FAM | Teatro em patuá apresenta “Unga Istrêla ta vem”

A 34.ª edição do Festival de Artes de Macau (FAM) já arrancou e, no próximo fim-de-semana, traz a estreia de mais uma peça em patuá, com o cunho dos Dóci Papiaçam di Macau. Trata-se de “Unga Istrêla ta vem”, em português, “Chega uma Estrela”. O cartaz do FAM inclui ainda a apresentação de uma ópera em cantonense

 

Um dos grandes atractivos do programa do Festival de Artes de Macau (FAM) chega no próximo fim-de-semana pela mão dos Dóci Papiaçam di Macau. A peça “Unga Istrêla ta vem”, “Chega uma Estrela”, em português, apresenta-se no grande auditório do Centro Cultural de Macau (CCM) no sábado e domingo a partir das 20h.

A peça, escrita e encenada por Miguel de Senna Fernandes, presidente da Associação dos Macaenses, centra-se em torno de Délia, uma professora de teatro, e Giselda, uma ex-junket que está à beira da falência por ter ficado sem emprego. As grandes temáticas do território vão-se contando à medida que a vida destas duas mulheres se cruza, sempre com laivos de ironia e humor tão próprios do teatro em patuá, crioulo tipicamente macaense e já em vias de extinção.

De frisar que o teatro em patuá passou a estar inscrito, em 2021, na Lista do Património Cultural Intangível da China.

Também no próximo fim-de-semana se apresenta, no Parisian Theatre, o espectáculo de ópera cantonense “Sob a Árvore dos Pagodes”, protagonizado pela Associação de Ópera Cantonense Zhen Hua Sing. O espectáculo de sábado começa às 19h30 e, no domingo, acontece às 14h30.

A peça centra-se em torno do mundo das divindades, quando a Sétima Fada, filha do Imperador Celeste, espreita o mundo dos comuns dos mortais a partir do céu. É então que esta fada se comove com as dificuldades de Dong Yong, filho que tenta sepultar o pai com a maior dignidade possível.

Cansada da vida divina e perfeita que leva nos céus, a Sétima Fada desce à terra e casa-se com Dong Yong debaixo da árvore de pagodes. Porém, o romance só passa a ser do conhecimento do imperador 100 dias depois, e é aí que as dificuldades dos apaixonados começam.

Esta história é a base da lenda chinesa de Dong Yong e da Sétima Fada que permanece no imaginário popular até hoje, tendo já inspirado muitos espectáculos de ópera e séries de televisão. A versão que agora se apresenta no FAM foi criada pela associação local de ópera, levando ao palco o consagrado actor Chu Chan Wa juntamente com um elenco de actores locais.

Arte em todo o lado

Por sua vez, no Teatro D. Pedro V, é a vez de subir ao palco o espectáculo “Frankenstein/Criaturas”, sábado e domingo em dois horários, nomeadamente às 15h e às 20h. Com encenação do grupo “Espaço para Agir”, em colaboração com a companhia japonesa “Momentos Teatrais” esta peça baseia-se na história de “Frankstein”, de Mary Shelley, escrita há quase 200 anos, estabelecendo agora uma conexão com a tecnologia.

A pensar nos mais pequenos inclui-se ainda no programa do FAM a peça “O Livrinho”, encenada pelo Teatro Baj, com sessões entre sexta-feira e domingo para bebés dos seis aos 18 meses e crianças dos 18 meses aos três anos. O espectáculo acontece no Estúdio II do CCM.

Destaque ainda para a inauguração, no sábado, da exposição “Foco: Integração Artística entre a China e o Ocidente nos Séculos XVIII-XIX”, patente no Museu de Arte de Macau (MAM).

Esta exposição apresenta um total de 300 peças de pinturas de exportação e obras no estilo de George Chinnery, provenientes principalmente do MAM e do Museu de Guangdong. Apresenta-se ainda uma selecção de obras oriundas do Museu de Arte de Hong Kong.

Segundo a organização do FAM, têm lugar nesta mostra “três perspectivas distintas ao nível do estilo, técnicas e materiais”, revelando-se o “diálogo visual e a integração entre a China e o Ocidente, promovidos por artistas locais e estrangeiros no Delta do Rio das Pérolas, durante os séculos XVIII e XIX”.

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