Areia Preta | Incêndio levanta questões sobre gestão de prédios antigos

Na sequência do incêndio que deflagrou na tarde de domingo num prédio na Areia Preta, os bombeiros afirmam que a boca de incêndio do prédio tinha água, mas a pressão não foi suficiente para combater as chamas. A empresa que gere o condomínio refere que equipamentos estavam prontos, enquanto moradores apontam vários exemplos má gestão

 

[dropcap]A[/dropcap]inda no rescaldo do incêndio que consumiu dois apartamentos no Edifício Jardim Kong Fok Cheong, a questão que permanece por responder é o que se passou com a boca de incêndio do prédio afectado.

O Corpo de Bombeiros (CB) emitiu ontem um comunicado a esclarecer que “havia água no sistema de protecção contra incêndios do edifício, mas a pressão de água não era suficiente para proceder às tarefas de combate a incêndios”. O CB esclareceu ainda que ontem de manhã, menos de 24 horas depois do incêndio, enviou uma equipa do Departamento de Prevenção de Incêndios ao local da ocorrência e verificou que a saída da água da boca de incêndio estava normalizada.

Quanto ao que aconteceu na tarde de domingo, a corporação adianta que são necessárias investigações para apurar o que se passou.

Em declarações à Ou Mun Tin Toi, Ieong Wai Iam, presidente do conselho de administração da Macau Crown Group, a empresa que administra o condomínio, afirmou que as instalações e equipamentos de protecção contra incêndios são inspeccionadas mensalmente, e que a última inspecção foi na passada quarta-feira (16), sem que se tenha encontrado qualquer problema. Na vistoria também não se encontraram problemas com a boca de incêndio.

Porém, de acordo com posts que circularam nas redes sociais, moradores relataram o uso da boca de incêndio para lavar automóveis. Foram também partilhadas fotografias em que se vê a mangueira mal colocada na boca de incêndio, provocando fuga de água, além de um extintor com o nome do prédio e validade expirada em 26 de Junho de 2006.

Toque de alerta

Em declarações à Ou Mun Tin Toi, um dos residentes afectados revelou ter passado a noite num centro de acolhimento de emergência do Instituto de Acção Social na Ilha Verde e que iria ficar temporariamente alojado em casa de familiares. Outro morador residente noutro bloco, de apelido Cheong, disse ao mesmo órgão de comunicação que o gabinete de gestão do edifício não abriu a porta principal do condomínio para os carros de bombeiros, nem avisou imediatamente os residentes para evacuarem.

No rol de críticas à empresa que gere o condomínio foi também revelado que o som do alarme de incêndio soou num volume demasiado baixo para ser ouvido por todos.

Vários representantes de associações, como Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), União Geral das Associações dos Moradores de Macau, entre outros, deslocaram-se ao local para prestar informações e oferecer alimentação e água. Anita Chio, directora da FAOM, em declarações ao jornal Ou Mun, disse que a falta de água nas bocas de incêndio dos edifícios é um problema em muitos prédios.

O CEO da Golden Crown Development Limited, Paulo Tse, afirmou à Ou Mun Tin Toi que o Governo não estabelece um prazo limite para inspecção aos equipamentos de combate a incêndios. O dirigente, que também preside à Macau Renovação Urbana SA, referiu que cerca de 40 por cento dos edifícios em Macau têm mais de 35 anos e que o equipamento de combate a incêndios precisa ser actualizado. Tse sugere que as empresas de gestão dos prédios sejam obrigadas a contratar profissionais que inspeccionem, obrigatoriamente, os equipamentos.

De acordo com informação prestada ao HM pela Polícia de Segurança Pública, o fogo foi extinto às 20h30 de domingo. Depois de uma investigação preliminar as autoridades concluíram que o incêndio teve origem num curto-circuito. Sete pessoas foram hospitalizadas devido a inalação de fumo.

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