Juana Ng Cen PolíticaDroga | Wong Kit Cheng volta a pedir penas mais duras para tráfico Wong Kit Cheng prossegue as exigências draconianas de aumento da pena para o crime de tráfico de estupefacientes, em declarações ao jornal Ou Mun. A deputada ligada à Associação Geral das Mulheres discorda de Wong Sio Chak e sugere que se olhe para as penas máximas aplicadas em Hong Kong, que podem ir até à prisão perpétua [dropcap]O[/dropcap]s casos de tráfico de droga detectados pelas autoridades de Macau envolvendo jovens de Hong Kong têm preocupado Wong Kit Cheng, ao ponto de reforçar o desacordo com a resposta de Wong Sio Chak a uma interpelação em que pedia o aumento da moldura penal para estes crimes. O secretário para a Segurança não atendeu ao pedido da legisladora e dirigente da Associação de Criação de Famílias Felizes e sublinhou que as actuais penas para crimes de tráfico de drogas são muito severas e estão coordenadas com outros crimes graves. Importa referir que a pena máxima para o crime de tráfico de droga é de 15 anos, menos cinco anos que a moldura penal para o crime de homicídio. O crime de homicídio qualificado tem a pena mais elevada do ordenamento jurídico de Macau, com 25 anos de prisão. Ainda assim, Wong Kit Cheng, citada pelo jornal Ou Mun, refere que no panorama internacional Hong Kong é um exemplo a ter em conta numa eventual alteração legal, devido às penas impostas através do Capítulo 134 da “Dangerous Drugs Ordinance”. A legislação da região vizinha estabelece que quem trafique drogas arrisca ser condenado a uma multa de 5 milhões de dólares de Hong Kong e a prisão perpétua. Pena semelhante para quem produzir substâncias estupefacientes. A lei de Hong Kong alarga o conceito de tráfico à venda, mas também à “cedência” de qualquer quantidade de drogas. Neste contexto, Wong Kit Cheng considera que a legislação local é demasiado permissiva. “Em Macau a sanção máxima é de apenas 15 anos de prisão, pena que não tem suficiente efeito dissuasivo e faz com que os residentes da região vizinha optem por arriscar”, frisou de deputada. Regiões unidas A deputada espera que o Governo reveja a Lei de Luta contra a droga e promova reuniões regulares entre autoridades policiais de combate ao crime e agentes alfandegários com os seus congéneres da região vizinha. Este tipo de cooperação estreita, para Wong Kit Cheng, serviria para trocar informações e combater com eficácia o narcotráfico cometido por residentes de Hong Kong no território, segundo declarações citadas pelo jornal Ou Mun. Wong Kit Cheng revelou que redes criminosas contratam residentes de Hong Kong devido ao preço que os estupefacientes podem atingir em Macau. Para a legisladora, o tráfico de drogas representa um perigo para a vida saudável dos residentes.
Hoje Macau SociedadeElectricidade | Governo sem data para aumento dos preços [dropcap]O[/dropcap] Gabinete para o Desenvolvimento do Sector Energético (GDSE) garantiu, em resposta a uma interpelação escrita da deputada Ella Lei, que não existe um calendário para a alteração das tarifas da electricidade. O coordenador do GDSE, Hoi Chi Leong, referiu que têm sido feitas “análises sobre o sistema tarifário progressivo de electricidade”, mas que este “tem de ser implementado num ambiente social adequado”. “A tarifa básica de electricidade nunca foi aumentada nos últimos 20 anos, por isso, de momento, ainda não existe uma calendarização específica para a sua implementação”, acrescenta Hoi Chi Leong na sua resposta. Além disso, o coordenador frisou que, “a longo prazo, a escala de produção de electricidade através de gás natural será aumentada de forma apropriada, dando-se mais um passo com vista a alcançar o objectivo de conservação energética e de redução das emissões”. A título de exemplo, Hoi Chi Leong adiantou que “o Governo tem igualmente encorajado a produção de electricidade através de interligações de energia solar fotovoltaica e tem vindo gradualmente a substituir, em todas as vias de Macau, as lâmpadas de sódio de alta pressão por luzes de rua LED”.
Hoje Macau SociedadeElectricidade | Governo sem data para aumento dos preços [dropcap]O[/dropcap] Gabinete para o Desenvolvimento do Sector Energético (GDSE) garantiu, em resposta a uma interpelação escrita da deputada Ella Lei, que não existe um calendário para a alteração das tarifas da electricidade. O coordenador do GDSE, Hoi Chi Leong, referiu que têm sido feitas “análises sobre o sistema tarifário progressivo de electricidade”, mas que este “tem de ser implementado num ambiente social adequado”. “A tarifa básica de electricidade nunca foi aumentada nos últimos 20 anos, por isso, de momento, ainda não existe uma calendarização específica para a sua implementação”, acrescenta Hoi Chi Leong na sua resposta. Além disso, o coordenador frisou que, “a longo prazo, a escala de produção de electricidade através de gás natural será aumentada de forma apropriada, dando-se mais um passo com vista a alcançar o objectivo de conservação energética e de redução das emissões”. A título de exemplo, Hoi Chi Leong adiantou que “o Governo tem igualmente encorajado a produção de electricidade através de interligações de energia solar fotovoltaica e tem vindo gradualmente a substituir, em todas as vias de Macau, as lâmpadas de sódio de alta pressão por luzes de rua LED”.
Andreia Sofia Silva PolíticaCaso IFT | Activistas recordam incentivo ao voto nas escolas durante eleições O activista Rocky Chan, ligado à Associação Novo Macau, recordou o caso em que deputados fizeram uma campanha de incentivo ao voto em 2017, como exemplo de que as escolas são espaços usados para questões políticas. O deputado Sulu Sou defende que não podem existir dois pesos e duas medidas nestes casos [dropcap]R[/dropcap]ocky Chan, activista, e Sulu Sou, deputado, ambos ligados à Associação Novo Macau (ANM), usaram as redes sociais para espelhar o que dizem ser uma contradição face à ocorrência de actividades políticas nos estabelecimentos de ensino. Na sua página de Facebook, Rocky Chan recordou o caso ocorrido em plena campanha para as eleições legislativas de 2017, quando foram feitas acções de incentivo ao voto em várias escolas, junto dos pais dos alunos. Sulu Sou partilhou a mesma publicação e apontou o dedo aos directores de algumas instituições de ensino que defenderam que as escolas não devem ser palco de acções políticas. “Sim, reivindicações políticas não devem acontecer nas escolas. À excepção do período de eleições para a AL e do estabelecimento de figuras políticas que reivindicam ser patriotas e amar o Governo”, escreveu no Facebook. Ao HM, o deputado disse que não devem existir diferentes regras sobre esta matéria. “Essa publicação teve como objectivo recordar as pessoas do que aconteceu nas eleições de 2017. Também queremos exigir ao Governo que não tenha dois pesos e duas medidas sobre a questão da política nas escolas”, apontou. Nas últimas eleições para a AL foi notícia o facto de as escolas Keang Peng, Kao Yip e Pui Wa terem enviado cartas aos pais de alunos a apelar ao voto na lista liderada pela deputada Wong Kit Cheng. Alexis Tam, secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, disse esperar que a Comissão para os Assuntos Eleitorais ou o Comissariado contra a Corrupção pudessem fiscalizar esta matéria. Autonomia garantida As publicações de Rocky Chan e Sulu Sou surgem depois de dois alunos do Instituto de Formação Turística (IFT) terem empenhado cartazes de apoio aos protestos de Hong Kong, com as caras cobertas por máscaras. O Governo defendeu uma eventual violação da lei de reunião e manifestação, por não ter sido pedida autorização à Polícia de Segurança Pública (PSP) para o acto. Wong Sio Chak, secretário para a Segurança, adiantou que é sempre necessária uma autorização das autoridades, caso contrário estes actos serão considerados manifestações ilegais. Contudo, no caso específico do IFT, “não se vai seguir com a responsabilização” dos dois alunos, porque “são jovens e não conhecem a lei”, disse. Lou Pak Sang, director dos Serviços de Educação e Juventude, já veio explicar que as escolas têm autonomia relativamente à forma como devem ser abordados os protestos de Hong Kong nas salas de aula.
Andreia Sofia Silva PolíticaCaso IFT | Activistas recordam incentivo ao voto nas escolas durante eleições O activista Rocky Chan, ligado à Associação Novo Macau, recordou o caso em que deputados fizeram uma campanha de incentivo ao voto em 2017, como exemplo de que as escolas são espaços usados para questões políticas. O deputado Sulu Sou defende que não podem existir dois pesos e duas medidas nestes casos [dropcap]R[/dropcap]ocky Chan, activista, e Sulu Sou, deputado, ambos ligados à Associação Novo Macau (ANM), usaram as redes sociais para espelhar o que dizem ser uma contradição face à ocorrência de actividades políticas nos estabelecimentos de ensino. Na sua página de Facebook, Rocky Chan recordou o caso ocorrido em plena campanha para as eleições legislativas de 2017, quando foram feitas acções de incentivo ao voto em várias escolas, junto dos pais dos alunos. Sulu Sou partilhou a mesma publicação e apontou o dedo aos directores de algumas instituições de ensino que defenderam que as escolas não devem ser palco de acções políticas. “Sim, reivindicações políticas não devem acontecer nas escolas. À excepção do período de eleições para a AL e do estabelecimento de figuras políticas que reivindicam ser patriotas e amar o Governo”, escreveu no Facebook. Ao HM, o deputado disse que não devem existir diferentes regras sobre esta matéria. “Essa publicação teve como objectivo recordar as pessoas do que aconteceu nas eleições de 2017. Também queremos exigir ao Governo que não tenha dois pesos e duas medidas sobre a questão da política nas escolas”, apontou. Nas últimas eleições para a AL foi notícia o facto de as escolas Keang Peng, Kao Yip e Pui Wa terem enviado cartas aos pais de alunos a apelar ao voto na lista liderada pela deputada Wong Kit Cheng. Alexis Tam, secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, disse esperar que a Comissão para os Assuntos Eleitorais ou o Comissariado contra a Corrupção pudessem fiscalizar esta matéria. Autonomia garantida As publicações de Rocky Chan e Sulu Sou surgem depois de dois alunos do Instituto de Formação Turística (IFT) terem empenhado cartazes de apoio aos protestos de Hong Kong, com as caras cobertas por máscaras. O Governo defendeu uma eventual violação da lei de reunião e manifestação, por não ter sido pedida autorização à Polícia de Segurança Pública (PSP) para o acto. Wong Sio Chak, secretário para a Segurança, adiantou que é sempre necessária uma autorização das autoridades, caso contrário estes actos serão considerados manifestações ilegais. Contudo, no caso específico do IFT, “não se vai seguir com a responsabilização” dos dois alunos, porque “são jovens e não conhecem a lei”, disse. Lou Pak Sang, director dos Serviços de Educação e Juventude, já veio explicar que as escolas têm autonomia relativamente à forma como devem ser abordados os protestos de Hong Kong nas salas de aula.
João Luz China / Ásia MancheteONU | Pansy Ho vai a Genebra defender o Governo de Carrie Lam Pansy Ho vai amanhã defender Pequim e o Governo de Hong Kong na reunião do Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas em Genebra. A par de Annie Wu, filha do fundador do grupo Maxim, a empresária é uma das personalidades que, ao serviço de Pequim, procura mudar a perspectiva internacional quanto aos protestos na região vizinha Com agencias [dropcap]U[/dropcap]m pequeno grupo de manifestantes radicais não representa os cerca de 7,5 milhões de hongkongers. Esta é a principal mensagem que Pansy Ho, magnata do grupo SJM, leva amanhã, 10 de Setembro, a Genebra para a reunião do Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas. Hoje começa a 42.ª sessão do Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas (ONU) na cidade suíça que irá prolongar-se até ao dia 27 de Setembro. Como não poderia deixar de ser, um dos assuntos quentes da sessão é o caos político em que Hong Kong está mergulhada nos últimos meses. Dois trunfos femininos do Governo de Carrie Lam, e de Pequim, discursam em Genebra. A visão do sistema será defendida perante o Conselho dos Direitos Humanos por duas poderosas herdeiras. Pansy Ho, filha de Stanley Ho e Annie Wu, filha do fundador do grupo de catering Maxim, James Tak Wu. Recorde-se que a empresário do universo da SJM é, desde 2018, embaixadora da Organização Mundial do Turismo, agência especializada da ONU. As empresárias vão discursar amanhã em nome da Federação das Mulheres de Hong Kong, uma organização pró-governo. Entretanto, o portal do Conselho dos Direitos Humanos da ONU divulgou a cópia do discurso que as empresárias vão fazer. “A perspectiva de um pequeno grupo radical de manifestantes não representa a visão dos 7,5 milhões de cidadãos de Hong Kong. Os sistemáticos e calculados actos desde grupo nunca foram aprovados pelos hongkongers”, lê-se no discurso, citado pelo South China Morning Post. Depois da cedência do Governo de Carrie Lam, que desistiu definitivamente da polémica proposta de lei da extradição, uma das reivindicações dos protestantes, Pansy Ho apresenta o contexto oficial à ONU. A empresária descreve a lei como “bem-intencionada”, mas foi tirada do contexto pelos manifestantes radicais que a usaram como “propaganda para minar a autoridade do Executivo de Hong Kong na protecção dos direitos de uma residente” que foi assassinada. A referência diz respeito ao homicídio de uma jovem pelo seu namorado quando o casal se encontrava de férias em Taipé. O suspeito fugiu para Hong Kong depois de alegadamente ter cometido o crime, facto que na ausência de uma lei de extradição impediu o julgamento tanto em Taiwan, como em Hong Kong. Causa e efeito O discurso de Ho também menciona, de acordo com o South China Morning Post, o impacto negativo que os protestos estão a ter na economia da RAEHK e na subsistência dos residentes, ao mesmo tempo que defende a actuação da polícia. “Gás lacrimogéneo e balas de borracha são armas usadas por autoridades policiais de todo o mundo, não são um exclusivo da polícia de Hong Kong”, refere Pansy Ho no discurso, acrescentando que “usados de acordo com as regras de procedimento, são uma forma eficiente de distanciar a polícia e os manifestantes e evitar proximidade física que pode resultar em ferimentos”. Importa referir que ambas as herdeiras de impérios empresariais nas duas regiões administrativas especiais têm ligações ao aparelho de Estado, enquanto membros da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês. Apesar de não ser claro que o discurso foi aprovado directamente pelo Partido Comunista Chinês, a sua mensagem alinha-se na perfeição com a retórica usada por Pequim. Palavras feias e más O embaixador chinês para as Nações Unidas, Chen Xu, disse na passada sexta-feira que a China está preparada para a “retórica indesejada e não solicitada” em relação à situação política de Hong Kong e aos centros de detenção da região de Xinjiang. O diplomata que representa Pequim em Genebra insistiu ainda que o Conselho dos Direitos Humanos da ONU não é o local certo para se discutir a situação de Hong Kong, ou a actuação do Executivo de Carrie Lam que tem feito os possíveis para defender a lei e a ordem pública. Recorde-se que na última sessão do Conselho dos Direitos Humanos, no passado mês de Junho, a cantora de Hong Kong Denise Ho teceu duras críticas à abordagem do Governo chinês aos protestos. A artista foi várias vezes interrompida por membros da comitiva chinesa enquanto discursava, numa sessão que deu voz a vários representantes de organizações não governamentais. Chen Xu voltou a repetir as críticas de Pequim à carta assinada por representantes de 22 países ocidentais durante a última sessão do Conselho dos Direitos Humanos da ONU. A tomada de posição conjunta pedia à China o fim das detenções arbitrárias em massa e de outras violações aos direitos humanos de uigures e outros muçulmanos da região de Xinjiang. O embaixador especificou mesmo que a táctica diplomática não era uma “abordagem construtiva” e acrescentou que passados alguns dias foi assinada por cerca de 37 países uma carta a enaltecer as “conquistas admiráveis” do Governo chinês em matéria de direitos humanos. Entre os países signatários contam-se vários membros da Organização para a Cooperação Islâmica, como o Paquistão, Arábia Saudita, Egipto, Argélia, Emirados Árabes Unidos e Qatar. Inferno na Terra Outro dos assuntos mais problemáticos que será abordado nesta sessão do Conselho dos Direitos Humanos é o conflito armado no Iémen, uma das maiores crises humanitárias dos últimos tempos. O grupo de especialistas no Iémen, comissionado pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU em 2017, identificou, na medida do possível, aqueles “que provavelmente são responsáveis por crimes internacionais” e comunicou os seus nomes, que permanecem confidenciais, à alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet. Muitas das violações cometidas “podem resultar em condenações por crimes de guerra se um tribunal independente e competente for estabelecido”, disseram os especialistas na apresentação do relatório. Apesar da falta de cooperação demonstrada pela coligação liderada pela Arábia Saudita e pelo Governo do Iémen, o painel de especialistas conseguiu realizar mais de 600 entrevistas com vítimas e testemunhas. Ataques e bombardeamentos aéreos que atingiram indiscriminadamente a população civil, o uso da fome como arma de guerra, tortura, violação, detenção arbitrária, desaparecimento forçado, recrutamento de crianças menores de 15 anos são alguns dos pontos abordados neste segundo relatório dos especialistas da ONU, que detalha crimes de guerra supostamente cometidos durante o conflito no Iémen. Os especialistas da ONU também instam a comunidade internacional a abster-se de fornecer armas que possam ser usadas no conflito, alertando que “a legalidade da transferência de armas pela França, Reino Unido e Estados Unidos Estados e outros estados permanecem discutíveis”. “Os Estados podem ser responsabilizados pela ajuda ou assistência prestada para a realização de violações do direito internacional se as condições de cumplicidade forem comprovadas”, insistem os especialistas, apontando que vários Estados fornecem apoio directa ou indirectamente às partes, como França, Irão, Reino Unido e Estados Unidos. O relatório será apresentado ao Conselho de Direitos Humanos na sessão que hoje começa.
João Luz China / Ásia MancheteONU | Pansy Ho vai a Genebra defender o Governo de Carrie Lam Pansy Ho vai amanhã defender Pequim e o Governo de Hong Kong na reunião do Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas em Genebra. A par de Annie Wu, filha do fundador do grupo Maxim, a empresária é uma das personalidades que, ao serviço de Pequim, procura mudar a perspectiva internacional quanto aos protestos na região vizinha Com agencias [dropcap]U[/dropcap]m pequeno grupo de manifestantes radicais não representa os cerca de 7,5 milhões de hongkongers. Esta é a principal mensagem que Pansy Ho, magnata do grupo SJM, leva amanhã, 10 de Setembro, a Genebra para a reunião do Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas. Hoje começa a 42.ª sessão do Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas (ONU) na cidade suíça que irá prolongar-se até ao dia 27 de Setembro. Como não poderia deixar de ser, um dos assuntos quentes da sessão é o caos político em que Hong Kong está mergulhada nos últimos meses. Dois trunfos femininos do Governo de Carrie Lam, e de Pequim, discursam em Genebra. A visão do sistema será defendida perante o Conselho dos Direitos Humanos por duas poderosas herdeiras. Pansy Ho, filha de Stanley Ho e Annie Wu, filha do fundador do grupo de catering Maxim, James Tak Wu. Recorde-se que a empresário do universo da SJM é, desde 2018, embaixadora da Organização Mundial do Turismo, agência especializada da ONU. As empresárias vão discursar amanhã em nome da Federação das Mulheres de Hong Kong, uma organização pró-governo. Entretanto, o portal do Conselho dos Direitos Humanos da ONU divulgou a cópia do discurso que as empresárias vão fazer. “A perspectiva de um pequeno grupo radical de manifestantes não representa a visão dos 7,5 milhões de cidadãos de Hong Kong. Os sistemáticos e calculados actos desde grupo nunca foram aprovados pelos hongkongers”, lê-se no discurso, citado pelo South China Morning Post. Depois da cedência do Governo de Carrie Lam, que desistiu definitivamente da polémica proposta de lei da extradição, uma das reivindicações dos protestantes, Pansy Ho apresenta o contexto oficial à ONU. A empresária descreve a lei como “bem-intencionada”, mas foi tirada do contexto pelos manifestantes radicais que a usaram como “propaganda para minar a autoridade do Executivo de Hong Kong na protecção dos direitos de uma residente” que foi assassinada. A referência diz respeito ao homicídio de uma jovem pelo seu namorado quando o casal se encontrava de férias em Taipé. O suspeito fugiu para Hong Kong depois de alegadamente ter cometido o crime, facto que na ausência de uma lei de extradição impediu o julgamento tanto em Taiwan, como em Hong Kong. Causa e efeito O discurso de Ho também menciona, de acordo com o South China Morning Post, o impacto negativo que os protestos estão a ter na economia da RAEHK e na subsistência dos residentes, ao mesmo tempo que defende a actuação da polícia. “Gás lacrimogéneo e balas de borracha são armas usadas por autoridades policiais de todo o mundo, não são um exclusivo da polícia de Hong Kong”, refere Pansy Ho no discurso, acrescentando que “usados de acordo com as regras de procedimento, são uma forma eficiente de distanciar a polícia e os manifestantes e evitar proximidade física que pode resultar em ferimentos”. Importa referir que ambas as herdeiras de impérios empresariais nas duas regiões administrativas especiais têm ligações ao aparelho de Estado, enquanto membros da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês. Apesar de não ser claro que o discurso foi aprovado directamente pelo Partido Comunista Chinês, a sua mensagem alinha-se na perfeição com a retórica usada por Pequim. Palavras feias e más O embaixador chinês para as Nações Unidas, Chen Xu, disse na passada sexta-feira que a China está preparada para a “retórica indesejada e não solicitada” em relação à situação política de Hong Kong e aos centros de detenção da região de Xinjiang. O diplomata que representa Pequim em Genebra insistiu ainda que o Conselho dos Direitos Humanos da ONU não é o local certo para se discutir a situação de Hong Kong, ou a actuação do Executivo de Carrie Lam que tem feito os possíveis para defender a lei e a ordem pública. Recorde-se que na última sessão do Conselho dos Direitos Humanos, no passado mês de Junho, a cantora de Hong Kong Denise Ho teceu duras críticas à abordagem do Governo chinês aos protestos. A artista foi várias vezes interrompida por membros da comitiva chinesa enquanto discursava, numa sessão que deu voz a vários representantes de organizações não governamentais. Chen Xu voltou a repetir as críticas de Pequim à carta assinada por representantes de 22 países ocidentais durante a última sessão do Conselho dos Direitos Humanos da ONU. A tomada de posição conjunta pedia à China o fim das detenções arbitrárias em massa e de outras violações aos direitos humanos de uigures e outros muçulmanos da região de Xinjiang. O embaixador especificou mesmo que a táctica diplomática não era uma “abordagem construtiva” e acrescentou que passados alguns dias foi assinada por cerca de 37 países uma carta a enaltecer as “conquistas admiráveis” do Governo chinês em matéria de direitos humanos. Entre os países signatários contam-se vários membros da Organização para a Cooperação Islâmica, como o Paquistão, Arábia Saudita, Egipto, Argélia, Emirados Árabes Unidos e Qatar. Inferno na Terra Outro dos assuntos mais problemáticos que será abordado nesta sessão do Conselho dos Direitos Humanos é o conflito armado no Iémen, uma das maiores crises humanitárias dos últimos tempos. O grupo de especialistas no Iémen, comissionado pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU em 2017, identificou, na medida do possível, aqueles “que provavelmente são responsáveis por crimes internacionais” e comunicou os seus nomes, que permanecem confidenciais, à alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet. Muitas das violações cometidas “podem resultar em condenações por crimes de guerra se um tribunal independente e competente for estabelecido”, disseram os especialistas na apresentação do relatório. Apesar da falta de cooperação demonstrada pela coligação liderada pela Arábia Saudita e pelo Governo do Iémen, o painel de especialistas conseguiu realizar mais de 600 entrevistas com vítimas e testemunhas. Ataques e bombardeamentos aéreos que atingiram indiscriminadamente a população civil, o uso da fome como arma de guerra, tortura, violação, detenção arbitrária, desaparecimento forçado, recrutamento de crianças menores de 15 anos são alguns dos pontos abordados neste segundo relatório dos especialistas da ONU, que detalha crimes de guerra supostamente cometidos durante o conflito no Iémen. Os especialistas da ONU também instam a comunidade internacional a abster-se de fornecer armas que possam ser usadas no conflito, alertando que “a legalidade da transferência de armas pela França, Reino Unido e Estados Unidos Estados e outros estados permanecem discutíveis”. “Os Estados podem ser responsabilizados pela ajuda ou assistência prestada para a realização de violações do direito internacional se as condições de cumplicidade forem comprovadas”, insistem os especialistas, apontando que vários Estados fornecem apoio directa ou indirectamente às partes, como França, Irão, Reino Unido e Estados Unidos. O relatório será apresentado ao Conselho de Direitos Humanos na sessão que hoje começa.
Hoje Macau Sociedade‘Startups’ brasileiras e portuguesas à procura de investidores em Macau [dropcap]Q[/dropcap]uase duas dezenas de ‘startups’ portuguesas e brasileiras participam esta semana num evento internacional em Macau para captarem investidores e parceiros no mercado chinês, disseram ontem alguns dos seus responsáveis à agência Lusa. Depois da participação na Semana Internacional de Macau de Startups, os representantes das 17 empresas lusófonas têm agendado um circuito por três das cidades que integram a Grande Baía, a metrópole mundial que Pequim está a criar numa região com mais de 70 milhões de habitantes e que engloba também Macau e Hong Kong. “O principal alvo é o mercado da Grande Baía, conectar com investidores”, explicou à Lusa o director geral da incubadora e aceleradora brasileira Startup Rio. Por outro lado, há também o objectivo de “tentar, com a ajuda do Governo local, trazer ‘startups’ brasileiras para esta região da Grande Baía, através de subsidiárias”, acrescentou Paulo Espanha, acompanhado de responsáveis das empresas ligadas à inteligência artificial (CyberLabs e Previsiown) e à ‘internet das coisas’ (Phygitall). Do Brasil veio também o director executivo da Sunne, Yuri Frota, que está em Macau “para conhecer o mercado e reforçar o trabalho em rede com outras empresas”. O brasileiro está consciente de que “Macau pode ser uma porta de entrada para a China” para a Sunne, que está a desenvolver produtos na área das energias renováveis. Já a responsável de operações da Nu-Rise, Joana Melo, destacou que a prioridade passa por “promover relações com outras empresas e estabelecer contactos com o mercado chinês, desde investidores, aceleradores, incubadoras e fabricantes”. Joana Melo sublinhou que se trata de uma aposta estratégica da empresa portuguesa, que desenvolveu um “sistema digital que funciona em tempo real na área da radioterapia que ajuda os médicos a criarem ferramentas mais precisas e seguras”. A portuense Infraspeak também fez questão de marcar presença no evento que dura até sábado. A aposta da ‘startup’ portuguesa é em ‘software’ de gestão de manutenção de edifícios, explicou o responsável pelas parcerias internacionais da empresa, José Vieira Marques. “O foco principal é encontrar parceiros e trabalhar em rede para arranjar novos investidores, numa nova ronda de captação de investimento”, adiantou, ciente de que se encontra na capital mundial do jogo que há mais de uma década tem sido marcada pela construção de edifícios de luxo ligados, sobretudo, às operadoras de casinos. Portas abertas Em Macau, o Governo tem repetido a sua vontade em ajudar empresas oriundas de países de língua portuguesa a investirem na região, em especial após a apresentação do plano de desenvolvimento do projecto da Grande Baía. De resto, as autoridades de Macau têm sublinhado a existência do Fundo de Cooperação para o Desenvolvimento entre a China e os Países de Língua Portuguesa, de mil milhões de dólares, com esse propósito. Em Maio, o Chefe do Executivo, Fernando Chui Sai On voltou a referir que a região vai continuar a impulsionar a cooperação entre empresas chinesas e de países de língua portuguesa e apoiar ‘startups’ interessadas em desenvolverem a sua actividade no território ou na região da Grande Baía.
João Romão VozesTeremos sempre Paris [dropcap]A[/dropcap]gora é na Europa que passo menos do meu tempo, em visitas ocasionais, geralmente combinando afazeres profissionais com lazeres diversos. Desta vez a visita começou em Lyon, depois de fugaz passagem por um dos aeroportos de Paris, não mais que o suficiente para entrar no comboio de alta velocidade que me levaria a Lyon, a cidade do Rhone e do Saone, os dois rios que percorrem a cidade e convergem para “La Confluence”, uma renovada zona urbana que acolhe o magnífico museu onde se cruzam culturas de tempos e geografias diversas num edifício de arrojada e espetacular arquitetura contemporânea. Detenho-me nas estações e aeroportos, no entanto, que esses espaços de confluência de modos diversos de transporte e multidões mais ou menos aceleradas são também um espelho do nosso comportamento colectivo. Impressionam-me – porque já não estava habituado a este singular espetáculo – as formidáveis metralhadoras que ostentam os diligentes agentes da autoridade, esses que detém o monopólio do exercício da violência nas sociedades democráticas avançadas, em permanente demonstração de que, quando chegar a hora, estão prontos para matar. Olham com desconfiança quem passa, talvez para matar o tédio de quem transporta tão magnífico instrumento de avançada tecnologia para matanças generalizadas sem lhe dar o apropriado uso. Nas raras vezes em que os vejo em acção, dirigem-se a adolescentes transportando mochilas, provavelmente escolares. São negros, invariavelmente. Não vi nenhum a ser detido, nem nada que se parecesse. Mas é assim a França contemporânea, o país dos sonhos de Liberdade. Também as saídas das principais estações ferroviárias para as praças públicas nos revelam muito da Europa contemporânea, neste caso na versão de economia avançada e desenvolvida que a França representa. É muito diversa a composição etária ou a origem geográfica das muitas pessoas que recorrem à mendicidade, os excluídos entre os excluídos, os muito pobres que se arrastam pelas ruas sem conseguir dissimular a vergonha e a humilhação, os jovens e velhos, casais e solitários, africanos ou europeus, por vezes sentados no chão, em colchões encardidos, ou até em tendas de campismo. É também assim a França actual, o país dos sonhos de Igualdade, que foram morrendo perante uma indiferença mais ou menos generalizada: afinal a pobreza não toca a todos, não toca sequer a essa maioria que afinal ainda beneficia de uma vida cómoda e agradável. É a França, país dos sonhos de Fraternidade. Saído da estação a um domingo de manhã dirijo-me para o eléctrico, compro o bilhete e espero, ao sol, por falta de protecção adequada. Espero demasiado, com o desconforto de quem fez durante toda a noite uma longa viagem e agora suporta o confronto diretco com a exposição solar a mais de 30 graus. Resolvo que mais de 15 minutos é um despropósito e dirijo-me aos vários painéis informativos afixados na paragem. Lá está: num pequeno papel precariamente afixado informa-se, em francês, que o eléctrico não está a funcionar. Paciência. E paciência também para quem comprou o bilhete, que a máquina de venda, essa sim, continua a funcionar. Sempre vou informando as restantes pessoas que vieram ao mesmo engano e que não sabem ler francês. Afinal, seria só o primeiro de vários incidentes com a falta de informação durante a minha estadia entre Lyon e Paris. Falha a informação mas sobram as obras: pó e ruído por todo o lado, cidades em permanente arranjo – nada de grandes obras visíveis mas um grande número de pequenas intervenções que acabam por fazer do espaço público um improvisado estaleiro, mais ou menos desagradável consoante a nossa disposição para conviver com o barulho e as estruturas temporárias que ocupam um espaço público que até parecia desenhado para proporcionar agradáveis momentos de lazer, ou pelo menos garantir uma agradável circulação e mobilidade nas cidades. Também é generalizadamente precária a prestação dos mais variados serviços, incluindo naturalmente os da hotelaria, com os quais convivo mais regularmente durante a estadia: são muitos menos do que os que deveriam ser os trabalhadores envolvidos, é visível o esforço que fazem para que tudo funcione, mas falta gente, a avidez do lucro e a evidente exploração do trabalho estão também aqui, em todo o lado, em toda a evidência, para quem visita a França, uma das mais desenvolvidas economias europeias. Há, no entanto, muito que ainda funciona, eventualmente pior do que seria desejável, mas ainda assim com suficiente eficácia para que se possa disfrutar da magnífica arquitectura e estrutura urbana das cidades, da importância cultural dos museus ou do prazer dos cafés, das esplanadas e da vida na rua. E da comida, certamente da comida, sempre excelente, frequentemente inovadora, à procura de novas recombinações, a fusão de culturas que a Europa devia representar manifesta-se, pelo menos, à mesa. Entre deliciosas misturas de ingredientes e técnicas da América Latina, da Ásia, do Médio Oriente, da África ou de várias zonas da Europa, a comida em França continua a ser tratada como a arte que deve ser. Mas não para usufruto de todos, evidentemente. Os restaurantes estão sistematicamente cheios e há uma imensa maioria de residentes locais e turistas ocasionais que os frequenta. Mas logo ao lado estão os sem-abrigo, os mendigos, os pobres os excluídos da rica civilização europeia, os que têm direito a pouco mais do que nada. Mais do que nunca, os tempos que correm parecem mostrar que teremos sempre Paris, para nos lembrar como a selvajaria do capitalismo contemporâneo destruiu as utopias perdidas da Liberdade, Igualdade e Fraternidade, para recuperar a repressão, a estratificação e a indiferença.
Andreia Sofia Silva VozesGuarda-chuvas em 2019? [dropcap]C[/dropcap]arrie Lam, Chefe do Executivo de Hong Kong, retirou finalmente do Conselho Legislativo a proposta de lei da extradição que gerou o caos político em que a região actualmente vive. A governante já disse que a decisão não foi de Pequim e sim dela mas, independentemente disso, resta saber como fica o território depois da retirada da proposta. No que diz respeito à relação do Governo com a população, fica como aqueles relacionamentos que já se iniciaram e terminaram uma série de vezes: gastos, cansativos, sem qualquer ponta de credibilidade. Carrie Lam pode ter retirado a proposta de lei, mas a relação com os residentes, que já era má, ficou ainda pior. Quanto ao movimento cívico, os activistas já vieram dizer que é importante a retirada da proposta de lei, mas que não chega. Quais serão os próximos capítulos desta novela política em busca de mais democracia para Hong Kong? Poderemos ver um novo movimento de guarda-chuvas em 2019, mas sem os guarda-chuvas? Até onde vai a mobilização das pessoas e a definição de uma estratégia que falhou em 2014? Aguardemos.
Valério Romão h | Artes, Letras e IdeiasO lugar de todos nós [dropcap]E[/dropcap]stive há pouco tempo no Alentejo, perto de uma semana, na casa de uma amiga. Tirando a quase completa ausência de elevações, o cenário e ambiente são-me muito familiares; como já tive oportunidade de escrever em diversas crónicas, para enfado ou desespero dos meus três leitores, os meus pais são do Algarve profundo, aquele que volta costas ao mar com o desprezo de um toureiro ante um touro anoréctico. Esse Algarve é em tudo semelhante ao Alentejo. Diz aliás o ditado que um algarvio é apenas um alentejano sem travões. O sossego que se sente naquelas planícies borbotando de calor é apenas interrompido pela inoportuna consciência das obrigações ancoradas em Lisboa e subitamente desprovidas de qualquer sentido. Parte da perfeição – ou imperfeição – do Alentejo é a anisotropia geográfica na distribuição de internet (perdoem-me, mas sempre quis escrever isto). Na mesma localidade há zonas apetrechadas com rede móvel de dados suficiente para três dias de Pornhub, ao passo que, apenas dois metros para a direita de onde se está, o sinal é tão fraco que um indivíduo se vê obrigado a mover o aparelho em todas as direcções na busca de um pauzinho de rede. Para mitigar essa dificuldade há as vendas e os cafés, museus vivos dessa forma de estar do Alentejo onde agora, entre uma prateleira de garrafas empoeiradas e um calendário do talho Gomes, se exibe com desarmante naturalidade e algum orgulho a password do wifi. À cata de sinal aportei no café Botas, no qual se servia um café muito aceitável e se navegava a cerca de 20 Mbps. Cumpridas as formalidades dos mails, fui descendo de degrau em degrau para a cave da procrastinação até dar por mim a fingir interesse na compra de tubagens galvanizadas para escoamento de águas residuais em climas frios. Quando tomei consciência da ausência neuronal – que se instala de forma tão insidiosa como subtil – resolvi arrumar a trouxa, contar os trocos para pagar os dois cafés consumidos e fumar o cigarro abaladiço. Lá fora sob o toldo absolutamente necessário, um sujeito não parava de fazer chamadas no telemóvel. Era para – suponho – um oficial de justiça, com o qual falava sobre a mulher e o filho de ambos que esta tentara matar, era para alguém a quem se queixava de estar a ser alvo de extorsão monetária, era para um rapaz que prometia perfilhar e a quem dizia estar a beber uísques desde as oito e meia da manhã e era, acto final, cai o pano, para a ASAE, queixando-se de no Botas não lhe terem facultado o livro de reclamações. Estava obviamente bêbedo. Há muito, no entanto, que não via um bêbedo tão hiperactivo e capaz de diversificação no investimento, como soi agora dizer-se nos corredores da banca. Movido pela curiosidade das crianças e/ou dos idiotas, resolvi ficar mais algum tempo. Lá dentro, uma senhora acercando-se da ribanceira da idade e muito versada em vinho branco confessava a um casal de amigos espanhóis a frustração por ver no marido tanta coisa – amigo, pai, irmão, filho – menos o marido com o qual ela se casara e que misteriosamente desaparecera, um dia qualquer, como a geada matinal num dia de Verão. De repente, já não estava no Alentejo mas numa secção do Correio da Manhã. Em potência, pelo menos. Aquela na qual levantada a saia do crime horrendo transparecem as tão humanas frustrações que nos levam a limites mais ou menos concretizados de violência e arrependimento. Aquele Alentejo, aquele café, aquele rapaz dramaticamente conversador e aquela mulher em psicoterapia artesanal já os vi em todo o lado. Já os vi no rosto dos meus amigos. Já os vi ao espelho.
José Navarro de Andrade h | Artes, Letras e IdeiasTurismo [dropcap]E[/dropcap]ste ano levava outros planos que porém não excluíam os banhos solitários na barragem, onde numa tarde vieram javalis beber a um recanto antes de darem pela presença humana; almoçaradas acintosamente adversas a pruridos nutricionais, cedendo à estação estival apenas na preferência pelo rosé; sestas impenitentes de “pijama e penico” à Camilo José; fins-de-tarde no terraço, deleitosamente expostos aos rigores da calma apenas temperados por mojitos e o eventual havano; noites sem tempo, defendidas pelo ladrar da cadela a repelir gatos bravios, saca-rabos e até texugos atraídos pelo cheiro da cozinha da casa. Algum exercício físico não seria desdenhável, como o de ir às beldroegas que fizeram tufo junto a um furo do tubo de irrigação do olival e depois dar-se à maçada de as desfolhar minuciosamente. Ou cozinhar ossudas peças de carne vermelha com toda a morosidade que o forno concede, execução de facto mais contemplativa do que dinâmica. Ou o de ir pela manhã espreitar abetardas ao longe. Ou de colmatar por uma hora a ausência do vaqueiro e seguir com a carrinha de apoio uma apartação de bezerros. Mas que ninguém se iluda, não tem pretensões idílicas nem revigorantes este espairecimento, do qual só se tira partido se houver a segurança e a retaguarda de uma casa com águas correntes quentes e frias, ar condicionado e wi-fi que dê resposta aos breves momentos em que apeteça saber do mundo lá fora. Só quem não a sofreu ou dela não ouviu contar se apraz com a brutalidade de vida rústica. As Arcádias são antropologias de quem nunca apanhou carraças. Mas este ano trazia um intuito, uma dedicação. O de preterir as leituras diletantes do costume, erráticas e meramente conduzidas pelo impulso, a favor do contacto e leitura – ou qualquer coisa parecida com isso – de algumas coisas que em breve fará falta conhecer. Como era previsível foi um fracasso. Sabem-na toda os engenheiros quando ironizam que um plano é uma coisa que se estilhaça no primeiro encontro com a realidade. Quem já para cá dos Pirenéus caminhe de frente para o Sol vindo da prosperidade europeia fique avisado que a última livraria digna desse nome antes de a costa atlântica lhe interromper a marcha é a Universitas de Badajoz. Este ano havia jurado nem sequer ler as recomendações de Verão do Babelia mas acabei por folheá-la pois a curiosidade é inclemente com os fracos. Prometera passar ao largo da Universitas no entanto uma inexorável força centrípeta puxou para ela. Destas indulgências resultou sair de lá enriquecido por um par de livros. Nunca é difícil à transgressão valer-se da lógica e neste caso pareceu óptima razão que esses livros fossem imprescindíveis para colmatarem certas lacunas que de súbito se mostraram como um vexame. E assim foi que em 15 dias frequentei durante 4 anos a Córdova do califa al-Hakan II, de 971 a 975, na época de ouro da dinastia Omíada. Neste exacto território que temos consolidado como nosso porque o habitamos vai para gerações, há mais de mil anos floresceu e estabeleceu-se aqui uma sociedade tão diferente da actual que dificilmente a compreendemos com as ferramentas de que dispomos. Habitavam-no pessoas que podem ter sido antecedentes de sangue de alguns de nós se nos déssemos ao trabalho de procurarmos pela noite dos tempos até onde se prolonga a genealogia donde brotamos. Não era um mundo menos complexo nem mais mal organizado do que aquele em que hoje vivemos, nem os nossos antepassados eram menos inteligentes, aptos e sábios do que nós, a evolução é coisa de centenas de milhares de anos, no mínimo, e não de séculos. O quadro mental em que esta gente se movia é-nos hoje quase impenetrável. A escala de valores, a ideia de Bem e de Mal, os tratos e os contratos tanto públicos como privados, os conceitos de “pessoa” e de “humano”, para usar termos que talvez não lhes fizessem sentido, o vínculo entre o céu e a terra, o modo de conceber a ordem divina e a sua intervenção secular, tudo isto media-se e incidia na vida, nas relações e na política de então de uma forma e com um sentido tão radicalmente diversos dos contemporâneos e com uma naturalidade que desmontam os paradigmas tomados agora como evidentes. Da eternidade tida como irrefutável pelos que nela existiam restam umas quantas ruinas soterradas. Uma lição que estamos sempre a desaprender.
Sérgio Fonseca DesportoBMW escolhe Augusto Farfus para renovar título de GT do Grande Prémio de Macau [dropcap]A[/dropcap] BMW Motorsport foi a primeira equipa a confirmar os seus pilotos para a Taça do Mundo FIA de GT – Taça GT Macau do 66º Grande Prémio de Macau. O brasileiro Augusto Farfus vai defender a coroa de campeão. Num anúncio surpresa, a BMW Motorsport deu conta na tarde de quarta-feira que irá regressar ao Circuito da Guia para tentar reconquistar o ceptro que lhe pertence e com o vencedor da pretérita edição da prova. “Macau será muito especial este ano”, disse Farfus. “Primeiro, é um lugar de que tenho memórias fantásticas e a vitória na Taça do Mundo FIA de GT foi o momento alto da minha carreira”, afirmou o piloto brasileiro da BMW Team Schnitzer em comunicado. Para Farfus esta corrida tem outro significado especial, porque será a primeira sem a chefia de Charly Lamm, o histórico chefe de equipa da Schnitzer que faleceu no passado mês de Janeiro. “Vencer com o Charly, um amigo e meu mentor, e muito próximo de mim e da minha família, foi algo muito especial. Este ano espero repetir o sucesso em memória do Charly. Nós sabemos que será um desafio de verdade, mas lá estaremos a correr pelo terceiro ano consecutivo com o BMW M6 GT3 e temos já a necessária experiência. Vamos dar o nosso melhor para termos sucesso novamente.” Farfus tem este ano um programa de provas com a BMW Motorsport, mas também está participar na Taça do Mundo FIA de Carros de Turismo (WTCR) com a Hyundai. Como o Grande Prémio não permite que um piloto tome parte de duas corridas do programa, o construtor sul-coreano terá que encontrar um substituto para o piloto lusófono para a Corrida da Guia. Eriksson no segundo BMW Ao contrário do ano passado, em que só inscreveu um carro na prova, desta vez a marca da Baviera inscreveu um segundo M6 GT3 no evento da RAEM para Joel Eriksson, o jovem sueco que terminou na segunda posição na corrida de Fórmula 3 do ano passado. Contudo, o carro do piloto nórdico será preparado pela estrutura asiática FIST-Team AAI, que tem várias participações no Grande Prémio, e não pela equipa de fábrica. “Eu apaixonei-me pela Circuito da Guia nas minhas visitas na Fórmula 3 e simplesmente mal posso esperar correr com o BMW M6 GT3”, disse Eriksson. “É difícil saber o que esperar. Apenas corri de F3 em Macau, portanto algum nível de adaptação será necessário, mas estou honrado pela BMW ter decidido confiar em mim para uma das corridas mais importantes da temporada.” Além dos dois GT3 na Taça GT Macau, a BMW também contará com a participação em Macau de várias motas preparadas pela BMW Motorrad Motorsport.
Hoje Macau China / ÁsiaRússia | Putin sublinha interesses geopolíticos “coincidentes” com a China As duas nações revelam um total alinhamento em matérias de ordem militar, económica e de política internacional. Vladimir Putin reuniu-se com o vice-primeiro-ministro chinês Hu Chunhua em Vladivostoque, à margem do Fórum Económico Oriental [dropcap]O[/dropcap] Presidente da Rússia, Vladimir Putin, considerou ontem que Moscovo e Pequim têm interesses geopolíticos “coincidentes”, sublinhando a importância da cooperação entre os dois Estados para o reforço da segurança internacional. “Não falamos apenas sobre a coincidência dos nossos interesses geopolíticos, que são importantes, mas realizamos também trabalho concreto, obtivemos bons resultados e avançamos”, disse Putin, após uma reunião com o vice-primeiro-ministro chinês Hu Chunhua. A reunião do chefe de Estado russo com o alto quadro do regime chinês ocorreu às margens do Fórum Económico Oriental, que se realiza na cidade portuária de Vladivostoque, no extremo leste da Rússia. “Estamos a trabalhar activamente para fortalecer as instituições internacionais e sistemas de segurança. Colaboramos no campo militar e concordamos activamente nas nossas posições na arena internacional”, acrescentou. Putin expressou ainda satisfação por os parceiros chineses serem os principais investidores nas regiões do Extremo Oriente da Rússia. Hu enfatizou que os dois países atribuem grande importância ao fornecimento de produtos agrícolas russos à China, uma colaboração que descreveu como “muito promissora”. Um acordo entre os dois Estados prevê o aumento do cultivo de soja na Rússia, para fornecer o mercado chinês, à medida que Pequim suspende a compra de produtos agrícolas aos Estados Unidos, face à guerra comercial que trava com Washington. Em 2018, a China importou mais de 800.000 toneladas de soja da Rússia, um acréscimo de 64,7 por cento, em relação ao ano anterior. No mesmo tom O vice-primeiro-ministro chinês acrescentou que existem outras áreas de cooperação económica com potencial de crescimento, como o comércio electrónico transnacional. “Sabemos que isto exige uma simplificação adicional dos procedimentos aduaneiros. Estamos convencidos de que alcançaremos esse objectivo”, acordado entre Putin e o Presidente chinês, Xi Jinping, disse. A Rússia e a China alinharam já posições nas Nações Unidas, ao oporem-se a uma intervenção na Síria e anularem tentativas de criticar as violações dos direitos humanos pelos dois países. Moscovo apoia a oposição de Pequim à navegação da marinha norte-americana no Mar do Sul da China. Ambos os países realizaram já exercícios militares conjuntos, incluindo no Báltico. A Rússia partilhou também com a China alguma da sua tecnologia militar mais avançada. A nível económico, no entanto, a cooperação segue aquém da cooperação política e no âmbito da segurança. A China é o principal parceiro comercial da Rússia, enquanto a Rússia surge em décimo lugar entre os parceiros de Pequim.
Hoje Macau China / ÁsiaRússia | Putin sublinha interesses geopolíticos “coincidentes” com a China As duas nações revelam um total alinhamento em matérias de ordem militar, económica e de política internacional. Vladimir Putin reuniu-se com o vice-primeiro-ministro chinês Hu Chunhua em Vladivostoque, à margem do Fórum Económico Oriental [dropcap]O[/dropcap] Presidente da Rússia, Vladimir Putin, considerou ontem que Moscovo e Pequim têm interesses geopolíticos “coincidentes”, sublinhando a importância da cooperação entre os dois Estados para o reforço da segurança internacional. “Não falamos apenas sobre a coincidência dos nossos interesses geopolíticos, que são importantes, mas realizamos também trabalho concreto, obtivemos bons resultados e avançamos”, disse Putin, após uma reunião com o vice-primeiro-ministro chinês Hu Chunhua. A reunião do chefe de Estado russo com o alto quadro do regime chinês ocorreu às margens do Fórum Económico Oriental, que se realiza na cidade portuária de Vladivostoque, no extremo leste da Rússia. “Estamos a trabalhar activamente para fortalecer as instituições internacionais e sistemas de segurança. Colaboramos no campo militar e concordamos activamente nas nossas posições na arena internacional”, acrescentou. Putin expressou ainda satisfação por os parceiros chineses serem os principais investidores nas regiões do Extremo Oriente da Rússia. Hu enfatizou que os dois países atribuem grande importância ao fornecimento de produtos agrícolas russos à China, uma colaboração que descreveu como “muito promissora”. Um acordo entre os dois Estados prevê o aumento do cultivo de soja na Rússia, para fornecer o mercado chinês, à medida que Pequim suspende a compra de produtos agrícolas aos Estados Unidos, face à guerra comercial que trava com Washington. Em 2018, a China importou mais de 800.000 toneladas de soja da Rússia, um acréscimo de 64,7 por cento, em relação ao ano anterior. No mesmo tom O vice-primeiro-ministro chinês acrescentou que existem outras áreas de cooperação económica com potencial de crescimento, como o comércio electrónico transnacional. “Sabemos que isto exige uma simplificação adicional dos procedimentos aduaneiros. Estamos convencidos de que alcançaremos esse objectivo”, acordado entre Putin e o Presidente chinês, Xi Jinping, disse. A Rússia e a China alinharam já posições nas Nações Unidas, ao oporem-se a uma intervenção na Síria e anularem tentativas de criticar as violações dos direitos humanos pelos dois países. Moscovo apoia a oposição de Pequim à navegação da marinha norte-americana no Mar do Sul da China. Ambos os países realizaram já exercícios militares conjuntos, incluindo no Báltico. A Rússia partilhou também com a China alguma da sua tecnologia militar mais avançada. A nível económico, no entanto, a cooperação segue aquém da cooperação política e no âmbito da segurança. A China é o principal parceiro comercial da Rússia, enquanto a Rússia surge em décimo lugar entre os parceiros de Pequim.
Hoje Macau EventosExposição | Galeria da residência consular recebe “Pontes Aladas” [dropcap]C[/dropcap]hama-se “Pontes Aladas – Exposição Colectiva de Arte Contemporânea Portugal-China” e é a mais recente iniciativa cultural promovida no território pelo Instituto Português do Oriente (IPOR). A mostra será inaugurada a 11 de Setembro pelas 18h00 e tem lugar na galeria da residência consular, junto aos lagos Nam Van. A ideia é celebrar uma série de datas “no contexto das relações históricas entre Portugal e a República Popular da China, tendo Macau como ponto dinâmico de excelência”, uma vez se celebram os 40 anos do estabelecimento de relações diplomáticas entre os dois países, assinalando-se ainda 20º aniversário da constituição da RAEM e os 30 anos da criação do IPOR. A exposição tem, de acordo com um comunicado oficial, “nomes de marcado relevo no panorama dos dois países”, contando ainda com os apoios da Fundação Macau, do Instituto Cultural de Macau e do Instituto Camões-Instituto da Cooperação e da Língua. A curadoria está a cargo de Adelaide Ginga, numa parceria com o Museu Nacional de Arte Contemporânea. O mesmo comunicado dá conta que a escolha das obras partiu do princípio da “junção de artistas de ambas as latitudes”. Foram seleccionados “artistas portugueses que tenham desenvolvido, no seu percurso artístico, alguma relação com Macau-China e artistas chineses que, de alguma forma, tenham uma relação com Portugal”. Neste sentido, o público poderá ter acesso a uma “exposição colectiva que coloca em diálogo artistas dos dois países e a pluralidade da expressão artística, reunindo diferentes abordagens temáticas e variados suportes de apresentação”. A mostra estará patente até ao dia 11 de Outubro.
Hoje Macau EventosExposição | Galeria da residência consular recebe “Pontes Aladas” [dropcap]C[/dropcap]hama-se “Pontes Aladas – Exposição Colectiva de Arte Contemporânea Portugal-China” e é a mais recente iniciativa cultural promovida no território pelo Instituto Português do Oriente (IPOR). A mostra será inaugurada a 11 de Setembro pelas 18h00 e tem lugar na galeria da residência consular, junto aos lagos Nam Van. A ideia é celebrar uma série de datas “no contexto das relações históricas entre Portugal e a República Popular da China, tendo Macau como ponto dinâmico de excelência”, uma vez se celebram os 40 anos do estabelecimento de relações diplomáticas entre os dois países, assinalando-se ainda 20º aniversário da constituição da RAEM e os 30 anos da criação do IPOR. A exposição tem, de acordo com um comunicado oficial, “nomes de marcado relevo no panorama dos dois países”, contando ainda com os apoios da Fundação Macau, do Instituto Cultural de Macau e do Instituto Camões-Instituto da Cooperação e da Língua. A curadoria está a cargo de Adelaide Ginga, numa parceria com o Museu Nacional de Arte Contemporânea. O mesmo comunicado dá conta que a escolha das obras partiu do princípio da “junção de artistas de ambas as latitudes”. Foram seleccionados “artistas portugueses que tenham desenvolvido, no seu percurso artístico, alguma relação com Macau-China e artistas chineses que, de alguma forma, tenham uma relação com Portugal”. Neste sentido, o público poderá ter acesso a uma “exposição colectiva que coloca em diálogo artistas dos dois países e a pluralidade da expressão artística, reunindo diferentes abordagens temáticas e variados suportes de apresentação”. A mostra estará patente até ao dia 11 de Outubro.
Andreia Sofia Silva EventosHistória | Associação organiza viagem sobre portos lusos na Ásia A Associação Amigos da Nova Rota da Seda, presidida pela economista Fernanda Ilhéu, está a organizar uma viagem que visa contar a história dos principais portos portugueses na Ásia, e que inclui Macau, Malaca e Goa, entre outros destinos. A associação pretende também lançar um novo livro este ano, com a colaboração de um académico de Macau [dropcap]P[/dropcap]ortugal também tem a sua rota marítima esquecida no tempo e subaproveitada. A ideia é deixada ao HM por Maria Fernanda Ilhéu, a economista e professora universitária que preside à Associação Amigos da Nova Rota da Seda (ANRS), que está a promover uma viagem que passa pelos principais portos marítimos que marcam a presença portuguesa na Ásia. Podem inscrever-se sócios e não sócios, com um custo entre 50 a 60 mil patacas, e a ideia é contar a história de lugares como Mascate, Nizwa (antiga capital de Omã), Calicute, Cochin, Goa, Malaca, Singapura e Macau. “Obviamente que não podemos ir a todos os portos, pois levaríamos dois anos de viagem”, adiantou Maria Fernanda Ilhéu ao HM. “Queremos lembrar o que foi a nossa estratégia de abordagem desta rota marítima do Ocidente para o Oriente, e que tem muitas semelhanças com a nova rota marítima do século XXI, o projecto ‘Uma Faixa, Uma Rota’, mas que vem do Oriente para o Ocidente.” A presidente da ANRS assume que esta viagem constitui “um pretexto para nos debruçarmos sobre a história”, lamentando que a rota marítima criada pelos portugueses seja muitas vezes esquecida. “Esta foi uma história importantíssima na globalização mundial, e não foi importante apenas para Portugal, mas também para todo o mundo. Não só nos esquecemos como até parece que estamos um pouco envergonhados desse percurso quando outros povos, tal como os chineses, estão interessados.” A economista não tem dúvidas de que Portugal “poderia ter a sua própria rota e outra forma de mostrar ao mundo aquilo que foi”. Para já, a ANRS ainda não recebeu muitas inscrições. “Foi uma viagem difícil de planear. Vamos aguardar até Outubro para termos mais inscrições e depois vemos se a conseguimos fazer. Esta viagem será documentada nos nossos trabalhos e conferências, não sei se faremos outro livro.” Maria Fernanda Ilhéu desejava publicar outra obra sobre esta temática. “Queríamos fazer um livro sobre os portos portugueses no mundo, algo que seria interessante e vou tentar que aconteça.” Novas letras Depois da publicação da obra “A China e a Revitalização das Antigas Rotas da Seda”, coordenado por Maria Fernanda Ilhéu e Leonor Janeiro, eis que a ANRS se prepara para lançar mais uma obra, desta vez sobre as novas rotas da seda. A obra será escrita em inglês e conta com a coordenação da presidente da ANRS e dos académicos Paulo Duarte e Francisco José Leandro, este último professor na Universidade Cidade de Macau. “Tencionamos pôr cá fora este ano um livro sobre ‘Uma Faixa, Uma Rota’, a China e os países de língua portuguesa e as novas rotas da seda”, apontou a responsável pela ANRS. O objectivo da obra é “trazer esse conhecimento dos projectos que estão a ser realizados ou que podem vir a ser realizados pela iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, em conjunto com países de língua portuguesa e parcerias que sejam desenvolvidas com Portugal”. Para Maria Fernanda Ilhéu, estão em causa não apenas negócios a curto prazo, mas “o desenvolvimento de sinergias”. “É necessário planear e pensar esse desenvolvimento e perceber que ele vai ter de contar com a actuação de governos e empresas, mas também da própria sociedade civil”, apontou.
Andreia Sofia Silva EventosHistória | Associação organiza viagem sobre portos lusos na Ásia A Associação Amigos da Nova Rota da Seda, presidida pela economista Fernanda Ilhéu, está a organizar uma viagem que visa contar a história dos principais portos portugueses na Ásia, e que inclui Macau, Malaca e Goa, entre outros destinos. A associação pretende também lançar um novo livro este ano, com a colaboração de um académico de Macau [dropcap]P[/dropcap]ortugal também tem a sua rota marítima esquecida no tempo e subaproveitada. A ideia é deixada ao HM por Maria Fernanda Ilhéu, a economista e professora universitária que preside à Associação Amigos da Nova Rota da Seda (ANRS), que está a promover uma viagem que passa pelos principais portos marítimos que marcam a presença portuguesa na Ásia. Podem inscrever-se sócios e não sócios, com um custo entre 50 a 60 mil patacas, e a ideia é contar a história de lugares como Mascate, Nizwa (antiga capital de Omã), Calicute, Cochin, Goa, Malaca, Singapura e Macau. “Obviamente que não podemos ir a todos os portos, pois levaríamos dois anos de viagem”, adiantou Maria Fernanda Ilhéu ao HM. “Queremos lembrar o que foi a nossa estratégia de abordagem desta rota marítima do Ocidente para o Oriente, e que tem muitas semelhanças com a nova rota marítima do século XXI, o projecto ‘Uma Faixa, Uma Rota’, mas que vem do Oriente para o Ocidente.” A presidente da ANRS assume que esta viagem constitui “um pretexto para nos debruçarmos sobre a história”, lamentando que a rota marítima criada pelos portugueses seja muitas vezes esquecida. “Esta foi uma história importantíssima na globalização mundial, e não foi importante apenas para Portugal, mas também para todo o mundo. Não só nos esquecemos como até parece que estamos um pouco envergonhados desse percurso quando outros povos, tal como os chineses, estão interessados.” A economista não tem dúvidas de que Portugal “poderia ter a sua própria rota e outra forma de mostrar ao mundo aquilo que foi”. Para já, a ANRS ainda não recebeu muitas inscrições. “Foi uma viagem difícil de planear. Vamos aguardar até Outubro para termos mais inscrições e depois vemos se a conseguimos fazer. Esta viagem será documentada nos nossos trabalhos e conferências, não sei se faremos outro livro.” Maria Fernanda Ilhéu desejava publicar outra obra sobre esta temática. “Queríamos fazer um livro sobre os portos portugueses no mundo, algo que seria interessante e vou tentar que aconteça.” Novas letras Depois da publicação da obra “A China e a Revitalização das Antigas Rotas da Seda”, coordenado por Maria Fernanda Ilhéu e Leonor Janeiro, eis que a ANRS se prepara para lançar mais uma obra, desta vez sobre as novas rotas da seda. A obra será escrita em inglês e conta com a coordenação da presidente da ANRS e dos académicos Paulo Duarte e Francisco José Leandro, este último professor na Universidade Cidade de Macau. “Tencionamos pôr cá fora este ano um livro sobre ‘Uma Faixa, Uma Rota’, a China e os países de língua portuguesa e as novas rotas da seda”, apontou a responsável pela ANRS. O objectivo da obra é “trazer esse conhecimento dos projectos que estão a ser realizados ou que podem vir a ser realizados pela iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, em conjunto com países de língua portuguesa e parcerias que sejam desenvolvidas com Portugal”. Para Maria Fernanda Ilhéu, estão em causa não apenas negócios a curto prazo, mas “o desenvolvimento de sinergias”. “É necessário planear e pensar esse desenvolvimento e perceber que ele vai ter de contar com a actuação de governos e empresas, mas também da própria sociedade civil”, apontou.
Hoje Macau SociedadeCrime | Homem de Hong Kong acusado em burla de 1,75 milhões HKD [dropcap]A[/dropcap] compra de um automóvel de luxo e perdas avultadas no jogo levaram um comerciante a ser acusado de burla no valor de 1,75 milhões de dólares de Hong Kong. O arguido de apelido Hoi, comerciante com 40 anos de idade, prometeu vender um carro de luxo por 5 milhões de dólares de Hong Kong em Agosto de 2017. O comprador era alguém com quem Hoi tinha um amigo em comum. Depois de acertado o acordo, o arguido recebeu a primeira parcela do pagamento, 1,75 milhões de dólares de Hong Kong, que usou para apostar no casino. A sorte não esteve do lado de Hoi que perdeu todo o dinheiro recebido do comprador. Como nunca mais teve qualquer informação sobre a entrega do veículo, que deveria receber em Janeiro do ano passado, ou seja, cinco meses depois de paga a primeira tranche, a vítima da alegada burla apresentou queixa às autoridades. O caso chegou à barra dos tribunais, onde Hoi admitiu todas as acusações, mas alegou que devolveu os 1,75 milhões de dólares de Hong Kong para a conta VIP do comprador. Apesar da alegação de Hoi, o queixoso referiu em tribunal que nunca recebeu qualquer verba.
Hoje Macau SociedadeCrime | Homem de Hong Kong acusado em burla de 1,75 milhões HKD [dropcap]A[/dropcap] compra de um automóvel de luxo e perdas avultadas no jogo levaram um comerciante a ser acusado de burla no valor de 1,75 milhões de dólares de Hong Kong. O arguido de apelido Hoi, comerciante com 40 anos de idade, prometeu vender um carro de luxo por 5 milhões de dólares de Hong Kong em Agosto de 2017. O comprador era alguém com quem Hoi tinha um amigo em comum. Depois de acertado o acordo, o arguido recebeu a primeira parcela do pagamento, 1,75 milhões de dólares de Hong Kong, que usou para apostar no casino. A sorte não esteve do lado de Hoi que perdeu todo o dinheiro recebido do comprador. Como nunca mais teve qualquer informação sobre a entrega do veículo, que deveria receber em Janeiro do ano passado, ou seja, cinco meses depois de paga a primeira tranche, a vítima da alegada burla apresentou queixa às autoridades. O caso chegou à barra dos tribunais, onde Hoi admitiu todas as acusações, mas alegou que devolveu os 1,75 milhões de dólares de Hong Kong para a conta VIP do comprador. Apesar da alegação de Hoi, o queixoso referiu em tribunal que nunca recebeu qualquer verba.
João Santos Filipe Manchete SociedadeIlha da Montanha | Autoridades recusam casas para venda a Chan Chak Mo Empresa do deputado pretendia construir habitações para venda e residência permanente no projecto de restauração da Ilha da Montanha, mas viu a intenção negada [dropcap]A[/dropcap]s autoridades de Hengqin recusaram a construção de apartamentos para habitação e aluguer no projecto da Future Bright na Ilha da Montanha. A revelação foi feita ontem pela empresa, que é liderada pelo deputado Chan Chak Mo, num comunicado à Bolsa de Hong Kong. Em 2014, a Future Bright foi uma das empresas de Macau a quem foi distribuído um terreno na Ilha da Montanha para o desenvolvimento de projectos que visavam impulsionar o turismo naquela zona. Na altura, a empresa foi a melhor colocada no concurso de atribuição de terras, entre 87 propostas, com um projecto para a construção de um espaço dedicado à restauração. Porém, o projecto encontrou problemas desde a fase de construção, uma vez que a empresa não conseguiu obter a tempo as licenças necessárias para avançar com a construção das estacas para o edifício. Face a este cenário a companhia tem mantido reuniões com as autoridades da Ilha da Montanha. Foi numa dessas reuniões que os directores da Future Bright ficaram com a ideia que poderiam alterar a licença de aproveitamento do terreno para a construção de apartamentos para venda e arrendamento. Contudo, o pedido foi negado. “A direcção informa os accionistas da empresa e potenciais investidores que no dia 4 de Setembro de 2019 a Future Bright recebeu uma resposta da Autoridade de Terras da Ilha de Hengqin a informar que não apoia o pedido de mudança parcial da licença de exploração do terreno de Hengqin, que pretendia incluir apartamentos para arrendamento e residências”, consta no documento revelado ontem. Ainda de acordo com a explicação das autoridades do Interior, o facto da licença ter sido emitida para construção de espaços comerciais impede a construção de habitações. Face a esta nega, o grupo liderado pelo deputado afirma que vai fazer um novo pedido para alterar a licença para a construção de apartamento para arrendar, à semelhança de quartos de hotel, sem a existência de espaços de habitação permanente. Segundo esta abordagem, a empresa acredita que a exploração do terreno vai manter o fim comercial. Diária de 628 mil yuan No mesmo comunicado, a Future Bright confirma que arrisca pagar uma multa diária de 628 mil renminbis pelo facto de não cumprir as metas de construção acordadas com as autoridades. Esta multa só poderá ser perdoada caso o Governo considere que existe uma justificação aceitável para as derrapagens ou se houver um motivo de força maior, como seria a passagem de um tufão, ou aspectos cuja responsabilidade não se consegue associar à empresa. Quando a Future Bright viu o seu projecto aprovado para a entrada na Ilha da Montanha, em 2014, Chan Chak Mo disse que tinha até 1,6 mil milhões de yuan para investir do outro lado da fronteira. Contudo, em Maio deste ano, em declarações ao HM, lamentava o facto de tanto no projecto em que está envolvido, como as regiões de Zhuhai e Hengqin não se estarem a desenvolver ao ritmo das expectativas de 2014.
João Santos Filipe Manchete SociedadeIlha da Montanha | Autoridades recusam casas para venda a Chan Chak Mo Empresa do deputado pretendia construir habitações para venda e residência permanente no projecto de restauração da Ilha da Montanha, mas viu a intenção negada [dropcap]A[/dropcap]s autoridades de Hengqin recusaram a construção de apartamentos para habitação e aluguer no projecto da Future Bright na Ilha da Montanha. A revelação foi feita ontem pela empresa, que é liderada pelo deputado Chan Chak Mo, num comunicado à Bolsa de Hong Kong. Em 2014, a Future Bright foi uma das empresas de Macau a quem foi distribuído um terreno na Ilha da Montanha para o desenvolvimento de projectos que visavam impulsionar o turismo naquela zona. Na altura, a empresa foi a melhor colocada no concurso de atribuição de terras, entre 87 propostas, com um projecto para a construção de um espaço dedicado à restauração. Porém, o projecto encontrou problemas desde a fase de construção, uma vez que a empresa não conseguiu obter a tempo as licenças necessárias para avançar com a construção das estacas para o edifício. Face a este cenário a companhia tem mantido reuniões com as autoridades da Ilha da Montanha. Foi numa dessas reuniões que os directores da Future Bright ficaram com a ideia que poderiam alterar a licença de aproveitamento do terreno para a construção de apartamentos para venda e arrendamento. Contudo, o pedido foi negado. “A direcção informa os accionistas da empresa e potenciais investidores que no dia 4 de Setembro de 2019 a Future Bright recebeu uma resposta da Autoridade de Terras da Ilha de Hengqin a informar que não apoia o pedido de mudança parcial da licença de exploração do terreno de Hengqin, que pretendia incluir apartamentos para arrendamento e residências”, consta no documento revelado ontem. Ainda de acordo com a explicação das autoridades do Interior, o facto da licença ter sido emitida para construção de espaços comerciais impede a construção de habitações. Face a esta nega, o grupo liderado pelo deputado afirma que vai fazer um novo pedido para alterar a licença para a construção de apartamento para arrendar, à semelhança de quartos de hotel, sem a existência de espaços de habitação permanente. Segundo esta abordagem, a empresa acredita que a exploração do terreno vai manter o fim comercial. Diária de 628 mil yuan No mesmo comunicado, a Future Bright confirma que arrisca pagar uma multa diária de 628 mil renminbis pelo facto de não cumprir as metas de construção acordadas com as autoridades. Esta multa só poderá ser perdoada caso o Governo considere que existe uma justificação aceitável para as derrapagens ou se houver um motivo de força maior, como seria a passagem de um tufão, ou aspectos cuja responsabilidade não se consegue associar à empresa. Quando a Future Bright viu o seu projecto aprovado para a entrada na Ilha da Montanha, em 2014, Chan Chak Mo disse que tinha até 1,6 mil milhões de yuan para investir do outro lado da fronteira. Contudo, em Maio deste ano, em declarações ao HM, lamentava o facto de tanto no projecto em que está envolvido, como as regiões de Zhuhai e Hengqin não se estarem a desenvolver ao ritmo das expectativas de 2014.
Hoje Macau SociedadeTalentos | Zheng Anting quer mais medidas para regresso de profissionais [dropcap]O[/dropcap]s talentos suportam o desenvolvimento, o desenvolvimento cultiva os talentos”, é esta a ideia expressa pelo deputado Zheng Anting, que pede ao Governo mais medidas para atrair o regresso de quadros locais formados no estrangeiro. Segundo o número dois de Mak Soi Kun, o objectivo passa por aumentar a competitividade da economia do território e para alcançar a muito desejada diversificação da economia de Macau, além do sector do jogo. Ainda de acordo com o legislador, há mais de 230 mil residentes de Macau que optam por morar ou viajar para o exterior e entre eles um número de quadros profissionais qualificados. Aliás, segundo a interpelação de Zheng Anting, existe alguma resistência para estes regressarem à RAEM porque encontram dificuldades em arranjar um emprego capaz de corresponder às perspectivas das suas carreiras profissionais. Por outro lado, o deputado aponta o dedo ao sistema de acreditação profissional, que faz com que algumas certidões e diplomas de instituições de ensino não sejam reconhecidos em Macau. Zheng Anting acredita ainda que a taxa de retorno de locais não parece ter aumentado significativamente nos últimos cinco anos, apesar de o Governo ter estabelecido um “Grupo Especializado do Incentivo ao Regresso de Talentos a Macau” da Comissão de Desenvolvimento de Talentos. Portanto, o deputado à AL quer saber qual o número de talentos de alto nível especializados que optaram por voltar para Macau, desde a criação do grupo especializado, e quais são as políticas que planeiam implementar para atingir o aumento do retorno. Zheng quer ainda que o Governo crie condições favoráveis para promover o regresso e aumentar a proporção dos talentos locais, como a criação de uma série de sistemas de reconhecimento profissional.