Doenças respiratórias | Mais de 5.500 crianças nas urgências em Abril

No mês passado, 5.570 crianças foram admitidas nas urgências do Hospital São Januário com casos severos de gripe e covid-19. O aumento de pacientes levou à sobrelotação de enfermarias. A chefe de pediatria realçou a falta de defesas imunológicas das crianças, devido ao uso prolongado de máscaras. Entre Janeiro e Abril deste ano, houve mais pneumonias do que em 2023

 

Macau continua a atravessar um período de pico ao nível de infecções respiratórias, com particular incidência para as crianças. Só no mês passado, cerca de 5.570 crianças foram atendidas nas urgências do Centro Hospitalar Conde de S. Januário devido a casos severos de infecção de covid-19 e gripe, acentuando a tendência dos últimos meses.

A informação foi revelada ontem pela chefe de serviço de pediatria do Centro Hospitalar Conde de S. Januário, Wong Fong Ian, aos microfones do Fórum Macau, no canal chinês da Rádio Macau.

Retratando um cenário de enfermarias lotadas, mas com a capacidade estabilizar, a responsável realçou que crianças com idades entre os 2 e 3 anos têm maior probabilidade de adoecerem, situação que explicou com uso de máscara durante a pandemia e o facto de as crianças ficarem mais tempo em casa. Aliás, Wong Fong Ian referiu que o fenómeno é alargado às restantes cidades da Grande Baía, onde as crianças têm um défice imunológico e de anticorpos adquiridos através de infecções cruzadas. Os resultados destas práticas estão agora a inundar as urgências hospitalares, com crianças que acumulam entre duas a quatros infecções diferentes em simultâneo, com sintomas mais severos.

Outro dado contrastante revelado ontem pela chefe de pediatria do São Januário, diz respeito ao número de pneumonias devido a infecções de bactérias micoplasma. Entre Janeiro e Abril deste ano, o número deste tipo de pneumonia já atingiu o registo total de 2023.

Febre a noite toda

A médica Leong Iek Hou, que dirige a Divisão de Prevenção e Controlo de Doenças Transmissíveis e marcou a agenda mediática da região durante a pandemia, traçou o cenário evolutivo das doenças respiratórias nos últimos meses.

Desde Dezembro do ano passado, os vários vírus da gripe, covid-19 e enterovírus registaram números crescentes de infecções. Por exemplo, o vírus da gripe H3 começou a entrar no radar dos Serviços de Saúde em Dezembro, propagou-se em Janeiro, desceu em Fevereiro e voltou a ressurgir em Março. Leong Iek Hou, que durante cerca de três anos aconselhou o uso de máscaras em quase todas as situações, afirmou ontem que o ressurgimento de vírus se deve ao uso frequente de máscara durante a pandemia, que enfraqueceu a protecção imunológica da população.

A responsável afirmou que na passada semana, entre os doentes que recorreram ao hospital com sintomas de febre, 16 por cento estavam infectados com um tipo de gripe e 12 por cento com covid-19.

Em Abril, as autoridades registaram 105 casos de infecções colectivas em escolas, particularmente afectando crianças muito novas, o que representa um aumento anual de cerca de 75 por cento. Entre estas infecções, cerca de 40 por cento era de gripe A.

Subscrever
Notifique-me de
guest
0 Comentários
Inline Feedbacks
Ver todos os comentários