Tóquio | Carlos Gohsn diz que Nissan está a “destruir a sua reputação”

O ex-presidente do grupo Nissan encontra-se aprisionado num centro de detenção em Tóquio. Está acusado de ter “conspirado para minimizar os seus ganhos cinco vezes entre Junho de 2011 e Junho de 2015”

[dropcap]C[/dropcap]arlos Ghosn, antigo presidente do grupo Nissan suspeito de falsificação de informação financeira e detido em Novembro em Tóquio, disse ontem que a Nissan está a “destruir a sua reputação”.

“O objectivo era claro e houve resistência desde o início”, disse Carlos Ghosn durante uma palestra num centro de detenção em Kosuge, em Tóquio, onde está detido desde 19 de Novembro.

Em entrevista à agência de notícias francesa France Presse e Les Echos no centro de detenção de Tóquio, Carlos Ghosn disse que está a ser “punido antes de ser condenado”.

Carlos Ghosn, que está detido há dois meses, disse sentir-se injustiçado.

“Não tenho telefone, nem computador, mas como posso defender-me? “, questionou durante sua primeira entrevista aos meios de comunicação não-japoneses desde sua prisão.

“Estou focado. Quero lutar para restaurar a minha reputação e defender-me de acusações falsas”, disse.

O ‘chairman’ (presidente do conselho de administração) e presidente executivo do grupo Nissan e da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi, o empresário franco-brasileiro de origem libanesa Carlos Ghosn, de 64 anos, foi detido em Novembro em Tóquio por suspeitas de fraude fiscal.

Ghosn é acusado de ter “conspirado para minimizar os seus ganhos cinco vezes entre Junho de 2011 e Junho de 2015”, declarando uma soma total de 4,9 mil milhões de ienes (cerca de 37 milhões de euros) em vez de quase 10 biliões de ienes.

O grupo Nissan poderá igualmente estar sujeito a processos judiciais.

 

Culpas repartidas

O Ministério Público acredita, de acordo com a imprensa, que, se houver culpa, a responsabilidade também recai sobre a empresa, pois a mesma entregou às autoridades documentos financeiros imprecisos nos quais Ghosn escondeu uma parte significativa dos seus rendimentos.

Estas suspeitas que recaem sobre Ghosn colocam uma série de questões sobre o futuro da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi (actual líder de vendas a nível mundial), processo que o próprio empresário franco-brasileiro liderou.

Além de presidente do grupo Nissan Motor, Goshn é também o homem forte das duas empresas que compõem a aliança com a Nissan, a Renault e a Mitsubishi Motors, e é considerado o homem de negócios estrangeiro mais influente no Japão.

Ghosn chegou à Nissan em 1999 como presidente executivo para liderar a recuperação do fabricante, com sede em Yokohama, depois de ter oficializado uma aliança com a francesa Renault.

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