Banco central | Imobiliário começa a recuperar da crise

O sector do imobiliário volta a ter motivos para sorrir após o anúncio do Banco Central chinês de que o número de transacções aumentou significativamente e que o ambiente no financiamento a instalações de alta qualidade respira confiança

 

O imobiliário da China está a recuperar de uma queda provocada por uma campanha para reduzir os níveis de endividamento do sector, afirmou na sexta-feira o vice-presidente do banco central chinês, após uma vaga de incumprimentos.

Pan Gongsheng referiu o grupo Evergrande Group, a construtora mais endividada do mundo, mas não ofereceu detalhes sobre os esforços da empresa para reestruturar 2,1 biliões de yuan em dívidas com bancos e detentores de títulos. “A confiança do mercado está a recuperar. O número de transacções no mercado imobiliário aumentou”, disse Pan, em conferência de imprensa, nas vésperas do início da sessão anual da Assembleia Nacional Popular, o órgão máximo legislativo da China.

“O ambiente de financiamento, especialmente para empreendimentos de alta qualidade, melhorou significativamente”, apontou a mesma fonte. Pan não deu indicações sobre se Pequim planeia fazer alterações significativas na campanha para reduzir o nível de endividamento das empresas do sector. Em 2021, os reguladores chineses passaram a exigir às construtoras um tecto de 70 por cento na relação entre passivo e activos e um limite de 100 por cento da dívida líquida sobre o património, suscitando uma crise de liquidez no sector, que foi agravada pelas medidas de combate à covid-19.

Algumas construtoras entraram em falência. Outros não conseguiram pagar o juro de obrigações emitidas nos mercados doméstico e externo. A Evergrande afirmou que tem 2,3 biliões de yuan em activos, mas está a ter dificuldades para os converter em dinheiro para pagar aos credores.

Os governos locais assumiram alguns projectos inacabados para garantir que as famílias receberão os apartamentos que foram já pagos.

Câmbio estável

O presidente do banco central, Yi Gang, disse que Pequim planeia manter a taxa de câmbio da moeda chinesa estável, depois de ter caído para o nível mais baixo dos últimos 14 anos, em relação ao dólar norte-americano, em Setembro.

A taxa de câmbio “permanecerá basicamente estável num nível razoável e equilibrado”, disse Yi Gang, na mesma conferência de imprensa. O banco central interveio para impedir a queda do yuan, depois de a Reserva Federal dos Estados Unidos ter aumentado as taxas de juro, para combater a inflação.

O aumento das taxas de juro torna mais rentável ter as poupanças em dólares, o que provoca uma fuga de capital da China. A taxa de câmbio pode enfrentar mais pressão, já que se espera que a subida das taxas de juro nos EUA trave a inflação e a actividade económica, enquanto Pequim está a relaxar os controlos sobre o crédito, visando estimular o crescimento económico.

Um yuan mais fraco ajuda os exportadores chineses a tornarem os seus produtos mais baratos para compradores estrangeiros, mas incentiva o fluxo de capital para o exterior. Isto aumenta os custos do crédito na China.

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