Olhar de Eros

[dropcap]E[/dropcap]ros é uma palavra com uma longa tradição. O seu significado é múltiplo. O adjectivo “erótico” ganhou ascendente sobre o substantivo eros, sobretudo nos tempos modernos nas línguas contemporâneas. A sua tradução habitual é amor, embora quem use a palavra com consciência tenha de advertir que não se trata exactamente da mesma coisa. O amor tal como o adjectivo erótico tem conotações que na verdade afunilam o seu sentido de origem. Se com o “erótico” pensamos num determinado modo como alguém surge ao olhar cobiçoso e luxuriante de outrem, com o “amor” pensamos na relação romântica entre dois seres humanos ou na relação religiosa estudada pela teologia entre um ser humano e Deus, seja ela simétrica ou assimétrica.

Eros para Platão diz-se de diversas maneiras, mas sublinhe-se a sua característica divina. Eros é um daimon, uma divindade, um deus, talvez menor. Eros é uma entidade pessoal. Eros não é já um ser humano. Não é ainda Deus. Tem uma identidade que começa por ser referida negativamente. Diz Platão no Banquete tratar-se de um ente intermédio (metaxy) ou neutro (do latim: nem uma coisa nem outra). Eros é caracterizado por não ser ignorante mas também não ser sábio, existe entre a presença de qualificações superlativas positivas, determinadas por serem o máximo com que essas qualidades podem existir e as qualificações superlativas também mas negativas: o pior de tudo com que uma qualidade pode ganhar consistência. O mínimo não tende para a inexistência.

O que não existe e não é não é como se nada fosse, não deixa de surtir efeito nem de ter consequências nas vidas humanas. O espantoso para o pensador Platão é que o que não é, não está disponível nem presente, o que não é real: existe com um eficácia, damos conta da sua existência. Quando eros “encosta” num ser humano não o torna susceptível de amor ao olhar de outrem assim sem mais. Quando damos conta da presença de eros nas nossas vidas, sem dúvida no modo como alguém nos surge pela primeira vez nas nossas vidas, o outro é o amor, a pessoa amada, por quem nos apaixonamos, por quem caímos. Mas para Platão erôs é mais do que o modo como alguém nos aparece e o modo como transforma toda a nossa vida e se houver um encontro feliz de amor, há a mudança da vida de duas pessoas pelo menos. Eros, contudo, é o nome para o sentido da existência. É o que mexe connosco, o que nos põe a mexer, o que nos motiva, mobiliza, entusiasma, faz ser, quando não queremos, faz fazer coisas a contra gosto mas pela força da vontade, e claro faz-nos fazer o que não queremos por disciplina. Eros faz “fazer”, faz “ser”. É como se a agenda que nos obriga cumprir os mínimos da sobrevivência para assegurar a existência: comer, beber, dormir, e depois ajudar a satisfazer os apetites que temos, as vontades que nos dão, tal como o cumprimento do dever, a observação do escrúpulo religioso para quem o tiver ou da consciência que todos temos, o gosto que temos na experiência estética, a nossa curiosidade científica ou de que natureza for, tudo é um projecto para nós da presença em nós de eros. Pode ser preenchido como pode ser decepcionado, pode até parecer que não está presente em nós, mas nós acordamos com uma relação com este móbil, este motor, propulsor que nos faz acordar de manhã e perceber em antecipação o que se vai passar nesse dia. Mesmo que seja sempre o mesmo, vamos ter de nos levantar, quando não apetece e quando apetece, fazer a higiene matinal, tomar o pequeno almoço, vestir-nos, em suma arranjar-nos para sair, ir trabalhar, exercer funções, realizar tarefas, etc., etc.. O nosso mundo interior está exposto à pressão de eros que nos faz querer ouvir música no rádio, expõe a memórias de um passado longínquo ou não deixa esquecer o que temos para fazer nas próximas semanas, obriga a pensar em alguém com gosto ou preocupação. O mundo em geral no trânsito das horas está submetido ao projecto de um eros cósmico que faz passar as horas dos dias, os dias das semanas, as semanas dos meses, os meses dos anos, as estações do ano, as épocas da vida. O erôs não é só interior, nem só exterior, não vem de fora para dentro nem de dentro para fora, não é importado nem é exportado, não é pessoal nem impessoal. E, por outro lado, é tudo isso. Eros submete-nos a uma pressão contínua, ainda que não se declare a não ser quando sentimos um entusiasmo enorme pelas presenças nas nossas vidas que nos acendem, atraem, chamam, sendo essas presenças as actividades a que nos dedicamos ou as pessoas que amamos, as nossas coisas, portanto, e as nossas pessoas. Eros exerce sobre nós um fascínio tal que queremos mudar pela sua presença nas nossas vidas.

Queremos ir no seu encalce para sermos diferentes, porque nós sem amor somos diferentes de nós com amor, nós sem entusiasmo, quando tudo farta e nada motiva, somos completamente diferentes de quando sentimos nascer e crescer em nós o entusiasmo com um sentimento que se nutre por alguém ou com qualquer actividade a que queremos dedicar-nos, a aprender música ou uma arte marcial. Se achamos que vamos atrás do prejuízo porque não temos o que queríamos ter, não somos como gostaríamos de ser, por outro lado, eros está a actuar desde sempre já sobre as nossas vidas, a projectar-se no mundo e na nossa vida através de nós. Sem dúvida que tem o sex appeal que nos leva a antecipar com entusiasmo e encantamento como será quando acontecer. Esta ideia do ser do erôs é fascinante e também decepciona, frustra, mata pela sua ausência. Vivemos sempre com erôs seja ele preenchido e sempre cada vez mais e maior ou sejamos nós esvaziados dele, sintamos que é cada vez menos e menor.

Para Platão Eros era o desejo de imortalidade. Imortalidade não quer dizer a duração do tempo tão longa como a eternidade e que nunca acaba. Pode ser tremendo e aborrecer-nos mortalmente. Como se pode querer para sempre o que é mau? Não acabará por fartar o que é bom, não por ser bom, mas porque tudo o que é para sempre cansa? Eros tem de ter em vista outro conceito de imortalidade que redimensiona as pequenas coisas da vida, os pormenores, o que é insignificante, tudo simplesmente. Como será possível?

8 Nov 2019

Exposição Individual Carlos Marreiros Red December

Primeiro Acto

“ Para onde fores, vai todo,
Leva junto o teu coração”
Confúcio

[dropcap]D[/dropcap]esde há muito que desenho cidades em construção, cidades imaginárias, sem tempo próprio, porque todos os tempos coexistem no mesmo espaço dessas cidades. É a minha Macau e tantas Macaus, simultaneamente, a conviver com memórias de pedaços de outras cidades ou lugares, igualmente, sem relógio. São lugares que estão sempre em formação e, por isso, não terminadas. E contam estórias que aconteceram e outras que vou inventando. Macau é o pretexto, e tem o mesmo sentido que Gabriel García Márques deu à sua aldeia imaginária chamada Macondo.

Estes desenhos são muito pormenorizados e de grandes dimensões. Faço-os com ponteiras, de entre 0,15 e 0,5, a tinta-da-china, em papel para aguarela, de grão fino e alta gramagem, e normalmente em folhas de tamanho A3. O desenho final é uma manta de retalhos, resultante da junção destas folhas todas.

“Red December” é um barco que é uma pequena cidade, e viaja à procura do seu próprio tempo. Começei a construí-lo no Ano Lunar do Cão, nos estaleiros navais de Long Ngán Vun do meu estirador, e irei terminá-lo a tempo de ser exibida na exposição com o mesmo nome, a ser inaugurada a 8 de Novembro deste ano.

O “Red December” transborda estórias, pretende trazer alegria e boa disposição. É habitada por gentes muito díspares, no tempo, no espaço nos desempenhos próprios.”

A maioria delas sonha. E tem coração grande. Fernando Pessoa testemunha: « Trago dentro do meu coração, / Como num cofre que se não pode fechar de cheio, / Todos os lugares onde estive,/ Todos os portos a que cheguei,/ Todas as paisagens que vi através de janelas ou vigias,/ Ou de tombadilhos, sonhando,/ E tudo isso, que é tanto, é pouco para o que eu quero.»

Segundo Acto

Tenho uma concepção de biblioteca quase próxima da do Jorge Luis Borges. Do Paraíso, ainda, talvez: “ O Paraíso seria uma espécie de biblioteca.”

Só que os meus livros não têm só letras mas imagens também, podendo estas ser ou não “fontes de feitiçaria”. Continuando a citar o mesmo poeta argentino, o “livro é um objecto físico num mundo de objectos físicos. É um conjunto de símbolos mortos. É então que o leitor certo chega, e as palavras – ou melhor, a poesia escondida nas palavras, pois as palavras em si mesmas são meros símbolos – ganham vida, e temos uma ressureição da palavra”.

Como o pincel, com imitação de sangue, servido em gengibre, que ao pintalgar os olhos e outras partes do leão do sul chinês, vivifica-o. Ainda, agora, era um leão de papel, cartão, bambú e trapos, tão belo e colorido, mas inerme. Já move, sacode as orelhas. Cresce, fita-nos nos olhos. Já dança! É, ao mesmo tempo, gracioso e feroz, brutal e complacente, dominador e dócil.

A minha biblioteca é constituída por muitos livros, grandes e pequenos, cheios de imagens e algumas palavras. Talvez, como escrevia Fernando Pessoa: «…livros são papéis pintados com tinta.»
Livros com registos diários de coisas que gosto e que quero fazer, ou, simplesmente, porque tenho que as fazer. São muitos desenhos, desde um pequeno borrão gráfico ou um registo automatista inconsequente; um esboço, um estudo, ou um desenho muito elaborado e enorme.

Ou etiquetas de super-mercado ou saquetas de açúcar coladas mas páginas, como sendo as coisas mais importantes da vida. Como pode um papelinho de prata que embrulha um chocolate ser importante nas nossas vidas? Será que o leão colorido já vivificado, trará o leitor certo?

8 Nov 2019

Concerto | Percussionista João Pais Filipe hoje no LMA

Hoje, por volta das 21h, o percussionista João Pais Filipe sobe ao palco do LMA para uma noite de sobreposição de camadas de ritmos. Prevê-se uma noite de experimentação e batidas entre o tribalismo e música de dança mais profunda

 

[dropcap]E[/dropcap]stá em Macau um dos expoentes máximos da improvisação e experimentalismo rítmico da música portuguesa. O músico portuense João Pais Filipe sobe hoje ao palco do LMA, a partir das 21h, para um concerto que se prevê intenso.

O conceito estético do som a solo do baterista e percussionista assenta em várias camadas rítmicas, despidas das tradicionais influências do jazz, mesmo do mais free, e do rock.

Quanto ao concerto em si, João Pais Filipe levanta um pouco a ponta do véu sobre o que se pode esperar hoje na casa da música na Coronel Mesquita. “Vou apresentar quatro temas longos, cada um deles tem um ritmo especial que criei, com tempos irregulares. Além da percussão, os instrumentos que vou usar foram feitos por mim”. Daqui nasce parte da singularidade do som do músico, que também constrói gongos e instrumentos metálicos de percussão.

O resultado é um ciclo viciante de ritmos que se entrecruzam e deixam no ar tons étnicos e tribais. Daí o termo “ethno-techno”, que encaixa bem na estética sonora do portuense. “Todos os ritmos têm uma base étnica, alguns foram beber mais a ritmos africanos, outros ao Médio Oriente. A minha ideia era quase criar um mantra em temas longos e bastante repetitivos”, revela.

Para chegar ao conceito que explora a solo, João Pais Filipe despiu-se das roupagens rítmicas mais tradicionais. “Para o meu trabalho a solo tive de fugir de influências anteriores, como de bateristas de jazz e do rock. Mudei completamente a maneira como abordo o instrumento e mudei o instrumento em si. Criei um sistema diferente para poder fazer aquilo que faço agora. Tive de desconstruir e fugir dessas coisas todas do rock e do jazz, da bateria como ela é conhecida”.

Tambores com todos

No meio da profusão de ritmos, um concerto do percussionista tanto pode convidar à dança, como a uma postura mais meditativa.

Com um segundo disco a solo que sairá no próximo ano, João Pais Filipe vai apresentar no LMA parte dos temas que vão compor o registo, que ainda não tem nome.

As colaborações com outros projectos são grande parte da discografia e carreira do músico. No início de 2020 tem três discos a sair, além do registo a solo. Um dos disco parte da simbiose com o alemão Burnt Friedman, músico e produtor que tem no currículo colaborações com projectos de electrónica, dub e jazz.

Noutro registo, João Pais Filipe tem na calha um disco com os portugueses Black Bombaim, que exploram sonoridades perto do rock psicadélico.

O percurso musical do portuense foi marcado, naturalmente, pelo consumo de muitos sons ritmados, como, por exemplo, os discos de jazz com Tony Williams na bateria. Outros baterista que influenciaram o crescimento do músico foram Jaki Liebezeit, dos seminais CAN, e Tony Oxley numa acepção mais experimentalista.

Mas as influências de João Pais Filipe não se ficam por aqui. A música electrónica, de onde se destaca a dupla finlandesa Pan Sonic, é um dos pilares da discografia do músico, assim como a música industrial, onde destaca bandas clássicas como Coil e Throbbing Gristle. Apesar de não serem influências directas, algumas raízes do som de João Pais Filipe estão plantadas no industrial.

Pela primeira vez em digressão na Ásia, o portuense deu ontem um concerto em Hong Kong. Depois do concerto no LMA segue para Taiwan, antes de terminar com dois concertos em Tóquio.
Os bilhetes para o concerto de hoje custam 120 patacas. Além de João Pais Filipe, a noite será marcada pela presença de DJ NOYB nos pratos.

8 Nov 2019

Concerto | Percussionista João Pais Filipe hoje no LMA

Hoje, por volta das 21h, o percussionista João Pais Filipe sobe ao palco do LMA para uma noite de sobreposição de camadas de ritmos. Prevê-se uma noite de experimentação e batidas entre o tribalismo e música de dança mais profunda

 
[dropcap]E[/dropcap]stá em Macau um dos expoentes máximos da improvisação e experimentalismo rítmico da música portuguesa. O músico portuense João Pais Filipe sobe hoje ao palco do LMA, a partir das 21h, para um concerto que se prevê intenso.
O conceito estético do som a solo do baterista e percussionista assenta em várias camadas rítmicas, despidas das tradicionais influências do jazz, mesmo do mais free, e do rock.
Quanto ao concerto em si, João Pais Filipe levanta um pouco a ponta do véu sobre o que se pode esperar hoje na casa da música na Coronel Mesquita. “Vou apresentar quatro temas longos, cada um deles tem um ritmo especial que criei, com tempos irregulares. Além da percussão, os instrumentos que vou usar foram feitos por mim”. Daqui nasce parte da singularidade do som do músico, que também constrói gongos e instrumentos metálicos de percussão.
O resultado é um ciclo viciante de ritmos que se entrecruzam e deixam no ar tons étnicos e tribais. Daí o termo “ethno-techno”, que encaixa bem na estética sonora do portuense. “Todos os ritmos têm uma base étnica, alguns foram beber mais a ritmos africanos, outros ao Médio Oriente. A minha ideia era quase criar um mantra em temas longos e bastante repetitivos”, revela.
Para chegar ao conceito que explora a solo, João Pais Filipe despiu-se das roupagens rítmicas mais tradicionais. “Para o meu trabalho a solo tive de fugir de influências anteriores, como de bateristas de jazz e do rock. Mudei completamente a maneira como abordo o instrumento e mudei o instrumento em si. Criei um sistema diferente para poder fazer aquilo que faço agora. Tive de desconstruir e fugir dessas coisas todas do rock e do jazz, da bateria como ela é conhecida”.

Tambores com todos

No meio da profusão de ritmos, um concerto do percussionista tanto pode convidar à dança, como a uma postura mais meditativa.
Com um segundo disco a solo que sairá no próximo ano, João Pais Filipe vai apresentar no LMA parte dos temas que vão compor o registo, que ainda não tem nome.
As colaborações com outros projectos são grande parte da discografia e carreira do músico. No início de 2020 tem três discos a sair, além do registo a solo. Um dos disco parte da simbiose com o alemão Burnt Friedman, músico e produtor que tem no currículo colaborações com projectos de electrónica, dub e jazz.
Noutro registo, João Pais Filipe tem na calha um disco com os portugueses Black Bombaim, que exploram sonoridades perto do rock psicadélico.
O percurso musical do portuense foi marcado, naturalmente, pelo consumo de muitos sons ritmados, como, por exemplo, os discos de jazz com Tony Williams na bateria. Outros baterista que influenciaram o crescimento do músico foram Jaki Liebezeit, dos seminais CAN, e Tony Oxley numa acepção mais experimentalista.
Mas as influências de João Pais Filipe não se ficam por aqui. A música electrónica, de onde se destaca a dupla finlandesa Pan Sonic, é um dos pilares da discografia do músico, assim como a música industrial, onde destaca bandas clássicas como Coil e Throbbing Gristle. Apesar de não serem influências directas, algumas raízes do som de João Pais Filipe estão plantadas no industrial.
Pela primeira vez em digressão na Ásia, o portuense deu ontem um concerto em Hong Kong. Depois do concerto no LMA segue para Taiwan, antes de terminar com dois concertos em Tóquio.
Os bilhetes para o concerto de hoje custam 120 patacas. Além de João Pais Filipe, a noite será marcada pela presença de DJ NOYB nos pratos.

8 Nov 2019

CPM | Gravura de Madalena Fonseca assinala centenário de Sophia 

[dropcap]A[/dropcap] Casa de Portugal em Macau (CPM) associou-se às actividades de comemoração do centenário do nascimento da poetisa Sophia de Mello Breyner com a criação de uma gravura da autoria de Madalena Fonseca, professora de pintura na CPM.

“É uma pintura a óleo sobre tábua, onde fiz o retrato de Sophia a tinta da china com caneta de aparo que, como que me aproxima do grafismo da sua escrita. Escolhi uma tábua onde os veios da madeira me sugeriam o rasto das ondas do mar na praia quando a maré vaza”, contou ao HM.

A professora de pintura sente-se próxima da poesia de Sophia de Mello Breyner. “Quando leio Sophia, reencontro o meu fascínio pela arte Grega e pinto ‘colunas nascidas da necessidade de erguer um tecto sem muros’; retorno constantemente à natureza onde, com Sophia, adivinho o divino; com Sophia vejo a ordem e a harmonia do azul cobalto e confirmo que ‘viajar é olhar’”, confessou ainda.

Além da CPM, a Livraria Portuguesa também se associa às comemorações ao conceder, até domingo, desconto em todos os livros de Sophia de Mello Breyner. A Universidade de São José realizou esta quarta-feira, data do nascimento da autora, um colóquio sobre a sua obra.

8 Nov 2019

CPM | Gravura de Madalena Fonseca assinala centenário de Sophia 

[dropcap]A[/dropcap] Casa de Portugal em Macau (CPM) associou-se às actividades de comemoração do centenário do nascimento da poetisa Sophia de Mello Breyner com a criação de uma gravura da autoria de Madalena Fonseca, professora de pintura na CPM.
“É uma pintura a óleo sobre tábua, onde fiz o retrato de Sophia a tinta da china com caneta de aparo que, como que me aproxima do grafismo da sua escrita. Escolhi uma tábua onde os veios da madeira me sugeriam o rasto das ondas do mar na praia quando a maré vaza”, contou ao HM.
A professora de pintura sente-se próxima da poesia de Sophia de Mello Breyner. “Quando leio Sophia, reencontro o meu fascínio pela arte Grega e pinto ‘colunas nascidas da necessidade de erguer um tecto sem muros’; retorno constantemente à natureza onde, com Sophia, adivinho o divino; com Sophia vejo a ordem e a harmonia do azul cobalto e confirmo que ‘viajar é olhar’”, confessou ainda.
Além da CPM, a Livraria Portuguesa também se associa às comemorações ao conceder, até domingo, desconto em todos os livros de Sophia de Mello Breyner. A Universidade de São José realizou esta quarta-feira, data do nascimento da autora, um colóquio sobre a sua obra.

8 Nov 2019

Comércio | Anunciado acordo com EUA para redução gradual de taxas

As negociações entre as duas nações para acabar com a guerra comercial tiveram esta semana um desfecho positivo

 

[dropcap]A[/dropcap] China anunciou ontem que concordou com os Estados Unidos reduzir “progressivamente” as taxas alfandegárias adicionais sobre bens importados um do outro, à medida que os dois países avançarem nas negociações por um acordo comercial.

“Os principais negociadores dos dois países (…) concordaram em reduzir gradualmente as taxas adicionais, à medida que houver progressos na negociação por um acordo final”, afirmou Gao Feng, porta-voz do ministério chinês do Comércio.

A anulação parcial das taxas é uma condição para a realização de um acordo definitivo, disse Gao.
O porta-voz considerou que os responsáveis pelas negociações da China e dos Estados Unidos chegaram a um “consenso” após conversas “extensas, construtivas e sérias”, ao longo das últimas semanas.

“Se a China e os Estados Unidos chegarem a um acordo nesta ‘primeira fase’, os dois lados deverão eliminar as taxas em simultâneo e na mesma proporção”, acrescentou.

As delegações esperam resolver o conflito “com base na igualdade e no respeito mútuo”, disse.
Em 26 de outubro, o Governo chinês confirmou o progresso das negociações por um acordo parcial e assegurou que as consultas técnicas sobre o texto já tinham sido concluídas.

O Presidente dos EUA, Donald Trump, descreveu o pacto como uma “primeira fase” num processo que pode ser partido em até três etapas e suspendeu os seus planos de aumentar as taxas sobre várias importações oriundas do país asiático.

A China comprometeu-se a aumentar as compras de produtos agrícolas dos EUA para um valor entre 40.000 e 50.000 milhões de dólares.

Impacto global

Nenhum dos países publicou detalhes sobre o acordo até agora, mas Trump disse que inclui várias medidas para evitar desvalorizações da moeda chinesa e proteger a propriedade intelectual de empresas norte-americanas, embora não aborde a transferência forçada de tecnologia na China, uma questão que discutirá “na segunda fase”.

O acordo também não envolve a interdição à venda de tecnologia norte-americana ao grupo chinês de telecomunicações Huawei.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) tem alertado para o impacto na economia global das disputas comerciais entre as duas maiores economias do mundo e reduziu as previsões de crescimento para os EUA e para a China em 2018 e 2019.

Os governos dos dois países impuseram já taxas alfandegárias sobre centenas de milhares de milhões de euros de bens importados um do outro, numa guerra comercial que começou no Verão do ano passado.

8 Nov 2019

Comércio | Anunciado acordo com EUA para redução gradual de taxas

As negociações entre as duas nações para acabar com a guerra comercial tiveram esta semana um desfecho positivo

 
[dropcap]A[/dropcap] China anunciou ontem que concordou com os Estados Unidos reduzir “progressivamente” as taxas alfandegárias adicionais sobre bens importados um do outro, à medida que os dois países avançarem nas negociações por um acordo comercial.
“Os principais negociadores dos dois países (…) concordaram em reduzir gradualmente as taxas adicionais, à medida que houver progressos na negociação por um acordo final”, afirmou Gao Feng, porta-voz do ministério chinês do Comércio.
A anulação parcial das taxas é uma condição para a realização de um acordo definitivo, disse Gao.
O porta-voz considerou que os responsáveis pelas negociações da China e dos Estados Unidos chegaram a um “consenso” após conversas “extensas, construtivas e sérias”, ao longo das últimas semanas.
“Se a China e os Estados Unidos chegarem a um acordo nesta ‘primeira fase’, os dois lados deverão eliminar as taxas em simultâneo e na mesma proporção”, acrescentou.
As delegações esperam resolver o conflito “com base na igualdade e no respeito mútuo”, disse.
Em 26 de outubro, o Governo chinês confirmou o progresso das negociações por um acordo parcial e assegurou que as consultas técnicas sobre o texto já tinham sido concluídas.
O Presidente dos EUA, Donald Trump, descreveu o pacto como uma “primeira fase” num processo que pode ser partido em até três etapas e suspendeu os seus planos de aumentar as taxas sobre várias importações oriundas do país asiático.
A China comprometeu-se a aumentar as compras de produtos agrícolas dos EUA para um valor entre 40.000 e 50.000 milhões de dólares.

Impacto global

Nenhum dos países publicou detalhes sobre o acordo até agora, mas Trump disse que inclui várias medidas para evitar desvalorizações da moeda chinesa e proteger a propriedade intelectual de empresas norte-americanas, embora não aborde a transferência forçada de tecnologia na China, uma questão que discutirá “na segunda fase”.
O acordo também não envolve a interdição à venda de tecnologia norte-americana ao grupo chinês de telecomunicações Huawei.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) tem alertado para o impacto na economia global das disputas comerciais entre as duas maiores economias do mundo e reduziu as previsões de crescimento para os EUA e para a China em 2018 e 2019.
Os governos dos dois países impuseram já taxas alfandegárias sobre centenas de milhares de milhões de euros de bens importados um do outro, numa guerra comercial que começou no Verão do ano passado.

8 Nov 2019

Tribunal validou despedimento com justa causa de professor do IPM

[dropcap]O[/dropcap] Instituto Politécnico de Macau (IPM) ganhou a causa contra um professor que despediu em 2015, após ter sido descoberto que o tutor tinha contraído empréstimos financeiros junto de dois alunos. A decisão do Tribunal de Segunda Instância (TSI) foi revelada ontem no portal dos tribunais, com o colectivo de juízes a considerar que mesmo que o professor não leccionasse os alunos em causa que houve aproveitamento da relação professor-estudante.

O professor estava no IPM desde 2003 e entre 2013 e 2014 pediu por várias vezes empréstimos a dois alunos a quem não dava aulas. Porém, apesar de ter acordado devolver os montantes emprestados, não o fez, o que levou à apresentação de uma queixa junto da instituição.

A 8 de Maio de 2015 o Conselho de Gestão do IPM decidiu que o docente devia ser despedido com justa causa porque não tinha respeitado os deveres profissionais que o obrigavam a “evitar qualquer conflito de interesses substancial e previsível”, “não se aproveitar do cargos exercido no IPM para procurar obter interesses” e a “abster-se de aceitar quaisquer interesses oferecidos por indivíduos com quem tivesse relação funcional”.

Violação de deveres

Após o despedimento, o professor decidiu levar o caso para os tribunais, por considerar que não havia justa causa, porque não leccionava os estudantes.

No entanto os juízes tiveram um entendimento diferente e apontaram que mesmo que o docente “não leccionasse os falados dois estudantes no momento em que lhes pedia dinheiro emprestado, a relação professor-estudante mantinha-se, em princípio, dentro das aulas e fora da escola”, é referido no comunicado. “Não é que, findo o semestre, os professores deixam de ser professores e os estudantes deixam de ser estudantes. Em rigor, à relação professor-aluno apenas se considera cessada quando o professor ou estudante se tenham desvinculado da escola”, foi acrescentado.

Na decisão consta ainda que ao pedir empréstimos o professor violou o dever de isenção do Estatuto do Pessoal do IPM e tentou obter benefícios indevidos. A decisão considerou igualmente que se no futuro o professor fosse leccionar os estudantes, haveria um claro conflito de interesses.

Finalmente, é apontado que o professor actuou com dolo directo e elevado. Também o facto de ter liquidado a dívida a um dos alunos não foi considerado uma atenuante, pelo que a decisão de despedimento do IPM com justa causa foi validada pelo TSI.

8 Nov 2019

Poluição | Residente embarca em expedição mundial de análise aos oceanos 

Eliana Sequeira, farmacêutica e residente em Macau, era até há bem pouco tempo a única portuguesa a participar na expedição mundial eXXpedition, que começou em Outubro e que faz a volta ao mundo pela via marítima. Eliana embarca num veleiro em Junho do próximo ano, e, em alto mar, vai realizar investigação sobre o lixo encontrado nos oceanos

 

[dropcap]N[/dropcap]uma altura em que o excessivo uso de plástico e a existência de uma enorme quantidade de microplásticos nos oceanos é tema recorrente, 300 mulheres decidiram embarcar num veleiro para, durante dois anos, proceder à análise científica desse mesmo mar poluído. Eliana Sequeira, farmacêutica residente em Macau, era até há bem pouco tempo a única portuguesa a participar na eXXpedition, que começou em Outubro deste ano e termina em 2021. Além dela, apenas outra portuguesa participa no projecto.

Em alto mar as participantes vão realizar investigação num laboratório, para que possam, mais tarde, apresentar resultados e soluções que visam minimizar a poluição dos oceanos. A viagem teve início no Reino Unido e é neste país que vai terminar.

“A missão de investigação científica está dividida em 30 etapas e vai destacar o impacto do plástico e dos produtos tóxicos nos oceanos, nos ecossistemas e na saúde humana”, disse Eliana Sequeira ao HM. “O facto de serem só mulheres a participar nesta expedição visa celebrar as mulheres na aventura e na liderança e na investigação científica, mas também porque os microplásticos têm um impacto muito grande na mulher, sobretudo no sistema endócrino”, acrescentou. A portuguesa embarca no veleiro em Junho do próximo ano, participando numa das várias rotas agendadas.

Valores elevados

Eliana Sequeira está a levar a cabo uma campanha de crowdfunding (https://www.gofundme.com/f/eli-exxpedition-round-the-world-2019-2021?fbclid=IwAR1eh8LU82F2-GDWOC_q_BHb5ClE4rChhSkI6gWRBkmllLeiLjJbEueGgg4)para custear este empreendimento, além de estar em negociações com entidades locais em busca de financiamento e parcerias. O valor da viagem é de 110 mil patacas, sendo que Eliana Sequeira conseguiu apenas seis mil patacas até à data. Contudo, a portuguesa já pagou a viagem do seu bolso.

Chegada à Ásia vinda de Portugal, e com uma paixão natural pela ciência, Eliana Sequeira percebeu que é difícil nadar num mar que não esteja poluído.

“Já tive oportunidade de mergulhar em vários sítios e reparei que, qualquer sítio, por mais remoto que seja, não está livre de plástico. Não sou a melhor nem a que faço mais, mas podemos fazer a diferença e quero dar o meu contributo para isso. A minha motivação é também a aventura e o desafio, trocar ideias com pessoas com a mesma mentalidade que a minha”, apontou.

8 Nov 2019

Poluição | Residente embarca em expedição mundial de análise aos oceanos 

Eliana Sequeira, farmacêutica e residente em Macau, era até há bem pouco tempo a única portuguesa a participar na expedição mundial eXXpedition, que começou em Outubro e que faz a volta ao mundo pela via marítima. Eliana embarca num veleiro em Junho do próximo ano, e, em alto mar, vai realizar investigação sobre o lixo encontrado nos oceanos

 
[dropcap]N[/dropcap]uma altura em que o excessivo uso de plástico e a existência de uma enorme quantidade de microplásticos nos oceanos é tema recorrente, 300 mulheres decidiram embarcar num veleiro para, durante dois anos, proceder à análise científica desse mesmo mar poluído. Eliana Sequeira, farmacêutica residente em Macau, era até há bem pouco tempo a única portuguesa a participar na eXXpedition, que começou em Outubro deste ano e termina em 2021. Além dela, apenas outra portuguesa participa no projecto.
Em alto mar as participantes vão realizar investigação num laboratório, para que possam, mais tarde, apresentar resultados e soluções que visam minimizar a poluição dos oceanos. A viagem teve início no Reino Unido e é neste país que vai terminar.
“A missão de investigação científica está dividida em 30 etapas e vai destacar o impacto do plástico e dos produtos tóxicos nos oceanos, nos ecossistemas e na saúde humana”, disse Eliana Sequeira ao HM. “O facto de serem só mulheres a participar nesta expedição visa celebrar as mulheres na aventura e na liderança e na investigação científica, mas também porque os microplásticos têm um impacto muito grande na mulher, sobretudo no sistema endócrino”, acrescentou. A portuguesa embarca no veleiro em Junho do próximo ano, participando numa das várias rotas agendadas.
Valores elevados
Eliana Sequeira está a levar a cabo uma campanha de crowdfunding (https://www.gofundme.com/f/eli-exxpedition-round-the-world-2019-2021?fbclid=IwAR1eh8LU82F2-GDWOC_q_BHb5ClE4rChhSkI6gWRBkmllLeiLjJbEueGgg4)para custear este empreendimento, além de estar em negociações com entidades locais em busca de financiamento e parcerias. O valor da viagem é de 110 mil patacas, sendo que Eliana Sequeira conseguiu apenas seis mil patacas até à data. Contudo, a portuguesa já pagou a viagem do seu bolso.
Chegada à Ásia vinda de Portugal, e com uma paixão natural pela ciência, Eliana Sequeira percebeu que é difícil nadar num mar que não esteja poluído.
“Já tive oportunidade de mergulhar em vários sítios e reparei que, qualquer sítio, por mais remoto que seja, não está livre de plástico. Não sou a melhor nem a que faço mais, mas podemos fazer a diferença e quero dar o meu contributo para isso. A minha motivação é também a aventura e o desafio, trocar ideias com pessoas com a mesma mentalidade que a minha”, apontou.

8 Nov 2019

Jogo | Operadoras com quebras de receitas no terceiro trimestre

A Sociedade de Jogos de Macau, a Wynn e a Galaxy registaram quebras nas receitas do jogo do terceiro trimestre, face a igual período de 2018. Daisy Ho, presidente executiva da SJM, defendeu ontem que as perdas registadas no sector VIP não devem ser compensadas pelos ganhos obtidos no mercado de massas

 

[dropcap]O[/dropcap] ano está a fechar para os casinos com algumas perdas nas receitas face a 2018. No que diz respeito aos empreendimentos da operadora Wynn Resorts, os dados citados pela agência Lusa revelam que as receitas operacionais dos dois casinos diminuíram 132,4 milhões de dólares e 105,3 milhões de dólares no terceiro trimestre de 2019.

De acordo com um comunicado divulgado na quarta-feira, as receitas operacionais do grupo desceram para 1,65 mil milhões de dólares no período em análise contra 1,71 mil milhões de dólares no período homólogo de 2018.

As receitas operacionais do Wynn Palace foram de 598,2 milhões de dólares no terceiro trimestre de 2019, uma redução de 18,1 por cento em relação aos 730,6 milhões de dólares no mesmo período de 2018. Já as receitas operacionais da Wynn Macau foram de 474,3 milhões de dólares no terceiro trimestre deste ano, menos 18,2 por cento quando comparado com os 579,6 milhões de dólares em igual período de 2018.

Apesar da diminuição registada, os dois casinos de Macau representam cerca de dois terços (1,07 mil milhões de dólares) do total das receitas do grupo (1,65 mil milhões de dólares).

“A redução nas receitas operacionais no Wynn Palace e Wynn Macau foi parcialmente compensada pelas receitas operacionais do Encore Boston Harbor (nos Estados Unidos) de 175,8 milhões de dólares”, apontou o grupo norte-americano.

No mesmo comunicado, a empresa indicou que os lucros operacionais do grupo diminuíram 113,1 milhões de dólares no terceiro trimestre do ano, registando 177,8 milhões de dólares. No mesmo trimestre de 2018, esse valor foi de 291 milhões de dólares.

De acordo com a publicação Inside Asian Gaming, a Galaxy teve perdas de 10 por cento no terceiro trimestre, com receitas na ordem das 14.3 mil milhões de dólares de Hong Kong. No caso da Sociedade de Jogos de Macau (SJM) as perdas foram de 3,2 por cento, tendo sido registadas receitas no valor de 8,240 mil milhões de dólares de Hong Kong, uma diminuição de 3,2% relativamente aos meses de Julho a Setembro de 2018.

Uma mão não leva à outra

No caso da SJM, as perdas devem-se, de acordo com a Lusa, à diminuição das receitas provenientes das grandes apostas: 2,9 mil milhões de dólares de Hong Kong, quando no ano passado esse valor cifrou-se em 5,04 mil milhões de dólares de Hong Kong. Em contrapartida, as receitas do segmento de massas aumentaram, no mesmo período em análise, 12,1% para 6,31 mil milhões de dólares de Hong Kong.

Ainda assim, a SJM obteve, no terceiro trimestre deste ano, lucros de 738 milhões de dólares de Hong Kong, um aumento de 4,5 por cento em relação ao período homólogo de 2018.

Citada pela Lusa, Daisy Ho, presidente executiva da SJM, defendeu ontem que o segmento das apostas de massas não deve fazer cobertura às perdas registadas nas salas VIP. “Pode compensar parcialmente, mas em termos globais, e apesar de estarmos a trabalhar para isso, há a possibilidade de que não seja possível”, afirmou.

Por outro lado, a responsável da SJM afastou a possibilidade de Macau vir a sofrer uma contracção tão forte como a de Hong Kong, que entrou este mês em recessão técnica, ao fim de quase cinco meses de protestos anti-governamentais.

“Penso que a recessão em Hong Kong é causada por questões políticas, dificilmente Macau irá sofrer a mesma recessão. No geral, o crescimento é menor, mas será estável se comparado com o de Hong Kong”, declarou.

8 Nov 2019

Jogo | Operadoras com quebras de receitas no terceiro trimestre

A Sociedade de Jogos de Macau, a Wynn e a Galaxy registaram quebras nas receitas do jogo do terceiro trimestre, face a igual período de 2018. Daisy Ho, presidente executiva da SJM, defendeu ontem que as perdas registadas no sector VIP não devem ser compensadas pelos ganhos obtidos no mercado de massas

 
[dropcap]O[/dropcap] ano está a fechar para os casinos com algumas perdas nas receitas face a 2018. No que diz respeito aos empreendimentos da operadora Wynn Resorts, os dados citados pela agência Lusa revelam que as receitas operacionais dos dois casinos diminuíram 132,4 milhões de dólares e 105,3 milhões de dólares no terceiro trimestre de 2019.
De acordo com um comunicado divulgado na quarta-feira, as receitas operacionais do grupo desceram para 1,65 mil milhões de dólares no período em análise contra 1,71 mil milhões de dólares no período homólogo de 2018.
As receitas operacionais do Wynn Palace foram de 598,2 milhões de dólares no terceiro trimestre de 2019, uma redução de 18,1 por cento em relação aos 730,6 milhões de dólares no mesmo período de 2018. Já as receitas operacionais da Wynn Macau foram de 474,3 milhões de dólares no terceiro trimestre deste ano, menos 18,2 por cento quando comparado com os 579,6 milhões de dólares em igual período de 2018.
Apesar da diminuição registada, os dois casinos de Macau representam cerca de dois terços (1,07 mil milhões de dólares) do total das receitas do grupo (1,65 mil milhões de dólares).
“A redução nas receitas operacionais no Wynn Palace e Wynn Macau foi parcialmente compensada pelas receitas operacionais do Encore Boston Harbor (nos Estados Unidos) de 175,8 milhões de dólares”, apontou o grupo norte-americano.
No mesmo comunicado, a empresa indicou que os lucros operacionais do grupo diminuíram 113,1 milhões de dólares no terceiro trimestre do ano, registando 177,8 milhões de dólares. No mesmo trimestre de 2018, esse valor foi de 291 milhões de dólares.
De acordo com a publicação Inside Asian Gaming, a Galaxy teve perdas de 10 por cento no terceiro trimestre, com receitas na ordem das 14.3 mil milhões de dólares de Hong Kong. No caso da Sociedade de Jogos de Macau (SJM) as perdas foram de 3,2 por cento, tendo sido registadas receitas no valor de 8,240 mil milhões de dólares de Hong Kong, uma diminuição de 3,2% relativamente aos meses de Julho a Setembro de 2018.

Uma mão não leva à outra

No caso da SJM, as perdas devem-se, de acordo com a Lusa, à diminuição das receitas provenientes das grandes apostas: 2,9 mil milhões de dólares de Hong Kong, quando no ano passado esse valor cifrou-se em 5,04 mil milhões de dólares de Hong Kong. Em contrapartida, as receitas do segmento de massas aumentaram, no mesmo período em análise, 12,1% para 6,31 mil milhões de dólares de Hong Kong.
Ainda assim, a SJM obteve, no terceiro trimestre deste ano, lucros de 738 milhões de dólares de Hong Kong, um aumento de 4,5 por cento em relação ao período homólogo de 2018.
Citada pela Lusa, Daisy Ho, presidente executiva da SJM, defendeu ontem que o segmento das apostas de massas não deve fazer cobertura às perdas registadas nas salas VIP. “Pode compensar parcialmente, mas em termos globais, e apesar de estarmos a trabalhar para isso, há a possibilidade de que não seja possível”, afirmou.
Por outro lado, a responsável da SJM afastou a possibilidade de Macau vir a sofrer uma contracção tão forte como a de Hong Kong, que entrou este mês em recessão técnica, ao fim de quase cinco meses de protestos anti-governamentais.
“Penso que a recessão em Hong Kong é causada por questões políticas, dificilmente Macau irá sofrer a mesma recessão. No geral, o crescimento é menor, mas será estável se comparado com o de Hong Kong”, declarou.

8 Nov 2019

Saúde | Agnes Lam defende aposta no privado

[dropcap]A[/dropcap] deputada Agnes Lam defende que as autoridades devem fazer uma distinção clara entre as tarefas da saúde pública e privada, como forma de promover o desenvolvimento das clínicas privadas. Numa interpelação escrita divulgada ontem, a legisladora pede ao Governo que defina muito bem as prioridades de cada um no sector, para que se evite que o espaço de desenvolvimento da saúde privada seja ameaçado.

Agnes Lam cita os dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEJ) e aponta que o número de estabelecimentos de saúde do Governo aumentou para 15 entidades com um atendimento de 897 mil pessoas, nos últimos cinco anos. Ao mesmo tempo, as clínicas privadas tiveram uma tendência oposta, ao haver uma redução de 687 para 622.

Por isso, a deputada acredita que o desenvolvimento do sector público está a ameaçar as clínicas privadas, sem que haja uma melhoria nas condições de atendimento para os utentes. Por isso, Agnes Lam pede ao Governo que tome medidas para promover o desenvolvimento das clínicas privadas.

8 Nov 2019

Saúde | Agnes Lam defende aposta no privado

[dropcap]A[/dropcap] deputada Agnes Lam defende que as autoridades devem fazer uma distinção clara entre as tarefas da saúde pública e privada, como forma de promover o desenvolvimento das clínicas privadas. Numa interpelação escrita divulgada ontem, a legisladora pede ao Governo que defina muito bem as prioridades de cada um no sector, para que se evite que o espaço de desenvolvimento da saúde privada seja ameaçado.
Agnes Lam cita os dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEJ) e aponta que o número de estabelecimentos de saúde do Governo aumentou para 15 entidades com um atendimento de 897 mil pessoas, nos últimos cinco anos. Ao mesmo tempo, as clínicas privadas tiveram uma tendência oposta, ao haver uma redução de 687 para 622.
Por isso, a deputada acredita que o desenvolvimento do sector público está a ameaçar as clínicas privadas, sem que haja uma melhoria nas condições de atendimento para os utentes. Por isso, Agnes Lam pede ao Governo que tome medidas para promover o desenvolvimento das clínicas privadas.

8 Nov 2019

Grande Baía | Residentes de Macau e HK com direitos iguais na compra de imóveis

Os residentes de Macau e Hong Kong vão ter os mesmos direitos que os habitantes do interior da China na compra de imóveis na Grande Baía. Esta é uma das medidas anunciadas em Pequim que tem como objectivo promover o desenvolvimento da região e convencer cada vez mais pessoas a apostar nas outras nove cidades da província de Guangdong para viver

 

[dropcap]A[/dropcap]o todo são 16 as medidas reveladas pela Chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, em Pequim, e que concedem aos residentes de Macau e Hong Kong, direitos iguais aos do interior da China, por forma a convencer cada vez mais pessoas das duas regiões a viver, trabalhar, estudar e a abrir negócios na região da Grande Baía.

Uma das medidas mais sonantes, de acordo com o que revelou no terceiro Plenário do Grupo de Desenvolvimento da Grande Baía, a Chefe do Executivo de Hong Kong, citada pelo China Daily, é o facto de os habitantes das duas regiões autónomas especiais serem a partir de agora tratados como residentes locais na Grande Baía, no que que toca à compra de imóveis. Isto porque actualmente, os residentes de Macau e Hong Kong têm forçosamente de fazer prova da sua duração de residência, estudo, situação de emprego, ou ainda prova do pagamento de impostos e segurança social.

Outra das medidas anunciadas prevê que os filhos dos residentes de Macau e Hong Kong partilhem os mesmos serviços de educação pré-primária e o mesmo exame de admissão ao ensino secundário. Além disso, permitindo na óptica de Carrie Lam “promover a cooperação financeira entre regiões”, vai também ser mais fácil a utilização de serviços de pagamento electrónico no interior da China, bem como abrir contas bancárias além-fronteiras.

Mas as medidas não se ficam por aqui. Existem mais cinco planos de incentivo profissionais nas áreas jurídicas, dos seguros e da construção, que pretendem contribuir para o ambicionado desenvolvimento da Grande Baía.

“Precisamos de entender na totalidade as políticas, não apenas em Hong Kong, mas também do resto da província de Guangdong, fazendo pleno uso destas medidas para contribuir para fluxo de talentos, capital, bens e informações”, apontou Carrie Lam em entrevista ao China Daily.

Após o anúncio do Governo Central, o Chefe do Executivo da RAEM, Chui Sai On, reagiu através do seu gabinete, mostrando-se também empenhado na concretização do plano e acreditando que as medidas anunciadas vão impulsionar a construção da Grande Baía e “facilitar a integração dos residentes de Macau nas áreas do emprego, estudo e habitação, reforçar o intercâmbio de pessoas, logístico e financeiro e beneficiar as práticas profissionais dos sectores profissionais de Macau.”

“O Governo da RAEM empenhar-se-á em promover a concretização das políticas e medidas preferenciais, com o objectivo de contribuir em conjunto para o desenvolvimento da construção da Grande Baía”, acrescentou Chui Sai On.

Em linha com estas medidas, a província de Cantão divulgou recentemente, um anúncio de recrutamento de 3115 funcionários públicos, aberto a residentes de Macau e Hong Kong para as áreas da educação, economia, novas tecnologias, assuntos municipais e turismo. Além de uma série de requisitos como a obrigatoriedade de ter nacionalidade chinesa, os residentes elegíveis devem também ter concluído o ensino superior no continente e no presente ano lectivo.

BIR dá vantagens

Existem também novidades para os estrangeiros detentores do Bilhete de Identidade e Residência (BIR) permanente das Regiões de Macau e Hong Kong. Assim, titulares de BIR permanente de Macau podem a partir agora candidatar-se a um visto especial de residência numa das nove cidades da região da Grande Baía entre dois e cinco anos.

“Esta medida vai aumentar sinergias que permitem reunir talentos em várias cidades da Grande Baía, fortalecer o papel de Hong Kong como um centro de talentos para a região e atrair talentos de todo o mundo” comentou Carrie Lam ao China Daily.

Recorde-se que os estímulos para a captação de mais valias das Regiões Autónomas Especiais na Grande Baía têm-se sucedido nos últimos tempos. Exemplo disso são os incentivos fiscais divulgados em Maio para atrair talentos de Hong Kong e Macau para a China continental ou o fundo de 150 milhões aprovado pela região de Qianhai e que abrange subsídios de transporte, residência ou isenção de impostos. P.A.

8 Nov 2019

Grande Baía | Residentes de Macau e HK com direitos iguais na compra de imóveis

Os residentes de Macau e Hong Kong vão ter os mesmos direitos que os habitantes do interior da China na compra de imóveis na Grande Baía. Esta é uma das medidas anunciadas em Pequim que tem como objectivo promover o desenvolvimento da região e convencer cada vez mais pessoas a apostar nas outras nove cidades da província de Guangdong para viver

 
[dropcap]A[/dropcap]o todo são 16 as medidas reveladas pela Chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, em Pequim, e que concedem aos residentes de Macau e Hong Kong, direitos iguais aos do interior da China, por forma a convencer cada vez mais pessoas das duas regiões a viver, trabalhar, estudar e a abrir negócios na região da Grande Baía.
Uma das medidas mais sonantes, de acordo com o que revelou no terceiro Plenário do Grupo de Desenvolvimento da Grande Baía, a Chefe do Executivo de Hong Kong, citada pelo China Daily, é o facto de os habitantes das duas regiões autónomas especiais serem a partir de agora tratados como residentes locais na Grande Baía, no que que toca à compra de imóveis. Isto porque actualmente, os residentes de Macau e Hong Kong têm forçosamente de fazer prova da sua duração de residência, estudo, situação de emprego, ou ainda prova do pagamento de impostos e segurança social.
Outra das medidas anunciadas prevê que os filhos dos residentes de Macau e Hong Kong partilhem os mesmos serviços de educação pré-primária e o mesmo exame de admissão ao ensino secundário. Além disso, permitindo na óptica de Carrie Lam “promover a cooperação financeira entre regiões”, vai também ser mais fácil a utilização de serviços de pagamento electrónico no interior da China, bem como abrir contas bancárias além-fronteiras.
Mas as medidas não se ficam por aqui. Existem mais cinco planos de incentivo profissionais nas áreas jurídicas, dos seguros e da construção, que pretendem contribuir para o ambicionado desenvolvimento da Grande Baía.
“Precisamos de entender na totalidade as políticas, não apenas em Hong Kong, mas também do resto da província de Guangdong, fazendo pleno uso destas medidas para contribuir para fluxo de talentos, capital, bens e informações”, apontou Carrie Lam em entrevista ao China Daily.
Após o anúncio do Governo Central, o Chefe do Executivo da RAEM, Chui Sai On, reagiu através do seu gabinete, mostrando-se também empenhado na concretização do plano e acreditando que as medidas anunciadas vão impulsionar a construção da Grande Baía e “facilitar a integração dos residentes de Macau nas áreas do emprego, estudo e habitação, reforçar o intercâmbio de pessoas, logístico e financeiro e beneficiar as práticas profissionais dos sectores profissionais de Macau.”
“O Governo da RAEM empenhar-se-á em promover a concretização das políticas e medidas preferenciais, com o objectivo de contribuir em conjunto para o desenvolvimento da construção da Grande Baía”, acrescentou Chui Sai On.
Em linha com estas medidas, a província de Cantão divulgou recentemente, um anúncio de recrutamento de 3115 funcionários públicos, aberto a residentes de Macau e Hong Kong para as áreas da educação, economia, novas tecnologias, assuntos municipais e turismo. Além de uma série de requisitos como a obrigatoriedade de ter nacionalidade chinesa, os residentes elegíveis devem também ter concluído o ensino superior no continente e no presente ano lectivo.

BIR dá vantagens

Existem também novidades para os estrangeiros detentores do Bilhete de Identidade e Residência (BIR) permanente das Regiões de Macau e Hong Kong. Assim, titulares de BIR permanente de Macau podem a partir agora candidatar-se a um visto especial de residência numa das nove cidades da região da Grande Baía entre dois e cinco anos.
“Esta medida vai aumentar sinergias que permitem reunir talentos em várias cidades da Grande Baía, fortalecer o papel de Hong Kong como um centro de talentos para a região e atrair talentos de todo o mundo” comentou Carrie Lam ao China Daily.
Recorde-se que os estímulos para a captação de mais valias das Regiões Autónomas Especiais na Grande Baía têm-se sucedido nos últimos tempos. Exemplo disso são os incentivos fiscais divulgados em Maio para atrair talentos de Hong Kong e Macau para a China continental ou o fundo de 150 milhões aprovado pela região de Qianhai e que abrange subsídios de transporte, residência ou isenção de impostos. P.A.

8 Nov 2019

Videovigilância | Governo vai seleccionar 100 câmaras para testar reconhecimento facial

[dropcap]A[/dropcap]lém de mais “olhos no céu” haverá também olhos mais argutos. Depois do anúncio da instalação de 4200 câmaras de vigilância em espaços públicos até 2028, o Governo pretende agora habilitar 100 câmaras para testar a tecnologia de reconhecimento facial no chamando modo “background”.

Vincando que “nenhuma câmara está equipada com a função de reconhecimento facial”, o modo “background” passa, segundo uma nota emitida pelos Serviços de Polícia, apenas por substituir o procedimento manual de consulta de imagens gravadas, pela identificação automática através da tecnologia de reconhecimento facial.

O objectivo principal da medida visa sobretudo, além de reduzir os recursos humanos no procedimento de consulta manual, aumentar a eficácia na investigação de casos e assegurar uma resposta atempada da polícia.

Para fazer o teste, e porque o modo “background” requer especificações técnicas rigorosas, serão habilitadas 50 câmaras durante o primeiro trimestre de 2020, e outras 50 no decorrer do trimestre seguinte, que reúnam as condições necessárias. Ou seja, parâmetros como o local da instalação, a altura, ângulo, resolução, desempenho e iluminação terão de ser apropriados para que sejam seleccionadas as câmaras para os testes de reconhecimento facial.

Quanto aos dados recolhidos, o Governo refere que, nos termos da lei, serão conservados no máximo durante 60 dias, sendo depois automaticamente destruídos.

Recordemos ainda que recentemente o deputado Sulu Sou pediu a suspensão do plano de reconhecimento facial através de uma interpelação escrita às autoridades de segurança acerca dos fundamentos legais que estão na base da execução experimental da instalação de câmaras de videovigilância equipadas com esta tecnologia. Segundo o deputado, o plano carece de fundamentos claros acerca da sua execução técnica no Regime Jurídico da Videovigilância em espaços públicos.

8 Nov 2019

Videovigilância | Governo vai seleccionar 100 câmaras para testar reconhecimento facial

[dropcap]A[/dropcap]lém de mais “olhos no céu” haverá também olhos mais argutos. Depois do anúncio da instalação de 4200 câmaras de vigilância em espaços públicos até 2028, o Governo pretende agora habilitar 100 câmaras para testar a tecnologia de reconhecimento facial no chamando modo “background”.
Vincando que “nenhuma câmara está equipada com a função de reconhecimento facial”, o modo “background” passa, segundo uma nota emitida pelos Serviços de Polícia, apenas por substituir o procedimento manual de consulta de imagens gravadas, pela identificação automática através da tecnologia de reconhecimento facial.
O objectivo principal da medida visa sobretudo, além de reduzir os recursos humanos no procedimento de consulta manual, aumentar a eficácia na investigação de casos e assegurar uma resposta atempada da polícia.
Para fazer o teste, e porque o modo “background” requer especificações técnicas rigorosas, serão habilitadas 50 câmaras durante o primeiro trimestre de 2020, e outras 50 no decorrer do trimestre seguinte, que reúnam as condições necessárias. Ou seja, parâmetros como o local da instalação, a altura, ângulo, resolução, desempenho e iluminação terão de ser apropriados para que sejam seleccionadas as câmaras para os testes de reconhecimento facial.
Quanto aos dados recolhidos, o Governo refere que, nos termos da lei, serão conservados no máximo durante 60 dias, sendo depois automaticamente destruídos.
Recordemos ainda que recentemente o deputado Sulu Sou pediu a suspensão do plano de reconhecimento facial através de uma interpelação escrita às autoridades de segurança acerca dos fundamentos legais que estão na base da execução experimental da instalação de câmaras de videovigilância equipadas com esta tecnologia. Segundo o deputado, o plano carece de fundamentos claros acerca da sua execução técnica no Regime Jurídico da Videovigilância em espaços públicos.

8 Nov 2019

Criminalidade informática | Agravadas penas ligadas a entidades de Pequim

A proposta de lei de combate à criminalidade informática prevê um agravamento de penas em casos que tenham por base os dados ligados a entidades do Governo Central na RAEM, aponta Jorge Menezes. O advogado diz ainda que “só em casos excepcionais” se permite acções de busca sem autorização de um juiz de instrução

 

[dropcap]T[/dropcap]ermina na próxima segunda-feira, 11, o processo de levantamento de opiniões por parte da Associação dos Advogados de Macau (AAM) junto dos seus membros a propósito da proposta de lei de combate à criminalidade informática, actualmente a ser analisada na especialidade pelos deputados da Assembleia Legislativa (AL).

Ao HM, o advogado Jorge Menezes apontou o facto de esta proposta de lei agravar, face a 2009, as penas em casos relacionados com os dados de entidades ligadas a Pequim com representação em Macau.

“Contrariamente ao que fora feito em 2009, autonomiza-se, com o objectivo de aumentar as penas, os crimes que tiverem por objecto dados ou sistemas informáticos utilizados pelo Gabinete de Ligação, Comissariado do Ministério dos Negócios Estrangeiros da RPC na RAEM e Guarnição em Macau do Exército de Libertação do Povo Chinês.”

Menezes acrescenta ainda que “todas estas entidades já estavam abrangidas, mas, salvo as entidades públicas da RAEM, eram tratadas como qualquer outra, enquanto agora o legislador lhes quer dar protecção acrescida por via do agravamento dos limites das penas”.

Na proposta de lei, lê-se que “as penas são agravadas a um terço, nos seus limites mínimo e máximo, se tais crimes tiverem por objecto dados ou sistemas informáticos utilizados no âmbito das respectivas actividades pelas instituições do Governo Popular Central estabelecidas na RAEM”.

Além disso, há mais entidades abrangidas pela proposta de lei. “A norma que prevê o agravamento da pena foi alargada a mais entidades. Passou a abranger-se, para este efeito, quer entidades públicas quer privadas, consideradas operadores privados de infra-estruturas críticas, enquanto antes apenas abrangia entidades públicas da RAEM. Estão aqui, por exemplo, grande parte das empresas concessionárias de serviços públicos, seja das águas, electricidade, banca, radiodifusão ou de jogo”, referiu o advogado.

Outro ponto muito debatido pelos deputados no plenário que votou na generalidade a proposta de lei prende-se com o receio de que as entidades policiais possam vir a realizar buscas sem a autorização prévia de um juiz de instrução. O secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, já negou essa possibilidade, e Jorge Menezes ressalva que só casos muito pontuais o permitem.

“As normas da lei que permitem à polícia agir sem autorização prévia da autoridade judiciária (Ministério Público ou Juiz) já vêm de trás e não estão a ser alteradas. Se a lei e o seu espírito forem seguidos, só em casos muito excepcionais se justificará uma acção policial não previamente autorizada por uma autoridade judiciária”, frisou.

AAM sempre colaborou

Questionado sobre este processo de consulta levado a cabo pela AAM, o advgado Óscar Madureira referiu apenas que “a evolução da sociedade desde 2009 pode levar a uma necessidade de rever esse diploma”. Esta revisão é, assim, “importante porque o regime cobre uma série de condutas que padecem de ser punidas criminalmente, mas não é uma alteração que se faça de forma muito rápida”.

Relativamente ao facto de a AAM não ter ainda emitido parecer jurídico sobre este diploma, Óscar Madureira recorda que a entidade sempre colaborou com a AL, pelo que, neste caso, o ónus da culpa pode estar no próprio hemiciclo.

“Não basta só fazer uma espécie de formalidade ou de um requisito formal de pedir à AAM para se pronunciar, só para dizer que se pediu (o parecer) e sacudir a água do capote. É preciso que esse pedido seja credível. Se a AL dá um prazo curto à AAM para se pronunciar sobre uma lei desta importância, se calhar tudo indica que há pouca vontade de ouvir a associação.”

Já Jorge Menezes defende mudanças na forma como a AAM dá resposta aos pedidos de parecer jurídico, dada a escassez de recursos já apontada pelo seu presidente, Jorge Neto Valente. “O modo mais eficiente de dar resposta a estes pedidos da AL seria, talvez, que a AAM tivesse comissões de advogados que exercessem estas funções ou as conduzissem, não se centralizando tudo na direcção. O número de advogados em Macau é baixo e nem todos querem ou podem participar.”

Neste contexto, “já se falou numa Comissão dos Direitos Humanos e poderia também haver comissões para assuntos legislativos, como sucede com outras ordens dos advogados. É algo que poderá ser discutido em reunião da Assembleia Geral da AAM, pois poderá constituir uma forma de envolver mais advogados na actividade pública da RAEM”, rematou Jorge Menezes. O HM tentou obter mais reacções por parte de advogados relativamente a este diploma, mas até ao fecho da edição não foi possível.

8 Nov 2019

Criminalidade informática | Agravadas penas ligadas a entidades de Pequim

A proposta de lei de combate à criminalidade informática prevê um agravamento de penas em casos que tenham por base os dados ligados a entidades do Governo Central na RAEM, aponta Jorge Menezes. O advogado diz ainda que “só em casos excepcionais” se permite acções de busca sem autorização de um juiz de instrução

 
[dropcap]T[/dropcap]ermina na próxima segunda-feira, 11, o processo de levantamento de opiniões por parte da Associação dos Advogados de Macau (AAM) junto dos seus membros a propósito da proposta de lei de combate à criminalidade informática, actualmente a ser analisada na especialidade pelos deputados da Assembleia Legislativa (AL).
Ao HM, o advogado Jorge Menezes apontou o facto de esta proposta de lei agravar, face a 2009, as penas em casos relacionados com os dados de entidades ligadas a Pequim com representação em Macau.
“Contrariamente ao que fora feito em 2009, autonomiza-se, com o objectivo de aumentar as penas, os crimes que tiverem por objecto dados ou sistemas informáticos utilizados pelo Gabinete de Ligação, Comissariado do Ministério dos Negócios Estrangeiros da RPC na RAEM e Guarnição em Macau do Exército de Libertação do Povo Chinês.”
Menezes acrescenta ainda que “todas estas entidades já estavam abrangidas, mas, salvo as entidades públicas da RAEM, eram tratadas como qualquer outra, enquanto agora o legislador lhes quer dar protecção acrescida por via do agravamento dos limites das penas”.
Na proposta de lei, lê-se que “as penas são agravadas a um terço, nos seus limites mínimo e máximo, se tais crimes tiverem por objecto dados ou sistemas informáticos utilizados no âmbito das respectivas actividades pelas instituições do Governo Popular Central estabelecidas na RAEM”.
Além disso, há mais entidades abrangidas pela proposta de lei. “A norma que prevê o agravamento da pena foi alargada a mais entidades. Passou a abranger-se, para este efeito, quer entidades públicas quer privadas, consideradas operadores privados de infra-estruturas críticas, enquanto antes apenas abrangia entidades públicas da RAEM. Estão aqui, por exemplo, grande parte das empresas concessionárias de serviços públicos, seja das águas, electricidade, banca, radiodifusão ou de jogo”, referiu o advogado.
Outro ponto muito debatido pelos deputados no plenário que votou na generalidade a proposta de lei prende-se com o receio de que as entidades policiais possam vir a realizar buscas sem a autorização prévia de um juiz de instrução. O secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, já negou essa possibilidade, e Jorge Menezes ressalva que só casos muito pontuais o permitem.
“As normas da lei que permitem à polícia agir sem autorização prévia da autoridade judiciária (Ministério Público ou Juiz) já vêm de trás e não estão a ser alteradas. Se a lei e o seu espírito forem seguidos, só em casos muito excepcionais se justificará uma acção policial não previamente autorizada por uma autoridade judiciária”, frisou.

AAM sempre colaborou

Questionado sobre este processo de consulta levado a cabo pela AAM, o advgado Óscar Madureira referiu apenas que “a evolução da sociedade desde 2009 pode levar a uma necessidade de rever esse diploma”. Esta revisão é, assim, “importante porque o regime cobre uma série de condutas que padecem de ser punidas criminalmente, mas não é uma alteração que se faça de forma muito rápida”.
Relativamente ao facto de a AAM não ter ainda emitido parecer jurídico sobre este diploma, Óscar Madureira recorda que a entidade sempre colaborou com a AL, pelo que, neste caso, o ónus da culpa pode estar no próprio hemiciclo.
“Não basta só fazer uma espécie de formalidade ou de um requisito formal de pedir à AAM para se pronunciar, só para dizer que se pediu (o parecer) e sacudir a água do capote. É preciso que esse pedido seja credível. Se a AL dá um prazo curto à AAM para se pronunciar sobre uma lei desta importância, se calhar tudo indica que há pouca vontade de ouvir a associação.”
Já Jorge Menezes defende mudanças na forma como a AAM dá resposta aos pedidos de parecer jurídico, dada a escassez de recursos já apontada pelo seu presidente, Jorge Neto Valente. “O modo mais eficiente de dar resposta a estes pedidos da AL seria, talvez, que a AAM tivesse comissões de advogados que exercessem estas funções ou as conduzissem, não se centralizando tudo na direcção. O número de advogados em Macau é baixo e nem todos querem ou podem participar.”
Neste contexto, “já se falou numa Comissão dos Direitos Humanos e poderia também haver comissões para assuntos legislativos, como sucede com outras ordens dos advogados. É algo que poderá ser discutido em reunião da Assembleia Geral da AAM, pois poderá constituir uma forma de envolver mais advogados na actividade pública da RAEM”, rematou Jorge Menezes. O HM tentou obter mais reacções por parte de advogados relativamente a este diploma, mas até ao fecho da edição não foi possível.

8 Nov 2019

AL | Devolução de imposto do selo levanta dúvidas

[dropcap]A[/dropcap] devolução do desconto do imposto de selo nos contratos de arrendamento esteve ontem a ser discutida pela 3.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa, que está a analisar na especialidade as mudanças à lei do imposto de selo. Segundo a proposta do Governo, caso os contratos de arrendamento prevejam que os litígios entre as partes são resolvidas através da arbitragem há lugar a um desconto de 50 por cento no imposto de selo. Contudo, não é claro quem terá de pagar o montante de isenção ao Governo, caso uma das partes avance para os tribunais e viole a disposição acordada.

“Toda esta questão é muito complicada porque quando entrar em vigor a nova lei da arbitragem até se pode dar mesmo o caso de os tribunais não aceitarem julgar os litígios por considerarem que são incompetentes nessa matéria”, admitiu Vong Hin Fai, presidente da 3.ª Comissão. “Se for o senhorio a revogar o acordo e recorrer aos tribunais é ele que tem de restituir o pagamento. Se for o inquilino não é tão claro”, respondeu.

Com as alterações propostas, os contratos de cedência de espaço para uso em centro comercial passam igualmente a pagar imposto de selo. O Governo ainda não fez previsões sobre o aumento da receita fiscal com esta alteração, mas ontem Vong Hin Fai admitiu que pode ser um encaixe elevado: “Não é referido o montante, mas sabemos que há muitos centros comerciais e resorts onde há cedência de espaços. Por isso acho que o montante não deve ser baixo”, disse Vong Hin Fai sobre este aspecto.

8 Nov 2019

AL | Devolução de imposto do selo levanta dúvidas

[dropcap]A[/dropcap] devolução do desconto do imposto de selo nos contratos de arrendamento esteve ontem a ser discutida pela 3.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa, que está a analisar na especialidade as mudanças à lei do imposto de selo. Segundo a proposta do Governo, caso os contratos de arrendamento prevejam que os litígios entre as partes são resolvidas através da arbitragem há lugar a um desconto de 50 por cento no imposto de selo. Contudo, não é claro quem terá de pagar o montante de isenção ao Governo, caso uma das partes avance para os tribunais e viole a disposição acordada.
“Toda esta questão é muito complicada porque quando entrar em vigor a nova lei da arbitragem até se pode dar mesmo o caso de os tribunais não aceitarem julgar os litígios por considerarem que são incompetentes nessa matéria”, admitiu Vong Hin Fai, presidente da 3.ª Comissão. “Se for o senhorio a revogar o acordo e recorrer aos tribunais é ele que tem de restituir o pagamento. Se for o inquilino não é tão claro”, respondeu.
Com as alterações propostas, os contratos de cedência de espaço para uso em centro comercial passam igualmente a pagar imposto de selo. O Governo ainda não fez previsões sobre o aumento da receita fiscal com esta alteração, mas ontem Vong Hin Fai admitiu que pode ser um encaixe elevado: “Não é referido o montante, mas sabemos que há muitos centros comerciais e resorts onde há cedência de espaços. Por isso acho que o montante não deve ser baixo”, disse Vong Hin Fai sobre este aspecto.

8 Nov 2019

SAFP anunciam mudanças no regime de recrutamento centralizado 

[dropcap]J[/dropcap]oana Maria Noronha, vice-directora dos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP), garantiu, em resposta a uma interpelação do deputado Ho Ion Sang, que serão levadas a cabo várias mudanças no regime de recrutamento centralizado. Estas alterações surgem depois do Comissariado de Auditoria ter emitido um relatório onde dá conta de gastos excessivos e erros de coordenação do processo.

Desta forma, “os SAFP irão simplificar o procedimento de concurso, incluindo o prazo de apresentação de candidaturas, de entrega de documentos em falta e de apresentação de recurso”.

Joana Maria Noronha adiantou ainda que será adoptado “o regime proporcional entre o número de candidatos da entrevista de selecção e o número de lugares vagos para preencher, limitando de forma adequada o número de candidatos para a entrevista”.

No que diz respeito aos custos com a realização do concurso, “o custo médio por cada trabalhador a recrutar irá diminuir consoante o número de lugares a preencher”. Uma das medidas a adoptar passa pela organização de provas conjuntas relativamente às carreiras com conteúdo funcional comum por parte dos SAFP em parceria com os serviços recrutadores.

Além disso, “o Governo pretende alargar o âmbito da utilização da lista classificativa das provas conjuntas, procedendo a estudos para permitir que outros serviços que careçam de trabalhadores possam recrutar directamente trabalhadores na referida lista classificativa”.

Os números

Joana Maria Noronha garantiu a Ho Ion Sang que, desde Agosto de 2017, data em que foi implementado o sistema de recrutamento centralizado, foram organizados quatro concursos de competências integradas, incluindo provas respeitantes à habilitação académica de nível do ensino primário, de bacharelato, de especialidade de ensino superior e de ensino superior complementar. “Até finais de Agosto do corrente ano os serviços recrutadores organizaram 181 concursos de competências profissionais ou funcionais e 750 lugares foram preenchidos”, aponta a responsável na resposta ao deputado.

8 Nov 2019