Património | IC admite alterar trânsito junto à Casa de Portugal

Após o edifício que alberga a Casa de Portugal ter ficado danificado devido a um acidente de viação, o IC admite estudar o controlo do tráfego na zona. Sobre o restauro agendado para Dezembro, António José de Freitas mostra-se feliz, congratula a “acção rápida” do IC, mas lamenta não ter sido notificado pelo organismo

O Instituto Cultural (IC) revelou que, na sequência do acidente de viação que danificou parte da fachada do edifício que alberga a Casa de Portugal, está a estudar medidas de controlo de tráfego na zona, em conjunto com a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT).

“Relativamente aos danos a edifícios patrimoniais provocados por uma condução negligente, o IC irá apresentar a situação à DSAT para estudar a melhoria do tráfego ou medidas de controlo”, admitiu o organismo em resposta enviada ao HM.

Recorde-se, que no passado dia 11 de Setembro, ocorreu um acidente no cruzamento da Rua de Pedro Nolasco da Silva com a Travessa do Padre Soares, que danificou parte do canto do edifício no 24A. Juntamente com os lotes 26 e 28-28A, os dois imóveis germinados de interesse arquitectónico são propriedade Santa Casa da Misericórdia de Macau.

Contactado pelo HM, o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Macau, António José de Freitas, considera que, a concretizarem-se, as alterações de trânsito na zona “são boas notícias” e aponta o encerramento da Travessa do Padre Soares à circulação de veículos como uma possibilidade.

“Considero que fechar aquela rua ao trânsito não coloca qualquer problema em termos de escoamento rodoviário. Não sou perito, mas como conhecedor do ambiente e da rede rodoviária envolvente, [um eventual encerramento] não vai afectar nada. Para chegar à Rua do Campo, os carros que passam pela Rua Nolasco da Silva, ou vão em frente ou viram à direita na Travessa do Padre Soares, pois as duas vão dar ao mesmo sítio”, apontou.

O IC acrescentou ainda que, pelo facto de em Macau existirem muitos edifícios patrimoniais nas zonas antigas onde os troços são estreitos, os condutores devem “permanecer alerta e ter atenção à segurança da condução e do património cultural”.

Ao ritmo da opinião pública

Na mesma resposta, o IC confirmou que as obras de restauro no edifício que alberga a Casa de Portugal vão avançar em Dezembro. Detalhando, o IC sublinhou que “realiza periodicamente” uma avaliação do edifício e que, “neste momento, não se verificam problemas imediatos de natureza estrutural, pelo que (…) está a proceder (…) à realização dos concursos para as obras de reparação das fachadas, dos telhados, das portas e janelas e das infiltrações de água internas”.

Ao HM, António José de Freitas diz estar “feliz” por saber que as obras vão começar em breve e aponta que o caso prova que “os serviços públicos só acordam depois da questão vir a público”. “Este é mais um exemplo de que o IC considera as opiniões veiculadas pela imprensa”, começou por dizer. No entanto, o responsável lamenta não ter sido notificado por escrito sobre o início das obras. “Fico feliz por saber que as obras vão começar, mas o IC não foi capaz de enviar uma notificação por escrito à Santa Casa. Recebemos uma notificação por chamada, mas nem falaram com o provedor”, disse o próprio.

Sobre o facto de o organismo apontar que o edifício não tem “problemas imediatos de natureza estrutural”, António José de Freitas insiste que “as brechas que as imagens mostram são enormes”, mas admite não ser “perito” na matéria. “Ainda bem que nada caiu até agora e oxalá que não haja um problema estrutural. Não sou especialista para dizer se a estrutura corre ou não perigo iminente, mas, a meu ver, há perigo”, partilhou.

Contudo, o provedor fez questão de congratular a “acção rápida do IC”, esperando que o organismo comece a dar “mais atenção” aos prédios classificados pelo Governo.

Recorde-se que em Abril deste ano, a Santa Casa da Misericórdia de Macau enviou uma carta ao IC a alertar para os “graves danos estruturais na fachada” do edifício que alberga a sede da Casa de Portugal e para o “perigo iminente” que o mau estado de algumas estruturas coloca a transeuntes da via pública e utentes.

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