China / ÁsiaComércio | Sancionadas cinco filiais da Hanwha nos EUA Hoje Macau - 15 Out 2025 As autoridades chinesas puniram as subsidiárias sul-coreanas em resposta à intervenção de Trump na indústria naval O Governo chinês anunciou ontem a proibição de transacções de empresas chinesas com cinco subsidiárias do construtor naval sul-coreano Hanwha Ocean, numa nova resposta à política do Presidente norte-americano, Donald Trump, de relançar a indústria naval nos Estados Unidos. Num comunicado divulgado ontem, o Ministério do Comércio chinês indicou ainda que vai investigar a decisão de Washington de abrir um inquérito ao domínio crescente da China na construção naval global, advertindo que poderá aplicar novas medidas de retaliação. As autoridades chinesas afirmaram que a investigação “coloca em risco a segurança nacional” da China e a sua indústria marítima, apontando o envolvimento da Hanwha no processo como um dos motivos para as sanções. A investigação norte-americana, ao abrigo da Secção 301 da lei de comércio dos EUA, foi lançada em Abril de 2024, tendo concluído que a posição dominante da China no sector prejudica as empresas norte-americanas. “Pequim acaba de transformar a construção naval numa arma”, afirmou Kun Cao, vice-presidente executivo da consultora Reddal, citado pela imprensa internacional. “É um sinal claro de que atingirá empresas de terceiros países que colaborem com os EUA no seu esforço para conter o domínio marítimo da China”, apontou. A ‘lista negra’ chinesa inclui as entidades Hanwha Shipping LLC, Hanwha Philly Shipyard Inc., Hanwha Ocean USA International LLC, Hanwha Shipping Holdings LLC e HS USA Holdings Corp. As ações da Hanwha Ocean registaram ontem uma queda superior a 8 por cento na bolsa sul-coreana. Em resposta, a empresa afirmou estar a “analisar a situação”. Mar agitado O anúncio surge num momento de escalada das tensões comerciais e marítimas entre as duas maiores economias do mundo. Ambos os países introduziram ontem novas taxas portuárias sobre os navios um do outro. As taxas chinesas abrangem embarcações detidas ou operadas por empresas ou indivíduos norte-americanos, com participação igual ou superior a 25 por cento, navios com bandeira dos EUA ou construídos nos EUA, replicando em grande medida os critérios definidos pelas autoridades norte-americanas. A trégua na guerra comercial parece assim ter-se desfeito após Trump ter ameaçado impor tarifas de 100 por cento sobre todas as importações oriundas da China, em protesto contra os recentes controlos chineses à exportação de terras raras. Pequim assegurou ontem que as duas partes mantêm contacto, tendo realizado na segunda-feira uma ronda de conversações a nível técnico. A aproximação entre Washington e Seul na construção naval tem-se intensificado como resposta ao domínio chinês – a China é actualmente o maior construtor naval do mundo. No final de 2024, a Hanwha adquiriu o estaleiro Philly Shipyard, na Pensilvânia, por 100 milhões de dólares, e anunciou em Agosto um plano de investimento de 5 mil milhões de dólares para ampliar as infraestruturas portuárias nos EUA. A empresa assinou também contratos com a Marinha dos EUA para serviços de manutenção e reparação de embarcações militares. Em Maio deste ano, a Hanwha revelou que iria sair de uma ‘jointventure’ que mantinha na China.