Jornalista detida durante três anos regressa à Austrália

A jornalista sino-australiana Cheng Lei, que foi condenada e detida na China por acusações de espionagem durante três anos, regressou recentemente à Austrália, informou ontem o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese. Cheng Lei, de 48 anos, trabalhava para o departamento internacional da emissora estatal chinesa CCTV. A jornalista já se reuniu com os seus dois filhos em Melbourne, revelou Albanese. O regresso ocorre numa altura em que Albanese se prepara para visitar Pequim, apesar de a data exacta não ter sido ainda anunciada.

O governo de Albanese tem feito pressões com vista à libertação de Cheng e de outro cidadão com dupla nacionalidade chinês – australiano, detido na China desde 2019, Yang Hengjun. As relações bilaterais melhoraram desde que o Partido Trabalhista de centro-esquerda de Albanese foi eleito após nove anos de um governo conservador. Pequim levantou várias barreiras comerciais oficiais e não oficiais impostas às exportações australianas.

Albanese sugeriu que Cheng foi recentemente condenada num julgamento à porta fechada no ano passado por acusações de prejudicar a segurança nacional da China. “O seu regresso põe fim a anos muito difíceis para Cheng e a sua família. O governo tem estado a tentar conseguir a sua libertação há muito tempo e o seu regresso foi muito bem recebido não só pela sua família e amigos, mas também por todos os australianos”, acrescentou.

Albanese disse que falou com Cheng em Melbourne, onde os seus filhos têm vivido com a mãe. Ambos discutiram uma carta que ela escreveu ao público australiano em agosto para assinalar o terceiro ano desde a sua detenção. Na carta, a jornalista nascida na China fala do amor que sente pelo seu país de adopção. Também descreveu as condições em que se encontrava detida na China, afirmando que só lhe era permitido estar ao sol durante 10 horas por ano. “Ela é uma pessoa muito forte e resistente e quando falei com ela, estava encantada por estar de volta a Melbourne”, disse Albanese.

O primeiro-ministro australiano não revelou se Yang também poderá ser libertado. “Continuamos a defender os interesses, os direitos e o bem-estar de Yang junto das autoridades chinesas a todos os níveis”, disse Albanese.

Yang, um escritor de 58 anos, disse à sua família em agosto que temia morrer num centro de detenção de Pequim, depois de lhe ter sido diagnosticado um quisto renal, o que levou os seus apoiantes a exigir a sua libertação para receber tratamento médico. Está detido na China desde janeiro de 2019, quando chegou a Cantão vindo de Nova Iorque com a mulher e a enteada adolescente. Yang foi julgado à porta fechada por uma acusação de espionagem em Pequim, em maio de 2021, e continua a aguardar o veredicto.

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