Guia Michelin | Restaurantes locais mantêm classificações e há mais dois distinguidos

Restaurantes de renome no território como o “Zi Yat Heen”, no Four Seasons, o “Robuchon au Dôme”, “The 8” e “The Kitchen”, no Grand Lisboa, bem como o “Lai Heen”, no “Ritz-Carlton”, entre outros, mantiveram, na edição deste ano do Guia Michelin para Macau e Hong Kong, as estrelas atribuídas há vários anos. Restaurante no MGM Cotai obtém primeira estrela, bem como o “The Huaiyang Garden”, no ‘resort’ The Londoner

 

A edição deste ano do “Guia Michelin para Hong Kong e Macau 2023” manteve as estrelas atribuídas há vários anos aos restaurantes “Zi Yat Heen”, do Four Seasons, “Robuchon au Dôme”, “The 8” e “The Kitchen”, três espaços situados no hotel Grand Lisboa. Inclui-se ainda a distinção ao “Lai Heen”, no “Ritz-Carlton”. A cerimónia de atribuição das distinções decorreu ontem.

Destaque para a distinção atribuída ao “Five Foot Road”, de comida de Sichuan, no MGM Cotai, que ganhou, pela primeira vez, uma estrela Michelin. Hubert Wang, presidente da MGM China, disse que esta distinção demonstra a “ambição” da concessionária em “promover grandes histórias da cultura chinesa e dos seus tesouros gastronómicos”. O espaço que também se estreou no Guia Michelin para Hong Kong e Macau foi o “The Huaiyang Garden”, no ‘resort’ The Londoner.

A estrela Michelin atribuída ao “Zi Yat Heen”, mantida há 14 anos, foi recebida pelo chefe executivo do hotel Four Seasons, Charles Leung, que disse estar “orgulhoso de trabalhar com uma equipa talentosa e apaixonada que partilha comigo os mesmos valores e aspirações em criar uma cozinha e serviços de nível mundial”.

Chique francês

Nesta edição do Guia Michelin foram ainda distinguidos três espaços de restauração do universo da Sociedade de Jogos de Macau (SJM). O “Robuchon au Dôme” manteve as três estrelas, bem como o “The 8”, enquanto o “The Kitchen” manteve uma estrela, distinções mantidas há dez anos. Em Hong Kong o restaurante “L’Atelier de Joel Robuchon”, gerido pela Sociedade de Turismo e Diversões de Macau, manteve as três estrelas obtidas pela primeira vez há 12 anos.

Foi em 2001 que a empresa convidou o reputado chefe francês para trazer para os dois territórios pratos de assinatura da alta cozinha francesa, tendo os dois restaurantes obtido três estrelas logo na primeira edição do Guia Michelin para Macau e Hong Kong, em 2009. O “The 8” obteve uma estrela dois anos após o início das operações, tendo passado para a lista de três estrelas a partir de 2014.

Daisy Ho, directora-executiva da SJM, disse ontem estar “muito agradecida pelos esforços diligentes das nossas equipas de restauração que construíram uma tradição de excelência na SJM, que permitiu à indústria obter distinções à escala global”.

Por sua vez, o “Lai Heen”, restaurante de comida cantonense, manteve a estrela Michelin ganha pela primeira vez há sete anos, juntamente com outros espaços de restauração localizados nos empreendimentos da Galaxy, como o “Feng Wei Ju”, “8 1/2 Otto” e “Mezzo Bombana”. Já o “Ritz-Carlton Café”, que serve pastelaria francesa, foi nomeado como “Michelin Selected Restaurant” [Restaurante Seleccionado Michelin] pelo sexto ano consecutivo.

Do lado da Melco Crown quatro restaurantes situados no City of Dreams, Studio City e Altira Macau mantiveram as suas estrelas. O “Jade Dragon” mantém, há cinco anos consecutivos, três estrelas, enquanto “Alain Ducasse” manteve as duas estrelas. O “Pearl Dragon” e “Ying” mantém ambos uma única estrela. No caso da Wynn, o guia manteve as estrelas do “Wing Lei”, o japonês “Mizumi”, o “Sichuan Moon”, com duas estrelas, e o “Wing Lei Palace”.

27 Abr 2023

DSEDJ | Assegurado equilíbrio de alunos por turma

Apesar da baixa taxa de natalidade registada no território, a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude garante que é assegurado o equilíbrio no número de alunos por turma, para que cada uma tenha entre 25 a 35 estudantes

 

O Governo assegura que, mesmo com menos crianças a nascerem todos os anos, se mantém o equilíbrio em relação ao número de estudantes nas turmas de todas as escolas do ensino não superior, a fim de garantir um rácio mais equilibrado entre professor e aluno. A garantia foi deixada ontem por Luís Gomes, chefe do departamento do ensino não superior da Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ), no programa matinal “Fórum Macau” do canal chinês da Rádio Macau.

O responsável assegurou o cumprimento do mecanismo já existente que garante que cada turma não terá menos de 25 nem mais de 35 alunos, para que não haja casos de turmas com alunos a mais ou a menos, garantindo-se um equilíbrio no volume de trabalho dos professores.

Esta necessidade de ajustamento impõe-se, tendo em conta que a taxa de natalidade em Macau atingiu os valores mais baixos desde 1985. “Quando introduzimos a escolaridade gratuita no ano lectivo de 2007/2008, havia cerca de três mil alunos a ingressar no primeiro ano do ensino primário. No ano lectivo de 2016/2017 esse número chegou aos sete mil. Neste ano lectivo tivemos cerca de cinco mil alunos no primeiro ano do ensino primário.”

Vozes de preocupação

Um ouvinte, de apelido Chau, disse estar preocupado que possa existir menos vagas para docentes dada a quebra gradual no número de alunos. No entanto, Luís Gomes respondeu que o número de professores tem aumentado nos últimos anos.

“O número total de alunos no ensino não superior mantém-se quase igual, tendo registado uma ligeira subida, sendo actualmente de mais de 86 mil. No ano passado surgiram 300 novos professores.”

Chan, outro ouvinte, defendeu a realização de sorteios para a admissão de alunos no ensino primário ao invés de entrevistas, a fim de garantir um processo imparcial na selecção dos estudantes. Luís Gomes disse que este método pode fazer com que os pais não consigam escolher as escolas que consideram ser as ideais para os filhos.

Vong Kuok Ieng, vice-presidente da Associação de Educação de Macau, telefonou para o programa e defendeu que a DSEDJ deveria aproveitar a existência de uma baixa taxa de natalidade para melhorar o funcionamento das escolas e do ensino em geral.

O responsável, que é também director da escola Choi Nong Chi Tai, afirmou que a maioria das escolas são gratuitas, funcionando com recursos e subsídios do Governo, pelo que deveriam ser promovidas medidas para reduzir as disparidades existentes entre as escolas em matéria de infra-estruturas.

27 Abr 2023

China | Novo livro apresenta visões de autores ibéricos sobre o país

Em “Chibérica – Visões Ibéricas da China Contemporânea”, novo livro coordenado pelos académicos Jorge Tavares da Silva e Xúlio Rios, pretende-se dar a conhecer ao leitor diferentes visões sobre a China de autores de Portugal e Espanha. A ideia é “desmistificar” conceitos e noções sobre o país e retratar o desenvolvimento chinês das últimas décadas

 

Num país com uma dimensão gigantesca, torna-se difícil definir o que é a China. No entanto, os académicos Jorge Tavares da Silva, professor auxiliar na Universidade da Beira Interior e investigador associado da Universidade de Aveiro, e Xulio Rios, especialista em assuntos da China e assessor emérito do Observatório da Política Chinesa em Espanha, propõem-se apresentar várias visões do país por quem o estuda e conhece de perto.

“Chibérica – Visões Ibéricas da China Contemporânea”, editado em Madrid pela Editorial Popular, apresenta textos de vários autores, portugueses e espanhóis, nas duas línguas, nomeadamente Carmen Amado Mendes, presidente do Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM), que escreve sobre os “70 anos da política externa chinesa na perspectiva portuguesa” ou Luís Tomé, autor do capítulo “As diferentes formas de construir ‘o socialismo com características chinesas’, de Deng a Xi”. Destaque ainda para as contribuições de Inés Arco Escriche, professora associada na Universidade Oberta de Catalunya, com o capítulo “O partido dirige tudo: transformação política, ideológica e a participação social na China pós-Mao” ou a economista Maria Fernanda Ilhéu que escreve sobre o enorme desenvolvimento económico que a China viveu nos últimos anos em “Da pobreza extrema a segunda economia do mundo”.

Ao HM, Jorge Tavares da Silva disse que a ideia para publicar esta obra nasceu de uma conversa com Xulio Ríos, aproveitando-se a celebração dos 50 anos do estabelecimento das relações diplomáticas entre Espanha e China (1973-2023) e o quadro de diálogos informais e formais luso-chineses (1974-2023).

Pretendia-se “publicar um livro que contemplasse a visão de analistas de Portugal e Espanha sobre os últimos 50 anos de desenvolvimento da China”. “O resultado é excelente, para além de ser profundamente original. Os autores, de forma equilibrada, analisaram a política, a economia, a sociedade, a cultura, a política externa e as relações bilaterais”, frisou o co-coordenador.

Questionado sobre eventuais diferenças de perspectiva entre os autores portugueses e espanhóis, Jorge Tavares da Silva aponta que “o que se diferencia é a relevância que cada um dá a determinados momentos da história recente da China”.

“Por exemplo, no capítulo referente à cultura, no caso português, num texto elaborado pelo [antigo] embaixador José Duarte de Jesus, foi salientado o justificar o elemento ‘cultura’ na formação e identidade chinesa, incluindo algumas das raízes que explicam a sua relevância nos caminhos políticos da China contemporânea, ao passo que o professor espanhol Manel Ollé oferece-nos uma visão sobre a transformação cultural da China, explorando o conflito entre as grandes tradições culturais no país.”

Xulio Ríos entende que esta obra é, acima de tudo, um exemplo da “idoneidade de pensarmos por nós próprios a propósito da China, sobre as suas mudanças e expectativas, a partir da nossa experiência e imaginário, o que sugere uma certa originalidade”. Pretende-se ainda, com “Chibérica”, “explorar as intersecções para procurar um foco comum na relação com a China” e a Europa. O livro “aspira a converter-se num [elemento] dinamizador que permita uma certa continuidade neste processo”, disse.

Xulio Ríos considera que, apesar das décadas de relações diplomáticas, existe ainda um enorme desconhecimento sobre a China. “Pese embora o muito que se avançou, há muito desconhecimento da história e da cultura e [essas duas áreas] são imprescindíveis para entender a China de hoje, que não se pode abordar exclusivamente do ponto de vista da ideologia ou da economia.”

“Função pedagógica”

“Chibérica – Visões Ibéricas da China Contemporânea” tem também uma “função pedagógica”, frisou Jorge Tavares da Silva. “O livro faz o diagnóstico aos últimos 50 anos de transformação do país. O leitor ficará enquadrado com as grandes transformações estruturais, mas a obra tem também essa função de ajudar a ‘desmitificar’ algumas construções de senso comum sobre a China, sobretudo na vontade clara de Pequim em manter relações de amizade com ambos os países ibéricos, evitando tensões que conduzam a conflitos.”

O académico português explicou que procurou, juntamente com Xulio Ríos, “avaliar áreas que consideramos relevantes no caminho que a China empreendeu nos últimos cinquenta anos, a política, a economia, a sociedade, a cultura a política externa, as relações bilaterais e o panorama dos estudos chineses em Portugal e Espanha”. Trata-se de “anos de transformação e crescimento exponencial que atiraram a China para o primeiro plano da arena internacional”.

Que diplomacias?

Portugal é tido como o parceiro privilegiado da China na Europa, mas com Espanha a China pode conseguir estabelecer laços mais próximos com a América Latina. Xulio Ríos fala em “níveis diferenciados” nas relações do gigante chinês no contexto da Península Ibérica.

“Com Portugal as relações bilaterais foram muito enriquecidas. Espanha sempre teve, com a China, uma boa sintonia política. Há uma triangulação interessante a propósito das transições políticas (em Portugal, a Revolução dos Cravos; em Espanha, a porta aberta à democracia com a morte do ditador Franco; na China, a reforma e a abertura depois da morte de Mao). Mas este seria um tema para outro livro. O que falta em Espanha é um maior interesse em potenciar a relação com Macau para um maior acesso à China”, lamenta o autor espanhol.

Isto porque Espanha “é um país plurilíngue e o idioma galego oferece a possibilidade de desenvolver uma aproximação específica, algo que vale igualmente para todas as comunidades de expressão portuguesa no mundo”.

Apesar de Espanha e Portugal serem países periféricos na Europa, as relações dos dois países com a China são boas. No entanto, a China “não tem uma visão aglutinadora e partilhada dos dois países”, pelo que este livro “pode ajudar a uma reflexão sobre essa visão que vai além da relação bilateral, com um terceiro espaço no marco europeu”.

Potencial espanhol

Jorge Tavares da Silva entende que “ainda que Portugal tenha uma relação histórica marcante com a China, que se destaca na presença em Macau, no quadro político e económico contemporâneo o potencial de relações entre a Espanha e a China é superior ao potencial português”. Tal deve-se aos factores económico e comercial, que são “o principal motor para as relações bilaterais”.

“Portugal e a Espanha foram muito relevantes para a China no contexto de crise após 2008, que levou a uma entrada em grande escala de investimento português. O caso mais flagrante foi a entrada de capital da China Three Gorges na EDP, que motivou apreensões numa Espanha mais reservada em ceder sectores estratégicos ao gigante asiático. Com a economia portuguesa em recuperação e os novos desafios que a China tem enfrentado, particularmente as tensões com os Estados Unidos, têm arrefecido as relações sino-portuguesas”, disse.

Exemplo disso é o facto de projectos como “uma faixa, uma rota”, bem como “o interesse chinês no Porto de Sines terem saído da discussão pública”. “Há um certo arrefecimento nas dinâmicas de cooperação. Vamos ver quando recuperam o dinamismo bilateral. O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, fez uma visita à China no final de Março, procurando revitalizar as relações bilaterais com Pequim, numa altura que a Espanha assume a presidência da União Europeia (UE). Talvez seja uma boa altura de o governo português reavivar o quadro de cooperação bilateral”, rematou Jorge Tavares da Silva.

26 Abr 2023

Comércio | Ginja do Senado abre portas na Travessa de São Domingos

A Ginja do Senado abriu ontem na Travessa de São Domingos, culminando um sonho construído ao longo dos últimos sete anos. Um balcão, ginjinha fresca, com ou sem elas, e um convite a parar e saborear um licor pensado especialmente para Macau

 

É com um sorriso de satisfação que Henrique Silva serve uma ginjinha ao balcão da nova Ginja do Senado, o negócio acabado de abrir na Travessa de São Domingos, na porta abaixo do Restaurante Portucau, a cerca de 50 metros do Largo do Senado.

O designer e empresário, também conhecido como Bibito, concretiza o sonho que demorou sete anos a construir e que oferece ao centro da cidade um espaço castiço, que convida a uma paragem. “Há sete anos que andava com esta ideia e sentia que Macau, apesar do imenso potencial turístico, ainda não tinha uma souvenir que representasse realmente a cidade e que os turistas pudessem levar para casa”, conta.

Além dos pastéis de nata, biscoitos e algumas lembranças que evocam o galo de Barcelos ou as Ruínas de São Paulo, Henrique Silva considera que Macau podia oferecer mais aos muitos turistas que por cá passam.

“A ginjinha em Portugal estava a crescer muito em popularidade. Vi as filas de turistas à espera de serem servidos e pensei que isso faria sentido em Macau, não através de uma marca portuguesa, mas com uma marca que representasse a mistura das duas culturas”.

A busca da perfeição

Da ideia original à criação de um plano de negócios, duas necessidades tornaram-se evidentes a Henrique Silva. A primeira seria encontrar a ginjinha perfeita para os paladares locais e a segunda achar o sócio ideal que lhe permitisse abrir a loja numa zona central e turística.

“Para construir o negócio em que estava a pensar, precisava de um sócio que entrasse nesta aventura comigo, porque me faltava uma coisa importantíssima, a localização. Este negócio não se faz no Fai Chi Kei, teria de ser aqui ou na Rua do Cunha.” É aqui que entra o sócio, personificado no empresário Cheung Asai, dono de vários restaurantes em Macau, como o Albergue 1601, 3 Sardine, Portucau, e que recentemente ganhou o concurso para explorar um restaurante na actual Casa das Recepções das Casas-Museu da Taipa.

Antes de selar a parceria com o empresário Cheung Asai, Henrique Silva lançou-se em busca da ginjinha perfeita para Macau e organizou algumas sessões de prova, com as “cobaias” a serem na sua maioria chineses. “Percebi que a ideia de que os chineses não gostam de doces é um mito. Eles gostam de Häagen-Dazs, de chocolate e gostaram também da ginjinha”, explica ao HM.

A pureza líquida

Das ginjas que trouxe para Macau, proveniente de Lisboa, Óbidos e Alcobaça, a escolha acabou por cair no licor de Óbidos, ligeiramente menos doce do que o habitual e com um travo subtil.

O HM falou com a gerente da Ginja de Óbidos Oppidum, Marta Pimpão, que fornece a Ginja do Senado e que revelou que a receita do licor para Macau ainda não está fechada. “Vamos tentar adaptar a ginja, sem lhes tirar as particularidades que a distingue, ao gosto do público de Macau. De momento, a ginja que está em Macau é a consumida aqui em Óbidos”, conta.

O néctar à venda no balção da Ginja do Senado é a soma de quatro ingredientes: a fruta (ginja), açúcar, álcool e água, sem essências ou corantes adicionados. Uma conta cujo resultado só pode ser a satisfação.

26 Abr 2023

IIM | Lançado livro sobre comendador Arnaldo de Oliveira Sales

Foi lançado, esta segunda-feira, o livro “Comendador Arnaldo de Oliveira Sales (1920-2020)” sobre esta importante figura da diáspora macaense, e que conta com contributos de Pedro Catarino, José Eduardo Garcia Leandro, José Luís de Sales Marques, Clube Lusitano de Hong Kong e prefácio de Jorge Rangel

 

Falecido em Março de 2020 com 100 anos de idade, o comendador Arnaldo de Oliveira Sales, conhecida figura da diáspora macaense e da comunidade portuguesa de Hong Kong tem agora um livro que recorda o seu percurso. Lançado pelo Instituto Internacional de Macau (IIM) esta segunda-feira, “Comendador Arnaldo de Oliveira Sales (1920-2020)”, conta com testemunhos de pessoas que com ele conviveram de forma próxima, nomeadamente José Sales Marques, seu familiar, ou o antigo governador de Macau Garcia Leandro. A obra conta ainda com contributos de Pedro Catarino, diplomata português, e do Clube Lusitano de Hong Kong, tendo ainda prefácio do próprio presidente do IIM, Jorge Rangel.

Nascido em 1920 em Cantão, Oliveira Sales foi o primeiro presidente do Conselho Urbano de Hong Kong (um conselho municipal responsável pelos serviços municipais na ilha de Hong Kong e em Kowloon), em 1973, tendo sido ainda um dos fundadores da Federação Desportiva e do Comité Olímpico de Hong Kong, e presidente desta instituição em 1972, durante os Jogos Olímpicos de Munique.

Ao HM, José Sales Marques destaca o papel que Oliveira Sales teve quando presidiu à Câmara Municipal do Leal Senado. “Posso dizer que ele me inspirou em muitos aspectos no trabalho que desenvolvi no Leal Senado, particularmente em relação às questões da cultura. Fez-me sentir a importância de tratar e acompanhar a questão da cultura. Por isso é que nos meus tempos no Leal Senado nunca deixei de ter esta área sob minha directa responsabilidade.”

Arnaldo Sales era primo direito da mãe de Sales Marques. “Conheci-o já numa fase diferente. Ele era um homem muito ocupado e muitas vezes ouvíamos dizer que ele vinha a Macau falar com os governadores. Comecei a ter uma relação mais próxima com ele a partir do momento em que fui para o Leal Senado.”

O economista macaense recorda que, em 1993, quando passou a assumir as funções de presidente da câmara, o território tinha um problema com a gestão do lixo, tendo Oliveira Sales dando algumas sugestões a Sales Marques para o solucionar.

“Ele foi presidente do Conselho das Comunidades Macaenses e teve também um papel importantíssimo no lançamento dos encontros dos macaenses, incluindo na questão de procurar obter a maior unidade possível entre as diversas Casas de Macau. Punha a sua autoridade para de facto fazer sentir às pessoas a importância da nossa comunidade como um todo”, lembrou.

Relações próximas com Macau

O HM contactou Garcia Leandro para perceber que contributo deu para este livro, mas até ao fecho desta edição não foi obtida uma resposta. No entanto, no livro “Macau nos anos da Revolução portuguesa: 1974-1979”, o antigo governador português do território dedica um capítulo a Oliveira Sales, que aponta como sendo uma “figura notável” e uma “personagem carismática e fascinante”, que permitiu “um excelente elo de ligação a Hong Kong”.

“Foi das pessoas que mais me impressionaram em toda a vida”, escreveu Garcia Leandro, que o descreveu também com sendo um “homem complexo, orgulhoso, hábil e eficiente, um excelente gestor que muito honrou Portugal, tendo recusado todos os convites para aceitar a cidadania britânica”.

Uma vez que Oliveira Sales foi presidente, durante três mandatos, do Urban Council de Hong Kong, nesse período “as relações de Hong Kong com Macau foram muito reforçadas”, recordou Garcia Leandro.

Aquando da sua morte, a Federação Desportiva e Comité Olímpico de Hong Kong recordou que “sob a sua presidência de 1967 a 1998, os atletas de Hong Kong foram ganhando reconhecimento gradualmente em muitas competições multidesportivas internacionais, como os Jogos da Commonwealth, os Jogos Olímpicos e os Jogos Asiáticos”. “Com a sua visão e o máximo esforço, Hong Kong permaneceu como uma entidade desportiva separada após a passagem da soberania”, do território do Reino Unido para a China, enfatizou a organização.

“O seu trabalho como presidente do Conselho Urbano, Membro da Autoridade de Habitação, Comité Consultivo de Direito Básico de Hong Kong e outros serviços públicos foi amplamente reconhecido pelos governos de Hong Kong e por várias organizações. A sua morte é uma grande perda para o desporto e para a comunidade local”, acrescentou aquela organização.

O Presidente da República portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, lamentou também a morte do comendador e recordou “uma das figuras mais relevantes da comunidade macaense e portuguesa” em Hong Kong.

26 Abr 2023

25 de Abril | A ida de Nobre de Carvalho à AL e as palavras de apoio

Foi há 49 anos, a 25 de Abril de 1974, que, em Portugal caiu o Estado Novo às mãos da chamada Revolução dos Cravos. Em Macau, o governador Nobre de Carvalho foi à Assembleia Legislativa, dia 29, dar conta da nova ordem política na metrópole, tendo recebido mensagens de apoio dos vogais e das câmaras municipais do Leal Senado e das Ilhas. A censura foi abolida no dia 6 de Maio. Recordamos os discursos e artigos de opinião publicados nos jornais desses dias

 

Numa época em que telefonar para Lisboa constituía uma missão olímpica e em que as notícias chegavam por telegrama, o impacto do 25 de Abril de 1974 em Macau sentiu-se tardiamente. O fim do Estado Novo e do regime ditatorial comandado por Marcello Caetano, como herança do já falecido António de Oliveira Salazar, só foi oficialmente anunciado na Assembleia Legislativa (AL) no dia 29 de Abril pelo então governador Nobre de Carvalho. Aos deputados, este disse existir, por vezes, a necessidade, “na vida dos povos, de decisões drásticas e audaciosas que sacudam uma Nação”, noticiou o diário “Notícias de Macau” a 1 de Maio de 1974.

No período antes da ordem do dia da mesma sessão plenária, José Maneiras, arquitecto, levou para o seu discurso o poema de Manuel Alegre, histórico do Partido Socialista (PS) e um dos que resistiram à ditadura: “No meu país há uma palavra proibida”. A edição do “Notícias de Macau” de 3 de Maio de 1974 reproduziu, na íntegra, o discurso de Maneiras, que prestou uma “calorosa homenagem” ao Movimento das Forças Armadas (MFA) “pela sua preponderante acção desenvolvida com verticalidade, elevado espírito de missão e de profunda consciencialização dos anseios genuinamente nacionais”.

“Não importa fazer aqui a autópsia do antigo regime. De tal missão se encarregará a história. Importa, pois, que todos nós, imbuídos do espírito democrático, saibamos voltar as costas a um passado e, em comunhão dos ideais mais elevados, esquecendo dissecções antigas ou divisões facciosas, encarar com confiança o futuro que se nos depara, com plena consciência dos direitos e deveres que, sobre nós, recaem na construção do bem comum que estruturará um Portugal renovado, pleno de vitalidade (…)”, disse então.

Outro membro do hemiciclo que usou da palavra foi o engenheiro Humberto Rodrigues. “Desejo apoiar com modéstia e sinceridade as considerações que V. Exª acaba de aduzir a propósito da instalação pelo MFA do novo regime no nosso país. Neste singelo apoio, certamente retratando o sentido de todos os portugueses, votos faço para que, desta nova situação, Portugal se encaminhe para um futuro melhor, para seu maior prestígio e dignificação e para bem de quantos se orgulham da nacionalidade portuguesa, bem como daqueles que, confiadamente, se abrigam à sombra da bandeira verde-rubra”, noticiou então o “Notícias de Macau” na sua edição de 1 de Maio de 1974.

Também Ho Yin, histórico líder da comunidade chinesa, interveio na sessão de 29 de Abril. Segundo o “Notícias de Macau” do dia 6 de Maio de 1974, este exaltou o facto de Nobre de Carvalho permanecer como governador, por decisão da Junta de Salvação Nacional. “Julgo interpretar o sentir de todos os senhores vogais desta Assembleia, afirmando que o facto constitui, sem dúvida, motivo de jubilo para esta província”, disse.

Ho Yin lembrava “os esforços despendidos por V. Exa. para o desenvolvimento desta terra mereceram a melhor apreciação do povo português”, pelo que a continuação de Nobre de Carvalho “nas rédeas do governo de Macau deverá contribuir, indubitavelmente, para o maior progresso desta terra”. “Os trabalhos desta Assembleia, sob a sábia orientação de V. Exa., irão prosseguir da melhor forma, a bem do futuro de Macau e do bem-estar da sua população portuguesa e chinesa”, salientou o pai do futuro primeiro Chefe do Executivo da RAEM, Edmund Ho.

Outro importante interveniente na sessão plenária foi o advogado macaense Carlos D’Assumpção. “As notícias divulgadas pelos órgãos de informação e a palavra autorizada de V. Exa. senhor governador vêm pôr termo à expectativa, ansiedade e natural apreensão que acompanhou o desenrolar dos recentes acontecimentos no recanto europeu de Portugal”, começava por dizer.

Carlos D’Assumpção apontava que “não há instituições que dispensem adaptação, revigoramento ou até transformação, mas há-as mais ou menos aptas à realização dos fins que se propõem, como as há que, em si mesmas, encerram o germe da sua inoperância ou destruição”. Além disso, dizia, “não há sistemas políticas eternos ou perfeitos, mas há-os de maior ou menor estabilidade, como os há que, por se adequarem às qualidades e defeitos dos homens e das comunidades a que se destinam, criam e mantém as condições indispensáveis à melhoria e elevação da vida colectiva”.

Moções de apoio

Macau tinha, à época, o poder municipal institucionalizado com as Câmaras Municipais do Leal Senado e das Ilhas. Ambas aprovaram moções de apoio à continuidade de Nobre de Carvalho à frente do Governo e ao novo regime político saído da revolução. Essas moções só foram discutidas e aprovadas no início do mês de Maio.

Segundo o “Notícias de Macau” de 3 de Maio de 1974, a Câmara Municipal das Ilhas aderiu “aos princípios e objectivos da Junta de Salvação Nacional”, governo provisório criado após a queda do regime e comandado pelo general António de Spínola.

“Importa-se, sim, que esta Câmara Municipal das Ilhas, lídimo representante das populações deste concelho, em seu nome no dos habitantes que aqui vivem e labutam, levante também a sua voz e se faça sentir igualmente que todos estão ao lado daqueles ilustres portugueses que fazem parte da Junta de Salvação Nacional, bem como do seu Governador General José Manuel Nobre de Carvalho”, disse o então presidente da câmara aos vereadores na sessão do dia 2.

Já o “Gazeta Macaense”, na sua edição de 1 de Maio de 1974, deu conta da sessão da moção da Câmara Municipal do Leal Senado aprovada e discutida a 29 de Abril. “O Leal Senado, como lídimo representante da população da cidade de Macau e atentas as suas honrosas e gloriosas tradições de lealdade à Pátria, não pode ficar alheio a tão histórico acontecimento que assinala o dealbar para a nação portuguesa da era da reconciliação nacional e da nova ordem política, significativa e expressivamente enunciados no programa da Junta de Salvação Nacional.”

Acrescentava-se ainda que a Câmara não podia “ficar indiferente perante a decisão da Junta de Salvação Nacional em manter o senhor general José Manuel Nobre de Carvalho no cargo de Governador desta província, facto que será segura garantia da continuação da sua esclarecida e meritória acção governativa, sempre inspirada por elevados sentimentos de humanidade e generosidade que, além do mais, tanto têm contribuído para a pacífica e harmoniosa convivência das comunidades portuguesa e chinesa”.

De frisar que da Junta de Salvação Nacional faziam parte Jaime Silvério Marques, que foi governador de Macau entre 1959 e 1962, bem como o general Francisco da Costa Gomes, antigo Chefe do Estado Maior do Comando Territorial Independente de Macau.

O fim da censura

Nos primeiros dias de Maio foram vários os artigos de opinião publicados nos jornais locais sobre a nova ordem política vigente em Portugal. Destacamos o texto de “R. Ferreira”, intitulado “25 de Abril de 1974: Uma nova era para Portugal” e publicado no “Notícias de Macau” a 7 de Maio.

“Às primeiras horas da madrugada do dia 25 de Abril passado nasceu uma nova era para Portugal. 25 de Abril de 1974 – data que marca um acontecimento importante para o futuro de Portugal. Uma data que encerra, em si, um significado profundo e rico, que transcende uma dimensão autêntica e genuinamente nacional. O significado desta data representa uma vitória do MFA, mostrando-nos, mais uma vez, a sua lealdade à Pátria e ao seu Povo.”

Escrevia “R. Ferreira” que era importante o povo “compreender a causa desta vitória, olhando o exemplo heróico daqueles que souberam lutar com honra e, sobretudo, com muita dignidade, esquecendo tudo e todos”. “É motivo para reflexão que certamente ajudará a encontrar novas forças para o futuro de Portugal que temos ânsia de encontrar e construir”, frisou.

Uma das primeiras medidas adoptadas em Macau com o fim do Estado Novo em Portugal foi a abolição da censura à imprensa, livros e cinema. O Major Henrique Lages Ribeiro, último presidente da Comissão de Censura à Imprensa, reuniu dia 3 de Maio com os directores de todos os jornais portugueses, tendo divulgado então o fim da entidade, expresso num comunicado oficial emitido três dias depois. Assim, a 6 de Maio de 1974 era oficialmente abolida a comissão e criada uma Comissão Ad-Hoc, composta pelo capitão-tenente Augusto António Catarino Salgado e capitão Estrela Soares, que vigorou até serem implementadas novas leis de imprensa.

Na sua edição de 4 de Maio, o “Notícias de Macau” dava conta do sucedido, com a notícia titulada “Foi abolida nesta província a censura à imprensa”. Lê-se, no artigo, que Lages Ribeiro citou algumas passagens referidas por Spínola aos órgãos de informação de Portugal no dia 28 de Abril, em Lisboa, nomeadamente a seguinte: “Com a restituição da liberdade à imprensa, esta pode definir individualmente a sua tendência política, mas será desejável que os órgãos de informação não se tornem extremistas nem da esquerda nem da direita e que evitem atitudes demagógicas que confundam e exaltem as populações.”

Em Junho de 1974, o MFA, representado pelo general Garcia Leandro e major Rebelo Gonçalves, organizou uma sessão de esclarecimento em Macau, no colégio de Santa Rosa de Lima, onde foi explicado o que tinha sido a revolução e o impacto desta em Portugal e Macau. De frisar que Garcia Leandro acabaria por ser nomeado governador do território em Novembro de 1974.

Com o raiar da Democracia, formam-se em Macau duas associações de cariz político – o Centro Democrático de Macau, ligado ao Partido Socialista e fundado por diversas personalidades locais como Jorge Neto Valente e José Maneiras, e a Associação de Defesa da Instrução dos Macaenses, afecta ao CDS-PP e ligado a Carlos D’Assumpção.

Em 1976, seria implementado o Estatuto Orgânico de Macau que daria origem a um novo enquadramento jurídico, e que poria definitivamente um fim ao anterior regime do Estado Novo. No livro “Macau nos anos da revolução portuguesa 1974-1979” Garcia Leandro descreve que esta nova jurisdição “deu aos órgãos do Governo próprio do território verdadeira autonomia legislativa, administrativa, económica e financeira”. Abriu-se, assim, um novo caminho até à assinatura da Declaração Conjunta entre Portugal e a China, a 13 de Abril de 1987.

Descreve Garcia Leandro que, à época, “a soberania [portuguesa] em Macau nunca foi muito efectiva”. “Éramos poucos – entre missionários, comerciantes e militares – perante uma população maioritariamente chinesa. Estando os interesses de Portugal já voltados para África, Macau foi perdendo importância num século XX muito instável”, apontou.

24 Abr 2023

CCCM | UM patrocina base de dados de documentos históricos

O Centro Científico e Cultural de Macau assinou, na quinta-feira, um acordo com a Universidade de Macau para o patrocínio de uma base de dados digital com documentação histórica digitalizada, existente em todo o mundo, sobre as relações entre portugueses e asiáticos, permitindo um acesso mais fácil a investigadores

 

Fazer investigação histórica implica trabalhar com documentos raros, facilmente danificáveis e, muitas vezes, de difícil acesso, espalhados em vários locais. A fim de reunir toda esta documentação online, o Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM) tem vindo a expandir a base de dados intitulada “Portuguese Asian Digital Archives Network” (PADAN) [Rede Portuguesa de Arquivos Digitais Asiáticos] que, na quinta-feira, passou a contar com um novo patrocinador, a Universidade de Macau (UM).

A PADAN é, assim, uma plataforma digital para a agregação do material de investigação sobre a Ásia existente nas bibliotecas, arquivos e centros de documentação de Portugal e outros países. Com esta iniciativa, pretende-se que alguma da documentação à guarda da UM passe a pertencer a esta rede, conforme disse ao HM Rui Martins, vice-reitor da instituição.

“A UM tem muita informação e muitos documentos históricos adquiridos recentemente, nomeadamente o manuscrito, adquirido a privados, sobre a instalação da primeira embaixada portuguesa na China, e que data do reinado de D. João V. Só existem dois exemplares em todo o mundo e um deles está no Palácio Nacional de Queluz.”

Carmen Amado Mendes, presidente do CCCM, destacou no seu discurso que a PADAN irá “promover a investigação internacional sobre a história das relações entre portugueses e asiáticos e uma maior cooperação ao nível dos arquivos internacionais”.

“Os arquivos históricos e documentos escritos à mãos são algumas das mais preciosas e importantes fontes para a investigação histórica, mas o facto é que são materiais frágeis e únicos, o que significa que o acesso é difícil e restrito.

Recentes desenvolvimentos ao nível da tecnologia digital resultaram na possibilidade de haver um maior acesso a imagens e documentos históricos digitalizados, e este desenvolvimento traz um enorme potencial para fomentar e melhorar o estudo em torno de documentos raros sem risco de os danificar”, acrescentou.

Livros e mais livros

O acordo assinado na quinta-feira visa ainda a publicação de mais obras entre o CCCM e a UM, com o apoio financeiro desta universidade. “Temos uma colecção de oito livros publicados e há mais projectos a caminho”, contou Rui Martins. Uma das últimas edições foi sobre os 200 anos do jornal “Abelha da China”, sendo que a primeira edição aconteceu há dez anos com a publicação, na versão portuguesa, da tese de doutoramento de Carmen Amado Mendes, intitulada “Portugal e o estabelecimento da Questão de Macau, 1984-1999: Pragmatismo nas Negociações Internacionais”. Espera-se, assim, um aumento do número de livros editados neste contexto, em diversas áreas académicas.

24 Abr 2023

Acordo | Pansy Ho quer que Macau seja o “Davos do Turismo”

Foi assinado, na sexta-feira, um acordo entre o Fórum de Economia do Turismo Global e a Organização Mundial do Turismo que estipula que o fórum seja organizado em Macau de dois em dois anos. Pansy Ho, secretária-geral do Fórum, defende que Macau deveria ser visto como o “Davos do Turismo”

 

A vice-presidente e secretária-geral do Fórum de Economia do Turismo Global (GTEF, na sigla inglesa) afirmou na sexta-feira que Macau deveria ser encarado como ‘o Davos do Turismo’, ao assinar um acordo com a Organização Mundial de Turismo (OMT). “Queremos fazer do GTEF um Davos do Turismo”, disse Pansy Ho depois de assinar com a OMT, em Lisboa, um acordo para uma parceria ampliada entre estas duas organizações que deverá fazer com que o fórum passe a ser realizado um ano em Macau e no ano seguinte noutra região.

“Estamos a abrir um novo capítulo, com o mundo a recuperar da pandemia e o turismo a ganhar fôlego, é um momento crítico para o sector e para a economia mundial”, disse a responsável que é também directora executiva da MGM China, anunciando que “em 2024 o GTEF vai ser realizado noutra região para encorajar um diálogo maior sobre como o sector do turismo pode contribuir para resolver as necessidades das pessoas e fomentar o desenvolvimento económico e social”.

Este ano, acrescentou, “é o primeiro ano completamente pós-pandémico, e o regresso dos turistas chineses representa uma esperança para o turismo mundial, e o próximo GTEF [agendado para finais de Setembro, em Macau], vai ser uma grande oportunidade para reflectirmos sobre a última década e sobre como nós, enquanto sector, podemos encarar o futuro”.

No encontro em Lisboa, Pansy Ho destacou ainda as “relações muito próximas” com a capital portuguesa, lembrando que o país “foi dos primeiros a apoiar o GTEF, logo no lançamento”, e mostrou-se convicta de que a relação entre Macau e Portugal “vai continuar a florescer”.

Empresas e companhia

O acordo-quadro assinado na sexta-feira vai permitir que o Fórum e a OMT explorem “uma cooperação global mais abrangente em áreas diversificadas como o turismo, economia e cultura no período pós-pandémico”. No seu discurso, Lei Wai Nong, secretário para a Economia e Finanças, esclareceu que esta nova parceria “representa mais oportunidades de desenvolvimento ‘importadas’ para Macau e parceiros”, bem como um novo “marco na estratégia de ‘exportação’ além-fronteiras” do Fórum.

“Acreditamos que, com esta colaboração elevada, iremos contribuir ainda mais para o desenvolvimento sustentável e a longo prazo do turismo global e das indústrias relacionadas, bem como promover o desenvolvimento diversificado de Macau”, rematou.

Zurab Pololikashvili, da OMT, afirmou ser necessária “uma plataforma que reúna governos, líderes de negócios, organizações internacionais e empreendedores”, pelo que o Fórum será isso mesmo, desempenhando “um papel insubstituível como local de encontro por excelência de líderes do turismo global”.

A próxima edição do Fórum pretende discutir, com as várias entidades e personalidades participantes, “como melhor abordar a nova normalidade no período pós-pandémico e como, através de cooperação internacional inovadora e sustentável, formar um ecossistema da indústria turística dotado de elevada resiliência, qualidade e personalização”. Xangai será a cidade convidada principal, enquanto Itália será o país parceiro do evento. Com Lusa

24 Abr 2023

Cooperação | Associações de turismo assinam acordo

A Associação do Turismo Chinês em Portugal, a Associação Portuguesa das Agências de Viagens e a Associação das Agências de Viagens de Macau assinaram na quinta-feira um protocolo que estabelece o compromisso de partilha de “informações e recursos turísticos” e de exploração de “novos projectos e produtos turísticos”.

As entidades acordam também em “realizar visitas entre os participantes do sector de turismo das três partes, assim como conferências, seminários e outras acções, nomeadamente de promoção”, apontou em comunicado a Associação do Turismo Chinês em Portugal.

24 Abr 2023

Investigação | UM assina acordo com Universidade de Lisboa

A tarde de sexta-feira ficou reservada para a assinatura de um novo acordo quadro de cooperação entre a Universidade de Macau (UM) e a Universidade de Lisboa (UL), onde esteve presente o Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, e restantes membros do Governo.

Aos jornalistas, Rui Martins, vice-reitor da UM, adiantou que o novo acordo permite “uma colaboração mais aprofundada em áreas importantes como oceanografia, microelectrónica e robótica”. Ao abrigo do compromisso, a “UM oferece 20 bolsas de doutoramento e pós-doutoramento, bem como para ‘visiting scholars’ [académicos visitantes], que são atribuídas durante três anos, de uma forma competitiva, e que permite que alunos ou doutorados da UL dessas áreas possam trabalhar em Macau com condições muito favoráveis”.

O evento ficou ainda marcado pela apresentação do resultado de uma colaboração entre a UM e a TechnoPhage SA, uma spin-off ligada à UL, que levou ao licenciamento de uma patente na área da medicina tradicional chinesa para a doença de Parkinson, que culminará com a chegada ao mercado da União Europeia de um novo produto que funciona como suplemento alimentar preventivo da doença. “Esta colaboração existe há cerca de uma década e iniciou-se com a última visita do ex-Presidente da República Cavaco Silva a Macau, quando visitou o nosso campus em 2014”, adiantou Rui Martins.

24 Abr 2023

EPM | Macau paga “maioria significativa” das obras

O ministro da Educação português, João Costa, adiantou aos jornalistas que já existe um acordo para as obras de ampliação da Escola Portuguesa de Macau (EPM), sendo que as autoridades de Macau vão custear uma grande parte dos trabalhos.

“Perspectiva-se o arranque do projecto este ano, mas estamos em fase de negociações e de conversas para a apreciação do mesmo. Não sei dizer um prazo concreto de construção, mas já há um acordo para fazermos a ampliação e a mudança de instalações e permitir uma melhoria muito significativa que é muito necessária. Há uma comparticipação muito expressiva, embora não tenhamos ainda valores, do Governo de Macau”, disse, em declarações reproduzidas pela TDM Rádio Macau.

Na conferência de imprensa de sábado, o Chefe do Executivo deixou claro que Macau vai sempre apoiar a EPM, ainda que esta seja um projecto sob responsabilidade do Ministério da Educação português. “O primeiro-ministro, o ministro da Educação e o Presidente da República manifestam grande atenção à situação da EPM, que pertence directamente ao Ministério da Educação de Portugal. O Governo de Macau respeita [o projecto] e a autonomia de desenvolvimento da própria escola. Queremos reforçar o ensino, aprendizagem e formação em português e a utilização da língua. Há aspectos sobre o aumento do número de estudantes, e caso seja necessário daremos o nosso apoio e iremos providenciar as medidas necessárias.”

24 Abr 2023

Ho Iat Seng sugeriu que estudantes de Macau aprendam Direito da China

O futuro do território é a integração regional e, para isso, já não basta aprender o Direito de Macau ou o que vigora em Portugal. A ideia foi deixada pelo Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, num encontro com mais de 130 estudantes de Macau em Portugal, que decorreu em Lisboa.

“Quando nos integrarmos na Grande Baía teremos de nos assegurar que conhecemos bem os ordenamentos jurídicos de Portugal e de Macau, devendo aprender bem o Direito da China. Teremos de saber como adaptar as leis de Macau e as leis da China e não nos podemos cingir ao conhecimento do Direito português, mas sim ao de Macau e da China.”

Ho Iat Seng adiantou também que na Zona de Cooperação Aprofundada de Guangdong e Macau em Hengqing irão vigorar apenas algumas leis locais.

“Com o desenvolvimento da Zona de Cooperação vamos introduzir a lei civil e comercial de Macau, mas a lei penal terá de ser a da China”, disse o Chefe do Executivo, que referiu que “os quadros terão de ser formados de acordo com as necessidades de Macau e do país, para a construção da Grande Baía e da plataforma entre a China e os países de língua portuguesa”.

Na plateia estavam mais de 130 alunos de Macau bolseiros que estudam em várias instituições de ensino superior do país em cursos como medicina dentária, Direito, línguas e tradução e sociologia, entre outros. O HM perguntou a alguns se pretendiam, um dia, trabalhar na Grande Baía ou em Hengqin, mas a resposta foi negativa.

“Pretendo voltar para Macau e fazer um mestrado em Direito na Universidade de Macau. Tudo depende da escolha de cada um, mas no meu caso penso ficar em Macau porque a minha família está lá”, disse Jéssica Yue. Wong Cheng, aluna de Sociologia da Universidade Nova de Lisboa, diz preferir “voltar para Macau e trabalhar lá”, não apenas pelo mercado de trabalho em si, mas “também para estar perto da minha família”.

24 Abr 2023

“Um país, dois sistemas” | Autoridades portuguesas apoiam jurisdição vigente

Portugal entende que a implementação do princípio “um país, dois sistemas” tem sido bem-sucedida em Macau. Ho Iat Seng diz que nunca houve pressões nos media e que existe liberdade de imprensa e de expressão no território. O governante deixou claro que “não pediu [para os portugueses] saírem”

 

As autoridades portuguesas entendem que o princípio “um país, dois sistemas”, consagrado na Lei Básica, tem sido bem implementado no território desde a transferência de soberania do território de Portugal para a China, em 1999. A garantia foi dada, no sábado, por Ho Iat Seng, Chefe do Executivo, na conferência de imprensa que serviu de balanço à visita oficial a Portugal.

“Houve uma resposta muito positiva da parte do Governo português em relação à manutenção do princípio ‘um país, dois sistemas’, defendendo também a ideia de ‘um país’, respeitando a Lei Básica. [Portugal] concorda que [a jurisdição] é bem concretizada. Um sistema que está bom, não precisa de ser alterado, portanto, sabemos que depois de 50 anos o sistema vai manter-se.”

Recorde-se que este assunto foi abordado na reunião entre o Chefe do Governo e o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, à qual só puderam estar presentes dois órgãos de comunicação social [um jornal diário, Jornal Tribuna de Macau, e um canal de televisão, a TDM], escolhidos por sorteio, sendo que não houve direito a quaisquer declarações.

Num evento na sexta-feira, inserido no programa da visita, o ministro dos Negócios Estrangeiros português, João Gomes Cravinho, com quem Ho Iat Seng também reuniu, defendeu que a jurisdição em Macau definida no quadro da Declaração Conjunta tem sido cumprida.

“Actualmente podemos estar muito satisfeitos com aquilo que foi uma abordagem inovadora e que continua a representar um objectivo e uma ambição para ambos os lados. O Direito nunca é perfeito, há sempre melhorias possíveis, mas há uma vontade clara da parte de todos que a Lei Básica seja cumprida na sua plenitude. Verificámos que há um interesse que a Lei Básica seja inteiramente cumprida e que possa vir a ser projectada no futuro, depois dos 50 anos [da existência da RAEM]. Obviamente que ainda é um pouco cedo, mas essa foi a vontade expressa da parte das autoridades de Macau e convergimos nessa vontade”, disse, em declarações reproduzidas pela TDM Rádio Macau.

Sem interferências

Ainda sobre a manutenção do segundo sistema, Ho Iat Seng frisou que Macau não é um território igual a outras cidades do país, existindo total liberdade de expressão. “Em relação aos residentes, o nosso sistema teve impacto? As pessoas podem pronunciar-se e fazer os seus comentários nos jornais. É isso que permite o princípio ‘um país, dois sistemas’, que as pessoas tenham as suas ideias. São livres para isso. Não podemos dizer que há falta de liberdade. Macau é diferente de outras cidades da China, pode-se criticar o Governo e haver ideias pessoais. Penso que nos anos em que tem vigorado a implementação da Lei Básica tem sido bem-sucedida. Não nos equiparamos às cidades do interior da China.”

O governante salientou que nunca foram feitas pressões sobre meios de comunicação social locais. “Muitas pessoas podem pensar que Macau não difere muito [das cidades chinesas], mas não vamos comentar [o que é dito] ou ir contra a liberdade de expressão e de comentário. O Gabinete de Comunicação Social alguma vez telefonou a dizer que não podem escrever isto ou aquilo? Sabem muito bem que nunca foram limitados. O Chefe do Executivo, eu, Ho Iat Seng, nunca telefonei a dizer que não podem fazer determinada cobertura noticiosa. A liberdade de imprensa sempre existiu em Macau.”

O Chefe do Executivo foi ainda confrontado com a realidade dos últimos três anos que levou a uma redução do número de portugueses, que deixaram o território de vez. Ho Iat Seng entende que as medidas adoptadas pelo Governo em nada contribuíram para este cenário.

“Não pedimos para eles [portugueses] saírem. Não sabíamos quando as fronteiras poderiam reabrir, daí que devido à questão da união familiar algumas pessoas optaram por sair de Macau, mas com a melhoria da situação as pessoas voltaram. Precisamos de recrutar vários trabalhadores, na área jurídica por exemplo, não nos preocupamos com as pessoas que “perdemos” nestes três anos. Houve um consenso entre nós e o primeiro-ministro [António Costa], que nos deu apoio para que recrutemos profissionais para trabalhar em Macau, bem como ao nosso desenvolvimento”, concluiu.

Num outro evento inserido na agenda oficial da visita, Ho Iat Seng deixou elogios à comunidade portuguesa que, “enquanto parte importante da população local, e apesar dos momentos difíceis que se viveram em Macau, tem desempenhado o seu papel com total lealdade no empenho do exercício das mais variadas funções e no âmbito dos diversos sectores sociais, contribuindo para a aceleração da recuperação socio-económica de Macau”.

24 Abr 2023

Conferência Ministerial | António Costa deverá vir a Macau

Da visita de Ho Iat Seng a Portugal foi manifestada a possibilidade de o primeiro-ministro português, António Costa, poder deslocar-se a Macau para participar na próxima Conferência Ministerial do Fórum Macau, embora ainda não haja uma data acertada.

“Falámos com o primeiro-ministro e ele poderá tentar deslocar-se a Macau e participar na reunião. A data [da Conferência] tem ainda de ser programada, pois há vários países participantes. Esperamos que no segundo semestre ou início do próximo ano possamos tentar organizar a conferência ministerial. Nunca parámos as reuniões do Fórum Macau”, disse Ho Iat Seng na conferência de imprensa de balanço da visita. A deslocação de António Costa deverá também servir para marcar presença na sétima reunião da Comissão Mista Macau-Portugal, que deverá realizar-se este ano, segundo anunciou o Chefe do Executivo.

24 Abr 2023

Empreendedorismo | Lisboa quer maior união com Macau

Ho Iat Seng, Chefe do Executivo, esteve ontem na Câmara Municipal de Lisboa onde assinou o Livro de Honra e reuniu com o presidente, Carlos Moedas. Moedas quer maior união na área das startups e empreendedorismo, tendo também destacado a importância da língua portuguesa. Ho Iat Seng lembrou a permanência do bilinguismo na Administração e no hemiciclo

 

Empreendedorismo, língua portuguesa e gestão municipal. São estas as áreas nas quais Lisboa e Macau podem cooperar no futuro. Carlos Moedas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML), recebeu ontem o Chefe do Executivo, Ho Iat Seng e da comitiva que o acompanhou, tendo o governante assinado o Livro de Honra da CML.

No seu discurso, Moedas lembrou o papel cada vez maior que Lisboa desempenha na área das startups, de que a Fábrica de Unicórnios é um exemplo, espaço visitado pela delegação de empresários de Macau, e a Web Summit. “Lisboa está aberta a Macau, ao seu talento e às suas empresas”, disse.

Falando de Lisboa e de Macau como “cidades irmãs”, Carlos Moedas referiu a sua nomeação, em Outubro, para a presidência da União das Cidades Capitais da Língua Portuguesa (UCCLA). “Vejo em Macau um parceiro fundamental no ensino da língua portuguesa na Ásia e sei que o interesse pela nossa língua cresce na China. Macau pode tornar-se num espaço central para o ensino desta língua emergente que caminha para os 300 milhões de falantes. Vejo também em Macau um parceiro fundamental para a cooperação entre as cidades do espaço lusófono.”

Moedas não esqueceu ainda o momento da transferência de soberania. “Durante todo este tempo, Macau serviu de ponte nesta ligação secular entre Portugal e a China. E foi em Macau onde assistimos à grandeza de um momento que marcou um passo fundamental na nossa ligação: a transferência de soberania para a República Popular da China. Este longo passado é um impulso para um futuro entre Lisboa e Macau.”

Tem bilingues

Ho Iat Seng, por sua vez, lembrou que, tanto na Administração, como na Assembleia Legislativa, existe ainda um bilinguismo vivo. “Temos 77 escolas do ensino não superior, 36 das quais onde se ensina a língua portuguesa. Quando estava na escola não havia muitas escolas que ensinassem português, mas depois com o surgimento do Fórum Macau surgiu uma necessidade constante e procura pelo ensino da língua. Surgiu, assim, um enorme interesse pela língua portuguesa em Macau e na China. Na AL temos todos os documentos em versão bilingue e agora o Governo continua com as duas línguas a funcionar.”

O Chefe do Executivo disse estar “grato” por Portugal ter fornecido, nos últimos anos, docentes e profissionais de língua portuguesa para as mais diversas áreas, do ensino à tradução. “Temos uma grande equipa de tradução para podermos manter esta máquina administrativa [a funcionar].”

Sobre 1999, Ho Iat Seng disse que se tratou “de uma manifestação da continuação da nossa amizade abençoada por uma cultura e laços de cooperação entre Macau e Portugal”. O Chefe do Executivo não deixou de referir ainda os “três anos de luta na pandemia”. “Ao longo dos últimos anos a economia sofreu muito, mas a vida da população foi assegurada. Com o apoio da República Popular da China temos vindo a controlar os preços das mercadorias e fomos bem-sucedidos, pois a inflação nunca foi além de um por cento”, frisou.

Sobre a área municipal, Ho Iat Seng fez referência às novas zonas urbanas. “Há sempre mais exigências e preocupações para a população, que exige que a rede viária seja boa, que haja abastecimento de gás natural. Vamos ter novas zonas urbanas e, com a tecnologia, poderemos facilmente acrescentar mais redes de canalização. Os serviços municipais de Lisboa podem servir Macau e fornecer mecanismos mais inteligentes para obtermos o reconhecimento da população. Digo sempre aos colegas que o vencimento já abrange esta parte das queixas”, ironizou.

A visita de ontem ficou ainda marcada por uma deslocação da comitiva de empresários à Fundação Champalimaud, na parte da manhã, onde foram apresentadas as últimas investigações na área do tratamento do cancro e neurociência.

21 Abr 2023

Hengqin | Novo centro de ciência e tecnologia em Julho

António Lei Chi Wai, director dos Serviços de Desenvolvimento Económico da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin anunciou no fórum de quarta-feira que as obras de interiores do novo Centro de Cooperação e Intercâmbio de Ciência e Tecnologia entre a China e os países de língua portuguesa estarão concluídas em Julho.

Este Centro “irá apoiar a introdução e promoção externa das empresas científicas e tecnológicas, além de servir de cooperação e intercâmbio nestas áreas ao mais alto nível entre entidades governamentais”.

Referindo que “Hengqin não é um deserto”, António Lei Chi Wai falou de infra-estruturas já existentes como a Praça Ponto Legend, em estilo Manuelino, um investimento da Macau Legend, o parque Chimelong, ou o “Novotown”, um empreendimento turístico com o Hengqin Hyatt Hotel e uma área de 1,47 milhões de metros quadrados. Não faltou na apresentação a referência ao Parque Científico e Industrial de Medicina Tradicional Chinesa para a Cooperação entre Guangdong e Macau, já com 86 empresas residentes, e o “Innovalley para os Jovens de Macau”, espaço com 130 mil metros quadrados e já tem 406 empresas.

Apelando a uma maior autonomia em matéria de gestão e administração, o responsável frisou que a entidade gestora da Zona de Cooperação pode actuar em 159 áreas de intervenção. “Hengqin pode dar novas oportunidades a Macau e aos países de língua portuguesa, nomeadamente a Portugal”, adiantou perante a plateia de empresários no âmbito da visita de Ho Iat Seng a Portugal.

20 Abr 2023

Ho Iat Seng em Portugal | Empresas procuram expansão na China

É certo que a comitiva de empresários não se deslocou à vila de Campo Maior, à fábrica do grupo Delta Cafés, como estava inicialmente previsto, mas a empresa marcou presença no seminário de promoção de investimento desta quarta-feira. Ao HM, Dinis Cunha, responsável de vendas para os mercados internacionais da Delta, disse que o objectivo é expandir a presença que o grupo já tem na China com a Delta Food Xangai. Em Macau, o grupo trabalha há muitos anos com um distribuidor. O território serviu de plataforma comercial, mas a Delta decidiu apostar por si própria no continente, contou.

“Queremos desenvolver essa presença que já temos e expandir a presença no grande continente chinês, mais do que um país. Sabemos que é um país mais virado para o chá, mas há uma tendência de desenvolvimento ao nível do café e queremos aproveitar a presença que já lá temos. Esta expansão não é feita com alguns parceiros, mas sim com uma rede entre várias entidades governamentais das várias regiões.”

Fim dos vistos Gold

Isabel Pinho, representante da Across Coast, ligada à área do imobiliário, também marcou presença no evento. “A nossa empresa está há 17 anos no mercado e já trabalhamos há algum tempo com pessoas de Macau. Estamos ligados ao investimento imobiliário e queremos aprofundar um pouco mais esses contactos. Trabalhamos com vistos gold, mas também com empresas e particulares que querem investir em Portugal.”

Isabel Pinho adiantou que existe “uma relação histórica” entre Portugal, China e Macau, além de que a China “tem sido um grande investidor [em Portugal]”, pelo que “existe uma forte vontade de colaboração, algo que vai continuar e ser vantajoso para ambas as partes”.

Sobre o fim dos vistos Gold em Portugal, a representante da Across Coast garantiu que haverá um impacto negativo “no investidor mais pequeno”. “Talvez não seja tão problemático para os grandes investidores, pois nestes casos o intuito não era tanto o visto gold. Acredito que haja alguma diminuição nesse segmento e noto que existe alguma frustração em pessoas que compraram em Portugal e que já tinham essa intenção e agora não o podem fazer”, rematou.

20 Abr 2023

Cooperação | AICEP, IPIM e duas associações de Macau assinam acordo

No dia em que Ho Iat Seng aterrou em Lisboa, o Instituto de Promoção do Comércio e Investimento de Macau assinou um acordo que reforça a ligação à Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, ao qual se associam a Associação Comercial de Macau e a Associação de Comerciantes e Industriais de Macau. Turismo de Portugal quer dinamizar sector com a ajuda da RAEM e atrair turistas chineses

 

Foi assinado, esta quarta-feira, um acordo que reforça a ligação entre o Instituto de Promoção do Comércio e Investimento de Macau (IPIM) e a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP). Poucos detalhes foram avançados sobre este novo memorando ao qual se associam a Associação de Comerciantes e Industriais de Macau e a tradicional Associação Comercial de Macau.

Apenas Francisco André, secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação de Portugal, disse no seu discurso que a relação entre a AICEP e o IPIM sairá “reforçada pela assinatura de um instrumento bilateral aqui formalizado”.

O memorando foi celebrado no dia em que Ho Iat Seng, Chefe do Executivo, chegou a Lisboa. De manhã, momentos depois de aterrar, foi a vez do governante se dirigir à zona do Terreiro do Paço onde decorre a exposição “Sentir Macau” com os expositores do IPIM, Instituto Cultural e operadoras de jogo. Além dos membros das delegações de empresários que acompanharam Ho Iat Seng nesta visita, estiveram também presentes personalidades das seis concessionárias de jogo como Pansy Ho, Daisy Ho e Lawrence Ho, entre outros.

À tarde decorreu a Sessão de Investimento e de Turismo Macau-Portugal onde, além de ser assinado o acordo já referido, serviu de sessão de esclarecimento destinada a empresários portugueses sobre o que é a Zona de Cooperação Aprofundada de Macau e Guangdong em Hengqin e quais as oportunidades de investimento.

No seu discurso, o secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong, referiu a estratégia “1+4” para diversificar a economia e que será criado “um ambiente de negócios melhor para que os investidores estrangeiros, interessados em entrar no mercado chinês, utilizem Macau e a zona de Hengqin como ponto de partida para explorar o vasto mercado do Interior da China, com uma população de 1,4 mil milhões de habitantes”.

Pontos em comum

Nomes de “filhos da terra” como Luís Gonzaga Gomes e José Vicente Jorge, mas também os de poetas como Camilo Pessanha e Luís de Camões foram citados no discurso do secretário de Estado português. Francisco André referiu que a língua portuguesa e a cultura são importantes dada a longa ligação entre Portugal e Macau, mas o turismo e os negócios são o foco principal.

É, assim, importante que “a dinamização do fluxo de turistas assuma, para Portugal e Macau, primordial importância”. “Existem múltiplas perspectivas futuras em áreas de interesse partilhado e que dão resposta a desafios que se impõem às sociedades em que vivemos, nomeadamente na área das energias renováveis, economia azul e saúde”, disse.

Francisco André lembrou que “há mais de 400 empresas portuguesas que exportam para Macau um vasto leque de bens e serviços”. “Desejamos hoje perspectivar o futuro e reforçar as bases numa perspectiva de crescimento, não apenas no número de empresas presentes em cada território, mas no número de parcerias, oportunidades e volume de investimentos. Queremos acolher o instrumento do investimento macaense em Portugal”, frisou.

O governante não esqueceu a área do empreendedorismo. De frisar que um dos pontos da agenda dos empresários foi a visita à Fábrica de Unicórnios de Lisboa. “Portugal desenvolveu com sucesso um ecossistema que favorece a emergência de startups, e estamos disponíveis para partilhar essa experiência com o Centro de Intercâmbio, Inovação e Empreendedorismo para jovens da China e dos países de língua portuguesa em Macau, para colaborar em todas as actividades onde se entenda que há interesse mútuo.”

Portugal em Macau

Por sua vez, Luís Araújo, do Turismo de Portugal, confirmou a presença da entidade pública, congénere da Direcção dos Serviços de Turismo de Macau, na próxima edição da Feira Internacional de Turismo (Indústria) de Macau.

“O turismo é, sem dúvida, um dos elementos que mais nos une a Macau e que fortalece esta mútua relação e cooperação”, disse o responsável, que falou da aposta na formação na área com base na parceria já existente entre o Instituto de Formação Turística de Macau e a Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril.

Luís Araújo não deixou de falar do turismo chinês, que antes da pandemia, em 2019, gerou números anuais de 400 mil hóspedes em Portugal, com gastos de cerca de 25 milhões de euros. “Será muito importante que Portugal volte a estar nas escolhas diárias dos chineses. A nossa estratégia para os mercados da China e de Macau é crescer em valor, querer que quem nos visita permaneça mais tempo e nos conheça melhor”, disse. À margem desta sessão de promoção decorreram bolsas de contacto entre empresários.

20 Abr 2023

Turismo | Espanha é objectivo na promoção, mas Ásia constitui foco inicial

Helena de Senna Fernandes, responsável da Direcção dos Serviços de Turismo, quer apostar no mercado espanhol para promover o turismo de Macau, tendo reunido esta terça-feira com a Associação Portuguesa de Agências de Viagens e Turismo. Falando aos jornalistas a partir de Lisboa, a directora dos Serviços de Turismo diz estar satisfeita com os números do turismo e que o foco para atrair visitantes internacionais será feito, em primeiro lugar, na Ásia

 

Foi preciso esperar pelo anoitecer no Terreiro do Paço para ver, na noite desta terça-feira, mais um espectáculo de video-mapping sobre Macau nas fachadas dos edifícios históricos que compõem esta parte da cidade lisboeta. Em simultâneo, Helena de Senna Fernandes, responsável máxima pela Direcção dos Serviços de Turismo (DST) falou aos jornalistas sobre as grandes apostas na promoção turística que o Governo está a fazer na viagem a Lisboa, integrada na visita oficial de Ho Iat Seng, Chefe do Executivo, a Portugal.

Terça-feira, foi dia de a DST reunir com a Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT). A responsável garantiu que o mercado espanhol deverá ser a próxima aposta do Turismo de Macau na Europa.
“Existe a possibilidade de trabalharmos com o mercado espanhol através da APAVT, porque têm boas relações com as agências de viagens em Espanha.”

Helena de Senna Fernandes confirmou que foi feito um convite, por parte da APAVT, para Macau estar representada no congresso anual da associação, que decorre este ano. Por sua vez, a APAVT deverá estar presente na edição deste ano da Feira Internacional da Indústria de Turismo de Macau. “Estamos ainda em negociações, mas em princípio teremos um stand de Portugal na nossa feira”, disse Helena de Senna Fernandes.

A reabertura do escritório de representação em Lisboa, encerrado durante a pandemia, não está nos planos da DST. A promoção turística e os trabalhos de captação de turistas internacionais far-se-á no terreno com outras modalidades.

“Não estamos a pensar reabrir o escritório de representação em Lisboa. Hoje em dia, a maneira de fazer promoção turística é muito diferente do que era antigamente, pois actualmente temos mais meios digitais, temos as redes sociais. Vamos trabalhar com os órgãos de comunicação social para chegar directamente aos consumidores, e vamos trabalhar também com as agências de viagens.”

A ligação com a APAVT vai ajudar a DST “nas acções institucionais”. “No terreno temos de trabalhar mais com agências de viagens e órgãos de comunicação social”, frisou. Depois de uma série de acções promocionais no Interior da China e na Malásia, esta é a primeira apresentação de grandes dimensões que a DST faz em nome próprio fora da RAEM e depois de uma pandemia que afectou profundamente o território.

“Este é um passo muito importante para nós, e além de querermos chegar aos turistas portugueses vemos que passam aqui muitos turistas. Cruzámo-nos com turistas americanos, espanhóis e franceses, muitas pessoas que vêm de partes diferentes da Europa e com esta acção chegamos também a pessoas de fora de Portugal.”

Na Praça do Comércio apresenta-se um espectáculo de luzes que mostra, de forma artística, aquilo que Macau tem para oferecer a quem o visita. “Há uma parte do espectáculo que fala sobre o encontro de culturas entre o Oriente e Ocidente, outra que mostra as atracções de Macau, e revelam-se ainda partes do chamado ‘Turismo +’, com as áreas do desporto, cultura e convenções e exposições. O espectáculo termina com a estratégia “1+4″, ou seja, a nova estratégia do Governo. Queremos passar essas mensagens de uma forma criativa.”

Voos, precisam-se

O sector do turismo sofre com a falta de recursos humanos, mas os números de visitantes são animadores. “Neste momento os números são muito positivos. Além do período da Páscoa vemos que todos os dias entram em Macau cerca de 60 mil turistas, o que é um bom sinal, e nos fins-de-semana temos, às vezes, mais de 80 ou 90 mil pessoas. Estes números vão além das nossas expectativas em relação aos cálculos que fizemos no início do ano. É um passo positivo para seguir em frente”, disse Helena de Senna Fernandes, que assume serem necessários mais voos para captar mais visitantes.

“Estamos em negociações com algumas companhias aéreas, além da Air Macau, para ver como poderemos trabalhar mais em conjunto e ter mais voos para o território. Estamos a tentar chegar às companhias aéreas que trabalham com Hong Kong.”

“Neste momento não temos um número indicado de turistas internacionais [que pretendemos atingir]”, disse a responsável, quando questionada sobre a fasquia de cerca de dez por cento que ocupavam os visitantes de outros países no período pré-pandemia. “Precisamos de mais ligações internacionais, mas este não é apenas um fenómeno de Macau, acontece também em Hong Kong e em outros territórios. A recuperação no sector de aviação não tem sido rápida e isso deve-se a muitas razões, mas da nossa parte queremos sempre ter mais voos directos ou indirectos com ligação a Macau. Mas esse é um assunto que está fora das nossas mãos. Vamos tentar fazer o nosso trabalho, mas temos de esperar um pouco mais.”

Apesar da aposta no mercado ibérico, a DST quer focar-se primeiro na Ásia. “O foco do nosso trabalho está na Ásia, pois existem maiores possibilidades de termos um acesso directo [a estes mercados]. Podemos ter uma recuperação mais rápida [por essa via], e estamos a trabalhar na Coreia do Sul e vamos incrementar mais os trabalhos em Singapura, Japão, Malásia e Tailândia. É difícil trabalhar com tantos mercados porque não temos meios para chegar a tanta gente.”

Mais hotéis

Ho Iat Seng defendeu, na última sexta-feira, na Assembleia Legislativa, que são necessários mais hotéis de baixo custo em Macau, tendo apelado a trabalhos de renovação e adaptação por parte de algumas unidades hoteleiras mais antigas.

A directora da DST garantiu que se nota um interesse em investir nesta área. “Mesmo durante a pandemia vimos que abriram algumas unidades hoteleiras de baixo custo, de duas ou três estrelas. Temos recebido estes pedidos de licenciamento e, passo a passo, estamos a ter mais oferta [de quartos neste segmento]. Vemos que há interesse nesse sentido [em abrir mais hotéis de baixo custo]”, rematou.

 

Luís Herédia pede maior celeridade nos processos de blue card

Luís Herédia, presidente da Associação dos Hotéis de Macau, integra também a comitiva da Direcção dos Serviços de Turismo em Lisboa. Aos jornalistas, o responsável defendeu que é necessário acelerar o pedido de aprovação dos blue cards para que haja mais trabalhadores não residentes (TNR).

“[A situação laboral] está a fazer com que os TNR sejam colocados [no mercado de trabalho], mas o processo é muito demorado. Muitos dos trabalhadores que tínhamos em Macau, ao fim de três anos, têm o emprego e um salário, aguentaram-se [no território], mas pensam que está na altura de mudar e ir ver a família. Existem essas duas questões: a demora no tratamento dos processos e pessoas que decidem tentar outras oportunidades.”

Luís Herédia adiantou que “os negócios estão bastante melhores e isso é bom, porque, de um dia para o outro, enchemos os hotéis”. No entanto, “sente-se que existe um potencial e que não o conseguimos aproveitar”.

Ajuda dos operadores

Questionado sobre a vinda de mais turistas internacionais, Luís Herédia defende que o trabalho deve ser feito em parceria com operadores turísticos. “Há muita gente que quer voltar a Macau para perceber como estão as coisas, e esta visita vai ajudar nesse aspecto, pois faz-se uma retrospectiva do que já está a acontecer, que o território está aberto e [que é uma opção como destino turístico]. Mas [o sucesso desta estratégia] depende muito se os operadores de viagens apresentarem produtos que sejam atractivos.”

“Temos de mostrar o produto que temos lá, os casinos, a gastronomia e a parte cultural e do património, mas depois temos de trabalhar com os operadores. Poderia haver outros incentivos, de não ir apenas a Macau numa viagem ao Oriente, mas incluir-se mais destinos [num pacote de viagem]”, frisou.

Questionado sobre a última ideia deixada por Ho Iat Seng, no hemiciclo, sobre a possibilidade de criar o modelo “uma viagem, várias estadias”, Luís Herédia acredita que este poderia ser “um produto diferenciador”.

“Não sei como isso vai ser feito, mas há muitas vozes a manifestarem essa vontade, de uma chegada à Grande Baía que facilite os acessos a outras regiões e à China. Sem dúvida que seria um incentivo muito grande. Parece que há vontade e é importante ir falando sobre estes projectos. Não basta estarmos aqui a promover [o turismo no território], mas é importante também captar investimento. Acredito que se vão dando alguns passos, e penso que vamos chegar a uma situação mais concreta.”

Ainda sobre o aumento dos turistas internacionais, um dos grandes objectivos do Governo com esta viagem, Luís Herédia alerta para a necessidade de “melhorar a situação dos transportes locais e aéreos, bem como dos serviços”. “Devemos apostar na formação e estarmos preparados pois, nesse aspecto, é necessário um trabalho mais profundo”, concluiu.

20 Abr 2023

Câmara Municipal de Lisboa cedeu espaço para exposição de Macau

A Direcção dos Serviços de Turismo (DST) assegurou ao HM que a mostra “Sentir Macau, Sem Limites – Exposição de Macau em Lisboa” foi feita sem cobrança de qualquer valor por parte da Câmara Municipal de Lisboa.

“A organização da exposição e exibição do vídeo mapping na emblemática Praça do Comércio foram possíveis graças ao forte apoio da Câmara Municipal de Lisboa. A utilização da Praça do Comércio para a realização da promoção não acarretou honorários, dado tratar-se da cedência de um espaço público”, foi dito, em resposta escrita.

A DST não adiantou, contudo, qual o valor do orçamento global para a iniciativa “Sentir Macau Sem Limites – Promoção de Macau em Lisboa” que inclui, além da exposição no Terreiro do Paço, espectáculos nocturnos de video-mapping diários até sábado e sessões de promoção turística com uma forte componente empresarial.

Esta delegação de empresários, chefiada pela DST, contém “representantes das principais associações da indústria do turismo e das maiores operadoras de turismo e lazer integrado de Macau”. O ponto alto da agenda em Lisboa acontece hoje, com a realização da Sessão de Promoção Económica, Comercial e Turística em Lisboa.

Trata-se de um evento que decorrerá da parte da tarde [hora de Lisboa] organizado pelo Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau. Neste evento serão reveladas “as novidades da oferta de Macau”, prevendo-se a realização de “contactos com homólogos portugueses do sector turístico”. “Também está programada uma visita de familiarização aos recursos turísticos na grande Lisboa, entre outros”, acrescenta a DST na sua resposta.

Em sintonia

Recorde-se que, em plena pandemia, a DST decidiu fechar a representação que tinha em Lisboa, chefiada então por Paula Machado, passando a Delegação Económica e Comercial de Macau em Lisboa a funcionar sem esta componente de promoção turística. Questionada sobre uma eventual reabertura dos escritórios em Lisboa, a DST promete “avaliar continuamente a evolução dos fluxos de visitantes da Europa, Portugal e outros mercados, enquanto prossegue com a promoção dos destaques do destino através das redes sociais e outros canais”.

“Os esforços promocionais presenciais serão fortalecidos em sintonia com a resposta dos mercados ao reforço dos transportes e infraestruturas auxiliares para ligações de longo curso a partir de Macau”, disse ainda a entidade.

18 Abr 2023

António Trindade, CEO da CESL-Ásia, comenta visita de Ho Iat Seng a Portugal: “Esta amizade secular está pouco aproveitada”

Assume que a CESL-Ásia já é uma “empresa da plataforma” pela sua presença em Portugal, com o projecto de agro-pecuária do Monte do Pasto, mas António Trindade espera ver definido um plano de acção concreto para esta área na visita de Ho Iat Seng, Chefe do Executivo, a Portugal. Falámos com o empresário antes da visita à AICEP, em Lisboa

 

É um dos empresários integrantes da comitiva que acompanha a viagem de Ho Iat Seng. O que poderá sair desta visita em termos concretos?

Estou com alguma expectativa. Temos várias actividades empresariais, mas o mais importante são as visitas do Chefe do Executivo que ainda não conhecemos e o teor das discussões que vão existir com os altos representantes do Governo português. A esperança é que se possa, pelo menos, saber quais são os avanços na construção da plataforma, da qual se fala há mais de uma década e que não tem expressão prática na vertente económica. Temos [CESL-Ásia] investimentos em Portugal e pensamos que as oportunidades são muito grandes, mas veremos se há avanços concretos a esse nível.

Quais as medidas que, a curto prazo, poderiam ser adoptadas para esse avanço?

Temos as questões do acesso ao mercado chinês, da logística aérea. As questões da logística marítima estão mais ou menos coordenadas, mas claramente em relação à logística aérea há faltas muito grandes para que exista uma plataforma. Temos ainda a questão financeira, que não nos afecta muito [à CESL-Ásia], porque temos já uma boa presença em Portugal, mas quando são projectos de Portugal fazemo-los em Portugal, quando são na China, temos de os fazer na China. Não há instituições e serviços financeiros [em Macau] para fazer esse trabalho. São necessárias conversações com o Governo Central e com Portugal para instituir a tal plataforma, uma alternativa ao que já existe. Caso contrário, as empresas vão para Hong Kong ou para o Luxemburgo, não faz sentido nenhum. Nas relações que temos com entidades chinesas e o Governo português nota-se que há muita vontade e até alguma surpresa face ao potencial que existe, porque Portugal tem uma posição única nos países emergentes. As empresas alemãs, por exemplo, vão para Portugal para irem para os países emergentes. A plataforma de Macau faz todo o sentido e tem viabilidade económica. Como se fizeram as concessões de jogo, tem de haver concessões sobre estas relações económicas especiais e não me parece que seja difícil constituir isso porque há vontade e interesse óbvio da China e de Portugal na plataforma de Macau.

Mas como funcionariam, na prática, estas concessões no contexto da plataforma?

Têm de se instituir e tem de se definir como vão ser estabelecidas e como serão atraídas as pessoas. São necessárias empresas com maior desenvoltura para poderem servir o mercado da Grande Baía. É isso que o Governo tem dito em relação aos casinos, que as novas concessões devem ir no sentido de apoiar a diversificação económica.

Tem de haver um plano estratégico para a plataforma que considera ainda não existir.

Claro. Porque é que são dados contratos a empresas chinesas que não são de Macau, por exemplo? Como é que a economia local se desenvolve? As empresas de Macau fazem só um determinado contrato? Há alguma complexidade [neste campo] e é algo difícil de fazer. Podem ser estabelecidas parcerias, mas [esse plano estratégico] tem claramente de ser feito. A CESL-Ásia cresceu sem ter grandes apoios ou direcção e temo-nos desenvolvido bem. Mas para que a nossa empresa, e outras, de Macau, tenham outra dimensão, é preciso que haja capacidade de desenvolver recursos. Por exemplo, fala-se muito do mercado das obrigações em Macau. Mas alguma vez se viram obrigações e investimentos para a plataforma, para desenvolver a economia da Grande Baía, para as relações com a lusofonia? Não se vê isso.

Na sexta-feira, quando foi ao hemiciclo, Ho Iat Seng falou precisamente sobre a expansão do mercado de obrigações, mas apresentou um discurso de prudência.

O mercado de obrigações é gerido pelo Governo de Macau e penso que tem toda a razão, a prudência deve ser mais do que muita. Mas pretende-se desenvolver esse mercado para a lusofonia e plataforma, e não para Macau. Esse mercado deve servir as empresas da Grande Baía, para que se atraia capital e para que se possa servir uma economia nova. Não é isso que está a acontecer. Pode-se desenvolver o mercado de obrigações com Portugal e não com o Luxemburgo ou Hong Kong. Fala-se que o mercado do Luxemburgo é mais desenvolvido, mas percebi que, fiscalmente, é mais eficiente fazê-lo directamente de Macau para Portugal. É tudo mais caro e complicado [pela via Luxemburgo], então porque não se faz directamente com Portugal? É só fazer com que as entidades financeiras portuguesas, chinesas de Macau se sentem à mesa e se possa estabelecer uma nova infra-estrutura. Mesmo as empresas chinesas que investem em Portugal não o fazem na perspectiva da plataforma, pois [esses investimentos] são marginais, feitos através do Luxemburgo, Madrid ou Hong Kong, e nunca através de Macau.

Que temas foram abordados pela CESL-Ásia na reunião com a AICEP?

Não levámos temas nenhuns em específico. Já estamos em Portugal e somos, verdadeiramente, uma empresa dessa plataforma comercial. Não vimos à descoberta de nada e queremos apenas apoiar o desenvolvimento da plataforma.

O modelo de funcionamento da AICEP, nomeadamente em Macau, tem funcionado?

O que está por construir é esta amizade secular [entre Portugal e China] que tem um enorme potencial e está muito pouco aproveitada. Existem complementaridades óbvias, pois a China é um país exportador, industrializado, e Portugal é um país de serviços, e pode fazer como faz, por exemplo, a Volkswagen, que tem no país a Auto-Europa, são importadas peças e depois saem carros construídos. Pode ser feito o mesmo com a China através de Macau. Se os alemães fazem, porque não faz a China? Mas a escolha das empresas chinesas tem sido o Luxemburgo porque a plataforma em Macau não existe, mas pode existir, se se sentarem e o fizerem.

Esta visita tem um significado político e económico, pois Portugal é o primeiro país numa visita de Ho Iat Seng à Europa no pós-pandemia.

Não vou comentar política, não é a minha área. É, claramente, uma visita com um pendor económico muito grande. Há um enorme potencial, pois a China é claramente a segunda economia mundial, Portugal tem uma relação como nenhum país tem. A Alemanha, os EUA e a França são países concorrentes comerciais e tecnológicos com a China, mas Portugal é um prestador de serviços.

Jorge Valente: “Desta vez, a diversificação da economia de Macau é a sério”

O empresário macaense Jorge Valente falou com o HM após a reunião com o AICEP. Diz ser tempo de Macau “recuperar o tempo perdido” e, em Lisboa, apresentar as oportunidades existentes”. “Esta visita tem o foco na economia e o primeiro passo será anunciar que estamos de novo com as fronteiras abertas e que queremos não apenas recuperar o tempo perdido como economicamente ir para uma [posição] melhor”, assegurou Valente, para quem o segundo passo é “explicar que, desta vez, a diversificação da economia de Macau é a sério”. Deve, por isso, ser feita “a propaganda de Hengqin e da Grande Baía, explicando os detalhes [dos projectos]”. Na última fase, da execução, cabe mostrar que “a plataforma entre a China e os países de língua portuguesa está renovada com sangue novo e com renovado interesse por parte das empresas chinesas”. “É provável que venha a existir um enorme crescimento a curto prazo. Da parte dos países de língua portuguesa, parece há uma maior consciência de que se pode aproveitar a plataforma e nota-se um esforço desde a reabertura [da economia]”, frisou.

Lista de representantes de Macau inclui áreas de saúde, banca, cultura e negócios entre outras

António Trindade é um dos integrantes de uma comitiva de empresários bem representativa dos negócios e interesses locais, sem esquecer Hengqin. Além de Vincent U, presidente do Instituto de Promoção do Comércio e Investimento de Macau, constam nomes como os de Frederico Ma, presidente da Associação Comercial de Macau, Fong Son Kin, presidente da Associação Industrial, Kevin Ho, presidente da Associação Industrial e Comercial de Macau e ainda Carlos Álvares, CEO do BNU que está presente na qualidade de presidente da delegação de Macau da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa. Destaque ainda para os nomes dos macaenses António José de Freitas, provedor da Santa Casa da Misericórdia, e Jorge Valente, empresário e presidente da Associação Sino-Lusófona da Indústria e Promoção de Intercâmbio Cultural. De salientar também a presença de representantes da Nam Kwong, da Air Macau e Hovione Macau, entre outras empresas. Em representação da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Henqgin surge uma lista de sete personalidades, onde se inclui o nome Nie Xinping, coordenador adjunto da comissão executiva da Zona e António Lei, director da Direcção dos Serviços de Desenvolvimento Económico da Zona. O programa dos empresários arrancou na segunda-feira às 16h [hora de Lisboa] com uma visita à Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP). Ontem, foi dia de visitar a Quinta da Marmeleira, em Alenquer, um projecto de produção vinícola de um empresário chinês de Macau, Wu Zhiwei. Decorreram também reuniões com responsáveis do grupo Luz Saúde, um dos mais importantes do sector de saúde privado em Portugal, e com o grupo Sovena, ligado à área agrícola. Hoje, os empresários começam o dia com uma ida à Unicorn Factory [Fábrica de Unicórnios], em Lisboa, sendo o programa complementado com encontros, realizados amanhã, com a Fundação Champalimaud, a farmacêutica Hovione e o projecto de economia marítima “Nautical Portugal”. Sexta-feira, já no Porto, os empresários vão conhecer de perto a Corticeira Amorim e a Quinta da Boeira, outro projecto vinícola. De frisar que há mais duas visitas agendadas que não constam do programa oficial do IPIM, nomeadamente a de Ambrose So que reuniu com o ministro do Ambiente e Acção Climática, Duarte Cordeiro, na qualidade de director-geral da Clean Energy Forum. Na quinta-feira a empresária Daisy Ho, líder da Sociedade de Jogos de Macau Resorts irá ser recebida pelo ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, noticiou a TDM Rádio Macau. O HM contactou o Ministério do Ambiente no sentido de saber as principais conclusões do encontro com Ambrose So, mas o gabinete do Ministro Duarte Cordeiro recusou prestar qualquer declaração.

18 Abr 2023

BD | Livro sobre II Raide Macau-Lisboa apresentado na Fundação Casa de Macau

Estávamos em 1990 quando um grupo de dez homens, muitos deles residentes em Macau, decidiram meter-se em jipes e fazer um longo percurso terrestre de Macau a Lisboa. As aventuras vividas durante 50 dias, e ao longo dos 22 quilómetros de viagem, estão agora contadas em banda desenhada na obra “II Raide Macau-Lisboa: Da China a Portugal pela Rota Proibida”. A apresentação decorreu na sexta-feira na Fundação Casa de Macau

 

A Fundação Casa de Macau (FCM) acolheu a apresentação, na última sexta-feira, da banda desenhada sobre o II Raide Macau-Lisboa, uma obra intitulada “II Raide Macau-Lisboa: Da China a Portugal pela Rota Proibida” e lançada, no final do ano passado, no Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora, o Amadora BD. Esta foi uma viagem realizada em 1990 em que dez participantes, grande parte residentes em Macau, realizaram 22 mil quilómetros de jipe em 50 dias. O guião da banda desenhada esteve a cargo de Marco Fraga, enquanto Filipe Lopes fez as ilustrações.

António Calado, antigo professor de educação física, foi um dos integrantes da expedição, assumindo ser o “pai” do raide. Andava ele fascinado pelo Paris-Dakar quando, pouco tempo depois de chegar a Macau com a família, ouviu as histórias do primeiro raide realizado entre o território e Lisboa. Aí, surgiu a ideia de fazer uma segunda aventura, mas com um percurso diferente. Um dos primeiros encontros entre os tripulantes da viagem aconteceu no restaurante Fernando, na praia de Hac-Sá, momento retratado na banda desenhada.

“Inicialmente queríamos ir pela Mongólia, mas não conseguimos as autorizações. Fizemos então um trajecto bem mais rico. Saímos de Macau em direcção a Pequim, descemos até Xi’an, entrámos pelo deserto do Gobi, e depois fomos até Khorgos, perto da fronteira com o Cazaquistão. Atravessámos o Mar Cáspio de ferry e desembarcámos na Arménia, que estava em estado de sítio. Fizemos a viagem toda numa noite, com controlos de estrada, depois entrámos na Geórgia, subimos o Cáucaso e chegámos a Moscovo.”

Ver a Perestroika

A equipa fica alguns dias na capital russa devido à burocracia com os vistos de dois participantes russos que integravam a comitiva, Igor Lomakin e Sergei Moizeev, ambos jornalistas da Rádio Moscovo. A participação tinha acontecido graças a um amigo em comum que trabalhava nos serviços de economia.

Em Moscovo, enfrentam os tumultos políticos e sociais que então se viviam graças à Perestroika. “Apanhámos com manifestações e filas de pessoas para comprarem produtos como pão ou vodka”, recorda António Calado.

O grupo atravessou dois desertos, nomeadamente o de Gobi e o de Karakum, no Turquemenistão, mas enfrentar temperaturas de 50 graus nem foi o mais difícil. Pelo meio houve muitas peripécias, incluindo algumas mais descontraídas, como quando a equipa foi convidada a andar de camelo no Gobi e alguns caíram na areia.

O projecto, bilingue, foi financiado pelos autores, contou com apoios da Fundação Oriente e da Associação Tentáculo, a que está ligado Filipe Lopes, que, para realizar este trabalho, se baseou nas histórias contadas por quem as viveu, bem como vídeos e fotografias. Joaquim Correia, antigo bibliotecário da Universidade de Macau, recorda uma viagem que serviu para unir povos diferentes e do lado singular desta obra. “Não há nenhuma publicação que conte uma história como esta em banda desenhada”, defendeu. A obra já se encontra à venda nas livrarias em Portugal, estando prevista uma edição em outros idiomas, nomeadamente inglês e russo, com a inclusão de fotografias e relatos diários da viagem.

17 Abr 2023

Hengqin | Investimento depende da banca, diz Chefe do Executivo

Ho Iat Seng, Chefe do Executivo, declarou na sexta-feira que “a responsabilidade principal [sobre o investimento na Zona de Cooperação Aprofundada de Macau e Guangdong em Hengqin] recai no sector bancário”.

“Da nossa parte temos de comunicar bem com o sector financeiro, em conjunto com o governo de Hengqin, Guangdong e com a Associação dos Bancos de Macau. A associação tem esta responsabilidade de proceder aos trabalhos de organização [do investimento e financiamento], emitindo orientações e directivas”, concluiu.

17 Abr 2023

Visita a Portugal | “Zona de Cooperação é algo novo” para o país

Ho Iat Seng falou, na última sexta-feira, de alguns objectivos a atingir com a visita a Portugal, que começa amanhã. “Queremos que vários sectores [económicos] de Portugal possam perceber ou compreender quais as oportunidades de investimento para os países lusófonos. Vamos ter esta visita porque a Zona de Cooperação de Macau e Guangdong em Hengqin é nova para Portugal. Iremos ter representantes de empresas para podermos desenvolver as nossas funções e para que Portugal saiba quais são as oportunidades de desenvolvimento. Vamos convidar empresários portugueses para participar numa exposição que vamos realizar”, disse. Até ao fecho desta edição não foi ainda divulgada a agenda oficial cumprida pela delegação chefiada pelo Chefe do Executivo nas cidades de Lisboa e Porto.

O HM confirmou junto do Grupo Delta que a visita pensada para a fábrica de café em Campo Maior, e para a qual chegaram a ser feitos contactos por parte das autoridades de Macau, já não será realizada por motivos de agenda.

17 Abr 2023