Espaço | Lançado módulo principal da primeira estação chinesa permanente

A China lançou ontem o módulo principal da sua primeira estação espacial permanente, que visa hospedar astronautas a longo prazo, ilustrando a crescente ambição do programa espacial chinês

 

O módulo Tianhe, ou “Harmonia Celestial”, foi lançado para o espaço recorrendo ao foguete Longa Marcha 5B, a partir do Centro de Lançamento de Wenchang, na ilha de Hainan, extremo sul do país.
Trata-se do primeiro lançamento de 11 missões necessárias para construir e abastecer a estação e enviar uma tripulação de três pessoas até ao final do próximo ano.

O programa espacial da China também trouxe de volta as primeiras amostras lunares em mais de 40 anos e espera pousar uma sonda e um ‘rover’ na superfície de Marte no próximo mês.

A exploração espacial é fonte de grande orgulho nacional. O primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, junto com outros líderes civis e militares, assistiram ao lançamento a partir do centro de controlo, em Pequim.
O módulo central é a secção da estação onde os astronautas podem viver até um período de seis meses. Os outros 10 lançamentos vão enviar mais dois módulos, usados pelas futuras tripulações para realizar experiências, suprimentos de carga e quatro missões com tripulações. Pelo menos 12 astronautas estão a treinar para viver na estação, incluindo veteranos de missões anteriores. A primeira missão tripulada, a Shenzhou-12, está prevista para Junho.

Seis pessoas em 66 toneladas

Quando concluída, no final de 2022, a Estação Espacial Chinesa deverá pesar cerca de 66 toneladas, consideravelmente menor do que a Estação Espacial Internacional, que lançou o seu primeiro módulo em 1998 e pesará cerca de 450 toneladas.

Teoricamente, a Tianhe pode ser expandida para até seis módulos. A estação foi projectada para operar por pelo menos 10 anos. Tem aproximadamente o tamanho da estação espacial americana Skylab, da década de 1970, e da antiga Mir, da União Soviética, que operou por mais de 14 anos, após o lançamento, em 1986.

O módulo principal vai fornecer espaço para viverem até seis astronautas, durante as trocas de tripulação, enquanto os outros dois módulos, Wentian e Mengtian, vão fornecer espaço para realizar experiências científicas, inclusive das propriedades do ambiente no espaço sideral.

A China começou a projectar a estação espacial em 1992, quando as ambições espaciais do país estavam a ganhar forma concreta. A necessidade de operar sozinha tornou-se mais urgente, depois de ter sido excluída da Estação Espacial Internacional, em grande parte devido às objecções dos EUA sobre a natureza secreta e os laços militares do programa chinês.

A China colocou o seu primeiro astronauta no espaço em Outubro de 2003, tornando-se o terceiro país a fazê-lo de forma independente, depois da antiga União Soviética e dos Estados Unidos.

Junto com mais missões tripuladas, a China lançou um par de estações espaciais experimentais de módulo único. A tripulação Tiangong-2 permaneceu a bordo por 33 dias. Espera-se que as nações europeias e as Nações Unidas cooperem nas experiências a serem realizadas na estação chinesa.

O lançamento ocorre numa altura em que a China também está a avançar em missões sem tripulação, especialmente na exploração lunar. O país pousou já um ‘rover’ no lado oculto da Lua. A China planeia outra missão para 2024, visando recolher amostras lunares, e disse que quer levar pessoas e possivelmente construir uma base científica na Lua.

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