas”, em que se “invoca e revela um potencial encantatório da linguagem e da imagem, como instrumentos de persuasão”, contou a artista ao HM. Em “Abracadabra”, um trabalho de animação, Susana Gaudêncio trabalhou com imagens de “vídeos de políticos a discursar”. “Olhei sobretudo para os gestos das suas mãos. Depois fiz um vídeo e imprimi cada frame, pelo que foi um processo evolutivo entre o analógico e o digital. Imprimi todos os frames, voltei a desenhar e a pintar, para descobrir mais, a partir do desenho e da pintura, movimentos que nem sempre estão tão óbvios. Esse filme fala sobre isso, sobre essa encenação política do gesto quando se fala”, explicou. Por sua vez, “Duelo-Dilema” é uma instalação com 65 esculturas em gesso, “tantas quantas as letras do poema mágico Abracadabra”, com origem hebraica, pelo que aqui há uma interconexão entre as duas peças, trabalhando-se os gestos e fazendo-se “uma espécie de acto performativo da construção do poema através de pequenos objectos”, que são ainda “formas que evocam símbolos”. Susana Gaudêncio, também com uma carreira académica ligada à Universidade do Minho, interessa-se pelas chamadas “máquinas de imaginar”, algo que descreve como sendo “uma espécie de sinónimo da utopia”, a possibilidade de imaginar novas coisas e não “tanto a coisa concretizada”. Há, portanto, no trabalho de Susana Gaudêncio “o impulso de olhar para as coisas como se fosse a primeira vez, ou de tentar imaginar sempre a partir do real onde vivemos, e a partir daí podermos imaginar outras coisas, a partir do nosso presente”. Licenciada em Pintura pela Faculdade de Belas-Artes de Lisboa, Susana Gaudêncio fez depois um mestrado em Belas-Artes onde teve a possibilidade de abrir os seus próprios horizontes. “O que Nova Iorque me deu foi ferramentas para olhar as coisas com uma perspectiva e pensamentos críticos. E quando falo em crítico falo da ideia de colocar as coisas em crise, o que questionar. Senti que em Portugal não conseguia obter todas as ferramentas necessárias para poder fazê-lo.”
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeEmprego | Jovens sem competências para novas indústrias Um inquérito realizado pela Aliança do Sustento e Economia de Macau revela as duas principais fraquezas dos jovens que procuram emprego: dizem não ter competências para os novos sectores de actividade emergentes e que não existem oportunidades de progressão na carreira e salários elevados correspondentes às suas expectativas A Aliança do Sustento e Economia de Macau quis saber o que se passa com as dificuldades sentidas pelos mais jovens na busca de emprego. Segundo o Jornal do Cidadão, o inquérito realizado em Abril, e divulgado esta segunda-feira, mostra duas grandes dificuldades: a falta de competências específicas para os novos sectores de actividade que estão a surgir, tendo em conta a formação tradicional que têm no ensino superior, e a falta de oportunidades de carreira, com empregos que garantam alguma progressão, e salários elevados. Segundo o jornal, o cenário com que os jovens se deparam é o de pouca competitividade no emprego na obtenção de cargos em posições superiores, sendo que os trabalhos menos qualificados não são atractivos. O inquérito contou com um total de 985 respostas válidas de residentes, sendo que o grupo de entrevistados com uma idade compreendida entre os 18 e os 24 anos representa 63 por cento do universo inquirido. Os dados divulgados pela associação mostram que a grande maioria dos empregos disponíveis actualmente estão ligados às indústrias do jogo, serviços e restauração. Os entrevistados dizem não conseguir encontrar trabalhos que vão de encontro às suas preferências e que é difícil encontrar um emprego à medida, sentindo-se desapontados com as ofertas salariais e demais condições. Além disso, mais de metade dos entrevistados disse não ter nenhuma competência profissional específica, além de terem realizado poucos cursos de formação profissional. Olhar para fora Para a equipa que realizou o inquérito, os jovens têm de começar a olhar para as oportunidades de emprego que existem na zona da Grande Baía, composta por nove cidades da província de Guangdong, Macau e Hong Kong. Lei Io Kuan, vice-presidente da associação e um dos responsáveis pelo estudo, defendeu que cabe ao Governo publicitar mais as ofertas de emprego e demais oportunidades existentes na Grande Baía, criando um portal informativo que disponibilize as políticas de emprego existentes, dados de recrutamento e ofertas formativas para que os jovens tenham um maior conhecimento das oportunidades fora de Macau. Lei Io Kuan também sugeriu a organização de mais excursões de intercâmbio na Grande Baía e programas de estágio, para que os jovens conheçam de perto o ambiente de emprego e espaço de desenvolvimento nas cidades da região. O responsável sugeriu ainda que o Governo, escolas e empresas cooperem para a criação de cursos de formação correspondentes às necessidades do mercado local, com a devida mudança de conteúdos nos ensinos secundário e superior, em prol de um melhor planeamento de carreira por parte dos jovens. Por novos sectores de actividade, entenda-se o fomento do sector financeiro e tecnológico, por exemplo, bem como a indústria de “Big Health” ou medicina tradicional chinesa. Tratam-se de áreas a que o Governo quer recorrer em prol da diversificação económica além jogo.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaInvestigação | Anunciada criação de dois fundos Sam Hou Fai, Chefe do Executivo, anunciou ontem a criação de dois novos fundos financeiros para alavancar as áreas da investigação científica e do empreendedorismo. “O Governo da RAEM está a preparar a criação de um fundo governamental para as indústrias e um fundo de orientação para a transformação dos resultados científicos e tecnológicos para apoiar o desenvolvimento de indústrias emergentes, como a tecnologia de ponta”, declarou na cerimónia de inauguração dos novos Laboratórios de Referência do Estado em Macau. Estes dois fundos visam “ajudar Macau a impulsionar o desenvolvimento da diversificação adequada da sua economia e aprofundar a complementaridade entre Macau e o Interior da China para o desenvolvimento comum nas áreas como a inovação científica e tecnológica”, disse ainda o governante. Os quatro laboratórios inaugurados foram alvo de uma reestruturação, tendo sido aprovados pelo Ministério da Ciência e Tecnologia da China entre 2010 e 2018. Sam Hou Fau declarou que estes novos laboratórios serão uma “força central do sistema local de inovação científica e tecnológica”, devendo ser “pioneiros e empreendedores, assumir responsabilidades de forma proactiva e identificar, gerir e procurar mudanças”. Nesta fase, e a par da diversificação económica, Sam Hou Fai diz estar focado na realização de “quatro grandes projectos”, como a construção da Cidade (Universitária) de Educação Internacional de Macau e Hengqin, o Bairro Internacional Turístico e Cultural Integrado de Macau, o “Hub” (Porto) de Transporte Aéreo Internacional de Macau na Margem Oeste do Rio das Pérolas e ainda o Parque Industrial de Investigação e Desenvolvimento das Ciências e Tecnologias. Laboratórios | Ministro chinês fala em alinhamento estratégico Yin Hejun, ministro da Ciência e Tecnologia da China, defendeu ontem que os quatro Laboratórios de Referência do Estado inaugurados em Macau passam a ser “uma componente importante da estratégia científica e tecnologia do país”, tendo expressado algumas “expectativas” sobre aqueles espaços. Segundo um comunicado oficial, estas passam pela capacidade que a comunidade científica e respectivos investigadores destes laboratórios terão de “aproveitar as oportunidades do momento e fortalecer o sentido de missão”, apostando-se na criação de “campeões únicos” em matéria de investigação e “estudantes especializados” em áreas consideradas chave. O ministro espera ainda a criação de “um ambiente favorável para atrair e reunir talentos”. Aprovados por Pequim entre 2010 e 2018, estes laboratórios passaram este ano a Laboratórios Nacionais Principais, operando em áreas como a medicina tradicional chinesa, engenharia (Laboratório Nacional Principal de Circuitos Integrados Analógicos e de Sinais Mistos), sistemas digitais (Laboratório Nacional Principal de Internet das Coisas para Cidades Inteligentes) e ainda o Laboratório Nacional Principal de Ciências Lunares e Planetárias.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeMulheres | Pedido reforço de penalizações sobre maus tratos Depois da denúncia de um caso em que um jovem de 30 anos é suspeito de bater nos gatos da namorada, eis que a Associação Geral das Mulheres vem defender o reforço das penalizações contra aqueles que praticam crueldade contra animais, ao abrigo da lei da protecção dos animais A Associação Geral das Mulheres emitiu ontem um comunicado onde defende o reforço das penalizações contra quem comete actos de crueldade ou maus tratos contra animais, tendo em conta a legislação em vigor. Esta posição surge depois de ter sido noticiado o caso de um homem de 30 anos que entrou em casa da namorada sem avisar e bateu em dois gatos com o cabo de uma vassoura e um leque, por os animais estarem no seu espaço. Quando a mulher se apercebeu do sucedido, graças às gravações das câmaras de videovigilância, pediu conselhos on-line de como deveria agir. O caso deu entrada na polícia e o suspeito foi detido. Assim, a associação entende que o Governo deve rever e melhorar o conteúdo da lei da protecção dos animais, sobretudo no que diz respeito às penalizações a aplicar a agressões. No mesmo comunicado, a vogal da direcção da associação, Choi Pou Man, condenou o acto abusivo do homem, tendo elogiado o comportamento da namorada, que pediu ajuda e não encobriu o comportamento do homem. A vogal citou a lei de protecção dos animais, que refere que “quem, com a intenção de infligir dor e sofrimento a animal, o tratar por meios cruéis ou violentos ou por meio de tortura, que resultem em mutilações graves, perda de órgãos importantes ou morte, é punido com pena de prisão até 1 ano ou com multa até 120 dias”. Para Choi Pou Man, esta lei “entrou em vigor há nove anos e o Governo tem ajudado a elevar a consciência social em relação à protecção animal através de acções de promoção e divulgação, e o abandono de animais diminuiu de forma significativa”. Porém, destacou, “ainda é frequente a ocorrência de maus tratos a animais, o que demonstra que as acções de divulgação, a forma de actuação e o pendor dissuasor e punitivo desta lei ainda precisam de ser reforçados”. Sinal de civilização No mesmo comunicado, é referido que a protecção dos direitos dos animais é um dos indicadores de civilização social, tendo Choi Pou Man sugerido uma melhor cooperação por parte das autoridades competentes, associações e demais grupos comunitários na defesa e protecção dos animais. A responsável, que também é candidata a um lugar de deputada na Assembleia Legislativa (AL), entende que deveria haver um mecanismo de investigação e de denúncia mais eficiente para garantir que os casos de maus tratos a animais são tratados no tempo certo e de forma justa. No que diz respeito a acções de sensibilização, Chan Pou Man defende mais iniciativas educacionais, actividades comunitárias e também mais mensagens nos meios de comunicação social, a fim de aumentar a consciência social em prol da importância dos cuidados a animais.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaPlástico | Proibida importação de novos produtos Cotonetes de plástico, varas para balões e bastões insufláveis. Todos estes produtos de plástico deixam de poder ser importados a partir do dia 1 de Janeiro do próximo ano. Trata-se de uma intenção governativa que já tinha sido anunciada no passado mês de Junho A partir do dia 1 de Janeiro de 2026, vai ser proibido importar para Macau cotonetes de plástico, à excepção das zaragatoas usadas para testes de despistagem da covid-19, varas para balões de plástico descartáveis ou bastões insufláveis de plástico descartáveis. Esta medida foi ontem anunciada em despacho assinado pelo Chefe do Executivo e publicado em Boletim Oficial e está relacionada com a lei do comércio externo. A medida de proibir mais três produtos de plástico junta-se a outras proibições anteriores e já tinha sido prometida pelo director dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA), Ip Kuong Lam, em Junho. Num evento público, o responsável declarou que todos os anos são importados para Macau 2,4 milhões de pacotes de cotonetes com haste de plástico, 100 mil varetas de plástico para balões e 500 mil bastões insufláveis, segundo noticiou o Canal Macau da TDM. A DSPA tem promovido gradualmente a redução do uso do plástico e, sobretudo, a importação de produtos com este material. Desde o ano passado que não é possível importar para a RAEM pratos e copos descartáveis de plástico, tendo o Executivo dito nessa altura que essa proibição foi feita tendo em conta “uma análise extensiva à situação real em Macau” e de ter sido estudada a “situação das regiões” mais próximas. Nessa altura, foi também proibida a importação de “bandejas descartáveis de esferovite para produtos alimentares”, além de que desde 2022 é proibida a importação de palhinhas descartáveis de plástico não-biodegradável e de misturadores de plástico, ou seja, os “pauzinhos” utilizado para mexer as bebidas. Menos importações O combate ao plástico não é, portanto, de agora e tem sido, aliás, alvo de diversas campanhas da sociedade civil e de associações em prol da sua redução. Em 2019, o Governo iniciou a política de cobrança de uma pataca por cada saco de plástico usado. Dados oficiais, divulgados em Setembro de 2023 por Ip Kuong Lam, referem que as proibições decretadas em 2022 e 2023 resultaram na redução anual do uso de 23 milhões de recipientes e embalagens de esferovite, redução de 40 milhões de talheres de plástico e menos 300 mil copos de plástico. Em declarações ao HM, em Setembro de 2023, o académico David Gonçalves, biólogo e director do Instituto de Ciências e Ambiente da Universidade de São José (USJ), afirmou que a proibição de importação de produtos de plástico constituía “um bom primeiro passo, alinhado com medidas que têm vindo a ser tomadas um pouco por todo o mundo”. David Gonçalves deixou, porém, o alerta sobre a necessidade de novas e mais soluções para se reduzir o plástico no território. “Este é um problema sério que precisa de uma abordagem a vários níveis. Creio que a solução terá de ser sempre multivariada, incluindo uma aposta na redução do consumo de plástico, uma economia circular, a substituição por alternativas ambientalmente mais adequadas, nomeadamente bioplásticos, a melhoria do sistema de reciclagem e o tratamento dos resíduos finais”, declarou.
Andreia Sofia Silva SociedadeFai Chi Kei | Nova passagem pedonal inaugurada amanhã Será inaugurada amanhã, a partir das 10h, a nova travessia pedonal junto à Avenida Marginal do Patane, nas imediações da Doca do Lam Mau e bairro do Fai Chi Kei. Segundo uma nota da Direcção dos Serviços de Obras Públicas e da Direcção dos Serviço para os Assuntos de Tráfego, trata-se de uma obra que terminou mais cedo. “Para a primeira fase da obra referente à travessia pedonal da Avenida Marginal do Patane, e que teve início em Junho do ano passado, foi realizada a recepção provisória em meados de Agosto, verificando-se que, em comparação com a data de conclusão prevista no contrato, a obra foi concluída com a antecipação de cerca de um mês”. Após a entrada em funcionamento desta passagem superior para peões, serão eliminadas as passadeiras existentes junto aos edifícios Trust Leisure Garden, Van Sion Son Chun e Edifício Industrial da Ásia, sendo instaladas vedações “para reforçar a circulação dos peões em separado dos veículos”. O Governo refere também que esta passagem para peões está equipa com elevadores, pretendendo-se que “a travessia pedonal da Doca de Lam Mau se transforme num sistema pedonal contínuo”. Na mesma nota, as duas direcções de serviços explicam que “está a ser acelerada a obra de construção de um conjunto de passagem superior para peões situado entre a Rua Norte do Patane e a Rua do Comandante João Belo”, sendo que “a obra de fundações, por estacas, dos acessos da passagem superior para peões, terá início em Setembro e a sua conclusão está prevista para o segundo semestre de 2026”. Além disso, foi “alargado o passeio do lado da porta de entrada da Escola de Santa Madalena”, tendo sido criada “uma zona provisória de carga e descarga de passageiros e de mercadorias no troço da Rua do Comandante João Belo, junto ao Edifício Wang Hoi”.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaLAG 2026 | CCPPC pede mais hotéis económicos Na quinta-feira, Sam Hou Fai reuniu com representantes de Macau à Assembleia Popular Nacional (APN) e Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC) a propósito da elaboração das Linhas de Acção Governativa (LAG) para o próximo ano. Destaca-se, da parte dos representantes da CCPPC, a sugestão de que o Governo “deveria promover a construção de mais hotéis de baixo custo para dinamizar o consumo de visitantes e a economia dos bairros”, destaca-se numa nota do gabinete do Chefe do Executivo. Ficou registado também o pedido para o “aumento da taxa de utilização do Posto Fronteiriço de Hengqin” e medidas de “aperfeiçoamento do sistema financeiro, o reforço da captação de negócios e investimentos e o emprego dos jovens”, sem esquecer “a política de trabalhadores não residentes”. Sam Hou Fai salientou a realização da feira “ZAPE com Sabores” como exemplo de dinamização da economia comunitária e promete “avançar com reformas inovadoras” na área económica e de cooperação. Por sua vez, os representantes de Macau à APN defenderam “a criação de uma equipa de especialistas (Think Tank), com o intuito de facultar fundamentos científicos e fortes na tomada de decisões políticas”, tendo sido discutido também “o desenvolvimento da economia dos bairros” e a “organização de mais actividades que beneficiem o consumo”. Nesta parte, Sam Hou Fai destacou que o regresso dos “pedidos de licenças de esplanadas tem obtido efeitos positivos”.
Andreia Sofia Silva Manchete PolíticaLAG 2026 | Mobilidade na função pública e economia na agenda Já começou a habitual ronda de recolha de opiniões de dirigentes associativos para as Linhas de Acção Governativa para 2026. Na sexta-feira, a reunião do Chefe do Executivo aconteceu com seis associações ligadas à Função Pública, tendo-se discutido a melhoria da mobilidade de trabalhadores e medidas de fomento económico Sam Hou Fai, Chefe do Executivo, já está a recolher opiniões junto de associações a fim de elaborar o programa do Governo para o próximo ano, mais conhecido como Linhas de Acção Governativa (LAG). Na sexta-feira, a reunião deu-se com seis associações representativas dos funcionários públicos, onde se inclui a Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM). Segundo uma nota oficial do gabinete do Chefe do Executivo, “alguns representantes sugeriram melhorar o mecanismo de mobilidade interna”, bem como “aumentar a relevância entre a formação e as funções dos funcionários públicos de forma a apoiar a modernização do sistema e capacidade de governação de Macau”. Foram ainda feitos pedidos de formulação de políticas que garantam a “protecção dos direitos e interesses legítimos dos trabalhadores da função pública, o aperfeiçoamento contínuo da formação para o pessoal da Administração Pública, a optimização do regime de subsídios e o aumento da eficácia do trabalho inter-departamental”, entre outros pontos. Sam Hou Fai prometeu a “optimização da gestão do pessoal e do regime de carreiras”, criando, desta forma, um “regime de acesso interno”, a promoção da “mobilidade horizontal e a criação de planos de formação direccionados” na Função Pública. De destacar que alguns dirigentes entregaram uma carta a Sam Hou Fai com pedidos concretos para a área da Administração Pública. PME e emprego na mira Também na sexta-feira, o dirigente máximo da RAEM reuniu, na sede do Governo, com representantes dos sectores industrial, comercial e financeiro a propósito da elaboração das LAG para 2026. Ao todo, estiveram 16 associações representadas na reunião, tendo defendido políticas como a “aceleração da renovação urbana, o desenvolvimento da economia de turismo marítimo” ou ainda os incentivos à “transformação e actualização do sector das convenções e exposições”. Pediu-se também a “optimização do ambiente de negócios das Pequenas e Médias Empresas (PME)”, bem como “a salvaguarda do emprego da população local” ou a necessidade de “introdução de quadros qualificados de alta qualidade no sector financeiro”. Neste encontro, apresentaram-se sugestões para a área do turismo, no sentido de “aumentar a competitividade integral de Macau como uma cidade internacional de turismo”. Tal pode passar pelo “desenvolvimento da indústria de concertos”, sem esquecer “o apoio à propriedade intelectual cultural e criativa local e aperfeiçoamento das medidas da rede de transportes públicos, atraindo o fluxo de turistas para o desenvolvimento da economia dos bairros”. Sam Hou Fai, por sua vez, admitiu a existência de um “complexo e mutável ambiente interno e externo”, tendo defendido que as empresas devem “inovar e fortalecer-se, injectando-se novas dinâmicas no desenvolvimento geral dos sectores”. Ficou a promessa de ajustamento “do desenvolvimento do sector de convenções e exposições”, e a adopção de “várias medidas para aumentar o fluxo de pessoas nos bairros e orientar o mercado na sua transformação para novos modelos de consumo”, apoiando, desta forma, as PME locais.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeFogo de artifício | Nova edição do festival regressa já em Setembro Foi ontem anunciado o programa de um dos mais icónicos eventos turísticos do território. O 33.º Concurso Internacional de Fogo-de-Artifício de Macau regressa à RAEM entre os dias 6 de Setembro e 6 de Outubro e não falta uma equipa portuguesa no grupo das dez que vêm mostrar o lado mais bonito do fogo de artifício. Há ainda espaço para arraial e locais destacados para a fotografia Macau está a chegar aquela altura do ano em que os céus se enchem de cor e luz graças ao Concurso Internacional de Fogo de Artifício de Macau (CIFAM), cuja 33.ª edição acontece entre os dias 6 de Setembro e 6 de Outubro, foi ontem anunciado pela Direcção dos Serviços de Turismo (DST). Segundo uma nota de imprensa, são dez as equipas participantes, onde se inclui uma equipa portuguesa (ver caixa), estando confirmadas empresas de pirotecnia da Austrália, África do Sul, Coreia do Sul, Áustria, Filipinas, Japão, China, Reino Unido e Brasil. Estas irão apresentar um espectáculo com a duração de 18 minutos. Pretende-se, com este evento, mostrar o território como um local que reúne “turismo e eventos”, sendo que as empresas participantes “têm vasta experiência em concursos e exibições”, explicou Helena de Senna Fernandes, directora da DST. Destaque para o facto de uma das sessões acontecer a 1 de Outubro, quando se celebra o aniversário da implantação da República Popular da China, e no Festival do Bolo Lunar, “enriquecendo-se o ambiente festivo das festividades”. As sessões de fogo de artifício realizam-se nos dias 6, 13 e 20 de Setembro, nos dias 1 e 6 de Outubro, pelas 21h e 21h40, respectivamente, na zona ribeirinha em frente à Torre de Macau. Estreias e arraiais Do grupo das dez empresas, verifica-se a estreia do Brasil e de outros grupos da Coreia do Sul, Japão, Portugal e Reino Unido. “As outras cinco empresas de fogo-de-artifício já participaram em Macau anteriormente”, adianta a DST. A DST seleccionou locais específicos onde os visitantes podem tirar fotografias, nomeadamente a Avenida Dr. Sun Yat-Sen do Centro Ecuménico Kun Iam até à Zona de Lazer Marginal da Estátua de Kun Iam, no passeio ribeirinho do Centro de Ciência de Macau, na Avenida de Sagres (ao lado do Hotel Mandarin Oriental, Macau), no Anim’Arte Nam Van, no caminho marginal do Lago (ao lado do Hotel YOHO Ilha de Tesouro Resorts Mundial), e na Avenida do Oceano, na Taipa. Haverá transmissões em tempo real das sessões de fogo de artifício no canal chinês da Rádio Macau às 21h e 21h40 de cada noite, enquanto os canais de televisão TDM Ou Mun e TDM Entretenimento também irão transmitir as exibições em directo. Destaque ainda para a organização, em parceria com a União Geral das Associações dos Moradores de Macau, de um arraial no passeio ribeirinho do Centro de Ciência de Macau, intitulado “Arraial do Fogo-de-Artifício”. Este evento começa às 17h30 e termina às 22h30. A acompanhar os novos tempos, a DST organiza também, pela primeira vez, o “Concurso de Arte Generativa com Inteligência Artificial (IA)”, em que os participantes podem recorrer à IA para retratar a beleza do fogo de artifício. Os três concursos são realizados pela Associação Fotográfica de Macau, Associação dos Artistas de Belas-Artes de Macau e Associação das Companhias e Serviços de Publicidade de Macau. Para a DST, o CIFAM, que se realiza desde 1989, já se tornou “um evento de marca de Macau”. Barbeita representa Portugal A Pirotecnia de Barbeita, com sede em Monção, representa este ano Portugal no Concurso Internacional de Fogo-de-artifício de Macau (CIFAM), que recebe pela primeira vez um participante brasileiro, foi ontem anunciado. De Florianópolis, em Santa Catarina, a Vision Show marca a estreia do Brasil no evento, ainda de acordo com o comunicado da DST. A 33.ª edição conta com um orçamento de 18,06 milhões de patacas, valor que representa uma queda de cerca de 1,1 por cento por cento face ao ano passado, disse à Lusa a Direção dos Serviços de Turismo. As seis operadoras de jogo em Macau, parceiras principais do concurso, entraram com 18 milhões de patacas, sendo que o Governo contribuiu com 60 mil patacas, disse a mesma fonte à Lusa.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeCooperação | Lisboa acolhe evento com 22 empresas chinesas O Centro de Congressos de Lisboa será palco de um evento de promoção e cooperação económica entre a China e Portugal promovido pelo Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento (IPIM). O evento, intitulado “Sessão de Promoção de Cooperação Económica e Comercial Macau-Portugal” traz 22 empresas chinesas a Portugal. Mas Espanha está também na agenda Portugal recebe já a 19 de Setembro um evento que visa aumentar a cooperação económica entre a China e a Península Ibérica. Isto porque o Centro de Congressos de Lisboa acolhe a “Sessão de Promoção de Cooperação Económica e Comercial Macau-Portugal”, evento integrado na “Missão Empresarial a Portugal e Espanha para Intercâmbio de Negócios”. Com organização do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento (IPIM), conta com 22 empresas chinesas representadas nesta viagem, numa lista que ainda não está finalizada. O evento do dia 19 de Setembro visa “apresentar o ambiente de negócios de Macau e vantagens da plataforma de serviços” para a cooperação comercial entre a China e países de língua portuguesa, bem como a apresentação “das vantagens da Zona de Cooperação Aprofundada” em Hengqin. Haverá também uma apresentação sobre “o ambiente de investimento e negócios de Portugal”, segundo o convite a que o HM teve acesso. Por detrás da organização do evento em Lisboa, estão entidades que habitualmente fazem contactos comerciais com a China, como a Câmara de Comércio Luso-Chinesa, a Associação de Comerciantes e Industriais Luso-Chinesa em Portugal, a Associação de Empresas Chinesas em Portugal, e ainda a Câmara de Comércio Portugal-China Pequenas e Médias Empresas (CCPC-PME). Da “Big Health” à tecnologia Algumas das empresas chinesas que integram esta comitiva operam na área da “Big Health” ou alta tecnologia, como é o caso da Zonson Smart Auto Corporation e a Guangzhou Baiyun Electric Equipment Co. Ltd, que se tem posicionado “como um dos fabricantes com a cadeia produtiva mais completa do sector na China”, tendo-se tornado, nos últimos anos, “um fornecedor importante de equipamentos e sistemas de controlo para projectos nacionais em redes eléctricas, transportes ferroviários, energias renováveis e grandes utilizadores finais”, é destacado no convite. Já o Jointown Pharmaceutical Group, outra das empresas participantes, é apresentado como “um fornecedor de serviços integrados” na área da indústria farmacêutica, sendo considerado “pioneiro no sector da transformação e moderação do negócio da distribuição farmacêutica de um modelo tradicional para um modelo digital”. Da cidade de Shenzhen desloca-se a Lisboa a MXW Device, e não faltará ainda a presença da empresa Guangzhou Metro Group Co. Ltd, que está ligada a diversos projectos de linhas ferroviárias e esteve envolvida, através de um contrato de gestão e consultoria técnica, ao Metro Ligeiro de Macau. Segundo a mesma informação, “o grupo opera actualmente uma rede de transporte ferroviário com cerca de 1.238 quilómetros”, incluindo 705,1 quilómetros de rede de metro local, em Guangzhou, e 338,3 quilómetros de caminhos-de-ferro interurbanos. Em termos de projectos internacionais, destaca-se a Linha Laranja de Lahore no Paquistão e a Linha 6 do Metro de Changsha. As empresas portuguesas participantes, onde se contam 15 associadas da Associação dos Amigos da Nova Rota da Seda, podem agendar reuniões para possíveis acordos ou parcerias de negócios.
Andreia Sofia Silva EventosFado | Grupo de Medicina do Porto faz périplo pelo Oriente O Grupo de Fados de Medicina do Porto, criado por alunos da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto em 1992, vai dar um espectáculo em Macau, na Fundação Rui Cunha, na próxima segunda-feira, 25. Porém, o chamado “Fado de Coimbra” e outras canções vão fazer-se ouvir a Oriente, nomeadamente em Hong Kong e Banguecoque A Fundação Rui Cunha (FRC) recebe, na próxima segunda-feira, o espectáculo do Grupo de Fados de Medicina do Porto a partir das 20h, naquele que promete ser uma noite cheia de sonoridades bem portuguesas, onde o chamado “Fado de Coimbra” e a guitarra portuguesa estarão em destaque. Porém, o espectáculo que o grupo irá protagonizar em Macau será apenas um de três na Ásia. Isto porque os estudantes de Medicina levam as guitarras e os trajes negros para Hong Kong e Banguecoque, sem esquecer também uma passagem por Helsínquia. O primeiro destes concertos aconteceu dia 18, terminando este périplo musical no dia 29 deste mês. Segundo a página do grupo na rede social Facebook, esta série de espectáculos será “uma ponte entre continentes, entre culturas e memórias”, tendo o grupo “um enorme entusiasmo” por poder tocar em lugares tão distantes e distintos da cidade do Porto, onde estudam. “Com o Espírito Académico a ressoar em cada canção tocada, atravessaremos continentes a fim de partilhar o Fado-Canção Coimbrã com as Comunidades Portuguesas que nos vão acolher e que, mesmo a milhares de quilómetros de distância, continuam a comungar connosco do gosto pela Cultura e Tradição do seu país”, lê-se na mesma publicação. O grupo promete fazer-se guiar “pelo desejo de levar um pouco de casa a quem está longe e de aproveitar tudo o que estas paragens têm para nos oferecer”. Todos os concertos prometem ser “uma aventura, onde as histórias prometem ficar gravadas na memória”. Canções entre estudos O Grupo de Fados de Medicina do Porto foi criado em 1992 por estudantes desse curso da Universidade do Porto, tendo a formação mantido o chamado espírito académico e espalhado este tipo de música em vários locais. A ideia original por detrás da formação do grupo foi “enriquecer a experiência académica e perpetuar essa tradição através da performance da mais bonita música portuguesa, o Fado Académico”. Ao formar este grupo de fados, marcado por “melodias cantadas e acordes tocados”, acabaram por se reunir “os valores da vida académica”, bem como “celebrar não apenas o Fado de Coimbra e a música portuguesa em geral, mas também o espírito que une todos aqueles que encontram nela uma expressão da sua identidade”. Num país onde os estudantes universitários habitualmente andam com um traje negro e formam grupos musicais em contexto académico, em cidades como Coimbra, Lisboa, Porto ou Braga, o Grupo de Fados de Medicina do Porto é hoje “um dos grupos de Fados com a mais longa história na Academia do Porto”. “Ao longo dos anos e através das gerações, o grupo tem orgulhosamente mantido vivo o legado da Canção de Estudante, expresso pela sua participação em Serenatas Monumentais, Noites de Fado, Galas de Aniversário e muitos outros eventos que reflectem a nossa paixão e dedicação à arte musical. Para além disso, temos visitado comunidades portuguesas no estrangeiro, com o objetivo de interagir em momentos de partilha mútua”, é referido numa nota oficial sobre a digressão do grupo, que já passou por locais como os EUA, a Suíça, Luxemburgo, Alemanha ou França, entre outros destinos.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeInundações | Pedida maior supervisão de redes de drenagem O deputado Nick Lei interpelou o Governo sobre a necessidade de fiscalizar melhor as canalizações e sistemas de drenagem subterrâneos tendo em conta as inundações que ocorreram nos últimos dias em algumas zonas baixas do território. Nick Lei afirma também que devem ser criadas directrizes laborais por causa das chuvas As chuvas intensas registadas em Macau na última semana, aquando da passagem da tempestade “Podul”, causaram muitas inundações nas zonas baixas do território, revelando novamente o problema dos sistemas de drenagem. Para o deputado Nick Lei, cabe ao Governo aumentar a fiscalização das canalizações subterrâneas e demais infra-estruturas de drenagem por constituírem “pontos negros” causadores de inundações. O deputado ligado à comunidade de Fujian recordou as inundações registadas em várias zonas baixas, como no Caminho das Hortas, Avenida Wai Long, zona de Chun Su Mei, Rua da Ponte Negra na Taipa, Rotunda da Seac Pai Van e a vila de Coloane. “O problema das inundações nas zonas antigas da Taipa sempre incomodou os residentes e ainda não foi resolvido. As inundações provocadas pelas chuvas intensas mostram que há falhas nas medidas de drenagem e que as mesmas devem ser resolvidas de forma urgente e com respostas”, defendeu numa interpelação escrita entregue ao Governo. Por esta razão, Nick Lei quer saber quais as medidas de que o Governo dispõe para lidar com esta questão, numa altura em que a Estação Elevatória de Águas Pluviais na Taipa ainda está a ser alvo de planeamento. “Será que o Governo pode analisar e melhorar o sistema de drenagem e canalizações subterrâneas, incluindo nas zonas antigas da Taipa, para que se possa melhorar a capacidade de resposta do sistema?”, questionou. O deputado lembrou as informações fornecidas pelas autoridades quanto à falta de instalações de drenagem em algumas zonas, o que constituiu a causa principal para as inundações, bem como o excesso de água acumulada em terrenos vazios ou estaleiros de obras, o que fez com que muita dessa água das chuvas tenha ido parar às estradas. Daí o deputado pedir uma inspecção geral ao sistema de drenagem em terrenos não desenvolvidos e dos estaleiros de obras de construção. Chuvas e queixas Nick Lei referiu ainda na sua interpelação que recebeu queixas de residentes sobre o facto de terem recebido avisos quanto a eventuais cortes salariais ou mesmo nas férias anuais caso não chegassem a horas ao emprego, ou não conseguissem deslocar-se para o trabalho, nos dias de chuva intensa. Para o deputado, tal deve-se ao facto de a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais ainda não ter elaborado as instruções sobre o horário de trabalho em dias ou períodos de chuvas intensas. A actual lei laboral prevê ausências de trabalho por justa causa, ou atrasos pontuais, em situações em que haja dificuldades dos trabalhadores ou em que haja suspensão de transportes públicos durante os fenómenos meteorológicos severos, mas Nick Lei argumenta que falta incluir o caso específico das chuvas. “Será que o Governo pode ter como base a prática das regiões vizinhas e estudar a possibilidade de criar instruções de trabalho para a época das chuvas intensas?”, inquiriu.
Andreia Sofia Silva Manchete SociedadeSalários | Macau ocupa 33.ª posição no ranking mundial Com uma média salarial mensal de 17,873 patacas (mais de dois mil dólares americanos), Macau ocupa a 33.ª posição na lista dos salários mais elevados do mundo, composta por 197 países e regiões. Segundo o ranking da revista CEOWORLD, trata-se de uma subida de dois lugares Dados mais recentes divulgados pela revista CEOWORLD, e relativos aos países e regiões com salários mais elevados, mostram que Macau subiu duas posições nos ordenados mais bem pagos, passando do 35.º lugar, em 2024, para o 33.º lugar este ano, com uma média salarial mensal de 17,873 patacas, o equivalente a 2,221 dólares americanos. Os dados, que também são citados pelo portal Macao News, revelam que os habitantes de Macau ganham, porém, menos do que os de Hong Kong, que este ano aparece na 22.ª posição deste mesmo ranking, com um ordenado médio mensal de 3,177 dólares americanos. Mais abaixo,está a China, na 60.ª posição, e com um salário médio mensal de 1,229 dólares americanos. Por sua vez, a região de Taiwan situa-se na 41.ª posição, com um salário médio de 1,870 dólares americanos por mês. No ranking intitulado “Países com os maiores e menores salários médios em 2025”, foram comparados os salários médios brutos mensais obtidos após o pagamento de impostos, destacando-se a Suíça com um ordenado de 8,218 dólares americanos. Segue-se o Luxemburgo, com 6,740 dólares americanos, os EUA, com 6,562 dólares, Islândia com 6,548. Da Ásia, surge Singapura em décimo lugar, com um ordenado médio mensal de 4,457 dólares americanos. Quem te avisa A análise da CEOWORLD dá conta de que, nesta contagem, sobressai o facto de “os empregos mais bem pagos se encontrarem nos sectores das finanças, seguros, electricidade, minérios, tecnologias da informação, retalho e educação”, sendo que áreas como “serviços administrativos, hotelaria e construção civil estão entre os sectores com piores remunerações”. Os analistas chamam ainda a atenção para o factor inflação, já que “nos últimos anos muitas nações enfrentaram taxas de inflação elevadas que podem afectar significativamente o poder de compra”. Trata-se de uma inflação nascida “em grande parte da pandemia” e que trouxe “perturbações nas cadeias de abastecimento”. A CEOWORLD destaca ainda os “riscos geopolíticos”, nomeadamente “o conflito Rússia-Ucrânia, as tarifas de Trump, a competição estratégica EUA-China, as tensões contínuas no Médio Oriente, os desafios geopolíticos entre Índia e China e a desaceleração económica da China”, que contribuem para “agravar estas questões, exacerbando crises energéticas e causando atrasos no fornecimento”. Não é esquecido o conflito na Faixa de Gaza, “que pode agravar ainda mais a situação”. Espera-se ainda, nos próximos meses, “uma fase económica difícil, com várias previsões a indicar uma possível recessão”. Citados aqui os melhores salários, importa destacar os países e regiões onde se ganha menos: a Palestina, região ainda não reconhecida como Estado, e que está no centro do conflito na Faixa de Gaza entre Israel e o Hamas, está no fim da lista. Ali, ganha-se 104 dólares, em média, por mês.