70 anos | Xi Jinping destaca “alicerces fortes” em demonstração de capacidade militar

[dropcap]O[/dropcap] Presidente chinês, Xi Jinping, destacou terça-feira a unidade, desenvolvimento e força da China, no 70.º aniversário da República Popular, que culminou numa parada militar destinada a mostrar a ascensão do país como potência mundial.
“Não há força que possa abalar os alicerces desta grande nação”, afirmou Xi Jinping, no topo da Praça Tiananmen, onde há precisamente setenta anos Mao Zedong proclamou a fundação da República Popular da China.
Perante milhares de chineses, seleccionados a partir de empresas estatais, universidades ou órgãos governamentais, e que aplaudiram enquanto agitavam bandeiras do país, Xi declarou: “Hoje, uma China socialista ergue-se de frente para o mundo”.
O discurso do também secretário-geral do Partido Comunista seguiu a narrativa oficial do regime, que se autoproclama responsável por erguer a China do “século de humilhação”, durante a dinastia Qing, face à invasão por potências coloniais como o Reino Unido e o Japão.
Xi seguiu depois numa limusine com capota aberta, passando revista às tropas e a dezenas de mísseis, veículos blindados e outros equipamentos militares.
Soldados envergando capacete e equipamento de combate gritavam em uníssono “Viva, líder” e “Servir o povo”. Xi respondia com a saudação “Olá, camaradas”.

Poder de fogo

O exército da China, o maior do mundo, com dois milhões de homens e mulheres nas suas unidades de combate, está a desenvolver aviões de combate, o primeiro porta-aviões construído na China e uma nova geração de submarinos movidos a energia nuclear.
Uma das armas mais observadas terça-feira por analistas foi o Dongfeng-17, o primeiro míssil capaz de transportar um veículo hipersónico, que pode ser equipado com armas convencionais ou nucleares, sendo capaz de ultrapassar sistemas antimísseis.
O míssil balístico intercontinental Dongfeng-41 tem um alcance de até 15.000 quilómetros, segundo analistas, o que o torna o míssil com maior alcance no mundo. Analistas dizem que é capaz de carregar até 10 ogivas e atingir alvos separados.
A ênfase de Pequim em desenvolver mísseis e outras armas de longo alcance reflectem o seu desejo de destronar os Estados Unidos como força dominante na Ásia Oriental, e pressionar Taiwan no sentido da reunificação.
A China tem o segundo maior orçamento militar do mundo, estimado em 250 mil milhões de dólares, segundo o Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo.
Os Estados Unidos, com um exército de 1,3 milhões de pessoas, têm o maior orçamento militar do mundo – 650 mil milhões de dólares.

Outras conquistas

A parada militar incluiu ainda exibições e carros alegóricos que destacaram a enorme transformação da China, desde uma nação pobre e devastada pela ocupação japonesa e subsequente guerra civil, até se converter na segunda maior economia do mundo.
Desastres ocorridos durante a governação de Mao Zedong, como a campanha de colectivização dos meios de produção e industrialização o “Grande Salto em Frente”, que causou cerca de trinta milhões de mortes, ou a Revolução Cultural, que mergulhou o país no caos e isolamento, foram omitidos.
Para o final ficaram as referências à “nova era”, anunciada por Xi, e que visa o “grande rejuvenescimento da nação chinesa”, um termo com significado económico e territorial.
Segundo os objectivos traçados por Xi, em meados deste século, a China será um país “totalmente desenvolvido”, superando os EUA como a principal economia do mundo.
Territorialmente, terá completado o processo de reunificação com Taiwan, a ilha onde se refugiou o antigo Governo nacionalista e que actua como uma entidade política soberana, apesar das ameaças de Pequim.

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