Obrigações | Governo viaja até ao Luxemburgo

Ho Iat Seng garantiu, em resposta a uma intervenção do deputado Si Ka Lon, que irá ao Luxemburgo para estudar o mercado de obrigações com o secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong. A ideia é “discutir” e “falar” sobre a emissão de obrigações em mercados secundários.

“Não podemos abusar da emissão de obrigações. Temos de trabalhar com prudência. Podemos emitir muitas obrigações, mas será que seremos capazes de restituir ou devolver todo o montante? Não será bom se emitirmos meramente obrigações sem mercados secundários. Graças ao apoio do Interior da China conseguimos realizar a primeira emissão, mas temos ainda de aperfeiçoar o sistema.”

Relativamente ao quadro regulatório, o Chefe do Executivo adiantou que “pretendemos ter uma gestão muito rigorosa, mas, ao mesmo tempo, que exista um ambiente flexível sem muitas limitações”. “Estamos a analisar mercados bolsistas, o modelo de emissão de obrigações e as leis em vigor”, concluiu.

17 Abr 2023

Previdência Central | Sete mil patacas nas contas só com saldo de 300 milhões

Ho Iat Seng assegurou que a injecção de sete mil patacas nas contas individuais dos residentes do Fundo de Previdência Central só será uma realidade com um saldo orçamental de 300 milhões de patacas.

“Temos cerca de 400 mil beneficiários que não são apenas idosos, e essa comparticipação extraordinária implica cerca de 200 milhões de patacas [no orçamento]. No próximo ano, quando elaborarmos o nosso orçamento, veremos se conseguimos chegar a um equilíbrio orçamental, e aí poderemos ponderar. Sem um saldo de, pelo menos, 300 milhões, não poderemos avançar com essa contribuição.”

De fora fica, para já, a possibilidade de recorrer à Reserva Financeira para pagar este apoio. “Não vamos esgotar a nossa Reserva Financeira. Temos de ter a premissa de ter um saldo orçamental que nos permita avançar com essa verba. Somando todos os apoios, os idosos podem receber cerca de cinco mil patacas por mês. Caso seja necessário temos outros programas de apoio”, disse.

17 Abr 2023

Cheques pecuniários | Pagamento arranca em Julho

O Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, garantiu no hemiciclo que o esquema de comparticipação pecuniária voltará este ano ao modelo habitual que vigorava antes da pandemia, começando os pagamentos a ser feitos em Julho.

“Esse montante [gasto nos cheques] está contemplado no orçamento para este ano e o subsídio de oito mil patacas termina em Junho. O regulamento administrativo foi submetido, há dias, à análise do Conselho Executivo e será publicado na próxima semana. Penso que não poderemos começar a distribuir os cheques antes de Julho, não podemos acelerar os trabalhos”, concluiu.

De frisar que os cheques para os residentes permanentes mantêm-se no valor de dez mil patacas, enquanto os cheques para os residentes não permanentes serão de seis mil patacas.

17 Abr 2023

Grande Baía | Governo pondera modelo “uma viagem, várias estadias”

Ho Iat Seng falou aos deputados, na sexta-feira, da possibilidade de vir a ser adoptado o modelo “uma viagem, várias estadias” nas cidades que compõem a Grande Baía. O governante lembrou ainda que passaram apenas três meses desde o fim das restrições relacionadas com a pandemia e que é necessário “mais tempo” para que as medidas do Executivo surtam efeito na captação de mais turistas. “Temos de recuperar a confiança dos turistas e temos de fazer uma maior ligação com as cidades da Grande Baía. Estamos a trabalhar num modelo de uma viagem, várias estadias.”

Ho Iat Seng admitiu que o aumento dos turistas de fora da China continua a ser difícil. “O nosso aeroporto tem falta de capacidade de acolhimento e isso é um grande entrave para que possamos ter mais voos internacionais. Tivemos um atraso em termos de recursos humanos no aeroporto e estamos a envidar esforços para incrementar o turismo internacional. O Governo tem injectado muitos recursos nesta área para atrair mais turistas e temos feito acções promocionais com visitas dos media da Coreia do Sul, Tailândia e Malásia, com pacotes de oferta para turistas”, adiantou.

17 Abr 2023

Economia | Ho Iat Seng admite lançamento de novo cartão de consumo

Salários que não acompanham a inflação, maior taxa de desemprego e falta de recursos humanos. Ho Iat Seng, Chefe do Executivo, admitiu que o fim das restrições “pôs a descoberto as fragilidades” do sector económico e pediu mais tempo, pois a recuperação só agora está a começar

 

Os residentes de Macau podem usufruir de uma nova ronda de cartão de consumo electrónico no futuro. A possibilidade foi levantada por Ho Iat Seng na sessão plenária de sexta-feira, em que o Chefe do Executivo respondeu a questões dos deputados.

Pereira Coutinho deu conta desse desejo da população. “Deparei-me com muitas solicitações na sociedade, é uma aspiração forte”, indicou o deputado sobre a antecipação da distribuição do cheque pecuniário e de uma nova ronda de cartão de consumo.

Ho Iat Seng revelou que o Governo está a analisar a possibilidade de lançar mais uma ronda de cartão de consumo, ressalvando a necessidade de cumprir os trâmites legais. “Estamos a analisar a hipótese. Depois da pandemia, ainda estamos meramente no início da recuperação. Mas a vida está mais cara. Para actualizar montantes temos de apresentar as nossas propostas à Assembleia Legislativa”, indicou Ho Iat Seng.

A economia de Macau parece ter voltado gradualmente à normalidade desde que, em Janeiro, o Governo decidiu eliminar as restrições no contexto da pandemia. No entanto, dois dos quatro deputados da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) que se sentam na Assembleia Legislativa (AL), Ella Lei e Leong Sun Iok, falaram dos salários que não conseguem acompanhar a inflação, entre outras problemáticas.

“Os salários estiveram congelados durante três anos, o rendimento médio de vários sectores, como os da hotelaria e do imobiliário, entre outros, reduziu-se em duas mil patacas, enquanto no sector da construção a redução foi de cerca de mil patacas. Não é de estranhar que os residentes estejam atentos à antecipação da comparticipação pecuniária. Os salários reais dos trabalhadores diminuíram significativamente e estes sofrem com a inflação”, acusou Ella Lei, ligada à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM).

José Pereira Coutinho lembrou que há muitas pessoas a fazerem compras do lado de lá da fronteira, sendo necessário aumentar os montantes dos apoios sociais, enquanto Leong Sun Iok, também ligado à FAOM, mencionou também a inflação, o “preço elevado dos combustíveis” e as “dificuldades em encontrar trabalho”, pois existem “vagas com salários baixos”.

O Chefe do Executivo admitiu que “a reabertura da economia pôs a descoberto as nossas fragilidades”, pedindo mais tempo aos deputados. Afinal de contas, “temos de ter em conta que estamos apenas no início da recuperação [económica] após a pandemia”. Sobre o pedido de aumento de apoios, Ho Iat Seng respondeu que “se o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) atingir os três por cento vamos actualizar os montantes dos apoios”.

“Houve uma redução de rendimentos devido à pandemia, mas vemos que o nível médio vai aumentar novamente”, disse.

Sem medidas

Sem avançar com medidas concretas, Ho Iat Seng lembrou que, no ano passado, o Governo ajudou 6.288 residentes a encontrar trabalho, um número que “tem vindo a aumentar”. O responsável lembrou que o Governo não pode obrigar os locais a aceitarem trabalhos que considerem não ser adequados.

“Vemos que nas feiras de emprego houve postos de trabalho que não foram preenchidos. Há uma grande diversidade de ramos de actividade que precisam de trabalhadores, mas não podemos uma pessoa obrigar a aceitar uma vaga. Temos de estabelecer uma correspondência entre a oferta de vagas e os candidatos. Esperamos uma descida da taxa de desemprego no futuro. No passado, nos melhores tempos, tínhamos uma taxa de 1,7 por cento, e notamos uma descida na procura por emprego nos dados da Conta Única.”

Ho Iat Seng frisou também que, nos anos de pandemia, “não houve muita procura de emprego além de trabalhos ligados às áreas da segurança e limpeza, mas nos últimos meses tem havido um maior número de ofertas em outras áreas, como a hotelaria”. “Há muitos hotéis que, por falta de trabalhadores, não abrem quartos [aos hóspedes] Há falta de mão-de-obra e o Governo está a monitorizar esses dados. Esperamos que as dificuldades de quem precisa de emprego possam ser resolvidas”, rematou.

17 Abr 2023

“Sentir Macau” | Entre matar saudades e descobrir uma cidade longínqua

Foi inaugurada no sábado, no Terreiro do Paço, a mostra “Sentir Macau Sem Limites – Exposição de Macau em Lisboa”, composta por vários stands representativos do IPIM, Serviços de Turismo e das seis concessionárias de jogo. Muitos dos visitantes, turistas e cidadãos portugueses, revelaram curiosidade em conhecer o território, enquanto alguns macaenses mataram saudades

 

Com o brilho do rio Tejo ao fundo, perto do Cais das Colunas, a mostra “Sentir Macau Sem Limites – Exposição de Macau em Lisboa” começou a receber os primeiros visitantes e curiosos no Terreiro do Paço, na capital lisboeta. Integrada no programa oficial da visita de Ho Iat Seng, Chefe do Executivo da RAEM, a Portugal, a exposição integra a presença das seis concessionárias de jogo que se fazem representar em stands, incluindo a própria Direcção dos Serviços de Turismo (DST) e o Instituto de Promoção do Comércio e Investimento de Macau (IPIM).

Quem passa no Terreiro do Paço tem acesso a informações sobre as principais festividades de Macau, os pratos típicos, como o minchi, ou os casinos, que acabam por assumir um papel de destaque. Não faltam ainda oportunidades para tirar fotografias – no stand do MGM, por exemplo, é possível bater no tambor que habitualmente é usado nas tradicionais danças do leão.

Sofia é portuguesa e acaba de sair do pavilhão da DST acompanhada pela família quando é abordada pelo HM. Nunca foi a Macau, mas confessa sentir “curiosidade”. “Gostamos muito de viajar e por acaso nunca nos aventurámos para a Ásia, acho que seria interessante ir. É um território não muito grande, mas que tem uma grande diversidade cultural, e mesmo ao nível da comida. Gostamos muito de provar comidas diferentes e parece muito interessante. Penso ser uma cidade muito cosmopolita com a junção de várias culturas.”

Jim, norte-americano, faz-se acompanhar dos pais, esposa e filha. Viajaram directamente dos Estados Unidos para Lisboa e conversaram com o HM pouco tempo depois de terem chegado à mostra. “Apenas sabemos que Macau era uma colónia portuguesa e vamos agora ver a informação que está disponível nesta exposição.” Ir a Macau é, para já, uma ideia longínqua. “Nunca pensei muito nisso [em visitar Macau]. Estou a viajar dos Estados Unidos, provavelmente é uma viagem que tão cedo não farei devido ao longo tempo que demoro a chegar lá.”

Quando questionado se vale mais a pena ir visitar Las Vegas, o pai de Jim, Dan, responde de imediato: “Sem dúvida!”. “Las Vegas tem os mesmos casinos que Macau. Temos a Wynn Resorts, a Venetian. Sem dúvida que me iria sentir mais confortável no meu próprio país, mas não jogo. Estivemos em Las Vegas há uns anos para participar numa conferência e não jogámos”, conta.

Tammy, a esposa de Dan, diz que Macau “é uma cidade bonita” pelo pouco que conheceu das histórias contadas de um vizinho que visitou o território.

Matar saudades

Para quem viveu em Macau é fácil chegar ao Terreiro do Paço e esboçar um sorriso de reconhecimento imediato de algo familiar que está distante e não se desprega da pele. Foi o que aconteceu com as macaenses Sofia Marques da Silva e Dora Lameiras, que foram matar saudades de um território que conhecem muito bem e de onde saíram há bastante tempo. No caso de Dora, foi há 18 anos que saiu do território.

“Acho que a exposição não faz inteiramente jus aquilo que Macau é. O jogo tem, efectivamente, ganho muito terreno em Macau, mas acho que existe muito além disso. Gostamos mais das zonas antigas”, disse Dora. Para Sofia, a exposição está “engraçada”. “É óptimo poder vir aqui matar saudades e ver aquilo que a exposição traz, estávamos curiosas em relação a isso.”

Questionada sobre a visita de Ho Iat Seng a Portugal, Sofia frisou ser “importante continuar esta ligação”. “Trata-se de uma cultura tão rica, com a culinária por exemplo, com tantas coisas que devem ser preservadas, que é importante manter esta relação frutífera de tantos anos”, acrescentou.

“Um começo”

Em frente ao pavilhão da Galaxy conversámos com Victor Lau, da área de vendas em hotelaria e lazer do grupo. “É uma honra estarmos em Portugal e sem dúvida que a nossa direcção futura é o mercado internacional. Claro que Portugal é um dos mercados internacionais inserido nos nossos objectivos, uma vez que os portugueses mantêm uma forte ligação com Macau. Acreditamos que o primeiro foco em prol do mercado internacional será Portugal.”

Atrair turistas internacionais é um dos objectivos das novas concessões de jogo. Victor Lau assume que as acções promocionais que têm sido feitas são apenas “um começo”, embora seja “uma grande oportunidade” tentar atrair mais turistas internacionais para os casinos de Macau depois da pandemia.

Na lista dos meramente curiosos está Andrea Lima, que gostava de viajar até Macau. “Tenho curiosidade em visitar por ter sido uma colónia portuguesa muito recentemente na história. Há amigos da escola da minha filha que são de Macau e então temos curiosidade em conhecer.”

O companheiro, Adriano Moutinho, preferia ver as diferenças em Macau no pós-1999. “Gostava de ver, justamente, essa transição entre o ter sido um território português e ser agora chinês, ver como é hoje a realidade cultural dentro da comunidade chinesa. Tudo o que é oriental desperta sempre uma grande curiosidade”, concluiu.

A noite ficou reservada para o espectáculo de videomapping na fachada dos edifícios históricos do Terreiro do Paço, à entrada de ruas icónicas da cidade como a Rua da Prata. A exposição e os espectáculos acontecem até ao próximo sábado, 22 de Abril, e fazem parte de uma grande campanha promocional levada a cabo pela DST.

No sábado passado foi o dia do pré-lançamento da iniciativa, mas a inauguração oficial acontece na quarta-feira. A produção foi feita em parceria com a Câmara Municipal de Lisboa e a Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural. O HM quis saber o orçamento da DST para esta acção promocional em Lisboa, mas até ao fecho da edição não foi obtida uma resposta.

Com esta mostra e os espectáculos, a DST pretende “mostrar os novos elementos turísticos de Macau, procurando atrair visitantes portugueses e europeus ao território”, a fim de dinamizar a economia após um contexto de crise.

Delegação com mais de 40 empresários de Macau em visita a Portugal

Uma delegação de mais de 40 empresários iniciou ontem uma visita Portugal, com actividades promocionais nas áreas de economia, comércio e turismo.

A presença dos empresários acontece no âmbito da visita do Chefe do Governo, Ho Iat Seng, a Portugal, que começa amanhã e se prolonga até 22 de Abril, com encontros agendados com o Presidente, Marcelo Rebelo de Sousa, o primeiro-ministro, António Costa, e o ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho.

Os empresários deslocam-se a Lisboa e Porto, “para visitar 13 entidades locais, incluindo instituições industriais e comerciais, bem como empresas de indústrias chave como ‘big health’, alta tecnologia, comércio, entre outras”, segundo as autoridades de Macau.

Durante a visita, a delegação participa no “Seminário de Promoção sobre Investimento e Turismo Macau–Portugal”, co-organizado pela AICEP Portugal Global, pelo Turismo de Portugal I.P., pelo Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM) e pela Direcção dos Serviços de Turismo (DST), “para apresentar o ambiente de comércio, de investimento e de turismo, o layout industrial e as vantagens políticas de Macau e de Hengqin”.

Porta Dourada

Além da livre circulação de capitais, outra das vantagens da zona de cooperação de Hengqin para captação de empresas e investimento é a política de isenção e suspensão de impostos sobre as mercadorias, cuja entrada em todo o mercado chinês, de mais de 1,4 mil milhões de pessoas, estará facilitada, indicam as autoridades locais.

Com o apoio do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau, a comitiva tem encontros marcados com a Associação de Comerciantes e Industriais Luso-Chinesa e a Câmara de Comércio Portugal-China Pequenas e Médias Empresas. Visitas de trabalho ao hospital da Luz, Quinta da Marmeleira (Alenquer), grupos Amorim e Sovena, entre outras, estão também agendadas. Com Lusa

17 Abr 2023

Cinemateca Paixão | Derradeira oportunidade para ver curtas da China, Taiwan e Hong Kong

Hoje e amanhã são os últimos dias de exibição das curtas-metragens oriundas da China, Taiwan e Hong Kong. Ainda há bilhetes disponíveis para o cartaz da “Semana Euro-Asiática Especial de Curtas-Metragens” em exibição na Cinemateca Paixão

 

Amanhã é o último dia de exibição das curtas-metragens inseridas no programa “Semana Euro-Asiática Especial de Curtas-Metragens” que arrancou no passado dia 2. Hoje é a última oportunidade para ver, a partir das 12h30, curtas-metragens com produção oriunda da China, nomeadamente “The Sorrows of Sali”, de Wen Xiao Lin, uma película na língua uigur, de Xinjiang, que este ano se fez representar no Festival Internacional de Cinema da Rota da Seda e no Carnaval de Curtas-Metragens Juvenis, onde venceu o prémio para o melhor argumento neste formato cinematográfico.

“The Sorrows of Sali” revela a história de Sali, um menino de sete anos que ansiava por ter um telemóvel para poder jogar, mas nunca conseguiu cumprir esse desejo. Assim, decidiu vender um cordeiro para ter dinheiro para comprar o aparelho, mas depressa percebe que o animal seria vendido pelo seu pai para a família ter dinheiro para tratar da doença da mãe, o que traz um enorme sentimento de culpa a Sali.

Hoje, pode também ser vista a curta “Old Hen”, de Ma Jiao Yu, que conta a história da tia Shen, que sofre depois de perder o seu cão de estimação, com quem vivia há muitos anos. Até que Liu, um vizinho, lhe oferece um presente para que Shen se sinta melhor perante a sua perda. Inicia-se, assim, uma ligação interessante que vai mudar gradualmente o dia-a-dia de Shen.

Amanhã há mais

Os amantes do cinema têm ainda o dia de amanhã para ver as curtas-metragens de Taiwan e Hong Kong. De Taiwan chega-nos “Tears of Subhūti”, de Hao Fang-wei, que obteve uma nomeação para os Golden Harvest Awards. O filme retrata a história da ligação há muito terminada entre um pai e um filho que sofre uma alteração quando o pai morre.

O jovem encontra depois um sem-abrigo parecido com o progenitor, começa a segui-lo, dando início a uma vida incrível na rua que terá um final inesperado.

De Taiwan chega ainda a curta “Between the Stars and Waves”, co-produção com a Malásia de Lau Kek-huat. Trata-se de um documentário sobre a existência de cerca de um milhão de apátridas em Sabah, na Malásia, dos quais 50 mil são crianças. Por não terem cidadania, estes jovens não têm o mesmo acesso a uma educação e cuidados de saúde, tendo de encontrar formas alternativas para exprimirem a sua cultura e existência.

Sábado será ainda dia para as curtas-metragens de Hong Kong, nomeadamente “Simon Says, Simon Says”, de Siu Chi-yan, e “Trek of an Extinct Bird”, de Gloria Ho Lok Yee.

14 Abr 2023

Complexo das Ilhas | Novo hospital com três níveis de taxas moderadoras

O pagamento de tratamentos no Complexo Hospitalar de Saúde das Ilhas será dividido em três níveis. Os utentes residentes terão de ser encaminhados pelos Serviços de Saúde para terem acesso às taxas mais baixas. O Governo não deu detalhes sobre condições para não-residentes

 

O futuro Complexo Hospitalar de Saúde das Ilhas – Centro Médico de Macau do “Peking Union Medical College Hospital” terá três níveis de taxas moderadoras para o acesso aos cuidados de saúde.

Segundo o deputado Vong Hin Fai, presidente da comissão que ontem reuniu mais uma vez para discutir o diploma que irá regular a gestão do novo complexo, estes três níveis baseiam-se no decreto-lei em vigor desde 1986, que “Regulamenta o acesso da população do território de Macau aos cuidados de saúde”.

O diploma estipula a gratuitidade de cuidados médicos para residentes que sejam funcionários públicos, professores, idosos com mais de 65 anos ou crianças com menos de dez anos, entre outros. Este grupo de pessoas fará parte do “primeiro nível” de taxas do novo hospital, seguindo-se um “segundo nível” composto pelos residentes que não são abrangidos por estas categorias e que, conforme o decreto-lei, têm de pagar 70 por cento dos tratamentos.

No entanto, Vong Hin Fai ressalvou que os residentes têm sempre de ser encaminhados pelos Serviços de Saúde (SS) para serem atendidos no Centro Médico mediante este regime de taxas. Caso optem por serem tratados no novo hospital, apesar de terem BIR, já entram no “terceiro nível” de taxas, em regime aberto, pagando um “valor razoável” que será definido pelo próprio Centro Médico consoante o mercado, adiantou o deputado.

Na prática, funcionará o mesmo modelo de taxas moderadoras que já funciona entre o sector público e privado com entidades como o Hospital Kiang Wu ou a unidade de saúde da Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau (MUST). Não foi discutido, entre Governo e deputados, o caso concreto dos turistas, que pagam os tratamentos médicos a dobrar, nem dos trabalhadores não-residentes, que pagam os custos de tratamento na totalidade, sem apoios.

O Centro Médico de Macau do “Peking Union Medical College” terá ainda serviço de urgência, “não existindo diferenças entre o público e privado”. “Os utentes vão lá e serão recebidos. Caso haja internamento, as taxas serão cobradas tendo em conta o valor definido para as taxas”, frisou Vong Hin Fai.

Neste contexto, o presidente da comissão permanente adiantou que o Governo disse que o decreto-lei “está em vigor há cerca de 40 anos e que será revisto”, embora a revisão não aconteça ao mesmo tempo da análise do regime jurídico relativo ao novo hospital.

Plano para 20 anos

Nas respostas escritas enviadas aos deputados, o Governo explicou que já existem três acordos assinados entre as autoridades e o “Peking Union Medical College Hospital”. O acordo assinado com esta entidade é de dez anos, com a possibilidade de renovação automática por mais dez.

“Há uma cláusula sobre isso no acordo assinado e não temos mais detalhes. Como a Comissão Nacional de Saúde [entidade com a qual o Governo de Macau assinou o acordo] é uma entidade estatal, achamos que o acordo pode ir até aos 20 anos”, disse Vong Hin Fai.

Outro ponto analisado pelos deputados foi o pagamento das taxas relativas ao uso da marca do “Peking Union Medical College” e gestão, suportadas pela RAEM. “Quais serão as despesas? Isso carece de colaboração de ambas as partes. No futuro serão negociadas as despesas sobre a utilização da marca e gestão.”

Quanto à formação de profissionais de saúde, Governo garante que 100 enfermeiros locais estão a concluir a sua formação. Além disso, o Centro Médico terá pessoal de gestão destacado pelo “Peking Union Medical College”, enquanto os restantes serão contratados localmente.

14 Abr 2023

Liga dos Chineses em Portugal quer câmaras de comércio com a lusofonia

O presidente da Câmara de Comércio de Pequenas e Médias Empresas Portugal – China, Y Ping Chow, disse à Lusa que estar a tentar criar estruturas similares com países lusófonos, algo formalizado com a Guiné-Bissau já na sexta-feira. “Posso já dar conhecimento que no dia 14 deste mês [hoje], em Lisboa, vai ser constituída a primeira câmara do comércio deste género entre Portugal, Guiné-Bissau e a China”, disse à Lusa, no Porto, Y Ping Chow.

O responsável, que também é presidente da Liga dos Chineses em Portugal, disse à Lusa que especialmente os países africanos “têm uma boa relação com a China”, algo que a Câmara do Comércio de Pequenas e Médias Empresas Portugal – China (CCPC-PME) “reconhece”, havendo a “possibilidade de fazer alguma coisa” com essas boas relações.

“Neste momento, estamos a tentar criar uma Câmara de Comércio entre Portugal, a Câmara de Comércio Portugal-China, que tem relações com a China, e os países de África e de língua portuguesa”, adiantou à Lusa. Y Ping Chow assumiu a vontade de “fazer várias câmaras de comércio de vários países diferentes”, mas com Portugal como plataforma. Além da Guiné-Bissau, o objectivo é “tentar criar Portugal-Angola-China e assim por diante”.

Elo de ligação

Falando antes da vinda Ho Iat Seng a Portugal, entre os dias 18 e 22 de Abril, Y Ping Chow disse que o papel da Região Administrativa Especial atribuído por Pequim “é relacionar-se com a CPLP [Comunidade dos Países de Língua Portuguesa”. “Macau tem feito um bom trabalho nessas relações”, disse à Lusa, mas admitiu que “o resultado não está como se prevê”. “Embora se tenha criado o Fórum de Macau, estão lá os países representados todos, na minha opinião podia-se fazer muito melhor”, disse Y Ping Chow à Lusa.

O responsável associativo disse ter “a certeza” de que a CCPC-PME, tendo uma “relação privilegiada com Macau, e especialmente com as províncias” chinesas, pode “servir como elo de ligação entre os países de língua portuguesa através de Portugal, a relacionar com Macau e até mesmo com a China interior”.

Questionado acerca da saída de empresários lusófonos de Macau na sequência das medidas tomadas aquando da pandemia de covid-19, Y Ping Chow antecipou que passada a “fase de extremas exigências” quanto ao controlo da pandemia, voltarão ao território.

Carlos Ramos: “Precisamos de tudo para podermos evoluir”

O presidente da comissão instaladora da nova Câmara de Comércio entre a China, Portugal e a Guiné-Bissau, Carlos Ramos, disse ao HM que, para o país africano, “é uma excelente iniciativa, porque temos esta ligação com a CPLP e é bom aproveitarmos isso para impulsionar uma maior relação com o sector privado do país”.

Carlos Ramos, que é deputado municipal na Câmara Municipal de Sintra, presidida por Basílio Horta, já disse que este governante “deu luz verde para fazer parte do conselho estratégico” da nova câmara de comércio.

Homem do Partido Socialista (PS) em Portugal, Carlos Ramos afirma que a Guiné-Bissau “é um país fértil em possibilidades”. “Precisamos de tudo para podermos evoluir, não só em termos de comercialização como no sector agrário ou a nível tecnológico. É necessário investimento do sector privado, que está a dar os seus passos. Neste momento somos um dos principais exportadores do mundo de castanha de caju. O que falta para darmos um maior impulso ao país é esta ligação com as empresas chinesas e portuguesas, para podermos elevar-nos e adquirirmos o ‘know-how’ que os chineses e os portugueses possuem”, concluiu. Com Lusa

14 Abr 2023

Zona de cooperação | Cônsul defende “estabilidade do quadro jurídico”

Alexandre Leitão, Cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong, defendeu ser “fundamental a estabilidade do quadro jurídico” na Zona de Cooperação Aprofundada entre Macau e Guangdong em Hengqin. Orador num webinar promovido pela Câmara de Comércio-Luso Chinesa, Alexandre Leitão salientou a existência de uma nova geração de empresários portugueses vocacionados para a internacionalização

 

Muito se tem falado das vantagens da Zona de Cooperação Aprofundada entre Macau e Guangdong em Hengqin, sobretudo no que diz respeito à captação de investimento e atracção de empresas. Mas a verdade é que subsiste ainda um certo desconhecimento sobre o que vai, verdadeiramente, acontecer. A ideia foi deixada pelo Cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong, Alexandre Leitão, num webinar promovido pela Câmara de Comércio Luso-Chinesa (CCLC) sobre as vantagens do mercado da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau, composta por nove cidades chinesas do sul do país e pelas regiões administrativas especiais.

“Temos de perceber que a Ilha da Montanha é uma entidade em criação e tem ainda muito de laboratorial. Independentemente da mensagem e do discurso oficial, ainda estamos para ver a efectiva transferência de pessoas, serviços e entidades públicas para lá. Não há qualquer dúvida de que há uma vontade política para que isso aconteça.”

Nesse quadro, o responsável salientou ser “fundamental a estabilidade do quadro jurídico” para que as empresas portuguesas possam olhar para a zona de Hengqin.

“Colocam-se questões concretas, e uma delas é a questão do Direito vigente numa área que é perfeitamente inovadora e governada em modo quase de co-decisão paritário entre a província de Guangdong e Macau. Num cenário destes, coloca-se sempre a questão: ‘quando existe uma divergência, como poderá ser resolvida’. Em matéria de Direito isso é particularmente importante para as empresas, pois precisam de saber com o que podem contar”, frisou.

Relativamente à Grande Baía, Alexandre Leitão lembrou que já se trata de um território com um Produto Interno Bruto (PIB) “superior ao do Canadá e do Brasil”, pelo que “é um mercado extraordinariamente atraente, se forem concretizados o potencial e as expectativas”.

O cônsul recorreu, aliás, à metáfora das grandes ondas da Nazaré, em Portugal, para definir o mercado chinês e o acesso que, a ele, devem ter os empresários portugueses. “Em vez de olharmos para uma onda da Nazaré, que é a China toda, convém dividir a onda em áreas mais pequenas, que são as regiões. Assim teremos algumas que podemos surfar.”

A Grande Baía é, portanto, uma dessas ondas. “Temos hoje uma geração de empreendedores e inovadores portugueses que me parece mais qualificada e desejosa de assumir riscos. Percebi, segundo a minha experiência profissional anterior, que há um tecido empresarial inovador, com projectos de norte a sul de Portugal, que são bem estruturados e têm uma ambição de internacionalização que, ao contrário do passado, não receiam jogar no campo dos grandes, como a China e os EUA. Vale a pena aproveitar estes ventos de mudança”, adiantou Alexandre Leitão.

Os nichos de mercado

O cônsul, que assumiu funções em Macau no início de Fevereiro e que é também presidente honorário da CCLC, lembrou o papel de Macau como plataforma de serviços comerciais entre a China e os países de língua portuguesa, baseado “na vontade política” da China, o que constitui “uma enorme vantagem”. O território tem ainda outra vantagem, que é a “proximidade do Direito vigente na província de Guangdong com o Direito de matriz romano-germânica, em comparação com o Direito de Hong Kong que é muito mais afastado”. Assim, “as empresas portuguesas e lusófonas têm uma vantagem assinalável, porque há a vantagem de compreender o Direito em geral”.

Em matéria económica, Alexandre Leitão referiu ainda a prioridade e meta política do Governo de Ho Iat Seng relativa à diversificação económica. “As próprias concessionárias têm de contribuir com montantes significativos para a escala portuguesa, o que significa que há, pelo menos, condições, para a criação de um ecossistema de financiamento completo, seja em termos de risco, inovação ou da banca comercial, de novas ideias empresariais que aqui surjam.”

Esta diversificação económica, com menor peso do jogo, “tem obviamente de ser lida à escala local, pois Macau não é Shenzhen, nem Guangzhou”. “Macau compete numa região que, no fundo, vai de Singapura a Tóquio na captação de investimento e desenvolvimento económico, mas existem nichos que, para outras cidades e regiões podem ser insignificantes, mas aqui podem ter um forte valor, dada a relativa dimensão de Macau, desde que o território tenha a flexibilidade e a rapidez para se ajustar às oportunidades que surjam”, disse o cônsul.

O diplomata considera que esses nichos de mercado podem ser aproveitados, nomeadamente o turismo fora do jogo, “onde Portugal é competitivo e tem provas dadas”, mas também “áreas como a economia verde e o digital”.
Alexandre Leitão destacou o exemplo da Universidade de Macau, que é líder mundial na área da electrónica. A instituição de ensino superior viu 15 trabalhos de investigação serem aceites em Fevereiro numa conferência internacional de electrónica em São Francisco, nos Estados Unidos. Os artigos científicos abordaram temas como a conversão de dados, comunicações ‘wireless’ ou conversão de energia.

“Há condições para nichos [económicos] que podem ser aproveitados e que podem ser, no fundo, um pouco à escala da nossa realidade portuguesa”, disse Alexandre Leitão, lembrando algumas “desvantagens” em fazer comércio com a China, nomeadamente em matéria de comunicação e na existência de diferenças culturais.

Aposta em joint-ventures

Carlos Cid Álvares, CEO do Banco Nacional Ultramarino (BNU) e recém-eleito presidente da CCLC, foi outro dos oradores da conferência. O líder do BNU defendeu a possibilidade de empresas portuguesas chegarem a este mercado através da constituição de joint-ventures. “A economia local é muito puxada pelos casinos, os chamados resorts integrados, mas é algo que o Governo pretende alterar. A ideia é que Macau seja um centro mundial de turismo e lazer, mas pretende-se dar espaço à diversificação económica, daí que surge esta oportunidade para as empresas portuguesas, em joint-ventures com empresários locais, de tentarem fazer negócios nesta zona. Macau não é Macau, é a Grande Baía, é Hong Kong, é esta região toda com um potencial enorme.”

Carlos Cid Álvares destacou alguns dados macroeconómicos importantes, como a baixa percentagem de crédito malparado nos bancos, apesar da pandemia, e da baixa taxa de desemprego (cerca de quatro por cento ) quando comparado com outras economias. O responsável lembrou ainda a estratégia de diversificação já anunciada pelo Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, de “4+1”, ou seja, a aposta em quatro sectores como a banca, a indústria financeira e de saúde, a alta tecnologia e o sector das exposições e convenções.

Relativamente ao mercado da Grande Baía, o CEO do BNU lembrou que o PIB é de 1.7 mil milhões de dólares, o equivalente a 12 por cento do PIB de todo o país. “Está previsto um crescimento muito acelerado do PIB nesta zona, e fala-se que, daqui a dez anos, será de cerca de quatro mil milhões de dólares. Macau compete com uma área muito pequena, mas espera-se que, a curto prazo, com a recuperação da economia, possa vir a ter o maior PIB do mundo”, lembrou.

Pedro Magalhães, responsável pela área de comércio internacional da CCLC, frisou que “a China e a Grande Baía não podem estar fora do radar internacional das empresas nacionais [portuguesas], principalmente no contexto do pós-pandemia”.

“O PIB da China tem aumentado nos últimos anos, com um incremento de cerca de 8,1 por cento entre 2020 e 2021. Muitos dos complexos desafios que a China hoje enfrenta são desafiantes para todo o mundo, nomeadamente a transição para um novo modelo de crescimento pelo qual o país está a passar e o rápido envelhecimento da população, a construção de um sistema de saúde rentável e a promoção de uma trajectória energética diferente”, rematou.

13 Abr 2023

Clara Brito, designer e conselheira da “Design Trust”: “Há um lado fútil e insustentável na moda”

Conselheira da Design Trust há um ano, em representação de Macau, Clara Brito tem vindo a trabalhar em vários projectos e defende que há cada vez uma maior vontade de colaboração e união no contexto da Grande Baía. A sua marca de moda, Lines Lab, está sob um “período de reflexão”, com a designer a assumir que há um lado deste universo do qual nunca gostou, pelo facto de a moda ser das indústrias mais poluentes do mundo

 

Tornou-se uma das conselheiras da Design Trust em Janeiro do ano passado. Desde então, que projectos tem desenvolvido?

A minha contribuição com a Design Trust faz com que faça parte do comité de conselheiros que selecciona e avalia os projectos que se candidatam [a financiamento]. Eu, fazendo parte desse grupo, não posso pedir financiamento para projectos meus. Este convite surgiu um bocadinho da relação profissional e pessoal de longa data na Design Trust, pelos prémios que a Lines Lab ganhou em Hong Kong, por exemplo. Macau fica, assim, representado neste comité por mim. Os projectos que têm aparecido na Design Trust são então avaliados consoante os temas de maior relevo, como o enfoque que se dá à protecção, pesquisa e mapeamento da cultura visual da zona da Grande Baía, na tentativa de aproximar e integrar todas estas cidades. Temos o exemplo da relação do museu M+ [Museu da Cultura Visual de Hong Kong] com esse trabalho, pois existe uma relação muito próxima entre a Design Trust e as pessoas que lideram e fazem a curadoria do museu. Há temáticas que são idênticas. Foi feito, por exemplo, o mapeamento de todos os néons que existem em Hong Kong, entre outros projectos. Terminámos o momento desafiante da pandemia, em que estivemos todos sem poder circular nestas cidades que, ainda por cima, se estão a querer integrar. Aconteceu recentemente a gala da Design Trust e estive em Shenzhen na Bienal de Arquitectura e Urbanismo. É curioso ver como estas cidades vivem no pós-pandemia, e a energia positiva que emana do reencontro das pessoas.

A partir de agora há, então, um novo rumo nas áreas do design, artes e moda no contexto da Grande Baía?

Penso que sim, tal como em todas as áreas. Dá para perceber que as cidades desta zona estão a ficar cada vez mais próximas. Essa proximidade percebe-se nas telecomunicações, por exemplo. Há uma relação maior ao nível do design, com uma ligação mais próxima com o M+ e a Design Society. As pessoas querem de facto fazer um maior cruzamento entre fronteiras e começam a perceber o potencial desta zona geográfica. Macau é um sítio muito particular, mas que tem as suas vantagens por possuir uma dimensão menor em relação à China continental. Geograficamente estamos a uma curta distância de cidades que têm milhões de habitantes e com vontade de terem marcas próprias e produtos mais bem desenhados. Já não se olha apenas para a China como a fábrica do mundo, também se quer desenhar produtos no país e não ir só buscar esse design lá fora. Vê-se também uma outra coisa nos projectos que passam pelas minhas mãos e por este comité de avaliação [da Design Trust], que é o gosto e recolha do que é um património muito característico da China. Essa é uma linguagem única, e se as cidades perdem essa essência tornam-se iguais às outras e não se distinguem. Essa tónica da concertação e do mapeamento de uma entidade ou património cultural, de certas indústrias [existe]. Este é um tema que me é muito sensível, pois sempre fui muito próxima dos materiais e deste lado mais tradicional. Gosto de aproveitar este saber e dar-lhe uma visão contemporânea. Neste momento estou a desenvolver um projecto que passa muito por isso, o “Tomorrow’s Heritage”, muito ligado às indústrias tradicionais.

Como vê a evolução do design e da moda em Macau nestes últimos anos? Há capacidade competitiva no contexto da Grande Baía?

Vejo uma evolução muito grande nas áreas do design e da moda desde que cheguei a Macau, há 19 anos. Tem sido um crescimento gradual. Macau só pode ter uma posição pela questão diferenciadora. Não pode ser por uma questão de escala, pois desse ponto de vista não podemos competir. A Grande Baía quer todos os elementos integrados, por isso todos têm de estar representados, mas importa ver qual a especificidade de cada território que vai estar representado neste contexto. Por isso há que criar uma estratégia sobre aquilo que nos torna diferenciadores face a Shenzhen ou Zhuhai. Acredito que sim [que há capacidade competitiva de Macau]. A grande vantagem é termos ali ao lado um mercado que tem outra dimensão em termos do número de pessoas que, na maior parte dos casos, vêm consumir a Macau. Quando comecei a vender para cidades como Shenzhen e Zhuhai, sentia que os meus produtos eram caros para esses mercados. Neste momento observa-se que o custo de vida em Zhuhai está a aproximar-se muito do de Macau. Acredito que, com a questão de as pessoas terem de parar, o mercado online teve certamente um boom e, na China, está agora bastante desenvolvido. O formato papel parece que desapareceu.

Como avalia o interesse dos jovens pelo mercado da moda?

Nota-se uma diferença considerável. Temos o Macau Fashion Festival, a semana da moda organizada pelo Venetian. Começa a haver outro interesse e outros eventos que podem dar mais visibilidade às marcas e empresas. Agora se estas têm estrutura para dar resposta, isso aí já uma outra questão. Nota-se, de facto, um crescimento, até ao nível dos diversos parceiros que se começam a organizar, no sentido de levar marcas a Hong Kong, por exemplo. Esse foi também um trabalho que fizemos com a MunHub. É bom saber que as pessoas saem deste contexto de Macau e que saem para as cidades que estão aqui à volta, com um mercado que pode trazer alguma sustentabilidade.

Relativamente à Lines Lab, como está a marca, que novidades estão a desenvolver?

Estamos num período de reflexão. A empresa ainda existe, não apenas na área da moda, mas também como agência criativa a realizar vários projectos. Estou mais focada, neste momento, em alguns projectos, um deles o “Tomorrow’s Heritage”, que terá mais novidades no final do ano. É curioso porque sempre tive uma relação um pouco adversa com o mundo da moda. Sempre fui muito próxima dele, mas há um lado da moda com o qual nunca me senti muito confortável, o lado fútil e insustentável da moda, porque é a indústria mais poluente a seguir à indústria do petróleo, e isso é grave. É a tendência do “Fast Fashion” quando, na realidade, estamos a comprar lixo. Deveria ter entrado na Faculdade de Arquitectura [da Universidade de Lisboa] para estudar moda e, na verdade, fui estudar design industrial na Faculdade de Belas Artes. Mas depois estudei moda em Milão e fui lá parar na mesma. Mas o ter de fazer duas colecções por ano, lançar tendências só para alimentar o mercado é algo com que não me identifico. E é curioso ver que a rotatividade e o calendário das semanas da moda está a mudar, pois o que acontecia é que o calendário era apresentado seis meses antes e havia empresas que iam para os desfiles ver quais eram as silhuetas e as tendências e rapidamente metiam aquilo no mercado. Se calhar a pandemia mostrou-nos que somos frágeis e que não está tudo assegurado e garantido.

Portanto tão depressa não teremos uma colecção nova da Lines Lab.

Neste momento não estou a planear dessa forma. Talvez possamos ter alguns produtos, não sei bem. Estou nessa descoberta ainda. Os planos para a Lines Lab não estão definidos.

E a MunHub, em que fase está?

Teve de parar um bocadinho devido ao contexto pandémico, pois era mais difícil fazer os designers circular. Mas a ligação com alguns designers mantém-se, mas com eventos mais “low-profile” e vocacionados especificamente para a indústria, na tentativa de criação de oportunidades de negócio directas sem ser virado para o público em geral.

Macau tem uma história com a indústria têxtil. O que herdámos dela? Não temos tradição de alta-costura, por exemplo.

Uma das coisas que não me agradou muito no período em que vivi em Zhuhai, apesar de ter gostado muito de ter lá vivido, é o facto de em Macau sentirmos ainda o peso da história e termos muitos edifícios protegidos pelo património. É cada vez mais difícil encontrar alfaiates e costureiras, daquelas que tinham imenso conhecimento do trabalho manual. Se Macau tivesse umas cinco ou seis boas costureiras e alfaiates, se calhar poderia ter um património muito valioso e não as fábricas, porque, na realidade, Macau não tem escala para ter fábricas e faz todo o sentido que estejam na China. Mas poderíamos ter workshops especializados, coisas de nicho. Era extremamente desafiante produzir em Macau, mesmo para um desfile. Neste momento só trabalho com uma costureira em Macau, que para muitos clientes é muito cara, mas eu sei que entrego o projecto e é feito do princípio ao fim sem grandes desafios. Falamos a mesma língua. Mas ter isso, e equipas formadas, é caro. É um enorme desafio para os designers e é mesmo uma lacuna. Não há novas gerações de costureiras ou alfaiates. As que tinham esse conhecimento foram absorvidas pela indústria dos casinos.

12 Abr 2023

Gripe | Casos continuam a aumentar, urgências do São Januário reforçadas

Macau está a atravessar um pico de gripe e não se espera uma quebra tão depressa, disse o director clínico do Centro Hospitalar Conde de São Januário. O elevado número de casos explica-se, em parte, com o uso prolongado de máscara e consequente quebra na imunidade

 

O serviço de urgências do Centro Hospitalar Conde de São Januário (CHCSJ) tem enfrentado este mês um aumento do número de doentes com sintomas de gripe. Segundo Lei Wai Seng, director clínico do hospital, citado pelo canal chinês da Rádio Macau, o território está a atravessar o pico de casos de gripe e a tendência é de crescimento.

Desta forma, e para dar resposta ao aumento de pacientes, o CHCSJ alocou mais recursos humanos para as urgências. Só este domingo as urgências do hospital público receberam mais de 900 pessoas, tendo o número de casos de gripe registado uma ligeira quebra antes dos feriados da Páscoa. Nos dias da semana foram atendidas diariamente uma média de 600 pessoas, com o dia de maior afluência a chegar aos 1.050 doentes atendidos.

Trata-se, segundo Lei Wai Seng, de casos de gripe registados, maioritariamente, em crianças, havendo também mais adultos jovens com sintomas. Nota-se ainda o aumento de casos de idosos internados com infecções, pneumonia ou agravamento de doenças crónicas. Um dos casos recentemente divulgado é o de um idoso de 75 anos, internado com gripe A, que, segundo uma nota de imprensa de quinta-feira, necessita ainda de estar ligado a um ventilador.

A culpa da máscara

Lei Wai Seng frisou ontem que o elevado número de casos se deve, em parte, ao uso prolongado de máscara nos últimos meses devido à pandemia, que contribuiu para a descido da imunidade, tornando o surto de gripe este ano mais forte. O director clínico sugeriu o uso de máscara em locais públicos, ou mesmo em casa, por parte de quem apresenta sintomas de gripe, a fim de evitar a propagação do vírus. Relativamente aos casos de gripe A, já foram contabilizados pelas autoridades 110.

De frisar que na última edição do programa radiofónico Fórum Macau, transmitido na semana passada, Leong Iek Hou, chefe da Divisão de Prevenção e Controlo de Doenças Transmissíveis do Centro de Prevenção e Controlo de Doenças dos Serviços de Saúde (SS), deu uma explicação para o aumento do número de casos de gripe nas escolas. A responsável dos SSM disse que a ocorrência de mais casos deve-se, em parte, ao uso prolongado de máscara no contexto da pandemia da covid-19, que terá baixado a imunidade dos mais novos.

“Muitos especialistas já falaram sobre esse problema. Particularmente para as crianças, tinham menos oportunidades de contactar com os vírus no ambiente, incluindo o da gripe. Isso faz que a sua imunidade possa ser mais baixa agora em relação à influenza, provocando mais infecções neste surto”.

Na última quinta-feira, os SS detectaram mais um caso colectivo de gripe numa turma da Escola Oficial Zheng Guanying, que atingiu sete alunos, cinco meninos e duas meninas, com idades compreendidas entre os 10 e os 12 anos. Os sintomas, tal como febre e tosse, começaram a manifestar-se dois dias antes, tendo alguns alunos sido submetidos a tratamento médico. Não houve casos graves ou de internamento.

11 Abr 2023

Trânsito | DSAT promete melhorar acessos à Ponte HKZM

Na passada quarta-feira o acesso à ilha artificial da ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau tornou-se num calvário de trânsito, apesar da garantia da DSAT de que os acessos tinham sido melhorados. As autoridades realçam ainda que está prevista a construção na zona A de um acesso pedonal ao norte da península

 

A Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) promete, em resposta a interpelação de Ron Lam U Tou, melhorar os acessos à ilha artificial que faz a ligação à Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau (Ponte HKZM), tendo em conta a ocorrências de muitos congestionamentos de trânsito.

A resposta, assinada a 16 de Março por Lei Veng Hong, director substituto, dá conta que a DSAT “tem vindo a auxiliar o escoamento do trânsito nas horas de ponta através do ajustamento da distribuição de tempo das sinalizações luminosas e da adopção de medidas de orientação de trânsito no local por parte dos serviços responsáveis”.

Assim, “foi alterado o troço na estrada circular fronteiriça de Hong Kong-Zhuhai-Macau junto da entrada da ilha artificial da Ponte HKZM para duas faixas de rodagem, com o aumento de uma faixa de rodagem que entrou em funcionamento no dia 18 de Fevereiro, a fim de optimizar a organização da circulação neste cruzamento”.

Está ainda em curso “a construção das fundações por estacas na empreitada de construção da via de acesso (A2), tendo sido iniciados os trabalhos de concepção das vias de acesso (A3) e ao acesso AB, sendo que os trabalhos de construção serão iniciados de forma ordenada”.

Ainda assim, as alterações parecem não ter surtido muito efeito, uma vez que na última semana, a propósito do feriado de Cheng Ming (Dia de Finados), vieram a Macau cerca de 28 mil pessoas só pela ponte. O trânsito começou a intensificar-se a partir das 10h, tendo-se prolongado desde a fronteira da ponte até à zona A dos novos aterros e zona da Pérola Oriental, situada na Areia Preta.

O Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) emitiu mesmo uma nota a sugerir outros pontos de deslocação além da ponte, tendo sido sugerido aos condutores de veículos com dupla matrícula para “considerar a utilização de outros portos”.

Mais acessos

Ainda na resposta à interpelação de Ron Lam U Tou pode ler-se que está a ser pensado um projecto para facilitar o acesso dos futuros moradores da zona A à parte norte da península.

“Foi proposta a construção, na zona centro-sul da zona A, uma passagem superior pedonal para a ilha artificial, proporcionando uma ligação integrada com a rede do sistema de mobilidade assente em ligações rápidas, de modo a interligar terrenos, as vias públicas e os espaços abertos de diferentes áreas da zona A.”

Desta forma, acrescenta Lei Veng Hong, “permite-se garantir uma melhor acessibilidade às imediações da zona norte da península de Macau, da Areia Preta e Reservatório, formando um modelo pedonal altamente acessível e que favorece a intermodalidade”.

Não foi avançado qualquer calendário para esta infra-estrutura, pois “os projectos de construção serão estudados e implementados tendo em conta a elaboração dos planos de pormenor e os pareceres dos serviços”. Foi explicado que a Direcção dos Serviços de Solos e Construção adiantou que o plano de pormenor para a Unidade Operativa de Planeamento e Gestão (UOPG) – Este 2 foi concebido para “proporcionar modos de deslocação altamente eficientes, de modo a criar um sistema de transportes diversificado e centrado no Metro Ligeiro”. Desta forma, a rede rodoviária é estruturada em duas faixas de rodagem transversais e duas faixas de viárias longitudinais, com interligações”, apontou.

11 Abr 2023

Comitiva de Ho Iat Seng irá visitar farmacêuticas e Grupo Delta

Já são conhecidos alguns detalhes da agenda oficial que o Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, vai cumprir durante a viagem a Portugal, que decorre na próxima semana, entre 16 e 24 de Abril. Segundo o semanário Plataforma, que teve acesso ao documento da viagem de Ho Iat Seng e da comitiva de 50 empresários, serão organizadas visitas a empresas lusas, do ramo farmacêutico e alimentar, bem como acções de promoção do turismo de Macau em Portugal. A viagem faz-se com o apoio do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau e decorre na capital portuguesa e no Porto.

A delegação chega dia 17, reunindo-se com a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) e com associações empresariais sino-portuguesas, incluindo a Associação de Comerciantes e Industriais Luso-Chinesa e a Câmara de Comércio Portugal-China Pequenas e Médias Empresas (CCPC-PME). No dia 18 está marcada uma visitar à Quinta da Marmeleira, em Alenquer, uma quinta de produção de vinho de Wu Zhiwei, empresário de Macau. Nesse dia, Ho Iat Seng irá visitar o grupo privado Luz Saúde, onde o grupo chinês Fosun é accionista maioritário através da seguradora Fidelidade.

Também no dia 18 está programada uma passagem pelo Grupo Sovena, empresa agro-indústrial e um jantar com a Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa e a Associação de Jovens Empresários Portugal-China. No dia seguinte, a comitiva desloca-se a Campo Maior e à fábrica da Delta Cafés.

Promoção do turismo

Na tarde de 19 de Abril a delegação estará presente na cerimónia de abertura de uma acção de promoção turística organizada pela Direcção dos Serviços de Turismo (DST), na Praça do Comércio, em Lisboa. A iniciativa inclui um espectáculo de luz e imagem sobre Macau nas fachadas da Praça do Comércio, intitulado “Sentir Macau Sem Limites – Promoção de Macau em Lisboa”, com quatro apresentações por noite, entre 15 e 22 de Abril.

O objectivo, segundo a DST, é “atrair visitantes portugueses e europeus a Macau, como parte dos esforços para expandir ainda mais os mercados de visitantes internacionais e promover a recuperação do turismo e da economia”.

Será ainda feita uma “visita de familiarização a projectos turísticos em Portugal” com uma delegação de operadores turísticos de Macau. Também no dia 19 de Abril a DST participa na Sessão de Promoção Económica, Comercial e Turística em Lisboa, organizada pelo IPIM, que servirá para “apresentar as vantagens do turismo de Macau às autoridades de turismo” para que “empresários das duas partes comuniquem e negoceiem”, a fim de alargar “as oportunidades de negócios da cooperação turística entre Macau e Portugal”.

No dia 21 de Abril decorre em Lisboa uma conferência de imprensa promovida pelo Global Tourism Economy Forum e Organização Mundial do Turismo (OMT) onde será anunciada a “elevação da qualidade da cooperação” entre as duas entidades, sendo assinado “um memorando de cooperação entre a OMT e o Centro de Pesquisa de Economia de Turismo Global, entidade organizadora do Global Tourism Economy Forum”.

Além das visitas à farmacêutica Hovione e Fundação Champalimaud, agendadas para o dia 20, conta-se ainda com a presença da delegação na sede da Nautical Portugal, um projecto de economia marítima em Cascais.

No dia seguinte a comitiva parte para o Porto, visitando a farmacêutica BIAL, a Quinta da Boeira e a Corticeira Amorim. A partida de Portugal faz-se a partir do Porto no dia 23, com chegada a Macau prevista no dia 24.

11 Abr 2023

“Fado Oriente” | Um novo projecto que quer levar o fado além-fronteiras

Rita Portela, Luís Bento, Paulo Pereira e Ivan Pineda compõem o projecto musical “Fado Oriente”, que recentemente se apresentou ao público no aniversário da delegação da Fundação Oriente. O grupo não quer apenas divulgar um género musical tão português, mas também misturá-lo com músicas em chinês. Compor originais está também nos planos dos membros do grupo

 

Quatro músicos de Macau decidiram juntar-se num novo projecto depois de terem percebido que o fado, um género musical tão português, pouco se ouvia nas ruas de Macau, apesar da presença ainda significativa de uma comunidade lusa e de elementos culturais e arquitectónicos que denotam uma presença secular dos portugueses.

“Fado Oriente” nasceu, assim, com Rita Portela na voz e os músicos Paulo Pereira, Luís Bento e Ivan Pineda, que contam com a colaboração de Ari. O concerto de estreia aconteceu no último evento que marcou o 30.º aniversário da delegação da Fundação Oriente em Macau, mas, a partir daqui, espera-se uma maior divulgação do fado em Macau e na Ásia.

“Decidimos criar este projecto quando percebemos que não havia fado em Macau, no sentido em que era uma coisa que raramente se ouvia, a não ser quando vinham músicos e fadistas de fora”, contou Rita Portela ao HM. O “embrião” para este projecto surgiu com a preparação de um espectáculo integrante do cartaz do Festival da Lusofonia, no ano passado, mas que acabou por ser cancelado à última da hora por causa da pandemia.

Mas Rita Portela considera que este cancelamento acabou por se tornar num ponto de partida importante para criar algo com maior profundidade. “Achámos que seria importante continuar com este projecto porque existe uma maneira diferente de interpretar o fado quando se está fora de Portugal. No Festival da Lusofonia não tivemos a oportunidade de apresentar o espectáculo que tínhamos preparado e isso ajudou-nos a encontrar outra maneira de transformar este projecto numa coisa mais séria, com uma intenção própria. Tivemos uma óptima recepção [no evento na Casa Garden] e penso que as pessoas precisavam de ouvir Fado em Macau, o que é muito bom”, disse.

Parcerias em vista

No primeiro concerto como “Fado Oriente” o grupo apresentou “Desfado” da Ana Moura, um dos nomes contemporâneos mais sonantes. Mas pretende-se também apostar no fado mais clássico, de Amália Rodrigues, por exemplo, estabelecendo-se uma ponte com a música chinesa.

“Queremos incorporar a música local e temos mais projectos planeados para dar uma roupagem de fado a algumas músicas conhecidas em mandarim que as pessoas que são daqui, e que não falam português, conhecem. São músicas que falam de amor, mas também de saudade, de uma outra maneira, e é importante [tocá-las].”

Os membros do “Fado Oriente” querem também fazer parcerias com músicos locais que toquem instrumentos tradicionais chineses. “Gostaríamos de ser, efectivamente, uma banda de Fado que existe no Oriente e que representa o espírito multicultural de Macau, de interacção entre várias culturas.”

Além de incluir no repertório composições de outros músicos e fadistas, o grupo quer compor as suas próprias músicas. “Queremos fazer música original e vamos ver se corre bem. É bom que exista, além do nome, um espírito, e que este seja transmitido através das músicas originais que se criam. Estamos a trabalhar nisso.”

De pequenino…

Rita Portela começou a cantar fado em casa, nas festas de família, aos 12 anos, embora o jazz seja outra das suas paixões. “As pessoas conhecem-me mais a cantar esse género porque, quando comecei, foi com bandas de jazz e pop. Comecei no Grand Lapa e cantava com o François Girouard, que já deixou Macau, e fazíamos um pouco de tudo, incluído fado, mas era só com guitarra. Então as pessoas não sabiam que eu cantava fado, mas a verdade é que o faço desde que tenho 12 anos. Das primeiras cantoras que admirei foi, precisamente, a Amália Rodrigues. O fado foi um género musical que sempre cantei, mas o jazz é a minha outra paixão. Considero-me uma cantora que se interessa por todos os géneros musicais.”

Rita Portela, que vem de uma família de músicos amadores, espera poder levar o “Fado Oriente” para fora das pequenas fronteiras de Macau. “Quando montámos este projecto fizemo-lo porque havia o potencial de sair de Macau e dar concertos lá fora. Estamos com vontade de entrar nesse comboio e apostar numa coisa que possa vir a ser maior do que Macau, mas representando o território com um projecto que nasce aqui, com músicos internacionais, pessoas que vivem fora de Portugal há muito tempo, e que sentem essa saudade. Quisemos sempre chegar mais longe”, concluiu.

5 Abr 2023

Chat GPT | Académica da UM pede maior literacia digital

Sarah Migliorini, docente da Faculdade de Direito da Universidade de Macau, acredita ser necessária uma maior literacia digital para que as pessoas saibam lidar com os riscos inerentes a programas como o Chat GPT. Já há leis que podem ser aplicadas nestes casos, mas será sempre necessária legislação específica no futuro, aponta

 

Especialista nas áreas de “Big Data” e Inteligência Artificial (IA), Sarah Migliorini acredita que os riscos associados a programas como o Chat GPT podem ser minimizados se houver maior literacia digital por parte da população. Em entrevista ao HM, a docente da Faculdade de Direito da Universidade de Macau (UM) defendeu que, tal como as novas gerações mexem mais facilmente com computadores e smartphones do que os seus pais, o mesmo acontecerá com programas de IA.

“Temos de começar a promover mais literacia sobre IA ao nível das escolas e das administrações, e em toda a sociedade. A maior parte dos riscos associados ao Chat GPT prendem-se com o facto de este tipo de produto comercial ter sido implementado a uma escala muito grande numa população que não sabe o que isto é. Lidar com isso será uma boa forma de gerirmos os erros.”

Relativamente a legislação para gerir eventuais impactos negativos, Sarah Migliorini entende que muita da legislação já em vigor poderá dar resposta em casos de discriminação ou defesa dos direitos das pessoas. No entanto, “haverá matérias tão específicas [no futuro], que será necessária mais regulação própria, nomeadamente em matéria de direitos de autor”. “O Chat GPT consegue escrever e já existe alguma regulação [sobre isso] nos EUA, mas vamos precisar de mais leis específicas no futuro tendo em conta o volume de informação.”

No caso de Macau, haverá influência do que acontecer na China em matéria de legislação e tecnologia, mas também da União Europeia e EUA, embora siga sempre “o que acontecer na China”. Sarah Migliorini acredita que Macau pode vir a ter leis próprias que abrangem programas como o Chat GPT, embora haja sempre custos associados, sobretudo em matéria de recursos humanos, dada a maior necessidade de fiscalização. “Se dissermos que é proibido usar determinado sistema nas escolas, por exemplo, temos de reforçar isso e são necessários recursos humanos para o fazer. Muitas vezes termos mais regulação não é muito viável desse ponto de vista.”

Acima de tudo, Sarah Migliorini acredita que os seres humanos poderão sempre controlar o impacto da tecnologia e da IA nas suas vidas. “Estes tipos de sistemas são-nos apresentados como inevitáveis, mas na verdade são apenas máquinas. Não são boas nem más e tudo depende de nós, como humanos, como interpretamos isso. As tecnologias podem ser moldadas e temos vários exemplos disso na história, simplesmente porque a lei não o permitia, por exemplo. Há muitas coisas que podemos fazer e não devemos ter em mente a ideia de que isto vai acontecer inevitavelmente. Há muitas coisas boas que podem advir desta tecnologia se a usarmos correctamente.”

O impacto da tecnologia já se nota no nosso dia-a-dia, mas tudo depende de como “a sociedade se vai adaptar”. “As coisas estão a avançar muito rapidamente e há interesses económicos por detrás, então há que pensar em termos de regulação como podemos lidar com esta grande onda gerada pela IA”, frisou.

Três oportunidades

Apesar de assumir que há riscos associados ao uso do Chat GPT, nomeadamente o perigo de redução da necessidade de recursos humanos em empresas, Sarah Migliorini fala em três tipos de oportunidades. Uma delas passa pela criação de conteúdo automatizado, o que pode facilitar a vida a empresas em matéria de produção de emails, publicações nas redes sociais ou campanhas de marketing. Além disso, o Chat GPT tem ferramentas que podem ser treinadas para diversas áreas, sendo possível, por exemplo, ter atendimento médico online recorrendo a Chat Bots.

“Esta poderia ser uma ferramenta útil para pacientes antes de estes se dirigirem ao hospital, por exemplo.” A docente diz ainda que poderemos usar o Chat GPT a nosso favor, dada a sua rapidez para processar informação e gerar conteúdo. “Podemos usar este tipo de tecnologia para nos tornar mais inteligentes, mas de forma humilde, pois conseguem calcular e gerir mais informação do que nós. Podemos aprender com estes sistemas, na verdade, mas explorando o que a nossa inteligência humana nos permite fazer além disso.”

Ainda sobre o impacto em matéria de recursos humanos, Sarah Migliorini defende que o risco poderá ser contornado. “Claro que alguns empregos se vão perder, mas outros serão criados. Será um processo, e algumas pessoas vão sofrer com isso, mas a longo prazo, e a um certo nível, teremos capacidade para absorver [esta tecnologia].”

Criado há cerca de três anos pela empresa Open AI, o Chat GPT é um produto comercial que, através da IA e bots é capaz de produzir conteúdo e criar diálogos com o utilizador. Não é mais do que “um pacote com uma tecnologia que já existia e que, de uma forma bastante primitiva, foi criada nos anos 50”, mas que só agora foi possível lançar no mercado, uma vez que “chegámos a um nível de computação muito elevado”. Uma vez que há outros produtos semelhantes a serem lançados no mercado, a docente da UM denota que a IA veio, definitivamente, para ficar.

“Penso que não nos vamos ver livres [destes programas] tão cedo. Na verdade, falamos de IA degenerativa, que são ferramentas que podem criar novas plataformas”, rematou.

5 Abr 2023

JP Morgan diz que receitas do jogo recuperaram para 65% de 2019

A consultora financeira JP Morgan Securities diz que as receitas brutas apuradas pelos casinos de Macau no segmento de massas recuperaram para “cerca de 65 por cento dos níveis pré-covid” no primeiro trimestre deste ano, ou seja, face aos primeiros três meses de 2019. A informação consta no mais recente relatório da consultora sobre o mercado de jogo local e foi noticiada pelo portal GGR Asia.

O documento indica que as receitas desse segmento de mercado “ultrapassaram confortavelmente” as estimativas existentes para os primeiros três meses do ano e que as receitas do jogo VIP também recuperaram para 17 por cento dos níveis atingindos antes da pandemia.

Em Março, os casinos tiveram um aumento das receitas brutas de jogo na ordem dos 246,9 por cento, num total de 12,74 mil milhões de patacas. A JP Morgan Securities dá conta que Março foi o mais lucrativo desde Janeiro de 2020.

No primeiro trimestre de 2023, os casinos de Macau obtiveram 34,64 mil milhões de patacas de receitas brutas, 94,9 por cento acima do trimestre de 2022, o que significa uma recuperação de 45 por cento dos níveis antes da pandemia e 82,1 por cento do total de receitas brutas de jogo obtidas no ano passado.

Mais fluxo de caixa

Os dados oficiais, tanto das apostas de massas como do segmento VIP, só serão divulgados no final deste mês pela Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos. A JP Morgan indica ainda, segundo o GGRAsia, de que a maioria das operadoras, à excepção da Sociedade de Jogos de Macau, “deveria, nesta fase, ter capacidade de gerar fluxo de caixa considerável, bem acima das despesas capex/financiamento”.

“A média diária de receitas em Março foi de 411 milhões de patacas… deveria voltar a garantir aos investidores uma clara rampa sequencial em termos de procura”, apontam os analistas DS Kim e Mufan Shi.

Março é importante não só pela recuperação nas apostas de massas, mas pela “recuperação do sector VIP para cerca de 18 por cento face aos níveis pré-covid, que parece bastante sólido para um segmento considerado completamente ‘perdido'”, é realçado.

4 Abr 2023

AJM | Assinado protocolo com Escola Internacional “Gerações”

Dez anos depois da sua fundação, a Associação dos Jovens Macaenses está financeiramente estável graças aos apoios da Fundação Macau. A entidade acaba de assinar uma parceria com a recém-formada Escola Internacional “Gerações”

 

Realizou-se na última quinta-feira uma assembleia-geral da Associação dos Jovens Macaenses (AJM) que confirmou a boa situação financeira da entidade que já conta com dez anos de existência. Depois do período difícil da pandemia, a associação prepara-se para continuar com a agenda programada e com novas parcerias.

“Assinámos recentemente um protocolo de cooperação com a Escola Internacional ‘Gerações’, exactamente visado para, futuramente, ampliar o conhecimento dos mais novos, dentro ou fora das suas instalações”, contou António Monteiro, presidente da AJM, ao HM. A associação continua a colaborar com o Instituto Internacional de Macau (IIM), bem como a promover actividades desportivas e recreativas, estando na calha a realização de “workshops e eventos ligados à música e cultura num bairro histórico”.

Financeiramente a situação da associação é “saudável”, tendo em conta os poucos anos de existência. “A nova direcção achou importante investir numa página electrónica para a promoção da imagem da AJM junto dos associados e ao público que desconhece a associação, projectando também o seu trabalho através das redes sociais.”

Para este ano estão previstas actividades que permitam “o convívio dos jovens”, com a aposta no fomento de uma rede das associações macaenses e portuguesas e no “trabalho com associações e entidades de matriz chinesa”.

“Tencionamos trabalhar com universidades e escolas para ampliar a divulgação da identidade macaense, incluindo a sua cultura, legado, bem como actividades que permitem discussões de outros temas ligadas à sociedade e ao desenvolvimento de Macau e da China”, frisou António Monteiro.

Outra aposta da AJM para este ano será a realização de uma viagem, com o apoio do Gabinete de Ligação do Governo Central na RAEM, à província de Xinjiang, adiada várias vezes devido à pandemia. “Não há dúvida que a viagem tem atraído mais associados a participar. As viagens são importantes para intensificar o conhecimento dos jovens macaenses junto da República Popular da China, podendo ser útil não só para o intercâmbio cultural, mas para cultivar também interesses a níveis empresariais, pois cada jovem ou associado está integrado em diferentes áreas da sociedade.”

Nestas visitas pretende-se “transmitir as características da comunidade macaense e da plataforma entre a China e os países de língua portuguesa, factores que fazem a diferença a Macau”, adiantou.

O arraial como exemplo

Recentemente nomeado membro do Conselho do Património Cultural, António Monteiro defende que “é uma mais valia ver vida junto dos monumentos, pois não basta a restauração e a preservação, são as pessoas que dão vida aos monumentos”.

O exemplo do Arraial de S. João surge de imediato como um evento com “valor histórico” que resulta “da própria identidade de Macau, da presença portuguesa em Macau e da existência dos próprios macaenses. Portanto, deve ser promovido cada vez mais à comunidade chinesa”.

Como membro do Conselho do Património Cultural, António Monteiro diz ainda que dá especial atenção à preservação de elementos como “procissões, gastronomia macaense ou teatro em patuá”.

O dirigente da AJM diz que um dos temas que mais gera preocupação é a ligação com a diáspora macaense. “Acredito que vamos desenvolver plataformas úteis [de contacto]. É uma possibilidade, e temos sempre abertura, que a diáspora apresente também ideias e propostas viáveis. O trabalho nunca foi só da AJM ou das diversas instituições (macaenses) em Macau.”

António Monteiro não sabe quando será realizada uma nova edição do Encontro da Comunidade Juvenil, mas acredita que a diáspora vai “manter viva a cultura macaense directa ou indirectamente”. “A China entende que, sem esta particularidade da própria comunidade e das características macaenses em Macau, o território deixará de ser diferente. Não espero que um dia desapareça tudo em Macau e o único legado que resta seja somente os livros publicados. A única chamada de atenção que deixo é que a própria comunidade trabalhe sempre, individualmente, colectivamente ou a nível associativo, em prol da preservação e da promoção da nossa cultura”, rematou.

4 Abr 2023

Deslizamento de terras | Leong Sun Iok alerta para obras em propriedades privadas

Leong Sun Iok alertou, em interpelação escrita, para os problemas decorrentes da realização de obras em terrenos que são propriedade privada, e que podem originar deslizamentos de terra ou derrocadas. Como exemplo, o deputado mencionou o caso recente junto ao edifício Baguio Court, na Estrada de Cacilhas, que teve como consequência um carro danificado e forçou ao desalojamento de alguns moradores.

O deputado lembrou que caso as encostas sejam propriedade privada, as autoridades pedem aos proprietários para acompanharem as obras tendo em conta as sugestões do Grupo de Trabalho Interdepartamental sobre a Segurança de Taludes.

No entanto, o mapa de observação desses taludes é apenas descritivo e não vinculativo, sendo difícil levar os proprietários a resolver estes casos. Leong Sun Iok quer, assim, que o Governo esclareça quem tem de facto responsabilidade caso ocorram obras nas encostas, por estarem envolvidos privados e entidades públicas.

Então e o Governo?

O deputado questionou também o calendário da implementação de uma lista das encostas e taludes em risco, incluindo os nomes dos proprietários e dos organismos responsáveis pela supervisão, anunciada pelo secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário no ano passado.

Uma vez que a Direcção dos Serviços de Obras Públicas prevê que seja feita uma inspecção mensal a estes locais, Leong Sun Iok questiona se é possível realizar mais inspecções nas épocas de chuvas fortes e tufões. É também questionada a eficácia do sistema de monitorização automático dos taludes nas encostas da Taipa Grande e da Fortaleza do Monte.

Leong Sun Iok dá ainda conta que desde 2018 não foi feito qualquer pedido de subsídio no âmbito do plano de apoio financeiro e de crédito sem juros para a reparação de edifícios, sugerindo que esse apoio seja accionado em casos de deslizamento de terras com impacto em zonas habitacionais. Assim, Leong Sun Iok quer que o Governo apure as causas para a ausência de pedidos e tente melhorar as condições de candidatura a este apoio.

4 Abr 2023

Primeiro trimestre de 2023 quase duplica receitas de jogo

Os casinos fecharam Março com receitas brutas de jogo de 12.738 milhões de patacas. Segundo dados da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), o registo de Março representa o melhor desempenho da indústria desde Janeiro de 2020.

Os dados avançados pela DICJ mostram que, relativamente ao primeiro trimestre de 2023, as receitas das apostas de massas foram de 34.64 mil milhões, valor que representa um aumento de 94,9 por cento face ao último trimestre de 2022. As receitas de massas caíram 10,8 por cento em termos mensais face ao bom desempenho registado em Janeiro, coincidente com o fim das medidas de combate à pandemia e o período de férias do Ano Novo Chinês.

Outro sinal do bom desempenho do sector é que o valor das receitas das apostas de massas no primeiro trimestre deste ano representa 82,1 por cento de toda a receita do mesmo segmento de jogo registada no ano passado. Este segmento de apostas teve, em 2022, uma quebra de 51,4 por cento face a 2021, para 42,20 mil milhões de patacas.

Melco com perdas

Entretanto, a Melco International anunciou na sexta-feira os resultados do ano passado, tendo sofrido uma quebra nas receitas de 32,4 por cento face a 2021.

O prejuízo, após pagamento de impostos, foi de 9,99 mil milhões de dólares de Hong Kong. Segundo um comunicado da concessionária, a quebra deveu-se “às restrições de viagens em Macau e China relacionadas com a covid-19 durante o ano”, bem como ao encerramento temporário dos casinos decretado pelo Governo em Julho do ano passado.

Uma vez que a concessionária gerou um EBIDTA ajustado negativo de 362 milhões de dólares de Hong Kong em 2022 em relação ao valor de 1.54 mil milhões registado em 2021, não se recomenda o pagamento de dividendos aos accionistas relativamente a Dezembro último.

Citado pelo mesmo comunicado, Lawrence Ho, CEO da Melco International, declarou existir agora mais optimismo com o relaxamento das medidas, sendo que, com a nova concessão de jogo, fica a promessa de “o grupo providenciar pleno apoio ao desenvolvimento sustentável e diversificado da indústria do lazer e turismo em Macau”.

A segunda fase de construção do Studio City está concluída, prevendo-se que a primeira fase de abertura aconteça no segundo trimestre deste ano. A segunda fase de abertura acontecerá no terceiro trimestre, apontou.

3 Abr 2023

TJB | Jaime Carion e Li Canfeng condenados a 20 e 24 anos de prisão

Os ex-directores das obras públicas foram condenados pelo Tribunal Judicial de Base a penas de prisão efectivas de 20 e 24 anos de prisão, respectivamente. Li Canfeng gritou pela sua inocência em tribunal e vai recorrer da decisão, assim como Ng Lap Seng e Sio Tak Hong

 

Foi uma leitura de sentença efusiva. Face à condenação a 24 anos de prisão efectiva pelos crimes de associação ou sociedade secreta, corrupção passiva para acto ilícito, branqueamento de capitais e falsificação e inexactidão de documentos, Li Canfeng, ex-director das Obras Públicas entre 2014 e 2019, gritou em plena sala de audiências, de dedo apontado à juíza: “Sou inocente, sou inocente, sou inocente”. De seguida foi segurado por polícias que, de forma pacífica, o conduziram para fora da sala.

Este foi um dos momentos mais tensos da leitura da sentença no Tribunal Judicial de Base (TJB) desta sexta-feira, relativa ao processo que julgou dois ex-directores das Obras Públicas. Foram condenados a penas de prisão efectivas, no total, 18 arguidos pela prática dos crimes de branqueamento de capitais, corrupção e ligação a sociedade secreta.

Destaque ainda para a condenação de 20 anos de prisão aplicada a Jaime Roberto Carion, que foi durante muitos anos director da então Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, e dos empresários Ng Lap Seng, William Kuan e Sio Tak Hong, a 15, 18 e 24 anos de prisão, respectivamente.

Coube à juíza Lou Ieng Ha a leitura da sentença que decorreu durante mais de duas horas. O acórdão indicou que Jaime Carion “tomava decisões inclinadas e favoráveis aos empresários” e que “através da família recebia benefícios dos empresários”. Além disso, “os interessados conseguiam decisões favoráveis” por seu intermédio. No caso de Li Canfeng, “já estava a fazer planos para receber benefícios ainda antes de ter assumido funções como director das Obras Públicas”. Ficou ainda provado que Li Canfeng “recebeu benefícios para ignorar as suas funções”.

A juíza referiu ainda que “o crime de sociedade secreta não tem de ser o que pensamos, não tem de ter uma sede ou um nome”. “Numa sociedade secreta não tem de se usar violência nem recorrer à prostituição [como consta na lei]. É a nova jurisprudência do Tribunal de Segunda Instância e do Tribunal de Última Instância que temos de adoptar”, acrescentou.

Relativamente ao futuro dos “objectos apreendidos” e “produtos obtidos ou resultantes da prática dos crimes”, bem como “os bens ocultados” por Li Canfeng, o TJB decidiu deixar essa decisão “para um momento posterior”, dada a “grande quantidade de objectos apreendidos ou penhorados, onde se incluem bens móveis e imóveis”. Pretende-se, assim, “não prejudicar o andamento da parte atinente à condenação penal do processo”.

Três recorrem

São conhecidos, para já, os recursos de Ng Lap Seng, defendido por Leonel Alves, Li Canfeng, defendido por João Varela, e Sio Tak Hong, defendido por Rui Sousa. Ao HM, Rui Sousa disse estar “surpreendido” pelo facto de alguns arguidos terem sido condenados a pena máxima, “geralmente aplicada a crimes gravíssimos”. “Essencialmente, é a pena que é aplicada a crimes com outra natureza, não deste processo. Não conseguimos dizer mais nada, vamos ver o acórdão. Creio que todos os advogados que representam arguidos que foram condenados a penas de prisão, como acabou de ouvir, vão recorrer”, adiantou.

João Miguel Barros, que defendeu Jaime Carion, disse já não ter idade “para ficar chocado com certas coisas”. Ainda assim, disse estar “chocado com a violência da decisão que foi tomada pelo tribunal”. “Acho que prefiro ser senhor dos meus silêncios do que escravo das minhas palavras”, acrescentou o advogado, não adiantando se o ex-director das Obras Públicas vai ou não recorrer.

“O recurso está dependente da notificação do meu cliente. Neste momento, está tudo em aberto e não quero dizer mais nada porque não vale a pena falar com as emoções muito quentes.”

Preventiva colectiva

Todos os arguidos passam a estar em prisão preventiva enquanto aguardam pela decisão do recurso. A juíza ignorou os pedidos de Ng Lap Seng e Si Tit Sang, ambos com saúde debilitada, que estavam em liberdade a aguardar julgamento e que cumpriram sempre todas as medidas de coacção, como a própria juíza reconheceu.

“Tendo em conta o nível da gravidade dos crimes, e tendo em conta situações semelhantes, mesmo que os arguidos tenham cumprido de forma exemplar as medidas não privativas da liberdade […] a experiência diz-nos que a privação da liberdade é a medida mais adequada, tendo em conta o crime de associação ou sociedade criminosa. Depois de condenarmos pode haver perigo de fuga”, afirmou Lou Ieng Ha. De frisar que o TJB absolveu ainda três arguidos dos mesmos crimes acima referidos.

O caso arrancou em Junho do ano passado com a acusação formal, da parte do Ministério Público, a Jaime Carion e Li Canfeng pelos crimes de associação secreta e criminosa e branqueamento de capitais.

3 Abr 2023

Elevadores | Registo de técnicos e empresas já começou

As empresas que realizam manutenção da segurança e funcionamento dos elevadores podem registar-se desde sábado na Direcção dos Serviços de Solos e Construção Urbana (DSSCU).

Para articular a implementação da lei de segurança dos ascensores e o regulamento administrativo que a acompanha, a entidade de manutenção tem de prestar apoio no registo dos ascensores em funcionamento, no prazo de um ano, a contar do sábado passado. Além disso, começou também no sábado o prazo para inscrição dos técnicos de ascensores, das entidades de manutenção e das entidades inspectoras.

Desta forma, todas as empresas que prestam serviços de manutenção de ascensores devem registar-se junto da DSSCU no prazo de um ano antes da implementação efectiva da legislação (a 1 de Abril de 2024).
Concluído o registo, a DSSCU atribuirá um número a cada ascensor registado.

Além do registo dos ascensores, após a entrada em vigor da lei, os responsáveis têm de contratar uma entidade para proceder à manutenção regular, bem como contratar uma outra empresa para proceder às inspecções periódicas anuais dos ascensores, a fim de obter a declaração de aprovação de inspecção e garantir o seu funcionamento em boas condições de segurança.

3 Abr 2023

Lei Básica | Associações tradicionais realçam três décadas de harmonia

No rescaldo do 30º aniversário da adopção da Lei Básica, diversas associações tradicionais locais lembraram o desenvolvimento do território nos últimos anos graças à fórmula “Um País, Dois Sistemas”. Au Kam San foi a única figura política fora do tom dos discursos oficiais

 

Diversas associações tradicionais de Macau lembraram, a propósito da celebração dos 30 anos da Lei Básica, os ganhos que Macau obteve com a adopção da miniconstituição que expressa o princípio “Um País, Dois Sistemas”, criado por Deng Xiaoping.

Segundo o jornal Ou Mun, Leong Hong Sai e Ngan Iek Hang, deputados ligados ao Centro de Sabedoria de Política Colectiva, um “think-tank” associado à União Geral das Associações de Moradores de Macau (UGAMM), defenderam que com a Lei Básica a sociedade manteve-se estável e harmoniosa, e que o princípio “Um País, Dois Sistemas” obteve realizações importantes para o território.

Uma vez que o panorama internacional e a sociedade têm mudado rapidamente, os deputados esperam que a ligação entre a governação local e as políticas nacionais sejam mais clarificadas, devendo o Governo da RAEM focar-se na história da origem do território e na concretização das leis. Assim, princípios da nova era do país, tal como a “modernização chinesa” ou “o grande rejuvenescimento da Nação chinesa” devem ser introduzidos na divulgação da Lei Básica e da Constituição.

Neste contexto de divulgação da miniconstituição, Ngan Iek Hang e Leong Hong Sai acreditam que deve ser explicada a interligação de poderes cívicos e governativos entre Macau e a Zona de Cooperação Aprofundada entre Hengqin e Macau e na Grande Baía de Guangdong-Hong Kong-Macau.

Desta forma, os deputados sugerem a criação de um departamento próprio para a criação de novos cursos e materiais pedagógicos destinados a professores para que possam ensinar melhor a Lei Básica, incluindo estes conteúdos nas aulas de educação cívica do ensino secundário.

Tudo sobre economia

Ho Sut Heng, presidente da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), defendeu, também ao Ou Mun, que nos últimos 23 anos desde a transferência de soberania, a sociedade, a economia e o bem-estar da população constituem sinais “óbvios” de desenvolvimento do território, metas alcançadas com a implementação da Constituição chinesa e Lei Básica.

A responsável disse que Macau deve continuar a manter-se como um território estável e próspero, concretizando-se por completo o princípio “Um País, Dois Sistemas”, conjugando em simultâneo a plena governação do Governo Central e o elevado grau de autonomia de Macau. Ao mesmo tempo, deve continuar a aposta na defesa da autoridade da Constituição e Lei Básica, disse Ho Sut Heng, que pede a concretização do princípio de “Macau governada por patriotas”.

Nick Lei, presidente da associação Aliança do Povo de Instituição de Macau, ligada à comunidade de Fujian, entende que a Lei Básica vai promover o desenvolvimento do território no futuro, resultando na garantia da estabilidade e bem-estar da população.

O deputado acredita, por isso, que todos os sectores devem funcionar mediante a Lei Básica e conhecer bem a relação entre as noções de “Um País” e “Dois Sistemas”, ou seja, a ligação entre a China e as regiões administrativas especiais, defendendo a autoridade da Constituição e da Lei Básica, os interesses nacionais e a prosperidade e estabilidade da RAEM.

Uma voz no deserto

Por sua vez, o ex-deputado Au Kam San escreveu no Facebook que sente que, aquando da adopção da Lei Básica, foi ingénuo ao acreditar que a miniconstituição poderia assegurar os direitos e liberdades dos residentes.
Lembrando a criação, em 1989, do Conselho Consultivo da Lei Básica para o arranque oficial do período de consulta pública e redacção do documento, Au Kam San recordou que muitos amigos e colegas participaram de forma activa no processo esperando que a Lei Básica assegurasse a vida estável dos residentes sob o princípio “Um País, Dois Sistemas”, bem como a defesa dos direitos humanos, mantendo um sistema económico capitalista.

Wong Kit Cheng, deputada e presidente da Associação da Construção Conjunta de Um Bom Lar, defendeu, em comunicado enviado às redacções, que todos os sectores da sociedade devem promover e estudar de forma aprofundada o significado da miniconstituição, aproveitando todas as vantagens do princípio “Um País, Dois Sistemas”.

A responsável entende também que o princípio “Macau governado por patriotas” deve ser reforçado. Wong Kit Cheng considera que a Lei Básica constitui um bom enquadramento jurídico para alcançar o pleno desenvolvimento de Macau, garantindo uma vida estável no território e deixando satisfeitos os seus residentes.

Tendo em conta a “situação internacional” e os desenvolvimentos ocorridos nos últimos anos, Wong Kit Cheng salienta que todos os sectores sociais devem ser “firmes apoiantes” da Lei Básica e dos seus princípios subjacentes, assegurando a continuação do Estado de Direito em Macau em conjugação com a defesa da Constituição e da miniconstituição. A associação dirigida pela deputada promete desenvolver acções promocionais da Lei Básica nas escolas a lares.

3 Abr 2023

Inteligência artificial | DSEDJ procura “soluções viáveis” para escolas

Iun Pui Iun, directora substituta da Direcção dos Serviços de Educação e Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ) adiantou, em resposta à interpelação do deputado Leong Sun Iok, que esta entidade tem vindo a procurar “soluções viáveis” para a adopção da inteligência artificial por parte das escolas.

“Em resposta ao desenvolvimento da educação de inteligência artificial, a DSEDJ procura soluções viáveis para as escolas desenvolverem a educação de inteligência artificial e as respectivas aplicações pedagógicas. Nos últimos anos a DSEDJ tem organizado acções de formação para o pessoal docente.”

Além disso, é referido que o Governo “atribui grande importância à formação da literacia de informação dos alunos e à aquisição da capacidade de adaptação às mudanças sociais provocadas pelo progresso tecnológico”. Exemplo disso é a integração das acções promocionais da chamada “educação inteligente” no “Planeamento a Médio e Longo Prazo do Ensino Não Superior (2021-2030)”, para “elevar a competitividade dos alunos”. É também promovida “a adaptação dos docentes às mudanças educativas da nova era informática, aproveitando as tecnologias como meio de optimização do ensino”.

O deputado Leong Sun Iok questionou ainda o impacto da introdução da inteligência artificial no mercado de trabalho, tendo sido referido, na mesma resposta, que a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais “continua a prestar atenção às mudanças no mercado de trabalho, à aplicação das novas tecnologias e à procura de talentos nas diversas indústrias, ajustando os planos de formação e lançando cursos mais diversificados de formação profissional”.

30 Mar 2023