SJM | Analistas voltam a alertar para falta de liquidez da operadora

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Depois do aviso da JP Morgan, em Abril, a Sanford C. Bernstein estimou que, num cenário sem receitas, a Sociedade de Jogos de Macau teria dinheiro em caixa para apenas três meses. Nesse contexto, a compra do casino Oceanus à STDM foi encarada com preocupação

 

Num cenário sem receitas nos espaços de jogo e de entretenimento, a Sociedade de Jogos de Macau (SJM) teria dinheiro em caixa por apenas três meses, concluiu a correctora Sanford C. Bernstein.

A maior parte das empresas de jogo enfrenta problemas de liquidez e dificuldades no acesso ao crédito devido à enorme redução do número de turistas, indicou a Bernstein. A SJM é, sem dúvida, a operadora que gera maiores preocupações, enquanto que a Galaxy revela mais solidez financeira, pois, sem receitas, teria dinheiro para um ano.

Não é a primeira vez que os analistas revelam preocupações sobre a falta de liquidez da SJM. No passado mês de Abril, a JP Morgan Securities (Asia Pacific) considerava a situação “de alguma forma preocupante”, pois a empresa teria apenas, à data, reservas de dinheiro por um período de seis meses.

“De uma perspectiva financeira, a nossa análise sugere que a SJM Holdings só tem liquidez para seis meses, que é de longe a mais curta (em comparação com a liquidez das outras operadoras que varia entre um ano e meio até mais de 30 anos) e que nos faz sentir desconfortáveis”, lia-se na nota.

Segundo o portal GGR Asia, a SJM indicou a possibilidade de um empréstimo concedido pela STDM no valor de cinco mil milhões de dólares de Hong Kong para resolver a falta de liquidez.

Na sexta-feira, a SJM anunciou a aquisição do casino Oceanus à Sociedade de Turismo e Diversões de Macau (STDM), accionista maioritário, levando os analistas da JP Morgan a criticar o timing da operação. “Não gostamos da altura – quando a SJM sofre severamente com constrangimentos relacionados com falta de liquidez”, escreveram, na nota citada pelo portal GGR Asia, os analistas DS Kim, Amanda Cheng e Livy Lyu.

A compra, por um valor de 1,9 mil milhões de dólares de Hong Kong, será feita através de obrigações convertíveis. O anúncio foi feito através de comunicado enviado pela SJM à bolsa de valores de Hong Kong, sendo que a operação faz parte de um acordo com o Governo quanto à extensão da concessão de jogo até Dezembro deste ano.

O segmento não-jogo do empreendimento Oceanus vale 516 milhões de dólares de Hong Kong, enquanto que a área de jogo vale 1,3 mil milhões.

Reversões para o Governo

Ditam as regras do jogo que quando termina uma concessão os espaços da concessionária revertem para a RAEM, à excepção das zonas não-jogo. O empreendimento Oceanus não tem hotel e possui poucos espaços de actividades não-jogo, mas, segundo o GGR Asia, como a SJM não detém uma posição maioritária, não poderá reverter as zonas de jogo caso não renove a concessão. “Por isso, a SJM está a comprar activos da STDM para poder… reverter… para o Governo”, explicam os analistas da JP Morgan.

“Compreendemos que a SJM costumava pagar aproximadamente 100 milhões de dólares de Hong Kong anuais à STDM em rendas. Não achamos que a SJM necessite comprar outros activos, porque o Grand Lisboa e o Grand Lisboa Palace são detidos em cem por cento pela SJM.” Além disso, referem os analistas, “a SJM detém o espaço de jogo no antigo Hotel Lisboa”.

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