Taipa Village | Exposição de Elizabeth Briel encerra programa de 2025

A exposição “Waves of Influence: Foreign Materialities”, da norte-americana Elizabeth Briel, fecha o programa artístico deste ano da Associação Cultural Taipa Village. A mostra, em exibição a partir de 3 de Dezembro, é composta por um mural, feito de vestuário reciclado, representando os azulejos portugueses que “pintam” Macau de azul e branco

A nova galeria de arte da Associação Cultural Taipa Village acolhe a partir de 3 de Dezembro a mostra “Waves of Influence: Foreign Materialities”, de Elizabeth Briel, encerrando o programa cultural de 2025.

A mostra exibe uma instalação feita em papel, que forma de um mural com impressões dos típicos azulejos brancos e azuis portugueses incorporados na paisagem urbanista de Macau, especialmente em infra-estruturas municipais. O papel usado no mural foi feito a partir da reciclagem de peças de vestuário em ganga e t-shirts.

A associação cultural refere que o trabalho da artista norte-americana, especializada em arquitectura e património, se alinha perfeitamente com as iniciativas da Taipa Village, “que integram arte contemporânea, arquitectura e design de formas inovadoras”. O trabalho “Waves of Influence” foi concluído este ano e exibido num centro de arte em papel na região de Guangzhou, juntamente com obras seleccionadas da sua série anterior, “Impressions: What Lies Beneath Paris & Hong Kong”.

Num comunicado divulgado pela Associação Cultural Taipa Village, a artista explica que a instalação que estará em exibição nasceu das horas que passou a trabalhar no estúdio em Macau, rodeada por porcelana chinesa azul e branca pintada à mão, criada para o mercado de exportação.

“Segui os desenhos intricados da porcelana, lembrando-me dos azulejos portugueses em azul cobalto que vemos nos espaços públicos de Macau e das maneiras como esta forma de arte ligou culturas tão díspares com a chinesa e ocidental”, conta Elizabeth Briel.

Os azuis do delta

A autora começou a encontrar pontos de convergência entre os “azuis que eram a arte dos impérios” e materiais como o papel e a ganga, que também foram transportados entre continentes e séculos através da migração, comércio, do poder e do conflito, e transformados por pessoas de todos os níveis da sociedade à medida que incorporavam estes objectos nas suas vidas”.

Com um olhar sobre as transformações culturais entre os impérios chineses, os califados mediterrâneos e os poderes ibéricos, Elizabeth Briel desenvolveu um interesse especial na forma como estas transições se estenderam à arte com papel e à porcelana azul e branca nos últimos mil anos.

A artista indica ainda que este projecto “surgiu do fascínio pela materialidade dos impérios” e permitiu fazer “uma jornada pessoal do Ocidente à Ásia e vice-versa”. A organização da exposição indica que a pintora e artista gráfica “trabalha principalmente com papel em resposta ao local onde vive, imprimindo directamente a partir da arquitectura, fazendo papel a partir de linho e algodão e criando instalações modulares de papel em grande escala”. O material usado acaba por encapsular significados, como fez, por exemplo, usando papel fustigado por tufões, feito a partir de uniformes miliares ou através da pintura em osso e chumbo.

Nascida na Califórnia e criada em Minneapolis, onde fez um bacharelato em Belas Artes, Elizabeth Briel viveu na Ásia durante duas décadas, antes de se mudar para Paris em 2024. No currículo conta com exposições na Europa, Ásia e Austrália e com os recorrentes regressos ao continente asiático para trabalhar em projectos anuais.

A mostra estará patente no Taipa Village Art Space, na Rua dos Mercadores (29-31), na Taipa, entre 3 de Dezembro e 4 de Fevereiro.

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