Jogo | Lawrence Ho conservador face à reabertura do território

A operadora Melco está preparada para que o levantamento das restrições de circulação com o Interior demore quase um ano, devido à política de zero casos de covid-19. Resultados da empresa agravaram-se no último trimestre

A concessionária Melco está cautelosa face à reabertura das fronteiras e à recuperação do sector do jogo no próximo ano. Segundo Lawrence Ho, as condicionantes da política de zero casos de covid-19, as restrições de circulação, assim como os eventos de cariz político no Interior e em Hong Kong vão continuar a ter impacto no território.

As explicações foram avançadas após a apresentação dos resultados financeiros, e o empresário revelou acreditar que a reabertura da circulação sem restrições para o Interior vai demorar entre seis e 12 meses, devido às medidas pandémicas adoptadas.

“Acho que neste momento quase metade das províncias da China tem casos ou casos de contacto próximos. Isso afecta as viagens e vamos ter uma abordagem conservadora [nas previsões sobre o levantamento de restrições de circulação]”, justificou o empresário. “O próximo ano é igualmente muito importante para a China, devido à organização dos Jogos Olímpicos, à Eleição do Chefe do Executivo de Hong Kong, celebração do 25.º aniversário da transição de Hong Kong e à realização do Congresso do Partido Comunista, onde o Presidente Xi vai procurar assegurar um terceiro mandato”, explicou. “Estas são todas razões para sermos super conservadores em termos da abertura”, acrescentou.

Apesar dos desafios, o filho de Stanley Ho garantiu que a empresa “está preparada para o pior”.

Prosperidade comum

Quanto à política de prosperidade comum, anunciada por Xi Jinping, e que tem sido encarada por alguns analistas como negativa para a liberdade do mercado, Lawrence Ho desvalorizou a questão. “A política [de prosperidade comum] tem como objectivo enriquecer as pessoas com rendimentos mais baixos e ajudá-las a subir na vida. Por isso, não acho que vá ter qualquer impacto no nosso mercado de massas, que é o futuro de Macau. Também não vejo impacto no mercado premium de massas”, frisou. “No segmento VIP a situação é diferente, mas, de qualquer maneira, a história do jogo VIP está estruturalmente comprometida”, considerou.

Sobre a consulta pública da revisão da lei do jogo e a atribuição de novas concessões, o CEO da Melco disse que muitas das dúvidas foram esclarecidas durante as sessões da consulta pública e que a finalização da lei deve demorar “entre um a dois anos”.

De acordo com os resultados anunciados, a Melco Resorts and Entertainment registou perdas de 1,87 mil milhões de patacas, o equivalente a 233.2 milhões de dólares americanos. O valor é um agravar da situação da empresa face ao segundo trimestre, quanto as perdas tinham sido de 1,49 mil milhões de patacas.

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