China / ÁsiaTimor-Leste discute com parceiros o combate à corrupção e ao crime transnacional Hoje Macau - 20 Dez 2025 O chefe da diplomacia de Timor-Leste, Bendito Freitas, reuniu-se esta semana com a Interpol, a Austrália e a ONU para reforço da cooperação no combate à corrupção e ao crime transnacional, anunciou ontem o Governo timorense. Os encontros foram realizados em Doha, Qatar, à margem da 11.ª sessão da Conferência dos Estados Parte da Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção, que começou segunda-feira e terminou ontem. “A Interpol manifestou disponibilidade para apoiar Timor-Leste na capacitação de recursos humanos, com vista ao reforço das competências nacionais no combate à corrupção, ao crime organizado e ao crime transnacional, incluindo por mecanismos regionais da ASEAN [Associação das Nações do Sudeste Asiático] e do recurso a tecnologias emergentes, como a inteligência artificial, aplicadas à investigação criminal”, pode ler-se na informação do executivo timorense. Com a Austrália, o ministro dos Negócios Estrangeiros timorense abordou o futuro “estabelecimento de uma parceria de cooperação bilateral” naquelas áreas. O encontro permitiu também “trocar pontos de vista sobre a identificação de necessidades de capacitação de recursos humanos, em particular para investigadores, bem como sobre a partilha de experiências e boas práticas, incluindo no contexto da cooperação com os Estados-membros da ASEAN”. Bendito Freitas esteve também reunido com uma equipa do Gabinete das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) para “discutir mecanismos de combate ao jogo ilícito, ao branqueamento de capitais, crimes relacionados com drogas e a utilização de tecnologias digitais e de inteligência artificial, tanto a nível regional como em Timor-Leste”. “As partes analisaram possibilidades de cooperação no domínio da capacitação técnica e do reforço das capacidades institucionais, incluindo a utilização de equipamentos forenses para a investigação e detecção de crimes transfronteiriços”, salienta o Governo. A UNODC convidou o Governo de Timor-Leste para participar numa conferência internacional sobre o combate ao jogo ilícito e ao contrabando, a realizar-se em Viena, em 2026. Nos encontros participaram também o Comissário da Comissão Anticorrupção, Rui Pereira dos Santos, o director nacional da Polícia Científica de Investigação Criminal, Vicente Brito, a procuradora-geral adjunta da República, Angelina Saldanha, e a deputada Virgínia Ana Belo. Jogo e burlas O Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) alertou em Setembro para a proliferação de redes criminosas em Oecussi, enclave timorense no lado indonésio da ilha de Timor, salientando que as recentes investigações mostram uma contaminação da região. O documento da UNODC foi divulgado após uma investigação das autoridades timorenses que resultou na detenção de 10 pessoas por suspeita de envolvimento em actividade de exploração de jogos ilícitos e de burla informática em Oecussi. No mesmo relatório, a UNODC afirma também que uma pessoa “que ocupa um cargo no governo de Timor-Leste” é um dos donos de um hotel que “parece acolher empresas” com actividade criminosa. Na sequência daquela denúncia pública, o Governo timorense determinou cancelar as licenças concedidas para exploração de jogos e apostas ‘online’, bem como proibir a atribuição de novas licenças, devido a riscos para a segurança e estabilidade social. Este mês, as autoridades timorenses encerraram a casa de jogos Lotaria Dragon, em Díli, bem como os escritórios da empresa Capital Ventures Timor por suspeita de jogo ilegal.