Poesia | “Poemografia de Macau”, de António Mil-Homens, lançado em Lisboa

O fotógrafo António Mil-Homens, antigo residente de Macau, lança hoje em Lisboa, no Centro Científico e Cultural de Macau, o livro “Poemografia de Macau”, onde reúne poemas e fotografias da sua autoria que espelham uma visão muito própria do território. A obra foi editada pelo Instituto Cultural em 2019

 

Volta hoje a ser lançado o livro “Poemografia de Macau”, da autoria do fotógrafo António Mil-Homens, no Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM). Ex-residente de Macau, para onde foi viver em meados dos anos 90, António Mil-Homens destacou-se como uma personalidade ligada à arte e à imagem, até que decidiu, com esta obra, apostar também na escrita.

Este é um lançamento feito alguns anos após a primeira edição de “Poemografia de Macau”, editado em 2019 pelo Instituto Cultural (IC), e que se integra na colecção “Escritores Chineses e Lusófonos”, estando disponível em chinês, português e inglês.

Ao HM, António Mil-Homens, que actualmente está radicado em Portugal, disse que esta obra “transcreve” de forma poética a sua experiência com o território. “A intenção de fazer chegar a obra a um público tão vasto quanto possível tinha-me levado à encomenda da tradução para chinês e inglês dos poemas. O título deriva também da ideia de enriquecer o conteúdo com a inclusão de fotografias minhas, captadas desde a minha primeira estadia em Macau, em 1996”, apontou.

Mil-Homens explica que, como toda a sua poesia, “o conteúdo [do livro] foi produzido de forma espontânea”, ao contrário da selecção das fotografias para ilustrar o livro.

“Se, em termos gráficos, a minha intenção original era de ter um formato maior, quadrado, e daí o formato das fotografias, senti-me honrado com a inclusão da obra na mencionada colecção [do IC]. A anunciada apresentação no CCCM pareceu-me oportuna, na medida em que tem estado patente no mesmo a minha exposição fotográfica ‘Macau, agora e sempre'”.

A obra foi lançada em Macau, na Casa Garden, há quatro anos, tendo o autor dito, na altura, que sempre se sentiu bastante ligado à cultura chinesa, e que esse livro é reflexo disso mesmo.

“Tenho uma enorme admiração e um profundo respeito. Não ignoro as diferenças e procuro entendê-las. É a minha postura normal relativamente a outras culturas: procurar e analisá-las sem grandes pré-concepções, porque essa é a única forma. Prefiro ter um olhar mais transparente sobre aquilo que me rodeia.”

Um dos poemas incluídos neste livro descreve a chegada de António Mil-Homens a Macau em 1996. Mas o autor foi escrevendo de formas diferentes ao longo dos tempos, precisamente pela absorção da cultura chinesa.

“De repente ganhei consciência de que o estilo [de escrita] é mais configurativo. Se calhar o estilo de escrita dos poemas reflecte muito daquilo que em mim foi sendo inculcado pela cultura chinesa. Diria que são poemas meus, mas se calhar são muito chineses na forma como foram naturalmente escritos, sem ter tido consciência ou intenção disso”, referiu ao HM na altura.

Último dia

De frisar que a exposição “Macau, Agora e Sempre” tem estado patente no CCCM e chega amanhã ao fim. Desde o dia 3 de Junho que o público pode ver, de forma gratuita, as melhores imagens captadas por este ex-residente de Macau, que no território trabalhou também como fotojornalista.

António Mil-Homens tem estado ligado a outras iniciativas culturais promovidas pelo CCCM, nomeadamente na realização do workshop “Fotografia Elementar”, que decorre nos dias 24 e 25 deste mês. A ideia é que os alunos possam fotografar ou “escrever com a luz”, tendo o Museu de Macau, no piso térreo do CCCM, como base de trabalho.

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