Myanmar | Junta militar ordena a bancos e empresas que deixem de pagar empréstimos estrangeiros

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O Banco Central de Myanmar (antiga Birmânia), sob controlo do regime militar, ordenou aos bancos e empresas do país que suspendam ou atrasem os pagamentos dos empréstimos estrangeiros, avançou hoje a imprensa local.

A entidade bancária refere, num documento datado de 13 de julho, que “devem ser suspensas as amortizações de empréstimos estrangeiros, incluindo os juros”.

Este constitui o mais recente esforço da junta militar, que assumiu o poder no país em fevereiro de 2021, para controlar o fluxo de divisas, explica hoje o portal Khit Thit Media.

Myanmar vive uma profunda crise política, social e económica desde o golpe militar, que encerrou uma década de democracia incipiente e desenvolvimento económico, o que resultou numa forte queda do valor da moeda.

A junta militar birmanesa lançou uma forte campanha de detenções desde que assumiu o poder, a 01 de fevereiro de 2021, e mantém mais de 10.000 pessoas detidas sob o estatuto de presos políticos, incluindo Aung San Suu Kyi, Prémio Nobel da Paz em 1991 e vencedora deposta nas últimas eleições legislativas, em 2021, de acordo com a organização humanitária local Associação de Assistência aos Presos Políticos.

A atual crise alimentar e energética, juntamente com o fortalecimento do dólar norte-americano, está a atingir em cheio a economia deste país empobrecido, que, após o golpe de Estado, se tornou um pária para a comunidade internacional com apenas um punhado de aliados, mas entre os quais se conta a Rússia e a China.

Para tentar aliviar a pressão, o Banco Central birmanês está a tentar impor uma série de medidas impopulares, como o fecho de contas em moeda estrangeira ou a conversão automática de transferências feitas em dinheiro estrangeiro para a moeda local.

Ainda assim, as autoridades permitiram – excepcionalmente – que o comércio em áreas de fronteira seja feito com moeda da China, da Índia ou da Tailândia. O Produto Interno Bruto (PIB) de Myanmar contraiu 18% em 2021, segundo dados do Banco Mundial, que, em janeiro, projectava um crescimento de 1% durante o ano 2022.

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