EventosCinema | Festival Internacional de Macau já tem lista de candidatos João Santos Filipe - 10 Nov 20204 Dez 2020 Viggo Mortesen, que desempenhou o papel de Aragon em O Senhor dos Anéis, estreia-se como realizador e traz a Macau o filme Falling, em que um progenitor tem de enfrentar os fantasmas da homossexualidade do seu filho [dropcap]O[/dropcap] filme Falling, do actor e agora realizador Viggo Mortesen, conhecido pela personagem de Aragon em O Senhor dos Anéis, é um dos principais destaques das onze películas que vão competir pelo prémio principal do Festival Internacional de Cinema de Macau. A lista das obras candidatas ao prémio foi revelada ontem pela organização, com a China a ser o país mais representado na categoria principal com três filmes. O evento vai acontecer entre 3 e 8 de Dezembro, num formato exclusivamente online, e os bilhetes para assistir às exibições a partir de casa vão estar disponíveis a partir da próxima sexta-feira dia 13, no portal do evento. No que diz respeito à película de Viggo Mortesen, uma produção americana, canadiana e dinamarquesa, o enredo aborda a situação de um pai conservador (interpretado por Lance Henriksen) que se vê obrigado a vender a quinta onde mora, devido a uma situação de demência, e a mudar-se para casa do filho. A mudança é feita a contra-gosto porque o descendente, interpretado pelo próprio Mortesen, vive com o parceiro num casamento homossexual, uma situação que entra em conflito com os valores conservadores do pai. Do Interior da China vem o sucesso comercial Back to The Wharf, de Xiaofeng Li, que gerou receitas superiores a 7 milhões de dólares americanos nos três primeiros dias de estreia, do outro lado da fronteira. Li traz a Macau a história de Song Hao, interpretado por Zhang Yu, um estudante brilhante que deixou a aldeia natal após uma experiência traumática. Agora, 25 anos após o episódio marcante, Song Hao regressa ao local de origem e decide enfrentar os fantasmas do passado, numa viagem pessoal acompanhada pela colega de turma Pan Xiao Shuang (Candy Song). O regresso às origens é também o mote para o filme The Cloud in Her Room, da realizadora Xinyuan Zheng Lu, em que a protagonista, interpretada por Jin Jing, tem de se adaptar à nova realidade do divórcio dos pais, que constituíram diferentes famílias. O último filme vindo do Interior tem o título Love Poem e foca-se na discussão entre um casal jovem, interpretado pelo realizador e a sua esposa, Xiaozhen Wang e Qing Zhou, respectivamente. Um fim-de-semana de aniversário rapidamente se transforma num cenário de pesadelo em que tudo é posto em causa. A representação da Coreia do Sul fica a cargo do realizador Bae Jongdae, com o filme Black Light, que aborda as coincidências e consequências de um acidente de viação. Esquadra europeia Como agir contra o autoritarismo comunista da Checoslováquia? Aceitar ou contestar? O dilema é colocado a dois estudantes de um seminário e serve de enredo para o filme Servants, do checo Ivan Ostrochovsky. Esta é uma obra que tem como particularidade ser filmada a preto e branco, num festival que é dominado pela cor. Também da Europa chega às salas do Festival Internacional de Cinema de Macau Shorta, realizado pelos dinamarqueses Frederik Louis Hviid e Anders Ølholm, que se centra na violência policial e na relação com os guetos de gerações de emigrantes. De França chega-nos uma história de amor entre uma adolescente de 16 anos, aborrecida com o grupo de pares e à procura do sentido da vida adulta, e um homem mais velho. Spring Blossom é realizado por Suzanne Lindon, que desempenha igualmente um papel importante. A participação europeia fica concluída com Limbo, a história de um refugiado sírio à espera de autorização para viver na Escócia, realizada por Ben Sharrock, e ainda com Sweat, do polaco Magnus von Horn, que aborda o “vazio” das redes sociais e o sentimento de solidão. Entre os filmes candidatos ao principal galardão do festival encontra-se ainda Tragic Jungle, cuja acção decorre na fronteira entre o México e o Belize, e se debruça entre o papel do homem e da mulher. Neste filme da mexicana Yulene Olaizola, Indira Andrewin desempenha Agnes, uma jovem que se tenta libertar do homem com quem estava obrigada a viver, mas que de repente se vê a braços com um grupo de homens, cheios de outras intenções. Esta é uma mensagem da afirmação da mulher que ao longo do enredo passa de um “objecto” para um ser livre. Curtas e boas Além do prémio principal, decorre ainda o concurso de curtas, com 10 nomeações e entre as quais se encontram duas obras locais. Em Empty Sky, o realizador Kun Ieong Chiang leva-nos ao Vale das Borboletas e conta-nos a história de um homem com deficiência mental, que sonha poder levar uma vida normal, apesar das suas limitações. Por sua vez, Lou Ian Io realizou Mama, uma curta metragem sobre a forma como o facto de lidar com um bebé leva a protagonista principal, uma idosa, a viajar no tempo e a recordar os tempos em que ainda não vivia tempos de solidão. Ao contrário de Empty Sky, que tem como língua o cantonense, em Mama os protagonistas expressam-se em mandarim. As restantes curtas a concurso têm origem em Singapura, Interior da China, Hong Kong, Estados Unidos, Tailândia e Japão, algumas das quais são produções conjuntas.