Angola, Timor-Leste e São Tomé debatem em Macau investimentos chineses

[dropcap]O[/dropcap]s Governos de Angola, Timor-Leste e São Tomé e Príncipe vão estar representados num fórum em Macau para debater investimentos chineses, a 30 e 31 de Maio, anunciou ontem a organização em conferência de imprensa.

A edição deste ano do Fórum Internacional sobre o Investimento e Construção de Infraestruturas (IIICF) vai contar com mais de dois mil empresários, académicos e políticos, dos quais mais de 50 governantes oriundos de 40 países e regiões, num evento cujo orçamento está estimado em 39 milhões de patacas e que é promovido sob a orientação do Ministério do Comércio da República Popular da China e do Governo de Macau.

O IIICF inclui 36 fóruns paralelos, exposições, seminários de promoção de projectos e bolsas de contacto, entre outras actividades de negociação comercial, para operacionalizar a cooperação entre os países envolvidos na estratégia adoptada pelo Governo chinês “Uma Faixa, Uma Rota”, que visa o desenvolvimento de infraestruturas e investimentos em países europeus, asiáticos e africanos.

Na conferência de imprensa, o vogal executivo do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau, Sam Lei, destacou a realização, em paralelo, da 5.ª Conferência dos Governadores dos Bancos Centrais e dos Quadros da Área Financeira e de um outro fórum que terá como tema “Maximizando o Papel das Finanças para Motivar a Cooperação Prática entre a China e os Países de Língua Portuguesa”.

28 Mai 2019

Autocarros | Pagamento electrónico a 7 de Junho

[dropcap]A[/dropcap] partir de 7 de Junho as pessoas vão poder utilizar o pagamento electrónico nos autocarros públicos, segundo a informação publicada pelo Chefe do Executivo no Boletim Oficial.

“Embora Macau apresente formas de pagamento em dinheiro e cartão porta-moeda, a evolução tecnológica e o desenvolvimento de Macau nos últimos anos, exigem que os procedimentos se actualizem”, é explicado.

O pagamento é feito através de um código QR, com recurso à aplicação Mpay, e os preços são iguais aos praticados quando o pagamento é feito com Macau Pass, ou seja com uma tarifa de 3 patacas nas carreiras normais. A aplicação está apenas disponível em chinês e inglês.

28 Mai 2019

Imobiliário | Projecto que usou imagem do CE oficialmente falido

O Supremo Tribunal Popular da China declarou a empresa Jiangmen Teda Real Estate Development falida e começou a aceitar os pedidos de recuperação dos investimentos dos credores. Em Macau há cerca de 70 compradores de fracções no projecto Guang Bo Hui (GBH)

 

[dropcap]O[/dropcap] Supremo Tribunal Popular da China aceitou o pedido de falência da empresa proprietária do empreendimento Guang Bo Hui (GBH), a Jiangmen Teda Real Estate Development. Segundo a informação que fez a manchete do Ou Mun Iat Pou, desde o dia 15 deste mês que o tribunal começou a aceitar as queixas dos lesados. Para 26 de Agosto, ficou agendada a primeira conferência em tribunal entre os credores.

As obras do projecto GBH estavam paradas há cerca de dois anos e entre os lesados contam-se cerca de 70 residentes de Macau que, de acordo com os deputados Ella Lei e Leong Sun Iok, investiram 20 milhões de patacas para adquirir lojas e habitações no empreendimento GBH. No entanto, para os legisladores o número poderá ultrapassar os 300 lesados.

Ainda de acordo com a informação de ontem do jornal Ou Mun, as dívidas aos bancos e a outros credores privados superam os 889 milhões de yuan. Foi este montante que levou ao pedido do processo de falência para os credores poderem recuperar o dinheiro emprestado. Além deste problema estrutural, juntaram-se outros como demoras na construção, pagamentos atrasados a fornecedores e várias disputas laborais.

Com dedo local

O lançamento do projecto contou com a presença de Chui Sai On, naquele que foi um empreendimento aproveitado para promover o investimento de capitais de Macau no Interior da China. Contudo, a imagem do Chefe do Governo acabaria por ser utilizada por alguns agentes para promover as vendas, segundo a versão de alguns compradores. Chui Sai On sempre negou qualquer envolvimento com o projecto, porém não é conhecido nenhum processo judicial iniciado pelo Governo no Interior da China.

Recorde-se que a empresa Jiangmen Teda Real Estate Development, responsável pelo empreendimento Guang Bo Hui (GBH), iniciou o procedimento de falência a 25 de Janeiro deste ano, segundo o Supremo Tribunal Popular da China.

De acordo com a informação divulgada na altura, a empresa tem um capital social de 88 milhões de dólares norte-americanos, activos avaliados em 1,68 mil milhões de yuan e uma dívida acumulada de 236 milhões de yuan.

A Jiangmen Teda Real Estate Development conta com capitais de Macau e tem como principal accionista Chan Hac Kim. O empresário nasceu no território, mas mudou-se posteriormente para Jiangmen [Kong Mun, em cantonês]. Contudo, mantém ligações a Macau, com destaque para os cargos de presidente honorário da Associação Geral do Sector Imobiliário de Macau e vice-presidente da Associação dos Conterrâneos de Kong Mun de Macau, de acordo com os portais de ambas as associações.

Fé no continente

A falência da Jiangmen Teda Real Estate Development, proprietária do projecto Guang Bo Hui (GBH) não vai afectar as relações de cooperação entre Macau e Guangdong. A ideia foi deixada ontem pelo director dos Serviços de Estudos de Políticas e Desenvolvimento Regional, Mi Jian, após a reunião em que foram assinados nove protocolos de cooperação entre as duas regiões.

Mi Jian destacou ainda as relações próximas entre Macau e Jiangmen, enfatizando que o caso em questão é “individual e específico”, pelo que cabe aos investidores de Macau manterem a “confiança” e serem “corajosos” nos investimentos no continente.

28 Mai 2019

Código Processo Civil | Revisão chega ainda este ano

[dropcap]A[/dropcap] proposta de revisão do Código de Processo Civil deverá entrar na Assembleia Legislativa até ao final do ano e um dos objectivos é acelerar o funcionamento dos tribunais.

A previsão foi deixada ontem por Sónia Chan, secretária para a Administração e Justiça, na AL. “O Governo da RAEM está activamente empenhado nos trabalho de revisão global do Código de Processo Civil, incluindo a revisão dos prazos de actos processuais, da tramitação processual e das situações que provocam o atraso processual”, afirmou a secretária.

“Até agora, o Governo da RAEM já elaborou o projecto da respectiva proposta de lei, que abrange cerca de 300 artigos, e irá concluir o procedimento legislativo interno com a maior brevidade possível, estando previsto apresentar a proposta de lei à Assembleia Legislativa para apreciação ainda este ano”, acrescentou.

28 Mai 2019

IPIM | Revistos 1.200 processos de residência

[dropcap]O[/dropcap] Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento (IPIM) fez uma revisão de cerca de 1.208 processos de autorização de residência temporária até meados deste mês. A revelação foi feita ontem pela presidente da IPIM, Irene Lau.

“A fim de reforçar o trabalho de supervisão, o IPIM destacou internamente funcionários para realizar uma revisão e inspecção abrangente de todos os processos de autorização de residência temporária e, até meados de Maio, foram revistos mais de 1.200 processos”, disse a responsável.

Entre estes casos, Irene Lau apontou que “alguns não tinham qualquer irregularidade” pelo que os pedidos foram renovados.

Em relação aos futuros processo de residência temporária, a presidente do IPIM avisou que Macau precisa de ter em consideração o facto de ser uma região virada para a gastronomia e de estar integrada no projecto da Grande Baía e que as futuras aprovações deverão ter em conta estas políticas. Neste sentido, não está afastada a possibilidade de nos critérios de aprovação as qualificações académicas perderem importância.

Aquando da discussão da mesma interpelação de Ella Lei foi igualmente abordada a questão da importação de trabalhadores não-residentes. Em relação a este aspecto, as respostas foram dadas por Ng Wai Han, directora substituta da Direcção de Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL).

De acordo com a responsável, foram investigados 30 casos de abuso da importação de trabalhadores não-residentes que resultaram em 107 quotas de TNR canceladas, em espaços como hotéis e restaurantes.

28 Mai 2019

CPTTM | Sulu Sou diz que Shuen Ka Hung levou bofetada do CCAC

[dropcap]O[/dropcap] deputado Sulu Sou confrontou o director-geral do Centro de Produtividade e Transferência de Tecnologia de Macau (CPTTM), Shuen Ka Hung, com o recuo face às críticas do Comissariado Contra a Corrupção (CCAC).

Após um primeiro do relatório do CCAC, o CPTTM foi acusado de ter 16 trabalhadores com ligações familiares de primeiro grau. No entanto, Shuen Ka Hung, num primeiro momento, negou a acusação. O CCAC respondeu com uma actualização da investigação, aumentou o número de familiares contratados de 16 para 21 e criticou a falta de transparência na contratação por parte da entidade com capitais públicos. À segunda, Shuen elogiou o trabalho do organismo liderado por André Cheong.

O mais jovem legislador sublinhou que num primeiro momento, Shuen dizia que os 16 casos “não envolviam irregularidades” e questionou se o director-geral do CPTTM tinha mentido: “Depois do primeiro relatório, o CPTTM mentiu ou não na posição tomada? Depois da segunda divulgação já concorda com as afirmações do CCAC?”, questionou o legislador ligado à Novo Macau. “Parece que levou uma bofetada na cara”, acrescentou.

Na resposta, Sheun apontou em tom de brincadeira que com ele “não havia relações familiares”, mas que não podia garantir que fosse a situação com todos, o que motivou risos de muitos deputados. Seguidamente, afirmou que o relatório do CCAC foi “bom” e que é um “exemplo” para ser seguido. Shuen prometeu ainda que o CPTTM vai começar a publicar online o manual de contratação e que a instituição segue os princípios de imparcialidade e justiça.

28 Mai 2019

Tribunais | Sónia Chan sem solução para pessoas notificadas em língua que não dominam

José Pereira Coutinho perguntou à secretária com a pasta da Justiça se havia intenção de actualizar as leis vigentes para que os tribunais notifiquem as pessoas na língua oficial pedida. Na resposta, Sónia Chan afirmou que mudar a lei é fácil, já a realidade….

 

[dropcap]O[/dropcap] deputado José Pereira Coutinho questionou ontem a secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, sobre os casos das pessoas que pedem aos tribunais para ser notificadas numa das línguas oficiais, mas recebem respostas no outro idioma, que não dominam.

Segundo o legislador, que abordou a secretária durante o Plenário na Assembleia Legislativa, esta questão faz com que as defesas fiquem prejudicadas quando apenas têm 10 dias para apresentar um recurso. Na resposta, Sónia Chan não avançou com nenhuma solução para o problema e admitiu que não sabia o que iria acontecer caso houve alterações ao decreto-lei 101/99/M, que coloca em igualdade as duas línguas oficiais.

“Quanto à língua utilizada nos tribunais, que eu saiba a língua utilizada nas sentenças depende da escolha do juiz. Acredito que há alguns que utilizam a língua portuguesa e outros a língua chinesa”, começou por realçar. “Eu acredito que depois de haver uma sentença que essa vai ser traduzida para a outra língua e temos de perceber que isso leva algum tempo. Por isso, eu até posso dialogar com os tribunais e alterar a lei actual. Não é difícil. Mas na verdade e na prática se fizermos a alteração, o que vai acontecer depois?”, questionou.

Falta de respeito

Face à ausência de uma resposta mais elaborada, José Pereira Coutinho não insistiu. Mas quando falou na primeira vez no assunto afirmou que os tribunais não respeitam o Decreto-Lei 101/99/M.

O legislador disse ainda que o Governo tem a responsabilidade de corrigir a situação com uma mudança do decreto-lei.

“A defesa pode ter muitas dificuldades nos tribunais quando tem de apresentar um recurso dentro de 10 dias. Apesar da lei 101/99 definir que uma pessoa pode escolher a língua oficial em que é notificada, no sistema judicial este decreto-lei não é assim tão respeitado, porque nem todos obedecem ou respeitam o que lá consta”, acusou. “Quando é apresentado um recurso em língua chinesa, as respostas são recebidas em português e vice-versa. Há toda uma necessidade de rever este decreto-lei”, acrescentou.

Foi depois de apontar esta situação que Coutinho pediu acção ao Executivo e perguntou se havia planos para fazer alterações à lei. “O Governo da RAEM tem a responsabilidade e obrigação de responder às pessoas. O que pensa deste decreto-lei e vai ou não fazer alguma coisa para responder aos pedidos das pessoas [para serem notificadas na língua que dominam]?”, questionou.

A questão não é nova e no passado já houve queixas de advogados e de arguidos sobre esta situação.

28 Mai 2019

Polícia quer colocar videovigilância própria dentro dos casinos

[dropcap]A[/dropcap]s autoridades estão a considerar instalar câmaras de segurança públicas dentro dos casinos com os novos contratos de concessão do jogos. O cenário foi admitido pelo Adjunto do Comandante-geral dos Serviços de Polícia Unitários, Mui San Meng, depois de ter sido interpelado pelos deputados ligados à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) para o aumento da criminalidade nos casinos.

“Em relação às câmaras com reconhecimento facial, como o secretário recentemente disse, a lei da videovigilância só permite a instalação em espaços públicos. Dificilmente podemos instalar câmaras em lugares privados”, começou por sublinhar Mui San Meng. “Mas na nova ronda de atribuição das concessões podemos considerar introduzir nas exigências condições para este efeito”, acrescentou.

Ainda em relação à videovigilância, Mui San Meng revelou que até 2023 vão ser instaladas mais 980 câmaras de CCTV, no âmbito do Sistema “Olhos no Céu”. Este número vai fazer com que nesse ano o número de câmaras no território chegue às 2.600 o que vai fazer com exista uma câmara para cada 258 habitantes, segundo os números da população no primeiro trimestre deste ano.

Entre estas, 820 já estão instaladas e dizem respeito às primeiras três fases do programa. Outras 800 estão actualmente a ser montadas e dizem respeito à 4.ª fase, que deverá ficar concluída até Março de 2020.

Custos tabu

A 5.ª fase, que ainda está a ser planeada, deve comportar a instalação de 300 câmaras “em locais de grande concentração”, como zonas circundantes a escolas e paragens de táxis. Finalmente a 6.ª fase envolve 680 câmaras e visa estender os olhos das autoridades às zonas circundantes das instalações recreativas e desportivas ou estabelecimentos públicos com grande concentração de pessoas. Estas são as fases mais recentes anunciadas e devem ficar concluídas em 2022 e 2023.
Mui San Meng, que esteve a representar a secretaria para a Segurança, foi ainda questionado sobre o orçamento do sistema, mas em relação a esse assunto não disse uma única palavra.

28 Mai 2019

Grande Baía | Assinados nove protocolos de cooperação ente Macau e Guangdong

Acelerar o trabalho de cooperação entre Macau e a província de Guangdong foi o objectivo da assinatura, ontem, de nove acordos entre as duas regiões. Macau e Guangdong vão colaborar em aspectos como a defesa da propriedade intelectual e a construção das comportas do Porto Interior

 

[dropcap]F[/dropcap]oram nove os protocolos ontem assinados entre os Governos de Macau e de Guangdong com o objectivo de “impulsionar a cooperação entre as duas regiões” dentro do projecto de cooperação inter-regional da Grande Baía.

Do encontro presidido pelo Chefe do Executivo local, Chui Sai On, e o Governador da província de Guangdong, Ma Xingrui, entre os acordos assinados destaca-se a cooperação na questão dos direitos de propriedade intelectual. O objectivo é “atingir uma melhor protecção da propriedade intelectual , bem como uma maior partilha de recursos”, aponta uma nota à comunicação social.

Acerca desta matéria, o Director dos Serviços de Estudo de Políticas e Desenvolvimento Regional, Mi Jian, admitiu que se trata de um assunto complexo, salvaguardando que o trabalho realizado em Macau tem sido feito em conformidade com as normas internacionais. “O Governo da RAEM tem prestado muita atenção aos problemas que envolvem a propriedade intelectual. Macau e as cidades da Grande Baía vão trabalhar no sentido de se articularem com os padrões internacionais e em Macau já temos padrões idênticos aos exigidos internacionalmente”, disse aos jornalistas no final do encontro de ontem. Por outro lado, e dentro do quadro da Grande Baía, “este é também um dos aspectos que temos de desenvolver e promover”, apontou.

Comportas técnicas

Já o projecto de construção de comportas no Porto Interior, a Barragem das Marés, também teve direito a um acordo no quadro de cooperação entre Macau e Guangdong, com promessas de reforço na comunicação e coordenação de trabalhos.

No entanto, as obras que podem dar origem à estrutura de prevenção de cheias nesta zona de Macau não têm ainda qualquer calendarização. “Temos os acordos assinados mas em relação a calendário estamos à espera que os serviços competentes divulguem informação”, disse. A razão, apontou o responsável, deve-se à tecnicidade do projecto.

Acordos variados

Da reunião resultou ainda a assinatura de acordos que abrangem a promoção da diversificação económica do território, o acelerar das construção do polo da Grande Baía constituído por Macau e Zhuhai através da colaboração destas regiões na construção do parque de inovação tecnológica na Ilha da Montanha, o financiamento mútuo de projectos de investigação e o reforço na área florestal entre as duas regiões com a promoção da plantação de árvores e construção de espaços verdes.

A promoção da higiene sanitária está presente num acordo que envolve os Serviços de Saúde e que pretende “elevar as resposta dos serviços médicos” nesta área. Houve ainda espaço para o reforço do intercâmbio entre os jovens das duas regiões e para a cooperação entre os serviços de estatísticas a pensar nos censos do próximo ano.

No calendário

O novo posto fronteiriço de Qingmao, na Ilha Verde, pode entrar em funcionamento para a circulação de pessoas ainda este ano. A ideia foi deixada ontem pelo Director dos Serviços de Estudo de Políticas e Desenvolvimento Regional, Mi Jian, no final do encontro entre Macau e Guangdong para discutir questões de cooperação entre as regiões. “Estamos a fazer esforços para que o posto fronteiriço possa deixar passar pessoas até ao final do ano. Só pessoas”, apontou o responsável. Já no que respeita à circulação de veículos e mercadorias, o calendário ainda não está definido, acrescentou Mi Jian.

28 Mai 2019

Eleições europeias | PS venceu em Portugal, mas abstenção marcou acto eleitoral

Os distritos portugueses ficaram cor-de-rosa este domingo aquando da ida dos eleitores às urnas para eleger os deputados ao Parlamento Europeu, mas a abstenção, uma das mais elevadas dentro da União Europeia, trouxe um travo agridoce a todos os partidos

 

Com agência Lusa 

[dropcap]P[/dropcap]ela terceira vez, um partido político português que está no Governo conseguiu vencer umas eleições europeias. Este domingo, o Partido Socialista (PS) obteve 33,4 por cento dos votos face aos 21,9 por cento do PPD/PSD, estando previsto que o partido vencedor deverá colocar nove deputados no Parlamento Europeu. A grande novidade da noite eleitoral foi o Bloco de Esquerda (BE), que ficou em terceiro lugar nas escolhas de voto dos portugueses, com 9,8 por cento.

“A nossa prioridade é assegurar a eleição do candidato do PS europeu para presidente da Comissão Europeia”, disse António Costa, primeiro-ministro português e secretário-geral do partido. “Estas eleições significam um voto de confiança no PS. É evidente que houve uma derrota muito clara do PSD e do CDS. Têm sido raras as vezes que o partido que está no Governo vence europeias”, lembrou.

No caso do PSD, Paulo Rangel, cabeça de lista às europeias, vai para Estrasburgo, mas diz que o partido falhou os seus objectivos, pois não elegeu mais um eurodeputado além dos já existentes.

“A criação de novos partidos e alguma turbulência interna” foram os motivos apontados por Rangel para o desaire eleitoral. “O PSD manterá a sua representação no PE, aumentou o seu peso eleitoral mas isso não se traduziu na eleição de mais um eurodeputado”, acrescentou, referindo a diferença de dez pontos percentuais face ao PS. “É uma diferença grande e por isso disse que não cumpri os objectivos”, adiantou em conferência de imprensa na noite de domingo. Marisa Matias, cabeça de lista do BE às europeias, falou de uma derrota da direita e de um aumento da força política do partido no país.

Tiago Pereira, ex-coordenador do PS em Macau, defendeu que “a vitória do PS é indicativa de um consenso na sociedade portuguesa quanto ao Governo actual”.

O PS “não só ganhou, como o fez com uma grande margem. Infelizmente as campanhas não se centraram naquilo que estava em discussão: a União Europeia. É um problema antigo. Dizer que o PS venceu por causa das ideias e da sua visão para o futuro do projecto europeu seria pura ilusão. De assinalar também o bom desempenho do Bloco de Esquerda nestas eleições”, acrescentou.

O CDS-PP teve um dos seus piores resultados e ficou atrás do BE e da PCP, mas leva Nuno Melo para Estrasburgo. O PAN – Partido Animais Natureza, foi a grande surpresa da noite ao conseguiu eleger, pela primeira vez, um deputado. A Coligação PCP-PEV acabou afinal por eleger um segundo deputado.

Ai a abstenção

Vitórias à parte, a participação nas eleições europeias de domingo em Portugal ficou pelos 31,01 por cento, sendo a sexta pior taxa da UE e bastante abaixo da média comunitária, que foi de 50,82 por cento, a maior em 20 anos. Segundo dados provisórios relativos à participação por país divulgados ontem de manhã pelo Parlamento Europeu, a pior taxa dos 28 Estados-membros registou-se na Eslováquia (22,74%), seguindo-se a Eslovénia (28,29%) e a República Checa (28,72%).

Assunção Cristas, líder do CDS-PP, falou da abstenção como “o maior obstáculo” a uma possível vitória, enquanto que Rangel defendeu a reflexão de todos. “É de lamentar a abstenção maciça e que nos obriga a todos, media, cidadãos e responsáveis políticos a fazer uma reflexão”, concluiu.

“Com os resultados de inscritos e votantes já disponíveis (177.356 inscritos e 1.447 votantes) dos consulados que têm suspenso o apuramento por estarem a aguardar, para apuramento, os votos de mesas com menos de 100 eleitores, é possível concluir pela certeza da distribuição dos mandatos a atribuir na plataforma às candidaturas: PS-Partido Socialista: 9 (nove) mandatos; PPD/PSD – Partido Social Democrata 6 (seis) mandatos; B.E. – Bloco de Esquerda 2 (dois) mandatos; PCP-PEV – CDU Coligação Democrática Unitária 2 (dois) mandatos CDS/PP – CDS-Partido Popular 1 (um) mandato; PAN-PESSOAS-ANIMAIS-NATUREZA 1 (um) mandato”, lê-se no portal do Ministério da Administração Interna que acompanha os dados do escrutínio.

 

 

Na Europa, partidos tradicionais perdem terreno. Nacionalistas e verdes crescem

O fim do domínio pelos dois principais grupos políticos europeus de centro-direita e centro-esquerda, com uma subida expressiva dos ambientalistas e ganhos, embora menores do que o esperado, dos nacionalistas, marcaram as eleições europeias de domingo. As duas grandes famílias políticas do Parlamento Europeu (PE), o Partido Popular Europeu (PPE) e os Socialistas & Democratas (S&D), perderam a maioria que detinham há décadas no parlamento europeu.

O PPE mantém-se como a principal força política europeia, com 178 eurodeputados, mas perde 39 lugares no hemiciclo, e o S&D continua a ser a segunda, com 152 deputados, menos 35 que na actual legislatura, segundo uma projecção do PE baseada em resultados oficiais e provisórios em 22 países e em estimativas nos restantes seis.

A Aliança dos Democratas e Liberais pela Europa (ALDE) torna-se, de forma destacada, a terceira força política no PE, com 108 eurodeputados, um crescimento de 40 eurodeputados que passa pela integração do francês En Marche, enquanto os Verdes europeus ganham 15 assentos, para ser o quarto grupo político, com um total de 67 representantes. Segundo dados ainda provisórios, os eurocépticos deverão somar 172 eurodeputados, mais 17 que na actual assembleia, mas distribuídos por três grupos políticos diferentes.

Vitória de Le Pen

A União Nacional, partido de Marine Le Pen, voltou a vencer as europeias em França. Já Matteo Salvini, segundo as sondagens à boca das urnas, ficou aquém do esperado, embora se afirme claramente como principal partido de Itália.

No Reino Unido realizou-se uma eleição “a contra-gosto” por incapacidade para concluir o processo do ‘Brexit’, tendo ocorrido uma vitória expressiva do Partido Brexit, de Nigel Farage, o enfraquecimento dos Trabalhistas e o quase desaparecimento dos Conservadores, relegados para quinto lugar.

Também a Alemanha, onde os eleitores castigaram os partidos da grande coligação – a União Democrata-Cristã (CDU) de Angela Merkel e o Partido Social-Democrata (SPD) -, fazendo os Verdes duplicar a sua votação, para 20 por cento, e subir a segundo partido mais votado e mantendo a extrema-direita eurocéptica da Alternativa para a Alemanha (AfD) com uma votação de cerca de 10 por cento.

Tiago Pereira destaca o facto de “os partidos populistas e eurocépticos terem tido resultados abaixo do que se esperava”, além do fim desse posicionamento do PPE e do PSE. “O parlamento está mais fragmentado, mas não deixa de existir uma maioria liberal. Isso obrigará a um esforço maior de diálogo entre as diferentes cores políticas. Estes resultados também mostram que questões como as alterações climáticas serão cada vez mais importantes. No global, os resultados foram positivos”, disse ao HM.

28 Mai 2019

Europeias | Socialistas vencem na China, mas não têm votos na Tailândia

[dropcap]N[/dropcap]a China confirmaram-se os resultados registados em Portugal nas eleições europeias: o PS venceu com 37,5 por cento dos votos, sendo que apenas nove pessoas votaram neste partido, enquanto que o PPD/PSD ficou como segunda força política, com 25 por cento e apenas seis votos. O BE ficou em terceiro lugar com 12,5 por cento e três votos, enquanto que o CDS-PP registou 8,33 por cento dos votos.

Em Pequim, o PS também ficou à frente com 28,5 por cento dos votos, mas o BE roubou o segundo lugar ao PSD, ao conseguir 21,4 por cento dos votos. O CDS-PP ficou em terceiro lugar com 14,29 por cento. No caso de Xangai, os votos encaminharam-se apenas para o PS e PSD, sendo que o primeiro ficou à frente com 50 por cento. Cada partido ganhou cinco votos, sendo que não houve mais votos para os restantes candidatos.

No que diz respeito aos restantes países da Ásia, houve oscilações entre o PS e PSD, apesar de ainda não estarem contabilizados os votos da Coreia do Sul. No Japão, o PSD e PS empataram com 25 por cento dos votos, tendo o BE sido a terceira força política, com 16,6 por cento. Na Indonésia votaram apenas três pessoas de um total de 102 recenseados, sendo que o PAN, PSD e PS ganharam os votos.

Na Tailândia, onde votaram apenas dez pessoas, o PS não recebeu qualquer voto, tendo o PSD ficado à frente com 30 por cento, o CDS-PP em segundo lugar com 20 por cento e o Aliança, de Pedro Santana Lopes, com dez por cento e um voto, tal como o PAN e o BE.

Em Timor-Leste o PSD ficou à frente com 31,37 por cento dos votos, seguindo-se o PS com 29,4 por cento. O CDS-PP foi a terceira força política com 9,8 por cento. No total, votaram 51 pessoas no país. Em Singapura votaram 76 eleitores, que deram a vitória ao PSD, que registou 21 por cento dos votos.

28 Mai 2019

Eleições europeias | Resultados ainda provisórios dão vitória histórica ao PS

Dados ainda provisórios mostram que os portugueses em Macau votaram mais no Partido Socialista nas eleições para o Parlamento Europeu, um resultado que se verificou também na China. Tiago Pereira, ex-coordenador da secção do partido no território, mostra-se surpreendido com o resultado inédito. Ana Catarina Mendes, número dois do PS, falou dos votos representativos das comunidades portuguesas

 

 

[dropcap]T[/dropcap]ratando-se de um território onde habitualmente sempre se votou à direita, Macau mostrou ontem uma ligeira viragem à esquerda no que diz respeito às eleições para o Parlamento Europeu. Acompanhando a tendência em Portugal, os portugueses em Macau votaram mais no Partido Socialista (PS), de acordo com resultados já apurados, mas que ainda não são finais.

O PS recebeu um total de 126 votos, sendo que o PPD/PSD foi a segunda força política, com 99 votos, enquanto o Bloco de Esquerda (BE) contou com 55 votos. Em quarto lugar ficou o CDS-PP, com 37 votos, seguindo-se o Nós! Cidadãos, com 31 votos. Seguiu-se o PAN – Partido Animais Natureza com 29 votos e o Livre, do historiador Rui Tavares, com 28 votos.

Em declarações ao HM, Tiago Pereira, ex-coordenador da secção do PS em Macau, mostrou-se surpreendido com estes resultados históricos. “A confirmar-se, julgo que é a primeira vez que o PS vence eleições em Macau. É um marco importante e significativo, que naturalmente deixou todos os socialistas de Macau muito satisfeitos. Também de assinalar que o número de votos cresceu muito em comparação com 2014. Foram resultados muito positivos.”

Ana Catarina Mendes, número dois do PS, falou no domingo quando as sondagens já davam conta da vitória do partido, tendo destacado os votos no partido por parte das comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo.

“É uma clara vitória do PS e uma clara derrota da direita. Isso diz bem da campanha que o PS fez ao longo destes seis meses e daquilo que são as nossas respostas para a Europa e da confiança que os portugueses têm hoje no PS”, apontou.

O HM tentou chegar à fala com José Rocha Diniz, actual coordenador da secção do PS em Macau, mas não foi possível estabelecer contacto. Também foi feita uma tentativa de contacto com Vitório Rosário Cardoso, coordenador da secção do PSD em Macau, mas este recusou comentar os resultados das eleições. “Em matérias políticas internas de Portugal só lidamos com os meios de comunicação portugueses”, disse apenas.

Apesar do bom resultado do PS no território, Arnaldo Gonçalves, residente em Macau há vários anos e militante do PSD, afasta o cenário de uma mudança de tendência. “Dos 664 que votaram, 19 por cento votaram PS, acompanha a tendência nacional, e 20 por cento votaram no PSD e CDS.

A esquerda mais radical representada pelo PAN, BE e Livre tiveram 16 por cento. PS e PSD-CDS afirmaram-se como os blocos políticos que alternam na preferência dos eleitores de Macau.”

Contudo, “o voto maioritário no PS é idêntico ao que teve Mário Soares nas presidenciais de 1986 e 1991 e ao que creio – cito de memória – voto em José Sócrates nas eleições legislativas de 2005. Ou seja, o eleitorado de Macau tem votado tradicionalmente no centro-direita, salvo aquelas excepções. Será uma mudança significativa nessa tendência? Não creio”, acrescentou.

Abstenção em grande

O que mais saltou à vista nestas eleições foi a elevada abstenção. Em Portugal rondou os 70 por cento, uma das mais elevadas da União Europeia, e que marcou os discursos políticos da vitória e da derrota. Em Macau, onde a abstenção sempre foi elevada, o cenário não se alterou. De um universo de 71.142 pessoas recenseadas votaram apenas 664 eleitores, o que mostra que a taxa de participação foi inferior a um por cento, ou seja, uma abstenção acima de 99 por cento.

Para Arnaldo Gonçalves, “os eleitores não se sentiram mobilizados por uma eleição que crêem não ter impacto na sua vida”. O analista político prefere fazer as contas sem os portadores de passaporte português que apenas são falantes de chinês.

“A taxa de abstenção foi de 99 por cento em termos numéricos pelas razões da majoração do número de votantes em razão dos eleitores chineses que constam dos cadernos eleitorais e têm dupla nacionalidade. Mas se fizermos um exercício de redução do número de eleitores aos de cultura e língua portuguesa teremos ainda assim uma percentagem de 91.75 por cento de abstenção. O que quer dizer um desinteresse significativo dos residentes portugueses em Macau pelas eleições em Portugal, o que diz muito do distanciamento da comunidade ao país de origem.”

Amélia António, presidente da Casa de Portugal em Macau (CPM) diz que o maior número de jovens no território poderá ter contribuído para um maior número de votos, mas não ignorou o facto da abstenção ter continuado elevada.

“Aqui a abstenção será inevitavelmente muito alta, sempre. Porque temos muitos recenseados de língua materna chinesa que não estão vocacionados nem esclarecidos para votar.”

Ainda assim, Amélia António nota um desinteresse natural pela política portuguesa, uma vez que, em Macau, “há muita gente que não lê os jornais e não vê televisão, e nem se lembrava que havia eleições”. Além disso, o sistema tem vindo a causar um profundo desinteresse das pessoas pela política portuguesa, notou.

“Os debates eleitorais andam muito à volta das tricas políticas, os partidos estão demasiado longe do eleitorado. Não me parece que seja com grandes comícios (que o cenário muda). As pessoas precisam de sentir que aqueles vão eleger ou que elegeram se preocupam com os problemas reais, e isso acontece muito pouco”, frisou.

Para a presidente da CPM, o problema começa logo na formação das listas de candidatos. “Os partidos organizam as listas que lhes dá jeito, mas na maioria dos casos essas pessoas não têm ligação nenhuma com o eleitorado que os elege. Os deputados da Assembleia da República, em Portugal, são eleitos pelos círculos mas não têm ligação nenhuma a esses locais e não se interessam pelos problemas dessas pessoas. E há queixas sistemáticas. Acho que foi havendo uma degradação muito grande da vida política que leva a esta abstenção. As pessoas reagem virando as costas.”

28 Mai 2019

Hong Kong | Protestos assinalam 30 anos de Tianamnen

[dropcap]M[/dropcap]ais de duas mil pessoas participaram ontem numa marcha em Hong Kong, para recordar os 30 anos do massacre na Praça de Tiananmen, em Pequim, que matou milhares de estudantes que participavam num protesto pró-democracia.

As iniciativas que assinalam o massacre são estritamente proibidas na China continental, mas, em Hong Kong, um grupo de manifestantes quis evocar os acontecimentos de 1989, para que ninguém os esqueça.

Ontem, milhares manifestaram-se nas ruas usando guarda-chuvas amarelos com o ‘slogan’ “Apoie a liberdade, oponha-se às leis do mal”.

Outros carregaram um caixão preto e houve ainda quem empurrasse cruzes brancas com rodas e os números 6 e 4, numa alusão ao dia e mês do massacre: 4 de Junho de 1989.

Entre 15 de Abril e 4 de Junho de 1989, estudantes e jovens intelectuais chineses usaram a Praça Tiananmen como palco de contestação ao governo, que consideravam demasiado repressivo e corrupto.

Os protestos terminaram a 4 de Junho de 1989, depois de os líderes do Partido Comunista da China terem ordenado aos militares que retomassem a Praça Tiananmen.

O ataque, ocorrido na noite de 3 para 4 de Junho de 1989, provocou centenas a milhares de vítimas entre os manifestantes, conforme os números que foram publicados pela imprensa internacional da época, os divulgados pela Cruz Vermelha e os anunciados pelos sobreviventes.

27 Mai 2019

Zheng Zhilong colabora com Macau

[dropcap]C[/dropcap]om a chegada da Dinastia Qing ao trono da China, Macau apoiou militarmente as forças de resistência Ming, mas em Beijing, junto ao manchu Imperador Chunzhi, tinha os jesuítas, pertencentes ao Padroado português, como um forte aliado a interceder por ela.

Tal facto permitiu aos portugueses a manutenção de Macau, servindo para manter aberto ao exterior o comércio da China, pois este estava controlado pelos piratas, pretendentes a restaurar a deposta Dinastia Ming, que varriam toda a costa chinesa. Era o caso de Zheng Sen (1624-83), nascido no Japão em 1624 de mãe japonesa e conhecido pelos europeus por Koxinga. O seu pai, Zheng Zhilong (1604-61) nascido a 16 de Abril de 1604 era natural de Nanan, Quanzhou em Fujian e com 18 anos veio para Macau onde foi convertido e baptizado católico com o nome de Nicolau Gaspar, apesar de nos Arquivos de Macau aparecer Gaspar Nicolau. Reconhecendo o bom dinheiro que se fazia no comercializar, Nicolau regressou a Fujian e colocou-se ao serviço de Li Han, um rico comerciante chinês com negócios no Japão, China e Taiwan. No Japão juntou-se a uma japonesa de apelido Tagawa e dessa relação nasceram o filho Zheng Sen (nome que em 1645 mudou para Zheng Chenggong) e a filha Úrsula de Vargas.

Em 1624 os holandeses tomaram o Sul de Taiwan e Iquan, nome dado por estes a Zheng Zhilong, por saber português, na altura a língua do trato, foi aí colocado pelo seu chefe como intérprete a trabalhar na Companhia Holandesa das Índias Orientais (VOC). Para Taiwan mudou os seus negócios e juntou-se ao pirata Yan Siqi quando a VOC começou a colocar fora da ilha quem lhe fazia frente. Os holandeses tentaram ainda usá-lo para lutar contra os espanhóis em Manila, mas ele em 1625 abandonou o trabalho de tradutor após a morte do seu chefe Li Han. Em Agosto desse mesmo ano herdou os navios e a riqueza deste e assim engrossando o grupo, tornou-o independente e fundou o Shi Ba Zhi. Dotado de grande coragem e ambicionando mais riquezas, o temido pirata comandava 400 juncos, passando a só reconhecer o nome de Zheng Zhilong. Para base usou Taiwan entre 1626 e 1628 de onde atacava as costas de Guangdong e Fujian, colocando aí grandes problemas à dinastia Ming. “Engrossada a sua armada acabaria por controlar todo o comércio estrangeiro da China, hábil intermédio, os seus interesses findariam por servir igualmente os nossos e os dos outros estrangeiros, desde os espanhóis das Filipinas aos holandeses da Batávia”, segundo Almerindo Lessa. Apenas roubava e raptava governantes e ricos negociantes, mas tratava bem o resto da população, ajudando mesmo os mais carenciados, levando as pessoas a acreditarem mais nele do que no Governo Ming.

Em fins de 1627 a frota contava já com mais de mil barcos, tendo-se apoderado de Amoy (mais tarde chamada Xiamen) de onde dominava a costa desde o Changjiang (Rio Longo, ou Yangtzé) a Zhujiang (Rio da Pérola). Com um mar infestado de piratas, o Imperador Chongzhen (1628-44) percebendo a força naval de Zhilong, não tendo como combatê-la, resolveu em 1628 nomeá-lo mandarim, tornando-o general comandante da frota imperial na costa de Fujian. Ficou com a função de limpar os mares de outros piratas, o que aceitou, estabelecendo em Amoy o quartel-general.

Quando no Japão em 1639 os cristãos portugueses foram expulsos, a sua filha aí nascida e baptizada, com eles fugiu para Macau e ao saber de tal, Zheng Zhilong enviou recado aos portugueses para lha mandarem. Mas estes não atenderam às pretensões e nem mesmo as terríveis ameaças lançadas sobre cercar Macau com a sua esquadra demoveram os portugueses da decisão. Em Macau, Úrsula de Vargas casou-se em 1642 com o macaense António Rodrigues, filho de Manuel Belo, e foram depois todos viver para Anhai (Amoy) muito devido à grande fome que grassava em Macau e aos distúrbios provocados pelas decisões do capitão da cidade, D. Sebastião Lobo da Silveira, que levaram à revolta dos habitantes divididos quanto à prisão dos espanhóis.

Na cidade de Anhai, o mandarim Zheng Zhilong tinha uma companhia de 300 soldados negros, cristãos com suas mulheres e filhos que recolheu de Macau e outras partes, sendo capitão um negro de bom talento e razão chamado Luís de Matos e uma vez por ano contavam com a vinda do jesuíta Pedro Canavari para tratar das coisas do espírito.

A 12 de Julho de 1644, numa assembleia do Senado os comerciantes de Macau desesperados sem cabedais, pois estavam há anos impedidos de ir ao Japão vender as suas mercadorias, aproveitaram as fazendas que desde 1641 tinham armazenadas a degradar-se e resolveram confiá-las a Zheng Zhilong, para este corsário amigo as ir vender no Japão. Assim foram transportadas para Nagasáqui à consignação as fazendas dos macaenses, voltando a prata a entrar em Macau, repetindo-se a viagem no ano seguinte. Gonçalo Mesquitela refere, “O contrato feito com os macaenses para esta ida ao Japão, foi cobrando os fretes a estes. Deus foi servido que a nau foi e voltou, tão rica que prosperou Macau em grande parte. A viagem repetiu-se nos anos seguintes e sempre com bons resultados. Iquan cumpriu sempre a sua parte nos contratos, mantendo-se temido corsário e poderoso aliado dos macaenses.”

Quando a nómada Dinastia Ming do Sul se deslocou para Fujian em 1645, Zheng Zhilong, em conjunto com Huang Daozhou, ajudou Zhu Yujian, o Príncipe de Tang, a tornar-se o Imperador Long Wu. Mas no Verão de 1646, o exército Qing atacou e Zheng Zhilong rendeu-se. Long Wu refugiou-se em Tingzhou, onde a 6 de Outubro foi capturado e executado.

Os manchus compraram com um cargo Zheng Zhilong e “para se livrar da sua formidável frota, os manchus lisonjearam-no com a promessa de o tornarem rei de Foquien (Fujian) e Kung-tung (Guangdong). A sua ambição, no entanto era maior: Ching Chi Lung aspirava ao trono dos Mings, o que significava passar por cima dos próprios manchus. Mas, em vez de os suplantar em astúcia, foi ele próprio ludibriado, tendo sido atraído a Pequim onde o imperador manchu o mandou atirar numa masmorra”, segundo Montalto de Jesus. O Padre Manuel Teixeira adita, ter seguido com ele Manuel Belo, pai de António Rodrigues, que aí ficou dois anos, mas refere ter sido Zhilong “preso traiçoeiramente pelos manchus em Amoy. Os escravos opuseram tenaz resistência, sendo mortos uns cem no combate e os restantes colocaram-se ao serviço dos manchus em Cantão, onde muito se distinguiram no cerco de 1647.”

Levado a ferros para Beijing com a família, onde o mantiveram preso, procuraram atrair o filho, Zheng Chenggong, que recusou abandonar os Ming e com outros que o seguiram do grupo do pai desde 1646 governava as costas de Fujian. Este, derrotado no estuário do Rio Yangtzé em 1659, voltou a Fujian e à frente de 25 mil pessoas partiu para Taiwan, onde após um cerco de nove meses tomou em Abril de 1661 a ilha aos holandeses.
Zheng Zhilong foi morto em Beijing em 1661 ou 1662.

27 Mai 2019

Brasil é parceiro no processo de multipolarização mundial, diz Xi Jinping

[dropcap]O[/dropcap] Presidente chinês, Xi Jinping, afirmou sexta-feira que tanto a China quanto o Brasil, os maiores países em desenvolvimento do oriente e do ocidente, são “duas importantes forças no processo de multipolarização mundial”.

O líder chinês falava no final de um encontro com o vice-Presidente do Brasil, Hamilton Mourão, que se encontra em visita oficial à China desde a passada quarta-feira, dia 22 de Maio, precisamente numa altura em que em que assume particular relevância o momento de tensão, económica, entre Pequim e Washington, representante, segundo o gigante asiático, de um mundo unipolar.

“O respeito, a confiança e o apoio mútuo servirão para converter a relação entre a China e o Brasil num modelo de solidariedade e cooperação entre os dois países em desenvolvimento, e numa força importante para promover a paz e o desenvolvimento mundiais”, considerou Xi Jinping, citado, segundo a Efe, pela televisão estatal CCTV.

Para Xi Jinping, ambos os países “são importantes mercados emergentes” com “um grande potencial para o desenvolvimento”, pelo que o chefe de Estado chinês convidou o Brasil a participar na iniciativa chinesa de construção de infraestruturas, denominada “Nova rota da seda”.
Hamilton Mourão afirmou, em relação a este tema, que “o Brasil está disposto a promover a convergência dos seus planos de associação em matéria de investimentos com a iniciativa [da Nova rota da seda]”, assim como a alargá-los à cooperação em matéria de comércio, ciência e tecnologia e inovação.

O vice-Presidente brasileiro sublinhou o que, na sua opinião, é uma “importante contribuição da China para a promoção do crescimento económico mundial”, ao mesmo tempo que considerou o país asiático como “um parceiro estratégico fiável e de confiança” e convidou Pequim a aumentar o investimento directo no Brasil, um dos objectivos da visita oficial que terminou sexta-feira.

Pesos na balança

A visita de Hamilton Mourão serviu ainda para preparar a deslocação oficial à China do Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, no segundo semestre deste ano.

Antes de ser recebido por Xi Jinping, Mourão reuniu-se com vários empresários chineses, entre os quais o vice-presidente e engenheiro-chefe da China Communication and Construction Company (CCCC), Sun Ziyu, e o presidente do conselho de supervisão e do conselho fiscal da empresa da gigante tecnológica Huawei, Li Jie.

A visita de Mourão permitiu a Pequim reforçar garantias às suas alianças com as economias emergentes dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), num momento de desencontro com os Estados Unidos.

Neste contexto, um enviado de alto nível de Xi Jinping assistiu sábado, em Pretória, à tomada de posse do Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, e prevê-se que o próprio chefe de Estado chinês visite o Brasil em Novembro, data em que decorrerá a cimeira dos BRICS em Brasília.

A China é desde 2009 o principal parceiro comercial do Brasil, O volume de negócios na balança comercial entre ambos os países alcançou os 98.900 milhões de dólares no ano passado, de acordo com dados oficiais.

27 Mai 2019

USJ | Finalistas do curso de Comunicação e Media mostram trabalhos

[dropcap]C[/dropcap]hama-se “Emotion” e é o nome da nova exposição dos alunos finalistas do curso de licenciatura em Comunicação e Media da Universidade de São José (USJ). De acordo com um comunicado, a exposição visa mostrar trabalhos multimédia e será inaugurada no próximo dia 29, pelas 18 horas, na Galeria de Exposições Kent Wong, situada na USJ.

A secção de vídeos será apresentada no Auditório Nossa Senhora de Fátima, na USJ, a partir das 19 horas do mesmo dia. “Emotion” tenta abranger o tema dos sentimentos intuitivos interpretados pela fotografia e produção de vídeo. A exibição vai estar patente até ao dia 10 de Junho de 2019.

Os principais temas das obras centram-se no desejo, morte, representações abstractas da vida e conexões humanas, entre outros. “A exposição de fotografia mostra a visão criativa dos alunos na captação de imagens, adicionando mais profundidade aos seus trabalhos através da manipulação de fotos e tratamento técnico”, considera a USJ, enquanto que “a instalação de vídeos mostrará uma série de documentários de curta metragem que abordam assuntos envolvendo a psique humana, incluindo a interacção interpessoal com a comunidade e as novas tecnologias”.

27 Mai 2019

João Oliveira estudou o humor na literatura macaense

João Oliveira apresentou esta semana, em Lisboa, a palestra “Humor e língua na literatura em crioulo de Macau”, resultado da sua tese de mestrado. O autor estudou a obra de José dos Santos Ferreira (Adé) e Leopoldo Danilo Barreiros, sem esquecer o trabalho do grupo teatral Dóci Papiaçam di Macau. O académico encontrou muita auto-crítica à condição macaense e uma demarcação daquilo que é chinês

 

[dropcap]A[/dropcap] literatura macaense dos primórdios do século XX está marcada por uma fina ironia daquilo que é ser macaense, com laivos fortes da cultura portuguesa e um total afastamento face ao que é chinês. João Oliveira, mestre pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL), apresentou, esta semana, uma palestra dedicada ao humor presente nas obras de autores como Leopoldo Danilo Barreiros ou José dos Santos Ferreira, também conhecido por Adé. Dentro da contemporaneidade, João Oliveira não esqueceu o trabalho desenvolvido pelo grupo teatral Dóci Papiaçam di Macau, dirigido por Miguel de Senna Fernandes.

Em entrevista ao HM, o académico diz ter encontrado nos textos literários de Barreiros e Adé uma auto-crítica face ao que é ser macaense, mas de uma forma não ofensiva. “Na altura existia auto-humor, digamos assim. Os macaenses brincavam sobretudo com eles próprios, com a sua cultura, muitas das vezes diminuindo-se de uma forma que, para quem lê, não é verdadeiramente para inferiorizar.”

Neste sentido, a língua portuguesa surge como um idioma elegante e formal, ao contrário do patuá. “Os macaenses brincam muito com eles próprios e com o elemento português, que muitas vezes é visto como o elemento supra cultural. As personagens, tal como a própria língua portuguesa, são representadas com alguma hiperformalidade, pois vista como uma língua muito formal e pouco natural no dia-a-dia, enquanto que a língua e as personagens de Macau são identificadas de forma contrária.”

Para João Oliveira, “o crioulo macaense é visto como uma língua muito coloquial”, e nas obras literárias “as personagens são pouco sofisticadas e isso aparece sobretudo nas personagens mais velhas”. “Embora haja uma falta de cultura, ao mesmo tempo há um certo saudosismo por um Macau passado que se perdeu sobretudo nas últimas décadas, com o crescimento económico e a globalização”, acrescentou o académico.

Se o português era a língua de excelência e o patuá caía para segundo plano, o chinês nem tinha direito a referência nas obras humorísticas em crioulo de Macau. “Parece-me que o elemento chinês é bastante ignorado, talvez como uma tentativa de resistência e de demarcação. Há um sentido humorístico até um pouco insultuoso, pois a maior parte das vezes os termos chineses estão ligados a insultos ou a nomes que poderiam ser entendidos como tal.”

Para não desaparecer

Depois do falecimento de Adé e de Leopoldo Danilo Barreiros, não se voltou a escrever humor em Macau da mesma maneira, pelo menos em patuá. João Oliveira não tem dúvidas de que, se não fosse o trabalho de Miguel de Senna Fernandes com os Dóci Papiaçam di Macau, o humor em crioulo já teria desaparecido.

“Talvez como resposta à globalização que se torna cada vez mais evidente, parece-me que os Dóci surgem porque o humor e a cultura literária macaense estava e está em declínio. Como vivemos numa altura em que parece haver uma cada vez maior homogeneização da cultura, acho que os Dóci surgem para tentar que esta minoria não seja engolida pela modernidade e pela China.”

Os Dóci Papiaçam Di Macau acabam por se inspirar nestes textos do século XX, mas com as devidas mudanças impostas pelo tempo. “Há uma grande continuidade das obras mais antigas que falei. Parece-me evidente que Miguel de Senna Fernandes, quando começa por estudar os textos já existentes não faz uma quebra brutal mas sim algumas adaptações mais modernas.” Este modernismo também se nota nos vídeos produzidos, nota o académico.

Em nome da modernidade, os textos de Miguel de Senna Fernandes já abordam mais o universo chinês.

“Nos textos literários surge muito mais o universo português referenciado, e as personagens chinesas, que na altura seriam muitas em Macau, são ignoradas. Surgem mesmo nos textos denominações de origem chinesa, de pessoas, para insultar uma criança, um rapaz de rua, ou para insultar uma mulher vã, por exemplo. Essa presença não vemos nos vídeos dos Dóci.”

Neles “existe uma maior presença do elemento chinês que estava completamente ausente dos textos literários e que começa a aparecer nos vídeos, não num sentido tão negativo”, concluiu João Oliveira. Para o académico, “Miguel de Senna Fernandes é, além de um artista, um académico que estuda o crioulo de Macau e que tenta preservá-lo”.

27 Mai 2019

Homicídio | Autoridades detiveram dois suspeitos

[dropcap]A[/dropcap] Polícia Judiciária (PJ) revelou a detenção de dois indivíduos que alegadamente estiverem envolvidos nos esfaqueamentos de 18 de Maio, que resultaram numa vítima mortal e em mais três feridos.

As detenções foram feitas pelas autoridades de Zhuhai e anunciadas no sábado. Além dos dois detidos, existem outro dois suspeitos identificados que se encontram em fuga. Entre os detidos estará o principal suspeito do homicídio.

Segundo a explicação oficial na origem dos desacatos que terminaram em esfaqueamento está uma disputa relacionada com dois grupos ligados à prostituição. A arma do crime tinha uma lâmina com cerca de 8 centímetros.

27 Mai 2019

Four Seasons | Dois homens roubam 3,1 milhões em cinco minutos

No dia anterior ao assalto, um dos homens tinha estado na área de jogo vestido de mulher a estudar a melhor estratégia para o golpe. Na sequência do roubo, foram detidas quatro pessoas, todas do Interior da China

 

[dropcap]D[/dropcap]ois homens roubaram na sexta-feira, por volta das 4h22 da manhã, 3,1 milhões de dólares de Hong Kong em fichas de jogo do casino Plaza no Hotel Four Seasons. A façanha foi alcançada com recurso a spray pimenta e terá demorado entre três a cinco minutos.

Contudo, os homens acabaram detidos no dia seguinte, já em Zhuhai. Além disso, foram igualmente presos uma mulher e outro homem, em Macau, por terem guardado as fichas do assalto, que foram totalmente recuperadas.

O caso aconteceu na sexta-feira quando os dois homens atacaram com spray pimenta um segurança e um croupier, no segundo andar do casino numa zona de apostas de valor elevado, e conseguiram fugir com 31 fichas de jogo, cada uma com o valor de 100 mil dólares de Hong Kong. Os homens saíram depois do Four Seasons e apanharam dois táxis diferentes, sem terem deixado rasto. Houve seguranças do espaço gerido pela Sands China que ainda correram atrás dos indivíduos, mas quando chegaram à rua só tiverem tempo de observá-los a deixar o casino. O alerta às autoridades foi dado pouco depois, passados 10 minutos do roubo, mas já não houve tempo para se montar uma perseguição imediata.

Foi já no sábado, pouco depois da meia-noite, que a Polícia Judiciária (PJ) marcou uma conferência de imprensa para anunciar a detenção de quatro pessoas ligadas ao caso. Os envolvidos são todos do Interior da China e dois já tinham atravessado a fronteira, tendo sido presos pelas autoridades de Zhuhai.

Vestido de mulher

Segundo a informação revelada pela PJ, a operação do duo tinha começado a ser planeada ainda na quinta-feira. Nessa altura, um dos suspeitos vestiu-se de mulher e andou pela zona de jogo daquele casino a estudar a possibilidade de levar as fichas e fugir com sucesso. Quanto ao gás pimenta ainda está a ser investigada a proveniência.

As autoridades revelaram que após a fuga, os indivíduos estiveram durante algumas horas em Macau e aproveitaram para trocar de roupas e a andar em diferentes transportes públicos, com o objectivo de despistar a polícia, caso fossem seguidos pelas imagens de videovigilância. Só depois é que atravessaram com sucesso a fronteira para Zhuhai, onde acabariam detidos.

Enquanto estavam no território os principais criminosos conseguiram ainda entregar as fichas roubadas a uma mulher, que tinha arrendado um hotel no Cotai. Esta cúmplice foi detida em Macau pela PJ e é alegadamente a namorada de um dos principais ladrões e teria como missão trocar as fichas por dinheiro, que seria depois repartido. Já o outro homem viu-se envolvido por também ter guardado algumas das fichas do assalto, uma vez que estava no hotel com a mulher.

Segundo o jornal Ou Mun, o caso já foi reencaminhado para o Ministério Público, e os dois principais suspeitos vão responder pela prática dos crimes de roubo, cuja penalização pode ir de 1 a 10 anos de prisão, pelo crime de armas proibidas e substâncias explosivas, castigado com pena de prisão de 2 a 8 anos, e ainda por ofensa grave à integridade física, punido com 2 a 10 anos de prisão. Já a mulher e o terceiro homem terão de responder por estar na posse do dinheiro roubado, o que constitui o crime de receptação e é punido com uma pena que pode chegar aos 5 anos.

Segurança reforçada

O caso ganhou especial relevância uma vez que aconteceu dois dias depois de responsáveis da PJ, Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) e a equipa de segurança da Sands China ter estado reunida. Na altura ficou acordada a criação de um mecanismo mais eficaz de comunicação e colaboração aquando a prática de crimes. Esta tinha sido uma forma de responder aos eventos do fim-de-semana anterior, quando um homem foi encontrado morto debaixo de uma passagem aérea exterior do Four Seasons, depois de uma rixa que resultou no esfaqueamento de quatro homens.

Por isso, logo na sexta-feira a DICJ voltou a marcar uma nova reunião com as operadoras para transmitir a mensagem sobre “a necessidade de assegurar boas condições de segurança nos casinos”, nomeadamente no que diz respeito “à verificação integral das medidas de segurança implementadas, bem como prestando activa colaboração com os agentes policiais”.

27 Mai 2019

Saúde | Doenças de declaração obrigatória subiram 30 por cento

[dropcap]A[/dropcap] influenza e a infecção por enterovírus foram responsáveis pelo aumento de 30 por cento dos casos declarados nos serviços de Saúde, em 2018. 5 984 foram de influenza representando um crescimento na ordem dos 45,6 por cento, em relação a 2017, seguida pela infecção por enterovírus com 4 246 casos – num aumento de 25 por cento, em termos anuais.

Também em altas estiveram os casos da varicela que subiram de 697 em 2017 para 745 em 2018.

No ano passado foram registados 37 novos casos de HIV, mais quatro do que no ano anterior, somando um total de 667 pessoas infectadas até ao final de 2018.

27 Mai 2019

São Januário | Alvis Lo novo director clínico

[dropcap]O[/dropcap] médico Alvis Lo Iek Leong vai ser o novo Director de Clínico do Centro Hospitalar Conde de São Januário, sucedendo a Mário Évora. A informação foi revelada pelo Canal Macau na sexta-feira e surge na sequência da aposentação de Mário Évora da posição.

O novo director não quis comentar a situação, ficando a aguardar uma publicação oficial sobre o assunto. Alvis Lo Iek Leong é actualmente coordenador do Centro de Avaliação e Tratamento da Demência e pelo Centro de Geriatria.

Desempenha igualmente funções como assessor do secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam. Já Mário Évora vai continuar a desempenhar as funções de médico cardiologista.

27 Mai 2019

BNU | Presidente aposta nas PME, jovens e na maior envolvência bancária

Numa entrevista concedida à agência Lusa, o presidente do Banco Nacional Ultramarino, Carlos Álvares, falou das oportunidades que o projecto da Grande Baía representa e fala das iniciativas do banco para os próximos anos

 

[dropcap]O[/dropcap] presidente do BNU em Macau disse à Lusa que as suas prioridades são a aposta nas Pequenas e Médias Empresas (PME), nos jovens e tornar-se o principal banco para mais clientes.

Carlos Álvares frisou também que o BNU “tem 240 mil clientes”, mas é o principal banco para 25 ou 30 mil clientes, “o que significa que a operação pode ser bem mais rentável”, já que o principal banco de cada cliente “congrega 70 por cento dos movimentos”.

Na entrevista na sede do BNU, o banqueiro disse ainda que outra das prioridades para o resto do mandato passa por estar mais próximo das PME: “Há sete mil empresas que trabalham connosco do lado dos depósitos, mas temos de estar mais próximos do lado do crédito, o que não é fácil porque os nossos padrões são os europeus e portugueses”.

Em causa está a diferença que é feita na avaliação financeira das empresas na Europa e em Macau: “Os padrões europeus [de análise de risco das empresas] estão muito baseados no fluxo de caixa e aqui há uma tendência para o crédito ser baseado nas garantias reais, há um planeamento fiscal bastante forte por parte das micro e médias empresas e isso não reflecte nos seus números a boa realidade que têm, o que é limitador da capacidade de receberem crédito”.

Para Carlos Álvares, o facto de haver esta diferença “é uma pena, porque essas pequenas empresas podiam transformar-se em médias e as médias em grandes se pudessem aproveitar o facto de ter mais crédito, que seria baseado em números e não em hipotecas”.

Outra das grandes apostas para os próximos trimestres passa pela aproximação ao mercado dos jovens.

“Temos de estar mais próximo dos jovens, temos quotas de mercado muito interessantes nas pessoas acima dos 40 anos, mas muito baixas nas pessoas abaixo de 25 anos, o que quer dizer que temos de ir bater à porta dos pais e dos avós dos miúdos a dizer que há aqui uma casa fantástica”, concluiu o banqueiro.

A Grande Baía

No que diz respeito à área da integração regional, Carlos Álvares vincou que o projecto da Grande Baía “é um mar de oportunidades para quem quiser vir para Macau; um dos pilares é Macau ser o centro mundial de lazer, e o segundo é ser uma plataforma de negócios entre a China e os países de língua portuguesa”.

Nesse sentido, “o BNU pode ser um congregador de esforços e um potenciador de negócios entre Portugal e Macau e a China, e estamos investir bastante nisso; para além da proximidade que temos com o Fórum Macau, estamos a tentar fazer o mesmo com a AICEP e a agência de captação de investimento de língua portuguesa, para mostrar as oportunidades de negócio na Grande Baía”, acrescentou o responsável.

“A Grande Baía inclui cinco por cento da população chinesa, mas vale 11 ou 12% do PIB e um terço das exportações chinesas”, vincou o banqueiro, acrescentando que, como o BNU é detido a 100% pela Caixa Geral de Depósitos, está em todos os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, com uma quota de mercado significativa.

“Infelizmente, conta-se pelos dedos as empresas portuguesas na China, mas uma coisa é ir para a China, que é um mundo, e outra coisa é vir para a Grande Baía, que é uma zona com 70 milhões de habitantes com um potencial de compra muito grande e que pode ser geradora de uma miríade de negócios”, salientou o antigo presidente do Banco Popular.

Macau, concluiu, “poderia ser uma boa porta de entrada, até porque um dos pilares de desenvolvimento de Macau é ser uma plataforma de negócios entre Portugal e os países de língua portuguesa, e a China” e, neste contexto, “o BNU pode ser uma ajuda preciosa para essas empresas se instalarem aqui, tendo a facilidade da língua, fazendo o banco a ponte entre o Ocidente e o Oriente de forma bastante simplificada”.

Na entrevista, Carlos Álvares referiu ainda que a campanha de recolha de donativos para ajudar as vítimas do ciclone Idai em Moçambique reuniu 300 mil patacas.

27 Mai 2019

Porto Interior | Barragem de Marés dependente de pareceres especializados

[dropcap]A[/dropcap] consulta pública de impacto ambiental já está feita, o projecto já tem uma maquete, mas não há ainda qualquer agenda nem para a divulgação de dados de viabilidade, nem para o início de obras.

A ideia foi deixada, na sexta-feira, pelo presidente do Conselho de Planeamento Urbanístico, Li Canfeng, após a apresentação da maquete da Barragem de Marés do Porto Interior de Macau aos membros do organismo. “Não há ainda qualquer data para o início da construção disse”, acrescentando que os estudos de viabilidade que estão a decorrer também não têm agenda.

“Estamos à espera dos resultados dos pareceres especializados que são feitos com entidades do Governo Central”, justificou. No entanto, é desejo de Li Canfeng que as obras tenham início ainda este ano.

A barragem localiza-se na foz do canal de Wanzai que separa a Península de Macau e a cidade de Zhuhai. O padrão da concepção do projecto consiste na prevenção de inundações nos próximos 200 anos face a marés altas que possam atingir até 3,87m.

A estrutura terá uma largura de 300m e as respectivas instalações consistem em comportas de escoamento, comportas de navegação, estações elevatórias, comportas de embarcações de emergência e áreas de gestão. No total, a barragem terá 300 metros de largura, que se dividem em 180 metros para as comportas de escoamento e 120 metros para as comportas de navegação.

As estações elevatórias vão ter uma capacidade de drenagem de 43 metros cúbicos por segundo e vão consumir 2 520 quilowatts de energia eléctrica. A estrutura deve assegurar a navegação de embarcações de categoria de mil toneladas.

27 Mai 2019

CPU | Aprovação de plantas sem Plano Director causa polémica

A aprovação de uma planta para a Ilha Verde sem a existência de um Plano Director Municipal foi alvo de polémica na última reunião plenária do Conselho de Planeamento Urbanístico. Chan Tak Seng defendia uma paragem no processo de aprovação enquanto outros membros argumentavam que a espera por um Plano Director representa um atraso no desenvolvimento local

 

[dropcap]A[/dropcap] ausência de Plano Director Municipal para o planeamento de Macau esteve, na passada sexta-feira, no centro da discussão na 3ª reunião plenária do Conselho de Planeamento Urbanístico (CPU). A questão foi levantada pelo membro Chan Tak Seng na apresentação de uma planta que prevê a construção de um edifício com 50 metros de altura num terreno na área da colina da Ilha Verde.

Apesar da maioria dos membros concordar com a planta, Chan mostrou o seu desagrado em relação à altura do edifício, defendendo que este tipo de projectos não deveriam ser aprovados enquanto não existir o Plano Director Municipal. “Ainda não temos um plano director pelo que questiono se há condições para aprovar a planta. Acho que não se deve fazer este tipo de preservação”, disse, referindo-se ao parecer vinculativo do Instituto Cultural (IC) que aprova o projecto desde que sejam preservados os elementos de património presentes no terreno – um posto militar e um muro que fez parte de uma antiga fábrica de cimento.

Em resposta, o presidente do CPU, Li Canfeng, argumentou que se não houvesse condições para discutir o planeamento urbano de Macau sem um Plano Director, então todas as outras plantas aprovadas seriam em vão. “Se não temos condições para discutir esta planta de condições por falta de Plano Director, então também não temos condições para discutir as outras”, disse após terem sido aprovadas mais de dez plantas até ao momento desta discussão.

Paulo Tsé sublinhou os inconvenientes da suspensão da aprovação de plantas enquanto não existir um Plano Director. “Não havendo um plano director não podemos ficar de braços cruzados senão nos próximos anos não temos qualquer desenvolvimento. Não falamos só de economia, mas para o bem da população, para o desenvolvimento geral. Esta planta está de acordo com as regras e não vale a pena continuar com obstáculos para parar este projecto”, disse.

Horizonte em questão

Chan Tak Seng apoiou a defesa do património existente no terreno imposta pelo IC, mas questionou a obstrução da paisagem com o edifício de 50 metros de altura. “Têm que preservar o património, mas como vai ser o horizonte com o edifício de 50 metros? Acho que se deve baixar a altura máxima permitida para o edifício. A colina tem 54 metros, isto é razoável?”, insistiu.

A vice-presidente do IC, Leong Wai Man, apontou que o organismo considerou o espaço de forma a que a colina da Ilha Verde continue a integrar a paisagem daquela zona, nomeadamente no que respeita “ao corredor visual a partir da parte norte do Fai Chi Kei”. Já Li Canfeng, salientou que “não se pode fazer uma protecção de toda a linha do horizonte em 360 graus”, sendo que há o cuidado de proteger ângulos com maior visibilidade”.

Para o deputado e membro do CPU, Wu Chou Kit, mais importante do que debater a altura deste edifício e a planta do terreno a que pertence, é saber como conjugar este projecto com a área envolvente tendo em conta a abertura prevista para este ano do posto fronteiriço de Qing Mao.

“Temos de pensar aquando da concepção, como podemos conjugar o projecto com as instalações à volta”, começou por referir. “Prevejo que o posto fronteiriço de Qing Mao abra uma nova fase de desenvolvimento de Macau naquela zona e este projecto também tem de ser pensado e ponderado de acordo com o futuro desenvolvimento daquela área e a protecção do património”, acrescentou referindo-se à salvaguarda do posto militar que ocupa o terreno e do muro que faz menção a uma das primeiras fábricas de cimento do território.

27 Mai 2019