IIM | Lançado livro sobre comendador Arnaldo de Oliveira Sales

Foi lançado, esta segunda-feira, o livro “Comendador Arnaldo de Oliveira Sales (1920-2020)” sobre esta importante figura da diáspora macaense, e que conta com contributos de Pedro Catarino, José Eduardo Garcia Leandro, José Luís de Sales Marques, Clube Lusitano de Hong Kong e prefácio de Jorge Rangel

 

Falecido em Março de 2020 com 100 anos de idade, o comendador Arnaldo de Oliveira Sales, conhecida figura da diáspora macaense e da comunidade portuguesa de Hong Kong tem agora um livro que recorda o seu percurso. Lançado pelo Instituto Internacional de Macau (IIM) esta segunda-feira, “Comendador Arnaldo de Oliveira Sales (1920-2020)”, conta com testemunhos de pessoas que com ele conviveram de forma próxima, nomeadamente José Sales Marques, seu familiar, ou o antigo governador de Macau Garcia Leandro. A obra conta ainda com contributos de Pedro Catarino, diplomata português, e do Clube Lusitano de Hong Kong, tendo ainda prefácio do próprio presidente do IIM, Jorge Rangel.

Nascido em 1920 em Cantão, Oliveira Sales foi o primeiro presidente do Conselho Urbano de Hong Kong (um conselho municipal responsável pelos serviços municipais na ilha de Hong Kong e em Kowloon), em 1973, tendo sido ainda um dos fundadores da Federação Desportiva e do Comité Olímpico de Hong Kong, e presidente desta instituição em 1972, durante os Jogos Olímpicos de Munique.

Ao HM, José Sales Marques destaca o papel que Oliveira Sales teve quando presidiu à Câmara Municipal do Leal Senado. “Posso dizer que ele me inspirou em muitos aspectos no trabalho que desenvolvi no Leal Senado, particularmente em relação às questões da cultura. Fez-me sentir a importância de tratar e acompanhar a questão da cultura. Por isso é que nos meus tempos no Leal Senado nunca deixei de ter esta área sob minha directa responsabilidade.”

Arnaldo Sales era primo direito da mãe de Sales Marques. “Conheci-o já numa fase diferente. Ele era um homem muito ocupado e muitas vezes ouvíamos dizer que ele vinha a Macau falar com os governadores. Comecei a ter uma relação mais próxima com ele a partir do momento em que fui para o Leal Senado.”

O economista macaense recorda que, em 1993, quando passou a assumir as funções de presidente da câmara, o território tinha um problema com a gestão do lixo, tendo Oliveira Sales dando algumas sugestões a Sales Marques para o solucionar.

“Ele foi presidente do Conselho das Comunidades Macaenses e teve também um papel importantíssimo no lançamento dos encontros dos macaenses, incluindo na questão de procurar obter a maior unidade possível entre as diversas Casas de Macau. Punha a sua autoridade para de facto fazer sentir às pessoas a importância da nossa comunidade como um todo”, lembrou.

Relações próximas com Macau

O HM contactou Garcia Leandro para perceber que contributo deu para este livro, mas até ao fecho desta edição não foi obtida uma resposta. No entanto, no livro “Macau nos anos da Revolução portuguesa: 1974-1979”, o antigo governador português do território dedica um capítulo a Oliveira Sales, que aponta como sendo uma “figura notável” e uma “personagem carismática e fascinante”, que permitiu “um excelente elo de ligação a Hong Kong”.

“Foi das pessoas que mais me impressionaram em toda a vida”, escreveu Garcia Leandro, que o descreveu também com sendo um “homem complexo, orgulhoso, hábil e eficiente, um excelente gestor que muito honrou Portugal, tendo recusado todos os convites para aceitar a cidadania britânica”.

Uma vez que Oliveira Sales foi presidente, durante três mandatos, do Urban Council de Hong Kong, nesse período “as relações de Hong Kong com Macau foram muito reforçadas”, recordou Garcia Leandro.

Aquando da sua morte, a Federação Desportiva e Comité Olímpico de Hong Kong recordou que “sob a sua presidência de 1967 a 1998, os atletas de Hong Kong foram ganhando reconhecimento gradualmente em muitas competições multidesportivas internacionais, como os Jogos da Commonwealth, os Jogos Olímpicos e os Jogos Asiáticos”. “Com a sua visão e o máximo esforço, Hong Kong permaneceu como uma entidade desportiva separada após a passagem da soberania”, do território do Reino Unido para a China, enfatizou a organização.

“O seu trabalho como presidente do Conselho Urbano, Membro da Autoridade de Habitação, Comité Consultivo de Direito Básico de Hong Kong e outros serviços públicos foi amplamente reconhecido pelos governos de Hong Kong e por várias organizações. A sua morte é uma grande perda para o desporto e para a comunidade local”, acrescentou aquela organização.

O Presidente da República portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, lamentou também a morte do comendador e recordou “uma das figuras mais relevantes da comunidade macaense e portuguesa” em Hong Kong.

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