China alarga rede ferroviária em novo esforço para estimular economia

[dropcap]A[/dropcap] China aprovou a construção de novas linhas ferroviárias, com um orçamento superior ao equivalente a mais de 110 mil milhões de euros, parte do esforço para contrariar o abrandamento registado em vários indicadores económicos.

Desde 5 de Dezembro, a Comissão Nacional de Reforma e Desenvolvimento aprovou a expansão da rede ferroviária em oito cidades e regiões do país, segundo um comunicado do organismo máximo chinês encarregado da planificação económica.

A decisão surge numa altura em que vários indicadores da segunda maior economia mundial registam os valores mais baixos em vários meses ou anos e de tensões comerciais com os Estados Unidos.

Pequim e Washington aumentaram já as taxas alfandegárias sobre centenas de milhões de dólares de produtos de cada um dos países.

O Presidente norte-americano, Donald Trump, exige que Pequim ponha fim a subsídios estatais para certas indústrias estratégicas, à medida que a liderança chinesa tenta transformar as firmas do país em importantes atores em actividades de alto valor agregado, como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros elétricos, ameaçando o domínio norte-americano naquelas áreas.

O Banco do Povo Chinês (banco central) realizou na semana passada a maior injeção de liquidez no mercado este ano, ao reduzir a quantidade de dinheiro que os bancos têm que manter como reservas.

Em 2019, a China planeia expandir a sua rede ferroviária em 6.800 quilómetros, um aumento de 40%, face ao ano passado, anunciou na semana passada a China Railway, entidade que opera as ferrovias do país. Os planos incluem uma expansão da rede ferroviária de alta velocidade em 3.200 quilómetros.

A rede ferroviária de alta velocidade da China, construída ao longo da última década, compõe já dois terços do total do mundo.

O renovado ímpeto do investimento público contrasta com os esforços de Pequim, ao longo de 2018, de contrariar o aumento do endividamento público, depois de uma década em que a dívida do país quase duplicou, face a um modelo económico assente na construção e investimento, que permitiu ao país contornar a crise financeira global.

Nos últimos dez anos, quando as economias desenvolvidas estagnaram, o país asiático construiu a maior rede ferroviária de alta velocidade do mundo, mais de oitenta aeroportos e dezenas de cidades de raiz, alargando a classe média chinesa em centenas de milhões de pessoas.

Contudo, a redução gradual da dívida coincidiu com uma redução do ritmo de crescimento económico. No mês passado, a actividade da indústria manufactureira da China contraiu-se pela primeira vez em 19 meses.

Em Novembro, os lucros da indústria na China registaram a primeira queda homóloga, de 1,8%, desde Dezembro de 2015, enquanto as vendas a retalho, o principal indicador do consumo privado, recuou para 8,1%, o ritmo mais lento desde Maio de 2003.

A multinacional de serviços bancários ING prevê que Pequim liberte quatro biliões de yuan, este ano, em estímulos económicos.

“Apesar de parte do estímulo fiscal destinar-se ao pagamento de dívida e refinanciamento de empréstimos, o restante vai ser gasto em infra-estrutura, que irá suportar a actividade manufactureira, mesmo que a guerra comercial continue a escalar”, afirmou Iris Pang, o economista-chefe do banco com sede em Amesterdão.

Entre os projectos aprovados, Xangai vai acrescentar seis novas linhas de metro e três linhas ferroviárias interurbanas, enquanto a cidade de Wuhan, no centro da China, vai construir quatro linhas de metro e quatro linhas interurbanas.

A província de Jiangsu, na costa leste da China, vai construir também várias linhas ferroviárias interurbanas, visando conectar os principais centros urbanos com outras partes.

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